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Unidade 2: Empreendedorismo e Educação Empreendedora

Uma nova visão de mundo

UNIDADE 2

Empreendedorismo
e Educação
Empreendedora
Uma nova visão
de mundo

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Unidade 2: Empreendedorismo e Educação Empreendedora
Uma nova visão de mundo

Este conteúdo é uma produção da Escola Superior de Empreendedorismo


Sebrae São Paulo
Fevereiro de 2021 ©

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Unidade Cultura Empreendedora


Escola Superior de Empreendedorismo

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Coordenação
Cyllara Guadalupe Tavares Serrano

Gestão Educacional Núcleo de Educação a Distância


Charles Bonani de Oliveira
Fabiana Vicente de Carvalho

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Uma nova visão de mundo

Conteudista/Elaboração
Charles Bonani de Oliveira
Eduardo Pinto Vilas Boas
Fabiana Vicente de Carvalho

Equipe principal do DOT Digital Group

Coordenador geral
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Coordenador educacional
Simone Soares Haas Carminatti
Designer instrucional
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Designer gráfica
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Diretor de videoaulas
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Coordenadora Geral Adjunta


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Consultora educacional
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Designer educacional
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Gestora de Projeto
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Designer Instrucional
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Designers multimídia
João Carlos Alves Aranha Junior
Desenvolvedor front-end
Nícolas Alexandre Rucinski
Gestor de negócios
Cassiano Niehues Bet

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Unidade 2: Empreendedorismo e Educação Empreendedora
Uma nova visão de mundo

Sumário

Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

O empreendedorismo e suas vertentes . . . . . . . 18

Tipos de empreendedores. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

Fechamento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56

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Apresentação
Unidade 2: Empreendedorismo e Educação Empreendedora

Olá, seja bem-vindo à unidade de Empreendedorismo e Educação


Uma nova visão de mundo

Empreendedora. Sabemos que debater sobre o significado do empreendedorismo


e sua importância para o desenvolvimento econômico e social ao longo dos anos
é essencial, não é mesmo?

Mais do que isso, precisamos analisar as transformações pelas quais o


empreendedorismo passou nas últimas décadas, sobretudo diante das
transformações sociais e tecnológicas que impactaram diretamente a forma
como as pessoas interagem e realizam negócios.

Metas da unidade
Nesta unidade, vamos trabalhar o empreendedorismo e suas vertentes, onde
poderemos distinguir entre os diversos tipos de empreendedores. Também
vamos abordar o ambiente atual em transformação, denominado mundo “VUCA”,
e os impactos trazidos pelas tecnologias e organizações exponenciais, que têm
crescido numa escala nunca vista antes.

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Uma nova visão de mundo

A partir deste ponto, iremos abordar a necessidade de uma nova visão sobre o
indivíduo empreendedor, que passa a ser reconhecido não só como um idealizador
ou proprietário de um empreendimento, mas sim como um agente da transformação.

As seguintes metas deverão ser atingidas ao


final da unidade:

• Compreender o conceito de
empreendedorismo.
• Reconhecer a importância do
empreendedorismo para o desenvolvimento
econômico e social.
• Identificar algumas vertentes do
empreendedorismo.
• Reconhecer os tipos de empreendedores.

Uma nova visão de mundo


Sabe-se que o empreendedorismo tem modificado a maneira pela qual as
pessoas realizam transações, exercendo um papel central no desenvolvimento
das nações. Apesar disso, falar sobre a origem desse termo é uma tarefa bastante
complexa, já que ela remonta à história econômica do mundo. Vamos relembrar?

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Uma nova visão de mundo

Com a ascensão do
mercantilismo, podemos dizer
que o comércio atingiu seu
ápice, com destaque para
as figuras dos comerciantes
e negociadores que se
aventuravam por empreitadas
arriscadas em busca de novas
fontes de mercadorias e
matérias-primas, tendo como
objetivo conquistar ganhos
(HUNT, 1989).

Amplie seu
conhecimento
O mercantilismo era uma prática econômica que priorizava o
enriquecimento das nações por meio do comércio, bem como o seu
impulsionamento por meio do movimento conhecido por “Grandes
Navegações”, entre os séculos XV e XVIII.

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Uma nova visão de mundo

Você sabe qual é a origem da palavra


“empreendedor?”

De acordo com o dicionário Oxford, o termo entrepreneur (empreendedor) surgiu


em meados do século XVIII.

Para grifar
Ele tem sua origem etimológica da junção das palavras
entreprendre, do francês, e enterprise, do inglês, que indica
uma pessoa que toma uma empresa para si, ou seja, que se
engaja em um projeto.

Depois de compreender
esse breve contexto
histórico, é importante que
você entenda que, para que
um processo empreendedor
ocorra, um indivíduo
deve identificar uma
oportunidade e realizar
uma ação empreendedora.

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Nesse sentido, Hisrich et al. (2006) debateram sobre como surgem essas
oportunidades empreendedoras:

As oportunidades empreendedoras são


situações nas quais novos bens, serviços,
matérias-primas e métodos organizacionais
podem ser introduzidos e vendidos por um valor
maior do que seu custo de produção

(HISRICH et al., 2006, p. 26).

