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CENTRO UNIVERSITÁRIO ARAGUAIA - UNIARAGUAIA
2ª Edição – 2020

É proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer meio e para qualquer
fim. Obra protegida pela Lei de Direitos Autorais.

DIRETORIA GERAL
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DIRETORIA FINANCEIRA
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DIRETORIA ADMINISTRATIVA
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DIRETORIA PEDAGÓGICA:
Professora Mestra Rita de Cássia Rodrigues Del Bianco
VICE-DIRETORIA PEDAGÓGICA
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COORDENAÇÃO GERAL DO NÚCLEO DE TECNOLOGIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
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COORDENAÇÃO GERAL DOS CURSOS TÉCNICOS
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REVISÃO E APROVAÇÃO DE CONTEÚDO
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REVISÃO DE LÍNGUA PORTUGUESA
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COORDENAÇÃO E REVISÃO TÉCNICA DE PRODUÇÃO DE CONTEÚDO AUDIOVISUAL PARA
EaD, TV E WEB
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COORDENAÇÃO DE EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO DO CONTEÚDO TEXTUAL
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CENTRO UNIVERSITÁRIO ARAGUAIA - UNIARAGUAIA


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NÚCLEO DE TECNOLOGIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA


Polo Goiânia: Unidade Centro
Correio eletrônico: coord.ead@faculdadearaguaia.edu.br
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A AUTORA

ELAINE NICOLODI

Professora no Centro Universitário UniAraguaia e na Secretaria de Estado da


Educação de Goiás. Licenciada em Letras pela Pontifícia Universidade Católica de
Goiás (PUC-GO); Especialista em Leitura e Produção de Texto pela Universidade
Federal de Goiás (UFG); Mestre em Educação (PUC-GO) e Doutora em Educação
(UFG).

E-mail: elainearaguaia12@hotmail.com.

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SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO .................................................................................................... 26
UNIDADE II – LEITURA E SÍNTESE TEXTUAL ...................................................... 27
1. PROCEDIMENTOS DE LEITURA .......................................................................................... 28
2. PROCEDIMENTOS DE SÍNTESE .......................................................................................... 29
2.1 Modelo de Produção de Esquema e Resumo ............................................................ 29
3. MECANISMOS DE COESÃO E COERÊNCIA TEXTUAL ................................................. 35
3.1 Coesão Textual ................................................................................................................... 37
3.2 Coerência Textual .............................................................................................................. 37
ATIVIDADE II ............................................................................................................ 40
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 42

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APRESENTAÇÃO

Caro acadêmico, na intenção de uma formação ampliada, este curso será


oferecido na modalidade de educação a distância, considerando que o uso da
internet, bem como das mais diferentes redes sociais, faz parte do cotidiano da
sociedade atual.
Desse modo, pretende-se oferecer a você uma alternativa para o estudo em
qualquer local que esteja com acesso ao computador/à internet, flexibilizando seu
tempo para os estudos.
Durante um semestre, estaremos distantes fisicamente, mas conectados para
discutirmos, de modo consciente, a importância de mais uma disciplina que faz parte
de sua matriz curricular.
A disciplina Língua Portuguesa Aplicada abrange o estudo de textos relativos
às várias modalidades discursivas, incluindo as etapas de elaboração, aspectos
técnicos e redação; interpretação e elaboração de trabalhos de cunho técnico-
científicos.
Desse modo, é importante que você atinja os seguintes objetivos ao
completar esta disciplina: compreender a importância da linguagem para a
satisfação das necessidades humanas de interação; aprofundar os conhecimentos
em relação ao processo de leitura e interpretação; conhecer a estrutura das
diferentes modalidades discursivas, com ênfase para a linguagem técnico-científica;
fundamentar os conteúdos estudados por meio da elaboração de esquemas,
resumos, resenhas, ensaio, memorial, relatório.
Para que você consiga tais objetivos, a disciplina de Língua Portuguesa
Aplicada apresentará os seguintes conteúdos: na Unidade I, trataremos da Leitura
de Diferentes Tipos e Gêneros Textuais; na Unidade II, Leitura e Síntese
Textual; e na Unidade III, discorreremos sobre Textos Técnico-Científicos.
Para uma boa realização desta disciplina, preparei com dedicação as aulas que
serão utilizadas por você a partir deste momento. Conto com sua leitura atenta e
pormenorizada.
Bom trabalho! Bom semestre.
Um abraço,
a autora.

