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multimodalidades e multiletramentos:
os usos da linguagem na era digital
VOLUME 2
Roberta Santana Barroso
Clodoaldo Sanches Fofano
Sinthia Moreira Silva
Eliana Crispim França Luquetti
(Orgs.)
Letramentos múltiplos,
multimodalidades e multiletramentos:
os usos da linguagem na era digital
VOLUME 2
TUTÓIA-MA, 2021
EDITOR-CHEFE
Geison Araujo Silva
CONSELHO EDITORIAL
Bárbara Olímpia Ramos de Melo (UESPI)
Diógenes Cândido de Lima (UESB)
Jailson Almeida Conceição (UESPI)
José Roberto Alves Barbosa (UFERSA)
Joseane dos Santos do Espirito Santo (UFAL)
Julio Neves Pereira (UFBA)
Juscelino Nascimento (UFPI)
Lauro Gomes (UPF)
Letícia Carolina Pereira do Nascimento (UFPI)
Lucélia de Sousa Almeida (UFMA)
Maria Luisa Ortiz Alvarez (UnB)
Marcel Álvaro de Amorim (UFRJ)
Meire Oliveira Silva (UNIOESTE)
Rosangela Nunes de Lima (IFAL)
Rosivaldo Gomes (UNIFAP/UFMS)
Silvio Nunes da Silva Júnior (UFAL)
Socorro Cláudia Tavares de Sousa (UFPB)
2021 - Editora Diálogos
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L649
Letramentos múltiplos, multimodalidades e multiletramentos [livro
eletrônico] : os usos da linguagem na era digital: vol. 2 / Organizadores
Roberta Santana Barroso, Clodoaldo Sanches Fofano, Sinthia Moreira Silva,
Eliana Crispim França Luquetti. – Tutóia, MA: Diálogos, 2021.
Formato: PDF
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Modo de acesso: World Wide Web
ISBN 978-65-89932-14-7
CDD 372.4
https://doi.org/10.52788/9786589932147
Editora Diálogos
contato@editoradialogos.com
www.editoradialogos.com
Sumário
Apresentação ................................................................................................. 10
A tela, como novo espaço de escrita, traz significativas mudanças nas formas de
interação entre escritor e leitor, entre escritor e texto, entre leitor e texto e até mesmo,
mais amplamente, entre o ser humano e o conhecimento. [...] a tela como espaço
de escrita e de leitura traz não apenas novas formas de acesso à informação, mas
também novos processos cognitivos, novas formas de conhecimento, novas maneiras
de ler e de escrever, enfim, um novo letramento, isto é, um novo estado ou condição
para aqueles que exercem práticas de escrita e de leitura na tela
1 SOARES, Magda. Novas práticas de leitura e escrita e escrita: letramento na cibercultura. Educação e Sociedade: Revista
de Ciência e Educação, Campinas, v.23, p. 143-160, dez. 2002. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/es/v23 n81
SUMÁRIO
Introdução
Conclusão
Com base nos estudos realizados, foi possível concluir que a língua é
viva tendo o poder de se transformar de acordo com as influências sociais,
culturais e históricas, sempre se adaptando às necessidades do falante e
que o português falado no Brasil tem sua origem de uma mistura cultural
de vários povos em diferentes, sendo os mais marcantes: os europeus, os
povos indígenas e os povos africanos.
Percebe-se como a escola tem um importante papel em trabalhar a
valorização da identidade cultural e linguística dos educandos, utilizando-
se dos meios de comunicação, de forma a incluir a variedade linguística
do país de forma positiva. Consonante a isso, contribui para que o falar
das camadas dominantes da sociedade não seja considerado a forma a
“correta” e única de se falar.
A escola é considerada uma das maiores agências de letramento. E
quanto maior for a escolarização do indivíduo, maior será o seu grau de
letrado. Porém isso dependerá de sua capacidade de usar os conhecimentos
que envolvam a escrita de modo a facilitar a vida na sociedade, de usufruir
dos benefícios que os resultados da escrita derramam em seu meio social.
As mídias sociais são uma realidade e estão cada vez mais acessíveis
a todas as camadas sociais e demonstram a grande diversidade da língua
portuguesa no Brasil, assim possibilita que mais pessoas conheçam e
valorizem todos os falantes do português falado no país. Assim como,
realizar pesquisas ligadas as expressões utilizadas nas regiões brasileiras
que podem ser ouvidas e compreendidas nas diversas partes do país.
SUMÁRIO
Referências
BAGNO, M. Nada na língua é por acaso: por uma pedagogia da variação linguística. São
Paulo: Parábola Editorial, 2007.
BAGNO, M. Preconceito linguístico: o que é, como se faz. 38. ed. São Paulo: Loyola, 2005.
[52. ed., 2009].
BIDERMAN, M. T. C. Os dicionários na contemporaneidade: arquitetura, métodos e
técnicas. In: OLIVEIRA, A. M. P. P.; ISQUERDO, A. N. (Org.). As ciências do léxico:
lexicologia, lexicografia, terminologia. Campo Grande: Editora da UFMS, 2001, p. 129-
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BORTONI-RICARDO, S. M. Educação em língua materna: a sociolinguística na sala de
aula. São Paulo: Parábola Editorial, 2004.
BORTONI-RICARDO, S. M. Nós cheguemu na escola, e agora? Sociolinguística e educação.
São Paulo: Parábola, 2005.
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Editorial, 2008.
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GNERRE, Maurizio. Linguagem, escrita e poder. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
LUFT, Celso Pedro. Língua e Liberdade: por uma nova concepção da língua materna e seu
ensino. Porto Alegre. L&PM, 1985.
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MARIANI, B. Colonização lingüística. Campinas: Pontes, 2004.
MORAN. J. M. Ensino e aprendizagem inovadores com tecnologias audiovisuais e
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2000.
RODRIGUES, José Honório. A vitória da Língua Portuguesa no Brasil Colonial. In:
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MARIANI, Bethania. Colonização linguística. Campinas: Pontes, 2004.
NETO, Serafim da Silva. História da Língua Portuguesa. 5 ed. Coleção Linguagem. Rio de
Janeiro: Presença/ INL, 1988.
BORTONI-RICARDO, S. M. Educação em língua materna: a sociolinguística na sala de
aula. São Paulo: Parábola Editorial, 2004.
SUMÁRIO
Introdução
O Gênero microconto
não basta tentar remendos com as atuais tecnologias. Temos quer fazer muitas
coisas diferentemente. É hora de mudar de verdade e vale a pena fazê-lo logo,
chamando os que estão dispostos, incentivando-os de todas as formas – entre elas
a financeira – dando tempo para que as experiências se consolidem e avaliando
com equilíbrio o que está dando certo. Precisamos trocar experiências, propostas,
resultados (MORAN, 2013, p. 14).
Assim sendo, a escola precisa utilizar esses recursos para inovar os seus
métodos e não para reproduzir práticas ultrapassadas e ineficazes. Usar um
smartphone apenas para o aluno copiar um texto do Google, por exemplo,
é perder toda a potencialidade que esse aparelho tecnológico oferece aos
seus usuários. O professor precisa adaptar-se para se tornar um profissional
inovador, capaz de realizar novas e salutares experimentações e, assim, poder
preparar seus alunos a descobrirem a importância dessas tecnologias não
SUMÁRIO
Pode ser entendido como uma entidade digital entregue pela Internet, o que
significa que muita gente pode acessá-lo e usá-lo simultaneamente, em contextos
educacionais diversos, sendo um arquivo digital qualquer (imagem, filme, etc.)
ou um programa criado especificamente para ser utilizado com fins pedagógicos.
Uma das mídias sociais de grande impacto nos dias atuais é o Tik Tok,
aplicativo de vídeos curtos de, no máximo, 60 segundos, desenvolvido, na
China, em 2016, pela Startup ByteDance. Segundo Fernandes (2021), “O
Tik Tok foi o aplicativo mais baixado do mundo em celulares Android e
iPhone (iOS) em abril (de 2021), com mais de 59 milhões de downloads.”
Ainda de acordo com o autor, o Brasil foi o país onde mais foi baixada
essa mídia social e, no mundo, consoante Arie Halpern, ele já atingiu 1,23
bilhão de usuários ativos. Dados esses que revelam quão popular tornou-se
essa mídia.
Conforme a Google Play, “TikTok é o destino para vídeos móveis.”
Ainda segundo a Plataforma,
SUMÁRIO
Fonte: https://play.google.com/store/apps/details?id=alberto.com
Fonte: https://instagram.com/prof.gih.alves?utm_medium=copy_link
SUMÁRIO
Considerações finais
A partir das análises descritas, podemos ter uma noção que o início
do trabalho com essas mídias e tecnologias digitais não se dá de maneira
fácil. Muitas vezes fazemos críticas ao não uso dessas tecnologias digitais
e mídias tecnológicas e dizemos não entender porque os professores estão
presos ao ensino tradicional, mas quando começamos a estudar os entraves
SUMÁRIO
Introdução
Letramentos e Multiletramentos
— O que escreve?
— Todas as lambanças que pratica os favelados, estes projetos de gente humana
(JESUS, 2014, p. 23).
Leitura e escrita são inseparáveis. Todo mundo lê e todo mundo escreve. A vida
cotidiana, doméstica, é balizada por pequenos textos escritos, bilhetes, listas
de compras, de cartas destinadas à administração ou à família, cartas de amor
(HORELLOU-LAFARGE, 2010, p. 145).
Método de pesquisa
Resultados da pesquisa
Carolina: pela situação que vejo, só aqui, por exemplo, eu imaginaria que é muito
mais.
Ziraldo: Difícil, né? Porque como você vai conseguir... porque se você não
consegue assimilar informações...
Ana Maria: Faz sentido, faz sentido. É um pouco assustador pensar que 55% não
terminam, mas pelo que a gente vê, muitas vezes, é um número que não está tão
fora.
Ariano: acabo, dentro do meu conhecimento, sim, fazendo essas correções, né?
Faço essas correções como uma necessidade. Necessidade de, poxa, meu papel é
ajudar a melhorar.
Ziraldo: Procuro fazer essa pontuação e, só assim, às vezes eu enxergo isso como
uma falha minha como professor.
SUMÁRIO
Fernando: Então para TCC, eu vou bem mais a fundo, para pegar, geralmente,
são em duplas ou trios, daí eu chamo individualmente um por um para fazer esse
acompanhamento.
Cora: Eu fazia isso antigamente. Hoje, eu não faço mais tanto. E faço assim, quando
é muito grotesco, né? Porque isso me tomava muito tempo, né? Eu começava a ler
texto, principalmente eu que trabalho com orientação de TCC, eu começava a ler
texto e corrigir texto. Eu levava horas e horas fazendo isso, né? E, para mim, ficou
inviável. Hoje, eu recomendo eles terem contato com os professores de português
da casa para que essa revisão seja feita com continuidade, né?
Carolina: Eu falo para ele vai e coloca no papel o que você quis dizer. Ah, então
agora vamos colocar pontuação, vírgula, coesão, coerência para gente poder
SUMÁRIO
Ariano: Eu peço a ajuda do professor ou professora que tem ali até mesmo
habilitação, até mesmo que está autorizada a trabalhar isso com maior propriedade
que eu.
Ana Maria: A grande maioria consegue, mas têm alguns que você percebe que,
por resistência, por falta de leitura, por falta de costume de leitura têm muita
dificuldade.
Rachel: Quando você fala de pesquisa em ambiente científico, a ideia deles sobre
isso é zero. Eles sempre preferem páginas abertas, sempre blog e aí você fala:
então, não pode.
Cora: Eu falo para os meus alunos: gente, daqui a pouco eu vou ver como
referência bibliográfica um grupo de WhatsApp, né? (risos) tipo, ouvi no grupo
do WhatsApp, né? De tão sem nexo que “tá”. E ele não têm essa visão acadêmica.
Maria José: Eu não trabalho mais com powerpoint, agora tudo é ditado. Então,
eles têm que entender, eles têm que começar a escrever mais.
João Cabral: Eu não costumo utilizar o trabalho digitalizado. Eu peço para eles
manuscrito.
SUMÁRIO
Rachel: Eu acho que por causa das tecnologias, as pessoas escrevem tudo pela
metade.
Rachel: Não fica perfeito porque às vezes a gente não tem tempo hábil, às vezes o
aluno não consegue acesso para conseguir ver as coisas, às vezes a gente tem que
dar umas ajudadas.
Ariano: Não basta apontar a ferramenta, tem que saber que também, é nossa
obrigação de ajudá-lo a usar a ferramenta. Muitos querem utilizar esse recurso e
não passa o passo a passo.
Rachel: Eu já tive algumas experiências com vídeo e eles fazem muito rápido,
mesmo com um grupo de pessoas mais velhas na sala, os mais novos, meio que
pegar a mão e coisa vai muito rápido.
José Mauro: Eu tento no grupo, mesclar pessoas que pelo menos já tiveram uma
vivência prática porque aí você já sabe pelo menos como é que funciona e aí dá
para melhorar aquele que nunca viu, né?
Rachel: Se a gente fala, o paciente entende, se a gente não fala nada com o
acompanhante, com o paciente, com o médico, acaba, vira um caos, porque a
gente não tem a informação concreta. Tem a parte escrita? É importante, mas aí
a gente fala como técnica. A fala técnica é compacta. Às vezes a gente fala, fala,
fala e quando olha para o paciente, ele não entendeu nada. Você tem que falar de
um jeito que ele entenda, que se aproxime da realidade do paciente.
Ziraldo: Eles gostam de colocar obstáculos, né? Na vida, vamos dizer assim. Ah,
o professor está empatando. Daí para que eles não venham a desistir (do curso)
ou gerar qualquer tipo de insatisfação que venha a chegar na coordenação, eu
procuro fazer de forma sutil assim, escrever como uma espécie de motivação ou
inspiração.
Rachel: o RG dele era de estrangeiro, ele foi para o hospital e aí o pessoal optou
por não fazer a prova escrita. Fez mesmo meio que uma acareação, uma sabatina
nele, via oral, ali, com uma pessoa anotando o que ele estava falando. Então,
aquelas entrevistas práticas orais: você dá a pergunta, a pessoa começa a falar e
a outra pessoa escreve e, aí, depois a gente lê para pessoa o que que ela escreveu:
você quer acrescentar alguma coisa? E aí ele conseguiu superbem, ele passou,
conseguiu entrar no hospital, enfim. Está superbem encaminhado.
Considerações finais
Referências
BAGNO, Marcos. Preconceito Linguístico. – 56 ed. Revista e ampliada – São Paulo: Parábola
Editorial, 2015.
BANCO MUNDIAL. PIB a precios actuales: datos sobre las cuentas nacionales del Banco
Mundial y archivos de datos sobre cuentas nacionales de la OCDE. Disponível em <https://
datos.bancomundial.org/indicador/ny.gdp.mktp.cd?year_high_desc=true> . acesso em 07
jan 2019
BARTON, David. Literacy: an introduction to ecology of written language. [tradução
Guilherme Rios]. Oxford: Blackwell Publishers, 1994.
BECK, Ulrich. Sociedade de Risco: rumo a uma outra modernidade. [tradução Sebastião
Nascimento]. – 2. ed., São Paulo: Editora 34, 2011.
DELGADO-MARTINS, Maria Raquel, RAMALHO, Glória, COSTA, Armanda. Literácia
e Sociedade: Contribuições pluridisciplinares. – Lisboa: Caminho, 2000.
DELORS, Jacques. Educação: um tesouro a descobrir. – 7. Ed. Revisada – São Paulo:
Cortez, Brasília, DF: UNESCO, 2012.
GASQUE, Kelly Cristine Gonçalves. Letramento Informacional: pesquisa, reflexão e
aprendizagem – Brasília : Faculdade de Ciência da Informação / Universidade de Brasília,
2012. Disponível em <http://repositorio.unb.br/handle/10482/13025>. Acesso em 15 fev.
2019.
SUMÁRIO
Introdução
Para entendermos o que a imagem faz, é preciso ir além do que parece ser
correspondência ponto-a-ponto e imitação realista e fidedigna. Representações
remetem a representações, duplicando-se até se multiplicarem ao infinito, deixando
os referentes [os estados de coisa] as atualidades, para trás. Esse é o itinerário da
experiência social contemporânea: mesas de fórmica imitam madeira; o plástico
oferece-se a qualquer forma: é o grau zero da matéria; fossilizamos andorinhas e
pingüins em porcelana; corantes dão a refrigerantes a aparência mais que perfeita
de uva ou laranja. A duplicação obsessiva das imagens nos afasta dos referentes,
purificando nossa experiência até à alucinação. (NEIVA, 1993, p.11)
Análise e discussão
1 Io Sakisaka é uma renomada mangaká que nasceu em Tokyo e criou diversos mangá aclamados no Japão,
principalmente para o público feminino. Suas obras mais conhecidas são: Bye- Bye Little (2002); Strobe Edge
SUMÁRIO
Referência
Kleissiely de Castro
Guilherme Melo
Jaciluz Dias
Marta Cristina da Silva
Considerações iniciais
e registros presentes na vida cotidiana, no mais pleno plurilinguismo bakhtiniano” (pág. 17).
2 Em tradução nossa: “Dessa única história em quadrinhos, uma nova forma de arte nasceu”.
SUMÁRIO
3 Em tradução nossa: “[...] em sua nobre tentativa de trazer à luz os contextos dos GIFs”.
O GIF comic escolhido para análise chama-se Poor tube man (Boneco
de posto, em tradução nossa) e foi produzido por Kat Swenski, tendo sido
publicado na página do Instagram dessa artista (@katswenski), em 8 de
janeiro de 2021. No que se refere ao formato, o texto é organizado em
oito quadros, de cuja sequência decorrem os efeitos de sentido textuais,
conforme explicado anteriormente. Sequências verbais dentro de balões de
fala ovais com linha contínua, desenhos estáticos e animados, bem como
um pequeno vídeo combinam-se para formar o texto. Assim, os quadros
1, 2, 6 e 7 são compostos por texto verbal e imagem estática, enquanto os
quadros 3, 4 e 5 possuem desenho animado associado a texto verbal e o
quadro 8 é um GIF. Os oito quadros, com as respectivas traduções para as
falas, compõem as Figuras de 1 a 8.
SUMÁRIO
Fonte: Swenski, 2021, quadro 1, tradução Fonte: Swenski, 2021, quadro 2, tradução
nossa. nossa.
Fonte: Swenski, 2021, frame do quadro 3, Fonte: Swenski, 2021, frame do quadro 4,
tradução nossa. tradução nossa.
SUMÁRIO
Fonte: Swenski, 2021, frame do quadro 5, Fonte: Swenski, 2021, quadro 6, tradução
tradução nossa. nossa.
Figura 7. O boneco de posto fala para si: Figura 8. O boneco de posto parece dar
“Arrgh! Boneco de posto, por que você cabeçadas na parede.
não pode fazer nada certo? Estúpido,
estúpido, estúpido!”
Fonte: Swenski, 2021, quadro 7, tradução Fonte: Swenski, 2021, frame do quadro 8.
nossa.
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 100
seguir, são apresentados os pressupostos básicos dessa teoria, que respaldam
a análise apresentada, ao final deste capítulo.
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 101
textuais, relacionados ao tema da oração, ou seja, o ponto de partida da
mensagem, voltando-se à organização, estrutura e formatação do texto em
código verbal.
Já a GDV, desenvolvida com base na abordagem funcionalista
hallidayana, é uma teoria que atua na descrição das estruturas que
organizam a informação visual dos textos. Tendo em vista a impossibilidade
de interpretá-los exclusivamente pela linguagem escrita, uma vez que
esta consiste em apenas um de seus modos representativos, Kress e van
Leeuwen (2006) salientam que os textos, ao combinarem mais de um
meio semiótico, são cada vez mais multimodais, devendo ser lidos, por
consequência, a partir da interligação das redes de significados – verbais,
visuais, gestuais etc. – que os constituem. Em consonância, Santos (2010)
argumenta:
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 102
Para entender mais a fundo a GDV, é necessário observar atentamente
cada uma dessas metafunções, a fim de compreender que, mesmo sendo
apresentadas individualmente, elas operam ao mesmo tempo em toda
a imagem. Brito e Pimenta (2006), ao se debruçarem sobre essa teoria,
apresentam uma esquematização que muito auxilia no entendimento de
sua organização e sistematização, a qual trazemos, aqui, para explanação.
Distinguimos, primeiramente, os dois elementos envolvidos na leitura
de uma imagem, chamados, pela GDV, de: participantes interativos (PI),
quem produz e quem lê a imagem; e participantes representados (PR), tudo
o que é mostrado na imagem (pessoas, animais, cenário, fundo, objetos
etc.). Da relação entre PI e PR decorrem os efeitos de sentido pretendidos
por uma imagem.
Começando pela metafunção representacional, ela apresenta o campo
da ação social por meio de dois processos de representação: os narrativos
e os conceituais. O primeiro diz respeito aos processos de ação e de reação
– expressos, no campo da imagem, por meio de vetores (representados
por setas ou pelo posicionamento dos participantes) – nos quais o PR está
envolvido. Este, por seu turno, pode ser ator, isto é, de onde o vetor surge,
ou meta, para onde o vetor indica (BRITO; PIMENTA, 2006).
Essa categoria se subdivide, como bem evidenciam Brito e Pimenta
(2006), em processos: (1) de ação – os quais apresentam e descrevem
acontecimentos do mundo concreto, podendo ser não transacional, cujo
participante também é ator, e cuja meta não aparece na imagem; transacional,
no qual há a presença de ao menos dois participantes (um, o ator; o outro,
a meta); e bidirecional, em que os participantes são, simultaneamente,
ator e meta; (2) reacional – envolve processos de reação, em que o vetor
é constituído por meio da direção do olhar do participante, que reage a
uma dada ação, podendo ser transacional, em que o olhar do participante
se direciona ao fenômeno, que também encontra-se na imagem; e não
transacional, em que o olhar do participante se dirige a algo que está fora
da imagem; (3) verbal e mental – neste, o participante, que pode ou não
ser humano, liga-se a um balão que expressa um processo mental ou uma
fala; (4) de conversão – no qual, por meio de um representação em ciclo,
SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 103
o participante é ator em relação ao participante e também é, ao mesmo
tempo, meta em relação a outro; (5) de simbolismo geométrico – neste
processo, no qual não há participantes, tem-se apenas um vetor que aponta
para fora da imagem.
Os processos conceituais, por seu turno, os quais representam a essência
dos participantes, ocorrem de forma classificacional ou analítica, por meio
de uma relação de taxonomia. No processo classificacional, os participantes
representados encontram-se em uma posição de subordinação a uma
categoria similar, pois apresentam um tema em comum. Já no processo
analítico, tem-se a presença de participantes (chamados de portadores
ou, ainda, carriers) que se relacionam a partir de atributos possuídos que
formam uma estrutura na qual a classificação se concretiza (BRITO;
PIMENTA, 2006).
Em se tratando da metafunção interacional, esta é responsável por
estabelecer a natureza das relações e modalidades existentes entre os PR
e os PI. Brito e Pimenta (2006) explicam que a imagem é classificada em
três dimensões: a do olhar, a do enquadramento e a da perspectiva. Em
linhas gerais, essa metafunção auxilia no entendimento de como a imagem
pode se aproximar ou se afastar do leitor, construindo relações em que o
significado é entendido como uma troca.
Na primeira dimensão (o olhar), destaca-se que o PR, no ato de falar,
adota para si um ato de fala, o qual espera que seu ouvinte siga. Assim,
Kress e van Leeuwen (2006) salientam que o olhar pode levar para um
determinado ponto da imagem, sendo: uma imagem de demanda, na qual
o participante representado se apresenta na imagem olhando diretamente
para o leitor, com o intuito de criar um vínculo com este; ou uma imagem
de oferta, em que o leitor (que é apenas observador) não é objeto do olhar,
sendo o(s) PR(s) oferecido(s) como objeto de contemplação.
Na segunda dimensão, a do enquadramento, abordam-se os níveis de
distanciamento entre o PR e o PI leitor. Em plano fechado (close-up), indica
maior proximidade com o leitor, criando uma relação social imaginária
com ele. Em plano aberto, isto é, em menor proximidade (panorâmica), o
PR é percebido pelo leitor como objeto de contemplação, o que pode ser
SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 104
visto tanto como respeito quanto como preconceito. Na terceira dimensão,
a da perspectiva, trabalha-se com a imagem de um determinado ângulo
ou perspectiva. Em termos de perspectiva, a imagem pode ser: subjetiva,
na qual o PR é visto sob apenas um determinado ângulo; ou objetiva,
em que tudo o que pode ser visto na imagem é revelado (KRESS; VAN
LEEUWEN, 2006).
Brito e Pimenta (2006) apontam, também, que, nessas três dimensões
interativas, a modalidade4 apresenta-se como um indicador das relações de
poder e solidariedade entre o falante e o ouvinte. Assim sendo, ela se faz
presente em cada modo semiótico, em maior ou menor grau de afinidade,
evidenciando a opinião do falante e sendo expressa a partir de diferentes
marcadores de modalidade e graus de articulação.
Por fim, a metafunção composicional, ao congregar significados
representacionais e interacionais, encarrega-se de evidenciar os elementos
que compõem a estrutura e o formato da imagem. Sendo assim, organiza
a linguagem visual como uma mensagem que é construída pelos falantes
em um dado evento linguístico (KRESS; VAN LEEUWEN, 2006). Essa
composição de elementos visuais, interativos e representacionais pode se
apresentar por meio de três sistemas que estão estritamente relacionados:
o valor da informação, a saliência e a moldura. Assim, essa metafunção está
ligada ao layout do texto, isto é, ao arranjo textual da imagem.
No que tange ao primeiro, como o próprio nome já adianta, ele diz
respeito ao valor dos elementos composicionais de uma imagem, segundo
a posição que ocupam. Por estarem uns em relação aos outros, a forma
como os elementos se apresentam na imagem auxilia na construção de
seu significado. Por isso, Brito e Pimenta (2006) destacam que o valor da
informação se realiza por meio de três estruturas.
A primeira delas é dado/novo, em que o dado se refere aos elementos já
conhecidos pelo leitor – sendo apresentados à esquerda da página, e o novo
remete à apresentação de uma informação nova a ser discutida – se localiza
4 As limitações deste trabalho inviabilizam uma explicação mais detalhada sobre a modalidade, sobretudo no
que diz respeito aos seus marcadores e graus de articulação. Assim sendo, recomenda-se a leitura de Brito e
SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 105
à direita. A segunda é ideal/real, que se refere, em uma estrutura não verbal,
à demarcação vertical, em que os elementos da parte superior trazem maior
afinidade com o leitor (o campo do sonho), enquanto os recursos da parte
inferior tendem a ser uma informação mais prática (ligada ao mundo
concreto). E a terceira é centro e margem, cujas informações centrais são
tidas como as de maior relevância na imagem, e as localizadas na margem,
são as de menor destaque.
Já o segundo sistema, o da saliência, dá maior enfoque em um
determinado elemento em detrimento dos demais apresentados na imagem,
o que gera efeito de destaque. Por fim, no que se refere à da moldura,
a imagem é dividida por linhas e espaços que geram uma impressão de
desconexão entre os elementos representados na imagem, que podem ou
não pertencer a um núcleo informativo. Considerando tal abordagem
proposta pela GDV, realizaremos a análise do GIF comic Boneco de posto
(SWENSKI, 2021). Antes, porém, apresentamos a metodologia utilizada
nesta pesquisa.
Metodologia
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 106
A seleção do GIF comic em questão se deu por meio de pesquisas na
própria rede social Instagram, especificamente no perfil da autora. Assim,
o objeto de estudo foi escolhido por chamar a atenção dos autores em meio
a vários outros conteúdos, principalmente por possibilitar que uma análise
ampla, com base na GDV, fosse realizada. Portanto, a abordagem aqui
utilizada se caracteriza como qualitativa, posto que se busca entender o
gênero em foco a partir de uma visão interpretativista de sua composição e
funcionalidade, sem levar em conta aspectos numéricos ou de quantidade.
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 107
postura dos PR, diante da tentativa frustrada do boneco em exercer com
eficiência seu trabalho.
Em se tratando do processo de ação, destacamos as figuras 3, 4 e 5
que, no suporte original, apresentam um dos PR em movimento repetitivo,
como um GIF. Nas duas primeiras cenas, o rapaz se movimenta para
demonstrar como o boneco age e como ele deveria agir, e, na terceira cena,
o boneco tenta repetir a atuação. O uso do processo narrativo de ação
transacional – já que o ator age para ser visto pelo outro, que funciona
como uma meta – serve para expressar a noção de exemplificação que a
cena pretende demonstrar, o que, inclusive, gera humor, provocado pelo
movimento em loop.
Além disso, ocorre processo narrativo de ação na figura 7, quando o
boneco se lamenta por não conseguir realizar sua função de forma adequada,
tal como o rapaz demonstrou. Esse sentimento de lamentação é reforçado
quando ele bate com as “mãos” na própria “cabeça”. Tal ação é classificada,
pela metafunção representacional, como transacional bidirecional, haja
vista que há somente a presença de um participante que é, ao mesmo
tempo, ator e meta.