Os autores complementam que, para isso, é necessário que um empreendedor


saiba reconhecer, avaliar e explorar uma situação empreendedora enquanto
oportunidade.

Ou seja, é necessário que o indivíduo realize uma ação em


direção a essa oportunidade, seja por meio da criação de
uma nova organização, ou por meio de uma que já exista.

Como podemos perceber, esse processo não depende da propriedade de uma


organização.

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Qualquer indivíduo que


consiga colocar em prática
uma ação empreendedora
está empreendendo, seja na
sua empresa, numa empresa
de capital aberto, numa
organização pública, ou na
sociedade como um todo.

Um ponto central do processo empreendedor é a avaliação do risco relacionado


à ação empreendedora, que está diretamente relacionado ao ambiente de
incerteza percebido em torno da oportunidade.

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Uma nova visão de mundo

Nesse sentido, McMullen e Shepherd (2006) avaliaram que a motivação do


indivíduo e o conhecimento prévio adquirido por ele são fatores preponderantes
para conduzir o indivíduo a tomar uma ação empreendedora.

Ou seja, indivíduos que


conhecem melhor o
mercado, os meios e as
tecnologias terão maior
facilidade em reconhecer
a oportunidade, enquanto
outros não terão essa
capacidade.

Roy e colegas (2017) destacaram ainda que, além das atitudes pessoais,
existem algumas normas subjetivas inerentes a cada indivíduo – entre elas, o
conhecimento empreendedor – que são capazes de aumentar a chance de um
indivíduo realizar a ação empreendedora diante da oportunidade vislumbrada.

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Quem é o empreendedor?

Podemos entender que um indivíduo empreendedor é aquele que é


capaz de identificar uma oportunidade, bem como de mitigar os riscos
relacionados a ela.

Como funciona o processo empreendedor?

Esse processo dependerá da percepção desse indivíduo acerca do que


ele é capaz, relacionando suas motivações, conhecimentos e visão de
mundo para a tomada de decisão e realização da ação.

Hoje, estamos inseridos numa arena global, onde surgem


oportunidades a todo momento.

Entretanto, há um nível de competição muito mais acirrado, uma vez que a


disputa não se limita apenas aos concorrentes locais, mas sim eleva o nível
do conhecimento necessário, assim como do risco envolvido. Tal fato coloca o
empreendedor em dúvida quanto às suas chances de sucesso.

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Nesse sentido, é preciso pensar


e desenvolver novos sistemas
de aprendizagem, estimulando a
criação de ambientes propícios à
identificação e aproveitamento das
oportunidades, como a educação
empreendedora, capazes de
favorecer governos, entidades,
empresas e a sociedade em geral.

O ambiente formado por essa competitividade cria uma pressão em todos


os contextos empreendedores para se tornarem cada vez mais eficientes e
proativos aos problemas que surgem em seus locais de convivência, e para
que integrem seus conhecimentos sobre a inovação de seus produtos,
processos e serviços.

Como reflexão sobre as mudanças


recentes vivenciadas pela sociedade,
é interessante notar as inúmeras
situações que deixamos de vivenciar
nos últimos anos, como:

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Traçar rotas ou consultar


um mapa rodoviário.

Alugar um filme numa locadora.

Ir a uma agência bancária.

Esses são apenas pequenos pontos sobre nossas rotinas que geraram mudanças
nas formas como valores são criados, entregues e capturados.

Antes mesmo de todas essas mudanças atuais, Schumpeter (1942) cunhou o


conceito de destruição criativa, para caracterizar esse processo, para o qual as
mudanças são constantes e transformadoras.

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Para grifar
Segundo essa visão, a todo momento mercados são criados e
outros são destruídos, empregos surgem e outros são extintos,
ou seja, as mudanças se tornaram frequentes, exigindo dos
indivíduos uma maior flexibilidade para melhorar a forma como
interagimos enquanto sociedade.

Essas mudanças trouxeram a necessidade do desenvolvimento de uma nova


visão do empreendedorismo.

O ser empreendedor não


é visto somente como
aquele que abre seu próprio
negócio, mas sim aquele
indivíduo que assume
o papel de agente da
transformação do meio
onde está inserido.

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Uma nova visão de mundo

É nessa última vertente que iremos discutir sobre


a educação empreendedora e seu papel central na
formação do indivíduo.

Dica de vídeo
Vale a pena assistir ao comercial criado por Steve Jobs, em 1997,
“Think different” (Pense diferente), disponível em:

https://www.youtube.com/watch?v=5sMBhDv4sik

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Reflita
Você consegue pensar em alguma atividade para estimular o
empreendedorismo em sua instituição?

Como professor, é importante que você desperte nos alunos a vontade


de transformar a realidade na qual estão inseridos, criando ideias que
possam agregar valor aos contextos locais. Uma sugestão de atividade
Antes de darcom
é fazer início
queaoos
preenchimento
alunos pensem doem
Canvas, sugerimos
problemas queonde
do bairro você se
defina qual
o seuencontra
segmento de clientes por
a instituição, e a exemplo.
proposta Após
de valor.
esse Reflita sobre as questões:
levantamento, faça com
que eles pensem em possíveis soluções para esses problemas.

Agora que você já sabe como o


empreendedorismo ajudou na construção de
uma nova visão de mundo, é hora de saber o
que diferentes pessoas pensaram a respeito
desse assunto... Então, siga em frente!

