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5 Cárie Dentária II - Epidemiologia - indicadores

Saude Bucal Coletiva (Universidade Federal do Rio de Janeiro)

A Studocu não é patrocinada ou endossada por nenhuma faculdade ou universidade


Baixado por ISABELLA MAR (isabellamar9@gmail.com)
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Saúde Bucal Coletiva III – Primeiro Bloco

CÁRIE DENTARIA II - EPIDEMIOLOGIA

INDICADORES EPIDEMIOLÓGICOS

ÍNDICES
São proporções ou coeficientes que indicam a frequência com que ocorrem certas doenças e eventos
na comunidade, podendo incluir ou não, uma indicação do grau de severidade da doença.

Um indicador deve satisfazer os seguintes critérios:


 Aceitabilidade: deve ser prático e aceitável para o paciente, não causando dor ou incômodo às
pessoas examinadas;
 Clareza, simplicidade e objetividade: o examinador deve ser capaz de memorizar suas regras e
critérios de maneira a aplicá-los com naturalidade e sem perda de tempo durante o trabalho
de campo;
 Pertinência: deve haver uma relação entre o índice utilizado e a doença ou condição que está
sendo estudada  índice indicado para cada condição patológica;
 Confiança: deve ser suficientemente padronizado e confiável para permitir comparações entre
diferentes examinadores e entre exames, em diferentes momentos, como em estudos
longitudinais;
 Análise estatística: deve permitir a quantificação numérica e, portanto, a análise estatística. O
índice deve manter sua validade quando submetido a tratamento estatístico.

Avaliação básica de saúde bucal e necessidades de tratamento (W.H.O - 1997)


O formulário da Organização Mundial de Saúde (coleta de dados da população em nível
internacional), versão 1997, foi desenhado para cobrir as exigências de estudos epidemiológicos
destinados ao planejamento, acompanhamento e reformulação de serviços de saúde bucal em
crianças e em adultos. (Oral Health Surveys: Basic methods – WHO, 1997)

A doença cárie é uma doença irreversível,


podendo ser controlada, mas não há como repor
Epidemiologia da Cárie Dental
o tecido desmineralizado.
 Doença Acumulativa.
O dente pode ser restaurado, removendo o foco
 Aumenta em extensão.
da doença, mas deixará a “cicatriz” da mesma.
 Aumenta em profundidade.
Em casos de reincidência, o dente já antes
afetado, aumentará aquela “cicatriz” em
extensão e profundidade.

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Período da adolescência
(de 11 a 18 anos)
FATORES QUE INTERFEREM NA EPIDEMIOLOGIA
Os adolescentes estão na fase da rebeldia, de
 Idade: existe correlação positiva entre idade e
contrariar e, por essa característica, acabam por
prevalência.
se descuidar da higienização, possibilitando o
Existem períodos alternados:
aparecimento da doença cárie.
 Exacerbação aguda (4-8 anos)
Devemos destacar também as mudanças
 Inatividade (11 a 18 anos)
hormonais que acontecem nessa faixa etária e
 Progressão lenta (55 a 65 anos)
o término da erupção da dentição permanente.

Dentição decídua em transição para Período de envelhecimento


mista (de 55 a 65 anos)
(de 4 a 8 anos) O envelhecimento trás consigo mudanças de
 Pais costumam não dar tanta metabolismo. Isso não é diferente na cavidade
importância à higienização da oral. Os idosos sofrem com:
dentição decídua pelo fato de ser uma  Hiposalivação/xerostomia causada por alguns
dentição temporária. medicamentos. A ausência ou diminuição do
 Nascimento do primeiro molar fluxo e a qualidade alterada da saliva provocam
permanente, posterior a dentição o aparecimento de cáries.
decídua. Por não ter caído nenhum  A exposição radicular, devido à traumas
dente ainda, os pais não se atentam gengivais ao longo da vida ou doença
para o fato da existência de um dente periodontal, podem propiciar o aparecimento
permanente na cavidade oral, mais
posterior e de mais difícil
higienização.
da “cárie de raiz”.
 A mucosa oral torna-se mais sensível.
 Diminuição da capacidade motora.
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Esses fatores possibilitam o surgimento da  Acúmulo da doença cárie.
doença cárie. Todos esses fatores possibilitam o aparecimento
da doença cárie.

