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Abordagem Sistemática

do Paciente Grave
• Profa. Katia Oliveira Nunes Leal
• Disciplina de Urgência e Emergência
• Faculdade de Medicina da UnB
O que vamos aprender hoje?
• ABORDAGEM SISTEMÁTICA DO PACIENTE GRAVE

• Mindset na sala de emergência


• Avaliação inicial (visualização e segurança do local)
• Avaliação de Suporte Básico de Vida (SBV)
• Avaliação primária (A, B, C, D e E)
• Avaliação secundária (SAMPLE, Hs e Ts)
Mindset na sala de emergência
Reconhecer potencial de gravidade
Abordagem rápida, sistemática e precisa
Exame físico direcionado
Nível de consciência
Vias aéreas e padrão respiratório
Hemodinâmica
Diagnóstico sindrômico

• Síndrome clínica relacionada a


Qual o seu disfunções isoladas ou combinadas
(via aérea, respiração ou ventilação,
objetivo na hemodinâmica ou consciência)

avaliação Tratamento efetivo


inicial? • Paciente grave, hemodinamicamente
instável - Estabilizar o doente, o mais
precocemente possível!
Sinais de potencial gravidade
Rebaixamento agudo de consciência

Alterações nos sinais vitais:


• FR>36 ou <8 ipm ou uso de musculatura acessória
• SatO2 < 90%
• FC> 130 ou < 35bpm
• PAS <90 mmHg
Achados potencialmente emergenciais:
• Precordialgia
• Obstrução de vias aéreas
• Alterações neurológicas agudas (confusão mental, agitação psicomotora e coma – checar glicemia capilar)
• Hemorragias agudas
AVALIAÇÃO INICIAL DO PACIENTE GRAVE
Qual o primeiro passo na avaliação inicial do
paciente grave?
AVALIAR A SEGURANÇA DO LOCAL
A análise do socorrista deve consistir
estritamente em preservar a sua vida e a sua
integridade, bem como da vítima e dos demais
presentes na cena.
Avaliação inicial
Ocorrência: vítima sofreu um mal súbito ou um acidente.

• 1º passo: avaliar, de maneira rápida e eficaz, os riscos existentes na cena.

• 2º passo: identificar possíveis fatores de risco e eliminá-los.

• 3º passo: dados importantes jamais podem ser alterados, já que em alguns


casos, o local poderá passar por perícia ou análises policiais.
Avaliação inicial
Alguns possíveis riscos: atropelamento e ou novas colisões, choque
elétrico, explosão e ou incêndio, afogamento, deslizamento.

Como eliminar riscos? Sinalizar local com pisca alerta, triângulo e ou galhos
de árvores por 100 metros antes do local do acidente, em ambas as
direções. Ligar para a empresa de energia e aguardar. Desligar a parte
elétrica, apagar princípios de incêndio. Remover a vítima para local seguro
(fora do tráfego). Isolar o veículo. Leve a pessoa para fora da água e seque a
pessoa. Remover de água parada, poças, piscinas, calhas etc.
Depois de ter determinado que o local é
seguro, o que fazer?
Use a abordagem sistemática para determinar o nível de consciência
do paciente:
• Se o paciente parecer consciente, use a avaliação primária (ABCDE) como
análise inicial.
• Se o paciente parecer inconsciente, use a avaliação do Suporte Básico de
Vida (SBV) como análise inicial para identificação de um indivíduo em parada
cardiorrespiratória (PCR). Essa abordagem intensifica a ressuscitação
cardiopulmonar (RCP) precoce com manejo básico da via aérea e
desfibrilação.
Aspectos fundamentais do
Suporte Básico de Vida (SBV)

• Reconhecimento imediato da parada cardiorrespiratória (PCR)