Cabe, em última análise, dizer que todos as figuras, com exceção da
oitava, enquadram-se enquanto processos narrativos verbais, já que neles
os participantes representados, ora o rapaz, ora o boneco, utilizam um
balão de fala, que contém a expressão verbal de cada um. Assim, temos,
nos quadrinhos, falas que, ao serem associadas ao conteúdo não verbal,
geram o efeito de humor, o qual é reforçado na Figura 8, quando o boneco
bate a cabeça contra a parede como forma de punição ou lamentação pela
situação ocorrida.
No que diz respeito à metafunção interpessoal, a qual lida com a relação
de interação entre os sujeitos envolvidos em um evento comunicativo (PR
e PI), podemos ver, em todos os quadros, com exceção do segundo, que os
PR olham para si e não diretamente para o PI. Esse uso do olhar de oferta,
já que o PR é objeto de olhar do PI, pretende demonstrar como a história
é escrita para ser vista de fora pelo leitor.
SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 108
Nesse sentido, ao ter contato com o texto, o leitor se encontra em uma
posição de observador, como se captasse uma ação que ocorre no momento.
Além disso, a expressão facial e corporal de abatimento do boneco ajudam
a estabelecer uma relação de proximidade com o leitor, talvez para provocar
nele compaixão: o boneco tem olhos arregalados, formato de boca triste e
cabeça e mãos levemente inclinadas para baixo.
Tal efeito se contrasta com o uso do olhar de demanda na Figura
2, quando o rapaz, ao olhar para o boneco, parece olhar para o PI. Esse
recurso provavelmente foi utilizado para evidenciar o tom de advertência
do supervisor. É possível fazer essa inferência, pois, entre outros aspectos,
percebemos que o rapaz faz uma espécie de requerimento ao leitor, que se
encontra na posição do homem-tubo presente no quadrinho anteriormente
analisado: que mude a sua atitude, demonstrando mais confiança em si
mesmo.
Então, ao utilizar este recurso, o PI produtor da imagem contribui
para que se desenvolva um vínculo entre ele e o leitor. Nesse viés, a posição
da mão esquerda do jovem – encostada ao rosto, com o dedo indicador
levantado – e a sua expressão facial de constrangimento – olhos semicerrados
e sobrancelhas arredondadas – também auxiliam para que ocorra o processo
de significação da mensagem que se pretende transmitir.
No que se refere ao GIF final (Figura 8), nota-se que o boneco se dirige
ao leitor de forma indireta, por meio de um olhar de oferta. Desse modo,
cria-se a sensação de que o leitor capta a imagem, como se estivesse em
meio à ação ali apresentada. Além disso, a ação do homem-tubo de bater a
cabeça contra a parede, múltiplas vezes seguidas, é muito importante para
que toda a narrativa do GIF comic faça sentido, pois esse ato se apresenta
como a reação à crítica que anteriormente lhe foi dirigida.
Em relação ao enquadramento, por um lado, percebe-se que a Figura
1 se apresenta em um plano distante, posto que os dois PR são retratados
de corpo inteiro, o que corrobora para que sejam afastados do leitor e
não se crie a ideia de identificação. Assim, os PR são encarados pelo leitor
como objetos de contemplação, o que vai ao encontro da ideia geral
deste quadrinho, em específico, que é o anúncio de uma crítica, o que
SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 109
normalmente tende a não ser uma questão bem recebida pelas pessoas.
Além disso, assim como na maioria dos quadrinhos, os PR são representados
em um ângulo horizontal, isto é, de frente para o leitor, o que procura
criar maior empatia, segundo a GDV. Por isso, a perspectiva da imagem
é objetiva, pois tudo que o produtor julgou ser necessário a ser visto é, de
fato, apresentado.
Por outro lado, a imagem da figura 2 apresenta-se em um close-up, o
que tende a fazer com que o leitor crie uma afinidade pelo que é apresentado.
Esse recurso é de extrema importância, principalmente ao se considerar
que o PR, aqui, tece uma crítica a algo/alguém, o que o coloca em uma
posição de desconforto, tal como costuma ocorrer na vida humana. No
mesmo viés, o PR é representado em um ângulo vertical, o que pode ser
inferido pelo fato de o leitor estar em uma posição que permite ver de
cima, o que lhe dá uma sensação de maior poder sobre o personagem e
ajuda a construir a sensação de que o PR sente vergonha enquanto profere
a sua fala.
Sobre isso, duas possibilidades podem ser levantadas: I) o PR se
encontra em uma posição de intimidação, pelo fato de o homem-tubo
possuir uma altura muito maior que a dele; ou II) o PR se encontra em
uma posição de intimidação, porque está em uma situação complicada, na
qual precisa dizer algo, mas não sabe exatamente como, justamente por
sentir receio de que seja mal interpretado.
Quanto ao GIF presente ao final da história, vê-se que o PR é
representado por meio de um enquadramento que o distancia do leitor,
em um ângulo vertical: de costas e de lado. Com isso, características ligadas
à fragilidade podem passar a ser atribuídas ao homem-tubo, posto que
o leitor é colocado em uma posição como se o visse de longe batendo a
cabeça na parede, julgando-o pelo que faz. Também se cria a sensação de
que a filmagem está acontecendo às escondidas, ao contrário do que ocorre
nos outros quadrinhos.
Já a modalidade fica destacada pela comparação entre os quadrinhos
de 1 a 7 e o oitavo, já que, enquanto os primeiros estão em formato de
desenho, ou seja, uma representação ilustrativa ficcional da realidade,
SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 110
o último é um vídeo, uma captação em imagem de um momento da
realidade. Essa diferenciação é expressa pela demarcação de cor, iluminação,
detalhamento etc., cuja variação contribui para demonstrar qual imagem
mais se aproxima da realidade (Figura 8) e quais pretendem representá-la
de modo caricatural (Figuras de 1 a 7).
No que se refere à metafunção composicional, que se volta à
organização dos elementos que compõem a cena, bem como dos efeitos de
sentido decorrentes dessa combinação e, por isso, integra os significados
das duas metafunções anteriormente apresentadas, é necessário destacar a
importância da composição no gênero HQ. Assim, a união de desenhos
lineares, que procuram demonstrar movimento, com balões de fala, tudo
isso limitado por um quadro, é a característica marcante da HQ, conforme
explicado anteriormente. Além disso, o sentido do texto depende da
ordem dos quadrinhos, os quais são lidos sucessivamente, ficando os novos
à direita, de acordo com o modo de leitura da cultura ocidental.
Nota-se, porém, que o GIF comic analisado não se organiza conforme
as histórias em quadrinhos normalmente se apresentam, com todos ou com
vários quadros em uma mesma página. Isso varia de acordo com o suporte
do texto que, neste caso, é o Instagram, em que as postagens podem reunir
mais de uma imagem, as quais são lidas clicando-se em setas. No caso da
história em quadrinhos, os novos quadros se sucedem com o uso da seta à
direita, de onde surgem as novas informações. Tem-se, aí, um exemplo da
aplicação da relação dado X novo proposta pela GDV.
Além disso, a relação centro X margem se destaca, já que os personagens
são representados no centro do quadro, especialmente quando recebem
destaque, o que é feito associando-se ao recurso do enquadramento, como
nas figuras 2 e 7. Da mesma forma, a relação ideal X real se manifesta
por meio da apresentação dos personagens na metade inferior do quadro,
enquanto os balões de fala ficam na metade superior. Isso pode ser explicado
considerando que, na parte superior da imagem, segundo a GDV, encontra-
se aquilo que busca criar maior afinidade emotiva com o PI, as palavras,
o que está no campo das ideias, enquanto as pessoas, que representam o
mundo real, estão sob os balões.
SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 111
Quanto ao uso da saliência, segundo os padrões da GDV, seu uso pode
ser exemplificado pelo sétimo quadrinho (figura 7), já que o boneco recebe
destaque em relação ao fundo, o qual não é mais um cenário, como nos
quadros anteriores, mas um fundo liso com efeito de degradê, indo do azul
claro (em cima) até o cinza escuro (embaixo). Há, ainda, um efeito sutil de
explosão, que contribui para destacar a ação do boneco, a qual é explicitada
por linhas pretas que indicam movimento. Supõe-se que, com esse efeito, a
autora buscou evidenciar a situação de conflito do boneco consigo mesmo,
já que, conforme o balão de fala, ele se chama de “estúpido” por três vezes.
Destaca-se, ainda, que a associação da linguagem verbal (a repetição da
ofensa) com a linguagem não verbal (boneco batendo na própria testa) são
fundamentais para que, da leitura, depreenda-se o momento de tensão.
Por fim, temos a moldura que, conforme explicado, é fundamental
para a compreensão do gênero história em quadrinhos, já que ela delimita
a ação em quadros e da mudança decorre a sequência narrativa, fazendo
com que a moldura marque a lacuna da história, que é preenchida pelas
inferências feitas pelo leitor. Além disso, as molduras são fundamentais, na
HQ, para delimitar o espaço de fala dos personagens, com a composição
de balões, que são elementos característicos desse gênero.
Cabe, por fim, destacar que os múltiplos sentidos constituídos a partir
de cada uma dessas metafunções suscitam noções de texto e linguagem
que potencializam as aulas de línguas. Por meio do entendimento das
potencialidades da Gramática do Design Visual, o professor pode atentar os
alunos a aspectos que precisam ser considerados para o desenvolvimento de
uma leitura mais contextualizada e crítica. Logo, por mais que a complexidade
dessa proposta inviabilize o uso das classificações metafuncionais nas salas
de aula, nada impossibilita que suas fundamentações sejam levadas ao
espaço escolar, a fim de promover a ampliação do letramento visual dos
estudantes.
SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 112
Considerações finais
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 113
verbal, esperamos ter deixado claro que o ensino de língua deve explorar
todos os recursos semióticos que estão materializados no texto. Isso não
significa negligenciar a dimensão mais estritamente linguística do gênero.
Afinal, tem-se o propósito de ensinar a língua, no caso do nosso exemplo,
a língua inglesa. O fato é que acreditamos que o processo de compreensão
do texto verbal que está nos balões de cada quadrinho possa ser conduzido
de forma muito mais motivadora e eficiente quando texto e imagem são
vistos como camadas que se interpenetram e formam um todo de sentidos.
Na perspectiva de uma leitura mais reflexiva, numa dimensão mais
sociocultural, a imagem intimidadora do supervisor e a imagem desolada do
boneco de posto diante da crítica, se exploradas adequadamente, poderiam
levar a uma discussão sobre relações de trabalho numa sociedade competitiva
e desigual, apenas para sugerir uma possibilidade de abordagem.
Com esta breve análise, espera-se ter contribuído para sugerir formas
de trabalho didático com gêneros multimodais na sala de aula de língua
inglesa. Novos gêneros, novas respostas às demandas da contemporaneidade:
este é o nosso desafio.
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SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 116
https://doi.org/10.52788/9786589932147.1-6
Introdução
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 117
inclusive em níveis de práticas globais. Neste sentido, o ensino de LE deve
apontar para uma perspectiva plurilíngue, que considere as especificidades
dos grupos com os quais atua.
O domínio de uma Língua Estrangeira auxilia o educando em seu
processo de autoestima e ajuda na superação do sentimento de impotência
que tão frequentemente acomete os indivíduos das classes mais populares
nos processos educativos na realidade brasileira.
Não é somente o universo populacional que deve ser alargado, mas
também, o campo das ofertas em LE, garantindo a inclusão da diversidade
cultural. A noção da diversidade cultural torna-se negativa quando existe
uma relação política, econômica e cultural com o país de origem da língua
que pressupõe superioridade estrangeira e uma consequente geração
do complexo de inferioridade nacional. O ensino do inglês, com uma
perspectiva democratizante, deve contribuir para superar esta relação,
construindo uma visão intercultural que equilibre a valorização das mais
diversas contribuições culturais, negando a hierarquia entre as mesmas.1
A superação do sentimento de inferioridade cultural ocorrerá
exatamente por um trabalho de desmistificação, junto ao educando, no
sentido de esclarecer que são os fatores de ordem socioeconômica, e não
cultural ou linguístico, os que classificam as classes populares como cultural
e linguisticamente inferiores, dando margem aos preconceitos de diversos
tipos. Este sentimento de inferioridade é um dos obstáculos afetivos ao
aprendizado da língua estrangeira.
1 Recorte de minha Monografia da Especialização em Ensino da Língua Inglesa defendida na UECE em 2018.
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 118
Uma característica básica do ser humano é que ele se desenvolve em
um processo contínuo e permanente, que vai do nascimento até a morte,
constituído por períodos que se distinguem entre si pelo predomínio de
estratégias e possibilidades específicas de aprendizagem. Estes períodos
são, normalmente, referidos como: infância, adolescência, maturidade e
velhice. O indivíduo se constitui, enquanto membro do grupo, através da
construção de sua identidade cultural, possibilitando sua inserção no grupo
e construindo, simultaneamente, sua personalidade que o caracterizará
como indivíduo único no grupo.
No aspecto intelectual, é um processo integrado que abrange todos
os aspectos da vida humana (física, emocional, cognitiva e social), e é,
também, complexo nas diversas funções que são formadas.
Conforme Davis (1989), o ser humano, enquanto espécie, apresenta,
ao nascer, uma plasticidade muito grande, podendo desenvolver várias
formas de comportamento, aprender várias línguas, utilizar-se de diferentes
recursos e estratégias para se adaptar ao meio e agir sobre ele. Entretanto,
o indivíduo aprende e utiliza somente as formas de ação que existirem em
seu meio, assim como ele aprende somente a língua ou as línguas que ali
forem faladas Isto quer dizer que a cultura tem um papel importante no
processo de desenvolvimento e aprendizagem, uma vez que determinadas
estratégias de ação e padrões de interação entre as pessoas são definidas
pela prática cultural. Os comportamentos e ações privilegiados em um
determinado grupo são determinantes no processo de desenvolvimento do
educando.
O desenvolvimento da aprendizagem do aluno pressupõe a formação
para a curiosidade em aprender e mediante esta aplicação curiosa
do conhecimento, ele consegue estabelecer formas de agregação ao
conhecimento já existente. Essa curiosidade se apresenta como experiência
vital, o que faz com que as palavras de Freire (1996, p. 35) nos faça refletir:
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 119
O autor reflete claramente que deve provocar esta curiosidade do
educando de maneira que nele seja despertado uma vontade de conhecer
mais e ser mais crítico diante do conhecimento que a escola perpassa.
Aqui, o autor estabelece uma educação formada para o desenvolvimento
da criticidade do aluno.
O indivíduo não é um ser somente em desenvolvimento psicológico,
mas um ser concreto em relação com o real, com consequente formação
de possibilidades cognitivas e apreensão e compreensão da realidade,
de transformação de si próprio e, consequentemente, desta realidade e
de produtor e consumidor de conhecimentos. O conhecimento que o
indivíduo possui continuamente transformado pelas novas informações
que ele recebe e pelas experiências pelas quais passa.
Davis (1989), afirma que o processo de desenvolvimento psicológico
não pode ser independente do processo de desenvolvimento cognitivo do
ser humano.
Davis (1989, p. 55), complementa, ainda, que “o processo de
desenvolvimento do ser humano é concomitante e intrinsecamente ligado
à aprendizagem, sendo modificado por ela”, estabelecendo, desta forma,
uma articulação dialética entre forma e conteúdo, fornecendo a consciência
existente de uma pessoa que aprende sem ser modificado pelos conteúdos
cognitivos que ele adquiri, ou seja, a aprendizagem formal é desassociada
de sua experiência de vida.
O processo de desenvolvimento com a construção do conhecimento
tem um duplo aspecto: o da atividade do aluno e o das interações que
ele estabelece. Sendo uma espécie social, o ser humano se caracteriza pela
construção de sua individualidade através da relação com o outro, o sujeito
se constitui em virtude de processos múltiplos de interação com o meio
sociocultural, pela presença de outros indivíduos e de objetos culturalmente
inseridos e definidos.
Dentre esses objetos inseridos e definidos, encontra-se a Língua
Inglesa dentro do contexto da realidade educacional do aluno. A formação
de uma mentalidade sobre a necessidade de adquirir conhecimentos sobre
uma outra língua gerou a capacidade de suprir as necessidades do mundo
SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 120
atual, haja vista que as fronteiras linguísticas estão se estreitando cada vez
mais presentes em nossa realidade.
Necessário também se faz entender que a LI é um instrumento
mercadológico, que tanto favorece a transação comercial, como melhora
o desempenho nas comunicações financeiras, bem como a ampliação da
capacidade de inserção no mundo internacional.
A esse fato, Rivers (1975, p. 31) esclarece que “consequentemente,
muitas pessoas, até então diferentes, começaram a apreciar o valor do
conhecimento perfeito de outra língua que não a sua”. A autora deseja
demonstrar que a necessidade de se formar dentro do contexto social é que
despertou o desejo por aprender uma Língua Estrangeira.
Desta maneira, a realidade linguística do educando o faz despertar
para os novos efeitos da comunicação sem fronteiras. Com isso, o aluno
deverá ser preparado para saber ouvir e falar construindo as bases para uma
educação preparatória para os desafios que o mundo atual lhe impõe, tanto
no que diz respeito a comunicação quanto às exigências do mercado de
trabalho.
O aluno que ingressa no estudo de uma LE é levado a desenvolver suas
potencialidades com relação a sua comunicação e expressão. Terá acesso a
uma literatura maior, a um conhecimento de mundo mais extensivo, dado
à facilidade de contato com temas atuais e que circulam mundialmente.
A Língua Estrangeira, e mais especialmente, a LI possibilita ao aprendiz o
acesso ao que mais se comunica, atualmente, em nível de cientificidade.
Portanto, uma das metas do aluno que estuda uma LE e, aqui, mais
especificamente o inglês é a de demonstrar que uma língua não vale por si
mesma, e sim, pela cultura que encerra.
Aprender uma língua é, também, conhecer e sentir uma diferente
maneira de encarar a vida, ver o mundo de uma nova dimensão que nos
amplia os horizontes, nos enriquece as experiências e nos torna mais sábios
e mais tolerantes, pois nos faz conhecedores de outras culturas, de outros
padrões de vida que podem nos ajudar a enfrentar as diversas situações que
apresentam no nosso dia-a-dia.
SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 121
Assim, o domínio da língua tem uma estreita relação com a
possibilidade de plena participação social, pois é por meio dela que o
homem se comunica, tem acesso à informação, expressa e defende pontos
de vista, partilha ou constrói visão de mundo e produz conhecimento.
Por isso, os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998, p.
23) estabelecem a importância da língua quando dizem:
[...] é uma forma de ação interindividual orientada por uma finalidade específica;
um processo de interlocução que se realiza nas práticas sociais existentes nos
diferentes grupos de uma sociedade nos distintos momentos da sua história.
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 122
O papel da escola como incentivadora da língua
estrangeira
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 123
deverão executar a parte que lhes cabe no processo de aquisição das habilidades
de que necessitam para serem os cidadãos que a sociedade requer.
Por sua vez, a escola para desenvolver sua atividade como incentivadora
do ensino, deve contar com o apoio da comunidade; já que a instituição de
ensino prepara o educando para exercer as atividades dentro do contexto
social.
Pode-se afirmar que as finalidades práticas do ensino das línguas
constituem simples meio em relação aos fins de ordem educativa, tal como
estes conduzem os resultados mais amplos dos objetivos culturais.
Com base no idioma em estudo, buscará contribuir para o harmonioso
ajustamento da grade escolar, expresso num conhecimento mais profundo
de si mesmo e dos outros, formando a inteligência, moldando-lhe o caráter,
educando o sentimento, desenvolvendo a reflexão, aguçando o julgamento,
despertando-lhe a iniciativa e infundindo-lhe o senso de cooperação.
A escola, como incentivadora do idioma deve propiciar ao estudante
a indispensável capacidade para observar nitidamente os fatos e classifica-
los sob diferentes pontos de vista, deduzindo leis gerais e formulando
conclusões que possam mais tarde ser aplicadas em casos diferentes.
Ao mesmo tempo, deve o estudo da LI contribuir para melhorar o
conhecimento do próprio idioma vernáculo, aumentando a facilidade
para aprender também outros idiomas, desenvolvendo relações adequadas
entre o indivíduo e a sociedade, infundindo hábitos positivos de
esforço continuado, tornando o aluno apto a fazer uso pronto e efetivo
das descobertas ou invenções estrangeiras e concorrer para a sua maior
adaptação social, através dos contatos mais frequentes com os nativos de
outros países.
SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 124
As novas habilidades adquiridas pelos discentes através
do ensino da língua inglesa
[...] viabilizar o acesso do aluno ao universo dos textos que circulam socialmente,
ensinar a produzi-los e a interpretá-los. Isso inclui os textos das diferentes
disciplinas, com os quais o aluno se defronta sistematicamente no cotidiano
escolar e, mesmo assim, não consegue manejar, pois não há um trabalha planejado
com essa finalidade.
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 125
práticas de nossa sociedade, sejam elas de natureza econômica, política,
social, cultural, ética ou moral.
Temos que considerar também as relações diretas ou indiretas dessa
prática com os problemas específicos da comunidade local que presta
serviço. É fundamental conhecer as expectativas dessa comunidade, suas
necessidades formas de sobrevivência, valores, costumes e manifestações
culturais e artísticas. Mediante esse conhecimento que a escola pode atender
a comunidade e auxiliá-la a ampliar seu instrumental de compreensão e
transformação do mundo.
No tocante ao ensino da LI, a escola deve tomar iniciativa de instigar
nos seus alunos as aptidões linguísticas do educando, principalmente
empreendendo atividades envolvendo leitura e escrita de textos ingleses.
É uma forma de desenvolver conceitos linguísticos que encontram no
exercício desta língua.
Como explicam os PCNs:
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 126
Na verdade, a escola real que encontramos ainda não está encaixada
no perfil de incentivar nossos alunos à aprendizagem do idioma, haja visto
que os instrumentos para tal inexistem, cabendo somente ao professor da
disciplina procurar desenvolver atividades que motivem seus alunos e os
façam permanecer em sala de aula.
Por isso, que mais uma vez, Mezozo (1997, p. 17) explica que:
As escolas já não podem mais tolerar nada que não seja efetivo, inútil ou mal
utilizado, e devem ser criativas para garantir segurança aos seus clientes. Isto
supõe escolas com uma administração comprometida com a melhoria e capazes
de se prepararem para o novo mundo que exigirá produtos e serviços de qualidade
para todos.
Essa é a grande tarefa das escolas dos dias atuais, mesmo em meio a
grandes desafios que enfrentam, elas devem se posicionar no sentido de
fortalecer a sua ação educativa e de incrementar a educação que objetiva
favorecendo o desenvolvimento de novas habilidades no ambiente escolar
Somente dessa maneira, conseguirá contribuir para o sucesso no
processo de aprendizagem da LI no âmbito escolar que facilitarão o acesso
do aluno no mercado de trabalho.
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 127
que esta assume (oral, corporal, artística, etc), assim como depende dos
papéis que as pessoas assumem em diferentes situações.
No momento da comunicação, todas essas variações devem ser
respeitadas, porque exprimem a identidade, os valores culturais e a
competência linguística do indivíduo que está se comunicando. Na verdade,
em situações reais, essa linguagem consegue existência e significado.
A disciplina de LI possibilita ao aluno desenvolver a sua linguagem
porque como se trata de uma outra realidade, o educando procura perceber
a realidade do país de origem e absorve toda a cultura linguística de seus
cidadãos. Por isso, Rivers (1975, p. 189) comenta sobre a vivência do
aluno diante da LE:
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 128
atuação combinada e que ouvir significa compreender a fala do outro,
inserindo-a no contexto da conversa. O aspecto de intercomunicação é
relevante quando se quer entender que existe interação social no âmbito
da linguagem.
O desenvolvimento da linguagem do educando alcança na disciplina
de Língua Inglesa a sua ênfase quando garante ao aluno condições para
ampliar seus horizontes linguísticos e é preciso para isso uma frequência no
que se refere ao domínio da LE. Rivers (1975, p.73) diz que “a familiaridade
com o significado é adquirida gradualmente mediante frequente associação
dos elementos linguísticos com situações específicas e com outros elementos
da língua”.
Significa dizer que o aluno deve ter um acesso frequente com os
mecanismos gramaticais da língua inglesa para desenvolver um maior
conhecimento do idioma, mas procurando, ao mesmo tempo, dar sentido
e funcionalidade do inglês em seu cotidiano.
Desta forma, ele será capaz de compreender outras culturas, outros
comportamentos, outros horizontes de vida e mais, ampliar o leque de
compreensão textual e linguístico.
No cotidiano escolar, alguns materiais de ensino, especialmente
aqueles destinados a estudantes mais jovens, não trazem generalizações; o
aprendizado da estrutura é inteiramente induzido e os alunos assimilam o
processo de funcionamento linguístico através do uso ativo da língua.
É preciso saber que na disciplina de inglês, os alunos não podem
aprender todas as possíveis combinações linguísticas mediante memorização
e prática na forma exata em que o enunciado será feito. As atividades dentro
dessa disciplina devem oportunizar aos alunos fazer novas combinações
por analogia, usando os mesmos elementos estruturais com diferentes itens
lexicais.
Acredita-se que os alunos, tendo adquirido considerável experiência
na associação automática de certos elementos estruturais, reterão este
automatismo ao elaborar futuros enunciados de tipo semelhante. Com
isso eles passarão a construir suas próprias expressões de maneira a elaborar
textos que ele mesmo possa avaliar.
Para que haja um desenvolvimento linguístico dentro do contexto
SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 129
das atividades de inglês é necessário averiguar dois posicionamentos que
se devem realizar nesse sentido. O primeiro deles é que, na sala de aula,
o professor precisa e deve orientar a conduta de seus alunos de forma
compreensiva, mas com atitudes seguras. Como ele fará isso, dependerá da
postura de cada docente e das características de cada situação em particular,
já que em se tratando de educação, não há fórmulas prontas e acabadas.
A autenticidade da aprendizagem ocorre quando o aluno está
interessado a se mostrar empenhado em aprender, isto é, quando se sente
motivado. É através da motivação interior do aluno que impulsiona
e vitaliza o ato de estudar e aprender. Daí a importância da motivação
estimulada ao aluno no processo de ensino-aprendizagem.
A autora Haidt (1994, p.78) fala a respeito da motivação como fator
importante no processo ensino-aprendizagem quando esclarece:
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 130
com o real, chega-se à abstração, à generalização e à elaboração teórica, por meio
da mobilização dos esquemas operatórios do pensamento, que geram a reflexão
e o raciocínio.
Educação e tecnologia
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 131
principalmente, não somente no que diz respeito ao campo educacional, mas
também no campo sócio econômico, afirmam (MOORE e KEARSLEY,
2007).
Agora, mais do que nunca, após este período que ainda estamos
vivenciando com o surgimento da COVID-19, exige de nós educadores
uma nova dinâmica de ensino explorando a cultura digital somada aos
recursos pedagógicos digitais na Educação.
As salas de aula passaram a ser telas de computadores e os professores
tiveram que se adaptar a transmitir seus conhecimentos de forma virtual;
seja de forma síncrona e/ou assíncrona. Consequentemente, isso acelerou
o processo de que todos envolvidos na área educacional se voltassem à
cultura digital para que o processo educativo não parasse. Podemos dizer
que o problema pandêmico só tem contribuído com a aceleração do que
há tempos parecia estar engavetado.
De acordo com Sales e Moreira (2019, p.4), para atender aos
objetivos pedagógicos, sociais e políticos de formação para o século XXI e
aos objetivos do próprio processo de ensino e de aprendizagem na Sociedade
da Aprendizagem, os professores necessitam de alguma forma possuir
competências e habilidades que lhes auxilie diretamente no processo de
transformação do modo de agir, comunicar, praticar, construir e difundir
o conhecimento, tendo o potencial comunicacional e colaborativo das
tecnologias (principalmente as conectadas e móveis) como motriz para o
exercício da prática pedagógica integrada aos diversos saberes.
Considerações finais
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 132
sentido de que, não basta somente aprender por aprender, mas sim,
aprender para que se alcance objetivos concretos no contexto social.
Ensinar inglês é construir um caminho comunicativo para que o
aluno seja capaz de transmitir e assimilar o conhecimento da sociedade
e do mundo em que vive. Este ensino da LI fortalecido com uma visão
crítica, pode encaminhar o educando para a construção de seu próprio
conhecimento, permitindo que ele possa integrar-se à sociedade como
agente transformador e construtor de uma nova mentalidade.
No âmbito das Leis de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), as Línguas
Estrangeiras Modernas recuperam, de alguma forma, a importância que
durante muito tempo lhes foi negada. Considerada, muitas vezes, como
pouco relevante, adquire agora a configuração de disciplina tão importante
quanto qualquer outra da grade curricular.
Assim, integrada à área de linguagens, códigos e suas tecnologias, a
LI assume a condição de fonte indissolúvel do conjunto de conhecimento
que permite ao aluno aproximar-se de várias culturas, propiciando uma
integração num mundo globalizado onde se faz muito o uso das TIC.