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O empreendedorismo
e suas vertentes
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Conhecendo diferentes perspectivas

Nos estudos preliminares


envolvendo o
empreendedorismo,
havia uma inclinação
dos pesquisadores em
relacionar o indivíduo
empreendedor à posse de
meios produtivos.

Knight (1916) conduziu um estudo sobre lucro e fatores relacionados a ele. O


autor chama a atenção para o fato de que empreendedor é o indivíduo que
fixa a riqueza e determina o uso que deve ser feito dela, orientando sobre qual
sistema produtivo deve ser escolhido.

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Essa visão do empreendedor como


o possuidor dos meios necessários
também foi compartilhada por
Steindl (1945), que considerou
o empreendedor como o
responsável por investir capital
(máquinas, equipamentos e
recursos financeiros).

Ou seja, para essa vertente, a capacidade do empreendedor


está diretamente relacionada à sua riqueza.

Knight (1916) destacou também que, além da riqueza, o indivíduo


empreendedor deveria se empenhar para adquirir conhecimentos necessários
sobre as perspectivas comerciais e os diferentes usos possíveis, assumindo o
risco envolvido da operação decidida.

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Essa visão do empreendedorismo está


muito atrelada ao empresário que combina
fatores de produção, como capital e
trabalho, para gerar renda, assumindo um
risco pela sua tomada de decisão.

A unidade de controle é vista como a característica principal do


empreendedor, como o número de empresas que um empreendedor possui,
ou a quantidade de quotas acionárias de uma empresa ou grupo empresarial
(STEINDL, 1945).

Para grifar
É importante destacar que o mundo vivenciava o fim da
primeira revolução industrial e início da segunda, com o
aprimoramento das técnicas, o surgimento de máquinas
e a introdução de novos meios de produção. É natural que
nesse período houvesse uma efervescência de novas ideias
e oportunidades de utilização das tecnologias, cabendo aos
indivíduos empreendedores avaliá-las.

Schumpeter (1934), ao avaliar os ciclos econômicos e os fatores relacionados a


ele, deu uma nova delimitação à característica de acumulação do capital pelo
empreendedor.

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Ele deu destaque à capacidade do empreendedor de


combinar fatores de produção de forma a criar inovações
capazes de gerar nova riqueza e ampliar a produtividade.

Para o autor, o empreendedor é aquele capaz de perceber e explorar novas


oportunidades nos negócios, fazendo isso pela introdução de inovações, que são
geradas através de:

Introdução de um novo bem.

Introdução de um novo método de


produção, baseado numa descoberta
cientificamente inovadora.

Abertura de um novo mercado.

Conquista de uma nova fonte de


matérias-primas.

Estabelecimento de um novo modo de


organização de qualquer indústria.

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Apesar dessa visão do empreendedor inovador trazida por Schumpeter,


Hartmann (1959) destacou que tais situações eram pouco frequentes,
sobretudo nos países de industrialização mais avançada, como Estados
Unidos e Inglaterra, por exemplo.

Para o autor, nesses países há


uma predominância da burocracia
no mundo dos negócios, como
forma de organizar a alocação
do capital. A inovação ocuparia
uma proporção decrescente das
atividades de um empreendedor,
sendo compartilhada por outros
grupos na organização.

Deve-se destacar que, em meados do século XX, as


organizações passaram por profundas transformações com
a fusão de empresas e geração de grandes conglomerados.

É nesse cenário que surge a escola Werneriana, que concebe as organizações


industriais modernas como organizações administrativas ou burocráticas,
sendo o estabelecimento industrial um caso especial de burocracia.

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O caráter burocrático dos


negócios, envolvendo em grande
parte a administração de rotina,
incluindo a tomada de decisões e
o controle de terceiros.

Nesse cenário, tem-se um crescimento da figura do


gestor/administrador, em detrimento do indivíduo
pioneiro empreendedor.

Apesar disso, Hartmann (1959) considera que o empreendedor ainda é uma


figura importante dentro de uma organização, especialmente pela sua
autoridade formal dentro da organização, capaz de traçar diretrizes e promover
a visão de longo prazo da empresa.

Já na segunda metade do século XX, o empreendedor


retoma um lugar de destaque entre os pesquisadores que
estiveram concentrados em entender o processo de criação
e desenvolvimento de uma organização de sucesso.

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Conheça os trabalhos de alguns desses pesquisadores a seguir:

McClelland (1961)

Ao avaliar o papel desempenhado da busca pela realização de


empreendedores à economia, destacou o empreendedor como
alguém capaz de organizar a empresa de forma a ampliar sua
capacidade produtiva.

Nesse sentido, ele avaliou uma série de empreendedores de sucesso,


encontrando evidências de que eles possuem um nível elevado de
“busca por realização” quando comparados a não empreendedores.
Essa característica os conduziria para comportamentos seguindo certos
caminhos e tendências, inerentes aos empreendedores de sucesso.

Wayner e Rubin (1969)

Complementaram os trabalhos de McClelland, avaliando que um


empreendedor é motivado por sua característica de busca por
realização, influenciando diretamente suas habilidades e o desempenho
de sua empresa.