• Contato com o sistema de emergência (SME)
• Início da Ressuscitação Cardiopulmonar (RCP)
• Uso do desfibrilador automático (DEA), assim que possível
Epidemiologia da PCR
• A doença cardíaca isquêmica , principal determinante de PCR (Parada
Cardiorrespiratória), continua liderando as causas de morte no
mundo e no Brasil não é diferente.
• Em 2015, aproximadamente 350.000 adultos nos Estados Unidos
apresentaram PCR não traumática extra-hospitalar (PCREH) atendida
por pessoal dos serviços médicos de emergência (SME).
• Apesar de ganhos recentes, menos de 40% dos adultos recebem RCP
(Ressuscitação Cardiopulmonar) iniciada por leigo e menos de 12%
têm um desfibrilador externo automático (DEA) aplicado antes da
chegada do SME.
Epidemiologia da PCR
• Aproximadamente 1,2% dos adultos internados nos hospitais dos EUA
sofrem PCR intra-hospitalar (PCRIH).
• Cerca de 56 a 74% dos ritmos de PCREH ocorrem em fibrilação
ventricular (FV), um ritmo chocável, e a desfibrilação precoce é o
tratamento de escolha.
• Sabe-se que, a cada minuto transcorrido do início do evento arrítmico
súbito sem desfibrilação, a probabilidade de sobrevivência diminuiu
em 7 a 10%. Programas de RCP e com uso de Desfibrilador Externo
Automático (DEA) precoce, realizados por leigos, têm proporcionado
taxas de sobrevivência muito otimistas, alcançando até 85%.
O International Liaision Committee on Ressuscitation (ILCOR) inclui
representantes de diversos órgãos:
• American Heart Association (AHA)
• European Resuscitation Council (ERC)
• Heart and Stroke Foundation of Canada (Heart & Stroke)
• Australian and New Zealand Committee on Resuscitation (ANZCOR)
• Resuscitation Council of Southern Africa
• InterAmerican Heart Foundation
• Resuscitation Council of Asia (RCA)

Esse comitê (ILCOR) se reúne regularmente, a cada cinco anos, desde 1999, em
Dallas, para revisão de informações relevantes sobre Ressuscitação
Cardiopulmonar (RCP) e Atendimento Cardiovascular de Emergência (ACE), com o
objetivo de definir consensos e diretrizes sobre o assunto.
Avaliação de Suporte Básico de Vida (SBV)
• É uma abordagem sistemática para profissionais de saúde treinados.
• Essa abordagem intensifica a RCP precoce com manejo básico da via
aérea e desfibrilação, mas não técnicas de via aérea avançada ou de
administração de medicamentos.
• Usando a avaliação de SBV, qualquer profissional de saúde pode dar
suporte ou restaurar a oxigenação, ventilação e circulação eficazes,
até que o paciente atinja o retorno da circulação espontânea (RCE) ou
os profissionais avançados intervenham.
Avaliação de Suporte Básico de Vida (SBV)
• A execução da avaliação de SBV aumenta substancialmente a chance
de sobrevivência do paciente e de um desfecho neurológico favorável.
• Lembre-se de avaliar primeiro e, depois, de executar a ação
adequada.
• Sempre que possível, coloque o paciente sobre uma superfície firme,
de barriga para cima, pois assim se maximiza a eficácia das
compressões torácicas.
• Embora a avaliação de SBV não exija equipamentos avançados, é
possível usar suprimentos prontamente disponíveis, com um
dispositivo bolsa-válvula-máscara, se estiverem disponíveis.
Materiais utilizados no Suporte Básico de Vida
Materiais utilizados no Suporte Básico de Vida
Abordagem sistemática
IMPRESSÃO INICIAL
(o socorrista faz verificações visuais ao se aproximar
do paciente).

Paciente inconsciente Paciente consciente


(aparência) (aparência)

Avaliação de SBV Avaliação primária

Avaliação secundária
Avaliação de
Suporte Básico de
Vida (SBV) da
American Heart
Association
Avaliação de Suporte Básico de Vida –
American Heart Association 2020
• Verifique se a vítima reponde: toque no ombro e chame em voz alta
“Você está bem?”
• Grite por ajuda para alguém próximo.
• Acione o sistema de reposta de emergência.
• Busque um DEA/desfibrilador se disponível, ou encarregue alguém de
acionar o serviço médico de emergência e buscar um DEA ou
desfibrilador.
• Verifique a respiração está ausente ou anormal (sem respiração ou
apenas respiração agônica (gasping)).
Avaliação de Suporte Básico de Vida –
American Heart Association 2020
• Verifique se o tórax se eleva e volta por no mínimo 5 e no máximo 10
segundos.
• Tente sentir o pulso por no mínimo 5, mas não mais de 10 segundos.
• Execute a verificação de pulso ao mesmo tempo em que verifica a
respiração durante 10 segundos para minimizar o atraso na RCP.
• Se em 10 segundos, você definitivamente não sentir nenhum pulso,
inicie a RCP com compressões torácicas.
• Se houver pulso, inicie a ventilação de resgate, administrando 1
ventilação a cada 6 segundos. Verifique o pulso a cada 2 minutos
aproximadamente.
Avaliação de Suporte Básico de Vida –
American Heart Association 2020
• Se não sentir o pulso, verifique se há ritmo chocável com um
DEA/desfibrilador assim que ele chegar.
• Aplique choques, conforme indicado.
• Inicie a RCP imediatamente após cada choque, começando com as
compressões.