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 Sexo: observou-se maior prevalência da doença cárie no sexo feminino até os 18 anos de
idade. A hipótese é que nas mulheres a erupção dentária acontece mais cedo, provocando uma
exposição maior ao risco. Acredita-se também que os fatores hormonais possam influenciar.
 Grupo étnico: prevalência independe do grupo étnico. O risco é semelhante para quem tem
hábitos semelhantes (cultural).
 Condições sociais: não apresenta variações em termos de prevalência. O que influencia nesse
caso é o fator cultural.
Esse fato indica a existência e a eficiência de cuidados de saúde bucal coletiva, se sobrepondo
as diferenças socioeconômicas.

Escores para o CPO.D (W.H.O) - Idade de 12 anos


 Muito baixo: de 0,0 a 1,1.
 Baixo: de 1,2 a 2,6 . Brasil: 2,1
 Moderado: de 2,7 a 4,4.
 Alto: de 4,5 a 6,5.
 Muito alto: acima de 6,6.
Países com maior prevalência
A maior prevalência nesses países pode ser interpretada como
 Peru: 7,0
causada por alguns fatores como:
 Jamaica : 6,7
 Fatores culturais.
 Honduras: 6,4
 São países em desenvolvimento, logo tem programas de
 Martinica: 6,3
promoção de saúde ineficazes.
 República Dominicana: 6,0
 O ciclo açucareiro que estes países foram submetidos,
 Nicarágua / Paraguai: 5,9
durante sua colonização, influencia diretamente na dieta
 Latvia: 5,7
rica em açúcar (dieta cariogênica).
 Costa Rica / Granada / Filipinas / St.Kitts: 5,5
 El Salvador / Polônia: 5,1
 Líbano: 5,0
 Brunei / Cook Islands / Equador / Mauritius / Suriname: 4,9
Os países africanos costumam ter uma baixa
Países com menor prevalência
prevalência de cárie pelos hábitos alimentares
 Togo / Rwanda: 0,3
(comem menos doces e fast foods); pela
 Ghana / Lesotho / Libéria / Uganda: 0,4
alimentação com produtos pouco processados (mais
 Guiné-Bissau / Botswana: 0,5
fibrososfazem com que o indivíduo tenha que
 Tanzânia: 0,6
mastigar mais, aumentando o fluxo salivar) e pela
 China / Kiribati: 0,7
presença, em alguns lugares, de fontes de água
 Malawii: 0,8
fluoretadas naturalmente.
 Djibouti / Paquistão: 0,9
 Burundi / Etiópia / Serra Leoa / Somália / Tonga: 1,0
 Myanmar / Suazilândia / Congo: 1,1
 Namibia / Senegal: 1,2
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Países industrializados com menor prevalência

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 Finlândia: 1,2
 Dinamarca: 1,3
 Austrália / Nova Zelândia: 1,5
 Holanda: 1,7
Políticas públicas de saúde adequadas.
 Estados Unidos / África do Sul: 1,8
 Irlanda: 1,9
 Suécia / Suíça: 2,0
 França: 2,1
 Noruega / Espanha: 2,3

SAÚDE BUCAL 2010 – SB 2010


 Pesquisa realizada em 177 municípios.
 26 capitais e o Distrito Federal.
 30 municípios de cada região do país.
 Entrevistas e exames bucais em 38 mil pessoas divididas em cinco grupos etários:
Crianças de 5 anos;
Crianças de 12 anos;
Adolescentes de 15 a 19 anos;
Adultos de 35 a 44 anos;
Idosos de 65 a 74 anos.
 Características do estudo:
 Estudo epidemiológico de base nacional.
 Representativo para as 26 capitais, Distrito Federal e para as cinco regiões.
 Semelhante ao SB Brasil 2003  possibilitando o início da série histórica de indicadores
de saúde bucal do brasileiro.
 CPO é o principal indicador, composto pela soma dos dentes:
 Cariados: afetados pela cárie e ainda não tratados;
 Perdidos: extraídos em decorrência da doença cárie;
 Obturados: acometidos pela cárie, porém tratados.

