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Waldano Heler Natxari Wanga

EMPREENDEDORISMO
Modulo 1 -Cultura empreendedora, 10ª Classe.

“Lucro é melhor que salário”

2021
Índice
INTRODUÇÃO. ............................................................................................................. 1
TEMA 1-CULTURA EMPREENDEDORA. ............................................................... 2
1.1. Empreendedorismo: Origem, evolução e importância. ....................................... 2
1.1.1. Origem do empreendedorismo. .............................................................................. 2
1.1.2.Teorias económicas do empreendedorismo. ............................................................ 3
1.1.3.Evolução do empreendedorismo. ............................................................................ 4
1.1.4.Importância do empreendedorismo. .................................................................... 5
1.2. Empreendedor: Significado e importância. ............................................................... 6
1.2.1. Características de um empreendedor. ..................................................................... 7
1.2.2. Benefícios de ser empreendedor. .......................................................................... 10
1.2.3. Desvantagens de ser empreendedor ...................................................................... 10
1.3.ATITUDE PERANTE O TRABALHO. ............................................................... 11
1.3.1.Significado e importância do trabalho. .................................................................. 11
1.3.4.Atitudes Negativas no Trabalho. ........................................................................... 14
1.4.CARREIRA E EMPREGO EM ANGOLA ......................................................... 15
1.4.1.Significado e importância da carreira. .............................................................. 15
1.4.2.Tipos de carreira em Angola. ................................................................................ 16
1.4.3.Oportunidade de carreira em Angola..................................................................... 17
1.4.3.1.Requisitos para a escolha de uma carreira. ......................................................... 17
1.4.4.Significado e importância de emprego. ............................................................. 19
1.4.4.1.Tipos de emprego em Angola. ............................................................................ 20
1.4.4.2.Oportunidade, desafios e benefícios de emprego em Angola. .......................... 21
1.4.4.3.Desemprego em Angola e suas causas. .............................................................. 22
1.4.4.4.Estratégia para obtenção de Emprego em Angola. ............................................ 25
1.4.5.Diferença entre carreira e Emprego em Angola. .............................................. 26
Bibliografia .................................................................................................................... 27
Anexo 1. Temáticas do módulo II. (Brevemente). ..................................................... 27

i
INTRODUÇÃO.

Empreendedorismo é um domínio específico. Não se trata de uma disciplina académica


com o sentido que se atribui a qualquer outra disciplina já bem consolidada. Referimo-
nos ao empreendedorismo como sendo, antes de tudo, um campo de estudo. Isto porque
não existe um paradigma absoluto, ou um consenso científico. O empreendedorismo
traduz-se num conjunto de práticas capazes de garantir a geração de riqueza e uma
melhor performance àquelas sociedades que o apoiam e o praticam.

Embora o empreendedorismo tenha sido um assunto tratado há séculos, foi na década de


oitenta que se tornou objecto de estudos em quase todas as áreas do conhecimento em
grande parte das nações.

A crise financeira mundial de 2008 criou um desafio particular para a economia


Angolana: a urgência de ter de deixar de depender dos recursos naturais e mudar a
atenção para o crescimento do sector privado (Marques, 2011). A este factor recessivo
juntou-se, mais recentemente, a drástica baixa do preço do crude no mercado
internacional e a dificuldade em aceder ao mercado de divisas. Desde então em Angola,
o empreendedorismo tem estado no cerne das preocupações governamentais, sendo este
considerado uma parte vital do processo de crescimento da sua economia através da
criação de empresas.

Fruto deste contexto o Governo angolano introduziu a disciplina de Empreendedorismo


no currículo do Ensino Secundário como uma das formas de responder às necessidades
dos jovens, desenvolvendo a criatividade, espirito de iniciativa, gosto pelo trabalho e
capacidade empreendedora, com a finalidade de estimular a criação do auto-emprego e
a erradicação da pobreza (MED, 2015, p. 5).

A caderneta da 10ª classe está dividida em dois módulos. No módulo I faz-se uma
abordagem, dos principais conceitos empregues, a história, teorias e evolução do
empreendedorismo, a diferenciação entre emprego, trabalho e carreira e aborda-se a
situação da empregabilidade (emprego e desemprego) em angola (Sua característica,
seus desafios e oportunidades). O módulo II aborda a questão da identificação de
oportunidades e criação de ideias emprendedoras; a constituição, dimensão, organização
e legalização das actividades, o respectivo estudo de viabilidade e as funções da gestão.

O principal objectivo desta caderneta é tornar-se um instrumento de trabalho que venha


a ser útil em função das necessidades do aluno, nela se propõe pistas de reflexão, além
de métodos para trabalhar de um modo diferente, trata-se de um instrumento de
formação para o empreendedorismo: ao incentivá-lo a começar um processo de
mudança e acompanhá-lo em tal processo, propõe-lhe saberes teóricos e metodológicos,
a fim de fazer evoluir seus conhecimentos e práticas em harmonia com as necessidades
dos alunos e as finalidades definidas pelo sistema educacional angolano.

1
TEMA 1-CULTURA EMPREENDEDORA.
1.1. Empreendedorismo: Origem, evolução e importância.
1.1.1. Origem do empreendedorismo.

Etimologicamente o vocábulo empreendedorismo deriva do latin imprehendere, tendo o


seu correspondente entrepreneur surgido na economia francesa por volta dos séculos
XVII e XVIII que significa:
 entre – do latim inter, que significa reciprocidade;
 preneur – do latim prehendre, que significa comprador;
E a combinação das duas palavras, (entre e comprador) isto é intermediário”.

O conceito “empreender”, surgiu na língua portuguesa entre os finais do século XV e


início do seculo XVI. Todavia, a expressão portuguesa “empreendedorismo” foi
originada da tradução da expressão entrepreneurship da língua inglesa que, por sua vez,
é composta da palavra francesa entrepreneur e do sufixo inglês ship. O sufixo ship
indica posição, grau, relação, estado ou qualidade, bem como uma habilidade ou perícia
ou, ainda, uma combinação de todos esses significados.

imprehendere --- entrepreneur --- entrepreneurship ---empreendedorismo


(Latin) (Frances) (inglês) (Português)

O conceito "Empreendedorismo" foi popularizado pelo economista Joseph Schumpeter,


em 1945, como a base de sua teoria da Destruição Criativa, que define o
Empreendedorismo, como um processo de ‘‘destruição criativa’’, através da qual
produtos ou métodos de produção existentes são destruídos e substituídos por novos.
(criação de novos negócios).

Em 1985, com Gifford Pinchot III, foi introduzido o conceito de intra-empreendedor, ou


seja, uma pessoa empreendedora, mas que trabalha dentro de uma organização 18criação
de novos produtos). E em 1993, Regina Silvia Pacheco faz um dos primeiros usos da
palavra "empreendedorismo" na língua portuguesa 2 ,referindo-se às novas estratégias
econômicas adotadas, até então, em cidades estrangeiras.

Hisrich & Peter (2004) define o empreendedorismo como “processo de criar algo
diferente e com valor, dedicando o tempo e o esforço necessário, assumindo os riscos
financeiros, psicológicos e sociais correspondentes e recebendo as consequentes
recompensas da satisfação económica e pessoal”.

1
Pinchot III, G. (1985). Intrapreneurship. New York, NY: Harper & Row
2
PACHECO, Regina Silvia Viotto Monteiro (1993). «Iniciativa Econômica Local: A
Experiência do ABC.». São Paulo: Summus. Parceria Público-Privado-Cooeração
Financeira e organizacinal entre o Setor Privado e Administrações Públicas Locais.: 221-
236

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1.1.2. Teorias económicas do empreendedorismo.
Hisrich & Peter (2004) apresenta informações sobre o desenvolvimento da teoria do
empreendedorismo e do termo empreendedor a partir da Idade Média até 1985, quando
ele define o empreendedorismo como “processo de criar algo diferente e com valor,
dedicando o tempo e o esforço necessário, assumindo os riscos financeiros, psicológicos
e sociais correspondentes e recebendo as consequentes recompensas da satisfação
económica e pessoal”.

As principais teorias que abordam o empreendedorismo são:


 a teoria económica e;
 A teoria comportamentalista.
A teoria económica, também conhecida como schumpeteriana, demonstra que os
primeiros a perceberem a importância do empreendedorismo foram os economistas.
Estes estavam primordialmente interessados em compreender o papel do empreendedor
e o impacto da sua actuação na economia. Três nomes destacam-se nessa teoria:
Richard Cantillon, Jean Baptiste Say e Joseph Schumpeter.

A essência do empreendedorismo está na percepção e no aproveitamento das novas


oportunidades no âmbito dos negócios, sempre tem a ver com criar uma nova forma de
uso dos recursos nacionais, em que eles seja deslocados de seu emprego tradicional e
sujeitos a novas combinações. Uma das principais críticas destinadas a esses
economistas é que eles não foram capazes de criar uma ciência comportamentalista.

A teoria comportamentalista, refere-se a especialistas do comportamento humano:


psicólogos, psicanalistas, sociólogos, entre outros. O objectivo desta abordagem do
empreendedorismo foi de ampliar o conhecimento sobre motivação e o comportamento
humano.

Um dos primeiros autores desse grupo a demonstrar interesse foi Max Weber. Ele iden-
tificou o sistema de valores como um elemento fundamental para a explicação do
comportamento empreendedor. Via os empreendedores como inovadores, pessoas
independentes cujo papel de liderança nos negócios inferia uma fonte de autoridade
formal. Todavia, o autor que realmente deu início à contribuição das ciências do
comportamento foi David C. McClelland.