Hornadey e Aboud (1971)

Hornaday e Aboud (1971) avaliaram a natureza psicológica de


empreendedores de sucesso, utilizando métricas para avaliar algumas
características pessoais comuns.

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Os autores sugeriram que essa


seria uma forma de governos
ou instituições de ensino
utilizarem esses conhecimentos
para desenhar programas de
educação empreendedora.

Esse programas seriam capazes de contribuir com o desenvolvimento


econômico e geração de emprego e renda.

Atualmente, existem outras vertentes acerca do processo


empreendedor relacionadas com as visões não lineares do
empreendedorismo.

Segundo essas vertentes, o empreendedorismo ocorre de maneira aleatória


e não planejada, seguindo a teoria do planejamento emergente em
contraponto ao planejamento estratégico.

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Para grifar
Um exemplo disso é o crescimento da importância da modelagem
de negócios como forma de validar uma ideia, muito difundida no
ecossistema empreendedor de startups, devido ao formalismo
exigido pela criação de Planos de Negócios.

Nesse sentido, iremos trazer a seguir duas dessas vertentes:


a Bricolagem e o Effectuation.

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Bricolagem
Bricolagem é um termo que se origina do francês para definir trabalhos
manuais que aproveitam materiais diversos para darem uma nova finalidade,
fazendo uso do improviso.

Empregando essa visão de recursos disponíveis e da técnica do improviso,


Baker e Nelson (2005) trouxeram a visão da bricolagem para o contexto do
empreendedorismo.

Diferentemente do que se pensava sobre os recursos


no início do processo empreendedor, a realidade atual
dos negócios nascentes é a escassez de recursos, sejam
financeiros, humanos ou de capital.

Pensando nisso, os autores se apoderaram do conceito de bricolagem


para descrever como empreendedores utilizam recursos disponíveis,
criatividade e improviso para colocar em prática oportunidades de negócio.

Em outras palavras, os autores


trabalham o pensamento de
que é possível “construir
negócios do nada”, ou mesmo
em um ambiente de escassez
de recursos.

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Uma nova visão de mundo

Como forma de contextualizar, os autores mencionaram o fato de que


empresas que possuem o mesmo produto e também recursos humanos
semelhantes são capazes de oferecer conjuntos de serviços diferentes,
dadas suas capacidades de compreensão dos possíveis usos e combinações
desses insumos.

Para o Centro de Referência em Educação Empreendedora do Sebrae (CER),


existem três formas de utilizar a bricolagem na instituição de ensino, como
forma de incentivar a criatividade e atitude empreendedora nos alunos:

Amplie seu
conhecimento
Para saber mais, acesse:

https://cer.sebrae.com.br/blog/bricolagem-do-empreendedorismo/

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Uma nova visão de mundo

Projeto multidisciplinar, como forma de


incentivo aos alunos para que utilizem
conhecimentos distintos e criem
soluções alternativas aos problemas da
comunidade, fazendo uso apenas daquilo
que eles dispõem.

Prototipagem, como meio de aplicar o


conhecimento desenvolvido em sala
de forma visual, apenas com recursos
disponíveis em sala.

Novos temas, ou seja, permitindo ao


professor a chance de promover o
debate e o empoderamento do aluno,
por meio da troca de experiências
sobre determinado assunto.

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Effectuation
Sarasvathy (2001), ao abordar a forma de criação de “artefatos” (como
mercados, indústrias e empresas), destacou a necessidade de ser considerada
uma visão “efectual”, que estaria ligada a um modelo lógico de controle, ao
contrário do modelo causal, que segue um ordenamento lógico de previsão.

Para a autora, a maioria dos processos de tomada


de decisão está amparada em mercados e públicos
conhecidos, que seguem regras e normas constituídas.

Ocorre que o empreendedorismo em suas fases iniciais envolve processos


que não são muito bem delimitados, ou mesmo mercados e regras
desconhecidos, ou seja, não permite que utilizemos as teorias e regras gerais
para alcançar o fim desejado.

Por exemplo, imagine que um indivíduo tem a ideia de montar uma pastelaria.

Existem inúmeras outras que


já estão em operação, além de
inúmeros relatos e estudos sobre
o tema que podem ajudá-lo a
reunir os meios necessários para
essa finalidade, constituindo
um modelo linear ou “causal” de
construção dos negócios.

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Para grifar
Nesse caso, os meios seriam as causas para se chegar ao fim, no
caso, a pastelaria.

Se soubéssemos precisamente qual tipo de negócio desejamos criar,


poderíamos usar teorias e princípios existentes para criar essa empresa.

Mas, seguindo o que a autora


coloca, é normal que o
empreendedor comece com
uma ideia mais geral sobre
o que ele deseja, como por
exemplo “transformar a
comunidade onde ele mora”
ou “criar um legado”.

Para esses casos gerais, fica difícil delimitar um conjunto de meios que
podem ser reunidos para que se alcance tal finalidade. Essa também é
a questão para mercados nascentes ou emergentes, onde não há uma
delimitação clara sobre como alcançar o sucesso.

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Nesse sentido, o Effectuation presume alguns


princípios que podem ser utilizados para alcançar a
visão do empreendedor.

Esses princípios começam por três questões básicas:

Quem eu sou?
Saber quem você é ajuda ao trazer
pontos fortes que você possui, bem
como fraquezas que devem ser evitadas
ou trabalhadas.