A habilidade de aprender o idioma questionado torna-se relevante
pela necessidade de alcançar níveis imprescindíveis de captação de novos
conceitos, de novas possibilidades de apreensão vocabular, como também
de efetivação da LE. Vale refletir sobre a língua inglesa que significa afirmar
sua sociabilidade, ou seja, sua condição de garantia ao falante de melhoria
qualitativa de vida.
Como foi refletido, o ensino da língua inglesa nas escolas tem
contribuído para a aquisição de novas habilidades, tanto a nível de
socialização quanto ao nível de profissionalização, sabendo que, ao aprender
um novo idioma, novas possibilidades de empregabilidade se apresentam
como alternativas profissionais.
O ensino desta disciplina deve ser efetivo principalmente, para o
educando que percebe sua riqueza, sua necessidade social, sua perspectiva
de ascensão profissional e melhoria na aprendizagem de novos conteúdos,
compreensão de culturas novas e conteúdos veiculados mundialmente.
O professor, por sua vez, sabendo de sua missão de facilitador da
aprendizagem da LE, percebe que é de sua responsabilidade, dotar os
SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 133
educandos de competências para saber utilizar a aprendizagem adquirida
na escola, no contexto social. Vale ressaltar que, as escolas precisam estar
abertas para as possibilidades de inovação dessas novas tecnologias no
processo de ensino e aprendizagem.
Os recursos educacionais estão se moldando aos novos conceitos de
ensino e estes devem ser repassados para assimilação da comunidade escolar
colaborando com a construção de uma nova forma de ensino atendendo
aos anseios de todos que compartilharem dela.
Assim, refletir sobre as novas habilidades desta aprendizagem implica
dizer que há uma importância ao reconhecer que através deste conhecimento
reúne num mesmo idioma idealizações inerentes à espécie humana.
Desta maneira, é pertinente que o ensino de idiomas também esteja
focado nesta vertente metodológica buscando cada vez mais caminhos que
possam com o uso das TIC alcançar resultados satisfatórios no ambiente
escolar seja na modalidade presencial e/ou à distância.
Hoje podemos contar com um imenso número de desenvolvedores
de softwares educativos; portanto, há no mercado uma infinidade de bons
materiais que possibilitam ao educando trabalhar um ensino de línguas
dando conta das habilidades: oral, escrita e auditiva.
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LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 134
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SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 135
https://doi.org/10.52788/9786589932147.1-7
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 136
criadas a fim de aproximar os falantes e possibilitar a interação sincrônica,
por meio de videochamadas, vídeos, envio de fotos, memes, dentre outros
arquivos similares.
Desta forma, ao considerarmos como pressuposto tal afirmação,
torna-se relevante o estudo dos gêneros textuais por apresentarem estrutura
de cunho social e dialógico no cotidiano dos falantes, por serem flexíveis
no uso e na adequação não só vocabular como também nos aspectos
linguístico-discursivos.
Em consonância à ideia apresentada, Bakhtin (2003, p. 291) define
que “... a variedade dos gêneros do discurso pressupõe a variedade dos
escopos intencionais daquele que fala ou escreve”, ou seja, toda construção
discursiva quer seja verbal, não verbal ou a combinação desses elementos,
apresenta por detrás de si, uma intenção discursiva e, em alguns casos,
também retórica.
A par disso, a rapidez da disseminação e a flexibilidade linguística dos
gêneros textuais aceleram a penetração entre as demais práticas interpessoais.
Para Marcuschi (2008, p. 16) “[...] os gêneros textuais são formas de
organização e expressões típicas da vida cultural”, semelhantemente, na
visão bakhtiniana, eles servem como instrumentos comunicativos com
propósitos específicos.
Para além disso, desde a Grécia Antiga, o indivíduo vem encontrando
meios de produzir a linguagem pelos rabiscos ou traços deixados nas
cavernas, pedras até chegar aos dias atuais com a sorte de Gêneros Textuais
existentes, tais como as cartas, e-mails, bula de remédio, lista de compras,
memes, entre tantos outros. Nessa perspectiva, Marcuschi aponta que os
gêneros textuais são atividades discursivas socialmente estabilizadas que se
prestam aos mais variados tipos de controle e inserção social. Semelhante a
tal pensamento, Bronckart (1999, p. 103) afirma que “[...] a apropriação de
gêneros é um mecanismo fundamental de socialização, de inserção prática
nas atividades comunicativas”.
Sendo assim, é apropriado pensar a possibilidade dos memes serem
considerados ou reconhecidos como um dos diversos gêneros existentes.
Uma vez que a base de formação deles é oriunda da charge, num processo de
SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 137
assimilação de um gênero para criar um novo, o qual Marcuschi denomina
intergenericidade.
Estima-se que o conceito de meme teria sido criado pelo zoólogo e
escritor Richard Dawkins, em 1976, quando publicou a obra The Selfish
Gene (O Gene Egoísta), além dessa ideia, é percebido que, assim como os
genes, os memes, por ser uma estrutura de informação, têm a capacidade
de se propagar e “viralizar” nas plataformas digitais. Ademais, entende-se
que este conceito é tudo aquilo que pode ser imitado e espalhado com
rapidez entre os falantes, visto que podem ser consideradas como unidades
meméticas: as frases, os vídeos, as ideias, as músicas, entre outros gêneros
afins. Inclusive, o comportamento humano nas situações cotidianas.
Segue abaixo figurinha compartilhada no whats app, ressaltamos
que esse tipo de material memético é expressivo e contém não só
intertextualidade, interdiscurso, comportamentos pragmáticos,
igualmente, as construções espontâneas por meio da Neologia. Ainda
nessa visão, cabe ressaltar que o recorte histórico deste trabalho retrata os
materiais construídos, no decorrer da pandemia do novo Covid 19, em
março de 2020 aos dias atuais.
Assm, percebemos na figurinha 1, a criação do verbo “sextar” a partir do
substantivo “Sexta-Feira”. Tal sentido foi atribuído a partir do cunho social
que a “Sexta-feira” proporciona uma vez que,socialmente, este dia é o mais
esperado para celebrar com amigos e família, descansar, ou seja, desfrutrar a
vida. No entanto, houve quebra de expectativa empregada pela conjunção
adversativa “mas”, visto vez que, devido às circunstâmcias de epidemia, o
“sextar” torna-se inviável. Observamos também outro elemento presente,
nesta composição, a intertextualidade remetendo ao texto base que seria
a Bíblia Sagrada. Logo, essa figurinha remete aos comandos designados
por Deus por meio de Moisés a fim de que o povo obedecesse aos Dez
Mandamentos, porquanto o verbo criado está no imperativo indicando
uma ordem, igualmente como aparece nas escrituras.
SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 138
Figura 1: Figurinha 1
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 139
Figura 2: Figurinha 2
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 140
O autor também entende que o texto é manifestação do discurso, não
é necessário que ele mantenha relações dialógicas explícitas com outros
textos. Contudo, quando isso acontece, se denomina intertextualidade.
Mais adiante, Laurent Jenny apud Valente (2002) subdivide a
intertextualidade em interna, aquela em que o autor cita a si próprio e
a Intertextualidade Externa, quando o autor cita outro(s) autor (es).
Semelhantemente,Valente (2002) a desmembra ainda em explícita,
quando a citação acontece na íntegra; ou Implícita, se a citação for parcial
ou modificada e observa que a Intertextualidade Externa é mais utilizada
que a Interna, e a Implícita mais complexa que a Explícita.
Por fim, Koch (1986) distingue intertextualidade em sentido amplo
e em sentido estrito. Em sentido amplo, denomina-se, segundo ela, sob a
perspectiva da Análise do Discurso, interdiscursividade ou intertextualidade
constitutiva. Assim, Maingueneau (1976, p. 39) apud Koch (2016, p. 60)
afirma que um intertexto é um componente decisivo das condições de
produção: “um discurso... constrói-se através de um já-dito em relação ao
qual toma posição” da mesma forma, Pêcheux (1969) apud Koch (2016)
afirma que “um discurso se estabelece sempre sobre um discurso prévio...”.
Véron (1980) apud Koch (2016) descreve, ainda, o conceito de
intertextualidade profunda, na qual o estudo de textos mediadores, que
não aparecem na superfície do discurso, mas funcionam como momentos
ou etapas de produção, pode oferecer esclarecimentos fundamentais no
processo de leitura e recepção. Ademais, que um texto não tem propriedades
"em si": caracteriza-se somente por aquilo que o diferencia de outro texto.
Por meio dessa comparação, Koch (2016) afirma que é possível detectar
também propriedades formais ou estruturais comuns a determinados
gêneros ou tipos (intertextualidade de caráter tipológico).
Percebe-se, deste modo, como o estudo da intertextualidade é
importante para o trabalho a partir da leitura e produção dos diversos
gêneros textuais, já que, como afirma Kristeva (1974, p. 60) apud Koch
(2016, p. 62), “Qualquer texto se constrói como um mosaico de citações e
é a absorção e transformação de outro texto”.
SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 141
Koch (2016) considera a intertextualidade em sentido restrito a
relação de um texto com outros textos efetivamente produzidos, que
pode ser construída a partir da associação com a forma/conteúdo de
forma explícita ou implícita, como já foi mencionado; ou fundamentada
nas semelhanças, como estratégia argumentativa; ou diferenças, como
nas paródias e ironia.
Koch (2016) explica, então, que todo texto se relaciona com o seu
anterior e, evidentemente, com outros textos desse exterior com os quais
dialoga ao retomá-lo, aludi-los ou se opor a eles. Por essa razão, segundo a
autora, Beugrande e Dressler (1981) apontaram a intertextualidade como
um dos fatores de textualidade.
Nesse mesmo olhar, Antunes (2 009, p.50) considera a textualidade
como “aquilo que dá sentido global ao texto e o faz ser reconhecido como
categoria textual.” No mesmo sentido, Costa Val (2016, p. 5) define
textualidade como um conjunto de característica que faz uma produção
escrita ser, de fato, um texto e não um grupo de frases soltas.
Segundo a autora, a partir do final dos anos 1960, houve mais interesse
nos estudos sobre os princípios constitutivos do texto e os fatores envolvidos
em sua produção e recepção. Concomitantemente a isso, no campo da
Linguística, ganharam destaque estudos voltados para fenômenos que
ultrapassam os limites da frase, como o texto e o discurso. Conte (1977)
apud Costa Val (2016) apontou a existência de três momentos tipológicos
de estudo do texto na Linguística textual.
O primeiro caracteriza-se pela análise “transfrástica”, com atenção
voltada para as relações entre os enunciados de uma sequência, demonstrando
interesse em explicar o emprego do artigo e a correlação entre os tempos e
modos verbais, por exemplo. O segundo surgiu a partir da necessidade de
ultrapassar os limites da frase, analisar os enunciados e perceber que o texto
deve ser visto como uma unidade lógico-semântica.
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 142
No terceiro momento tipológico, por fim, o texto é visto como um
acontecimento social, que não se encerra nele mesmo, mas se produz na
relação desse texto com o contexto em que ele ocorre nas ações que, por
ele, os falantes realizam.
Assim, para alcançar a textualidade, além da coerência e da
intertextualidade, Beaugrande e Dressler apud Costa Val (2016) também
apontam como fatores responsáveis, a coesão (manifestação linguística
da coerência, através de conceitos expressos na superfície textual); a
intencionalidade (refere-se ao empenho do produtor em construir um
texto capaz de satisfazer seus objetivos); a aceitabilidade (relacionada
às expectativas e o esforço do recebedor para que um texto seja coeso,
coerente e relevante); a situacionalidade (adequação do texto à situação
sociocomunicativa) e a informatividade (relacionada ao uso de informações
novas ou já conhecidas pelo interlocutor).
Assim, Valente (2002) aponta que, para um texto ser bem
compreendido, é necessário que se considerem três aspectos: o pragmático,
que se refere ao seu funcionamento enquanto atuação informacional e
comunicativa; o semântico-conceitual, de que depende sua coerência; e o
formal, relativo à sua coesão.
O autor destaca ainda que a coerência é um fator fundamental da
textualidade, uma vez que é responsável pelo sentido do texto e envolve
não só aspectos lógicos e semânticos, como também cognitivos uma vez
que depende do conhecimento partilhado entre os interlocutores.
Os resultados gerados pela leitura intertextual e interdiscursiva
presentes em alguns textos midiáticos são diversos e não estão desprendidos
de um contexto para a produção de sentido pelo leitor.
Com este trabalho, objetiva-se, assim, realizar um estudo mais profícuo
sobre a intertextualidade e demonstrar, a partir da análise de alguns memes
que são frequentemente veiculados na internet, na subcategoria figurinhas
de Whatsapp, que esse importante recurso linguístico, além de ser um
princípio da textualidade, é também um fator de coerência, uma vez que
quem o desconhece, encontra obstáculos para a compreensão dos textos.
SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 143
A intertextualidade designa não uma soma confusa e misteriosa de influências,
mas o trabalho de transformação e assimilação de vários textos, operado por um
texto centralizador, que detém o comando do sentido. (JENNY, 1979, p. 14
apud VALENTE, 2002, p. 181)
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 144
recursos linguísticos empregados em sua constituição, como também para
a reflexão acerca de todas as estratégias e atividades sociocomunicativas e
interdiscursivas envolvidas em sua veiculação.
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 145
Referências
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 146
https://doi.org/10.52788/9786589932147.1-8
Introdução
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 147
enfoque na estrutura da língua, é trabalhado com os alunos por meio de
gêneros textuais, tudo se transforma com o dialogismo, uma vez que, nele,
as coisas transitam, são móveis e estão inseridas nas práticas sociais.
Nessa esteira, consideramos relevantes as perspectivas de
multiletramentos trazidas por Rojo (2013) e Kope e Kalantzis (2009), ao
considerar uma multiplicidade de linguagens, semioses e mídias envolvidas
na criação de significação aos textos multimodais da atualidade. Os gêneros
são, portanto, discursivos, modificando-se a todo momento, uma vez que
há gêneros que vão ficando obsoletos, abrindo caminho para o surgimento
de novos gêneros, a todo momento (basta olharmos, por exemplo, o quanto
as novas tecnologias contribuem para isso).
Conhecer as teorias do dialogismo bakhtiniano, dos multiletramentos
e as que exploram os gêneros emergentes, transitando por uma perspectiva
decolonial, contribui para o trabalho de transformação do currículo, de tal
modo que ele não (re)produza mais os sistemas de dominação, tampouco
as parcialidades desses sistemas. Nesse sentido, pretendemos refletir sobre
essas questões, a fim de abrir um leque de possibilidades que nascem ou
surgirão de questionamentos que podem emergir em uma produção textual
em sala de aula.
Essas questões podem ser vislumbradas a partir da compreensão de que
a construção de significados, diante de um contexto social, inclui muito
mais do que seres humanos. Há uma dinâmica na organização, com a
ligação e interdependência de elementos que abrangem o ambiente na sua
totalidade. Assim inclui: fauna, flora, arquiteturas, recursos tecnológicos,
medicamentos, entre outros (LEMKE, 2010). Nesta relação, é estabelecido
um processo de retroalimentação, proveniente de emoções, de sensações,
de insumos, de serviços, de materiais, de transações financeiras e de saberes/
conhecimentos que, situados, vão se modificando, conforme cenário e suas
influências e afetações.
Dito isso, direcionamos nosso olhar para a Base Nacional Comum
Curricular (BNCC), documento que estabelece diretrizes, a fim de
SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 148
nortear as políticas locais educacionais, refletindo nos currículos escolares.
Destacamos, ainda, alguns pontos muito relevantes para essa discussão:
1) conceito de linguagem segundo a BNCC; 2) gêneros emergentes e 3)
ampliação das possibilidades de produção textual, em Língua Portuguesa,
nos anos finais do ensino fundamental. Ressaltamos que tais discussões
são afetadas e permeadas pela concepção de linguagem bakhtiniana,
estendendo-se para o multiletramento.
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 149
que se percebe em nossa sociedade é um uso indiscriminado de remédios
elaborados para atender o objetivo do imaginário “ideal” do pensamento
que emerge de uma sociedade neoliberal e capitalista, que tem pressupostos
que discriminam, hierarquizam, selecionam, contabilizam pessoas.
Desse modo, pode-se considerar que a medicação acaba tendo
maior legitimidade, ou seja, seu efeito é maior quando prescrita por uma
“autoridade”, seja ela um governante, um líder revolucionário, um líder
religioso, um especialista, um educador etc. A medicação oriunda de quem
lidera exerce uma influência maior e tem o poder de reforçar ou atenuar
violências pelo status de quem domina.
Vale destacar que tais violências são inerentes a cada um de nós, seres
humanos. Somos constituídos por preconceitos, racismos e ideologias
radicais que disseminam mais violências, as quais podem se instalar de
forma individual e social: individual, quando há um efeito intensificado da
violência em um organismo único, o que gera mais enfermidades, como
autopunição, submissão e anulação; social, quando as violências, revestidas
de medidas, políticas e posicionamentos penetram nas convicções de
pessoas. Pessoas que quando não exercitam a autocrítica e se utilizam da
ética, acabam se automedicando e contaminando outras pessoas.
Mesmo quem é muito experiente e tem a intenção de regular a
violência, com a sua dosagem considerada adequada, pode reforçá-la,
uma vez que cada organismo tem uma reação diferente, levando em conta
o seu estado naquele momento, ou seja, o quanto, por quem e como
está afetado pela violência, tendo em vista que o ser humano é feito de
linguagem e a linguagem gera existência. Quem fala, fala de um lugar, de
um ponto demarcado na história e no tempo. Tomar a linguagem como
alvo de investigação e sob o aspecto de que todos somos constituídos por
ela implica compreender o desenvolvimento de pesquisas sobre o seu uso e
os diferentes efeitos de sentido que ela pode produzir.
De acordo com Fiorin (2018), na concepção de linguagem
bakhtiniana, a língua, em seu uso real, possui propriedade dialógica, ou
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LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 150
seja, é sempre perpassada pela palavra do outro, é sempre a manifestação
do dito pelo outro. Nessa esteira, a fonologia, a morfologia ou a sintaxe não
dão conta de explicar o funcionamento real da linguagem, e o enunciado
é um acontecimento único, que não pode ser repetido. Enquanto
as unidades da língua não possuem dono, ou seja, não têm autor, os
enunciados possuem autoria, revelando uma posição e dirigindo-se a
alguém. As unidades linguísticas são dotadas de neutralidade, ao passo
que os enunciados trazem consigo juízos de valor, emoções etc.
Para Fiorin (2018), um enunciado possui natureza heterogênea e
sempre revela, pelo menos, duas vozes, duas posições (a sua e aquela em
oposição à qual ele se forma, portanto, uma exibição do seu direito e do
seu avesso). O indivíduo tem a percepção ilusória e necessária de estar
produzindo algo novo, ao passo que o que faz é reproduzir ditos já existentes.
Compreende-se, portanto, que todos os enunciados se constituem a partir
de outros. No jogo das vozes, não existe neutralidade: elas não circulam
fora do exercício do poder.
O autor enfatiza que a teoria bakhtiniana apresenta uma concepção
em que o enunciador incorpora vozes de outros enunciados. Estamos,
pois, diante de um dialogismo mostrado. Para a inserção do discurso do
outro no enunciado, o filósofo apresenta duas maneiras de fazê-lo: uma em
que o discurso alheio é abertamente citado e separado do discurso citante
(discurso direto, discurso indireto, aspas, negação); e, outra, em que o
discurso é bivocal e não há separação nítida entre o enunciado citante e o
enunciado citado (paródia, estilização, discurso indireto livre).
Para finalizar suas considerações sobre a teoria do dialogismo, Fiorin
(2018) expõe que, na obra bakhtiniana, não é possível falar de um sujeito
assujeitado. O sujeito não se submete, portanto, às estruturas sociais. O
que ocorre, para o filósofo, é que o sujeito atua em relação aos outros
(constitui-se do outro). Em razão de o sujeito não absorver apenas uma
voz, mas sim, várias vozes (que estão em relações diversas, de concordância
ou discordância entre si), pelo fato da relação com o outro ser constante,
SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 151
o mundo interior nunca está concluído, fechado, mas está sempre sendo
alterado pelo contato. Estamos, pois, diante de um sujeito dividido (o
que não significa nem desdobrado, nem compartimentado): ele não é
completamente assujeitado, pois participa do diálogo de vozes, no mundo
interior, de maneira particular. Trata-se de um sujeito integralmente social
e inteiramente singular.
Quanto aos enunciados, construídos pelo sujeito, são
constitutivamente ideológicos, uma resposta ativa às vozes interiorizadas.
São históricos, uma vez que são produzidos em determinado espaço
temporal. Quem fala, fala em um momento e em determinado lugar. Essa
historicidade é apreendida no movimento linguístico de constituição dos
enunciados.
A partir de tais ideias, em que ressaltamos a dinamicidade e a
complexidade da linguagem, deslocamos nossa escrita para outro item que
trata dos multiletramentos. Tema que emergiu de discussões do Grupo
de Nova Londres, estudiosos preocupados com os efeitos, em contextos
pedagógicos, das enormes mudanças ocorridas globalmente, uma vez que
que essas mudanças reverberam em novas atividades humanas e em novas
práticas que a elas se associam diante dos ambientes de comunicação atuais.
(GRUPO DE NOVA LONDRES, 2000).
1 Tradução nossa do original: Do original: influenced by multicultural studies and simultaneously attuned to
the digital turn in the late 1990s, the group chose the prefix multi as a way to encompass both the need to
expand representational settings as a way to acknowledge the visibility of different social and cultural contexts,
as well as the need to expand communicational settings as a way to foster multimodal meaning making processes
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LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 152
Vale destacar que Duboc e Souza (2021) trazem uma leitura crítica da
proposta inicial dos multiletramentos. Um dos aspectos apontados nessa
leitura é de que em muitos textos e discussões acadêmicas, o conceito de
multiletramentos se apresenta com sentido semelhante ao de letramentos
digitais.
Corroboramos com os autores e ressaltamos que por mais que
tratemos de gêneros vinculados ao meio digital e/ou virtual, não podemos
compreender multiletramentos como sinônimo de letramentos digitais. O
que podemos evidenciar são os contextos atuais que os contemplam. Dessa
forma, os gêneros discursivos emergem do ciberespaço e demais recursos
tecnológicos e a escola não pode ficar alijada dessas evoluções e movimentos
que transformam a nossa sociedade.
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 153
A competência remete a algo fixo que se adquire, a um produto, que
tem um início e um fim, ou seja, quem possui dada competência consegue
lidar com situações urgentes (PERRENOUD, 2000), mas, como podemos
afirmar que o aluno, ao adquirir determinada competência, conseguirá
lidar com todas as contingências que possam surgir?
Vejamos outra passagem da BNCC (2017) que trata da linguagem:
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 154
Se pensarmos a linguagem como uma prática social, em consonância
com a concepção bakhtiniana, corroboramos a ideia de uma reflexão crítica
tida como meio e não um fim e de participação no mundo. Entretanto, tal
ideia apresentada na sua continuidade do trecho da BNCC é contraditória
nos aspectos inerentes às sistematizações, às seleções e conclusões. Não
podemos afirmar que uma análise terá uma conclusão caso ela se restrinja
em um único entendimento, em uma única compreensão, sem abertura
para outras significações, desconstruções e ressignificações. Entendemos a
conclusão como algo situado e provisório, por isso contestável, mediante
ocorrências que podem afetar a situação tida como encerrada ou resolvida.
“A educação demanda de uma melhoria ecológica, sistêmica e de
longo prazo que, por sua vez, seja inclusiva”. (COBO; MORAVEC, 2011,
p. 20).2 Efetivamente, lidamos com situações complexas que envolvem
questões históricas, sociais, políticas e econômicas, dessa forma é relevante
o desenvolvimento de um pensamento ecológico que induz a trabalhos em
âmbito educacional, sem hierarquizá-los. Esse entendimento, deve levar em
conta as compreensões individuais e suas relações sociais que contribuem
na construção de pessoas corresponsáveis na produção e gerenciamento das
ações pedagógicas, o que gera atitudes em que há reciprocidades, portanto,
mais justiça social e inclusão.
Para que isso aconteça, a reflexividade e autocrítica (TAKAKI, 2019)
devem permear o processo de “mudar, refazer e criar” (FREIRE, 2014, p.
200), uma vez que as diferenças são enfatizadas e as mudanças acontecem
quando se exercita a curiosidade crítica. Quando treinamos ou adestramos,
nos valemos de processos mecânicos que divergem de formar e educar,
ações desenvolvidas com criticidade. (FREIRE, 2014).
2 Tradução nossa do original: La educación demanda una mejora ecológica, sistémica, de largo aliento y que a
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LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 155
Multiletramentos
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 156
aberturas e modificações, envolvendo uma visão em que o professor
comanda e o aluno obedece, não tem mais espaço em uma sociedade
complexa na qual vivemos. Enfatizamos que, em um contexto com olhar
para aspectos educacionais multifacetados
3 Tradução nossa do original: [...] teachers are dependent on the context of the classroom as a starting point
from which to design the contents of their classes. They are thus forced to deal with the unknown, the uncertain,
the unexpected. The focus, then, is placed on performance and performativity rather than competence, instability
rather than stability and improvisation rather than planning.
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LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 157
Um exemplo é a obra “Letramentos”, dos autores Kalantzis, Cope e
Pinheiro (2020), na qual abordam questões referentes à globalização, novas
mídias, transformação das linguagens e o papel da escrita nesse processo
desenvolvendo a ideia do porquê dos multiletramentos/letramentos.
Já o “o quê” é detalhado em cinco capítulos da referida obra, tratando
profundamente da construção de significado. Dessa forma, traz os
letramentos como designs multimodais de significado, contemplando a
construção de sentido pelo tátil e gestual, no espaço, na leitura, na escrita
e no visual. (KALANTZIS, COPE E PINHEIRO, 2020). E o “ como”
é mencionado nos capítulos que tratam dos letramentos para pensar
e aprender, letramentos e diferenças entre aprendizes e parâmetros de
letramentos e avaliação.
4 Tradução nossa do original: [...] contribuir al debate que busca relacionar lo que ya sabemos sobre los diferentes
modos de aprender, de manera que se puedan intensificar los logros en el aprendizaje de una sociedad cada vez
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más interconectada.
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 158
contexto, mas o importante é ter em mente o movimento, o transitar entre
as opções, como estratégia de inclusão, atendimento à diversidade e como
estratégia para lidar com as contingências do ambiente escolar.
Somos constituídos no coletivo e estamos em permanente construção,
logo nossas “opiniões e posições não são apenas pessoais ou desvinculadas
de um contexto, constroem-se socialmente, dentro de círculos de relações.”
(MONTE MÓR, 2019, pp. 329-330).
Nesse contexto, partimos da premissa de que, ao desenvolvermos
uma atividade de produção textual com o aluno, convém que ele seja
provocado, instigado e mobilizado a usar seus sentidos, a fim de trazer
para a sua produção visões “outras” que não seriam possíveis em uma aula
“padrão”, ou seja, em que se vislumbre “uma busca comum de sentidos
[...], respondendo às expectativas das instituições que geram e regulam”
(MONTE MÓR, 2019, p. 320) os possíveis significados. Segundo Monte
Mór (2019), essa busca é movida pelas forças dominantes que permeiam
a sociedade, todavia não são permanentes. Tal autora as denominou de
habitus interpretativo em analogia a habitus linguístico de Bourdieu (1996).
Em razão disso, professores e alunos possuem conjecturas que emergem
das suas experiências na educação. Dessa maneira, a rejeição e estranheza
na mudança de práticas pedagógicas podem partir tanto do professor
quanto do aluno. Quem estiver à frente dos projetos de transformações
das práticas pedagógicas deve estar preparado para lidar com os conflitos.
Salientamos que os conflitos não devem ser descartados, pois são
importantes para a reconstrução de sentidos. Para propiciar esses momentos,
atividades que envolvem as diversas vozes na sala de aula são pertinentes,
tendo em vista que “em cada círculo social [...] em que o homem cresce e
vive, sempre existem enunciados investidos de autoridades que dão o tom,
como as obras de arte [...] nas quais as pessoas se baseiam, as quais elas
citam, imitam, seguem.” (BAKHTIN, [1979] 2011, p. 294).
SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 159
Voltando para o espaço educacional, Gee (2004, p. 80-81) afirma que as
[...] salas de aula raramente são espaços onde todos compartilham muitos
interesses e conhecimentos (amplo conhecimento), enquanto cada pessoa tem o
seu próprio intensivo conhecimento para adicionar como um recurso potencial
para outros. [...]
Tanto Monte Mór (2019) quanto Gee (2004) mencionam que na sala
de aula/escola, o foco está no individual, partindo de conhecimentos tidos
como universais distribuídos para todos e há pouco compartilhamento de
saberes/conhecimentos, o que restringe a aprendizagem.