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UNIDADE II – LEITURA E SÍNTESE TEXTUAL

Após conhecer um pouco sobre tipologia e gêneros textuais, é importante


saber como fazer uma leitura eficiente dos variados textos, bem como elaborar
sínteses sobre os textos lidos.
Quando entramos em contato com a escrita no início da vida escolar, fomos
aprendendo a estabelecer relações entre as palavras e, aos poucos, de frase em
frase conseguimos aprender a ler.

Nosso convívio com a leitura de textos diversos consolida também a


compreensão do funcionamento de cada gênero em cada situação.
Além disso, a leitura é a forma primordial de enriquecimento da
memória, do senso crítico e do conhecimento sobre os diversos
assuntos acerca dos quais se pode escrever.
[...] Mas, em todas as formas de leitura, muito do nosso
conhecimento prévio é exigido para que haja uma compreensão mais
exata do texto. Trata-se de nosso conhecimento prévio sobre:
• a língua;
• os gêneros e os tipos de texto;
• o assunto.
Eles são muito importantes para a compreensão de um texto. É
preciso compreender simultaneamente o vocabulário e a organização
das frases; identificar o tipo de texto e o gênero; ativar as
informações antigas e novas sobre o assunto; perceber os implícitos,
as ironias, as relações estabelecidas com o nosso mundo real. [...]
(GARCEZ, 2012, p. 23-24, itálicos no original).

A leitura faz parte das mais variadas situações cotidianas, sendo assim, é
importante saber efetivamente ler o que está apresentado em um texto, conforme já
discutimos na unidade anterior.
O uso da língua no momento da leitura deve partir da interação entre autor-
texto-leitor, uma vez que a intenção é captar as ideias apresentadas para que haja
produção de sentido, sendo, para isso, necessárias estratégias para a construção
desse sentido, como fazer antecipações ou levantar hipóteses a respeito do que
vamos ler. Essas estratégias podem ser ou não confirmadas com a conclusão da
leitura.
Na linguagem verbal escrita, as influências sociais, culturais, históricas, enfim,
o meio em que você está situado influenciará nos conteúdos que aparecerão em
seus textos, quanto mais crescer intelectualmente, isto é, quanto mais tiver acesso a
leituras variadas, a novas informações, melhor poderá se expressar.

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Então, ter a capacidade de ler – e compreender – os mais variados textos que
estão à nossa volta é uma necessidade do mundo moderno que a cada dia oferece
novas leitura ao leitor digital. Daí a importância de valorizar a leitura como fonte de
conhecimento e prazer, para isso, é preciso aprimorar as habilidades de percepção
das linguagens envolvidas na leitura.

1. PROCEDIMENTOS DE LEITURA

Para melhorar as habilidades de leitura, é necessário seguir alguns passos:

➢ Decodificar – processo de decifrar um texto escrito para identificar


as palavras faladas que ele representa.
➢ Fluência – é a automatização, ou seja, a habilidade da
competência de ler rapidamente, incluindo a expressão, que é, por
sua vez, a habilidade de agrupar palavras em frases para refletir
significado e tom.
➢ Vocabulário – a base de conhecimento de palavras de um aluno:
quantas palavras conhece e quão bem as conhece.
➢ Compreensão – quanto o aluno entende daquilo que lê (LEMOV,
2016, p. 272).

Desse modo, é importante ficarmos atentos a essas habilidades


apresentadas, para que possamos fazer uma leitura atenta e pormenorizada dos
diferentes textos a que temos contato nas mais diversas situações do dia a dia.
Além disso,

Antes de ler, resumir ou produzir qualquer texto, precisamos ter


consciência de que
✓ a antecipação do conteúdo do texto pode facilitar a leitura;
✓ todo texto é escrito tendo em vista um leitor potencial;
✓ o texto é determinado pela época e local em que foi escrito;
✓ todo texto possui um autor que teve um objetivos para a escrita
daquele texto;
✓ o texto é produzido tendo em vista o veículo em que irá circular
(MACHADO; LOUSADA; ABREU-TARDELLI, 2004, p. 23).

Ao levarmos em consideração todos esses aspectos, poderemos realizar


leituras mais eficientes, que levem a uma compreensão significativa do que foi lido.