O que eu conheço?
Você pode utilizar seus conhecimentos
para colocar uma ação em prática, sem
ter que gastar tempo desenvolvendo
novos conhecimentos.

Quem eu conheço?
Trazer pessoas que você conhece pode
ajudar a “pular” etapas do processo,
utilizando os conhecimentos que esses
indivíduos possuem.

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Diante desses elementos, você pode optar pelo efeito que melhor case com
esses “meios” disponíveis, as perdas aceitáveis, como o quanto de dinheiro
você está disposto a colocar nesse processo, e o nível de risco aceitável.

Essas questões possibilitariam ao


empreendedor, que possui uma visão sobre
a oportunidade vislumbrada, de explorá-la e
iniciar o processo empreendedor, ainda que sem
uma clareza de qual será o resultado disso.

Uma analogia que pode ser feita está na diferença entre o quebra-cabeça e a
colcha de retalhos:

Já no caso da colcha de
No primeiro caso, há uma
retalhos, o empreendedor não
clareza sobre onde se quer
sabe ao certo como ela ficará no
chegar, dada a figura que forma
final, apesar de ter uma ideia ou
o quebra-cabeça, bastando
visão do que almeja.
estabelecer uma estratégia para
reunir e montar as peças.

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Uma nova visão de mundo

O resultado final dependerá de cada parte que compõe


seu processo de confecção, bem como da habilidade e
destreza desse indivíduo em operar a construção.

Dica de vídeo
Assista ao vídeo do CanalTech Startups, em que o professor e
empreendedor Marcos Hashimoto apresenta uma explicação
bastante didática sobre o Effectuation. Acesse:

https://www.youtube.com/watch?v=aP80btfN-8o.

Compreender as diferentes visões a respeito


do empreendedorismo pode te ajudar a
aplicar a mais adequada em sua sala de aula.
Então, siga em frente!

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3
Tipos de empreendedores

Conhecendo os diferentes perfis


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Após termos discutido sobre o empreendedorismo e as mudanças pelas quais


esse conceito passou ao longo dos anos, iremos agora analisar alguns tipos de
empreendedores que estão ligados a esse processo.

É certo que, como vimos


anteriormente, empreender é
algo muito mais amplo do que
apenas abrir uma empresa.

O processo empreendedor está intimamente relacionado à identificação de uma


oportunidade por um indivíduo que seja capaz de analisá-la e aproveitá-la.

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Unidade 2: Empreendedorismo e Educação Empreendedora
Uma nova visão de mundo

Além disso, hoje


sabe-se que existem
traços, características,
comportamentos e até
mesmo conhecimentos
que são mais evidentes no
indivíduo empreendedor,
tornando-o alguém que
busca por realização.

De qualquer forma, vamos analisar os tipos que são


mais comumente tratados na literatura e também no
mundo dos negócios.

Empreendedor em seu próprio negócio

A forma mais usual de empreendedorismo é


a do empreendedor que cria o seu próprio
negócio. A história nos traz infindáveis
exemplos de um indivíduo que identificou uma
oportunidade e reuniu meios necessários para
explorá-la como forma de ter um ganho.

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De acordo com dados do Global Entrepreneurship Monitor (2019), que reúne


informações globais sobre o empreendedorismo no mundo:

No Brasil, cerca de 15% dos


indivíduos adultos estão à
frente de um negócio próprio.

Ainda falando do caso brasileiro, o mesmo estudo, realizado periodicamente,


lista que “abrir o próprio negócio” figura entre os principais sonhos do
brasileiro.

Para grifar
Apesar disso, esse processo é permeado de riscos elevados,
uma vez que o ambiente de criação de um novo negócio é de
extrema incerteza, em especial quando falamos de negócios
ligados a inovações.

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Além disso, dados do Sebrae (2014) apontaram que:

Cerca de 40% dos novos


negócios fecham suas portas
nos dois primeiros anos.

Entre os problemas mais frequentes, estão a falta


de recursos financeiros para manter o negócio e
conhecimentos sobre o negócio.

Nesse sentido, risco é algo


inerente ao processo
empreendedor, que pode ser
mitigado com o conhecimento
sobre o negócio, conhecimento
técnico sobre a área e outros
estudos importantes acerca do
processo.

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Apesar disso, a máxima econômica é quase sempre válida: quanto maior


for o risco, maior será o retorno. Ou seja, apesar do ambiente arriscado,
empreender possibilita ter ganhos extraordinários acima de outros
investimentos de mercado.

Dica de vídeo
Como forma de aprofundar a visão de um empreendedor que iniciou
seu negócio próprio, a partir da identificação de uma oportunidade,
veja o vídeo do “Day One”, do empreendedor Luiz Seabra, da Natura,
disponível em:

https://www.youtube.com/watch?v=vmKnMY0LOvc&feature=emb_
imp_woyt

Quando falamos de criar o próprio negócio, surge a questão sobre se o


empreendedor busca realizar esse empreendimento pela identificação de uma
oportunidade ou por necessidade de ter renda.

É certo que o processo empreendedor é permeado por


fatores internos ao indivíduo e externos ao ambiente, e a
busca por renda é algo latente para qualquer pessoa.