Nessa situação, a escola acaba indo numa via paralela das demandas
da sociedade, contra uma pedagogia situada, e precisamos lidar com
várias linguagens presentes e necessárias nas atividades diárias. Recursos
tecnológicos, como celular, tablet e computadores nos conectam à
rede. Assim, somos estimulados por sons, imagens, movimentos, cores
e hipertextos que agem em sinestesia e fazem com que passemos a (re)
produzir significados. Somos movidos nesta rede de comunicações, de
produções coletivas, de coautorias, de coparticipações que, muitas vezes,
são restritas na escola, por motivos estruturais e/ou de rigidez do currículo.
5 Tradução nossa do original: [...] Classrooms are rarely spaces where everyone shares lots of interests and
knowledge (extensive knowledge), while each person has his or her own intensive knowledge to add as a
potential resource for others. Classrooms tend to encourage and reward individual knowledge stored in the
head, not distributed knowledge. They don’t often allow students to network with each other and with various
tools and technologies and be rewarded for doing so, rather than being Situated language and learning rewarded
for individual achievement. Furthermore, classrooms tend to narrowly constrain where students can gain
SUMÁRIO
knowledge, rather than utilize widely dispersed knowledge. (GEE, 2004, p. 80-81)
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 160
Retomando a (re)produção de significados, ressaltamos que quando
advindos
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 161
Quadro 1 - Gêneros digitais emergentes
1. Ciberpoema ou poema virtual/digital: Poemas construídos em meio digital, que suporta
animações e permite, em muitos casos, a interação com a produção do autor e até a criação de
novos textos. (TREVISAN, 2021, p. 18).
Exemplos: https://www.youtube.com/watch?v=flZGv1CgJ58.
2. Vídeo no YouTube (Canal): Para criar um canal é preciso realizar um cadastro e inscrever-se
no site, que possui mais de 1 bilhão de usuários. Em seguida, é possível personalizar a conta e
moldar o canal de vídeos segundo o perfil do usuário. O canal no YouTube tornou-se tão popular
atualmente que alguns possuem milhares de seguidores por todo o mundo. As temáticas abordadas
nesses ambientes são as mais variadas possíveis. No entanto, conforme o site “Tecmundo”, cada
canal parece ser moldado de acordo com uma temática específica. Existem canais para divulgação
de personalidades públicas, existem canais infantis em que a/ o youtuber (autor do canal) posta
vídeos ensinando brincadeiras, compartilhando viagens ou relatando desafios realizados. Por outro
lado, existem canais que dão dicas de filmes, avaliam músicas, compartilham experiências, entre
outros. (GUIMARÃES, 2019, p. 59).
Exemplos: https://www.youtube.com/.
3. Fanfics: Etimologicamente falando, a palavra inglesa fanfiction é derivada do termo fã que,
por sua vez, tem origem latina, fanaticus, que quer dizer “devoto, pertencente a um templo”.
Portanto, fanfiction ou fanfic (sua respectiva abreviação) é a “ficção criada por fãs”, geralmente
no ciberespaço, postado em blogs e comunidades virtuais específicas (os fandoms), de cunho
individual ou coletivo. Elas apresentam regularmente dois formatos (contos ou romances). São
sempre elaboradas por terceiros, os quais não devem ter composto o enredo original e/ou oficial
da obra artística inspiradora (também chamada de cânone). Além disso, desprezam por completo
(ou quase por completo) o copyright, pois seus escritores (ficwriters) não almejam lucro iminente.
(PLÁCIDO, 2016, p. 10).
Veja exemplos no site: http://fanfiction.com.br/.
4. E-zine: [...] o ato de veicular, através da internet, produções artísticas ou divulgar informações
sobre elas fora das legitimadas instâncias comerciais de produção cultural. São, portanto, edições
eletrônicas, que abordam todo tipo de assunto, especialmente os que se referem a histórias em
quadrinhos, experimentações gráficas, bandas musicais independentes, conto, poesia, ficção
científica, entre outros. Resulta da expansão e migração do (fan)zine para o ambiente virtual.
(ZAVAM, 2007, p. 4).
Exemplo: https://areiahostil.com.br/.
SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 162
5. Whatsapp: De acordo com o site “WhatsApp.com”, o WhatsApp Messenger é um aplicativo
gratuito de troca de mensagens que funciona a partir de uma conexão com a internet. Em geral,
esse aplicativo é utilizado no celular, mas também pode ser acessado pelo tablet ou computador.
A interação nesse gênero pode ocorrer tanto de forma interpessoal, quanto hiperpessoal, com a
possibilidade de conversas em grupos, nas quais podem participar até 256 pessoas. Além disso, a
comunicação por esse gênero pode ocorrer de forma oral (mensagens de voz ou vídeo) ou escrita
(mensagem de texto) e é possível a utilização de diversos recursos semióticos, como fotos, vídeos
e emoticons. Alguns desses recursos podem ser anexados da memória do aparelho utilizado ou
gerados diretamente na câmera do aplicativo, que permite a captura instantânea de fotos e a criação
de vídeos.(GUIMARÃES, 2019, p. 47).
6. Podcasts: Pense em um programa de rádio. Um podcast nada mais é do que um programa
de rádio gravado e que o ouvinte pode escutar quando quiser. Além disso, para ouvi-lo você não
precisa sintonizar uma emissora: basta acessar um serviço de streaming, um site específico ou fazer
o download do arquivo digital.
A principal vantagem desse formato é a possibilidade de criar conteúdo de nicho sobre qualquer
tema. Enquanto uma emissora de rádio optaria pelos programas com maior apelo comercial, por
exemplo, um grupo de amigos que goste de falar sobre um determinado tema pode criar um
podcast, sem maiores aspirações financeiras para falar sobre aquilo de que gostam.
Para as empresas, esse formato pode ser uma maneira de dialogar com um público bastante seleto e
segmentado. Embora os números de ouvintes de um podcast possam não ser tão expressivos quanto
a audiência de um programa de TV ou de um site, podcasts reúnem um público fiel e bastante
orientado, o que pode significar resultados mais interessantes em sua estratégia. (NERDWEB,
2020).
Exemplo: https://jovempan.com.br/podcasts.
7. Posts: Postar é fazer uma publicação de um conteúdo que foi previamente elaborado, em uma
plataforma ou rede social, seja para entreter, atrair visitantes/leads/clientes, divulgar um produto,
aumentar o engajamento etc. A origem da palavra post, inclusive, tem a ver com postes. Sim,
esses de iluminação e energia elétrica. O ato de colar anúncios em postes ficou conhecido como
postagem. A palavra foi abrasileirada já que “post” tornou-se uma palavra universal por causa da
internet. (LOBO, 2021).
Exemplo: https://www.fabiolobo.com.br/o-que-e-post.html#post-de-entretenimento.
8. Tweets: O Twitter, segundo o site “Palpite Digital”, é uma rede social ou serviço de mensagens
de até 280 caracteres, por meio do qual os usuários podem enviar e receber atualizações de outros
contatos.
A micromensagem compartilhada, conhecida como tweet, pode ser visível publicamente ou apenas
para os seguidores, dependendo das configurações da conta. Os seguidores, por sua vez, são aquelas
pessoas que adicionam a rede de alguém para segui-la e acompanhar suas postagens. No Twitter é
possível seguir páginas de pessoas, sites ou empresas que também tenham uma conta. Assim, toda
mensagem compartilhada por eles aparecerá na página inicial do seguidor. Além disso, quanto mais
seguidores uma pessoa tiver, mais popular ela é considerada. (GUIMARÃES, 2019, p. 50).
Exemplo de como usar: https://help.twitter.com/pt/using-twitter#tweets.
SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 163
9. Trailer honesto: Assim como o trailer convencional, é um videoclipe criado para anunciar um
filme. No entanto, é geralmente produzido por leigos ou fãs de cinema e não pela indústria, o que
faz com que os aspectos negativos prevaleçam nos comentários e cenas. (TREVISAN, 2021, p. 17).
Exemplos: https://www.youtube.com/watch?v=1ui_Mk0ASto.
10. Gameplay: Vídeo que mostra um ou mais jogadores interagindo com um determinado game.
Ele explora todas as possibilidades do jogo e, em geral, traz orientações aos iniciantes. (TREVISAN,
2021, p. 17).
Exemplo: https://youtu.be/FEqlPpm9uYw.
11. Detonado: É uma variação do gameplay. Nesse caso, o vídeo mostra um passo a passo que
ensina a vencer cada uma das etapas do jogo, geralmente com legendas de texto ou texto e imagens
(capturas de tela). (TREVISAN, 2021, p. 17).
Exemplo: https://youtu.be/TR6KPf2RrhA.
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 164
as demandas da sociedade, contextualizando e fazendo com que a escola
vivencia situações mais próximas e relevantes para a comunidade escolar.
Algumas considerações
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 165
Referências
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Disponível em: https://nerdweb.com.br/noticias/2020/02/podcast-o-que-e-para-que-serve-
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TREVISAN, R. BNCC na prática: tudo que você precisa saber sobre Língua Portuguesa.
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SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 168
https://doi.org/10.52788/9786589932147.1-9
Introdução
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 169
Nas práticas de produção em sala de aula, é muito comum vermos o texto
como suporte de análise gramatical, como se o conhecimento estrutural
da língua fosse suficiente para dar conta das necessidades da “vida que se
vive” (MARX & ENGELS, 2011, p. 26), do trabalho e da sociedade.No
entanto, Antunes (2009, p.13) nos lembra que “Ainda falta perceber que
uma língua é muito mais do que uma gramática. (...) Toda a história, toda
a produção cultural que uma língua carrega, extrapola os limites de sua
gramática”, ou seja, precisamos enxergar a língua como forma de atuação
social e prática de interação dialógica.
A língua se manifesta por meio de textos, por isso, é essencial que
lancemos um novo olhar para o texto, analisando-o para além da sua
materialidade discursiva. Porém, para que façamos isso de maneira bem
fundamentada teórica e metodologicamente, é preciso termos clareza do
que entendemos por texto, pois dada a sua abrangência, o termo “texto”
por si só não deixa claro para o leitor nossas escolhas teóricas. Por isso,
salientamos que neste trabalho adotamos uma concepção interacionista
do texto, entendendo-o como um evento enunciativo singular, dinâmico,
multimodal, dialógico (constituído de uma heterogeneidade de vozes),
marcado por uma natureza essencialmente argumentativa em que os
sujeitos analisam o contexto sociocomunicativo, histórico e cultural para
construir (e negociar) sentidos. Essa noção de texto da Linguística de
Texto, redimensiona o fenômeno linguístico e traz algumas implicações
para o ensino-aprendizagem de línguas que ampliam o objeto de estudo
de investigação linguística, mas têm o texto como ponto de referência.
A produção de texto passa a ser uma atividade interativa, complexa, que
mobiliza uma grande variedade de saberes e requer conhecimentos de
multiplicidades semióticas presentes nos textos da hipermodernidade. Essa
concepção de texto alinha-se aos preceitos de uma Linguística Aplicada
Crítica (MOITA LOPES, 2016) que rompe com os monopólios do saber e
prepara o aluno de periferia, por exemplo, para ser responsivo a letramentos
emergentes dos grandes centros de produção de conhecimentos. Porém,
mais importante do que isso é descolonizar a produção dos saberes e
mostrar aos alunos que eles também produzem conhecimento.
SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 170
Em sala de aula, o professor deve propor atividades que deem conta
do texto como evento e que contemplem a sua multiplicidade semiótica,
sua natureza interacional, discursiva e argumentativa, além das muitas
vozes que o constituem. As novas tecnologias, os hipergêneros exercem
grande influência no modo como compreendemos e produzimos textos
e a Pedagogia dos Multiletramentos vai auxiliar o professor e os alunos
a entenderem a multiculturalidade presente no mundo globalizado e a
diversidade de linguagens dos textos.
Neste trabalho, apresentaremos uma proposta didática de Língua
Portuguesa pensada para alunos do 8o ano do Ensino Fundamental à
luz da Pedagogia dos Multiletramentos e a Teoria da Atividade Sócio-
Histórico-Cultural (TASHC) com base no currículo de Pernambuco e suas
respectivas competências e habilidades. Este trabalho tem como objetivo
geral oportunizar ao aluno avançar de forma autônoma no processo de
leitura e escrita do gênero bootrailer e, desta forma, democratizar os usos
de apreciação estética da linguagem na Língua Portuguesa, contribuindo
para melhorar o ensino da leitura e da escrita sob o viés das culturas juvenis.
Para compreender sua estrutura e ser capaz de produzir o gênero focal, o
aluno deve conhecer alguns textos que precedem à produção desse gênero,
a saber: a resenha, o resumo e o roteiro do booktrailer (gêneros orbitais).
Os objetivos específicos buscam dar oportunidade ao aluno de ter contato
com diferentes gêneros, linguagens, suportes e mídias, para que ele possa
assim, expressar-se por meio delas na Atividade social; trabalhar com os
alunos o hipertexto articulando-o à multimodalidade (hipermodalidade),
permitindo várias interconexões e a abertura à pluralidade de conhecimento
compartilhado; ampliar o repertório cultural do aluno, partindo de gêneros
conhecidos e propondo um hibridismo hipermodal desses mesmos gêneros,
além de uma avaliação crítica da língua, das linguagens e das ferramentas
escolhidas.
SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 171
Algumas frestas teóricas
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 172
& BARBOSA, 2013). No protótipo, consideramos um conjunto de gêneros
que estão engendrados (BAZERMAN, 1994) e que constituem a atividade
social (AS) “participação em um sarau”. Nesse enquadre, buscamos refletir
sobre as características enunciativas, discursivas, linguísticas, culturais,
multimidiáticas e multimodais da AS. Além disso, analisaremos como os
gêneros articulam-se na realização da Atividade social e na “vida que se
vive” (MARX & ENGELS, 2011, p.26).
O currículo de Pernambuco
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 173
Midiático, Artístico Literário, Práticas de Estudo e Pesquisa e Atuação na
vida pública). Para o trabalho focal, optamos pelo eixo da Produção de
textos escritos no campo artístico literário.
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 174
Currículo de Pernambuco (2019) em que “não é mais suficiente se ater,
apenas, à escrita manual e impressa nem a recursos linguísticos e leituras
lineares, visto que interagimos diária e intensamente com e por meio de
vídeos, áudios, imagens, textos em movimento, entre outros, dentro de
uma multiplicidade de cultura e linguagem” (PERNAMBUCO, 2019, p.
44)
Pode-se interpretar, a partir dessa colocação, que se faz urgente alinhar
as práticas escolares às demandas sociais, fazendo dos recursos digitais e
seus respectivos formatos e mídias instrumentos de cunho reflexivo sobre
os usos da língua, como também pautar por propostas que sinalizem a
potencialidade das múltiplas linguagens nos processos de aprendizagem
da Língua Portuguesa como eixo consolidador das práticas de produção
escrita colaborativas.
O documento destaca ainda que:
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 175
Súmula da proposta
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 176
Indicação das competências e habilidades a serem trabalhadas conforme
o currículo:
Competências gerais:
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 177
Competência 5: Desenvolver o senso estético para reconhecer,
fruir e respeitar as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais
às mundiais, inclusive aquelas pertencentes ao patrimônio cultural da
humanidade, bem como participar de práticas diversificadas, individuais
e coletivas, da produção artístico-cultural, com respeito à diversidade de
saberes, identidades e culturas.
Competência 6: Compreender e utilizar tecnologias digitais de
informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética
nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares), para se comunicar por
meio das diferentes linguagens e mídias, produzir conhecimentos, resolver
problemas e desenvolver projetos autorais e coletivos.
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 178
Competência 9: Envolver-se em práticas de leitura literária que
possibilitem o desenvolvimento do senso estético para fruição, valorizando
a literatura e outras manifestações artístico-culturais como formas de
acesso às dimensões lúdicas, de imaginário e encantamento, reconhecendo
o potencial transformador e humanizador da experiência com a literatura.
Competência 10: Mobilizar práticas da cultura digital, de diferentes
linguagens, mídias e ferramentas digitais para expandir as formas de
produzir sentidos (nos processos de compreensão e produção), aprender e
refletir sobre o mundo e realizar diferentes projetos autorais.
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 179
artísticas (cinema, teatro, artes visuais e midiáticas, música), preferencialmente
pernambucanas e regionais, quanto aos temas, personagens, estilos, autores
etc, e entre o texto original e paródias, paráfrases, pastiches, trailer honesto,
vídeos-minuto, vidding, dentre outros.
(EF89LP26PE) Produzir resenhas, a partir das notas e/ou esquemas
feitos, com o manejo adequado das vozes envolvidas (do resenhador,
do autor da obra e, se for o caso, também dos autores citados na obra
resenhada), por meio do uso de paráfrases, marcas do discurso reportado e
citações, contemplando as normas da ABNT e fazendo uso de recursos de
coesão.
(EF69LP53PE) Ler em voz alta textos literários diversos (contos de
amor, de humor, de suspense, de terror, crônicas líricas, humorísticas,
críticas), bem como leituras orais capituladas – compartilhadas ou não com
o professor – de livros de maior extensão (romances, narrativas de enigma,
narrativas de aventura, literatura infantojuvenil); contar/recontar histórias
tanto da tradição oral (causos, contos de esperteza, contos de animais,
contos de amor, contos de encantamento, piadas, dentre outros) quanto
da tradição literária escrita, expressando a compreensão e interpretação do
texto por meio de uma leitura ou fala expressiva e fluente, que respeite o
ritmo, as pausas, as hesitações, a entonação indicados tanto pela pontuação
quanto por outros recursos gráfico-editoriais (negritos, itálicos, caixa-alta,
ilustrações, etc), gravando essa leitura ou esse conto/reconto, seja para análise
posterior, seja para produção de audiobooks de textos literários diversos ou
de podcasts de leituras dramáticas com ou sem efeitos especiais e ler e/ou
declamar poemas diversos, tanto de forma livre quanto de forma fixa (como
quadras, sonetos, liras, haicais etc), empregando os recursos linguísticos,
paralinguísticos e cinésicos necessários aos efeitos de sentido pretendidos,
como o ritmo e a entonação, o emprego de pausas e prolongamento, o
tom e o timbre vocais, além dos recursos de gestualidade e pantomima
que convenham ao gênero poético e à situação de compartilhamento em
questão.
(EF69LP43PE) Identificar e utilizar os modos de introdução de outras
vozes no texto – citação literal e sua formatação e paráfrase -, as pistas
SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 180
linguísticas responsáveis por introduzir no texto a posição do autor e dos
outros autores citados (“Segundo X; De acordo com Y; De minha/nossa
parte, penso/amos que”...) e os elementos de normatização (tais como as
regras de inclusão e formatação de citações e paráfrases, de organização
de referências bibliográficas) em textos científicos, desenvolvendo reflexão
sobre o modo como a intertextualidade e a retextualização ocorrem nesses
textos.
(EF89LP9PE) Reconhecer e empregar mecanismos de progressão
temática, tais como retomadas anafóricas (“que, cujo, onde”, pronomes
do caso reto e oblíquos, pronomes demonstrativos, nomes correferentes
etc), catáforas (remetendo para adiante ao invés de retomar o já dito), uso
de organizadores textuais, etc, e analisar os mecanismos de reformulação e
paráfrase utilizados nos textos de divulgação do conhecimento.
(EF69LP33PE) Relacionar a linguagem verbal com a linguagem não
verbal e híbrida (esquemas, infográficos, imagens variadas, etc) na (re)
construção dos sentidos dos textos de divulgação científica.
Objeto da atividade social: Participar de uma roda de leitura e
discussão na atividade social “sarau”
Campos de atuação: artístico-literário
Objetos de conhecimentos:
- Reconstrução da textualidade e compreensão dos efeitos de sentidos
provocados pelo uso de recursos linguísticos e multissemióticos;
- adesão às práticas de leitura;
- relações entre textos;
- consideração das condições de produção;
- estratégias de escrita: planejamento, textualização e revisão/edição;
- construção de textualidade;
- recursos linguísticos e semióticos que operam nos textos pertencentes
aos gêneros literários.
Gêneros orbitais selecionados para o percurso da produção escrita:
Resenha crítica e roteiro de trailer(4 aulas iniciais)
SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 181
Parâmetros de textualidade a serem explorados: a referenciação e
a intertextualidade. (chamar a atenção dos estudantes para esses aspectos
linguísticos durante todo o percurso de construção para a escrita do gênero
focal)
Produção escrita a ser realizada: Booktrailer (6 aulas)
Roteiro que entrelaça a concepção de protótipos de ensino proposta
por Rojo e Moura (2012) somada a Teoria da Atividade Sócio-histórico-
cultural, a saber:
Fonte: A autora.
SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 182
No quadro 2 apresentamos o que pode ser feito em sala de aula
quanto aos aspectos de práticas de linguagem a serem mobilizados a partir
desta proposta:
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 183
Celulares, notebooks e computadores para acessar os
vídeos e textos em sites, revistas e jornais distintos;
projetor para a visualização compartilhada dos vídeos,
caderno para anotações; utilização de aplicativos para
elaboração dobooktrailer (Vivavídeo – Vídeo Editor
& Vídeo Maker; VídeoShow Vídeo Editor, Vídeo
Maker, Photo Editor; PowerDirector – Vídeo Editor
App, Best Vídeo Maker). Além disso, as produções
mencionadas (resenha, resumo, roteiro de booktrailer
e booktrailer) também envolvem remixagem,
hibridizações, curadoria (seja para selecionar o que é
confiável e o que não é).
Para saber mais:
Videocamp [https://www.videocamp.com/pt].
Plataforma que reúne e disponibiliza gratuitamente
Aspectos multimidiáticos
filmes que transformam.
Política Modo de Usar [https://globosatplay.globo.
com/globonews/politica-modo-de-usar]. Programa
televisivo que aborda iniciativas inovadoras na prática
política na América Latina.
Criativos da Escola [http://criativosdaescola.com.
br]. Projeto que incentiva propostas criativas para
transformação social, elaboradas por estudantes e
educadores. Believe.Earth [https://believe.earth/
pt-br]. Movimento que reúne histórias inspiradoras
sobre os mais diferentes temas.
Vimeo [vimeo.com]. Plataforma de vídeos com
produções dos mais diferentes gêneros, onde é
possível encontrar bons documentários para ampliar
o repertório.
SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 184
O trabalho com booktrailersna atividade social
focal envolve NTICs, faz uso de vários gêneros que
estão engendrados em um sistema e envolve diversas
mídias e linguagens já conhecidas. A nossa proposta
didática busca também ampliar o repertório cultural
dos alunos. Segundo Rojo & Moura (2012, p. 29),
numa Pedagogia dos Multiletramentos, os sujeitos,
mais do “usuários funcionais”, com conhecimento
técnico sobre uma determinada atividade social, por
exemplo,são criadores de sentidos que entendem o
uso os diversos tipos de textos, linguagens e mídias.
Mas, para isso é fundamental que eles sejam analistas
críticos de todo o processo da atividade social (Uma
atividade social depende de fatores sócio-históricos e
culturais, portanto, um sarau na capital, certamente
é diferente de um sarau no interior de um estado).
E é assim que os discentes vão mergulhar em novos
Como se dá o processo de
letramentos ressignificados e redesenhados (É assim
letramento crítico ao longo da
que eles vão perceber que tal qual os gêneros, as
atividade social?
atividades sociais, também são “relativamente
estáveis”. Essa percepção que se molda sob critérios,
conceitos e uma metalinguagem própria é que
vai garantir novos letramentos críticos e vai gerar
novas propostas de produção, em que os alunos vão
relacionar o que já sabem ao que foi aprendido, numa
prática transformada de redesign. Isso confere agência
à produção. Vale ressaltar que o Letramento crítico
entende a língua como discurso, concebendo-a
como prática social de construção de sentidos que
são atribuídos aos textos pelos sujeitos. No caso
desta proposta, ao discutirem colaborativamente
os critérios de avaliação do book trailer, os alunos
estarão engajados na criação de novas estéticas com
base em valores axiológicos culturais e locais. Todo
esse processo transforma os sujeitos de consumidores
a críticos em analistas críticos.
SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 185
Cada resenha ou booktrailer, por exemplo, faz parte de
um contexto sócio-histórico-cultural que, por sua vez,
apresenta uma determinada situação de comunicação.
Nossa proposta vai além do verbocentrismo, pois,
como atestam Cavalcante, Brito, Custódio Filho et
al l(2019), o texto é um evento enunciativo. Assim,
todo o trabalho com textos na atividade social, precisa
analisar além de elementos linguísticos do cotexto,
o próprio processo de construção textual (quem
escreveu o texto? Para quê? A quem ele (o texto)
Como se dá o trabalho com serve? Qual o contexto de produção desse texto? O
textos na atividade social? que está nas entrelinhas do texto? Esse texto dialoga
com quê? Logo, os sentidos, vão sendo (re)negociados
sempre que o texto é enunciado. Por exemplo, um
questionamento que pode ser feito aos alunos é: Será
que um determinado booktrailer, será visto da mesma
forma por pessoas de contextos diversos? Ou ainda:
Será que um book trailer em uma outra atividade
social vai despertar os mesmos sentidos nesses sujeitos?
Ou talvez: Será que esse mesmo gênero reconfigurado
num outro design, com outras mídias, despertaria os
mesmos sentidos nos interlocutores?
Fonte: A autora.
O gênero booktrailer:
O Booktrailer, ou trailer de livro, é um gênero digital dinâmico, um
trajeto detalhado entre o início e o fim de um texto literário que se quer
produzir. Traz as características necessárias e norteia para o produto que
é a apresentação de uma obra literária, criando, muitas vezes, o mesmo
ambiente emocional proporcionado pela leitura do livro.
SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 186
Os Booktrailers são uma das estratégias mais inovadoras para a
divulgação da leitura literária aliada ao letramento literário (COSSON,
2009) e sua vivência permitirá ao aluno se familiarizar não somente
com o gênero, como também com o funcionamento da linguagem do
audiovisual em geral, adquirindo condições de ter uma postura mais
crítica da representação do mundo em imagens em movimento. Cosson
(2016) destaca que ler literatura é viver um mundo de palavras todo seu,
já que estar em sintonia com uma prática social, como rodas de leitura e
saraus, que só crescem de maneira a respeitar os princípios éticos e almejar
as transformações político-sociais necessárias ao letramento crítico e à
pedagogia do Multiletramentos.
As etapas serão organizadas com atividades em que os alunos tenham
acesso a textos do gênero em questão, possam observá-los, analisá-los e
escrever seus próprios roteiros a partir do tema proposto. Além disso, serão
levados a observar que o novo gênero é um tipo de resenha que contém
resumo, opinião e argumento.
A revisão, a reescrita e a avaliação dos textos, serão feitas ao longo do
processo, à medida que as atividades forem sendo realizadas.
A elaboração do booktrailer originará um produto digital que levará o
educando a perceber outras formas de olhar o mundo, o lugar onde vive, a
comunidade escolar e a própria família por meio do viés estético do texto
literário.
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 187
contemporaneidade, no entanto, tais temáticas têm tentado se afastar do
modelo sociológico e investido em datas comemorativas que objetivavam
revelar apenas as singularidades culturais da sociedade comum. Para tanto,
dedica tempo maior às problemáticas da sociedade atual a fim de que elas
possam pôr em sala de aula com toda a sua complexidade, gerando no aluno
e no professor. Assim, selecionar não quer dizer restringir, mas exatamente
o contrário, selecionar significa valorizar. Isso porque a escolha de textos
desafiadores, que não caiam na sedução simplista e demagógica, que
provoquem perguntas, silêncios, imagens, gestos e rejeições é a antessala da
escuta (BAJOUR, 2019). Em seguida, o livro escolhido deve ser registrado
via aplicativo SKOOB (aplicativo para registro de leitura). Durante a
análise desses trailers, os alunos deverão observar: o gênero literário da
obra, o público-alvo, o efeito pretendido e os recursos visuais, textuais
e sonoros empregados. Assim, o professor deve conduzir a discussão do
gênero alvo/principal apontando a relação deste gênero com a resenha
escrita que contém resumo, opinião e argumento. Cabe salientar, que a
atividade será trabalhada em grupos de quatro componentes durante todas
as etapas da sequência didática.
Atividade
1. Comece perguntando aos estudantes se eles costumam assistir ou já
assistiram a um booktrailer. Anote os exemplos que surgirem para que você
possa investigá-los em aulas subsequentes. Para auxiliar na mobilização deste
momento cite exemplos de booktubers para dialogar com essa premissa.
2. Procure saber quais foram as mídias através das quais eles assistiram
aos booktrailers/resenhas
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 188
de produção e dos elementos que os compõem. Dessa forma, poderá ser
realizada uma primeira indicação da escrita de resenhas como possibilidade
de iniciar a apropriação do gênero principal desta proposta, que no caso do
booktrailer, servem de guia, sendo interpretadas oralmente nas gravações
segundo as características dos elementos paralinguísticos e cinésicos,
possibilitando a circulação desses textos em que se “fundem” os papéis
de leitor e autor (lautor), de consumidor e produtor. Para otimização do
trabalho com as capacidades de escrever, resumir e argumentar, montaremos
um grupo no Facebookpara exercício de escrita. A ideia é que os alunos
comentem as resenhas dos colegas numa perspectiva de escrita colaborativa
mediada por um roteiro montado de forma coletiva para apreciação
avaliativa dos textos produzidos.
