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Se você pudesse montar uma equipe de TI perfeita, como ela seria? É muito provável
que o primeiro critério que venha à sua mente na hora de escolher as pessoas do seu
time seja o talento, não é mesmo? Afinal, quem não gostaria de ter um time de estrelas?
Porém, será que esse tipo de equipe é mesmo aquele que vai trazer os melhores
resultados? O Modelo de Tuckman mostra que, para que os times consigam
desenvolver seu potencial máximo, é necessário pensar na importância do processo de
formação dos times.
O Modelo de Tuckman, criado em 1965, pelo psicólogo Bruce Wayne Tuckman, é
resultado de uma pesquisa, baseada na teoria da dinâmica de grupo, na qual ele
identificou os 5 estágios de desenvolvimento de grupos: 1-Forming, 2-Storming, 3-
Norming, 4-Performing e 5-Termination/Ending.
Em síntese, esse framework explora a ideia de que para alcançar o potencial de
produtividade, um time precisa passar por um processo de formação, o que engloba
fatores, como desenvolvimento de confiança, entrosamento, definição de papéis e
identidades, alinhamento de expectativas, regras pré-estabelecidas para evolução de
carreira e aprendizado.
Ou seja, se montarmos uma equipe pensando apenas no talento, sem considerar esses
itens, ou mesmo, o tempo de onboarding de uma nova pessoa no time, os resultados
esperados podem não ser alcançados.
Isso porque, quando há a necessidade de aumentar o volume de entrega ou ser mais
produtivo em um projeto, a resposta mais lógica é fazer contratações. Entretanto, se a
sua necessidade é alcançar esses resultados no curto prazo, é pouco provável que isso
aconteça, justamente por conta desse processo de formação dos times, o que pode
frustrar tanto a empresa, quanto o colaborador.
Para se ter uma ideia, de acordo com uma pesquisa realizada pela Hays Executive,
empresa especializada em contratação, as taxas de turnover de TI são as mais altas do
mercado. Pessoas em altos cargos na área de TI permanecem, em média, 2,6 anos em
uma empresa. Em comparação a outros setores, a permanência é de 3,8 anos.
Ou seja, formar equipes de TI boas, produtivas e duradouras, é um processo muito mais
complexo do que parece. Por isso, vamos falar nesse post sobre os principais problemas
enfrentados pelos times de TI, os 5 estágios do Modelo de Tuckman e a relevância disso
para os negócios e para o desenvolvimento dos profissionais de TI.
Quais são os principais problemas enfrentados pelos times de TI?
Modelo de Tuckman: quais são os 5 estágios?
Por que o Modelo de Tuckman é relevante para as empresas?
Antes de falarmos em detalhes sobre cada um dos estágios desse framework, é
importante ressaltar alguns pontos:
O desenvolvimento de times não é um processo linear. As entradas e saídas de
colaboradores, modifica a dinâmica e, como consequência, o estágio no qual o time se
encontra;
Dependendo da personalidade e experiência das pessoas, o time pode ser capaz
de absorver novos elementos com menos (ou mais) resistência;
Além de analisar o desenvolvimento individual, é essencial avaliar o crescimento
do time, como um todo;
Esse framework não funciona exatamente como um diagnóstico, e sim como uma
forma de conversar com os times, para entender por que as coisas estão acontecendo e
como elas podem evoluir;
E esta teoria é aderente aos princípios da metodologia ágil voltados à pequenos
times. Isso porque, essa análise valoriza a auto-organização, o papel de facilitação, os
ciclos de melhoria contínua e os avanços que acontecem por causa da natureza
dinâmica dos grupos humanos.
As definições abaixo foram extraídas desse artigo do MIT e desse artigo do Scrum.org.
Forming ou Formação
Nesse primeiro estágio, é comum que os colaboradores do time, especialmente os
novos, que acabaram de ingressar na empresa, se sintam animados e com vontade de
trabalhar.
As expectativas são bem altas, mas ao mesmo tempo há também um sentimento de
ansiedade, já que esses colaboradores não sabem muito bem como vão se encaixar no
time e se a performance deles vai estar à altura. Ou seja, existe uma predominância de
sentimentos mais individuais, porque as pessoas querem entender como elas podem
agregar na equipe.
Esse período também é caracterizado por um alto volume de perguntas. Afinal, há
muitas dúvidas sobre como funciona a empresa, ou um novo projeto, por exemplo.
Nesse estágio, é importante ter uma estrutura clara de objetivos e direcionamentos, para
que seja possível começar a construir um relacionamento de confiança. Além disso, um
processo bom de Onboarding, ajuda as pessoas a entender melhor as missões do time
e alinhar as expectativas.
O foco, nesse momento, é na definição das tarefas.