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Uma nova visão de mundo

O ponto central dessa dualidade está no fato de que o empreendedor por


necessidade opta por esse caminho pela dificuldade em encontrar um emprego.

A questão do desemprego
tem sido crônica em nosso
cotidiano, especialmente pelo
fator estrutural proporcionado
pela tecnologia e pelo longo
período necessário para realizar
uma migração de carreira, que
implica necessidade de novos
conhecimentos.

Seja por necessidade ou oportunidade, o indivíduo empreendedor está


enxergando uma chance de explorar uma forma de ter ganhos com aquilo que ele
dispõe, muito na lógica do Effectuation ou da Bricolagem.

Alguns estudos que defendem


essa visão apontam que,
na maioria dos casos, o
empreendedor por necessidade
é um movimento temporário.

Mas é comum a liberdade de ação e o retorno financeiro atraírem de vez o


trabalhador, que assim passa a se dedicar ao negócio de forma definitiva.

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Uma nova visão de mundo

Dica de leitura
Para saber sobre esse assunto de forma mais detalhada, leia o
artigo “Motivações para o empreendedorismo: necessidade versus
oportunidade?”, disponível em:

http://www.scielo.br/pdf/rac/v18n3/v18n3a05.pdf

Dados do GEM (2010) apontaram que, em países com maior nível de


desenvolvimento econômico, a razão entre oportunidade e necessidade é
superior às demais:

Na Islândia, por exemplo, para cada empreendedor por necessidade, há outros


11,2 por oportunidade.

No Brasil, para cada empreendedor por necessidade, havia outros 2,1 que
empreenderam por oportunidade. Esse valor é semelhante à média dos países
que participaram da pesquisa, que foi de 2,2.

Nos Estados Unidos, essa razão está um pouco acima da brasileira, de 2,4.

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Entre os empreendedores por oportunidade, a pesquisa aponta que:

E, agrupando aqueles que buscam maior independência e liberdade na vida


profissional e os que buscam aumento da renda pessoal, temos:

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78,2%
Além disso, 78,2% vislumbram
uma oportunidade de
aprimorar a vida com o
negócio que estão abrindo.

O empreendedor social

Um tipo de empreendedorismo em evidência nos últimos anos é o de impacto


social. Em sua maioria, esses negócios buscam trazer soluções para problemas
que atingem grandes parcelas da sociedade.

Esse tipo de empreendedorismo


surgiu com força no início dos
anos 1980, sobretudo pela
agenda de responsabilidade
socioambiental proposta pelas
Nações Unidas.

Essa agenda teve início com a criação da Comissão Mundial sobre o Meio
Ambiente e Desenvolvimento - CMMAD, que foi presidida por Gro Harlem
Brundtland, na época primeira-ministra da Noruega e Mansour Khalid.

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Hoje, a agenda propõe respostas para grandes desafios da


sociedade, conhecidos como Objetivos Globais do Milênio.

Dica de vídeo
Assista ao vídeo “Dos ODM aos ODS: o papel do PNUD na redução da
pobreza” para conhecer os objetivos do milênio.

Disponível em:

https://www.youtube.com/watch?v=5-YZx-2Gf54

A ideia central do empreendedor social é criar negócios que sejam inclusivos,


socialmente justos e munidos de propósito. Veja que isso não está ligado
a ações de responsabilidade social de empresas, nem às organizações do
chamado Terceiro Setor.

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O que estamos tratando


como negócios de impacto
socioambiental positivo são
organizações que visam tanto a
fins sociais quanto lucrativos, ou
seja, trabalham com mecanismos
de mercado para enfrentarem
problemas socioambientais.

Esses empreendimentos buscam impacto positivo como atividade principal,


e também buscam beneficiar diretamente pessoas com faixa de renda mais
baixas. Logo:

[...] a viabilidade econômica e preocupação social


e ambiental possuem a mesma importância e
fazem parte do mesmo plano de negócios.

(SEBRAE, 2017).

No Brasil, são organizações que se apresentam sob uma variedade de natureza


jurídica que operam como negócio, orientando-se pela lei da oferta e demanda
e dedicando-se a conhecer seu público, oportunidades e riscos, e utilizando
mecanismos de mercado para atingir seus propósitos sociais.

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O empreendedor social é
o nome genérico dado a
pessoas que atuam de forma
proativa no enfrentamento de
questões sociais.

Para Bill Drayton, criador da Fundação Ashoka, um empreendedor social nada


mais é do que um “cidadão ativo”. A fundação criada por ele tem apoiado
empreendedores sociais em todo o mundo, inclusive no Brasil.

Dica de vídeo
O documentário premiado de Mara Mourão, intitulado “Quem se
Importa?”, é um ótimo filme que apresenta diversos empreendedores
sociais, os quais têm mudado suas realidades em vários lugares
do mundo. A maioria dos casos desse premiado documentário se
aproxima mais ao conceito de Bill Drayton de cidadãos ativos. Para
saber mais, acesse:

http://mamofilmes.com.br/br/pt/quem-se-importa/

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Empreendedor Corporativo ou Intraempreendedor


O intraempreendedor é um empreendedor em um contexto
organizacional. O termo é usado para designar um colaborador de uma
empresa que tem um espírito empreendedor e traz a possibilidade de
inovações e novos negócios para a empresa.