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2. PROCEDIMENTOS DE SÍNTESE

Para efetuar uma boa síntese dos textos estudados em quaisquer disciplinas
do seu curso, o passo inicial é utilizar a técnica de sublinhar. De acordo com
Andrade e Henriques (2010, p. 36),

A técnica de sublinhar pode ser desenvolvida a partir dos seguintes


procedimentos:
a) leitura integral do texto, para tomada de contato;
b) esclarecimento de dúvidas de vocabulário, termos técnicos e outras;
c) releitura do texto, para identificar as ideias principais;
d) sublinhar, em cada parágrafo, as palavras que contêm a ideia-núcleo
e os detalhes importantes;
e) assinalar com uma linha vertical, à margem do texto, os tópicos mais
importantes;
f) assinalar, à margem do texto, com um ponto de interrogação, os
casos de discordâncias, as passagens obscuras, os argumentos
discutíveis;
g) ler o que foi sublinhado para verificar se há sentido;
h) reconstruir o texto, tomando as palavras sublinhadas como base.

Sendo assim, com uma leitura bem detalhada do texto, é possível sublinhar
as ideias principais. Com esse levantamento, conseguiremos fazer a sumarização
do texto, ou seja, identificar as ideias essenciais para a produção do esquema e do
resumo.

2.1 Modelo de Produção de Esquema e Resumo

Após a leitura, podemos esquematizar o que foi identificado como mais


importante no texto, dessa maneira,

O esquema facilita reter as informações essenciais de um texto ou


obra, proporcionando melhor aprendizagem do conteúdo [...].
A função do esquema, pois, é definir o tema e hierarquizar as partes
de um todo numa linha diretriz, para torná-lo possível a uma visão
global. Pelo esquema, pode-se atingir o todo numa única mirada
(OLIVEIRA, 2011, p. 64-5).

Para a realização de um bom esquema, devemos seguir alguns passos, como


os descritos a seguir.

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a) Seja fiel ao texto. Não se pode trabalhar com esquemas fixos ou
preconcebidos e forçar o texto lido a entrar neles.
b) Apanhe o tema do autor, destaque títulos, subtítulos que guiaram
a introdução, o desenvolvimento e as conclusões do texto.
c) Seja simples, claro e distribuído organicamente, de maneira a
apresentar límpida imagem concentrada do todo.
d) Subordine noções e fatos, não os reúna apenas.
e) Mantenha sistema uniforme de observações, gráficos e símbolos
para as divisões e subordinações que caracterizam a estrutura do
texto (OLIVEIRA, 2011, p. 65).

Para ilustrar o que foi exposto, será apresentado um exemplo de esquema.

TEXTO 05: A IMPORTÂNCIA DO ATO DE ESCREVER NO ENSINO DE


LÍNGUA PORTUGUESA 1

Introdução
O Ensino da Língua Portuguesa: o Ato de Escrever
1 É “sofrido” colocar ideias no papel
2 É importante escrever um bom texto
A Língua como Expressão Simbólica
1 O que é língua?
2 O que é coerência e coesão?
3 O que é língua literária e não-literária?
A Língua Portuguesa na Universidade
1 As disciplinas são pluridisciplinares e não transdisciplinares
2 É preciso que os professores direcionem as aulas também para escrita
A Importância da Leitura para Aquele que Escreve
1 A leitura é importante
2 O que é leitura crítica?
3 Qual a diferença entre dissertações e argumentação?
Os Principais Problemas de Redação
1 Há os problemas essenciais e os secundários de redação
2 Quais são os erros mais frequentes?
1
Faça a leitura integral do texto: BARRETO, Cintia. A importância do ato de escrever no ensino de
língua portuguesa. Disponível em:
http://www.cintiabarreto.com.br/artigos/aimportanciadoatodeescrever. Acesso em: jul. 2014.

30
3 O universitário precisa criar o hábito de escrever
A Língua Portuguesa no Exercício Profissional
1 O domínio da língua padrão é necessário no mercado de trabalho
2 O que o profissional de hoje precisa ser?
3 Há um kit de sobrevivência do profissional contemporâneo
Conclusão

Além do esquema, também é interessante fazer uma mapeamento das ideias


principais apresentadas. Vejamos como fazer partindo do esquema anterior.

ato de escrever

ideias no papel escrever um bom texto

língua com expressão simbólica

coesão e coerência língua literária e não literária

leitura para quem escreve


leitura crítica dissertações e argumentação

problemas de redação (essenciais e secundários)

erros criar o hábito de escrever

língua no exercício profissional


língua padrão kit de sobrevivência

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Com o esquema finalizado, poderemos passar para outra etapa de síntese
textual, que é a produção de resumos. Segundo Andrade e Henriques (2010), há
diferentes tipos de resumos. Entre eles,

a) Resumo indicativo ou descritivo. […] partes principais do texto.