• Cuidado: A profundidade das compressões torácicas na maioria das vezes é


muito mais superficial do que profunda. Se houver um dispositivo de
feedback de qualidade da RCP, o ideal é definir uma profundidade de
compressão de 5 a 6 cm. Compressão superior a 6 cm em adultos, pode
provocar lesões.
Avaliação de Suporte Básico de Vida –
American Heart Association 2020
• Adaptação da resposta: socorrista único

• Exemplo 1: Um profissional de saúde que vê um adolescente ter um colapso


súbito (por exemplo, depois de um soco no tórax) pode supor que o paciente
teve uma PCR súbita. Nesse caso, o socorrista pode acionar o sistema médico
de emergência por telefone celular, buscar um DEA se tiver um perto,
retornar para o paciente e aplicar o DEA e, depois, executar a RCP.
• Exemplo 2: Se o socorrista acreditar que a PCR foi causada por hipóxia como
em vítima de afogamento, ele deverá executar cerca de 2 minutos de RCP,
incluindo ventilações, antes de acionar o sistema médico de emergência.
SBV – AHA 2020 – RCP de qualidade
1. Comprimir o tórax com força e rapidamente pelo menos 5 cm a
uma frequência de 100 a 120/min (30:2 ou outro protocolo
avançado que maximize a fração das compressões torácicas);
2. A cada compressão, permitir o retorno total do tórax;
3. Alternar o responsável pela compressão a cada 2 minutos ou
menos, se houver cansaço. A mudança deverá levar cerca de 5
segundos;
4. Minimizar as interrupções nas compressões a 10 segundos ou
menos (fração de compressão torácica alta);
5. Evitar ventilação excessiva.
Ritmo das compressões na RCP: música Stayin’ Alive - Bee Gees
Ritmo das compressões na RCP: música Baby Shark
SBV – Minimize as interrupções
Quando você interrompe as compressões torácicas, o fluxo sanguíneo
para o cérebro e para o coração é interrompido.

Portanto, limite a duração das interrupções para desfibrilação ou


análise do ritmo para no máixmo 10 segundos, a menos que esteja
retirando o paciente de um ambiente perigoso.
Evite

• Análise do ritmo prolongada


• Verificações frequentes ou inadequadas do pulso
• Verificação prolongada
• Movimentação desnecessária do paciente
Iniciar a RCP quando você não tiver certeza sobre o pulso

• Se você não tiver certeza sobre o pulso, comece a RCP.

• Compressões desnecessárias são melhores que nenhuma


compressão em um paciente sem pulso e a RCP atrasada reduz a
chance de sobrevivência.
Gasping
• O socorrista pode observar suspiros agonais nos primeiros minutos
depois de uma PCR súbita, mas suspiros agonais não são respiração
normal.
• Uma pessoa com suspiros agonais pode aparentar inspiração muito
rápida. Ela pode abrir a boca, mexer a mandíbula, a cabeça ou o
pescoço com suspiros agonais. Esses suspiros agonais podem parecer
fortes ou fracos e podem demorar a ocorrer novamente, porque
normalmente aparecem de forma lenta e irregular.
• Um suspiro agonal pode soar como um resfôlego, um ronco ou um
gemido. Se identificar suspiros agonais, comece as compressões
torácicas sem demora.
SBV – 2 socorristas
Abordagem Sistemática
Expandida da American
Heart Association – 2020
Avaliação Primária (ABCDE)
• Se o paciente parecer consciente, use a avaliação primária (ABCDE)
como análise inicial.
• Na avaliação primária, você continua a avaliar o paciente e executar
ações adequadas , até o paciente seja transferido para o próximo
nível de atendimento.
• No caso de pacientes inconscientes em PCR (cardíaca ou respiratória),
conclua a avaliação de SBV antes da avaliação primária.
• No caso de pacientes conscientes que podem precisar de avaliação e
manejo mais avançados, realize primeiro a avaliação primária.
Avaliação Primária
(ABCDE) –
American Heart
Association (AHA).
A – Airway (Vias Aéreas) – AHA 2020
A – Abertura da via aérea em paciente inconsciente
Dispositivos de via aérea orofaríngea