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 189
4ª etapa - A produção do booktrailer propriamente dito
Durante esta etapa, os alunos deverão partir do que já foi desenvolvido
por eles, nas etapas 1, 2 e 3, e criar o documento em vídeo para ser publicado
no Facebook.
Passos fundamentais na construção de um booktrailer::
- escolher uma obra;
- escrever uma resenha e um resumo da obra;
- escolher os recursos que serão empregados na construção das partes
do vídeo;
- definir as funções de cada integrante do grupo: diretor, câmera,
atores, editor, roteirista etc;
- escrever um breve roteiro para as cenas com a descrição das ações;
- escolher um local apropriado para filmar.
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 190
ROJO; BARBOSA, 2015; ROJO; MOURA, 2012), Multimodalidade
(KRESS, 2010;KRESS; BEZEMER, 20009), Transmodalidade.(SHIPKA,
2016), Escrita (BAZERMAN, 2006; MARCUSCHI, 2008; RIBEIRO,
2018). As discussões apresentadas ao longo do trabalho trazem implicações
para sala de aula (SCHNEUWLY; DOLZ, 2004) que foram atravessadas
pelos conceitos das teorias da Linguística Textual e Linguística Aplicada, a
saber: texto e textualização, referenciação, intertextualidade, pedagogia dos
multiletramentos e orientações curriculares de Pernambuco.
Tais convergências de letramentos aplicados ao ambiente escolar
contribuem para a formação cidadã, já que a criação de comunidades de
leitores em sala de aula é primordial para o processo de apropriação e domínio
de práticas sociais de leitura e escrita do texto literário (COLOMER, 2007),
através da experiência estética. É importante notar que, embora a produção
escrita não seja o gênero focal, muitas atividades de leitura e de produção
com diferentes modalidades da língua e linguagem serão propiciadas pelo
trabalho com o gênero booktrailer, ao mesmo tempo em que um texto
literário de livre escolha do aluno e de sua relação com a tecnologia também
serão mobilizadas. Dessa forma, a sala de aula poderá propiciar aos alunos
um modo autêntico de aprendizado da própria língua(gem), respeitando as
culturas juvenis para a cidadania e para a ética e a compreensão de diferentes
modos de expressão e de agir que os circundam como protagonistas postos
à educação contemporânea.
Referências
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 191
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SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 192
https://doi.org/10.52788/9786589932147.1-10
Introdução
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 193
Ao se tratar de LD, a aprendizagem e manuseio destas novas tecnologias
se faz urgente. Com o surgimento de novos aplicativos, equipamentos,
gêneros textuais a cada nova versão do sistema, ou surgimento de novas
modalidades de interação. As metodologias de aprendizagem traçam um
percurso, porém para se o alcançar existem muitas incertezas, erros, acertos
e descobertas.
Essas TDIC acabam por estimular o surgimento de vários novos
gêneros textuais. Dentre esses gêneros, o blog é uma ferramenta utilizada
pelos internautas, ao observar essa possibilidade tornou-se comum
professores utilizarem-se desta ferramenta como uma metodologia
pedagógica de aprendizagem.
O objetivo principal deste trabalho de pesquisa seria investigar a
utilização do Blog como um espaço de produção de hipertextos, como
uma espécie de colaborador e facilitador dentro do processo de ensino
e aprendizagem. Sendo necessário incialmente discutir sobre letramento,
em seguida letramento digital e, por último a utilização do Blog como
ferramenta de aprendizagem.
Letramento
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 194
Em seus estudos, Soares (2016) exemplifica que através destas
modificações o termo letramento passa a ser associada ao termo
alfabetização, designando desta maneira uma aprendizagem inicial da
língua escrita, não se atendendo não apenas como a aprendizagem da
tecnologia da escrita, do sistema alfabético e suas convenções, como
também uma prática desta criança na introdução às práticas sociais da
língua escrita. O peso atribuído na aprendizagem inicial da língua escrita
na introdução da criança aos usos da leitura e da escrita nas práticas
sociais passa a representar uma divergência em relação ao objeto da
aprendizagem, sendo uma divergência sobre o que ensina e quando se
ensina a língua escrita.
Atualmente, ao se analisar o conhecimento da língua escrita,
trabalha-se com diferentes ciências como a linguísticas, psicologia
Cognitiva, psicologia do Desenvolvimento, envolvendo um processo com
vários componentes, ou facetas, demandando diferentes competências.
Ao se analisar todas essas ciências, existem diversas complexidades e,
consequentemente, multiplicidade das facetas decorrem diferentes de
alfabetização, privilegiando um ou mais componentes do processo (Soares,
2016).
Segundo Soares (2016), são três as principais facetas de inserção no
mundo da escrita. A primeira faceta seria a linguística da língua escrita,
sendo está a representação visual da cadeia sonora da fala. Segunda a faceta
interativa da língua escrita, o veículo de interação entre as pessoas, de
expressão e compreensão de mensagens. A terceira faceta a sociocultural
da língua escrita, sendo os usos, funções e valores atribuídos à escrita em
contextos socioculturais, as duas últimas facetas consideradas por Soares
(2016) o letramento.
Ao se tratar estas três facetas, na visão da autora supracitada ocorre a
análise e o conhecimento de três objetos de conhecimento diferentes, no
processo de aprendizagem da língua escrita. Esses objetos correspondem a
domínios cognitivos e linguísticos distintos, com categorias de competências
e seus desenvolvimentos. Por exemplo, na faceta linguística, o objetivo seria
a apropriação do sistema alfabético ortográfico e das convenções da escrita,
este objetivo necessita de processos cognitivos e linguísticos específicos
precisando de estratégias específicas de aprendizagem.
SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 195
A faceta interativa tem como objeto a habilidade de produção
e compreensão de textos, um objetivo que requer outros e diferentes
processos cognitivos e linguísticos, além de outras estratégias de ensino-
aprendizagem.
Na faceta sociocultural, o objeto seria os eventos sociais e culturais
envolvendo a escrita, esse objeto implica conhecimentos, habilidades e
atitudes específicos. Há uma necessidade de promoção inserção adequada
nesses eventos (sociais e culturais), que utilizaria diferentes contextos e
situações de uso da escrita.
Letramento digital
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 196
textos mais capacitados e interativos com essas tecnologias, que demandam
outras habilidades e competências ao se lidar com a leitura e a escrita.
Em suas investigações Moura et al. (2019) afirmam que, com o
surgimento de cada novo aparato digital a ser utilizado no processo
educativo formal, surge também um novo desempenho de papel de
mediação e reconfiguração da comunicação e da linguagem entre os
indivíduos, contextos e meios que interagem e transformam suas relações e
contextos. Esse letramento passa a dialogar com as várias novas tecnologias
que surgem, criando novos autores, já que as mídias digitais permitem
uma diversidade de gêneros a serem produzidos.
Na perspectiva de Pinheiro (2018), em suas pesquisas, aponta que
o aparecimento e imersão das novas TDIC em qualquer setor da atual
sociedade faz surgirem novas práticas e novos termos para designar
essas práticas, Pinheiro (2018) chama essas práticas em sua pesquisa de
letramento digital.
Existem diversos conceitos ligados ao LD, isso se deve às variadas
denominações, uma vez que exista uma gama de práticas sociais e
ferramentas derivadas das novas TDIC. A principal ênfase que se dá a
letramento vem da escrita, pois o ato de ler e escrever é o foco de muitos
conceitos de letramento, com isso se têm como base o conceito de leitura
e escrita realizados através de ferramentas digitais.
Contudo um conceito de LD existente e deixado de lado seriam a de
outras práticas sociais realizadas através das tecnologias digitais que podem
ser adicionadas à escrita, tais como a visual e oral. Em suas pesquisas
Pinheiro (2018) cita, que muitos adolescentes, ao se questionarem em seu
particular ou tirando dúvida do colégio, assistem videoaulas através do
Youtube (plataforma virtual de compartilhamento de vídeos).
Sendo assim Pinheiro (2018) aponta que o conceito de letramento
digital na atualidade também deve ser pautado por usos além da escrita. As
práticas sociais se entrelaçam e se modificam por vias da novas Tecnologias
de Comunicação e Informação, onde a habilidade de construção de sentidos
a partir de textos de variados modos e a capacidade para localizar, filtrar
e avaliar criticamente a informação disponibilizada eletronicamente, sem
SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 197
levar em consideração a familiaridade com a utilização da comunicação
com o computador passam a ser uma realidade das crianças e jovens.
Ainda na perspectiva de Pinheiro (2018), há possibilidades de
conceitos sobre letramento no mundo tecnológico. Esses conceitos
podem se constituir de textos nas modalidades: impressos, visuais, orais,
entre diversas possibilidades mediadas pela tecnologia. Não esgotando de
maneira nenhuma as diversas possibilidades. Com isso pode-se afirmar que
a escola deve considerar os diversos tipos de letramento em suas práticas.
As crianças com a prática da cultura digital têm uma maior facilidade
de desenvolver habilidades linguístico cognitivas, uma vez que para ativar
a linguagem e a cognição utilizam recursos do mundo digital. Segundo
Borges (2017), processos como atenção, memória, percepção, realização
de inferências, entre outras habilidades necessárias para leitura de páginas
na rede ou mídias sociais, leitura de hipertextos, entendimento do
funcionamento de links, participação de jogos digitais, acesso a sites, etc.
são muito favorecidos pelo fato destas crianças utilizarem desde novas as
TDIC’s.
A exposição destas crianças a essas tecnologias, viabilizando assim
a cibercultura, as levam a construir hipóteses sobre a atividade de ler e
escrever, segundo Borges (2017). Mesmo ainda não estando alfabetizadas,
as crianças encontram soluções para obter êxito em suas necessidades de
comunicação e de diversão por meio do computador, celular, ou outro
equipamento digital.
Esse contato e prática de ações que demandam o uso de diferentes
linguagens, para utilização e interação mediadas por um computador,
ou outra tecnologia, impulsionam de forma involuntária, a criança a
desenvolver e dominar a natureza linguístico-cognitiva chamada letramento
digital, como afirma Borges (2017). A utilização de tais atividades facilitam
diferentes modos de acesso a informação, novos estilos de raciocínio e
conhecimento.
Afirma-se que compartilhar novos conhecimentos, checar afirmações
online, assistir aulas pelo Youtube são atividades que demandam desta
criança um esforço mental para tal realização. Esses desafios forçam as
SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 198
crianças a involuntariamente e inconscientemente a enfrentar tais obstáculos
no intuito de querer brincar, se informar, se comunicar, interferir por meio
de ferramentas de TDIC, os fornecendo a distância imagens, sons e textos
(BORGES, 2017).
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 199
aula. Essa dialogicidade se tornou possível, devido a uma mudança no
comportamento político e metodológico da educação brasileira a partir da
década de 80 e 90. A partir desta época, os professores passam a se tornar
sujeitos favoráveis ao diálogo dentro da sala de aula (SANTANA et al.,
2019).
Esta utilização, segundo Santana et al. (2019), é útil tanto a professores
como alunos na tentativa de partilhar suas experiências, levando, assim,
a uma construção interacionista do processo de ensino aprendizagem,
estimulando e incentivando a pesquisa, a comunicação, a publicação
e a metodologia de aprendizagem em rede. Isto se deve ao incentivo a
utilização das TDIC para ligar pessoas de interesses comuns dentro de uma
rede social.
Em suas reflexões Santana et. al. (2019) também dá exemplos valiosos
de utilização de tal ferramenta como estratégia de ensino de línguas, uma
vez que através do blog a influência no aprendizado dos estudantes da
educação básica é motivado, e os fazendo refletir sobre acontecimentos do
mundo que os cercam.
A utilização desta metodologia da educação escolar realiza uma
aprendizagem colaborativa, interativa e interconectiva, já que é associada
a uma comunicação online, produzindo desta maneira uma aprendizagem
autônoma e crítica no processo de educação. Com essa nova realidade
no cotidiano das crianças é proposto uma nova forma de pensar e agir
como sujeitos responsivos e críticos via Tecnologias de Informação e
Comunicação.
Os blogs aparecem como uma possibilidade de compartilhamento
de conhecimentos segundo Santos (2020). Esses blogs educacionais são
desenvolvidos para dar apoio aos estudantes e aos professores no processo de
ensino-aprendizagem, na tentativa de facilitar a reflexão, abrindo possíveis
questionamentos, a colaboração na criação de conteúdo, e na facilidade de
proporcionar textos o engajamento no pensamento crítico social. Santos
(2020) também afirma que a facilidade de trabalho com blogs deve-se
pela facilidade de trabalho com sua arquitetura pela simplicidade, e que
permitiu que os professores percebessem o potencial educacional destes
blogs como uma metodologia online complementar às aulas presenciais.
SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 200
Há em atividade hoje blogs específicos para cada modalidade de
educação, tanto nas Universidades, quanto nas escolas, sendo eles: voltados
a educação, a recursos pedagógicos, de estratégias pedagógicas, ensino de
diversas disciplinas, e matérias. Santos (2020) nos fala que a amplitude de
possibilidades de trabalho com blogs é muito ampla.
Existem também os blogs voltados à educação, ou edublogs. Estes
direcionam-se a atividades escolares de caráter curricular (focando
principalmente nos conteúdos programáticos do ambiente escolar). Todo
conjunto de blogs, mesmo não sendo idealizados para o meio acadêmico
escolar, embora fortemente educativos, são passíveis de serem explorados
como um recurso educacional.
Os professores têm criado blogs de disciplinas na tentativa de
estabelecer uma comunicação extra sala de aula, com seus alunos. Essa
interação favorece o comprometimento e engajamento destes alunos
com o conteúdo, criando desta maneira um espaço de troca entre ambos,
professores e alunos, além de alunos com alunos. Funcionariam também
como uma estratégia de mediação via computador, podendo de certa forma
agradar mais a heterogeneidade que acontece hoje dentro do ambiente
escolar.
Como fator muito relevante, apontado por Santos (2020), seria
a maneira de forçar o aluno a escrever não apenas para o professor, que
funcionaria como um editor cooperativo, mas para um público bem maior,
fazendo se interessar mais pela escrita, e a forma de comunicação em outros
ambientes extracurriculares.
Outra ferramenta muito relevante ao se trabalhar com blogs são os
hipertextos. Esses se configuram, de acordo com a dupla Macário e Pereira
(2015), por ser um processo de escrita ou leitura eletrônica, multilinearizado,
multisequêncial e indeterminado, realizado é um novo espaço de escrita, no
caso o blog. O hipertexto permite ao usuário acesso a outros textos, num
processo quase que ilimitado, uma vez que existem conexões produzidas
por esses links os levando a vários caminhos diferentes de navegação.
O hipertexto proporciona uma hiper conexão derivada desses múltiplos
acessos, vinculados através destes nós, como se caracteriza também por ser
SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 201
um diálogo com outras interfaces semióticas. Essas interfaces adicionam a
uma plataforma hipertextual outras textualidade, como imagens, áudios,
vídeos, infográfos, animações, etc. (Macário e Pereira, 2015).
Na utilização cada vez maior das TDIC, o hipertexto acaba por se
inserir nas práticas pedagógicas de maneira mais usual, e com excelentes
resultados na sua dinâmica. Aproximando cada vez mais os professores e
alunos à leitura e à escrita, promovendo um processo de aprendizagem
interativo.
Autores como Macário e Pereira (2015) afirmam que a utilização
destas ferramentas como formas de mediação, funcionam muito bem como
ferramentas de aprendizagem, criando um papel muito ativo entre seus
interlocutores, abrangendo muito mais do que a simples relação de produtor
de conteúdos e receptor. Os professores na utilização destas tecnologias
devem se tornar arquitetos cognitivos e engenheiros do conhecimento, ao
assumir novas posturas já que hoje as TDIC são uma realidade na vida dos
alunos.
Nessa produção de hipertextos, o aluno trabalha com múltiplas
habilidades cognitivas, realizando uma exploração das funcionalidades e as
possibilidades de construção de sentidos proporcionadas pela utilização do
computador. O uso de links e a integração de várias linguagens, segundo
Macário e Pereira (2015), favorecidas pelos programas de edição de textos,
de som e de imagem. Esse processo de produção autoral acaba por ser mais
complexo, devido a produção de hipertextos demandar uma estrutura de
organização do pensamento nova para a maioria dos autores. Essa novidade
se deve pela construção de textos não lineares, levando a uma maior
dificuldade entre os estudantes e professores, já que a aprendizagem e a
experiência da leitura e escrita, a maneira convencional de escrita também
linear.
Na utilização de hipertextos o editor necessita dominar um modelo
de produção de textos imagéticos, auditivos, animados, etc. Esses textos
também possuem a particularidade de nunca se encerrar, devido a ser
um trabalho em parceria com o leitor ultrapassando assim os limites
geográficos e temporais. O Hipertextos, utilizado dentro da mecânica
SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 202
escrita dos blogs, passa a ser constituir como um novo sistema de escrita
de leituras compondo um novo gênero textual digital. Essa multiplicidade
de possibilidades fascina o público mais jovem e vários autores defendem a
utilização destas novas práticas em ambientes de aprendizagem educacional
(Macário e Pereira, 2015).
Investigando sobre o assunto Macário e Pereira (2015) afirmam que,
existe a valorização dos gêneros digitais emergentes na escola. Esses novos
gêneros têm como objetivo principal tornar as aulas mais dinâmicas e
atrativas, contribuindo de maneira significativa na melhoria de produção
textual pelos alunos. Uma participação mais ativa dentro do ambiente
escolar e no processo de ensino aprendizagem proporciona uma maior
capacidade argumentativa sobre diversos temas, melhorando também a
capacidade crítico-reflexiva.
Considerações finais
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 203
Dentre essas novas ferramentas o blog funciona como uma mola de
aproximação, uma vez que facilita a interação entre o escrevente e seu leitor,
desta maneira acaba por favorecer um processo contínuo de aprendizagem
e reescritura da forma coletiva de trabalho. O blog funcionaria como uma
proposta de continuação do processo ensino-aprendizagem para além dos
muros escolares.
Cada vez mais as crianças e os jovens se encontram familiarizados com
essas TDIC, a inserção do blog na sua rotina pode significar um processo rico
e dinâmico, tornando o aluno corresponsável pela sua formação, buscando
e disponibilizando, através de hiperlinks, outras fontes de informação.
Referências
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 204
https://doi.org/10.52788/9786589932147.1-11
Multimodalidade no ensino:
contextos, uso das TICs, trocas
conversacionais e (in)polidez
Introdução
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 205
os usuários que estão à distância, mas muitas vezes distancia os usuários
próximos.
Esta concepção de essencialidade foi observada por muitos anos, mas
principalmente a partir do ano de 2020, pois com a eclosão da pandemia do
novo coronavírus, não houve outra alternativa a não ser prosseguir com as
atividades de maneira remota, mantendo o isolamento social e as medidas
sanitárias. Por conta disso, o ensino teve adaptações concernemente, pois
os professores e servidores gerais das instituições de ensino passaram a
ministrar suas disciplinas, reuniões e atividades de maneira remota, e para
a realização, houve a ênfase nas Tecnologias da Informação e comunicação
(TIC’s), além de adaptação em massa de professores e estudantes com as
novas ferramentas.
Por conta de toda a ressignificação presente nos ambientes virtuais,
sobretudo quando se trata de educação realizada por meio deles, é
imprescindível que haja o uso também de meios multimodais para
a realização do ensino. A multimodalidade se aplica desde o momento
em que o usuário está conectado às redes, porém, no ensino, a relação
multimodal ocorre de forma direta com os usos de ferramentas virtuais,
meios multissemióticos, como discute a BNCC (2018) - relacionando-se
com gifs, memes, vídeos, imagens e outras tipologias aplicadas aos meios
virtuais em que contém alguma relação entre o pictórico e a materialidade
linguística - sobretudo quando há o uso destes meios como ênfase nos
tópicos educacionais, o que provoca maior atenção dos estudantes aos
conteúdos.
Os memes, como gêneros multimodais, apresentam uma pluralidade
extensa quando se trata de seus usos e suas relações com a sociedade, pois
podem constituir diversas informações, relacionar questões pragmáticas e
humorísticas, além de possuírem a possibilidade de realizar ressignificações
nos conteúdos e na forma de abordagem existente. Por conta da pluralidade
quando se trata da temática, o artigo busca realizar ênfases no ensino de
Língua Portuguesa, sobretudo com relação à temática de gêneros textuais/
multimodais, contendo como parâmetro uma pesquisa qualitativa com
base em livros e artigos, partindo-se pela corrente abordada por Brown &
SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 206
Levison (1987), e Kerbrat-Orecchioni (2005), quando se trata de interação
verbal e a relação entre as concepções de polidez e impolidez por meio dos
ambientes virtuais de aprendizagem, utilizando-se também a Linguística
aplicada por esta relação de multimodalidade, realizou-se a menção dos
estudos meméticos dos cientistas: Semon (1921), Dawkins (1975), Dennet
(1995), Blackmoe (1999) e Aunger (2002). Para a composição do artigo,
utilizou-se como referências: Rojo (2008, 2010, 2013, 2017), Rojo e Melo
(2017), Rojo et al. (2007), Marchuschi (2008), Cabral e Albert (2017),
Junior, Lins e Casotti (2017), Silva (2016), Ribeiro (2019), Cani (2019),
Guerreiro e Soraes (2016).
Para a apreensão de maiores observações sobre o tema, foi realizada
uma entrevista breve com a professora Doutora Roxane Helena Rodrigues
Rojo sobre a temática dos usos das TIC’s e multimodalidade do ensino,
realizou-se uma conversação via WhatsApp com a professora Maria de
Fátima, atual docente da USP, como exemplo de polidez e impolidez,
retirou-se um depoimento de uma professora sobre a conversação polida
e impolida em sala de aula presencial e foi realizada a busca de elementos
multissemióticos hodiernos como exemplificação e observação com o
intuito de usos educacionais.
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 207
a distância (e não remotos), pois há diferenças grandes, e os três possuem
o uso da interação verbal e trocas conversacionais. Muitas dessas trocas,
respeitam uma hierarquia: professor-aluno ou tutor-aluno, a fim de
manter a boa relação. O professor e o tutor, ao estabelecer avisos, devem
seguir estritamente a escrita polida com poucos desvios, a exemplo: “Olá,
queridos alunos! Segue em anexo a atividade de hoje. Prestem atenção aos
detalhes. Caso haja dúvidas, me chamem via portal do aluno. Estamos
juntos! Qualquer problema relacionado ao Moodle, por favor, contatem
ao tutor.” Observa-se que a escrita segue um padrão, e possui o devido
cuidado ao se tratar de alunos, mantendo a boa interação. Observando-
se não apenas em parâmetros estruturais, mas uma relação entre os perfis
educacionais, Obdália Ferraz(2019, p.7), na obra intitulada "Educação,
(multi)letramentos e tecnologias: tecendo redes de conhecimento sobre
letramentos, cultura digital, ensino e aprendizagem na cibercultura",
indica que:
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 208
condições e maiores disponibilidades de materiais e estavam letrados
virtualmente, possuíam ambientes propícios aos estudos.
Em contraste a este cenário, boa parte das escolas estaduais e municipais,
não possuíam ambientes virtuais de aprendizagem, então tiveram de
utilizar ferramentas como o GoogleClasroom e o Meet. A maior parte dos
estudantes eram iletrados digitalmente e não possuíam os dispositivos
necessários nem a condição para adquiri-los e não havia o ambiente
necessário para os estudos, além de a maioria dos estudantes trabalharem
em horário de aula, apenas com a condição de ouvir o que o professor
ministrava. Os professores, em consideração à relação de aula remotas e
isolamento social, tiveram de enfatizar em novas metodologias, adquirir
dispositivos de trabalho próprios sem auxílio, aprender novas tecnologias
e novas ferramentas de comunicação, muitas vezes sem o treinamento
preciso e com diversas dificuldades, além, claro, da relação do trabalho,
que tornou-se triplicado, sem descanso. As questões em consonância com
as duas realidades são: o cansaço, o desespero em virtude às atividades em
massa, a ansiedade por conta do cenário da pandemia e questões afins de
saúde mental entre alunos e professores.
Observar este cenário de grandes dificuldades e desigualdades, apenas
retrata o governo minimalista em que se apresentam: a falta de verbas para
educação e pesquisa; a falta de condições para exprimir a desigualdade; a falta
de reformulações educacionais com ênfase nos talentos e conhecimentos
significativos; a falta de condições para pessoas provenientes das faltas de
condições. Observando-se por estes parâmetros, antes de falar a respeito
da educação, é preciso pensar nas questões que permeiam a sociedade.
Pautando-se em como ocorreu essa relação do ensino remoto, as diferenças
maiores entre o ensino remoto e o EAD são: Ensino remoto: aulas
síncronas, com horário de aula normal; o professor é o detentor de todas
as atividades, tais como a criação de atividades, o ministrar das aulas, a
apreensão de notas, o contato professor-aluno é direto. Ensino à distância:
aulas assíncronas/síncronas (com horários variáveis); o professor torna-
se conteudista, cria atividades, materiais, aulas, podcast’s e outras partes
do currículo; o tutor possui contato direto com os alunos, retira dúvidas
SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 209
com relação ao conteúdo e atividades; faz a inserção de notas e corrige os
exercícios; o aluno possui um plano a ser seguido.
Nas duas modalidades, existem as interações verbais, que podem ou
não ser polidas, e há a não limitação do tempo e do espaço: o ensino pode
ser realizado em qualquer ambiente e em qualquer horário, desde que haja
um dispositivo móvel com acesso à internet. As conversações tornaram-
se mais facilitadas concernemente, e o que se observa é que as interações
verbais por meio da Internet (mesmo em meio aos ambientes virtuais de
aprendizagem) têm maior ênfase no ataque à face com maior facilidade,
pois há subentendimentos maiores e com mais domínio no subjetivismo.
Kerbrat-Orecchioni (2005), relata que toda a interação é um risco e que
há de se observar a relação existente entre o conhecimento do falante, suas
crenças, preconceitos, sentimentos durante o ato da fala. Numa interação
verbal presencial, as pessoas buscam manter uma boa interação verbal,
evitando conflitos, mas na interação virtual este cuidado não aparece de
forma geral, as pessoas atacam à face de outras de forma facilitada, pois há
o discurso de que “a internet é uma terra sem leis”, e relatam de forma livre
seus preconceitos e outras formas de ataque.
A vulnerabilidade trazida pelos interlocutores nos meios virtuais faz
com que a questão da hierarquia e da polidez desapareça, sobretudo nas
interações em ambientes virtuais de aprendizagem, que, por praxe, deveriam
ter o respeito às normas e à hierarquia, além do cuidado com relação ao
ataque à face. Por conta disso, o uso de metodologias provenientes da
pragmática são importantes para que possa-se observar as razões conflitantes
pela comunicação. Albert e Cabral (2017, p. 272), relatam que “a análise
das interações verbais investiga como os participantes atuam nessa troca
de influências utilizando a língua e como os indivíduos se engajam nessas
trocas”. Brown e Levison (1987) relatam a relação entre os pares opostos
entre as faces e que cada sujeito possui fatores marcados pela carga positiva e
negativa dos desejos, determinam os conceitos como: Face-Threatening Act
e Face Flattering Act. O primeiro refere-se à polidez negativa, pois ameaça
à face do interlocutor; já o segundo, refere-se à polidez positiva, pois há o
maior cuidado para não haver o ataque à face. Ambos os cenários existem
nos ambientes virtuais, e constantemente a troca conversacional entre os
SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 210
falantes, pode gerar uma corrente negativa, não esperada. Apesar de os
ambientes virtuais de aprendizagem possuírem regras conversacionais pelas
hierarquias, nem sempre isso é respeitado e a carga negativa da polidez é
apresentada constantemente. Como exemplificação de discurso polido e
impolido, realizei duas conversações com a professora Maria de Fátima que
leciona a disciplina de filologia na USP:
Imagem 1: exemplo de conversação com o uso da polidez
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 211
Como observação das duas conversações, há diferenças grandes: na
primeira conversação, há o uso de termos referentes à polidez e à conversação
sem ataque à face, pois a referida estudante inicia de maneira formal, com
saudação pelo “olá” e utiliza hiperpolidez com o uso de “professora”, o
termo “gostaria” apresenta certa cordialidade e, no meio da mensagem,
apresenta a dúvida em questão, sem atacar, apenas com uso do léxico para
compreender a data e como será realizada a referida atividade. A professora
referida, também agiu com polidez, utilizou a saudação “boa noite + nome
do locatário”, relatou com cordialidade o termo “não precisa se desculpar”
referindo-se ao horário e realizou a complementação com “estou trabalhando
justamente nesta atividade”, apresentando um comprometimento com a
pergunta da estudante e a relação com a atividade; no meio da mensagem
estabeleceu as comandas de como e quando seria realizada a atividade para
entrega, e como tréplica a estudante utiliza elementos polidos agradecendo
à professora e utiliza termos cordiais desejando “boa sorte” e finaliza com
“grande abraço”.