É importante observar que os autores da teoria comportamentalista não se opuseram às


teorias dos economistas, e sim ampliaram as características dos empreendedores. O
referencial teórico da teoria económica diz que “os economistas associaram o empreen-
dedor à inovação e os comportamentalistas que enfatizam aspectos altitudinais, com a
criatividade e a intuição (Zarpellon, 2010, p. 49).

3
1.1.3. Evolução do empreendedorismo.

O empreendedorismo evolui de acordo com as fases do desenvolvimento económico de


cada país e das circunstâncias dos mercados.
As economias são orientadas por 3 factores principais: Produção, Eficiência e
Inovação.

Nas economias orientadas por factores de produção, o desenvolvimento económico


consiste em mudanças na quantidade e no carácter do valor económico acrescentado.
Estas mudanças resultam em maior produtividade e num aumento do rendimento
percapita e, frequentemente, coincidem com a migração do trabalho entre os diferentes
sectores económicos da sociedade. Ex: Do sector primário para industria e serviços.
Nos países de baixos níveis de desenvolvimento económico, o sector agrícola é
tipicamente preponderante, assegurando a subsistência à maioria da população, a qual
vive, sobre tudo nas zonas rurais. Esta situação vai mudando a medida que a actividade
industrial começa a desenvolver-se, muitas vezes em torno da extracção de recursos
naturais.

Começando a indústria extractiva a expandir-se, há um impulso para o crescimento


económico que faz com que o excedente da população ligada ao sector agrícola migre
para o sector extractivos e de grande escala, frequentemente localizados em regiões
específicas. Destes processos resulta uma sobre oferta de mão-de-obra, que acaba por
provocar o empreendedorismo de subsistência em aglomerados regionais, fazendo os
trabalhadores excedentários procurarem criar o seu próprio emprego, de modo a
garantir a sua subsistência.

Nas economias orientadas para a eficiência, à medida que o sector industrial se vai
desenvolvendo, começam a emergir instituições para o apoio ao desenvolvimento da
industrialização e começa a haver uma procura de maior produtividade através da
criação de economias de escala. Tipicamente, as políticas económicas nacionais em
economias de escala moldam as instituições económicas e financeiras emergentes, de
modo a favorecer as grandes empresas nacionais. Á medida que a produtividade
económica contribuí para a formação de capital financeiro, podem surgir nichos nas
cadeias de fornecimento, permitindo que novas empresas produzam para empresas já
instaladas.

Estes factores combinados com o fornecimento independente de capital financeiro por


parte do sector bancário emergente, aumentam as oportunidades de desenvolvimento
das indústrias de pequena e média escala. Paralelamente, espera-se também que a
actividade industrial movida pela necessidade decresça, abrindo oportunidade para a
entrada no mercado destas empresas emergentes de pequena escala.

Em economias orientadas para a inovação, pode esperar-se que a enfase dada à


actividade industrial mude gradualmente para o sector dos serviços á medida que ocorre

4
um amadurecimento e aumento da riqueza. Este sector deverá ser capaz de responder às
necessidades de uma população em crescimento, respondendo às necessidades criadas
numa sociedade com elevado rendimento. O sector industrial, por seu turno, atravessa
um conjunto de mudanças e melhorias ao nível da variedade e da sofisticação.

Estas melhorias estão normalmente associadas a actividades de investigação e


desenvolvimento cada vez mais intensivas, verificando-se um papel de crescente
relevância por parte das intuições que produzem o conhecimento. Os progressos
referidos abrem caminho ao desenvolvimento de uma actividade empreendedoras
inovadoras, orientada para o aproveitamento de oportunidades, e que não têm receio de
desafiar os agentes estabelecidos na economia.

Frequentemente as pequenas empresas inovadoras beneficiam de uma vantagem de


produtividade relativamente às grandes empresas ao nível de inovação, permitindo que
estes pequenos actores operem como “Agentes de destruição criativa”. Dependendo do
grau em que as instituições económicas e financeiras, criadas durante o período
económico de forte industrialização, forem capazes de integrar e dar reposta à
actividade empreendedora baseada na oportunidade, poderão emergir novas empresas
inovadoras, assumindo-se como motores importantes do crescimento económico e da
criação da riqueza.

1.1.4. Importância do empreendedorismo.

Há divergências na literatura sobre qual o real impacto do empreendedorismo nas


economias. Para Van Stel, et al (2005) observaram, num estudo feito para trinta e seis
países, que a actividade empreendedora tem um efeito positivo em economias
desenvolvidas e negativo em países menos desenvolvidos. Seguindo a mesma linha,
alguns trabalhos (Beck et al, 2005; Audrestsch & Keilbach, 2004) demonstram que não
há indicações conclusivas sobre a relação entre a atividade empreendedora e o
crescimento económico. Este dilema pode ser solucionado pelo exposto por Henrekson
e Stenkula (2009) quando referiram que as diferenças podem ser explicadas pelo
resultado da distinção entre empreendedorismo e trabalhadores por conta própria.

O trabalhador por conta própria não pode ser confundido com o empreendedor de alto
impacto. O primeiro inicia um empreendimento para satisfazer as suas necessidades,
podendo gerar outros empregos (ou não) e apresentado um reduzido impacto, ao passo
que o segundo possui uma actividade de alto crescimento que gera empregos e valor
económico.

Os economistas percebem que o empreendedor é essencial ao processo de


desenvolvimento económico, e em seus modelos estão levando em conta os sistemas de
valores da sociedade, em que são fundamentais os comportamentos individuais dos seus
integrantes. Em outras palavras, não haverá desenvolvimento económico sem que na
sua base existam líderes empreendedores.

5
O empreendedorismo influência o crescimento económico através da “criação de novas
empresas e novos negócios, que por sua vez criam empregos, reforçam a competição, e
podem até aumentar a produtividade através de mudanças tecnológicas” (Acs, 2006, p.
97). No entanto, é preciso que haja um determinado nível de desenvolvimento para que,
efectivamente, o empreendedorismo contribua para o crescimento económico e que
algumas condições, como a abertura ao comércio externo ou a distribuição do
rendimento, por exemplo, sejam salvaguardadas (Martin, Picazo & Navarro, 2010).

O empreendedorismo tem sido considerado, desde o trabalho pioneiro de Shumpeter


(Shumpeter, 1934) como motor na condução do processo de mudança numa sociedade
capitalista constituindo-se como um determinante fundamental do crescimento
económico Gaspar e Pinho (2009) resumem e apresentam características importantes
sobre o empreendedorismo:
(i) Permite a criação de emprego,
(ii) É um canal para a introdução de inovação na economia levando-a, assim, a
evoluir e a progredir,
Constitui-se como opção de carreira para a população ativa,
(iii) Pode ter um impacto muito relevante no desenvolvimento regional e, duma
forma geral, no crescimento das economias.

1.2. Empreendedor: Significado e importância.

O significado do termo empreendedor mudou ao longo do tempo:


Na idade Média, o termo foi usado para descrever tanto um participante quanto um
administrador de grandes projectos de Produção, geralmente fornecido pelo governo.

No século XVI, a figura do empreendedor encontrava-se muito associada aos


empreendimentos militares; No século XVII, a conotação evoluiu para considerar uma
pessoa cuja actividade implicava em tomar riscos elevados, em geral, associados a
empreendimentos envolvendo um contrato de obra pública com o soberano. Regra geral
o valor do contrato era fixo, quaisquer lucros ou prejuízos resultantes das alterações no
mercado eram do empreendedor; No século XVIII os enciclopedistas consideravam
empreendedor aquele que se encarregava de uma obra. Neste período a pessoa com
capital foi diferenciada daquela que precisava de capital.

Ao elaborar uma pesquisa semântica e semiológica sobre a ocorrência do


termo, observa-se que, a partir do século XVII, esse se encontra associado a quatro
domínios: política, guerra, justiça e dinheiro. E concluiu que o traço característico desse
actor, como esboçado nos séculos XVII e XVIII, era o de alguém que afectava a
estabilidade social.

Nos seculos XIX o conceito de empreendedor não se distingui do gerente. O


empreendedor é visto como alguém que organiza e opera um a empresa para lucro
pessoal.

6
No seculo XX estabeleceu-se a noção de empreendedor como inovador. Neste período
empreender consiste em reformar o padrão de produção explorando um invenção ou, de
modo mais geral um método tecnológico não experimentado, par produzir um novo
bem ou um bem antigo de uma maneira nova.

Empreender é identificar ineficiências, falta de qualidade e faz algo Melhor e mais


barato. Se o individuo conseguir articular melhor qualidade e melhor preço (barato)
ganha-se muito dinheiro3.

1.2.1. Características de um empreendedor.

Não existe unanimidade entre os autores quanto aos tipos e características de


empreendedores.

Quanto a natureza (perfil económico) os empreendedores classificam-se em:


 O Empreendedores por Necessidade (criam-se negócios por não haver outra
alternativa).
 Empreendedores por Oportunidade (descoberta de uma oportunidade de
negócio lucrativa).

Quanto a forma (perfil do empreendimento) os empreendedores classificam-se em:


 Start-up (que cria novos negócios/empresas)
 Corporativo (intra-empreendedor ou empreendedor interno),
 social (que cria empreendimentos com missão social).