[…] não deve ultrapassar de 15 ou 20 linhas. […]
b) Resumo informativo ou analítico. […] reduz-se o texto a ⅓ ou ¼
de sua extensão original […] mantendo-se a estrutura e os pontos
essenciais (ANDRADE; HENRIQUES, 2010, p. 37, grifos no original).

A produção de resumos é necessária para que possamos, com as ideias


principais levantadas, escrever sobre o que foi lido, de modo a observarmos se
realmente compreendemos as ideias apresentadas pelo autor. Para isso,
consideremos o seguinte:

A primeira etapa para se escrever um bom resumo é compreender o


texto que será resumido. Auxilia essa compreensão o conhecimento
sobre o autor, sua posição ideológica, seu posicionamento teórico
etc. Também é preciso detectar as ideias que o autor coloca como
sendo as mais relevantes, buscando, sobretudo quando se tratar de
gêneros argumentativos (como artigos de jornal ou artigos
científicos), identificar:
✓ a questão que é discutida;
✓ a posição (tese) que o autor rejeita;
✓ a posição (tese) que o autor sustenta;
✓ os argumentos que sustentam ambas as posições;
✓ a conclusão final do autor (MACHADO; LOUSADA; ABREU-
TARDELLI, 2004, p. 39).

Além de conseguir identificar essas ideias no texto lido, é necessário saber


como proceder à produção do resumo, uma vez que o leitor deverá entender que o
resumo que você realizou é com base nas ideias apresentadas por outro autor. Por
isso, é preciso ficar claro o que quis dizer o escritor do texto original. Sendo assim,
devemos mencioná-lo, com frequência, utilizando termos como: o autor, o escritor.
A produção dos resumos é um tipo de trabalho didático bastante utilizado no
meio acadêmico. Nesse caso,

Não se trata propriamente de um trabalho de elaboração, mas de um


trabalho de extração de ideias, de um exercício de leitura que nem
por isso deixa de ter enorme utilidade didática e significativo
interesse científico (SEVERINO, 2012, p. 204).

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Para ilustrar o que foi exposto, será apresentado um exemplo de resumo,
partindo do esquema apresentado anteriormente.

TEXTO 06: A IMPORTÂNCIA DO ATO DE ESCREVER NO ENSINO DE


LÍNGUA PORTUGUESA 2

No texto “A Importância do Ato de Escrever no Ensino de Língua Portuguesa,


a autora inicia afirmando que deve haver o ato de escrever e informa que é “sofrido”
colocar ideias no papel, mas que é importante escrever um bom texto. Ela continua
afirmando que a língua é uma expressão simbólica. Para isso, é preciso saber o que
é língua; o que é coerência e coesão e o que é língua literária e não-literária. Quanto
à língua portuguesa na universidade, segundo a autora, as disciplinas são
consideradas pluridisciplinares e não transdisciplinares e é preciso que os
professores direcionem as aulas também para escrita. Em relação à importância da
leitura para aquele que escreve, a autora apresenta que deve haver uma leitura
crítica e é preciso saber a diferença entre dissertações e argumentação. A autora
afirma que, entre os principais problemas de redação, estão os essenciais e os
secundários de redação e há alguns erros que são mais frequentes. Ela acredita que
o universitário precisa criar o hábito de escrever. Para finalizar, ressalta que o
domínio da língua padrão é necessário no mercado de trabalho e o profissional
contemporâneo necessita de um kit de sobrevivência.

Desse modo, a leitura cuidadosa do texto, a marcação das ideias-chave, a


atenção com o assunto apresentado facilita a produção do resumo.

[...] Para elaborar um resumo não é suficiente excluir e conservar


partes do texto-fonte. [...] Essas operações (suprimir, selecionar,
generalizar, construir) são as que convertem a tarefa de resumir em
uma atividade desafiante cognitivamente porque exige que o
produtor tome decisões sobre a hierarquia ou a importância relativa
que concede aos conteúdos do texto original, ações que demandam
estabelecer relações com o conhecimento prévio de quem está
elaborando o resumo (CARLINO, 2017, p.100).