Na segunda situação, a professora inicia com termos polidos, fazendo-
se à disposição para saber o que houve para a não entrega do trabalho e
também para poder ajudar a aluna se acaso tivesse alguma dificuldade,
porém a referida aluna, com sua réplica, agiu com impolidez: a hiperpolidez
em “ai, professora”; com a desculpa de ter começado o semestre “agora”
como um desvio conversacional, utiliza outro desvio, colocando em pauta
a quantidade de atividades que os professores enviaram, o “nem parece”
como uma questão de ironia e, posto isso, relaciona a pandemia como
elemento coesivo com o porquê de não haver a entrega; o “afff ” relaciona-
se como um descontentamento à situação e uma ironia posto a mensagem
completa. A professora, em réplica, utiliza termos polidos, mas com as
argumentações de que houve tempo e orientações suficientes para a realização
da atividade, apresentando a falta de comprometimento da estudante. Em
tréplica, a estudante inicia com a hiperpolidez “calma professora”, a ironia
tida em “não tem coração não?”, a comparação exagerada em “nem que eu
fosse o doutor estranho para realizar tantas atividades” e a ênfase irônica
em “jesus”, e a advertência adquirida em “não me acelere” e a ironia e tom
SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 212
adverso em “!!!!”, argumentação de advertência e de afastamento verbal
com “eu realizo três atividades e os professores jogam mais 100!!”, mais um
tom de insistência por meio do “calma!!!”, o tom de advertência e ironia
por meio do “parece que é só a gente ter internet que tá tudo resolvido”, a
insistência na ironia com o uso de “af ” e o tom adverso em “vou sair dessa
faculdade”, colocando a própria culpa de não ter realizado a atividade na
universidade que estuda (ou na professora que não realizou a atividade
pela estudante). Como observação das duas realidades, fica claro que a
segunda conversa apresenta diversos fatos gerados pela impolidez e houve
o ataque à face, mesmo que a professora estivesse tratando a estudante com
cordialidade.
Como mencionado, Kerbrat-Orecchioni(2005) relata que também
depende do estado emocional dos interlocutores e, por isso, enfatiza-
se que, no segundo cenário, a estudante estava se sentindo pressionada,
mas, ao mesmo tempo, não entregou a atividade porque realmente não
tinha pretensões. Já em outra situação, uma professora relatou-me que,
em tempos de ensino presencial, realizou a entrega do planejamento da
disciplina aos alunos no início do semestre e que restando uma semana
para o início das apresentações para nota, a própria professora avisou e
uma aluna relatou que não sabia do trabalho e o grupo dela também não se
manifestou. Assim, a aluna citada, em todas as aulas chegava no intervalo e
sempre ficava utilizando seu dispositivo móvel ao invés de prestar atenção.
Esta situação, demonstra falta de polidez da aluna já pelo fato de utilizar o
celular em um ambiente escolar.
No momento em que houve a intervenção da professora com relação
a entrega, os alunos agiram com falta de polidez com a professora por
tratá-la de uma maneira não profissional, relataram-na como injusta e
discutiram em sala, ao invés de realmente haver o reconhecimento do erro
e do reparo. Em sala de aula é muito comum ter falta de polidez, ou o
uso de hiperpolidez para ironias, o conflito de culturas e diferenças é uma
questão a se refletir concernemente, e cabe ao professor saber como mediar
estas situações, fazendo com que o estudante possa também refletir sobre
seus atos.
SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 213
Multimodalidade, multiletramentos no ensino
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 214
sempre há diversas concepções e informações, em tudo há o movimento,
a cor. Por conta destas razões, o estudo a respeito da multimodalidade,
sobretudo no ensino de Língua Portuguesa, é de extrema importância, pois
gera novas concepções a respeito do tema e transforma-o em uma nova forma
de enxergar os tempos modernos e a tecnologia. Multimodalidade então,
nas perspectivas atuais, refere-se a múltiplas semioses, ou multissemioses.
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 215
muito tempo estes conceitos foram adquiridos de forma pluralista. Dawkins
(1975) utilizou conceitos da mímese, transformou o termo em mimeme e
realizou uma aférese para suprimir a sílaba e transformar em meme, de certo
foi o primeiro autor na história a utilizar o termo, referindo-se à replicação
cultural e aos estudos genéticos, porém seus conceitos se replicaram e outros
autores memeticistas. Blackmore (1999) cria os conceitos de memeplexos,
memética do altruísmo e cópia do produto e das informações, ao invés
de utilizar os conceitos da mímese que Dawkins propunha, mas também
agrega, junto a Dennet (1995), a importância da linguagem e retrata que
a linguagem foi popularizada por meio da mímese (como replicadora
universal) e que os memes são meios secundário de mímese, pois se replicam,
mas possuem falhas no que concerne à sobrevivência e agrega a exemplo,
a ideia de Darwin e Dawkins como ideias perigosas. Os memes, para o
filósofo, são representações de ideias que podem se replicar estabelecendo
o senso comum como ideias de grande veracidade, retrata também que
as novas tecnologias, tais como as máquinas de aprendizagem, reiteram
ideias ruins e que podem se popularizar com facilidade. Por fim, Aunger
(2002) retrata os neuromemes, como memes neurológicos, que partem
da perspectiva de ideia replicadora por meio dos neurônios. Todas essas
concepções partiram para que hoje possamos denominar como memes,
os memes da internet, que surgem e viralizam. Por esta razão, os memes
da internet retomam as questões biológicas e psicológicas por meio de
sua própria existência: “nascem” na internet, replicam-se, replicam suas
estruturas, informações e somem, podendo renascer de maneira reciclada.
Já quando se trata da área da linguística memética, existe a questão da
replicação das informações e também, a atitude dos memes que agem como
gêneros multissemióticos, podendo existir diversos significados, diversas
estruturas, diversos contextos, diversos discursos e diversos usos.
O uso do humor nos memes da internet e, como consequência, nos
usos linguísticos e educacionais, leva a crer que esses textos apenas possuem
a utilidade de divertir o público, esta concepção retoma novamente
aos conceitos de Blackmore, com a memética do altruísmo, mas não
necessariamente possui apenas essa utilidade. No ensino, os memes agem
SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 216
como replicadores de conhecimento. Então, quando o professor os utiliza
para compor suas atividades ou suas apresentações, realiza um contexto
inverso ao que se espera do humor: realiza concepções relacionadas ao
conteúdo, fazendo com que o estudante tenha capacidade de realizar
interpretações e relacionar os elementos do meme com a disciplina,
tornando a capacidade de recordação como uma concepção significativa.
Os multiletramentos referem-se também à multiplicidade de culturas,
contextos e usos da língua de forma variada. Silva (2016, p. 12) diz que,
“A Pedagogia dos Multiletramentos tem uma visão de mente, sociedade e
aprendizagem baseada na suposição de que a mente humana é incorporada,
situada e social". Portanto, esta concepção de multiplicidade aplica-
se a algumas modalidades como: a prática situada; instrução explícita;
enquadramento crítico e a prática transformada.
Estes elementos partem da teoria da pedagogia multiletrada, e
apresenta múltiplas experiências de aprendizagem, sobretudo com
ênfase na aprendizagem significativa. Retrata-se, em primeiro lugar, a
questão do interesse dos estudantes, aquilo que os próprios estudantes
aplicam como importante, pois tem por princípio o estudante como
centro da aprendizagem, reitera a ênfase de colaboração entre professor
e aluno, retrata a importância das práticas, testes de conhecimento não
tradicionais, teoria como prática refletida e outros conceitos que são
retratadas para o desenvolvimento integral do estudante com o uso de
metodologias e tecnologias. Sobre a concepção dos memes, GUERREIRO
& SOARES(2016), relatam que:
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 217
noção de linguagem como atividade social e interativa; a visão de texto
como unidade de sentido; a noção de compreensão como construção
de sentido tal como o lugar do eu-tu situados e mediados; e, por fim;
a noção de gênero textual como forma de ação social. Também aponta
que a linguagem não é apenas uma estrutura, mas fruto de determinismos
externos (p. 22). O autor destaca a língua em elementos principais: a
língua como instituição social; totalidade organizada; sistema autônomo
de significação; pode ser estudada por si e por si mesma; sistema de
signos arbitrários; realidade com história (p. 27). Rojo (2008, pp. 585-
586) mostra algumas formas de multiletramentos que a linguística deve
estabelecer como primordiais: os multiletramentos, deixando de suprimir
os letramentos das culturas locais e permitir que haja os letramentos
valorizados e institucionais - os letramentos multissemióticos, utilizando-
se os sons, imagens e meios multissemióticos, como forma de letramento
tecnológico - os letramentos críticos, referindo-se a escolhas éticas e aos
contextos. ROJO & MELO(2017, p. 334), retratam que:
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 218
Na infância é muito mais fácil tratar os multiletramentos, pois a criança é muito
ligada a imagens e vídeos. Na Educação Infantil, quando o professor lê um livro de
história, ele usa mui-to as ilustrações. Ele mostra as imagens à turma e fala muito
sobre elas e só depois parte para o texto. Os pequenos não estão alfabetizados.
Eles precisam da imagem e o professor de Educação Infantil reconhece isso. O
problema é quando co-meça a alfabetização, pois o docente esquece tudo o que
diz respeito à imagem, inclusive gráfi- cos, infográficos, tabelas, que são gêneros
muito comuns na escola. A situação seria diferente se o educador continuasse
admitindo as ilustrações, as imagens que permeiam os textos. Afinal, elas também
são lidas. Isso seria feito no Ensino Fun-damental I e II de maneira muito mais
natural. Para o Ensino Médio, podemos acrescer a ques-tão do repertório das
culturas da juventude.
ROJO (et al, 2007, p. 23) relatam que existem três tipos principais: a
multimodalidade, hipermidialidade e interatividade, os três termos, relatam
a relação entre diálogos, protocolos de leitura digital e o próprio ato da
mudança, atividade síncrona e assíncrona, imagens estáticas, retraduções e
outras concepções.
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 219
aceitou e realizou a entrevista comigo em 28 de maio de 2021, o fizemos
pela plataforma do Teams, a partir de conta institucional e a entrevista foi
gravada. Apenas é possível que haja o recorte da entrevista neste artigo - de
aproximadamente 30 minutos - pela extensão da conversação.
Imagem 3: momento da entrevista com a profa. doc. Roxane H. R. Rojo
Início da entrevista
Roxane: cê num vai usar a imagem depois não, né? tô com a cara
amassada.
Isabella: não, magina! vou só transcrever mesmo.
Roxane: tá.
Isabella: aí eu te mostro o resultado final depois, tá?
Roxane: tá bom.
Isabella: entã:ão vamos começando, né? é:é... olá, meu nome é
Isabella Sozza, sou graduanda em letras pela universidade de santo
amaro, e hoje iremos ter uma breve entrevista com a professora
Roxane Helena Redrigues... Rodrigues Rojo. A professora Roxane
possui graduação em Letras Neolatinas Português - Francês -
Língua e Literatura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie,
mestrado e doutorado em Linguística Aplicada ao Ensino de
Línguas pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Fez
estágio de Pós-Doutorado em Didática de Língua Materna na
Faculté de Psychologie et Sciences de l’Educasion, da Université
SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 220
de Genâve, Suíça, sob a direção do Prof. Dr. João... Jean-Paul
Bronckart. Atualmente, é professora associada livre docente
do Departamento de Linguística Aplicada da Universidade
Estadual de Campinas e pesquisadora 1C do Conselho Nacional
de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Tem experiência
na área de Linguística Aplicada, atuando principalmente nos
seguintes temas: multiletramentos, gêneros do discurso, ensino-
aprendizagem de Língua Portuguesa e avaliação e elaboração
de materiais didáticos. O nosso assunto de hoje trata sobre a
questão dos multiletramentos e o uso dos memes no ensino.
Nós pedimos agora para que a professora fale a respeito de como
começou os estudos dos multiletramentos e quando se iniciaram
suas aplicações.
Roxane: Tá bom, ééé... Boa tarde á todos e todas se isso aqui
for ser visto por alguém, e ééé... Vamos a sua pergunta [...]
o conceito de multiletramento, ele é cunhado em 1996,
num encontro de um grupo de pesquisadores de várias áreas
semiótica, linguística, linguística aplicada, ééé... Literatura, ahhh
enfim, línguas indígenas, né? que foi feito, éé... na cidade de
nova londres nos estados unidos, embora chame nova londres,
éé... que éé... congregava estes pesquisadores, na verdade
foi um encontro de pesquisadores sobre multiletramentos e
multimodalidades ou multissemioses, né, que então cunhou
este nome multiletramentos. Até então a gente trabalhava várias
vertentes teóricas, né, com o conceito de letramento né? mas
não tinha pensado em 96 é por exemplo em 96 não, até antes,
mas eu tinha um IBM e era um computador que a conexão era
baixíssima né a gente só conseguia mandar e-mail e era aqueles
computadores tela verde bolinha branca para jogar joguinho e
tal das crianças né? éé... no início dos anos 90 então vamos dizer
que a internet como ela é como a gente conhece hoje tava apenas
nos primeiros passos né? mas mesmo assim eles julgaram que
éé... a possibilidade que o digital tem né? de combinar diferentes
SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 221
linguagens né? imagem estática, imagem em movimento, áudio
como nós estamos fazendo agora, ééé... escrita éé... enfim música,
etc éé... essa possibilidade fincaria uma mudança nos letramentos
que não seria mais nos filamentos da escrita e do impresso
mas que exigiria muitos diferentes letramentos em diferentes
linguagens, daí o multi, o multiduplo, muitos letramentos em
diferentes linguagens ou seja é preciso que eu saiba então não
somente ler a escrita e compreender interpretar reagir a ela mas
também a imagem estática uma montagem fotográfica que aí
tem a ver com seus memes né?
Isabella: sim.
Roxane: que são imagens estáticas, se bem que pode tem meme
também em imagem dinâmicas de origem e gênero é em imagem
estática né? imagem estática em imagem em movimento vídeo
né? em... áudio em música fica em letramentos diversos em
diversas linguagens daí a palavra multi na verdade eles discutem
dois aspectos do multiletramento que são devidos ao digital um
a possibilidade de trabalhar como nós tamo fazendo agora com
diferentes linguagens né?
Isabella: sim
Roxane: outro o fato de diferentes é... estoques da população
diferentes culturas né? é que estão distribuídas a malha especial
possam ter acesso diferente do livro né? preu publicar um livro
tenho que ser aceita por uma editora, enfim um longo ajoelhar
no milho né?
Isabella: Sim
Roxane: até você chegar a possibilidade de publicar um livro
pra publicar um meme na internet é só entrar no facebook né?
então de certa maneira é... ou em qualquer tipo de mídia rede
social (sic) então de qualquer maneira é uma mídia muito mais
democrática em relação as diferentes culturas e aos diferentes
acessos né?
SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 222
Isabella: Sim, com certeza.
Roxane: se eu tiver acesso a uma máquina ou a um celular eu
posso publicar o que eu quiser né? e isso muda então esse multi
também eles apontam para duas coisas: os usuários passam a ser
multiculturais né? e o:os textos passam a ser multimodais ou
multissemióticos né?
Isabella: Sim, sim.
Roxane: congregando diversas linguagens conceitos de
letramentos digitais de 96 é este e estes autores continuam de lá
pra cá publicando livro etc sobretudo organizado pela america
antes e pelo bucoup que são ãhnn... dois pedagogos da área
linguistica aplicada que é trabalha:m atualmente na nova la na
australia do ducrô da america antes, são casados claro america
lança americana mas no momento tão nos estados unidos.
Isabella: brigada, professora.
Roxane: O professor (inaudível) champignon da unicamp
acabou faz um ano de lançar um livro é... traduzido organizado
conjuntamente por esses autores do american lass.
Isabella: muito interessante professora e:e.... com relação
agora... aos multiletramentos em sala de aula como os professores
poderiam utilizar metodologias mais multiletradas e com ênfase
nas tecnologias da informação e comunicação?
Roxane: pois é, o professor no caso brasileiro, né, num sei em
outros lugares.
Isabella: sim.
Roxane: mas, os professores, no caso brasileiro, fica muito
desvalido, né. Desvalido de várias formas acho que a pandemia
veio deixar isso muito claro né? desvalido de várias formas, ele
não tem nem ganho suficiente para ter, né? a:hh... aparelhos
necessários muito menos ainda a conexão necessária, num é para
trabalhar com imagem em movimento por exemplo que são
aqueles muito pesados né? a:hh... e:e as escolas menos ainda num
SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 223
é tem equipamentos e:e... é:é... e conexão em banda suficiente
né embora haja por exemplo nesse governo surpreendentemente
o mec lançou acho que foi o mec uma plataforma que é uma
plataforma que se chama plataforma evidências eles adoram
evidências né eles têm mania de evidências esse governo é:é...
que é um programa que chama programa de inovação educação
conectada IEC que é um programa que se destina as escolas
mesmo as de zona rural por meio de satélite daí né se é que
a conexão da internet se equiparem né comprarem maquinas e
estarem conectadas basta o diretor pedir surpreendentemente
claro que esse programa foi muito pouco divulgado né ninguém
ouviu falar e tal e vi outra pessoa e (inaudível) por acaso a um
tempo atrás e fiquei muito surpresa de saber que ah não foi por
acaso não foi numa defesa de tese duma menina que mencionava
na Bahia que mencionava isso e surpreendentemente ela também
dizia isso é:é... esse... esse... programa não hm... os diretores não
estão pedindo né? os diretores das escolas nem equipamento nem
menos a conexão é até porque se a gente que é pesquisador num
sabe que existe imagine se a gente entra no mec e busca o IEC é
dificílimo né
Isabella: exato.
Roxane: acha rapidinho lá, né? então é:é... quer dizer se encontram
muitos desvalidos a pandemia é exemplo disso que eles estão na
dependência do seu computador né eles não foram não recebem
nem por isso pra você ver né que tá a distância recebendo os
celulares hoje.
Isabella: sim.
Roxane: computadores né e muito menos ainda conexão então as
suas despensas né de um salário que já é pequeno eles tão fazendo
todo o possível pra se conectar com seus alunos né? diferente dos
professores das universidades públicas que tem disponibilizado
pela universidade né não equipamento nem a conexão ma:as pelo
menos os ambientes etc em que possam trabalhar organizados
SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 224
em que possam trabalhar entã:ão é:é:é... tão profundamente
desvalidos e é:é... Também muito pouco formados né para poder
fazer alguma coisa diferente do que eles fazem em uma sala de
aula desconectada né? é:é... por exemplo vi muitos vídeos no
início da pandemia em que a professora de fund 1 né colocava
uma lousa atra... na parede da casa dela ligava o computador para
filmar ela dando aula de alfabetização na lousa igualzinho ela
daria em sala de aula em vez de aproveitar as propiciações como
dizem os pesquisadores a fo... (inaudível) que:e a máquina ã...
possibilita para é:é... essa finalidade né:é... poderia ter um monte
de propostas interessantes de alfabetização na própria máquina
né sem precisar me filmar fazendo a mema coisa manual que eu
faço na sala de aula né em na alfabetização [...] então eu acho
que os professores não estão preparados para isso [...] já li muitos
trabalhos no brasil inteiro de mestrado doutorado mostrando
que as próprias universidades dão pouca dão atenção alguma o
que já é boa notícia a questão de multiletramentos mas é... dão
pouca atenção currículo em geral em optativas ou em disciplinas
secundárias pra formar o professor pra isso né?
Isabella: sim.
Roxane: e é:é... então assim... se encontram realmente desvalidos
estão pra sua própria sorte né nessa pandemia acho que isso vai
mudar inclusive devido a pandemia (rs) né
Isabella: exato.
Roxane: uma das coisas porque eu acho que assim pros impressos
os professores tem apoio do governo num dos programas do
ministério pelo menos da educação, num dos programas mais
caros governamentais que o brasil tem que é o pnld né? que é o
programa nacional do livro didático quer dizer do apoc auchui
é:é um programa caríssimo por isso mesmo não porque os livros
sejam caros ou porque os autores ganhem muito mas porque é
um programa muito caro em logística porque tudo... todos os
livros didáticos usam atualmente no país quando o pnld começou
SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 225
havia na bahia, havia no rio de janeiro, havia em minas gerais.
Atualmente todos os editores e livros didáticos praticamente se
encontram em são paulo né? concentrou vamos dizer a indústria
do livro didático então o que acontece pra o livro didático do
alpoc alchui o correio é o item mais caro do:o programa do pnld
é caríssimo você imagine chegar fazer chegar na fronteira com
a Bolívia numa escola o livro didático no prazo né (c:run) tem
livro que vai primeiro de avião depois de canoa depois de trens
né?
Isabella: é:é...
Roxane: Há um nó que o digital resolveria (inaudível) então
desde que houvesse conexão né? se for por satélite em zona rural
na mata é viável que é esse piec esse programa aí que as pessoas não
estão pedindo né? o que é lamentável mas enfim então é:é... é...
o que o digital faz, na minha opinião não só democratizar acesso
como democratizar uso que qualquer usuário que tenha conexão
pode publicar pode fazer então ele muda toda a:a... a questão da
autoria né:é... democratiza a autoria digamos assim para o bem
e para o mal né? para fazer fake news falar porcaria etc mesmo se
for para publicar coisas interessantes agora aonde que o professor
fica desvalido fica desvalido é obvio em equipamento opção que
é por conta dele mesmo das universidades né? mas fica desvalido
também é:é... do ponto de vista do apoio em materiais didáticos
que estão previstos para impressos livro didáticos né? mas não
estão previstos para o digital há pouquíssimo material elaborado
para um multiletramento em ambiente digital a minha pesquisa
é sobre isso né?
Isabella: sim.
Roxane: é uma pesquisa... produtividade em pesquisa um do
cnpq né? é:é... um pouco com um grupo recente de alunos em
colaboração e eu cunhei um termo pra chamar estes materiais
didáticos né? eu chamo esses materiais didáticos de protótipos
porque o que que é um protótipo... é algo inacabado que só
SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 226
se realiza é:é... virtualmente né porque porque tudo que tá lá
pra recepção e produção no protótipo é digital então só a hora
que acessa na verdade eu tenho um printscreen do vídeo por
exemplo e um link no printscreen né? então é preciso que seja
usado digitalmente né o texto não tá lá o texto tá num link
Isabella: sim.
Roxane: então até ser rodado em computadores, laboratórios
ou melhor ainda um professor com um laptop e um datashow
conectado em sala de aula a boa banda a boa banda.
Isabella: sim.
Roxane: senão não dá para rodar quando vamos acessar
conectado ele navega cabei de sair de uma banca de defesa da
área dum aluno meu que pirotou né esse protótipo junto com os
professores com a aula de sumaré é:é... e foi viável com muitas
dificuldades por exemplo a banda de conexão da escola era 8...
Isabella: hmmm....
Roxane: mega hahaha com 8 mega num dá nem para dar boot
na máquina, né?
Isabella: exatamente.
Roxane: quem dirá né:é... baixar um vídeo então que que os
professores faziam baixavam na máquina deles todos os vídeos
antes em casa quer dizer... professor acaba sendo sacerdóte
mesmo né? pois não tem banda o suficiente... isso... 8 mega de
banda pode esquecer né... eu tenho 100 aqui e acho pouco é:é...
então pra passar um vídeo vai ficar travando num dá pra ver on-
line né que é até que on-line é no protótipo mas essa também.
Isabella: sim.
Roxane: e pensar que ir pra 8 mega de banda compartilhada por
várias máquinas piorou né e aí [...] outra tem espaço faziam...
era uma turma de 24 alunos que era segundo ano do fund 1 né?
poucos alunos por ponto mas num laboratório informática com
8 máquinas então tinha que amontoar um monte de menina
SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 227
em cada máquina... dava briga, enfim... e essa era uma escola
que estava bem conectada e bem equipada e uma escola... outra
coisa você não faz no mesmo tempo uma lição no livro didático
impresso né? e:e... uma navegação na internet né? a aula não
pode ter 45 minutos, aqui em são paulo o:o rossieli adotou no
currículo do ensino médio eu morri de rir quando ele fez isso
é... uma aula de 45 minutos por semana de e:e... de... tecnologia
digital não é di...di... informática né? no currículo, nem dá boot
no computador 45 minutos, o computador demora pra entrar
não tem banda e tal maquina é véia e tal né? (sons de chamada)
Desculpe...
Isabella: magina.. (rs) acontece.
Roxane: deixa eu desligar, esqueci... é:é... então é:é... aí tava
falando disso né então eu acho que os professores no ponto de
vista de equipamento e se encontram mesmo que eles usem os
deles e tal é ativamente desvalido com pouca banda nas escolas
isso teria que ser acompanhado por um programa como piec
justamente pra equipar e conectar as escolas só que esse programa
é desconhecido da maior parte dos diretores e na bahia por
exemplo que foi por onde tive essa informação primeiro é:é...
tem um levantamento lá no site do piec no mec é:é... mesmo na
bahia por exemplo os diretores não tem pedido e:e... o programa
está super sub... talvez porque nem saibam né? eu fiquei sabendo
por uma menina que pesquisava isso na bahia que eu fiz parte
da banca da menina, né? então é quer dizer é muito complicado
mesmo o negócio né? pra que seja eficaz né? então é:é... outra: o
material didático né a ideia dos protótipos esse material que só
se atualiza na navegação mas que é de de difícil utilização mesmo
numa escola de ensino integral aqui em são paulo equipada com
pouca banda mas equipada mas não o suficientemente equipada
quer dizer o melhor dos mundos seria o mundo que algumas
escolas privadas aqui em são paulo tem onde a escola tem a alta
conexão cada menino tem o seu tablet né? no material escolar
SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 228
né?
Isabella: verdade.
Roxane: então comprado pelo pai né geralmente,
Isabella: sim.
Roxane: no material escolar não distribuir agora em pensando
no pnld né? que é um programa caríssimo um dos programas
mais caros do ministério é:é... por causa do correio já falei é...
abandonando o peso do livro e assumindo a leveza da internet
eu acho que se gastaria menos de equipamento e conexão do
que se gasta de correio no pnld vendendo livro então bastava
que houvesse vontade política para que esse movimento fosse
feito furtiva vontade política né porque que eu acho que não
pode faltar e não é um ato a mais um chantilly, porque ninguém
mais escreve, nem à mão eu nunca mais, só assino à mão mai
nada atualmente nem assinar, escaneei minha assinatura e ponho
minha assinatura escaneada nos documentos né? é:é... nunca
mais escrevi à mão graças à deus porque eu tenho dificuldade
motora né? mais é:é... eu acho que ninguém mais escreve à mão,
né? então é:é... quer dizer isso se juntaria a maneira de ler e
escrever, a Finlândia já descobriu isso a 20 anos atrás né? e se dá
com isso muito bem no piza, faz mais de 20 anos por exemplo
que a Finlândia não ensina a escrita manual na alfabetização mas
a escrita digital eles ensinam a digitar e não a escrever à mão que
leva um tempo enooorme né? pro menino aprender o desenho
das letras etc que que eles disseram a 20 anos atrás não precisa,
não usa, mais caneta e lápis né? usa computador então vamo
só:ó ler e escrever no computador né? agora um rapaizinho desse
tamanho social democrata rico etc né? então tem muitas chances
de ser bem sucedido nisso no Brasil a situação é diferente né? a
gente continua batalhando e reinvidicando que o Brasil entre na
era digital né mas não entrou ainda não na escola né?
Isabella: sim, sim...
[fim do trecho recortado - foi transcrito até 22:46 - tamanho
original: 37:41]
SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 229
Considerações finais
Referências
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 230
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SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 231
https://doi.org/10.52788/9786589932147.1-12
Introdução
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 232
e escrita nos contextos multimodais da linguagem, presentes nos recursos
de multimídia do ciberespaço. Uma das intenções do letramento digital é
decodificar estes signos e transformá-los em aprendizagem. As tecnologias
nos ajudam, a cada nova configuração que surge, ou nos permitem fazer
coisas que talvez fossem mais difíceis ou mesmo impossíveis sem elas. No
caso da educação, podem permitir ensinar melhor e mais eficazmente
perante os novos desafios; ou podem favorecer o aprendizado de forma
mais fácil ou mais eficiente. Afinal, isso deveria ser o que buscamos, tanto
alunos quanto professores. No entanto é necessário ajustar nossas práticas
às tecnologias aos propósitos (e ter algum, aliás é fundamental), para essa
integração fazer realmente sentido e ser prolífera (RIBEIRO, 2018, p. 73).
O presente estudo constitui em um levantamento de pesquisas na base
de dados Scopus, o qual tem como finalidade uma análise bibliométrica
para investigar a relevância da questão-problema que se levanta acerca do
desenvolvimento do Letramento Digital na prática docente na construção
de competências dos estudantes do Ensino Médio. Seu objetivo principal
é fornecer insumos para legitimação da proposta e realização de um
levantamento do referencial teórico para dar fundamento à pesquisa de
dissertação de Mestrado. Assim, a utilização de métodos quantitativos
auxiliará a busca das considerações a respeito de quais são os atuais desafios
referentes ao letramento digital diante da produção científica.