Cânula Orofaríngea
Dispositivos de via aérea avançada

Tubo orotraqueal Laringoscópio convencional


Dispositivos de via aérea avançada
Bougie consiste em um
introdutor que, inserido na
traqueia, ajuda a orientar a
introdução da cânula traqueal.
Bastante útil nas situações de
via aérea difícil inesperada.

Bougie – fio guia para intubação e tubos


orotraqueais
Dispositivos de via aérea avançada -
supraglóticos

Máscara Laríngea Tubo Laríngeo


A – Airway (Vias Aéreas)

Falha da
Proteger vias aéreas?
ventilação/oxigenação?

DECISÃO RÁPIDA
A – AIRWAY (VIA AÉREA)

➢Checar a perviedade da via aérea


▪ Há obstrução visível da via aérea?
▪ Há sinais e sintomas que levantam a suspeita de obstrução da via
aérea: com hipersalivação, estridor laríngeo, guincho ou disfonia
(sinal de batata quente na boca)?

➢Checar a capacidade de proteção da via aérea


▪ Nível de consciência
▪ Capacidade de deglutir e eficácia da tosse
A – AIRWAY (VIA AÉREA)

➢Crash airway (paciente pré-parada – IOT prontamente)


➢Via aérea difícil
➢Sequência rápida de IOT
➢Ter sempre um plano B
B – BREATHING (RESPIRAÇÃO) – AHA 2020
B – BREATHING (RESPIRAÇÃO)

➢Expansibilidade do tórax
➢Murmúrio vesicular
➢Presença de ruídos adventícios
➢Tiragens (esforço respiratório)
B – BREATHING (RESPIRAÇÃO)

➢Considerar ventilação não invasiva em pacientes com alteração


do nível de consciência ou falha na terapia de O₂ suplementar
➢Identificar e tratar a causa da hipoxemia
➢O₂ suplementar para alcançar SatO₂ de 95-98% na maioria dos
pacientes ou SatO₂ 90-92% para pacientes com Síndrome
Coronariana Aguda (SCA) e 92 a 98% para atendimento pós-
PCR.
C – CIRCULATION (CIRCULAÇÃO) – AHA 2020
C – CIRCULATION (CIRCULAÇÃO)

➢Sinais de má perfusão
➢Avaliar volume
➢Avaliar droga vasoativa
➢Reavaliar
C – CIRCULATION (CIRCULAÇÃO)

➢Monitorização dos parâmetros mais importante:


▪ Palidez cutânea
▪ Presença de pulso periférico
▪ Tempo de enchimento capilar
▪ Frequência cardíaca
▪ Pressão arterial
▪ Oximetria
▪ ECG
C – CIRCULATION (CIRCULAÇÃO)

➢Identificar a causa das alterações circulatórias:


▪ Sepse, infarto agudo do miocárdio etc

➢Em pacientes com choque hemorrágico, o controle do


sangramento é prioritário
C – CIRCULATION (CIRCULAÇÃO)

➢Exame físico (sinais específicos que indicam gravidade):


▪ Bradicardia importante (<35bpm)
▪ Pulso filiforme
▪ TEC > 4 segundos
▪ Pele fria e úmida, com vasoconstrição e cianose
▪ Débito urinário < 0,5ml/kg/h
▪ Estado mental alterado
Tempo de
enchimento capilar
Avaliação padronizada:
• Compressão na falange distal do
indicador
• Pressão por 15 segundos
• Cronometrar o tempo para o retorno
basal
• Normal < 4 segundos
Lactato

• Hiperlactatemia como marcador de gravidade em pacientes críticos.

• Lactato como marcador de hipoxemia e/ou má perfusão celular periférica.