CPO.D NO BRASIL AOS 12 ANOS DE IDADE


 Índice de CPO aos 12 anos de idade 2003 – 2010 no Brasil.
 CPO caiu 26% nos últimos sete anos.
 CPO aos 12 anos de idade é o padrão para comparação internacional, pois reflete o ataque de
cárie logo no começo da dentição permanente.
 Região Norte:3,2
 Região Nordeste: 2,7
 Região Centro-Oeste: 2,6
 Região Sul: 2,0
 Média Brasil 2003: 2,8
 Média do Brasil em 2010: 2,1 (baixo)
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CÁRIE NA POPULAÇÃO ADULTA E IDOSA NO BRASIL

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 Adolescentes de 15 a 19 anos  6,1 (2003); 4,2 (2010).


 Adultos de 35 a 44 anos  20,1 (2003); 16,3 (2010).
 Idosos de 65 a 74 anos necessidade de prótese 16% (2003); 15% (2010).
Há necessidade de muitas melhorias para os idosos.
Foi o índice que teve a diferença mais consideravelmente ao SB 2003.

DISTRIBUIÇÃO DE PAÍSES PELO NÍVEIS DE CPO.D AOS 12 ANOS


 Muito baixa: 25 países  14%.
 Baixa: 75 países  42%.
 Moderada: 54 países  30%.
 Alta: 22 países  13%.
 Muito alta: 2 países  1%.

INDICADORES DE CÁRIE DENTAL

Unidades de medida
 Unidade “Indivíduo”: significa que estamos contando quantos indivíduos apresentam a
doença, independente da quantidade de dentes que possam estar afetados.

Índice de Knutson

 Unidade “dente”: desejamos saber quantos dentes, em cada pessoa, estão afetados pela
doença;
Índice CPO.D
Índice CEO
Índice de Sloman

 Unidade “superfície”: neste caso, considerando que cada dente possua 5 superfícies,
desejamos saber quantas superfícies totais estão afetadas pela doença, em uma pessoa;

Índice CPO.S

 Unidade “lesão”: em cada uma das superfícies podemos ter mais de uma lesão. Logo, nesta
unidade queremos contar quantas lesões independentes encontramos no indivíduo;
 Unidade “grau de severidade da lesão”: podemos ter lesões de mancha branca cavitada ou
não; lesões incipientes de esmalte; lesões de esmalte e dentina; lesões profundas próximas à
polpa, etc... Cada um destes exemplos exibe severidade diferente. Logo, nesta unidade
procuraremos contar separadamente as lesões, de acordo com sua severidade.
Índice de Mellanby
Índice de Tamanho da Lesão
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ÍNDICE DE KNUTSON (Unidade “Indivíduo")

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Divide os indivíduos em dois grupos: aqueles que têm ou tiveram experiência com a doença e
aqueles que nunca tiveram experiência com a doença. O resultado é dados em percentual de pessoas
que apresentam sinais presentes ou passados de ataque pela cárie.

ÍNDICE CPO.D (Unidade “dente”)


 Proposto por Klein & Palmer e representa a média do número total de dentes permanentes
cariados, perdidos e obturados em um grupo populacional.
 Para um indivíduo isoladamente, o CPO.D será a soma das condições encontradas em cada
dente.
 Para efeito de levantamento epidemiológico consideramos apenas 28 dentes (não é feito o
índice com os terceiros molares). Logo, o CPO.D máximo por indivíduo é igual a 28.
 O índice CPO.D ( cariados + perdidos + obturados ) pode ser dividido em:
 Dentes com história anterior da doença (obturados + extraídos)
 Dentes com história atual da doença (extração indicada e cariados).
 Dente cariado: (C)
 Dente obturado: (O) Os componentes extração indicada +
 Dente extraído: (E) extraídos formam, no conjunto, os dentes
 Dente com extração indicada (Ei) “perdidos” (P).
A letra “D” no final do índice é para indicar que a unidade é o “Dente”.

