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Faculdade de Ciências da Saúde

Universidade Zambeze

TECNOLOGIA FARMACÊUTICA II
AEROSSOIS FARMACÊUTICOS

Enes Buck Xavier


Tema III. Aerossois Farmacêuticos.

Conteúdo: Aerossois farmacêuticos. Definição.


Administração de aerossois. Vantagens e desvantagens.
Sistemas pressurizados.
BIBLIOGRAFIA

 Nogueira Prista L, Correia Alves A, Rui Morgado,


Sousa Lobo J. Tecnologia Farmacêutica. Volume I.
7ma Edição. Serviço de Educação e Bolsas. Fundação
Calouste Gulbenkian; 2011. Cap 8.2.1. Formas
Complementares das suspensões: Aerossois.

 Vila Jato. Tecnología Farmacéutica. Tomo II. Capítulo


V: Aerosoles farmacéuticos.

 Lozano MC. Manual de Tecnología Farmacéutica. Cap


16: Aerosoles.
OBJECTIVO

Formular aerossois farmacêuticos com qualidade


tecnológica adequada através do estudo de seus
componentes.
AEROSSOIS

Podem ser definidos desde o ponto de vista:

 Físico-químico

 Da Tecnologia Farmacêutica
AEROSSOIS

Têm sido definidos como sistemas heterogéneos


constituídos por partículas sólidas ou líquidas (fase
interna) muito divididas, dispersas no seio de um gás
(fase externa).
AEROSSOIS

Em Tecnologia o termo implica a ideia de recipiente e é


entendido como um produto contido num recipiente
adequado que é dispersado pela acção propulsora que
proporciona um gás comprimido ou liquefeito que é
encontrado no mesmo recipiente.

Em inglés é frequente utilizar o termo spray como


sinónimo.
ADMINISTRAÇÃO DE AEROSSOIS

Pode ser por vía:

 Inalatória

 Tópica

Estão destinados a exercer uma acção local ou sistémica


ADMINISTRAÇÃO DE AEROSSOIS

A administração de medicamentos no aparelho


respiratório é produzida por inalação.

A inalação pode ser através de:

 Nariz (nasal)

 Boca (pulmonar)

Para o tratamento de doenças do aparelho respiratório


solamente têm interesse a inalação através da boca.
ADMINISTRAÇÃO DE AEROSSOIS

O aparelho respiratório é composto pelas vías aéreas e


pelo parênquima pulmonar.

 Vías aéreas: principiam nas fossas nasais,


continuando-se pela rinofaringe, laringe, traqueia,
brônquios.

 Parênquima pulmonar: bronquíolos e alvéolos


respiratórios.
ADMINISTRAÇÃO DE AEROSSOIS
ADMINISTRAÇÃO DE AEROSSOIS

Os fármacos em forma de aerossois devem alcanzar uma


localização específica no árvore respiratório e em
quantidades suficientes que permita sua efectividade.

A trajetória que deve recorrer é explicada a


continuação.
INALAÇÃO

Através do trato respiratório superior têm lugar a


entrada do medicamento pela boca, faziendo-se a
inpiração conjunta do ar e o principio activo que possa
conter em suspensão.

O medicamento faz sua trajetória até alcançar o lugar


onde deve desenvolver sua ação.
DEPÓSITO

Quando o medicamento têm conseguido alcançar o lugar


adequado do trato respiratório deve depositarse nesta
área.

Para ele é necessário a retenção da substância inalada na


camada que recubre o sistema respiratório ma apenas
uma parte da quantidade total inalada pode ser retida
enquanto o resto sae de novo ao exterior na respiração.
DEPÓSITO

A retenção da susbtância inalada depende do tamanho de


partícula.

O tamanho de partícula ótimo de um sistema aerossol para


inalação é entre 3 e 6 micrómetros.
RETENÇÃO E ELIMINAÇÃO

Com posterioridade a seu depósito as substâncias


inaladas podem permanecer retidas durante um tempo
mais ou menos prolongado até que finalmente são
objecto de um processo de eliminação.
ABSORÇÃO

Nesta etapa uma parte da substância inalada e retida no


trato respiratório é absorvida através da mucosa que o
cobre, mas este processo é selectivo para alguns
fármacos.
ABSORÇÃO

Na boca e faringe a absorção é feita na área interna depois


que o fármaco seja diluído com a saliva.

Nesta área pode acontecer que uma parte importante das


partículas retidas possam ser deglutidas e então passem
ao trato digestivo, este pode dar lugar à manifestação de
reacções adversas.