Os vários conceitos sobre o empreendedorismo podem ser resumidos em três linhas de


pensamentos que partilham características mas que divergem em diferentes aspectos da
função do empreendedor. As três grandes escolas ou tradições de pensamentos são:
1. Escola austríaca: foca-se na habilidade do empreendedor de identificar
oportunidades;
2. Escola alemã concentra-se no conceito de empreendedor como criador de
instabilidade e de destruição criativa; e, por último,
3. Escola (neo)clássica dá ênfase ao papel que o empreendedor desempenha no
equilíbrio dos mercados (Hébert & Link, 1989; Wennekers & Thurik, 1999).

Aos empreendedores têm sido imputadas muitas designações e características:


1. Inovadores, pioneiros, aventureiros, criadores e visionários (Lloyd, Solomon
& Tarabishy, 2005; Grebel, 2005),
2. Capacidade e a habilidade de criar novas actividades empresariais e de
produção (Bahmani, Galindo & Méndez, 2012). Wennekers e Thurik (1999)
3. Indivíduos dispostos dos para criar novas oportunidades económicas, ou seja,
novos produtos ou novas formas de organização, e introduzir as suas ideias no

3
Eike Batista, Homem Mais rico do Brazil e oitavo do mundo in 9 Dicas Para se tornar um
empreendedor de sucesso- Globo Reportagem.

7
mercado, considerando o ambiente de incerteza e ponderando sobre decisões
como a localização e a forma de utilização de recursos.
4. Foco na criação, incluindo a criação de novos empreendimentos e organizações
e a descoberta de novos produtos, serviços, matérias-primas e métodos de
organização, bem como, a renovação e/ou reestruturação organizacional e
inovações dentro de uma organização existente (Amit, Glosten, & Mueller, 1993;
Shane & Venkataraman, 2000).
5. Visionários; sabem tomar decisões; são indivíduos que fazem a diferença;
sabem explorar ao máximo as oportunidades; são determinados e dinâmicos;
são dedicados; são otimistas e apaixonados pelo que fazem; são independentes e
constroem o próprio destino; ficam ricos; são lideres e formadores de equipes;
são bem relacionados (networking); são organizados; planejam; possuem
conhecimento; assumem riscos calculados; criam valor para a sociedade”.
Dornelas (2008)

Ao analisar os estudos de (Allemand, 2007) e (McClelland, 1961) e de outros autores


chega-se a 3 principais conclusões Sobre o perfil comportamental dos
empreendedores:

a) Os empreendedores não tinham nível alto de escolaridade. O que nos faz


acreditar que pessoas mais humildes têm coragem para ousar, por não ter muitas
coisas a perder e se colocam em mais situações de risco.
b) Esses empreendedores quebraram em média 3 vezes. Isso mostra
a persistência como um factor importante. Mesmo com fracasso, eles entendem
o erro como aprendizado.
c) Eles praticam os mesmos comportamentos. São, ao todo, 30 comportamentos
parecidos que foram reunidos em 10 características de um empreendedor de
sucesso, que é o mais próximo de se traçar o perfil dos empreendedores:

1. Busca por oportunidades e iniciativa: O empreendedor de sucesso não espera. Faz


antes de solicitado, ou antes de forçado pelas circunstâncias. Ele age para expandir o
negócio em novas áreas, produtos ou serviços e aproveita oportunidades fora do
convencional para começar um negócio e obter recursos para crescimento.

2. Persistência: Antes de tudo é preciso diferenciar persistência de teimosia. Uma


pessoa persistente age repetidamente ou muda de estratégia quando tem de enfrentar um
desafio ou superar um obstáculo que não é tão fácil assim. Muitas vezes é preciso fazer
um sacrifício pessoal ou desenvolver um esforço maior para completar uma tarefa.

3. Correr riscos calculados: Um empreendedor de sucesso avalia alternativas


apresentadas e calcula riscos antes de tomar uma decisão. Ele age para reduzir os riscos
ou controlar os resultados para que não fuja muito do previsto. Além disso, coloca-se
em situações que implicam desafios ou riscos moderados.

8
4. Exigência de qualidade e eficiência: Em linhas gerais, o empreendedor de sucesso
está sempre buscando formas de optimizar tempo e recursos para garantir a qualidade
do produto. Ele age de modo a fazer coisas que satisfazem ou excedem padrões de
excelência e desenvolve procedimentos para assegurar que o trabalho seja terminado a
tempo e como planejado.

5. Comprometimento: Este é a características que nós, os Protagonistas mais focamos


em nosso Portal. Comprometer-se é se colocar realmente no papel de Protagonista e
responsável pelo seu próprio sucesso. O empreendedor assume responsabilidade pessoal
pelo desempenho necessário ao atingimento de metas e objectivos. Colabora com os
empregados ou (melhor!) se coloca no lugar deles e esmera-se em manter os clientes
satisfeitos.

6. Busca de informações: Um empreendedor é um constante investigador que se dedica


pessoalmente em obter informações de clientes, fornecedores e concorrentes. Por isso
realiza pesquisas de mercado e entre seus colaboradores e clientes para oferecer um
produto melhor e ultrapassar as expectativas.

7. Estabelecimento de metas: Quando não se sabe para onde vai, qualquer caminho
serve. Isso não se aplica ao empreendedor de sucesso, pois ele sabe exatamente onde
deseja chegar. Estabelece metas e objetivos que são desafiantes, porém possíveis.
Define metas de longo prazo, claras e específicas com pequenos objetivos mensuráveis
e de curto prazo.

8. Planeamento e monitoramento sistemáticos: A visão sistémica é um grande


diferencial para que o empreendedor alcance o sucesso. Por isso a necessidade de se
planejar, dividindo tarefas de grande porte em tarefas menores com prazos definidos.
Um empreendedor de sucesso constantemente revisa o planeamento feito, levando em
conta os resultados obtidos até o momento e as mudanças das circunstâncias. Além
disso, ele mantém registros financeiros e resultados anteriores para tomar decisões.

9. Persuasão e redes de contacto: Os contactos, o meio e a comunicação persuasiva


são elementos essenciais para o empreendedor. Aquele que utiliza estratégias para
influenciar ou persuadir os outros obtém sucesso em seus projectos. Para isso vale
contar com pessoas-chave como agentes para atingir seus próprios objectivos e agir para
desenvolver e manter relações comerciais.

10. Independência e autoconfiança: Sempre em busca de autonomia em relação a


normas e controles de outros, o empreendedor consegue ligar bem com os desafios do
negócio. O empreendedor mantém seu ponto de vista mesmo diante da oposição ou de
resultados desanimadores e expressa confiança na sua própria capacidade de completar
uma tarefa difícil.

9
1.2.2. Benefícios de ser empreendedor.

Num mundo em constantes mudanças, com uma população em rápido crescimento e


pouca oferta de trabalho empreender traz inúmeros benefícios:

1. Fazer o que realmente gosta: Fazer o que se gosta é importante tanto para a sua
qualidade de vida quanto para o seu sucesso profissional.
2. Você é seu próprio chefe e faz o seu próprio horário: Um dos aspectos
mais atraentes de ser empreendedor é a flexibilidade e a total liberdade, mas precisa
saber usa-la a seu favor.
3. Você cria o seu futuro: Não precisas esperar por concursos públicos.
Independentemente do que aconteça, você sempre estará trabalhando para fazer seu
sonho acontecer.
4. Ganha-se mais dinheiro e em menos tempo: o trabalhador por conta de outrem em
regra paga mais imposto sobre o salário do que o autónomo. E o empreendedor além
do salário dispõe de lucro.

Ilustração 1 Nova Tabela do IRT-Angola- Lei nº 28/20 de 22 de Julho.


Grupo IRT INSS
Trabalhador por conta de outrem A 10-25% 11%
Trabalhador por conta própria 7%-10,5%
B 7% se a empresa tiver a 8%
contabilidade organizada

1.2.3. Desvantagens de ser empreendedor

Ser empreendedor tem os seus riscos:


1. Investimento inicial: Uma das principais desvantagens é, obviamente, a necessidade
de investimento inicial, quer para infraestrutura, quer para material. Tenha em mente
que será um ponto ao qual muito dificilmente conseguirá escapar.
2. Risco: Todos os negócios têm riscos associados e é por isso que é extremamente
necessário que esteja preparado para eventuais imprevistos e/ou obstáculos, de modo
a que os possa resolver com optimismo.
3. O começo é sempre mais difícil: Graças à grande quantidade de produtos e serviços
que são oferecidos, fica bem complicado manter as finanças no mais perfeito

10
equilíbrio logo de cara, mas, passado algum tempo provavelmente meses com mais
experiência, você consegue ter um negócio mais sólido.
4. Salário Fixo É difícil saber com exactidão o quanto você irá receber no mês que vem.
Para falar a verdade, você venderá mais produtos em alguns meses e menos em outros,
e tudo depende de uma série de factores internos e externos. Contudo, uma boa
projeção de resultados poderá te preparar para situações em potencial sejam negativas
ou positivas e gerar certa tranquilidade, tanto para você quanto para suas finanças.
Basta investir em um bom controle financeiro.
5. Jornada de Trabalho: É normal que aspirantes a empreendedores acreditem que não
terão de trabalhar duro todos os dias para conquistar o sucesso. Porém, isso é um
engano! O empreendedor normalmente trabalha mais de 44 horas semanais, mas a
recompensa vem com o sucesso.