CRITÉRIOS PARA EXAME

É considerado como CARIADO um dente:


 Que apresenta lesão clinicamente óbvia. Existe uma cavidade definida em que o próprio
exame visual é suficiente para diagnosticar;
 Em que a opacidade do esmalte indique a presença de lesão subjacente (mancha branca);
 Em que a extremidade do explorador penetra até o tecido dentário mole, cedendo à pressão;
 Em casos de sulcos e fissuras onde a ponta do explorador prenda e, na observação visual em
campo seco, perceba-se opacidade ao redor das margens dos sulcos;
 Em faces proximais, quando o explorador prende (ou o fio dental prende), ficando retido
quando realizamos suaves movimentos cérvico-oclusais;
 Quando houver restauração deficiente com infiltração (tecido escurecido) ou fraturas que
permitam a penetração do explorador entre o dente e a restauração.

É considerado como OBTURADO um dente:


 Apresenta uma coroa artificial em bom estado;
 Apresente uma ou mais restaurações com material restaurador definitivo (resinas, ionômero,
ouro, ligas, amálgama...), sem reincidência de lesões de cárie.

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É considerado como EXTRAÍDO um dente (extraído em decorrência da doença cárie):

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 Ausente da boca depois do período em que normalmente deveria ter feito sua erupção, em
decorrência da doença cárie. Esse critério não pode ser utilizado para a dentição decídua pela
existência de perdas dentárias fisiológicas ocorridas pela exfoliação natural da dentição
decídua.

É considerado como EXTRAÇÃO INDICADA um dente:


 Que apresente cavidades abertas e sinais óbvios de exposição ou morte pulpar;
 Que apresente uma lesão profunda (já atingiu a polpa ou atingirá na hora da remoção da
lesão), próxima à polpa, em que tudo leve a crer que a polpa será exposta quando se
intencionar preparar uma cavidade para posterior restauração.

OBSERVAÇÕES COMPLEMENTARES:
 Dente hígido: é o dente íntegro. Quando inexistir lesão de cárie e/ou restaurações.
 Dente erupcionado:
 Para incisivos e caninos: o comprimento da coroa deve ser pelo menos igual à largura.
 Para pré-molares: toda a superfície oclusal deverá estar exposta.
 Para molares: pelo menos 2/3 da superfície oclusal deverá
 Não se consideram extraídos os dentes ausentes congenitamente (anodontias) e os extraídos
por razões ortodônticas ou em decorrência de acidentes traumáticos.
 Dente ausente: quando o decíduo não mais se encontrar na cavidade bucal e o permanente
ainda não fez sua erupção. Neste caso, o permanente é que está ausente.

ÍNDICE CEO
 É um índice que foi proposto por Gruebbel, numa adaptação do Índice CPO.D para a dentição
decídua.
 Representa a média de dentes decíduos cariados (C), com extração indicada (E) e obturados (O)
por criança. Este índice não considera o componente extraído, tendo em vista que os dentes
decíduos sofrem processo de exfoliação natural, que não tem nenhuma relação com a doença
cárie.
 O número máximo c.e.o por criança é, então, 20.

ÍNDICE CPO.S
 É uma adaptação do conceito CPO à unidade superfície dentária e, por isso, acrescenta-se a
letra “S” no nome do índice.
 Foi proposto por Klein, Palmer & Knutson e representa o número médio de superfícies CPO por
indivíduo.
 Cada dente é considerado como sendo possuidor de 5 superfícies. Desta forma, nos dentes
anteriores o bordo incisal é considerado como uma superfície, e quando um dente foi extraído, 7
considera-se 5 superfícies perdidas.
 O número máximo CPO.S por indivíduo é de 140.

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