2
BARRETO, Cintia. A importância do ato de escrever no ensino de língua portuguesa.
Disponível em: <http://www.cintiabarreto.com.br/artigos/aimportanciadoatodeescrever>. Acesso em:
jul. 2014.

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Na produção do resumo, podemos escolher alguns verbos que indicam as
intenções que foram apresentadas no texto original, como: o autor inicia; o autor
conclui, o autor dá a entender etc., deixando claro que está tratando de texto que
sintetiza as ideias de outro. Para isso, a seguir, será apresentado um quadro-síntese
para facilitar sua compreensão.

QUADRO 1 - Verbos e atos realizados pelo autor

Verbos ações do autor


define, classifica, enumera, argumenta organização das ideias do texto
incita, busca a levar ação do autor em relação ao leitor
afirma, nega, acredita, duvida posicionamento do autor em relação à sua crença na
verdade o que é dito
aborda, trata de indicação do conteúdo geral
enfatiza, ressalta indicação de relevância de uma ideia do texto

Fonte: adaptado de Machado, Lousada e Abreu-Tardelli (2004, p. 49).

Se você seguir, atentamente, todas essas etapas, conseguirá realizar


resumos que possam lhe auxiliar nos estudos, seja para aprimorar seu desempenho
linguístico, como também melhorar sua produção de textos técnicos e acadêmicos.
Após a observação do exemplo dado e o estudo do que foi abordado a
respeito dos procedimentos de leitura e síntese de textos, será apresentado o
Quadro 2, para que você possa observar as estratégias de leitura, compreensão e
escrita.

Será que você tem sido um escritor atento?


Quando escreve, realmente tem realizado essa
atividade com habilidade?

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QUADRO 2 - Estratégias de Leitura, Compreensão e Escrita3

Estratégia utilizada na leitura 1 2 3 4 5


quase raramente algumas muitas
quase
nunca vezes vezes
sempre
Durante a leitura consigo concentrar-me
Utilizo o contexto para descobrir o significado
de uma palavra/frase desconhecida
Quando não sei o significado de uma palavra,
uso o dicionário (impresso ou digital)
Assimilo o vocabulário novo
Quando não compreendo, faço uma releitura
Detecto as palavras-chave de um texto
Capto as suas principais ideias
Consigo separar o que é importante do que é
secundário num texto
Tiro dúvidas/troco opiniões com professores
sobre os textos/livros que leio
Memorizo os conteúdos por meio da leitura
Cito livros que leio

Estratégia utilizada na escrita 1 2 3 4 5


quase raramente algumas muitas quase
nunca vezes vezes sempre
Consulto uma gramática para esclarecer
dúvidas que surgem quando escrevo
Quando escrevo sobre a minha área/curso
utilizo o vocabulário especializado
Revejo um texto 2 ou 3 vezes antes de o
considerar pronto
Peço a outras pessoas para verem se o que
escrevo está claro e correto
Elaboro sínteses/sumários das leituras que
faço
Tiro notas/apontamentos durante as aulas

3. MECANISMOS DE COESÃO E COERÊNCIA TEXTUAL

A língua pode ser utilizada tanto em sua modalidade oral quanto escrita. No
entanto, a escrita não pode ser entendida como uma representação da fala, uma vez
que esta tem como recurso o contato face a face dos interlocutores. Na modalidade
escrita, a interação acontece a distância e não é possível dispor de expressões

3
Fonte: CABRAL, Ana Paula; TAVARES, José. Leitura/compreensão, escrita e sucesso académico:
um estudo de diagnóstico em quatro universidades portuguesas. Psicologia Escolar e Educacional,
v. 9, n. 2, p. 207, jul.- dez. 2005 (adaptado).