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 233
os padrões de autoria, publicação e uso dos resultados de investigação.
Portanto, a evolução dos estudos em produção científica, assim, assistiu à
conversão da bibliometria, de um campo de pesquisa, em técnica – uma
técnica útil, que deve ser adotada em conjunto com métodos qualitativos
fornecidos pelas ciências sociais (ARAÚJO, 2006, p. 24).
A relevância do levantamento bibliométrico contribuiu para o
mapeamento das informações e enriquecimento bibliográfico para estudos
posteriores sobre os conceitos e práticas do letramento digital. Assim, diante
do que foi proposto, Price (1976) esclare o ponto central da bibliometria
Protocolo de pesquisa
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 234
operadores booleanos e termos em inglês para aumentar a dimensão da
pesquisa: “digital literacy” AND teach AND learning AND teacher AND
*education AND “high school”.
Estruturação: Na realização desta etapa foram consolidados os dados
obtidos na busca dos termos e exportação dos resultados (bibtex) para
um documento do Excell, logo após os dados indexados foram salvos no
Bibliometrix por meio do Rstudio para posterior análise. Por meio desse
software os dados indexados foram categorizados e organizados na forma
de gráficos, planilhas e mapas. Ainda nesta mesma etapa foram realizadas a
exclusão de artigos que fugiam muito da temática abordada.
Processamento: Finalmente os dados foram processados para
organização das bibliometrias e realização da análise dos resultados obtidos
para formatação da síntese final.
Análise de periódicos
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 235
Documentos por área de assunto
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 236
Documentos por tipo
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Análises dos periódicos por autor e colaboração
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 238
Trabalhos mais relevantes
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 239
Associados ao tema foi analisada a relevância dos autores mais
citados, a área geográfica e instituições a que pertencem, assim como o
tipo e área com maior abrangência em relação a temática, possibilitando
o mapeamento da ciência e facilitando, desta forma, a seleção do material
para referencial teórico comparando linhas de pensamento, evolução da
discussão do assunto e posições científicos dentro da área de estudo.
Análise de palavras
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 240
Apresentação do crescimento mundial das palavras
Árvore de palavras
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 241
Palavras em colaboração entre citações
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 242
Nas Figuras 9 e 10 podem ser observados destaque para as palavras:
digital literacies, learning e teaching tanto no título como no resumo já na
figura 11 a palavra teaching apresenta um crescimento em comparação a
palavra students. O que confirma o interesse em pesquisas relacionadas às
práticas docentes em relação ao desenvolvimento do letramento digital. No
refinamento da busca foram encontrados outros termos como: Competência
digital, currículo, tecnologia, entre outros. Observou-se também que
os temos “digital literacy” e “literacias digitais” ora apresentam sentidos
semelhantes ora distintos, estes termos aparecem em 117 dos periódicos
em títulos e resumos, destes 71 se referem a “alfabetização digital” e 46 ao
“letramento digital”.
Fundamentação teórica
Resultados alcançados
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 243
aplicativo que fornece uma interface web para bibliometrix., que fornece
um conjunto de ferramentas para pesquisa quantitativa em bibliometria
e cienciometria. Esta é uma ferramenta de código aberto para a execução
de uma análise abrangente de mapeamento da literatura científica (ARIA;
CUCCURULLO, 2017).
Considerações finais
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 244
Por outro lado, percebemos a influência de determinados
trabalhos e autores, amplamente citados em obras que tratam do tema
letramento digital ou letramentos digitais, mostrando o estabelecimento de
algumas referências que estão se consolidando na área interdisciplinar entre
a Educação e a Linguística. Finalmente, este levantamento bibliométrico
auxiliará o aprofundamento do referencial teórico quanto aos temas
analisados, o que contribuirão com as pesquisas relacionadas a dissertação
de mestrado aqui proposta.
Referências
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 245
PRICE, Derek de Solla. O desenvolvimento da ciência: análise histórica, filosófica,
sociológica e econômica. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1976.
RIBEIRO, Ana Elisa. Escrever, hoje: palavra, imagem e tecnologias digitais na educação.
São Paulo: Parábola, 2018.
SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 246
https://doi.org/10.52788/9786589932147.1-13
Introdução
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 247
E o principal marco para deixar evidente aos incrédulos sobre a
necessidade de adaptação da sociedade que aprende aos novos recursos
proporcionados pelas Tecnologias da Informação e Comunicação, mais
conhecidas pela sigla TIC’s, foi o colapso causado pela Pandemia provocada
pelo Novo Corona vírus (Covid-19), no qual foi preciso reorganizar o fazer
pedagógico e criar caminhos mediados pela tecnologia para que o processo
de ensino aprendizagem se mantivesse, sem causar prejuízos aos estudantes
principalmente da educação básica.
Foi realizado uma busca na literatura e nas publicações mais recentes
visando responder o seguinte questionamento: como o letramento digital
pode corroborar com o ensino de Língua Portuguesa na educação básica?
Dessa forma, o presente estudo tem por objetivo geral descrever
a importância do letramento digital no ensino da língua portuguesa,
apontando as dificuldades e benefícios de sua implementação na educação
básica. De forma específica, visa estruturar os principais mecanismos
tecnológicos para aprimorar o ensino de Língua Portuguesa na educação
básica; apontar na literatura quais caminhos foram usados para fins de
efetivar o letramento no ensino da língua materna; e, verificar os resultados
positivos que o letramento digital traz para o ensino dentro e fora da sala
de aula.
A revisão se justifica por se tratar de um mecanismo para estruturar
os principais meios e práticas utilizadas dentro de sala de aula ou como
processo de intervenção para, a partir do uso das novas tecnologias e do
letramento digital, permitir que o ensino de língua portuguesa se efetive
e amplie a formação do discente, permitindo que o mesmo interaja na
sociedade de forma consciente, sabendo utilizar a sua língua pátria em
diversos contextos.
A metodologia partiu da adoção de um levantamento bibliográfico e
da sistematização de diversos estudos que tiveram como base a análise ou a
criação de projeto de intervenção para utilizar as TIC’s como ferramenta do
ensino de língua portuguesa, de forma qualitativa, tomando como principais
estudos os dados apresentados por Galvão (2015), Reis, Lima (2019),
Carvalho (2017), Cani (2019) e Silva (2017), baseado em publicações
SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 248
de artigos científicos, dissertações e teses, se aprofundou na temática ora
selecionada, sendo que os escritos foram retirados dos principais sites
de pesquisa da Internet, em especial o Google Acadêmico, a Plataforma
Sucupira e a SciELO ou o repositório das principais universidades do País,
com ano de publicação limitado aos últimos dez anos.
Tomando por base o questionamento proposto na formulação
deste trabalho e os resultados apresentados a partir da sistematização
dos estudos realizados, percebeu-se que a análise da implementação das
novas tecnologias no ensino de língua portuguesa e a partir disso investir
na educação letramento digital, demonstrando que a atualidade exige
dos estudantes e futuros profissionais muito além da capacidade de ler
e escrever, as requer que seja dominado o hábito de interpretar dados,
compreender as novas tecnologias e perceber as inúmeras mudanças que
ocorrem hodiernamente no mundo do trabalho, no âmbito pessoal e no
convívio social. A pandemia que se alastrou no mundo a partir de 2019
deixou muito evidente a importância das Novas Tecnologias para todos os
setores da vida humana em sociedade, especialmente na intermediação dos
processos de ensino e aprendizagem.
Fundamentação teórica
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 249
faça uso dos diversos materiais escritos e os compreender, permitindo ao
final a inserção da pessoa no âmbito social (PARISOTTO; RINALDI,
2016).
De acordo com Oliveira e Batista (2018), a partir de embasamento
teórico no qual busca a definição de letramento a partir do que foi
proposto por Ângela Kleiman na sua obra “Os significados do letramento”,
onde discorreu que “podemos definir hoje o letramento como um
conjunto de práticas sociais que usam a escrita, como sistema simbólico
e como tecnologia, em contextos específicos, para objetivos específicos”
(OLIVEIRA; BATISTA, 2018 apud KLEIMAN, 2008, p.18).
Nesse sentido, a autora Silva e Silva (2019), apontou que o conceito
criado recentemente a respeito de letramento surgiu como uma política ou
método para enfrentar o grande índice de analfabetos no País em Décadas
recentes. Ao discorrer sobre a origem, afirmou a autora que letramento se
difere de alfabetização, pois enquanto este pode se resumir ao ato de juntar
letras e formar as palavras do léxico, o letramento requer um sujeito que vai
além das palavras, que seja crítico sobre aquilo que leu. Assim,
No que concerne à visão desse novo cenário que se configura a partir da compreensão
do letramento como um processo que não se encerra na aprendizagem inicial da
leitura e da escrita, é de suma importância que o ambiente escolar seja alicerce de
práticas que contribuam para a formação de um sujeito letrado (SILVA E SILVA,
2019, p. 24).
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 250
Complementando essa nova visão trazida pelo conceito de letramento,
é que entra o posicionamento de Silva e Silva (2019) ao deixar claro a
amplitude do campo de visão que é aberto quando o sujeito é considerado
“letrado”, não aquele conceito antigo de letrado, entendido como aquele
que concluiu um grau superior na hierarquia educacional, mas aquele
sujeito que lê as palavras e interpreta o mundo ao seu redor. Assim, para a
autora:
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 251
decorrente do surgimento das inúmeras tecnologias digitais, que em
pouco tempo tomaram conta da sociedade. A escola, enquanto partícipe
primordial das interações humanas em comunidade, não poderia deixar de
integrar as novidades tecnológicas para dentro da sala de aula.
Nesse sentido, Galvão (2015) corrobora sobre o atual cenário
educacional, afirmando que o fato do aluno e do professor terem acesso em
tempo real às inúmeras e incontáveis fontes de informação, seja através do
computador, do tablete, da televisão e de forma mais facilitada e acessível,
através do uso de celulares smartphones que são capazes de conjugar todos
os demais aparelhos em um único. O referido autor ainda leciona que
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 252
letramento digital, quando afirmou que o termo representa um arcabouço
delineado pelo aprendiz, onde são desenvolvidas inúmeras competências
através do uso de dispositivos tecnológicos para fins de “localizar, selecionar,
organizar, explorar, utilizar e produzir informações de forma crítica, ética
e segura, visando à inserção do cidadão no mundo contemporâneo”
(CANI, 2019, p. 64). O que se espera na prática é que com o domínio
da linguagem associada às tecnologias modernas sejam criadas mais
oportunidades para que todo individuo seja partícipe das questões ligadas
às demandas da sociedade, especificamente naquelas atreladas às esferas
políticas, econômicas, culturais e sociais.
Destaca-se que até o conceito de letramento digital vem evoluindo
muito rapidamente. Prova disso é que o conceito de letrado digital como
sendo aquele que conseguia digitar e entender um texto em um aplicativo
de edição de textos em um computador já está ultrapassado. Decorrente
das práticas atuais mediadas pelas tecnologias, ficou claro que são inúmeras
as bases para a compreensão de sentido sobre algo, indo além da escrita.
Exemplo claro do que foi afirmado é o fato de muitos adolescentes
procurarem conteúdos em forma de vídeos e que ficam disponíveis em
plataformas de stream, a exemplo de videoaulas do Youtube (PINHEIRO,
2018).
O que se percebeu é que o conceito de letramento digital, na atualidade,
deve pressupor o processo ensino aprendizagem mediado por outras
técnicas além da escrita. Para exemplificar tal afirmação, Pinheiro (2018),
a partir da definição de Buzato (2003, 2007), entendeu que o letramento
digital é considerado como práticas sociais em rede ou cadeira, de forma
entrelaçada, modificando-se também graças aos usos das Tecnologias de
Informação e Comunicação, requerendo o exercício de habilidades voltadas
para compreensão determinado a partir de textos multimodais ao mesmo
tempo que desempenha a capacidade para localização, seleção de ideias
e análise crítica da informação localizada de forma eletrônica, e por fim,
demonstrando familiaridade com os recursos da comunicação através dos
computadores (PINHEIRO, 2018).
SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 253
Mas o fato da escola passar por uma transformação na sua forma de
ensinar exige dos docentes uma atualização constante, onde possam refletir
de forma crítica sobre a nova configuração dos conceitos e práticas em sala e
da ligação destes com os ambientes de ensino e aprendizagem. Decorrente
principalmente do acesso a conteúdo fora da sala de aula, corre o risco do
professor vê-se desatualizado, onde o conhecimento compartilhado antes
era restrito a livros, agora é acessível a qualquer momento e em qualquer
lugar, podendo desestimular a atuação docente caso não seja acompanhado
toda essa evolução. De outro ponto, têm aqueles que não possuem acesso
aos recursos modernos, sejam alunos ou educadores, sendo responsabilidade
da escola permitir essa interação, garantindo acesso a mais essa ferramenta
de interação para a aprendizagem (COSCARELLI; RIBEIRO, 2011).
A Internet é a principal ferramenta que possibilitou toda essa revolução
no processo de ensino, ampliando as possibilidades de ensinar, criar e recriar
conhecimento e melhorar a percepção dos alunos e professores sobre um
processo tão antigo quanto a humanidade, que o processo de educar. Nesse
diapasão, para Santos e Lacerda:
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 254
função, de ser mediador dos conhecimentos, garantindo que ao final o
aluno possa construir conhecimento. Mas cabe salientar que esse processo
de ensino-aprendizagem compartilhado não se restringe à sala de aula, deve
desempenhar uma função social (RIBEIRO; FREITAS, 2011).
Para complementar o conceito de letrado digitalmente, a partir das
novas concepções tecnológicas surgidas nos últimos anos, entende-se
como aquele aluno que é capaz de escrever frases e textos em aplicativos
de edição e dar sentido ao que foi escrito quando terceiros lerem a sua
criação, que é capaz de criar tabelas no Excel, bem como apresentar
trabalhos usando recursos de audiovisuais seja com recursos possibilitados
com o uso do PowerPoint ou outro recurso de slides. Mas também está
dentro da competência do aluno letrado digitalmente o fato de responder
e-mails, participar de chats e bate-papos on-line. Outra modalidade de
recurso digital utilizado na atualidade pelos professores para influenciar ao
aluno a praticar essa modalidade de letramento é o uso de jogos digitais,
objetivando ampliar o raciocínio lógico onde o usuário daquele sistema
informatizado pratique noções básicas de interpretação e compreensão
(PINHEIRO, 2018).
O autor Toledo (2015), a partir da análise do conhecimento
mediado pelas modernas tecnologias, indicou haver diversas formas
de aperfeiçoamento do processo de aquisição do conhecimento nas
escolas. A partir do uso de recursos tecnológicos (computador, recursos
multimídias, softwares educativos), cria-se um meio de auxiliar tanto o
professor quanto o aluno para a efetivação do processo de aprendizagem
de forma dinâmica, dando ao professor condições de ministrar aulas mais
criativas, possibilitando de outro modo acompanhar as transformações e as
mudanças que ocorrem quando o aluno passa a exercer sua independência
na procura e seleção de informações e na resolução de problemas, dando
ao discente condições materiais de se tornar o ator principal na aquisição
do seu conhecimento.
Santos (2018), analisando todo processo evolutivo que acompanha
a sociedade, em especial a eliminação das fronteiras entre países, da
rapidez com que a informação é disponibilizada em rede, analisando
SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 255
as reorganizações das práticas e modalidades midiáticas, e partir dessa
visão olhando para o processo atual de ensino da leitura e da escrita,
traçou uma nova abrangência do letramento digital, considerado como
multiletramentos, pois o ensino da língua materna exige processos mais
dinâmicos e desafiadores para os educandos.
O que se percebeu é que a noção de multiletramentos associa-se tanto à
multiplicidade cultural e linguística das sociedades atuais quanto aos variados
modos de integração e constituição de significados. E para acompanhar essa
inter-relação e pluralidade cultural e textual que compõe o meio social em
que se está imerso, partiu-se de uma pedagogia dos multiletramentos, que
procurou associar de forma cada vez mais crescente as variedades de textos
com as Novas Tecnologias da Informação e Comunicação, procurando a
compreensão e o domínio das diversas formas de representação que são
empregadas nos ambientes virtuais interativos, os quais por diversas vezes
produzem modos distintos de significar (SANTOS, 2018).
Santos e Lacerda (2018) apontaram um erro frequente cometido
por professores em suas aulas de língua portuguesa quanto ao processo
de efetivação do letramento digital, ao informar que o referido processo
ocorre principalmente por meio de documentos impressos, especialmente
através do uso do livro didático, decorrente principalmente da falta de
recursos tecnológicos no ambiente escolar ou mesmo pela falta de tempo
ou estrutura para um planejamento efetivo de atividades com foco em
tecnologias. O que se viu é que o letramento digital impresso torna
ineficiente um processo que deveria ocorrer a partir do uso de recursos
digitais, pois esta é sua base fundamental para o aprendizado mediado.
Silva e Silva (2019), ao entrelaçar essa realidade tecnológica que
a sociedade vive, percebeu as transformações que esses recursos tem
produzidos na língua, na escrita e em todo o processo educativo, estendendo-
se diretamente à sociedade. É enorme os impactos ocasionados pelas novas
tecnologias sobre toda a aprendizagem e como esse processo oscila com o
surgimento de novas ferramentas, aumentando as exigências tanto para
docentes quanto para seus orientados quanto ao aprimoramento de novas
habilidades que permitam o acesso às ferramentas digitais.
SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 256
Quando se parte para o ensino de Português numa perspectiva do
letramento digital, deve-se primordialmente compreender os textos com
uma nova abordagem, a pois estes adquiriram novas configurações com o
avanço da informatização. Percebeu-se no cotidiano do uso do computador
que os textos compõem-se, em sua abordagem amparada pela tecnologia,
como um mesclado de escrita e de imagens praticamente indissociáveis,
onde se exige do educando uma forte adesão ao plano visual. Assim, a
difusão ampla tecnológica provocou o surgimento de textos com condições
multimodais, pois são compostos pelas múltiplas formas que se compõe a
linguagem, exigindo novas formas de se criar e ler textos (SILVA, 2017).
E os textos com características multimodais são denominados pela
maioria dos estudiosos como hipertextos. Assim, Ribeiro e Freitas (2011),
ao abordar o tema, compreende o hipertexto como o texto em rede,
possuindo como características básicas a não linearidade em sua composição,
possuindo nós que se ligam uns aos outros, não exigindo do leitor que siga
uma ordem única para que ao final compreenda o que está exposto. Há a
presença de textos com uso da linguagem padrão, presença de imagens e
sons em um único local, com canais que levam a outras leituras disponíveis
em espaços paralelos e que são imprescindíveis para repassar a informação
desejada (RIBEIRO; FREITAS, 2011).
Mas a escrita em ambientes digitais apresenta uma característica
muito específica: têm apresentado uma interação muito próxima com a
forma de conversar do autor. Quando se analisa a escrita produzida em
ambientes digitais (redes sociais, principalmente), fica muito perceptível a
aproximação daquilo que foi escrito com o modo de falar, quase que uma
transcrição literal daquele que escreveu, deixando muitas vezes de observar
regras ortográficas e as normas padrões da escrita (SILVA E SILVA, 2019).
Esse constitui-se como um grande desafio, pois é preciso que os
professores possam compreender esse modo característico de se comunicar
dos alunos em ambientes síncronos baseados em tecnologia, e a partir disso
trabalhar os gêneros textuais, mostrando que a comunicação precisa se
adaptar aos diversos ambientes em que o aluno frequenta, pois cada espaço
possui uma linguagem típica, não devendo ser reproduzido a forma de
escrita das redes sociais em uma correspondência oficial, por exemplo.
SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 257
Como visto, as redes sociais que antes caracterizavam-se como vilãs
das aulas de Língua Portuguesa, agora podem se tornar grandes aliadas
nesse processo de letramento a partir do ensino dessa disciplina, decorrente
principalmente dessa integração das relações sociais que esses recursos
tecnológicos têm provocado, principalmente por criar novas formas de se
perceber, interpretar e agir em sociedade. As redes sociais, blogs e mesmo os
sites, que agora ficam interligados, passam de meras fontes de informação e
entretenimento para atuarem como verdadeiras responsáveis por mudanças
bruscas nos processos cognitivos e relacionamentos humanos (KNEBEL,
2012).
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 258
medida que se comunica tanto de forma verbal como não-verbal entre si
(KNEBEL, 2012).
E não há como abordar a tecnologia para o ensino nos tempos atuais
sem citar a sua importância majorada com o alastramento da Pandemia
ocasionada pela propagação do vírus da Covid-19 (nome científico Sars-
CoV-2). Nesse sentido, Morais, Pinheiro e Chagas (2019) identificam a
importância do aprimoramento das metodologias de ensino por meio de
recursos digitais, pois o isolamento social tornou-se algo imprescindível
para o combate ao vírus. Além disso,
Assim, em meio à suspensão das aulas, novos rearranjos foram necessários visando
não quebrar o contrato social estabelecido e não pôr os diversos educandos em
risco, dada a realidade em vigor. Esse caráter excepcional que acabou surgindo
possibilitou que muitas ações didáticas e pedagógicas florescessem de maneira
tímida e evoluindo de acordo como a situação foi sendo encarada pelos diversos
sistemas e modalidades de ensino (MORAIS; PINHEIRO; CHAGAS, 2019, p.
2).
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 259
ensinar por intermédio de recursos tecnológicos, em especial com apoio
das inúmeras possibilidades trazidas pelas redes sociais, já que minimiza
a mazela do aluno em não saber usar um computador e o processo de
aprendizagem é voltado para as interações sociais travadas no dia a dia dos
discentes.
Resultados e discussão
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 260
das ferramentas digitais. E para que esse recurso de letramento de alunos
e modificar a didática de professores, surge a necessidade unânime de
criar cursos com esta metodologia ativa para os professores em língua
portuguesa para melhorar a prática em suas aulas.
Quanto aos principais resultados trazidos pelo emprego do
letramento digital em sala de aula, um ponto fundamental é assegurar é
o processo de interação aluno-professor, pois o uso das TIC’s possibilita
que o alfabetizado interaja com os outros colegas ao passo que cria,
posta e reposta textos em linguagem oral e escrita, e mostra ao docente a
capacidade de compreensão e interpretação apresentada nas imagens ou
textos por escrito publicados e lidos (SOUZA et al., 2014).
Todo este processo de aprendizagem só se torna efetivo se o uso
das redes sociais usadas, forem de maneira consciente, tendo o aluno do
fundamental I e II, bem como do ensino médio o acompanhamento de
um mediador, o então professor, que de modo eficaz irá analisar quais
sites, blogs e canais de informação são seguros, confiáveis e não produzam
riscos a criança ou adolescente (OLIVEIRA, 2018).
As redes sociais como Facebook, Instagram, Blogs, Chats, jogos
on-line, WhatsApp, Telegram entre tantas outras, são usadas de forma
constante para comunicação e entretenimento, no entanto um indivíduo
adulto pode usufruir de todos os dados apresentados sem restrições,
enquanto um adolescente deve selecionar o tipo de informação e quem
a destina, sendo fatores cruciais para que o receptor (aluno) não esteja
sendo manipulado de maneira negativa (RIBEIRO, 2012).
É preciso que seja superado a formação precária de docentes para
o ensino de Língua Portuguesa na perspectiva do letramento digital,
abarcando desde a formação inicial. É preciso que todos os professores,
independentemente do nível que atue (municipal, estadual ou federal), de
escolas públicas ou privadas, tenham acesso a uma formação que permita
ter como aliada as Novas Tecnologias da Informação e Comunicação,
fazendo uso de tais recursos para maximizar os ganhos com o ensino da
língua materna. Mas apenas formar professor para lidar pedagogicamente
com tecnologias sem incrementar tais tecnologias no processo de ensino,
torna tal fato inócuo (CANI, 2019).
SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 261
Para Galvão (2015), quando da análise do uso do letramento digital
no ensino, trouxe como principal resultado a necessidade de desenvolver
novas competências aos egressos dos cursos de Licenciaturas em Letras,
para fins de trabalharem com os novos aparatos tecnológicos. Ademais,
analisou a aproximação do professor de Língua Portuguesa com a nova
linguagem dos jovens, bem como com as novas formas de leitura e escrita
a partir de textos multimodais. E, por fim, verificou a competência do
professor de língua portuguesa para fins de aprimorar seus conhecimentos
no âmbito das Tecnologias da Informação e da Comunicação, para
assim, instrumentalizar seus conhecimentos no direcionamento dos
novos letramentos, uma vez que, o letramento digital é responsável pelo
desenvolvimento das novas competências nos alunos.
Reis e lima (2019) destacaram a imprescindibilidade de se trabalhar
as redes sociais para fins de efetivar o processo de letramento digital,
trazendo para a sala de aula o acesso a redes sociais, em especial o Facebook.
O Facebook se mostra como um espaço propício ao direcionamento
de novas práticas de leitura e escrita, com vistas a oferecer um ensino-
aprendizagem mais criativo, crítico e que desenvolve a autonomia dos
alunos. Do uso da rede social, é possível a propositura de realização
de atividades on-lines permitem a mediação de letramentos para a
comunicação, propiciando aos alunos o contato com os alguns recursos
hipertextuais e multimodais disponíveis na Web, havendo integração
entre texto verbal, imagem, bem como garante a interação entre os sujeitos
do ensino-aprendizagem. O aluno, através do processo de mediação do
conhecimento disponível, localiza, organiza e aprende a fazer uso de
informações presentes na Web, trazendo ao final a aquisição dos letramentos
(REIS; LIMA, 2019).
Como apontado por Knebel (2012), Reis e Lima (2019) e Silva e
Silva (2019), as redes sociais quando trabalhadas para fins de aumentar o
processo de efetividade da leitura e da escrita, seja através de publicações,
compartilhamentos, comentários, interações sociais, traz como ganho
uma melhor desenvoltura da comunicação escrita e falada em diversos
ambientes.
SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 262
Considerações finais
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 263
Referências
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 264
pdf?sequence=1&isAllowed=y >. Acesso em 27 Fev. 2021
KNEBEL, Flávia Cristina Martins. Uso das redes sociais para ensino e aprendizagem
na disciplina de língua portuguesa: refletindo distanciamento e aproximações. Artigo
(Especialização em Tecnologias da Informação e Comunicação Aplicadas à Educação).
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SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 266
https://doi.org/10.52788/9786589932147.1-14
Introdução
1 A COVID-19 é uma doença causada pelo coronavírus SARS-CoV-2, que apresenta um quadro clínico que varia de
SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 267
Em abril, o CNE, por meio do Parecer Nº 5/2020, estabeleceu que
as atividades pedagógicas não presenciais serão computadas para fins de
cumprimento da carga horária mínima anual. O órgão colegiado salientou
que essas atividades podem ser executadas por meios digitais (vídeo-aulas,
conteúdos organizados em plataformas virtuais de ensino e aprendizagem,
redes sociais, correio eletrônico, blogs, entre outros); por meio de
programas de televisão ou rádio; pela adoção de material didático impresso
com orientações pedagógicas distribuído aos estudantes e/ou seus pais ou
responsáveis; e pela orientação de leituras, projetos, pesquisas, atividades e
exercícios indicados nos materiais didáticos (BRASIL, 2020b).
Em relação a reorganização escolar, o CNE considerou-a como um ciclo
emergencial que visa à mitigação dos impactos da pandemia na educação
em razão da longa duração da suspensão das atividades educacionais de
forma presencial nas escolas. Contudo, o órgão colegiado evidenciou que,
independente da estratégia adotada, as redes de ensino devem: i) ter como
finalidade o atendimento dos direitos e objetivos de aprendizagem previstos
para cada série/ano; ii) assegurar e manter o padrão de qualidade previsto
em leis (Lei de Diretrizes e Bases da Educação e Constituição Federal); iii)
cumprir a carga horária mínima prevista na LDB; iv) evitar retrocesso de
aprendizagem por parte dos estudantes e a perda do vínculo com a escola;
v) observar a realidade e os limites de acesso dos estabelecimentos de
ensino e dos estudantes às diversas tecnologias, sendo necessário considerar
propostas inclusivas e que não reforcem ou aumentem a desigualdade de
oportunidades educacionais e; vi) garantir uma avaliação equilibrada dos
estudantes, assegurando as mesmas oportunidades a todos e evitando o
aumento da reprovação e do abandono escolar (BRASIL, 2020b).
Para o Ministério da Educação (MEC) faz-se importante que neste
período de afastamento presencial as escolas orientem alunos e famílias
a elaborarem um planejamento de estudos, com o acompanhamento do
cumprimento das atividades pedagógicas não presenciais por mediadores
familiares (BRASIL, 2020b, p. 9). É imprescindível o acompanhamento
e mediação de um adulto para orientação dos estudantes dos anos iniciais
do ensino fundamental, em razão das dificuldades desses estudantes para
SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 268
acompanharem e realizarem as atividades on-line ou apostilas. Devido
maior autonomia os estudantes dos anos finais do ensino fundamental e
do ensino médio, necessitam apenas de orientação, de um mediador.