1.3. ATITUDE PERANTE O TRABALHO.


1.3.1. Significado e importância do trabalho.

A palavra trabalho deriva do latim tripalium ou tripalus, Uma ferramenta de três


pernas que imobilizava cavalos e bois para serem ferrados.

Tri= Três Palus=Pau

A palavra trabalho era também o nome de um instrumento de


tortura usado contra escravos e presos, que originou o verbo
tripaliare cujo primeiro significado era “Torturar”.

No âmbito da Economia, o trabalho consiste no esforço humano que tem como


objectivo satisfazer as necessidades de uma pessoa ou de um grupo. Para a economia, o
trabalho faz parte de um dos três factores da produção, juntamente com a terra e o
capital.

O trabalho significa que um indivíduo realiza um conjunto de actividades, e em troca do


seu esforço recebe um salário por isso, ou seja, o trabalho tem um preço, que é
verificado na forma de salário. O dia internacional do trabalhador é celebrado no dia 1
de Maio.

Quanto a natureza, o trabalho difere-se em:


 Manual: Exige predominantemente esforço físico
 Intelectual: Exige predominantemente esforço mental;
OBS: Não existem trabalhos meramente manuais ou intelectuais, toda actividade manual
demanda esforço mental e todo o trabalho intelectual demanda esforço físico, o que muda é
predominância.

A actividade manual é estratificada em 2 níveis:


 Qualificado: Trabalhos manuais complexos e que exigem formação específica.

11
 Não Qualificado: Trabalhos manuais de baixa complexidade.
A actividade intelectual é estratificada em 5 níveis de esforço, cada nível acima exige
um esforço mental maior, consumindo inclusive mais energia corporal, da mesma forma
que uma actividade física:
1º Nível: Actividades que exigem apenas lembrança de factos já memorizados. Ex.
Cadastrar, listar, reproduzir, informar.
2º Nível: Actividades que exigem Compreensão da matéria intelectual utilizada, pós
faz com que a pessoa explique e descreva os conceitos. Explicar, exemplificar,
interpretar.,
3º Nível: Actividades que exigem Aplicação, isto é, conseguir encontrar utilidade
prática e fazer o conhecimento adquirido se tornar útil para a vida. Ex. Demonstrar,
( Falar e mostrar ao mesmo tempo), ensinar a executarDescobrir soluções de problemas
comuns e simples.
4º Nível: Actividades que exigem Analisar e avaliar opções e soluções. Ex. Resumir.
Comparar, convencer, argumentar, Faze análise FOFA.
5º Nível: Actividades que exigem Criar ou sintetizar o conhecimento para descobrir
uma solução. Ex. Elaborar estratégias e criar novas soluções.

Ilustração 1 Níveis do trabalho intelectual, adaptado da taxonomia de Bloom.

Quanto ao vínculo: Privado ou público.


Quanto a dependência: Conta Própria e conta de outrem.
Quanto a forma, o trabalho é classificado como:
 Informal: Actividade económica em que o trabalhador não dipoe de contrato
de trabalho, não paga INSS, IRT, isto +é não tem amparo legal.
 Formal: é o que se caracteriza como relação de emprego (assalariado)

12
 Liberais: Exercício de actividade profissional de nível técnico ou superior
permitida pela conclusão de uma formação específica e estar inscritoi na referida
ordem profissional: Médicos, Advogados, engenheiros etc.
 Eventual: Presta serviços sem vínculo de emprego (Permanente)
 Voluntário: é organizado em prol de causa socias e humanitárias, em geral
comandado por instituições sem fins lucrativos. Em determinados casos,
profissionais qualificados colocam-se a disposição de empresas públicas
privadas e públicas para trabalhar gratuitamente, como forma de ganhar
experiência ou ocupar-se enquanto aguardam por vagas de emprego.
 Autónomo: quando o indivíduo exerce sua atividade como profissional liberal,
ou seja, não está vinculado a nenhuma empresa, e normalmente trabalha no
comércio ou em actividades comerciais: Freelancer.

O trabalho difere do emprego. O trabalho é uma tarefa que não necessariamente confere
ao trabalhador uma recompensa financeira. O emprego é um cargo de um indivíduo em
uma empresa ou instituição, onde o seu trabalho (físico o mental) é devidamente
remunerado. O conceito de emprego é bem mais recente do que o de trabalho, e surgiu
por volta da Revolução Industrial e se propagou com a evolução do capitalismo.

O trabalho é importante uma condição essencial para o homem por ser, não somente
pela manutenção financeira, mas pela dignificação da vida. Pós Permite a realização
pessoal, o desenvolvimento das habilidades, sentir-se útil e encontrar sentido para os
dias.
“O trabalho dignifica o homem”.
1.3.2. Dignidade do trabalho.

A dignidade do trabalho decorre da dignidade da pessoa que trabalha.


O conceito de dignidade do trabalho foi introduzido nos anos 90 pela OIT-Organização
Internacional do trabalho e significa que os estados ou sociedades devem criar
trabalhos que concorram para a qualidade de vida dos cidadãos.

Os pilares da dignidade do trabalho:


1. Compensatório: Deve ser adequadamente remunerado e produtivo, e pressupor
que a capacidade de quem o exerce se desenvolve.
2. Humanizado: Tem de ser realizado em condições de saúde e segurança.
3. Protecção: Deve garantir protecção no exercício da profissão e quando a
capacidade do trabalhador estiver diminuída, em razão de algum acidente laboral.
4. Diálogo social: As organizações representativas dos trabalhadores têm de ter
capacidade de dialogar entre si, e tem de haver canais de comunicação com o s
governos e os empregadores.

13
1.3.3. Atitudes positivas perante o trabalho e os seus benefícios.
Tornar o seu local de trabalho mais prazeroso e harmonioso, muitas vezes só depende
de algumas pequenas atitudes positivas que você pode ter no seu modo de pensar e
conduzir as coisas.
Conheça o lema UMPA. Este lema defende que: Um Monte de Pequenas Atitudes –
geram grandes resultados. Partindo do conceito da UMPA, algumas atitudes -simples
podem transformar o seu ambiente de trabalho em um lugar melhor para se estar:
1. Seja organizado: Ter o local de trabalho organizado é o maior indicador de
profissionalismo. Um ambiente assim permite que possas localizar com
facilidade os dossiers. Isso contribui para a celeridade no trabalho.
2. Esteja bem aprumado: Vestir-se bem não quer dizer ter roupa de marcas, mas
estar apresentável o mínimo necessário (Roupa limpa, engomada e adequada a
ocasião). Aliado a Assiduidade (Pontualidade permanente) são sinónimos de
responsabilidade. Estas características permitem que as pessoas possam confiar em si.
3. Trabalhe em equipa: Saber trabalhar em equipe possibilita trabalhar em um
ambiente em que todos partilham seus conhecimentos. Um ambiente assim
permite que todos possam desenvolver novas competências profissionais, além
de aprender a ouvir e também a falar com os colegas.
4. Tenha empatia com a sua equipe: Ser empático é se colocar no lugar do outro
e a partir disso, buscar entender suas questões, seus sentimentos e atitudes.
5. Demonstre respeito e gentileza por todos: Ter respeito é considerar o outro,
aceitá-lo da forma que é e pensar em seu colega não ultrapassando os limites da
relação profissional. Gentileza e respeito são sempre bem-vindos.
6. Seja proactivo: Ter proactividade é ter a iniciativa para produzir algo, pensar,
agir e trabalhar para trazer resultados positivos tanto para a equipe quanto para a
organização.
7. Tenha comprometimento com a sua equipe: Tem uma expressão popular que
fala “promessa é dívida”.Quando alguém fala que vai fazer alguma coisa, é
criada uma certa expectativa para que aquilo seja feito. Quando você assume um
compromisso com um colega de trabalho, ela espera que você o cumpra tal qual
foi previamente combinado.

1.3.4. Atitudes Negativas no Trabalho.

Os comportamentos á evitar na convivência diária em sua empresa com seus colegas,


superiores e clientes:
1. Não estabelecer metas: Cada pessoa tem uma meta individual: dinheiro,
reconhecimento, promoção. Mas, se elas não encontram um objectivo em comum
que faça a equipe caminhar junto, todo o trabalho se torna comprometido. Será uma
equipe desalinhada. O trabalho flui e funciona se a equipe focar num mesmo
objectivo.
2. Desvalorizar o trabalho do colega: Cuidado para não validar demais um
colaborador e ignorar e desvalorizar o esforço e dedicação dos demais. Este é um

14
erro muito comum dentro do ambiente de trabalho. Como líder de equipe você
pode transparecer como arrogante.
3. Defender Verdades Absolutas: Num ambiente em que o trabalho colectivo é o que
dá resultados, as pessoas não podem ficar na defensiva, acreditando que somente
suas opiniões são válidas. Quando estiver debatendo com o restante da equipe, o
indivíduo não pode ficar preso a sua ideia, sem ouvir os argumentos dos demais.
4. Reclamação: Ninguém gosta de conviver com pessoas que estão o tempo todo
reclamando. Além disso, saiba que ficar mal-humorado por ter que realizar essa ou
aquela tarefa pode prejudicar a forma como o seu chefe te vê.
5. Fofoca: Ser fofoqueiro é um factor limitante para o crescimento dentro da empresa,
pois, dentre as atitudes negativas no trabalho, essa é uma das que os líderes
avaliam como pior. Falar sobre a vida alheia, além de ser perda de tempo produtivo,
é uma forma de demonstrar que não se pode confiar em você. Mesmo que você não
fofoque com o chefe, saiba que ele, em algum momento, saberá desse seu
comportamento.
5. Desequilíbrio emocional: Cuide para que o equilíbrio emocional esteja em ordem. É
prejudicial ao andamento do trabalho da equipe e você ainda pode correr o risco de
terminar isolado pelos outros. Procure separar o pessoal do profissional para não se
melindrar demais diante de críticas construtivas.