35
faciais, de gestos, tudo precisa ficar claro para o receptor sem a presença do
emissor da mensagem.
A estrutura do texto escrito conta com o parágrafo como uma de suas
unidades de construção, uma vez que o “parágrafo é a unidade de composição do
texto que apresenta uma ideia básica à qual se agregam ideias secundárias
relacionadas pelo sentido” (ANDRADE; HENRIQUES, 2010, p. 84).
Desse modo, é preciso estar sempre atento à construção dos parágrafos,
“quanto às qualidades do parágrafo, ele deve ter unidade, coerência, concisão e
clareza” (ANDRADE; HENRIQUES, 2010, p. 85). Na estrutura do parágrafo
dissertativo, deve ficar evidente o que está sendo discutido (delimitação do assunto)
e para que (fixação do objetivo). É importante que fique notório, na introdução do
parágrafo, o tópico frasal, ou seja, a ideia-núcleo. Para o desenvolvimento do tópico
frasal, são apresentadas as ideias secundárias (explicitação da declaração inicial;
ordenação por causa-consequência; ordenação por contraste; ordenação por
enumeração; ordenação por explicitação; resposta à interrogação) e, por fim, a
conclusão das ideias-chave (expor ideias; discutir problemas; defender opiniões;
analisar fatos).
Na obra Redação e textualidade, de Maria da Graça Costa Val (1991), a
autora expõe sobre o que é um texto, suas características, de modo que, para se
atingir uma adequada compreensão dos textos lidos, é importante conhecer alguns
fatores de textualidade, que serão brevemente descritos a seguir.
A intencionalidade diz respeito à capacidade de o autor alcançar os objetivos
previstos durante a produção do texto e qual a intenção que pretendia. A
situacionalidade é a adequação do texto à situação sociocomunicativa, sua
pertinência e relevância. A aceitabilidade tem relação com as expectativas do
receptor do texto. A intertextualidade é a relação do texto com outros textos já
produzidos e só será possível sua compreensão se conhecer os outros textos a que
se refere. A informatividade vai depender do número de informações prestadas e do
interesse do receptor por essas informações. Também é necessário apresentar um
nível mediano de informações, com a suficiência de dados (COSTA VAL, 1991).
Semanticamente, ou seja, quanto à significação, outros fatores precisam ser
considerados, como a coesão e a coerência.

36
3.1 Coesão Textual

As ideias apresentadas na produção escrita devem indicar uma relação entre


as partes e não apenas uma acumulação de palavras soltas, de modo que estas
formem orações, que formem períodos, que formem parágrafos, que levem a um
todo significativo que é o texto.
Sendo assim, é importante estar atento às relações de causa-consequência.
Para isso, deve-se utilizar conectivos que indiquem causalidade: porque, visto que,
como, já que; também pode-se optar por termos de conotação causal/explicativa: o
porquê, o motivo, a razão, a causa; além de conectivos que indiquem consequência:
logo, portanto, por conseguinte; bem como termos de conotação consecutiva: por
consequência, em resultado.
Além disso, as ideias podem estar ordenadas por contraste, necessitando do
uso de conectivos adversativos: mas, porém, todavia, contudo, entanto, entretanto;
ou indicarem proporcionalidade: enquanto, ao passo que, à proporção que; ou
comparação: como, assim como, do que; ou até mesmo concessões: embora, ainda
que, se bem que. Por isso, é imprescindível saber utilizar, adequadamente, tais
conectivos e, também, certas expressões adverbiais: em contraste, em oposição, ao
contrário, aqui, ali, de um lado, de outro, contrariamente.

3.2 Coerência Textual

Além dos aspectos demonstrados em relação à coesão textual, é essencial


também preocupar-se com a coerência, ou seja, o discurso deve estar compatível
com a realidade das ideias apresentadas, não podendo haver contradição.

Charolles (1983) vai, então, defender a posição de que a coerência é


um princípio de interpretabilidade do discurso: sempre que for
possível aos interlocutores construir um sentido para o texto, este
estará, para eles, nessa situação de interação, um texto coerente. Ou
seja, sempre que se faz necessário realizar algum cálculo do sentido,
com apelo a elementos contextuais – em particular os de ordem
sociocognitiva e interacional –, já estamos entrando no domínio da
coerência (KOCH; ELIAS, 2006, p. 189).

A incoerência costuma acontecer quando há falta de concatenação de ideias


e argumentação falsa. No texto dissertativo, é importante procurar atender às

37
seguintes exigências: apresentar de forma clara a tese e selecionar os argumentos
que a sustentam; encadear, logicamente, as ideias, para que, em cada parágrafo,
apareçam informações novas, coerentes com o que já foi apresentado, sem
repetições; as informações do texto e do mundo real devem apresentar nexo e
precisão vocabular.
Para que nossos interlocutores compreendam o que está sendo dito nos
textos, é muito importante sermos coesos e coerentes, assim as ideias serão mais
facilmente entendidas e passaremos a imagem de bons escritores.