Pensando em times que trabalham com o Scrum, o papel do Scrum Master é fazer com
que os times evoluam desse estágio para outros o mais rápido possível. Para isso,
utilize ferramentas como o backlog de produto e auxilie no processo de auto-
organização e nos acordos entre os times do que são, por exemplo, as definições de
entrega de cada sprint. Esses acordos ajudam os times a se mover com mais agilidade,
reduzindo possíveis confusões e deixando claro as responsabilidades.
Storming ou confrontamento
De acordo com o Modelo de Tuckman, depois da primeira fase de ansiedade e
animação, o próximo estágio é aquele no qual conflitos e discussões começam a se
tornar mais frequentes.
Esse é o momento que as tarefas passam a se encaixar na rotina de todos, o que
significa que atribuições individuais e do time começam a se misturar. Isso pode causar
momentos de raiva ou frustração, quando as pessoas sentem que as expectativas não
estão sendo alcançadas ou quando o progresso não está indo como o esperado.
Habilidades de gerenciamento de conflitos e comunicação são fundamentais nesse
estágio, justamente porque haverá mais discussões entre os membros do time. Se
recordarmos o gráfico acima, com a curva de Tuckman, esse é justamente o período em
que há uma queda.
Discussões e conflitos nem sempre serão negativos, porque a partir deles pode ser que
os papéis e responsabilidades se tornem mais claros ou que os objetivos sejam
redesenhados, para atender novas necessidades, por exemplo. O importante é que
essas discussões se reflitam em benefícios e melhorias para o time.
Para times que trabalham com o Scrum, esse é o momento em que muitas coisas
podem ser questionadas, inclusive os acordos que foram feitos ou os objetivos do
projeto. Entretanto, esse pode ser um processo saudável de construção de confiança, já
que o Scrum Master pode reforçar os valores do Scrum, aproveitar os momentos
proporcionados pelas retrospectivas para discutir sobre as interações, processos,
ferramentas e definições que podem ser aprimoradas.
Norming ou normatização
Nesse estágio as pessoas começam a ficar mais confortáveis com seu trabalho e com
os colegas de equipe. Isso significa que há, finalmente, um alinhamento entre as
expectativas individuais e as do time.
Os colaboradores também começam a se sentir mais seguros para expressar suas
opiniões sem sofrer julgamentos ou represálias, justamente porque no estágio anterior
foi construído um senso de que aquilo que é construído em conjunto é valioso.
Além disso, os times podem procurar mais por esses momentos de colaboração e troca
de ideias, o que faz com que as pessoas se conheçam melhor, gerando até momentos
de descontração entre eles.
Em termos de produtividade, esse ambiente no qual há segurança para compartilhar
ideias, mesmo que elas sejam contrárias a algo já estabelecido e o fato de que as
pessoas se conhecem melhor, tornam o ambiente de trabalho propício para se produzir
melhor e de forma colaborativa.
Nesse estágio, as equipes que trabalham com o Scrum, começam a se auto-organizar,
resolvendo seus próprios conflitos. As responsabilidades dos papéis também ficam mais
claras, assim como as qualidades dos colegas de time. O foco fica na entregas e no
aperfeiçoamento das habilidades.
Performing ou Performance
Nessa fase os colaboradores do time se sentem confiantes com suas habilidades e com
o que está sendo desenvolvido pelo time. Além disso, por já estarem trabalhando juntos
há um tempo e por terem passado por todas as dinâmicas anteriores, ele conseguem
dizer os pontos fortes e fracos do time, o que facilita a resolução de problemas e
conflitos, que são naturais do trabalho.
O progresso em direção a conquista dos objetivos se acelera ainda mais, assim como o
envolvimento do time com a missão do projeto. A busca por conhecimento e
desenvolvimento de habilidades continua presente, de maneira harmônica.
Para equipes que trabalham com o Scrum, esse é o momento em que o fluxo atinge o
seu potencial máximo, com processos estruturados, que facilitam a conquista dos
objetivos.
>>Leitura recomendada: Product Owner – Quais são suas principais responsabilidades?
Termination/Ending ou Encerramento
Algumas equipes podem chegar ao fim, quando completarem as entregas ou quando há
alguma mudança nos negócios, por exemplo. Porém, é importante prestar atenção na
forma com a qual esse processo de encerramento é realizado.
Isso porque, novamente, algumas inseguranças podem voltar a surgir nos
colaboradores, assim como a ansiedade em relação ao que vai acontecer no futuro;
pode ser até que alguns expressem certa tristeza por conta do fim, outros felicidade e
satisfação por terem cumprido com o objetivo.
Por isso, é importante focar em 3 aspectos:
Se atentar para que não haja queda de produtividade ou falta de motivação, já
que o projeto está prestes a finalizar.
Analisar o desenvolvimento do time, de forma a registrar as “lições aprendizados”,
que poderão ser muito úteis para times futuros.
Realizar algum tipo de comemoração ou celebração para reconhecer o trabalho
do time e os resultados alcançados.