D (DISFUNÇÃO) e E (EXPOSIÇÃO) – AHA 2020
D – DISABILITY (DISFUNÇÃO)

➢Avaliar alterações de consciência


▪ Conteúdo: estados confusionais agudos, demências
▪ Nível: agitação, sonolência, coma
➢Glasgow
➢Resposta motora
➢Pupilas
➢Papiledema (fundoscopia)
Abordagem do paciente com rebaixamento do nível de
consciência

• ABCD primário
• Anamnese e exame físico (se paciente alerta e responsivo)
• MOV (Monitor, Oxigênio e Veia) com glicemia capilar (se paciente irresponsivo,
com pulso presente)
• Bolus endovenoso de 15g de glicose hipertônica (glicose a 50% 3 ampolas, IV,
agora). Em pacientes etilistas ou gravemente desnutridos, o bolus de glicose deve
ser precedido por reposição de tiamina 100mg IV para evitar encefalopatia de
Wernicke (caracterizada por confusão mental, ataxia e alterações de motricidade
ocular, choque e coma).
• Coleta de exames relevantes
Avaliação do nível de consciência

• Escala de
Coma de
Glasgow
Escala de Coma de Glasgow

• Limitações da Escala de Coma de Glasgow:


• Déficits prévios, como afasia,
• Deficiências prévias, como motora ou surdez
• Pontuação: 13-15 (leve), 12-9 (moderado) e <8 (grave)
• A Escala de Coma de Glasgow não deve ser utilizada como parâmetro isolado
para obter via aérea avançada
• O principal indicador de gravidade é a resposta motora
Resposta motora – avaliação

• Observação da movimentação espontânea do paciente


• Observação dos movimentos apresentados pelo paciente ao estímulo doloroso
(leito ungueal, região supraorbitária e esterno, por exemplo).
• Presença de reflexos com atenção à sua presença, simetria e se existem sinais
patológicos, como o sinal de Babinski
• Pesquisa do tônus muscular pela movimentação passiva, com atenção a
hipertonia, hipotonia e paratonia (rigidez muscular, com inadequada
incontinência de reações tônicas).
Avaliação com estímulo nociceptivo

AVPU
Is the patient
Alert and oriented?
Responding to voice?
Responding to pain?
Unresponsive?
Padrões motores localizatórios

• Hemiparesia dimidiada com comprometimento facial ipsilateral: sugere lesão


acima da ponte contralateral.
• Decorticação: sugere lesão ou disfunção supratentorial extensa.
• Descerebração: sugere lesão ou disfunção de tronco cerebral.
• Ausência de resposta motora: sugere lesão periférica, pontina ou bulbar.
Escala de Coma de Glasgow

• Recentemente foi proposta a inclusão da avaliação pupilar a Escala de Coma de


Glasgow, retirando pontos do escore final conforme resposta pupilar:

• Resposta pupilar inexistente: nenhuma pupila reage à luz (retira 2 pontos)


• Resposta pupilar parcial: apenas uma pupila reage à luz (retira 1 ponto)
• Resposta pupilar total: ambas as pupilas reagem à luz (não retira pontos)

Essa atualização está validada apenas para pacientes com trauma, mas ainda
carece de validação em pacientes clínicos.
Alterações pupilares

• Pupilas puntiformes (<2 mm): intoxicação por opioides ou lesão pontina.

• Pupilas médio-fixas (4-6 mm) que não respondem à luz: lesão do


mesencéfalo.

• Pupilas midriáticas (> 8 mm): intoxicação por anfetaminas (Ecstasy, ritalina) ou


cocaína ou acometimento do nervo oculomotor.

• Pupila fixa unilateral: lesão do terceiro nervo craniano (oculomotor).


E – EXPOSIÇÃO

➢Remova as roupas para realizar o exame físico.