1.4. CARREIRA E EMPREGO EM ANGOLA


1.4.1. Significado e importância da carreira.

Segundo Martins (2001) O termo carreira provem do Latin Carraria que significa
estrada rustica e apenas no seculo XIX esta palavra começou a ser relacionada com a
trajectória profissional, adquirindo o sentido de profissão que caminha em etapas.

Carreira é a trajectória que um individuo irá decorrer ao longo da vida profissional.


Uma carreira engloba cargos e empresas em que o individuo trabalhou, os
conhecimentos acumulados e as competências e habilidades desenvolvidas. Profissão,
por outro lado é a formação adquirida que permite em termos geral habilitar-se a uma
determinada ou conjunto de carreiras

O plano de carreira pessoal é importante para que, de acordo com o seu perfil
profissional, o individuo possa correr atrás de seu futuro de uma maneira mais
consciente. Isto é tendo noção:
 Dos esforços e investimentos que precisa dedicar para cada fase (Formação,
Treinamento e candidaturas);
 Quais acções prioritárias
 De todo processo de forma ordenada e clara.

Os principais elementos de plano de carreira são o crescimento hierárquico, o aumento


da remuneração, as possibilidades de capacitação e os benefícios que a empresa
oferece de acordo com o desempenho

15
1.4.2. Tipos de carreira em Angola.

A Classificação de Profissões de Angola, Revisão 1, de 2016, abreviadamente


designada CPA-Rev.1, foi elaborada a partir da Classificação Internacional Tipo de
Profissões de 2008 (CITP/2008) pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), com a
colaboração de várias entidades. O classificador de carreiras está estruturado em em 10
grandes grupos:

Grupo 0- Profissões especificamente militares: Oficiais das Forças Armadas, Sargentos das
Forças Armadas,(Exercito, Força Aérea e Marinha).
Grupo 1- Representantes dos poderes legislativo e executivo, dirigentes, directores
e gestores executivos: Representantes dos poderes legislativo, executivo e autárquico, dirigentes
superiores da administração pública, de organizações especializadas e de empresas, Directores de serviços
administrativos e comerciais,Directores de produção e de serviços especializados, Directores da hotelaria,
de restauração, do comércio e de outros serviços
Grupo 2- Especialistas das actividades intelectuais e científicas: Especialistas das
ciências físicas, matemáticas, engenharias e técnicas afins; Profissionais de saúde; Professores;
Especialistas em finanças, contabilidade, organização administrativa, relações públicas e Comerciais;
Especialistas em tecnologias de informação e comunicação (TIC); Especialistas em assuntos jurídicos,
sociais, artísticos e culturais.
Grupo 3-Técnicos e profissionais de nível intermédio: Técnicos e profissões das ciências e
engenharia de nível intermédio; Técnicos e profissões da saúde, de nível intermédio; Técnicos de nível
intermédio das áreas financeira, administrativa e dos negócios; Técnicos de nível intermédio dos serviços
jurídicos, sociais, desportivos, culturais e similares; Técnicos operadores das tecnologias de informação e
comunicação.
Grupo 4- Pessoal administrativo: Empregados de escritório, secretários em geral e operadores de
processamento de dados; Pessoal de apoio directo a clientes; Operadores de dados de contabilidade,
estatística, de serviços financeiros e relacionados com o registo; Outro pessoal de apoio de tipo
administrativo.
Grupo 5-Trabalhadores dos serviços pessoais, de protecção e segurança e
vendedores: Trabalhadores dos serviços pessoais; Vendedores; Trabalhadores dos cuidados
pessoais e similares; Pessoal dos serviços de protecção e segurança (PNA, SINSE e empresas
privadas de segurança).
Grupo 6-Agricultores e trabalhadores qualificados da agricultura, da pesca e da
floresta: Agricultores e trabalhadores qualificados da agricultura e produção animal, orientados para o
mercado; Trabalhadores qualificados da floresta, da pesca e caça, orientados para o mercado; Agricultores,
criadores de animais, pescadores, caçadores e colectores, de subsistência.
Grupo 7- Trabalhadores qualificados da indústria, construção eArtífices:
Trabalhadores qualificados da construção e similares, excepto electricistas; Trabalhadores qualificados da
metalurgia, metalomecânica e similares; Trabalhadores qualificados da impressão, do fabrico de
instrumentos de precisão, joalheiros, artesãos e similares; Trabalhadores qualificados da impressão, do
fabrico de instrumentos de precisão, joalheiros, artesãos e similares; Trabalhadores qualificados em
electricidade e em electrónica; Trabalhadores da transformação de alimentos, da madeira, do vestuário e
de outras indústrias e artesanato.
Grupo 8- Operadores de instalações de máquinas e trabalhadores da Montagem:
Operadores de instalações fixas e máquinas; Trabalhadores da montagem; Condutores de veículos e
operadores de equipamentos móveis.
Grupo 9- Trabalhadores não qualificados: Trabalhadores de limpeza; Trabalhadores não
qualificados da agricultura, produção animal, pesca e floresta; Trabalhadores não qualificados da
indústria extractiva, construção, indústria transformadora e transportes; Assistentes na preparação de
refeições; Vendedores ambulantes (excepto de alimentos) e prestadores de serviços na rua; Trabalhadores
dos resíduos e de outros serviços elementares.

16
1.4.3. Oportunidade de carreira em Angola.

Em angola as oportunidades de carreira deferem entre as zonas de residência e os


sectores:

No sector público as oportunidades estão ligadas principalmente nos sectores da defesa


e sector social (Educação e Saúde) e no sector privado as oportunidades estão ligadas
principalmente ao sector Produtivo e de prestação de serviços.

Nas zonas rurais as oportunidades estão ligadas principalmente á agricultura e a


exploração mineira e nas zonas urbanas as oportunidades de carreira são essencialmente
nas áreas das tecnologias de informação e comunicação, entretenimento, indústria,
comércio e transportes.

As oportunidades de carreira estão sempre a mudar. Novas carreiras surgem enquanto


outras deixam de ser atractivas e muitas deixam mesmo de existir.

Trabalho escolar: Identifique no PNFQ Quais as formações deficitárias, com oferta moderada e
excedentária?

1.4.3.1. Requisitos para a escolha de uma carreira.

Os requisitos fundamentais para a escolha de uma carreira são a Vocação e a


competência.

Vocação é um termo derivado do LATIN “vocare” que significa “Chamar”. Vocação é


uma inclinação, uma tendência ou habilidade que leva o indivíduo a exercer uma
determinada carreira ou profissão. A vocação profissional é formada por um conjunto
de aptidões naturais (Podem ser adquirido com treinamento) e interesses específicos do
individuo que o direccionam na escolha de uma profissão.

O texte vocacional é um instrumento que pode auxiliar as pessoas indecisas sobre qual
carreira profissional a seguir. Disponível gratuitamente em
www.guiadacarreira.com.br/teste-vocacional;
www.pravaler.com.br/testes/teste-vocacional-oniline-gratis

Os conceitos fundamentais e definições base do Classificador de Profissões de Angola


são.: posto de trabalho, tarefa, profissão, nível de competências e competência
especializada.

Posto de trabalho entende-se as tarefas e funções a realizar por uma pessoa,


trabalhador por conta de outrem ou por conta própria.

A tarefa refere-se a uma actividade física ou intelectual executada por uma pessoa que
integra um posto de trabalho.

Uma profissão corresponde ao conjunto de postos de trabalho cujas principais

17
tarefas e funções detêm um elevado grau de afinidade e pressupõe conhecimentos
semelhantes.

A competência define-se como a capacidade para executar as tarefas e funções


inerentes a um dado posto de trabalho e reveste duas dimensões: nível de competências
e competência especializada.

O nível de competências é definido em função da complexidade das tarefas e funções a


executar numa profissão. Este nível é medido considerando um ou mais do que um dos
seguintes aspectos:

1. A natureza do trabalho realizado numa profissão em relação às características


das tarefas e funções definidas para cada um dos quatro níveis de competências
definidos pela Classificação Internacional Tipo de Profissões (CITP/ISCO/2008)
2. O nível formal de ensino definido pela Classificação Internacional Tipo de
Ensino (CITE/ISCED/97)
3. A experiência e formação obtidas na execução das tarefas e funções duma
Profissão.

O conceito de nível de competências aplica-se, principalmente, no Grande Grupo (nível


mais elevado da classificação), tendo a CITP/ISCO/2008 definido somente quatro níveis
de competência.

A competência especializada é caracterizada por quatro conceitos:


1. _ Os conhecimentos requeridos
2. _ As ferramentas e máquinas usadas
3. _ Os materiais trabalhados
4. _ Os produtos e serviços produzidos

Dentro de cada Grande Grupo, as profissões são organizadas nos vários níveis que o
compõem, primordialmente, na base da competência especializada. Os quatro níveis de
competência da CPA-Rev.1, adoptados da CITP/2008, definem-se como a seguir se
apresenta:

O nível de competências 1 – compreende a execução de tarefas simples e de rotina


física ou manual. Envolve tarefas, tais como, limpeza, transporte e armazenagem
manual de bens e de materiais, operar veículos não motorizados, apanhar frutos e
vegetais.
O nível de competências 2 – envolve a execução de tarefas relacionadas com a
operação de máquinas e equipamento eléctrico, condução de veículos, manutenção e
reparação destes equipamentos, tratamento e arquivo da informação. Esta competência
exige a capacidade para interpretar as instruções de segurança, executar cálculos
aritméticos e registo de informação.