Faz-se necessário clarear os conceitos de mediador/supervisor e
professor. O processo educativo, essencialmente pedagógico, é função
do professor. O mediador apenas acompanha e orienta o estudante na
organização de sua rotina diária de estudos. Ele não substitui a atividade
profissional do professor. (BRASIL, 2020b).
Sabemos que o ensino remoto foi resultado de uma emergência, e por
mais que tenha ocorrido um esforço de planejamento por parte dos sistemas
de ensino, as debilidades técnicas e estruturais condicionam um cenário
que pode ser definido como: o que temos pra hoje (SANTOS, 2020).
Ainda nesta perspectiva a autora confirma que essa situação emergencial
tem muitas limitações.
Em relação à educação escolar, na cidade de Barra do Garças, localizada
a 520 Km2 da capital do Estado de Mato Grosso, o prefeito publica o
Decreto nº 4.291/2020 que suspende as aulas em ambientes presenciais
e orienta que as atividades escolares sejam desenvolvidas pela modalidade
remota. Desde então, os centros municipais de educação criam estratégias
como grupos de WhatsApp para dar sequência as atividades escolares.
Pensando neste cenário, o artigo propõe reflexões sobre o acolhimento
em meio remoto e a continuidade do ensino de língua portuguesa com a
utilização de ODA, para continuidade dos processos educacionais sempre
visando o cognitivo.
Através do WhatsApp criou-se uma sala de aula remota para
interação em ambiente virtual com envio de atividades formuladas
no Google Formulários, produção de textos no Google Documentos,
compartilhamento de vídeos do Youtube, assim como produção de vídeos
utilizando diversos aplicativos.
Percebemos que estas atividades permitiram estimular o aprendizado,
criar etapas desafiadoras e observar, através de gráficos gerados pelos
softwares, o desempenho dos estudantes na sala de aula remota. Uma vez
que o momento não permite aulas em meio presencial, o modelo remoto
SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 269
está sendo utilizado para manter o ensino-aprendizagem via tecnologia
móvel.
Faremos uma reflexão sobre o ensino de língua portuguesa em
ambiente remoto de aprendizagem e como estamos trabalhando para tentar
amenizar o distanciamento presencial, somos sabedores que para grande
parte da população estudantil o celular passou a ser extensões do corpo,
memória externa de suas vivências. Dentro deste escopo pensar a imersão
como característica do espaço fluido e digital. Neste sentido, é importante
que o docente, alinhado à utilização das novas tecnologias, faça o seu uso
de forma eficaz e coerente ao desenvolvimento do conteúdo que oferta.
Abordaremos o relato da experiência com os contos de Rubem Fonseca,
“Passeio Noturno I e II”, onde tratamos a questão da violência urbana,
feminicídio e preconceito racial. Durante o isolamento social os números
de agressões aumentaram consideravelmente segundo fontes de pesquisas.
Houve também a necessidade metodológica de uma prática pedagógica
que acolhesse o maior número de estudantes possível, e que fosse prático,
econômico, sustentável, atraente e eficiente na condução da disciplina de
Língua Portuguesa.
Por fim, concluiremos o tema abordado, deixando algumas reflexões
dessa experiência que atinge mais de algumas turmas dos anos finais do
ensino fundamental, em sua maioria carentes, pertencentes a um bairro
periférico da cidade de Barra do Garças.
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 270
Pesquisa recente intitulada The Next Generation of Learners,
encomendada pela empresa americana Pearson, apontou que 47% dos
estudantes pesquisados indicaram a utilização de aplicativos e games via
tecnologia móvel como método preferido para a aprendizagem. Embora
o apelo a tecnologia, a figura do professor foi apontada por 78% como
o principal método para a aprendizagem. Isso reforça o entendimento de
que mesmo com a inovação proporcionada pela tecnologia a interação
professor-aluno ainda fica em primeiro lugar quando se quer conhecimento.
(DAMASCENO; COSTA, 2019).
Na perspectiva histórico-cultural, a resolução de problemas pode
desencadear a formação do pensamento teórico, quando o escolar é
desafiado, diante de uma situação, que o motive a enfrentá-la. Assim, “[...]
o pensamento propriamente dito é gerado pela motivação, isto é, pelos
nossos desejos e necessidades” (VYGOTSKY, 2005, p.187).
Vygotsky valoriza o trabalho coletivo, cooperativo, assim, o ambiente
remoto, proporciona mudanças qualitativas na zona de desenvolvimento
proximal do estudante, os quais não acontecem com muita frequência
em salas de aula “tradicionais”. A colaboração entre os agentes pressupõe
um trabalho de parceria conjunta para produzir algo que não poderiam
produzir individualmente.
Cabe ao professor mediar o conhecimento e orientar o estudante na
aprendizagem, determinando “as estratégias que possibilitam maior ou
menor grau de generalização e especificidade dos significados construídos”,
sendo dele também a responsabilidade por orientar e direcionar esse processo
de construção. (KENSKI, 2003; 2007; COUTO, 2013; PARANÁ, 2008).
Esta mediação conferida ao professor contemporâneo, é confirmada por
Libâneo (2011), quando diz que:
[…] o professor medeia a relação ativa do aluno com a matéria, inclusive com
os conteúdos próprios de sua disciplina, mas considerando os conhecimentos, a
experiência e os significados que os alunos trazem à sala de aula, seu potencial
cognitivo, suas capacidades e interesses, seus procedimentos de pensar, seu
modo de trabalhar. Ao mesmo tempo, o professor ajuda no questionamento
dessas experiências e significados, provê condições e meios cognitivos para sua
modificação por parte dos alunos e orienta-os, intencionalmente, para objetivos
educativos (LIBÂNEO, 2011, p. 13).
SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 271
A cooperação em um ambiente remoto torna-se visível e constante,
vinda do ambiente livre e aberto ao diálogo, da troca de ideias, onde a fala
tem papel fundamental na aplicação dos conteúdos. A interação entre o
parceiro conectado, as informações e os professores que seguem o percurso
da construção da experiência geram uma grande equipe que busca a
produção do conhecimento constantemente.
Por meio de aplicativos de comunicação em tempo real o estudante
pode tirar dúvidas em modo privado com o docente sem nenhum
constrangimento, assim como o docente responde ao estudante de maneira
individual, ele tem acesso as dúvidas que não teria em ambiente comum.
Conhecendo melhor este estudante o professor pode e deve realizar o PEI
(Plano Educacional Individualizado).
Logo, o estudante ganhará mais confiança para produzir algo, criar
mais livremente, sem medo dos erros que possa cometer, aumentando
sua autoconfiança, sua autoestima, na aceitação de críticas, discussões
de um trabalho feito de forma individual e/ou pelos seus pares. Já que
a tecnologia atual imprime como uma de suas características a lógica de
redes (CASTELLS, 1999), na qual a inovação e flexibilidade para lidar
com a tecnologia da informação reprograma e reorganiza as atividades
institucionais e sociais. Ao pensar que os jovens estão dentro dessa lógica,
os processos educativos precisam estar atentos a quem são e como eles
fazem a leitura de mundo.
Aprendizagem Multimídia
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 272
selecionadas no canal auditivo, logo em seguida acontece à seleção das
palavras e das imagens. Na memória de curto prazo há uma organização
entre as imagens e palavras formando os modelos pictorial e verbal, no qual
Mayer denomina memória de trabalho e finalmente, ocorre a integração
das informações, que juntamente com o conhecimento prévio, se constrói
a memória de longo tempo.
Portanto, aprender implica em lembrar, isto é, em ser capaz de
reproduzir e reconhecer o conteúdo, em construir um modelo mental
coerente para o conteúdo. Logo, aprendizagem multimídia seria a
construção de conhecimento (enquanto algo pessoal, intransferível) a
partir da interação com um recurso multimídia.
Neste cenário os desafios para a educação são grandes. Santaella
vai chamar de “‘aprendizagem ubíqua’ as novas formas de aprendizagem
mediadas pelos dispositivos móveis”. É característico dessa aprendizagem
os processos mais abertos, espontâneos, assistemáticos, livres e contínuos
já que podem ser acessados a qualquer hora do dia. É originado da web
2.0, uma internet mais colaborativa em que os saberes e problemas são
compartilhados. A consequência disso são aprendizagens situadas na cultura
digital, bem distinta da educação tradicional. A aprendizagem ubíqua
requer flexibilidade, instantaneidade e novas expectativas de liberdade.
A nova estética está vinculada a pluripresença (SANTAELLA, 2008),
a ubiquidade nossa de cada dia, quando nos deslocamos para outro lugar,
sem que para isso precisamos nos deslocar corporalmente. O sujeito está
em rede, imerso, num sistema colaborativo, experimentando a estética da
convivência a partir do espaço ciber, e quando se instala essa forma de viver
a visão-túnel e linear do pensamento não tem espaço.
A nova ecologia midiática impõe novos ajustes para a educação, e
embora novos modelos devam ser instalados isso não quer dizer que se
devam apagar formas e modelos anteriores. A cultura digital instala práticas
de autoformação, porém a ubiquidade traz consigo alguns aspectos, como
sendo: espontâneo, contingente, caótico e fragmentário. Por isso, a crítica
é que o leitor ubíquo encontra no espaço ciber condições instáveis entre
a grande difusão da informação e a construção pessoal do conhecimento.
SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 273
O papel do professor está justamente em inserir neste processo em que
pode existir aprendizagem sem ensino, um direcionamento para novas
descobertas, pautado pela conexão de informações verdadeiras e que leve o
pensamento ao acerto.
A elaboração de TIC, acolhendo às normas e critérios de acessibilidade
que atendam todos os estudantes, possibilita a leitura nos diversos suportes
em que se apresentam, e este leitor deverá ter habilidade para utilizar às mais
diferentes mídias em formatos visuais, sonoros, textuais, entre outros, que
respeitem e atendam possíveis limitações. Além disso, as TIC favorecem
a leitura lúdica e prazerosa à criança, que, além do livro de imagens e
pouco texto, utiliza o recurso midiático por meio de jogos educativos,
desenhos animados, vídeos com músicas e histórias infantis, histórias em
quadrinhos, histórias interativas e outros recursos possibilitados pelos
diferentes suportes.
Já para o adolescente, que por algum motivo, não cresceu em um
ambiente de convívio com a leitura na família, onde o livro muitas vezes
esteve ausente, a escolha do smartphone prepondera sobre o livro, devido
aos estímulos visuais, sonoros e textuais que as mídias oferecem por meio
de blogs, vlogs, podcast, vídeos, filmes, musicais, comunidades virtuais,
redes de relacionamento, jogos interativos, audiobooks, entre outros,
modificando as relações no contexto familiar e escolar.
Nesse sentido, a família e a escola, como mediadores de leitura,
exercem papel preponderante na interação da criança e do adolescente
com as TIC, uma vez que segundo Moro (2011), a leitura se reveste de
grande importância e significado em todo o desenvolvimento na vida das
pessoas, compreendida como práticas e representações sociais, propiciando
a interação com o mundo e com o outro.
Assim, as TIC tornam-se essenciais no processo de leitura, funcionando
como estímulo e acesso nos suportes (eletrônico e bibliográfico) em que a
família, a escola e a biblioteca, por meio de seus atores (pais, professores e
bibliotecários), tornam-se os mediadores entre o texto e o leitor, propiciando
ambientes de leitura e de aprendizagem mais lúdicos e prazerosos nos
espaços/lugares em que as pessoas vivem.
SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 274
Aula durante do Ensino Remoto Emergencial
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 275
Em linhas gerais, há uma preocupação com a integração de novas
tecnologias à escola, em todos os seus níveis, por entender que as crianças
e jovens têm direito à aquisição de habilidades digitais para sua formação.
Dessa forma, a BNCC “[...] procura contemplar a cultura digital,
diferentes linguagens e diferentes letramentos, desde aqueles basicamente
lineares, com baixo nível de hipertextualidade, até aqueles que envolvem a
hipermídia” (BRASIL, 2017, p. 70).
Todavia, não só os jogos devem ser contemplados, propostas que
envolvam a escrita são de suma importância, uma vez que, escrever é um
ato de compartilhar com um provável leitor ideias e significados por meio
de um texto. A definição de “texto” dada por Meurer (1997), tanto oral
como escrito, é um meio de manifestação da linguagem, caracterizado
por duas dimensões: uma social, outra psicológica. Ele esclarece que ao
usar textos, “[...] fazemos uso de diferentes tipos de conhecimentos para
interagir com outros indivíduos dentro de determinados contextos sociais”
(MEURER, 1997, p. 18).
Assim, a resolução das atividades propostas é vista como motivação
para a aprendizagem dos conhecimentos escolares, uma vez que essas
atividades, em alguns momentos, são realizadas sob a supervisão dos
responsáveis (por vezes em seus aparelhos celulares), o que caracteriza uma
forma de interação escola-família
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 276
A escolha do conto “Passeio Noturno”, deu-se pelo reconhecimento
da importância do trabalho com Literatura para significação de conceitos
sociais, no Ensino Médio, priorizando a leitura e produção. Entendemos
que a sequência didática abre possibilidades para diversos caminhos ao
trabalhar a leitura, interpretação de texto, oralidade, escrita e mecanismos
textuais, que estão para além da gramática. Além de abordar também a
gramática, não de forma exclusiva e isolada de contextos de produções,
mas interagindo com demais recursos para levar os estudantes ao
desenvolvimento cognitivo e a ampliar suas competências linguísticas.
Apresentamos a sequência didática, do trabalho com conto, sugerida
por Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004). Segundo os autores, uma
sequência didática constitui um conjunto de atividades escolares planejadas,
etapa por etapa, em torno de um gênero textual. As atividades têm como
finalidade possibilitar ao aluno escrever ou falar de forma mais apropriada
nas variadas situações comunicativas (2004, p. 97). A sequência didática
é um instrumento de ensino-aprendizagem que se vale de uma série de
atividades interligadas para que o aluno se aproprie de um gênero específico.
A estrutura de base da sequência didática que apresentaremos neste
trabalho abrange, segundo Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004, p. 98-107),
os quatro componentes que seguem.
1. A apresentação da situação: a “violência urbana”, permitiu que
os estudantes visualizassem o contexto em que iriam interagir e o gênero
textual a ser escrito. Este primeiro passo objetivou explicitar o projeto
coletivo de produção do gênero que foi desenvolvido. Propusemos via
WhatsApp que fizessem a leitura do conto e escrevessem o que sentiram
ao terminar a leitura e qual o tema central que estava exposto no texto.
Depois, instigamos a eles a que gênero pertencia aquele texto. Em seguida,
abrimos espaço para que cada estudante expusesse sua leitura do texto de
acordo com sua leitura de mundo.
2. A primeira produção: como diagnóstico acerca das características
do gênero os estudantes descreveram a personagem, a leitura que do
empresário/pai de família, justificando-a com o contexto apresentado
por Rubem Fonseca. E cabe relatar aqui, que todos os estudantes que
SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 277
participaram do projeto fizeram a mesma leitura da personagem. Para eles,
um psicopata, um racista sem escrúpulos que utilizava do conhecimento
em leis e do dinheiro que tinha para realizar os assassinatos absurdos que
cometia. O que nos leva a refletir a visão de mundo destes estudantes, e as
raízes do preconceito racial brasileiro.
3. Os módulos: permitem aos estudantes apropriar-se do gênero textual
focalizado e preparar-se para a produção final. Nos módulos, exploramos os
problemas observados na produção inicial, citamos aqui a fuga do gênero,
coerência e coesão, fornecemos assim, os instrumentos necessários para
superá-los. Processo este realizado via ODA de forma coletiva.
4. A produção final: neste momento os estudantes fizeram uma
releitura do conto, o que lhes possibilitou utilizar os conhecimentos
sobre o gênero textual adquiridos nas etapas anteriores e as informações
coletadas sobre o assunto a ser abordado. Algumas releituras trouxeram a
violência contra a criança e adolescentes, a violência e a homofobia. Foi
essa fase, que colocaram em prática as noções e os instrumentos preparados
isoladamente nos módulos, possibilitando que os trabalhos pudessem além
de ser avaliados estarem dotados de significados.
Muito mais que uma simples aula de produção textual, foi o aprendizado
sobre o gênero e a possibilidade de externarem seus sentimentos, sabemos
que em nosso país a prática de violência urbana é muito comum e o tema
ainda oferece insegurança ao ser abordado na escola. Todavia entendemos
que a leitura é arma que temos para formar cidadãos críticos e pensantes,
que possam intervir e mudar sua realidade a partir do conhecimento.
Não precisamos de mais mortos aumentando a triste estatística
brasileira de violência urbana, precisamos refletir sobre o real sentido
de família, e o texto proporciona esta vivência, um final surpreendente,
misterioso e a ideia de continuidade, de uma ação que se repete. E, mesmo
ao se repetir, não é capaz de ser solucionada, erradicada. No conto, a família
assiste à violência e seguem à risca o velho ditado que diz: “o que os olhos
não veem o coração não sente”.
É preciso um basta, e o debate sobre gênero, que tem sido tão mal
interpretado por uma grande parcela da população, é uma das armas
SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 278
mais eficientes para a desconstrução desse princípio machista e patriarcal
arraigado na sociedade, que corrobora o papel de objeto da mulher diante
do homem. Só o conhecimento, o respeito e o senso de igualdade têm o
potencial para criar um movimento contrário a esse estado de coisas.
Considerações finais
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 279
Os estudantes precisam, ainda, conduzir processos de autoavaliação
e serem autores de sua própria aprendizagem, demonstrando iniciativa e
autonomia. Mas para isso é preciso que o professor saia da sua condição de
mestre tradicional em que o saber é “transmitido” porque já não faz mais
jus ao nosso tempo. Utilizar um conto para trabalhar a questão de gênero e
da violência, ainda pouco abordada possibilitou aos estudantes um contato
maior com a realidade que os cerca. Uma vez que, os contos buscam
discutir a representação da violência urbana na literatura contemporânea.
Considerando que a violência é uma prática recorrente na sociedade
brasileira, as análises das narrativas aqui indicadas sinalizam a importância
da reflexão acerca das vozes da violência na nossa cultura.
O docente busca por meio de desafios levar o estudante à reflexão, busca
revelar talentos, possibilitar a autoconfiança entre seu estudante. O docente
utiliza seu trabalho para mediar, trazer do mundo real as referências que
o estudante precisa ter para compreender o mundo que o cerca; podendo
ainda, com todo o aparato tecnológico que existe, despertar paixões em seu
estudante que o levarão a buscar mais conhecimento.
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SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 281
Sobre os organizadores
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 282
Sinthia Moreira Silva
Mestranda em Cognição e Linguagem pela Universidade Estadual do Norte
Fluminense Darcy Ribeiro (UENF). Especialista em Estudos Linguísticos
e Literários pelo Centro Universitário São José de Itaperuna (UniFSJ).
Licenciada em Letras – Português/Literatura pelo Centro Universitário São
José de Itaperuna (UniFSJ). Estudante de Direito (Unig). Pesquisadora do
PIC/Unig (Unig – campus V – Itaperuna/RJ).
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 283
Sobre as autoras e autores
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 284
Carmem Lúcia Carneiro Vasconcelos de Oliveira
Graduada em Letras pela Universidade Estadual Vale do Acaraú. Especialista
em Metodologia do Ensino Fundamental e Médio pela Universidade Vale
do Acaraú – UVA, Especialista em Educação, Desenvolvimento e Políticas
Educativas pela Faculdade Ademar Rosado – FAR. Mestra em Ciências
da Educação pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias
ULHT/Lisboa PT, com diploma revalidado pela Universidade Federal do
Ceará (UFC). Professora efetiva de Inglês e Espanhol da Rede Estadual de
Ensino do Estado do Ceará.
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 285
Daniela Paula de Lima Nunes Malta
Doutoranda e Mestra em Letras (2019) pelo Programa de Pós-graduação
em Letras da Universidade Federal de Pernambuco, com ênfase em
Linguística. Graduada em LETRAS (2002) e PEDAGOGIA (2020)
pela Faculdade de Formação de Professores de Serra Talhada, possui
Especialização em Programação do Ensino de Língua Portuguesa pela
Universidade de Pernambuco - UPE/FFPP (2004), Especialização em
Cultura e Literatura pela Universidade da Cidade de São Paulo - UNICID
(2014) e Especialista em LIBRAS pela Universidade Barão de Mauá (2016)
Atualmente é docente de Português da Rede Pública de Serra Talhada -
PE. Como também docente colaboradora do curso de Especialização
“Lato Sensu” em Letras e Literatura pela Autarquia Educacional de Serra
Talhada. atua como Educadora de Apoio da Rede estadual de Pernambuco
e professora de Língua Portuguesa da rede municipal de Serra Talhada - PE.
Além de idealizadora e mediadora do clube de leitura “LEIA MULHERES
SERTÃO” em Serra Talhada - PE. Tem experiência profissional na área
de Letras e Linguística, principalmente nos seguintes temas: Língua
Portuguesa e suas interfaces, Gerativismo e Sociolinguística Variacionista.
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 286
Evaldo Gomes da Silva
Mestre em Letras pelo Profletras/UFPE, é professor estatutário da
Secretaria de Educação do Estado de Pernambuco com dois vínculos, um
desde 2005 e o outro desde 2006, onde ministra aula no Ensino Médio. É
graduado pela Fundação do Ensino Superior de Olinda/FUNESO (1999),
Especialista no Ensino de Língua Portuguesa pela UFRPE (2010) e Mestre
em Linguística pela UFPE (2016).
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 287
Guilherme Melo
Graduando em Letras (Português, Inglês e suas Literaturas) pela Universidade
Federal de Lavras (UFLA), bolsista do Programa de Residência Pedagógica
(RP-CAPES/UFLA) - Língua Portuguesa e do Programa Institucional
Voluntário de Iniciação Científica (PIVIC). E-mail: whymelo@hotmail.
com. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/5288381461809496.
Jaciluz Dias
Doutoranda em Linguística, pela Universidade Federal de Juiz de Fora -
UFJF (2018). Mestra em Educação, pela Universidade Federal de Lavras
- UFLA (2017). Especialista em Língua Portuguesa e Literatura Brasileira,
pela Faculdade do Noroeste de Minas - Finon (2011). Licenciada em
Letras - Língua Portuguesa, pelo Centro de Ensino Superior de Juiz de
Fora - PUC/MG / CES/JF (2011). Bacharela em Comunicação Social, pela
Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF (2009). E-mail: jaciluzdias@
gmail.com. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/1344762020789669.
SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 288
Janderson Lacerda Teixeira
Mestre em Educação pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP);
Especialista em Docência no Ensino Superior pela Faculdade Editora
Nacional (FAENAC); Graduado em Letras pela Faculdade Editora
Nacional (FAENAC) e em Pedagogia pelo Centro Universitário de Jales
(UNIJALES); Atualmente é professor titular da Universidade de Santo
Amaro.
Jany Baena Fernandez
Possui graduação em Letras/Espanhol (2001) pela Universidade Federal de
Mato Grosso do Sul (UFMS). Especialização em Planejamento e Tutoria em
EAD (2009) pela UFMS, Tecnologia em Educação (2007) pela Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC/RIO) e Gestão e Docência
em EaD (2014) pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Mestrado em Estudos de Linguagens (2016) pela UFMS. Recentemente é
aluna do curso de doutorado pelo Programa de Pós-Graduação em Estudos
de Linguagens da UFMS e exerce a função de professora formadora na
Divisão de Avaliação da Secretaria Municipal de Campo Grande (MS).
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 289
João Luiz Lima Marins
Mestrando em Cognição e Linguagem pela UENF/RJ, especialista em:
Pedagogia Empresarial (UNOPAR/RJ); Docência do Ensino Superior
(UCAM/RJ); Gestão de Pessoas com ênfase em desenvolvimento gerencial
(UFF/RJ); Engenharia Econômica e Financeira (UFF/RJ). Administrador
de Empresa com experiência profissional e responsabilidade técnica,
graduado pela UNIVERSO/RJ desde 2002.
Kleissiely de Castro
Graduanda em Letras (Português/Inglês e suas Literaturas) pela
Universidade Federal de Lavras (UFLA, bolsista do Programa de
Residência Pedagógica (RP-CAPES/UFLA) - Língua Portuguesa e do
Programa Institucional Voluntário de Iniciação Científica (PIVIC).
E-mail: kleissiely.castro@estudante.ufla.br. Currículo Lattes: http://lattes.
cnpq.br/6906198313849793.
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 290
Maria Angélica Freire de Carvalho
Doutora em Linguística pela Universidade Estadual de Campinas. Mestre
em Educação pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Professora
do Departamento de Letras Vernáculas e Pós-graduação em Letras da
Universidade Federal do Piauí – UFPI, Teresina, Piauí, Brasil; Centro
de Ciências Humanas e Letras – CCHL, Teresina, Brasil; https://orcid.
org/0000-0003-1160-9359; http://lattes.cnpq.br/9911594685733914.
E-mail: angelifreire@edu.ufpi.br.
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 291
Rodrigo Avella Ramirez
Doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade
Presbiteriana Mackenzie (UPM). Mestre em Gestão da Formação
Tecnológica pelo Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza
(CPS). Especialista em Educação pela Pontifícia Universidade Católica
(PUCRS). Graduado em Comunicação Social pela ESPM e Licenciado
em Língua Inglesa pela UPM. Professor no Programa de Mestrado em
Educação Profissional do CPS e representante do PPG para avaliação de
periódicos CAPES. Examinador oficial Cambridge. http://orcid.org/0000-
0001-8468-2851.
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 292
Sueli Fernandes Carneiro Marinho Ferreira
Graduada em Letras pela Universidade Vale do Acaraú (UVA), Especialista
em Metodologia do Ensino Fundamental e Médio pela (UVA), em Ensino
da Língua Inglesa pela Universidade Estadual do Ceará (UECE), Mestra em
Ciências da Educação pela Universidad Politécnica y Artística del Paraguai
(UPAP) com diploma revalidado pela Universidade Federal do Ceará
(UFC), Doutoranda em Educação pela World University Ecumenical
(Flórida – EUA). Atualmente professora readaptada no Instituto de
Educação do Ceará (IEC) auxiliando ao núcleo gestor.
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 293
Índice Remissivo
B
BNCC 34, 43, 89, 97, 114, 148, 149, 153, 154, 157, 158, 159, 166, 168, 172,
190, 206, 276, 279, 280
E
Ensino 6, 7, 28, 30, 35, 37, 42, 43, 52, 78, 115, 117, 118, 131, 135, 146, 168,
169, 171, 173, 176, 209, 219, 220, 231, 233, 264, 265, 266, 275, 277, 279, 281,
284, 285, 286, 287, 288, 289, 290, 291, 292, 293
Escrita 10
G
Gêneros textuais 283
L
Leitura 10, 11, 12, 20, 28, 31, 32, 34, 35, 37, 38, 39, 42, 44, 45, 46, 47, 48, 49,
51, 54, 57, 59, 62, 65, 68, 73, 75, 76, 80, 85, 87, 90, 92, 95, 102, 103, 105, 111,
112, 114, 115, 116, 122, 126, 128, 140, 141, 143, 144, 145, 152, 153, 157, 158,
162, 171, 178, 179, 180, 181, 186, 187, 188, 189, 190, 191, 192, 193, 194, 195,
196, 197, 198, 201, 202, 203, 219, 231, 232, 250, 251, 256, 258, 259, 262, 272,
274, 277, 278, 279, 283, 286
Letramentos 2, 3, 6, 10, 11, 20, 42, 46, 47, 48, 49, 51, 60, 61, 62, 64, 87, 89,
113, 115, 152, 153, 157, 158, 168, 170, 173, 175, 183, 185, 191, 196, 208, 218,
222, 223, 231, 245, 251, 262, 276
Linguagens 10, 11
Língua Portuguesa 8, 15, 16, 28, 144, 145, 149, 168, 171, 172, 173, 174, 175,
176, 178, 206, 215, 221, 247, 248, 252, 258, 260, 261, 262, 264, 266, 270, 279,
284, 285, 286, 287, 288, 289, 290, 291, 293
M
Mídias digitais 6, 12, 14, 96, 196, 197, 232, 279
Multiletramentos 2, 3, 5, 6, 10, 42, 46, 47, 48, 49, 51, 60, 61, 62, 63, 64, 65,
88, 90, 92, 106, 113, 115, 116, 148, 152, 153, 155, 157, 158, 166, 168, 172,
175, 191, 192, 208, 214, 217, 218, 219, 221, 223, 225, 230, 231, 256, 265, 284
SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 294
Multimodalidade 2, 3, 10
P
Pedagogia dos Multiletramentos 168, 171, 185, 217
T
TDIC 90, 93, 97, 193, 194, 196, 197, 198, 199, 200, 202, 203, 204, 244, 252,
264
Tecnologias 10, 11
Tecnologias digitais 10, 30, 31, 32, 33, 34, 39, 40, 90, 93, 96, 152, 153, 158,
172, 176, 177, 178, 192, 197, 203, 244, 246, 252
SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 295
SUMÁRIO
LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, MULTIMODALIDADES E MULTILETRAMENTOS: OS USOS DA LINGUAGEM NA ERA DIGITAL VOL.2 296