➢Procure sinais óbvios de traumatismo, hemorragia,
queimaduras, marcas incomuns ou braceletes de alerta
médico.
➢Afastar corpos estranhos que justifiquem alergias ou
intoxicações.
➢Controlar temperatura.
Neurológico: nível de consciência, déficits
motores, pupilas, posturas anômalas,
meningismo

Exame físico Cardiovascular: ausculta cardíaca, estase


jugular, tempo de enchimento capilar, livedo,

mínimo na pulsos periféricos

avaliação Respiratório: ausculta pulmonar em quatro


campos, uso de musculatura acessória

primária
Abdominal: peritonismo, visceromegalias,
massas abdominais

Membros inferiores: edemas, empastamentos


de panturrilhas
AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA

• Requer um diagnóstico diferencial, que inclui um histórico


médico específico e a busca e tratamento de causas de fundo
(Hs e Ts).
• Colete um histórico específico do paciente, se possível.
• Faça perguntas específicas relacionadas com apresentação do
paciente.
• Você pode utilizar o mnemônico SAMPLE
AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA

SAMPLE

• Sinais e sintomas
- Dificuldade respiratória
- Taquipneia, taquicardia
- Febre, cefaleia
- Dor abdominal
- Hemorragia
AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA

SAMPLE

• Alergias
- A medicamentos, alimentos, látex etc
- Reações associadas
AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA

SAMPLE

• Medicações incluindo a última dose ingerida


- Medicamentos do paciente, inclusive os vendidos sem prescrição
médica, inaladores, vitaminas e suplementos à base de ervas
- Última dose e hora das medicações recentes
- Medicamentos que podem ser encontrados na casa do paciente
AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA

SAMPLE

• Passado médico pregresso (especialmente relacionado com a


doença atual)
- Histórico de saúde (p. ex., doenças prévias, hospitalizações)
- Histórico de saúde da família (em casos de SCA ou AVC)
- Problemas médicos subjacentes significativos
- Cirurgias anteriores
- Estado de imunização
AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA

SAMPLE

• Last, última refeição consumida


- Hora e natureza da última ingestão de líquido ou de alimento.
AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA

SAMPLE

• Eventos
- Eventos que levem à doença ou lesão atual (por exemplo, início
súbito ou gradual do tipo de lesão)
- Riscos no local
- Tratamento durante o intervalo do início da doença ou lesão até
a avaliação
- Hora estimada do início (se o início se deu em ambiente extra-
hospitalar)
AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA

• As respostas a essas perguntas podem ajuda-lo a identificar


rapidamente diagnósticos suspeitos ou prováveis. Procure e
trate a causa subjacente com base nos Hs e Ts para ter certeza
de que não está ignorando nenhuma possibilidade comum. Os
Hs e Ts constituem um guia para possíveis diagnósticos e
intervenções para o paciente.
AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA

• Os Hs e Ts são auxílios para a memória para causas


potencialmente reversíveis de PCRs e de problemas
cardiopulmonares de emergência.

• Hs
• Hipovolemia
• Hipóxia
• Hidrogênio (acidemia)
• Hipo/hipercalemia
• Hipotermia
AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA

• Ts
• Pneumo “T” órax hipertensivo
• Tamponamento (cardíaco)
• Toxinas
• Trombose (pulmonar)
• Trombose (coronária)
AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA

• Na busca da causa subjacente, faça o seguinte:


• Considere causas subjacentes revisando os Hs e Ts.
• Analise o ECG em busca de indicadores da causa subjacente.
• Reconheça a hipovolemia (causa de hipotensão que pode
deteriorar e se transformar em AESP – atividade elétrica sem
pulso, associada à taquicardia de complexo estreito).
• Reconheça a overdose/intoxicação por drogas.
Diagnóstico e tratamento das causas subjacentes

Síndrome Coronariana Aguda (Trombose Coronariana)

• SCA que envolvem grande parte do músculo cardíaco (ritmos


de PCR: AESP, FV, TVSP ou assistolia). Pode se apresentar como
choque cardiogênico rapidamente evoluindo para PCR e AESP.
• Em pacientes com PCR e sem embolia pulmonar (EP) conhecida
ou suspeita ou IAMCST (infarto agudo do miocárdio com
supradesnivelamento do segmento ST), a administração de
tratamento fibrinolítico de rotina durante a RCP não mostra
nenhum benefício e não é recomendada.
Diagnóstico e tratamento das causas subjacentes

• EP (Embolia Pulmonar) maciça ou em sela: há uma obstrução


do fluxo sanguíneo para a vasculatura pulmonar e causa
insuficiência cardíaca direita aguda.
• Em pacientes com PCR devido a EP presumida ou conhecida, é
possível administrar fibrinolíticos.
Diagnóstico e tratamento das causas subjacentes

• O tamponamento pericárdico pode ser reversível com


pericardiocentese e, durante a periparada, a infusão de volume
pode ajudar enquanto a terapia definitiva é iniciada.