O nível de competências 3 – envolve a execução de tarefas técnicas e práticas


complexas, compreendendo a preparação de estimativas de quantidades, custos de
materiais e mão-de-obra para um projecto específico, a coordenação e supervisão das
actividades de outros trabalhadores e a execução de funções técnicas de apoio aos
especialistas.

18
O nível de competências 4 – envolve a execução de tarefas que requerem a resolução
de problemas complexos e a investigação de domínios específicos, diagnóstico e
tratamento de doenças, concepção de máquinas e de estruturas de construção.

Estes quatro níveis da CITP/ISCO/2008, nos casos em que são exigidos graus de ensino
e de formação para medir o nível de competência duma profissão, estão correlacionados
com a Classificação Internacional Tipo de Ensino (CITE/ISCED/97), conforme se
apresenta no quadro seguinte:

Nível de competências
Grupos CITE/ISCED/97
(CITP/ISCO/2008)
6 - Segunda etapa do ensino superior
4
5a - Primeira etapa do ensino superior, A
3 5b - Primeira etapa do ensino superior, B
4 - Ensino pós-secundário não superior
2 3 - Ensino secundário
2 - Segunda etapa do ensino básico
1 1 - Primeira etapa do ensino básico

Por outro lado, os quatro níveis da CITP/ISCO/2008 podem ser relacionados com os
dez Grandes Grupos da estrutura desta classificação:

Grandes Grupos Nível de competências


0- Profissões das Forças Armadas 1, 2 + 4
1- Representantes do poder legislativo e de órgãos executivos,
3+4
dirigentes, directores e gestores executivos
2- Especialistas das actividades intelectuais e científicas 4
4- Pessoal administrativo 2
5- Trabalhadores dos serviços pessoais, de protecção e
2
segurança e vendedores
6- Agricultores e trabalhadores qualificados da agricultura, da
2
pesca e da floresta
7- Trabalhadores qualificados da indústria, construção e
2
artífices
8- Operadores de instalações e máquinas e trabalhadores da
2
montagem
9- Trabalhadores não qualificados 1
A partir dos dados deste quadro conclui-se que todos os Grandes Grupos, excepto os Grandes
Grupos 0 e 1, têm uma relação só com um nível de competências da CITP/ISCO/2008.
Em relação ao Grande Grupo 1, em que as profissões se repartem pelos níveis de Competências
3 e 4, todas as profissões têm competências de nível 4, excepto as Profissões do Sub-Grande
Grupo 14 (Directores de hotelaria, restauração, comércio e de outros serviços) que têm o nível
de competência 3.
Sobre o Grande Grupo 0 as profissões repartem-se pelos níveis 4, 2 e 1 de acordo com os Sub-
Grandes Grupos (01 – nível 4; 02 – nível 2 e 03 – nível 1).
Estas definições e conceitos desempenham um importante papel nas profissões da CPA-Rev.1,
facilitando o agrupamento dos trabalhadores segundo o conteúdo e a natureza do trabalho
realizado.

1.4.4. Significado e importância de emprego.

19
Denomina-se emprego á relação contratual estabelecida entre duas partes (Ym
empregador e um empregado). Em que o empregado contribui com seu trabalho e
conhecimento a favor do empregador em troca de uma compensação monetária.

A palavra emprego tem dois grandes significados. Por um lado, refere-se á acção e ao
efeito de ocupar alguém (na mediada em que se oferece um posto de trabalho e
delegadas determinadas responsabilidades), gastar dinheiro numa compra ou
simplesmente, usar algo.

Por outro lado, o termo emprego é usado para designar uma ocupação ou um ofício.
Neste caso é usado enquanto sinonimo de trabalho.

Denomina-se População empregada: pessoa com idade mínima de 15 anos que, no


período de referência, se encontrava numa das seguintes situações:
 Tinha efectuado um trabalho de pelo menos uma hora, mediante o pagamento
de uma remuneração ou com vista a um benefício ou ganho familiar em dinheiro
ou em géneros;
 Tinha uma ligação formal a um emprego, mas não estava ao serviço;
 Tinha uma empresa, mas não estava temporariamente a trabalhar por uma razão
específica;
 estava em situação de pré-reforma, mas a trabalhar.

Taxa de emprego *100

População economicamente activa: pessoa com 15 ou mais anos que, no período de


referência, constituía a mão-de-obra disponível para a produção de bens e serviços que
entram no circuito económico (estava empregado ou desempregado).

1.4.4.1. Tipos de emprego em Angola.

Ocupação principal: ofício ou a modalidade de trabalho, remunerado ou não, que


corresponde a um determinado título ou designação profissional e que ocupa a maior
parte do tempo do indivíduo, no exercício da sua actividade económica.

Trabalho: actividade económica que uma pessoa tenha exercido durante pelo menos 1
hora, podendo este ter sido trabalho remunerado, trabalho não remunerado ou trabalho
na produção para consumo próprio.

Trabalho remunerado: actividade exercida durante pelo menos 1 hora, durante a


semana de referência, remunerada em dinheiro, produtos, mercadorias ou benefícios
(moradias, alimentação, roupas, formação, etc.).

a. Trabalhador por conta de outrem: indivíduo que exerce uma actividade sob a
autoridade e direcção de outrem, nos termos de um contrato de trabalho, sujeito
ou não a forma escrita, e que lhe confere o direito a uma remuneração, a qual
não depende dos resultados da unidade económica para a qual trabalha.
b. Trabalhador por conta própria: indivíduo que exerce uma actividade
independente, com associados ou não, obtendo uma remuneração que está
directamente dependente dos lucros (realizados ou potenciais) provenientes de

20
bens ou serviços produzidos. Os associados podem ser, ou não, membros do
agregado familiar. Um trabalhador por conta própria pode ser classificado como
trabalhador por conta própria como isolado ou como empregador.

Trabalho não remunerado: pessoa que tem uma ocupação não remunerada em
dinheiro, produtos, mercadorias nem benefícios (moradias, alimentação, roupas,
formação, etc.); pessoa que apoiou os membros da família nas suas ocupações ou para
eles trabalha, mas sem remuneração, ou seja, não lhe pagam. Exemplo: um membro do
agregado que ajudou o seu familiar na lavra, oficina, pesca, venda de produtos e que não
auferiu qualquer salário em dinheiro ou bens.
a. Trabalho na produção para o consumo próprio: ocupação desenvolvida na
produção de bens, compreendendo as actividades agrícolas, pecuária, produção
florestal, extracção vegetal, caça, pesca ou aquacultura, destinadas somente à
alimentação de, pelo menos, um membro do Agregado Familiar.
b. Trabalhador familiar não remunerado: pessoa que exerce uma actividade
independente numa empresa orientada para o mercado e explorada por um
familiar, não sendo contudo seu associado nem estando vinculado por um
contrato de trabalho.

Estudante: pessoa que apenas estuda, isto é, não teve alguma ocupação na semana de
referência (semana anterior ao inquérito). Porque se dedica somente às actividades
escolares.

Doméstico(a): pessoa que não tem nenhuma ocupação, porque se dedica somente às
actividades domésticas (apenas fez tarefas do seu lar).

1.4.4.2. Oportunidade, desafios e benefícios de emprego em Angola.

A taxa de emprego mede a capacidade da economia em fornecer emprego para o


crescimento do país. A taxa de emprego da população com 15-64 anos é de 70%, sendo
mais elevada entre os homens (72%) do que nas mulheres (68%). A área rural apresenta
uma taxa de emprego mais elevada que a área urbana (81% contra 65%).

O sector de serviços detém a maior concentração de pessoas empregadas (57%),


seguido do sector agrícola (34%) e o sector industrial (incluindo a construção e energia
e águas) com apenas (8%) das pessoas empregadas.

Os sectores de actividade económica que mais geraram empregos no período de


referência, foram a agricultura (34%), o comércio a grosso e retalho (20%), as
actividades das famílias empregadoras de pessoal doméstico (12%) e administração
pública, defesa e segurança social obrigatória (9%). O sector da educação é o que menos
emprego gerou com cerca de 2%.

Pela importância que a o sector da indústria deveria ter, na diversificação da económica


e na criação de empregos, os dados do gráfico 12, mostram que este sector emprega,
somente, 3 em cada 100 pessoas.
Esta realidade evidência uma grande disparidade entre o género nos sectores de
actividades económicas. As mulheres trabalham predominantemente na agricultura (39%
de mulheres contra 30% dos homens), comércio (28% de mulheres contra 12% de

21
homens) e nas actividades das famílias empregadoras de pessoal doméstico (17% de
mulheres contra 8% de homens). Por outro lado, os homens trabalham
predominantemente, na administração pública, defesa e segurança social obrigatória (14%
de homens contra 5% de mulheres), na construção (10% de homens contra 0,4% de
mulheres), transportes, armazenagem e comunicação (6% de homens contra 0,3% de
mulheres), indústria (5% de homens contra 1% de mulheres) e nas actividades
administrativas e dos serviços de apoio (5% de homens contra 1% de mulheres).