Além disso, o
intraempreendedorismo é uma
forma da empresa estimular
seus talentos na contribuição
do processo de inovação.

Empresas de todos os tipos se deparam com desafios semelhantes,


nomeadamente atrair, manter e envolver os funcionários mais talentosos
e ao mesmo tempo obter lucros. É nesse sentido que empresas têm lançado
iniciativas sob o conceito de intraempreendedorismo.

Para grifar
Ao listar algumas empresas conhecidas por seus lucros, bons
ambientes para se trabalhar e por atraírem os maiores talentos,
como Google, Virgin, Facebook, Pepsi, John Lewis e 3M, por
exemplo, existem grandes chances de que eles também estejam na
vanguarda da inclusão de intraempreendedores em sua empresa.

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Unidade 2: Empreendedorismo e Educação Empreendedora
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O Google, por exemplo, possui


mais de 20 mil colaboradores
com diferentes conhecimentos
e expertises, espalhados por
diversos países.

E o Google se utiliza dessa pluralidade de pessoas, com paixões e interesses


individuais, para ocupar um papel central no direcionamento da inovação. É o
caso da “política dos 20 por cento” adotada pela empresa.

Essa política permite aos engenheiros investirem cerca de


um dia a cada semana buscando projetos fora de sua área
oficial de responsabilidade.

A coisa mais importante sobre o tempo de “20 por cento” não é quanto tempo
os funcionários podem gastar em projetos paralelos, mas que o Google os
incentiva a pensar e ser empreendedores.

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Unidade 2: Empreendedorismo e Educação Empreendedora
Uma nova visão de mundo

Não há contabilidade formal do tempo gasto – algumas pessoas usam mais,


outras menos. Funcionários do Google trabalhando em projetos de “20 por
cento” muitas vezes unem forças e criam o equivalente interno a startups,
recrutando seus primeiros “funcionários” das classificações da empresa.

Como no mundo real das startups, a maioria


desses projetos não chega ao próximo nível. Mas
alguns deles acabam se tornando projetos oficiais
do Google. Cerca de metade dos produtos do
Google, incluindo Gmail e Notícias, começaram
como projetos de “20 por cento”.

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Uma nova visão de mundo

Mundo VUCA e o Empreendedor de Alto Impacto


Você sabe o que é mundo VUCA? Mesmo que você não conheça o termo, com
certeza você está habituado ao que ele representa. Essa nova forma de ver o
mundo também se aplica ao contexto dos negócios, e é importante entender
esse momento, de forma a melhor preparar seus alunos para ele.

Assista ao vídeo disponível aqui para conhecer melhor esse mundo VUCA!

Complementar a essa visão de Mundo VUCA, Salim Ismail (2018) apresentou a


ideia das organizações exponenciais. Nela, o mundo linear está sendo superado
pelo exponencial, não só na ciência como também na área dos negócios.

As organizações exponenciais
seriam aquelas que têm
conseguido gerar um
impacto 10 vezes maior
que as lineares, acelerando o
“metabolismo” da economia.

Esse crescimento acelerado é proporcionado em grande parte pela mudança


entre bens físicos, como carros, casas e máquinas, por informação.

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Uma nova visão de mundo

Para grifar
As organizações que se utilizam da informação como produto,
aulas, conhecimento, Big Data e Analytics, possuem a capacidade
de crescer exponencialmente.

Como exemplo, veja a ilustração abaixo sobre a evolução do tráfego anual


de dados pela internet a partir de 1997 e a estimativa para 2022:

Fonte: Adaptado de IEA (2017), Digitalisation and Energy, IEA, Paris https://www.iea.org/reports/digitalisation-and-energy

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Unidade 2: Empreendedorismo e Educação Empreendedora
Uma nova visão de mundo

É nesse contexto que surge o conceito de empreendedor de alto impacto,


sendo o indivíduo capaz de promover a transformação do meio no qual
esteja inserido, dando respostas rápidas, criativas e de impacto social.

Em sua publicação sobre os cinco passos para se tornar um empreendedor


de alto impacto, a Endeavor destacou fatores que diferenciam esse tipo de
empreendedor:

Ter paixão pelo que


Ter ambição e
faz, entregando
sonhar grande.
valor.

Possuir capacidade
Inovar para se de execução
diferenciar de seus (colocar os projetos
concorrentes. em prática).

Agir com
transparência, gestão
e profissionalismo.

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Unidade 2: Empreendedorismo e Educação Empreendedora
Uma nova visão de mundo

Ainda de acordo com a Endeavor, temos a seguinte visão sobre o


empreendedor:

Ser um empreendedor de alto impacto significa


revolucionar indústrias e o meio em que atua,
gerar renda e oportunidades de trabalho,
proporcionar mobilidade social e inspirar as
próximas gerações de empreendedores.

Seguindo essa visão, um empreendedor de alto impacto é capaz de


“sonhar grande”, mas começar pequeno, testando as premissas iniciais da
oportunidade identificada.

Em outras palavras, busca o sucesso local, mas já tendo


em vista as bases para que ele possa ser escalável
globalmente.

Startups são organizações


que nascem com essa visão
de empreendedorismo, muito
em decorrência da cultura
e comportamento de seus
fundadores.