Na traqueia podem absorver-se bem PA liposolúveis como:


barbital e thiopental.
ABSORÇÃO

Quando o efeito é produzido nos alvéolos pode ser


possível uma absorção sistémica do PA dado à grande
extensão disponível que apresenta esta área e a rápida
vascularização.
VANTAGENS

1- Aplicação fácil e rápida

2- Rapidez no inicio da acção

3- Eliminação de efeito de primeiro passagem hepático

4- Eliminação da degradação no TGI

5-Protecção do produto contra as acções e


contaminações exteriores como o efeito do ar e da luz e
as inquinações microbianas.
VANTAGENS

6-Diminução da dose terapêutica o qual reduz a


posibilidade de aparição de efeitos adversos.

7- Rigor posológico.

8- Possibilidade de utilizar esta vía como alternativa se o


doente recibe outro medicamento com o qual possa
producirze interacções.

9- Possibilidade de utilizar esta vía para medicamentos


que têm uma absorção errática por vía oral ou
parenteral.
DESVANTAGENS

1- A dose inalada não sempre é evidente para o doente.

2- A inalação pode apresentar problemas de coordinação


entre a dispensação da doses e a aspiração do produto
pelo doente, situação mais frequente em crianças e
pessoas idosas.
SISTEMAS POR INALAÇÃO

Em relação à vía pulmonar a doença que melhor


responde ao uso desta terapia é a insuficiência
respiratória.

Por tais razões os medicamentos que com mais


frequência são administrados em aerossois para
inalação são:
SISTEMAS POR INALAÇÃO

Broncodilatadores: salbutamol, terbutalina, bromuro de


ipratropio.

Antialérgicos: cromoglicato, nedocromil

Corticoides: budesonide, beclometazona


SISTEMAS PRESSURIZADOS

Tradicionalmente os medicamentos administrados por


inalação têm sido incorporados em sistemas de tipo
dosificadores presurizados, sistemas que na actualidade
são questionados pelas substâncias que contêm como
propelentes (hidrocarburos clorofluorados) os quais
produzem dano na camada de ozônio.
SISTEMAS PRESSURIZADOS

É um sistema a pressão dentro de um recipiente de


alumínio, de estanho ou vidro, fornecido de uma válvula
para a liberação do medicamento.
ELEMENTOS DE UM SISTEMA AEROSSOL

Composto por dois tipos de elementos:

 Mecânicos

 Formulação
ELEMENTOS MECÂNICOS

 Recipiente

 Válvula

 Boquillas

 Espaciadores
ELEMENTOS DA FORMULAÇÃO

 PA

 Propulsor ou propolente

 Substâncias auxiliares: agentes emulsivos,


suspensores, dissolventes, etc.
PROPULSOR

São os compostos que proporcionam a força propulsora


para formar o sistema aerossol desejado.

Há fundamentalmente dois tipos de propulsores que


empregam-se em aerossois:

 Gases liquefeitos

 Gases comprimidos
PROPULSOR
GASES LIQUEFEITOS

É um gás que a temperatura e pressão ambiental


apresenta-se em forma gasosa, mas se liquefaz com
facilidade quando aumenta a pressão do recipiente que
o contém. Pode acontecer que no aerossol não
emprega-se um único gás sino uma mistura de vários.
No interior do recipiente em estado de repouso existe
um equilíbrio dinâmico entre o propulsor que encontra-
se em fase líquida e o que se apresenta em estado de
gás.
GASES LIQUEFEITOS

Entre os gases liquefeitos que mais têm sido


empregados na elaboração de aerossois figuram os
hidrocarbonetos (metano, etano, butano) clorados e/ou
fluorados.

Este tipo de compostos são conhecidos com o nome de


freones.
GASES LIQUEFEITOS
GASES LIQUEFEITOS

Os freones produz dano a camada de ozônio, por isso


desde 1978 têm sido desenvolvidas acções para sua
eliminação com excepção dos CFC12, 11 e 114 cujo uso
ainda é permitido em sistemas para inalação.
GASES COMPRIMIDOS

É um gás geralmente insolúvel no preparado líquido


contido no recipiente aerossol.

Os aerossois que empregam este tipo de gás no


momento da descarga se produz a saída ao exterior do
preparado líquido em forma de jorro, o que faz
necessária a presença de um pulverizador (dispositivo
que permite expulsar o líquido reduzido a gotas finas).

Não são adequados em sistemas para inalação.