• Depois de reconhecer o pneumotórax hipertensivo, você


precisa trata-lo com eficácia e com descompressão por agulha
e inserção de dreno torácico.
Diagnóstico e tratamento das causas subjacentes

• Não é possível tratar o tamponamento cardíaco, o


pneumotórax hipertensivo e a embolia pulmonar maciça, a
menos que sejam reconhecidos. Um profissional capacitado
pode executar o ultrassom à beira leito para ajudar a
identificar, rapidamente, tamponamento, pneumotórax e
evidencia de ecocardiográfica de embolia pulmonar.
Tratamento das causas subjacentes

• Trate os pacientes intoxicados (overdose de drogas e exposições a


substâncias tóxicas) de forma agressiva, pois os efeitos tóxicos
(vasodilatação periférica e/ou disfunção miocárdica com consequente
hipotensão e colapso cardiovascular) podem progredir rapidamente,
mas durante esse tempo, a disfunção do miocárdio e as arritmias
podem ser reversíveis.
Tratamentos que podem oferecer suporte incluem:

• RCP básica prolongada em situações especiais de ressuscitação (como


hipotermia acidental)
• RCP extracorpórea
• Terapia com balão intra-aórtico
• Diálise renal
• Emulsão lipídica intravenosa para toxinas lipossolúveis
• Antídotos específicos à droga (digoxina imune Fab, glucagon, bicarbonato)
• Estimulação transcutânea
• Correção de distúrbios eletrolíticos graves (potássio, magnésio, cálcio,
acidose)
• Agentes acessórios específicos.
AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA

➢Chamar familiares e coletar anamnese


➢Exames laboratoriais e de imagem
▪ POCUS (ultrassom point-of-care) – forma de utilização do
ultrassom por médicos não radiologistas, como complementação
ao exame físico, em cenários de emergência e UTI. Ex: avaliação
da volemia pela veia cava inferior, tamponamento cardíaco,
hipertensão intracraniana etc.
➢Tratamento específico
Anamnese da avaliação
secundária
✓Abordagem do paciente
priorizando:
➢ OBJETIVIDADE!!
➢ Dados atuais (sintomas de AGORA)
➢ Antecedentes relevantes ao quadro
atual
➢ Conduzir a anamnese

✓Treinamento de anamnese junto


com exame físico

Esta Foto de Autor Desconhecido está licenciado em CC BY-NC-ND


Passagem do caso de forma
rápida, eficiente e relevante

Na chegada à
emergência Avaliação rápida dos sinais
vitais
ou UTI ...
Avaliação inicial do paciente
Abordagem sistemática
Não responde
Tem pulso e não respira Tem pulso e respira
192 / DEA
Sem pulso – em PCR PARADA RESPIRATÓRIA ESTÁVEL?

Suporte Básico de Vida

RCP DE QUALIDADE
100 – 120 compressões/min
5-6 cm de profundidade
Sem interrupções
30 compressões:2 ventilações
Abordagem sistemática
Sem pulso Tem pulso e não respira Tem pulso e respira
PCR PARADA RESPIRATÓRIA ESTÁVEL?

Iniciar ventilação de resgate

Dispositivo bolsa válvula máscara, ligado a fonte


de O2.
Fazer uma ventilação a cada 6 segundos
Reavaliar o paciente a cada 2 minutos
AVALIAÇÃO PRIMÁRIA (ABCDE)
Abordagem sistemática
Sem pulso Tem pulso e não respira Tem pulso e respira
PCR PARADA RESPIRATÓRIA ESTÁVEL?

MOVE + ABCDE

Monitorização multiparamétrica
Saturação de oxigênio
Veia
Glicemia capilar

MOVE +Reconhecer
ABCDE MOVE e Tratar
+ ABCDE
Take Home Points
Seja pragmático
Tenha fluxogramas em mente
Mantenha a calma
Organize sua equipe
Tenha uma abordagem rápida e concisa
Identifique os insultos mais graves com risco iminente
Inicie terapia direcionada prontamente
Obrigada!
@katialealcardiologia
konunes28@gmail.com

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