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Unidade 2: Empreendedorismo e Educação Empreendedora
Uma nova visão de mundo

Elas buscam validar um modelo de negócio capaz de criar valor ao resolver um


problema de uma parcela considerável de pessoas. Para isso, é necessário que
esse modelo seja repetível, ou seja, que possa entregar o mesmo padrão de
produto ou serviço para uma quantidade exponencial de pessoas.

Para grifar
Assim, uma startup pode ser definida como uma organização
temporária, por estar em busca de um modelo de negócio validado,
que seja repetível e escalável, num ambiente de incertezas como é
caracterizado todo o cenário de criação de novos negócios (BLANK,
2005; RIES, 2011).

Além disso, startups são também caracterizadas pela utilização das


tecnologias digitais na estruturação de seus modelos de negócio.

Viu como temos diversos perfis de empreendedores? E conhecer bem os tipos


de empreendedores pode ajudar você no momento de trabalhar as competências
empreendedoras em sala de aula.

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Unidade 2: Empreendedorismo e Educação Empreendedora
Uma nova visão de mundo

Reflita
Utilize o espaço abaixo para refletir sobre como saber os perfis pode ser
útil na sua prática pedagógica.

Você pode, por exemplo, perceber as características de cada grupo


e propor projetos que sejam mais alinhados ao perfil empreendedor
daquele grupo. Mas lembre-se de explorar todas as possibilidades para
Antes deseus
que dar início
alunosaopossam
preenchimento do Canvas,
realizar uma sugerimos
autoanálise que
e terem você defina
contato com qual
o seutodos
segmento de clientes e a proposta de valor. Reflita sobre as questões:
os perfis.

Traga exemplos de empreendedorismo que sejam mais próximos dos


alunos. Com certeza eles conhecem alguém que empreendeu por
oportunidade e por necessidade, por exemplo.

Você consegue relacionar os tipos de


empreendedores com os perfis dos seus alunos?
Consegue enxergar características empreendedoras
neles? Pense em como você pode ajudar a
desenvolvê-las.... E siga sempre em frente!

55
4
Fechamento
Unidade 2: Empreendedorismo e Educação Empreendedora

Como foi discutido ao longo desta unidade, o empreendedorismo possui


diversas vertentes que foram se transformando e se moldando ao longo
Uma nova visão de mundo

das décadas.

Esse processo passou por uma


transformação considerável
com o surgimento da internet
e a possibilidade de transmitir
informações pelos meios digitais.

Mas um ponto é comum entre essas visões: a capacidade


de um indivíduo perceber e explorar uma oportunidade
empreendedora.

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Unidade 2: Empreendedorismo e Educação Empreendedora
Uma nova visão de mundo

Além disso, nos deparamos


com um mundo em rápida
transformação, exigindo respostas
rápidas, criativas e complexas
por parte dos indivíduos e
organizações, como forma de
trazer soluções inovadoras para
problemas complexos.

Para isso, é fundamental que os indivíduos engajados nessa causa


tenham desenvolvido conhecimentos, habilidades e atitudes capazes
de auxiliá-los nesse processo.

É nesse sentido que se faz necessário o desenvolvimento


da capacidade empreendedora nas organizações e nos
indivíduos, diante de uma sociedade que está baseada em
informações e conhecimento (JARDIM et al., 2020).

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Unidade 2: Empreendedorismo e Educação Empreendedora
Uma nova visão de mundo

É preciso estimular o
empreendedorismo como
competência, como forma de
construir uma ideia diferente
de cidadania capaz de renovar
a sociedade em meio às
transformações digitais do século
XXI, de forma a construir um
futuro sustentável e humano.

Os modelos de educação
empreendedora têm trabalhado
de maneira coletiva essa
visão, buscando desenvolver
nos professores e alunos uma
visão mais abrangente do
empreendedorismo.

Nesta visão, o indivíduo é o protagonista, capaz de gerar as


transformações necessárias para a sociedade da qual faz parte.

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Unidade 2: Empreendedorismo e Educação Empreendedora
Uma nova visão de mundo

Você, protagonista

E agora? Ao conhecer as diferentes formas de se enxergar o empreendedorismo,


você se sente inspirado por alguma delas? Consegue pensar em formas de
estimular as competências empreendedoras em seus alunos? Reflita sobre como
você pode levar esses temas para sua sala de aula!

Continue aprendendo...
Explore as referências abaixo para saber mais sobre o assunto.

BAKER, T.; NELSON, R. Creating something from nothing: resource construction


through entrepreneurial bricolage. Administrative Science Quarterly, v. 50, p.
329-366, 2005.

BAUMAN, Z. Modernidade líquida. Tradução de Plínio Dentzien. Rio de Janeiro:


Zahar, 2001.

BLANK, S. G. The four steps to the epiphany: successful strategies for products
that win. California: S.G., 2007.

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HARTMANN, H. Managers and entrepreneurs: a useful distinction.


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de Francisco Araújo da Costa. 9. ed. Porto Alegre: AMGH, 2014.

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ISMAIL, S.; MALONE, M. S.; GEEST, Y. V. Organizações Exponenciais. Por que elas
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Uma nova visão de mundo

Este e-book é uma produção do Serviço de Apoio às


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