GASES COMPRIMIDOS
TIPOS DE AEROSSOIS FARMACÊUTICOS

São clasificados tendo em conta:


 Número de fases
 Tipo de descarga
NÚMERO DE FASES

Os elementos que componem a formulação


(geralmente o propulsor e o concentrado) se podem
encontrar formando sistemas com diferente número
de fases:

 Sistemas bifásicos

 Sistemas trifásicos
SISTEMAS BIFÁSICOS

São os mais simples e são compostos por:

 uma fase líquida

 uma fase gaseosa


SISTEMAS BIFÁSICOS

Quando o propulsor é um gás liquefeito :


A fase líquida: propulsor em estado líquido e no propulsor
estará dissolvido o PA sendo necessário a adição de um
codissolvente (álcool, glicerina, propilenoglicol, acetona,
PEG, acetato de etilo, etc).
A fase gaseosa é formada por o propulsor em forma de
gás.
Propulsor liquefeito + PA: fase líquida

Propulsor em forma de gás: fase gaseosa


SISTEMAS BIFÁSICOS

Quando o propulsor usado é um gás comprimido: o


propulsor representa a fase gaseosa e o PA dissolvido
no solvente adequado é a fase líquida.

Gás comprimido: fase gasesa

PA dissolvido no solvente: fase líquida


SISTEMAS TRIFÁSICOS

Podem apresentar as seguintes combinações:

1) Fase gaseosa mais duas fases líquidas inmíciveis

2) Fase gaseosa mais duas fases líquidas emulsionadas

3) Fase gaseosa mais fase líquida mais fase sólida (em


suspensão na fase líquida)
FASE GAS MAIS DUAS FASES LÍQUIDAS INMÍCIVEIS

As duas fases líquidas são o propulsor liquefeito e uma


solução (geralmente aquosa) do PA.
As fases líquidas são dispostas no embalagem de
acordo a suas densidades relativas.
A terceira fase é o vapor do propelente.
FASE GAS MAIS DUAS FASES LÍQUIDAS EMULSIONADAS

Geralmente se trata de uma emulsão de fase externa


aquosa sendo a fase interna o propulsor em forma
líquida (O/W).
Este sistema é o que possibilita a formação de espuma
porque quando a emulsão sae ao exterior e é posta en
contato com a pressão atmosférica o propelente pasa
ao estado de vapor e a emulsão é convertida numa
espuma.
FASE GAS MAIS DUAS FASES LÍQUIDAS EMULSIONADAS

As vezes é necessario adicionar un tensioactivo que


permita a estabilização das burbujas que formam a
espuma.
FASE GAS MAIS FASE LÍQUIDA MAIS FASE SÓLIDA

A fase sólida encontra-se em suspensão na fase líquida, a


qual é o propulsor liquefeito, sendo necessário a adição
de um agente suspensor e un antiaderente que não
permitam a formação de aglomerados (talco).
A fase gaseosa é o propulsor em forma de gás.
FORMULAÇÃO DE UM AEROSSOL DE 2 FASES
LIQUIDAS INMISCÍVEIS

Fármaco solubilizado
Antioxidante: ácido ascorbico
Misturas de solventes: água, etanol, glicois
Propelentes: 12/11, 12/114 ou 12 só
FORMULAÇÃO DE UM AEROSSOL SUSPENSÃO

Fármaco micronizado
Agente dispersante: trioleato de sorbitano, álcool oleilico,
ácido oleico, lecitina.
Antiaderente: talco
Propelentes: 12/11, 12/114 , 12, 12/114, 11
ACTIVIDADE PRÁTICA
EXERCICIO PRÁTICO

Das formulações apresentadas a continuação classifique


o tipo de aerossol farmacêutico tendo em conta o número
de fases que contêm.
EXERCICIO PRÁTICO

Bitartarto de Epinefrina _______0,5 g (PA)


Sorbitano Trioleato _________ 0,5 g (Tween 85)
Propelente114 ____________ 49,50 g
Propelente 12 _____________ 49,50 g
EXERCICIO PRÁTICO

Timol ______________ 0,1 g (PA)


Mentol _____________ 0,5 g (PA)
Cânfora _____________ 0,5 g (PA)
Eucaliptol ____________ 0,15 g (PA)
Trietilenoglicol ________ 1.25 g
Propilenoglicol ________ 2,50 g
Propelente 12/11 _______ 95 g
EXERCICIO PRÁTICO

Adrenalina ______________ 0,25 g (PA)


Ácido clorídrico ___________0,5 g
Ácido ascórbico ___________1,15 g
Água ______________________ 1 g
Etanol absoluto _____________33,10 g
Propelente 12 _______________ 25,00 g
Propelente 114 ______________ 40,00 g

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