SAIBA MAIS...

LEITURA

COSTA VAL, Maria da Graça. Redação e textualidade. São Paulo: M. Fontes,


1991.

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RESUMO DA UNIDADE II

Procedimentos de Leitura e Síntese


Ler atentamente o texto.
Realizar o procedimento de síntese por meio da técnica do sublinhar.
Fazer um esquema (tópicos) ou um resumo (parágrafos) com as ideias-chave.
Fatores de Textualidade
Intencionalidade – capacidade de o autor alcançar os objetivos previstos durante a
produção do texto e qual a intenção que pretendia.
Situacionalidade – adequação do texto à situação sociocomunicativa, sua
pertinência e relevância.
Aceitabilidade – relação com as expectativas do receptor do texto.
Intertextualidade – relação do texto com outros textos já produzidos.
Informatividade – número de informações prestadas, com a suficiência de dados.
Coesão – relação entre as partes.
Coerência – discurso compatível com a realidade.

39
ATIVIDADE II
1 Fórum de Discussão

Discuta com seus colegas sobre a importância da leitura e dos procedimentos de


síntese para auxiliar na expansão do vocabulário, levando a utilizar novas palavras e
termos.

2 Leia o texto e responda às questões a seguir.

Cultura da paz

A cultura dominante, hoje mundializada, se estrutura ao redor da vontade de poder que se


traduz por vontade de dominação da natureza, do outro, dos povos e dos mercados. Essa é a lógica
dos dinossauros que criou a cultura do medo e da guerra. Praticamente em todos os países as festas
nacionais e seus heróis são ligados a feitos de guerra e de violência. Os meios de comunicação
levam ao paroxismo a magnificação de todo tipo de violência, bem simbolizado nos filmes de
Schwazenegger como o “Exterminador do Futuro”. Nessa cultura o militar, o banqueiro e o
especulador valem mais do que o poeta, o filósofo e o santo. Nos processos de socialização formal e
informal, ela não cria mediações para uma cutura da paz. E sempre de novo faz suscitar a pergunta
que, de forma dramática, Einstein colocou a Freud nos idos de 1932: é possivel superar ou controlar
a violência? Freud, realisticamente, responde: “É impossível aos homens controlar totalmente o
instinto de morte…Esfaimados pensamos no moinho que tão lentamente mói que poderíamos morrer
de fome antes de receber a farinha”.
Sem detalhar a questão, diríamos que por detrás da violência funcionam poderosas
estruturas. A primeira delas é o caos sempre presente no processo cosmogênico. Viemos de uma
imensa explosão, o big bang. E a evolução comporta violência em todas as suas fases. São
conhecidas cerca de 5 grandes dizimações em massa, ocorridas há milhões de anos atrás. Na última,
há cerca de 65 milhões de anos, pereceram todos os dinossauros após reinarem, soberanos, 133
milhões de anos. A expansão do universo possui também o significado de ordenar o caos através de
ordens cada vez mais complexas e, por isso também, mais harmônicas e menos violentas.
Possivelmente a própria inteligência nos foi dada para pormos limites à violência e conferir-lhe um
sentido construtivo.
Em segundo lugar, somos herdeiros da cultura patriarcal que instaurou a dominação do
homem sobre a mulher e criou as instituições do patriarcado assentadas sobre mecanismos de
violência como o Estado, as classes, o projeto da tecno-ciência, os processos de produção como
objetivação da natureza e sua sistemática depredação.
Em terceiro lugar, essa cultura patriarcal gestou a guerra como forma de resolução dos
conflitos. Sobre esta vasta base se formou a cultura do capital, hoje globalizada; sua lógica é a
competição e não a cooperação, por isso, gera guerras econômicas e políticas e com isso
desigualdades, injustiças e violências. Todas estas forças se articulam estruturalmente para
consolidar a cultura da violência que nos desumaniza a todos.
A essa cultura da violência há que se opôr a cultura da paz. Hoje ela é imperativa.
É imperativa, porque as forças de destruição estão ameaçando, por todas as partes, o pacto
social mínimo sem o qual regredimos a níveis de barbárie. É imperativa porque o potencial destrutivo
já montado pode ameaçar toda a biosfera e impossibilitar a continuidade do projeto humano. Ou
limitamos a violência e fazemos prevalecer o projeto da paz ou conheceremos, no limite, o destino
dos dinossauros.
Onde buscar as inspirações para cultura da paz? Mais que imperativos voluntarísticos, é o
próprio processo antroprogênico a nos fornecer indicações objetivas e seguras. A singularidade do
1% de carga genética que nos separa dos primatas superiores reside no fato de que nós, à distinção
deles, somos seres sociais e cooperativos. Ao lado de estruturas de agressividade, temos
capacidades de afetividade, com-paixão, solidariedade e amorização. Hoje é urgente que
desentranhemos tais forças para conferir rumo mais benfazejo à história. Toda protelação é
insensata.
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O ser humano é o único ser que pode intervir nos processos da natureza e co-pilotar a
marcha da evolução. Ele foi criado criador. Dispõe de recursos de re-engenharia da violência
mediante processos civilizatórios de contenção e uso de racionalidade. A competitividade continua a
valer mas no sentido do melhor e não de destruição do outro. Assim todos ganham e não apenas um.
Há muito que filósofos da estatura de Martin Heidegger, resgatando uma antiga tradição que
remonta aos tempos de César Augusto, vêem no cuidado a essência do ser humano. Sem cuidado
ele não vive nem sobrevive. Tudo precisa de cuidado para continuar a existir. Cuidado representa
uma relação amorosa para com a realidade. Onde vige cuidado de uns para com os outros
desaparece o medo, origem secreta de toda violência, como analisou Freud. A cultura da paz começa
quando se cultiva a memória e o exemplo de figuras que representam o cuidado e a vivência da
dimensão de generosidade que nos habita, como Gandhi, Dom Helder Câmara e Luther King e
outros. Importa fazermos as revoluções moleculares (Gatarri), começando por nós mesmos. Cada um
estabelece como projeto pessoal e coletivo a paz enquanto método e enquanto meta, paz que resulta
dos valores da cooperação, do cuidado, da com-paixão e da amorosidade, vividos cotidianamente.