1.4.4.3. Desemprego em Angola e suas causas.

Desempregado: pessoa com idade dos 15 ou mais anos que, no período de referência,
se encontrava simultaneamente nas seguintes situações:
 Não tinha trabalho remunerado nem qualquer outro; tinha procurado
activamente um trabalho remunerado ou não ao longo de um período específico
(no período de referência ou nas três semanas anteriores);
 Estava disponível para trabalhar num trabalho remunerado ou não. A
disponibilidade traduz-se nas seguintes diligências:
a. Contacto com um centro de emprego público ou agências privadas de
colocações;
b. Contacto com empregadores;
c. Contactos pessoais ou com associações sindicais;
d. Colocação, resposta ou análise de anúncios;
e. Procura de terrenos, imóveis ou equipamentos;
f. Realização de provas ou entrevistas para selecção;
g. Solicitação de licenças ou recursos financeiros para a criação de empresa
própria.

A disponibilidade para aceitar um trabalho é fundamentada em: o desejo de trabalhar; a


vontade de ter um trabalho remunerado ou uma actividade por conta própria, no caso de
poder obter os recursos necessários; a possibilidade de começar a trabalhar num período.

Existem três tipos de desempregados:


 Desempregado à procura de novo emprego: indivíduo desempregado que já
teve um emprego e está a procura de emprego.
 Desempregado à procura de primeiro emprego: indivíduo desempregado que
nunca teve emprego e está a procura de emprego pela primeira vez.
 Desempregado de longa duração: indivíduo desempregado à procura de
emprego há 12 ou mais meses.
Obs: Não se pode confundir desempregado e população inactiva.
População inactiva: População que, independentemente da sua idade, no período de
referência não podia ser considerada economicamente activa, isto é, não estava
empregada, nem desempregada. (Não estava a procura de emprego).

Taxa de inactividade

22
A taxa de desemprego é o indicador mais usado no mercado de trabalho, representando
a amplitude da força de trabalho disponível e não utilizada no país é também usada,
muitas vezes, como um indicador de saúde da economia.

Taxa de desemprego: .

Em Angola a taxa de desemprego é mais elevada em três províncias da região leste,


Lunda Sul (40%), Moxico (31%) e Cuando Cubango (23%) e na província de Cabinda
(37%). Estas províncias apresentam taxas de
desemprego superiores a capital do país (Luanda)
que apresenta uma taxa de desemprego de 25%.
As taxas de desemprego mais baixas, registaram-
se nas províncias do Cuanza Sul e Bié, com 8%
cada.
Fonte: INE,2020.

Assim, existem varias razões que tem elevado o


índice do desemprego no país dentre os quais tem
a destacar:
1º- A ocupação de espaço e infra-estruturas
por entidades políticas e autoridades estranhas:
Muitos municípios, comunas ou localidades em certas províncias, têm vivenciado ocupações de grandes
superfícies e infiras estruturas abandonadas como fábricas, armazéns, fazendas, hotéis, restaurantes e
residências que têm estado em pontos estratégicos das suas localidades por entidades que não investem
nem apresentam projecto algum para o investimento do referido espaço ou das instalações que ocuparam,
nem se interessam em vender, se alguém estiver interessado no imóvel, os mesmos apresentam alegações
de sociedade cujo o mesmo, entra com o imóvel em sociedade e exige uma percentagem do investimento,
e o investidor- neste caso o individuo que possui o projecto e o capital, entra em sociedade com os
recursos e custeia os projectos de forma singular.

2º Surgimento de empresas por curto tempo: Muitas empresas são criadas por um
determinado objectivo ou de forma fictícia e estas mesmas empresas quando são descobertas pelas
autoridades são logo encerradas, como resultado, muitos dos trabalhadores vão ao desemprego.

3º A falta de incentivo do Governos e de Créditos Bancários para o Sector Privado:


A falta de crédito e apoio por parte do Governo ao sector privado, tem levado a desmotivação de
muitos investidores em certas localidades, principalmente em zonas cujo desenvolvimento
económico é muito baixo como; fora das capitais das provinciais e dos municípios, no interior
do país e em zonas cujo número de população é muito reduzida, falta de estradas, energia, água,
infiras estruturas bancária entre outras instituições do estado que possibilita o investidor tratar
um documento, esses factores tem causado desinteresse de muitos empresários a investirem
nestas zonas, surgindo assim, o desemprego de muitos cidadãos que residem na referida zona
suburbanas.

4º O nível de Corrupção no País: A corrupção é um problema mundial, muitos países têm


estado abraçar o subdesenvolvimento devido do nível de corrupção que existe no seu território.
Entretanto, Angola não foge desta realidade. A corrupção faz com que o estado não consiga

23
arrecadar recursos necessários para resolver os problemas colectivos, uma vez que os recursos
ficam em posse de privados.

5º A preferência na Formação: Actualmente, muitos jovens e cidadãos angolanos optam


mais pela formação académica (superior) do que a formação profissional, algo que tem sido
benéfico quanto a questão da aquisição de conhecimentos intelectuais e científicos. Todavia, ao
contrário daquilo que é o mercado de trabalho, que normalmente o nível académico e científico
é indispensável em algumas profissões, o conhecimento técnico-profissional é fundamental
devido do funcionamento das máquinas e meios usados.

o maior sector de empregabilidade em Angola é o sector privado. Este sector vela mais na
questão profissional e dispensam muito o conhecimento científico e académico. A razão
consiste que, o sector privado surgiu no mercado para lucrar e produzir riqueza, crescer e ganhar
estabilidade no mercado é o seu principal foco, assim, devido do elevado índice de despesas
quanto a compra de materiais, equipamentos, manutenção dos equipamentos, construção ou
aluguer de estabelecimento, serviços, despesas na operação, marketing, impostos, salários e
outras despesas necessárias da empresa. O aumento da produção é a sua principal prioridade
para tal, é necessário que haja uma força de trabalho de nível técnico-profissional altamente
qualificada. Por exemplo; um técnico mecânico ou informático que consegue resolver o
problema de uma máquina e este aceite auferir um salário de 70. 000, 00 (setenta mil kwanzas),
diferente de um técnico superior na referida área que exigiria maior salário para prestar o
mesmo serviço, mas que teria dificuldade em solucionar o problema, muitas dos empresários
optariam pelos técnicos que prestam serviços com maior qualidade e aceitam uma remuneração
compensatória.
6- A deficiência no Atendimento e na Prestação de Trabalho: Muitos dos jovens
quando encontram uma oportunidade de trabalho, não preservam o seu posto de trabalho
quando estiverem a prestar serviços, apresentam comportamentos desagradáveis aos seus chefes,
colegas e clientes tais como; atrasos constantes, solicitações constantes de saídas, falsificação de
guias medicas para justificação de faltas, falta de ética no atendimento ao cliente ou utente, falta
de deontologia profissional, uso constates do telemóvel e bebidas alcoólicas, constantes
deficiências na precisão do trabalho, falta de competência e profissionalismo e outras atitudes
que tem levado os seus empregadores descontentes e por fim acabam de optar em estar com os
que apresentam bons comportamentos, que desenvolvem bem as suas tarefas e respeitam os
clientes. Diferente dos indivíduos, que se interessam em ganhar mais dinheiro e trabalham
pouco alegando razões desnecessária. Uma vez que a empresa deve manter-se no mercado a
produção e o lucro é a maior preocupação dos empregadores.
7- As legislações laborais implementadas: A legislação laboral implementada no país,
tanto a publica que é a lei no 17/90 de 20 de Outubro como a privada Lei no 7/15 de 15 de
Junho –Lei Geral do Trabalho, tem trazido novidades quanto ao questão de empregabilidade no
país. Relativamente a lei no 17/90 de 20 de Outubro, que estabelece os princípios gerais em
matéria de emprego público, regime e estruturação de carreiras, remuneração, segurança social,
formação e disciplina administrativa pública, o referido diploma é aplicada somente aos
serviços públicos.

Os nos 1 dos artigos 20º e 21º da citada lei, determina o concurso público como a principal via
para o ingresso e acesso no referido emprego. Quer dizer, qualquer instituição de âmbito público
que pretende contratar um serviço ou uma força de trabalho, deve realizar concurso público de
ingresso ou acesso (nos 2 dos artigos 20o e 21o da Lei no 17/90 de 20 de Outubro combinado
com a lei no 20/10 de 7 de Setembro- Lei da contratação publica).
De acordo com as normas estabelecidas na Lei do Orçamento Geral do estado, que estabelece as
normas de elaboração e execução do O.G.E, todas as políticas de investimento e contratação
pública devem obedecer as normas ou diretrizes estabelecidas pelo O.G.E. Quanto a contratação

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de força de trabalho, não foge da realidade, deve-se obedecer também os mesmos
procedimentos de contratação pública. Sobre a distribuição das quotas, muitas das vezes não
depende da vontade dos titulares dos órgãos ou instituições públicas (Ministros, Governadores,
Directores dos Institutos Públicos e outras entidades), mas sim, de uma política ou acordo
obtido nos concelhos de concertação social do executivo (normalmente presidida pelo Vice-
presidente da República).

Muitas das vezes, nestes acordos não tem estado a satisfazer os órgãos públicos sobre as quotas
distribuídas e aprovadas por cada sector. Que consequentemente, muitos dos funcionários em
certos órgãos tem estado a ser subcarregados de trabalhos pelo facto de terem um número de
funcionários insuficiente. Devido das insuficiências dos números de quotas, burocracia,
honestidade, nepotismo e a falta de transparência nos concursos públicos, tem limitado e
dificultado o ingresso e acesso de muitos cidadãos habilitados e qualificados aos serviços
públicos, algo que tem impedido muito a redução do número de desempregados no mercado.

Relativamente a este assunto, alguns órgãos ou profissões, deveriam estar isento de concursos
públicos devido das especificidades das suas profissões e daquilo que é o interesse do país na
respetiva área como por exemplo; os Médicos e Enfermeiros. As razões consistem as enormes
necessidades que o país enfrenta destas instituições, o péssimo estado de saúde que muitos
cidadãos enfrentam e a real tarefa do estado.

1.4.4.4. Estratégia para obtenção de Emprego em Angola.

Nos dias que já lá vão, a Licenciatura era sinónimo de um emprego próspero e isso
ainda contínua a figurar na mente de muitos profissionais, na sua maioria jovens recém-
formados, e quando chegam no mercado de trabalho deparam-se com realidades
totalmente diferentes daquilo que foram idealizando durante a formação e isso faz com
que muitos deles não consigam sequer uma entrevista de emprego.

É importante entender que o mundo é dinâmico a evolução tenológica acarretou consigo


mudanças significativas no modo como vivemos e principalmente no universo dos
empregos. Terminar uma formação hoje em dia não significa que os empregos estarão
bem aos nossos pés como era, é necessário ir a procura:

1º Networking: é uma palavra em inglês que indica a capacidade de estabelecer


uma rede de contactos ou uma conexão com algo ou com alguém, isso pode ser
feito com colegas de Escola durante a formação ou com profissionais experientes e
isso não significa cunha ou nepotismo, pois hoje em dia as grandes empresas
valorizam profissionais indicados por alguém, através desta rede é muito fácil
indicar alguém ou ser indicado para uma vaga e isso aumenta as possibilidades de
conseguir um emprego.

2º LinkedIn: Se você é um recém formado e tem estado a procura de emprego e


não tem conta no Linkedin você tem estado a diminuir a 50% as suas chances de
conseguir o emprego, LinkedIn é a maior rede social de Profissionais do mundo
semelhante ao Facebook mas totalmente virado ao mundo profissional. O seu perfil
deve conter todas as informações do seu CV desde formação académica, idiomas,
experiência profissional etc e as grandes empresas incluindo as empresas Angolanas
como UNITEL, SONANGOL e tantas outras multinacionais publicitam as suas

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vagas no LinkedIn. Outra vantagem é procurar por profissionais de RH no Linkedin
e conectar-se a eles.

3º Sites das Empresas: Outra forma muito importante para ir a caça de um


emprego é visitar o site da empresa em que pretende procurar uma vaga. Ou a sites
especializados de recrutamento como Jobartis, menu Jobs, Career, Employment,
Emprego, Oportunidades, Carreiras. Esta prática ajuda-te a encontrar vagas que
a empresa não publicou nos jornais e nas redes sociais e permite enviar o CV para
candidaturas espontâneas.

4º Facebook: Até certo tempo o Facebook era visto apenas como uma rede social
para conectar-se aos amigos, colegas e familiares. Actualmente a realidade vem
mudando e muitas empresas publicam vagas de empregos no facebook.
Existem grupos Angolanos que publicam vagas no facebook e associar-se a estes
grupos pode facilitar ter conhecimento de novas vagas e poder concorrer a elas.

5º Aprender um Idioma: As empresas estão cada vez mais globalizadas falar um


segundo idioma é muito importante para conseguir um emprego, não importa qual
seja a sua área de formação boa parte das empresas em Angola têm preferência de
candidatos que tenham domínio de Inglês ou Francês. Não adianta mostrar-se
apático a estes idiomas pois a realidade não vai mudar cabe a cada profissional
adaptar-se a nova realidade do mundo para continuar actualizado e competitivo,
nunca é tarde para aprender use o seu tempo para alguma coisa útil.

6º Inscrever-se no centro de emprego: Os Gabinete Provinciais de


Desenvolvimento Económico e Integrado dispõem de serviços de centro de
emprego, onde o cidadão increve-se e as empresas privadas quando precisam
contactam o respectivo serviço e contratam. Segundo o referido gabinete em 2020
registarm x porocuras e foram empregadas por essa via y cidadãos.

7º consultar as ofertas de emprego no Jornal: Regra geral nos anúncios e


comunicados dos jornais públicos e privados é publicitado diversas ofertas de
trabalho. (Embora as empresas privadas na provincia do Uíge não fazem uso da
mesma).

O mundo está cada vez mais competitivo e isso dificulta cada vez mais a facilidade para
conseguir um emprego num país como Angola onde ainda não existe políticas eficazes
para diminuir a competitividade entre cidadãos nacionais e estrangeiros experientes é
importante manter-se constante actualizado para chegar ao padrão profissional exigido
pelo mercado, aprenda tudo que tiver ao seu alcance jamais tenha antipatia com a
tecnologia, novas culturas e idiomas, desejo-te bom sucesso nesta luta.

Escola Nacional de Administração e Políticas Públicas passará a realizar os concursos


públicos em Angola. Há quem diga que haverá mais transparência.

1.4.5. Diferença entre carreira e Emprego em Angola.

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Um emprego é uma actividade profissional temporária, desempenhada em troca de
dinheiro para se manter ao longo do mês. Ainda que essa atividade seja desenvolvida na
sua área de formação, não significa que você tem uma carreira.

Já a carreira é um caminho estruturado pelo profissional ao longo da sua vida, ou seja,


todos os conhecimentos agregados e todas as práticas realizadas no decorrer da
trajetória profissional se configuram na construção da carreira.

O profissional pode trocar de emprego quantas vezes achar necessário, contudo, a troca
de carreira é mais difícil de fazer, ainda que nada o impeça nessa tomada de decisão.
Resumindo, emprego é uma atividade presente e carreira é a preparação para o futuro.

Veja um clássico exemplo para elucidar essa diferença: quando um profissional procura
por emprego e as vagas disponíveis exigem experiência e conhecimento na área, o
pedido de experiência resume a perspectiva da empresa de contratar um profissional de
carreira e não só mais um empregado.
Mas é claro que a construção dela depende dos empregos obtidos na trajectória
profissional, contanto que eles sirvam para agregar conhecimentos e atitudes.

Uma pessoa pode ter vários empregos ao longo da vida, mas se eles não tiverem
direccionado às suas perspectivas profissionais, obviamente, não contribuirão para a sua
evolução.

Por isso, investir no planeamento da sua vida em torno de uma carreira pode trazer
muito mais satisfação pessoal do que apenas investir em empregos esporádicos, sem
reais objectivos.

Anexo 1. Temáticas do módulo II. (Próximo trimestre).


TEMA II-oportunidades empreendedoras
2.1. Oportunidades emprrendedoras: Identificação, analise FOFA.
2.1.1. Tipos e importancia de oportunidade emprrendedoras
2.1.2 Formas de organização (individual, Coletiva, Privada e Familiar) legalizição legais de
actividades empreendedoras (Singular, cooperativa, Privada, Pública e Mista) de actividades
empreendedoras
2.1.3.Dimensão de actividades emprrendedoras (Micro, Pequena, Média e Grande).
2.2. Ambiente da actividade empreendedora: Significado, componetes e importancia.
2.3. Ideias empreendedoras:. Qualidade, fontes e importancia de uma ideia empreendedora.
2.3.1 Avaliação e classificação de ideias empreendedoras.

TEMA III- GESTÃO EMPREENDEDORA


3.1. Funções da gestão: Componentes, Significado e importancia. Planificação, Orçamentação,
Liderança: Organização: Comunicação: Motivação: Controlo

Bibliografia.

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 Allemand, R. N. (2007). Apostila sobre teoria comportamental empreendedora. São
Paulo.
 Degen, J. R. (2009). O empreendedor: empreender como opção de carreira. ed.
Pearson.São Paulo:
 Gabinete Provincial de Desenvolvimento Economico Integrado (2020), Relatório
Anual de actividades 2020, Uíge.
 Instituto Nacional de Estatística (2020). Relatório Sobre Emprego Angola, Luanda
 Ministério de Administração Pública, Trabalho e Segurança Social (2018). Estudo
Sobre a Macro-estrutura da Administração Pública Angolana 2000-2017, Luanda
 McClelland, D. (1961). Caracteristicas Comportamentais empreendedoras.
 Minsitério da Educação de Angola, Instituto Nacional de Investigação e
Desenvolvimento da Educação (2015). Programa de Emprrendedorismo 10ª Classe-
2º Ciclo do Ensino Secundário Geral, Ensino Técnico-Profisisonal e Formação de
Professores do 1º Ciclo.. ed. Moderna.
 Simões, Vítor Corado (2019) Empreendedor, Oportunidade, Projecto: O Trinómio
do Empreendedorismo, ed. Centro de Estudos e Documentação Europeia, Setúbal
 Wanga, Waldano Heler Natxari (2015) Gestão Curso de agregação financeira, Ed.
Academia.educ, Luanda.
 Wanga, Waldano Heler Natxari (2016) Governação Democrática e
Desenvolvimento em Àfrica, Ed. Academia.educ, Luanda.
 Wanga, Waldano Heler Natxari (2017) A dinâmica de desenvolvimento da economia
mundial, Ed. Academia.educ, Luanda.
 Wanga, Waldano Heler Natxari (2018) Politicas públicas, governação e
desenvolvimento local Ed. Academia.educ, Luanda.

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