BOFF, Leonardo. Cultura da paz. Jornal do Brasil, Rio de janeiro, 08 fev. 2002, p. 2004. Disponível
em: http://www.leonardoboff.com/site/vista/2001-2002/culturapaz.htm. Acesso em: jul. 2012.

a) Identifique: o gênero do texto; o meio de circulação; o autor; a data de publicação;


o tema.
b) Como procedimentos de compreensão do vocabulário, assinale os que você
utilizou para compreender algumas palavras ou partes mais difíceis do texto.
( ) procurar no dicionário;
( ) procurar a explicação da palavra no próprio texto, antes ou depois dela;
( ) ver como apalavra é formulada: sufixos, prefixos etc.;
( ) outros: ______________________________________________
c) Que palavras se relacionam com voluntarístico, que são da mesma família (7º
parágrafo)? O que significa imperativos voluntarísticos? Como você pode descobrir o
significado?
d) Resuma com suas próprias palavras o fato inicialmente constatado pelo autor no
1º parágrafo.
e) Releia o 7º parágrafo. Alguns argumentos são usados pelo autor para justificar
sua afirmação de que a construção da cultura da paz é absolutamente necessária.
Qual é o conectivo que introduz esses argumentos?

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REFERÊNCIAS

ANDRADE, M. M. de; HENRIQUES, A. Língua portuguesa: noções básicas para


cursos superiores. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

CARLINO, Paula. Escrever, ler e aprender na universidade: uma introdução à


alfabetização acadêmica. Petrópolis (RJ): Vozes, 2017.

COSTA VAL, Maria da Graça. Redação e textualidade. São Paulo: M. Fontes,


1991.

GARCEZ, L. H. do C. Técnica de redação: o que é preciso saber para bem


escrever. São Paulo: M. Fontes, 2012.

KOCH, I. G. V.; ELIAS, V. M. Ler e escrever: estratégias de produção textual. São


Paulo: Contexto, 2009.

LEMOV, Doug. Aula nota 10: 49 técnicas para ser um professor campeão de
audiência. Porto Alegre: Penso, 2016.

MACHADO, Anna Rachel; LOUSADA, Eliane; ABREU-TARDELLI, Lília Santos.


Resenha. São Paulo: Parábola, 2004.

OLIVEIRA, Jorge Leite de. Texto acadêmico: técnicas de redação e de pesquisa


científica. Petrópolis: Vozes, 2011.

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