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PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
LAAR
Nº 70005398326
2002/CÍVEL
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos os autos.
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RELATÓRIO
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desenvolvida fundamentação, enquanto relativamente aos demais que seja ela julgada
improcedente.
O Dr. Procurador-Geral de Justiça, em derradeiro pronunciamento,
reitera a procedência da ação, nos termos do pedido.
Recebi, por redistribuição, em 04.03.04.
É o relatório.
VOTO
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Coronel, com a respectiva forma de acesso. Vai daí que não há violação a qualquer
mandamento constitucional, de modo frontal e direto, não se podendo acolher,
genericamente, o vício apontado, a partir do entendimento de que a lei, em linha de
princípio, presume-se constitucional.
No que respeita aos demais comandos legislativos hostilizados (art. 1°
da Lei nº 10.352/94 e art. 6° da LCE nº 10.992/97), não há, no meu ponto de vista, nem
unificação indevida de carreiras e de cargos (de postos), ou ingresso e ascensão sem
observância da exigência do concurso público.
Com efeito, como diz o Estado na defesa das leis questionadas, os
dispositivos impugnados não promovem, automaticamente, qualquer oficial feminino,
integrante da Brigada Militar, ao posto de Coronel. Ao contrário, independente de sexo,
as oficiais femininas se submetem às mesmas regras previstas para os oficiais
masculinos, desde a forma de ingresso, passando pelo curso de formação. Uma vez
satisfeitos os mesmos requisitos, após galgar todos os postos antecedentes (de Capitão,
chegando a Major e a Ten. Coronel), por promoção, é que podem atingir ao posto
máximo de Coronel P. M. Por isso que, dispensando a lei os mesmos requisitos para
homens e mulheres, antes de tudo veio para dar concretude ao mandamento do art. 5°, I,
da Constituição Federal.
Assim, tratando-se de simples ascensão funcional, a hipótese não é,
rigorosamente, de unificação de carreiras (ou de postos), que aqui é a mesma e continua
sendo uma só, sem diferença de atribuições ou de afinidades, assim não se podendo
estimar o ingresso repudiado pelo art. 37, II, da CF. Mas, até mesmo que o fosse, não
parece que haveria óbice maior, na lição do saudoso Hely Lopes Meirelles, no sentido
de que a transformação de cargos, desde que autorizada por lei, é admissível,
extinguindo-se os anteriores e criando-se outros, para provimento por concurso ou
enquadramento (Direito Administrativo, ed. 1997, p. 368). A propósito, o Pretório
Excelso também já se pronunciou a respeito, inclusive indo mais além, dizendo que
nada impede a unificação de carreiras afins, valendo lembrar, por sua semelhança, o
precedente assim ementado:
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envergadura e vencimentos que não nutriam contudo relação funcional com o cargo
de origem. E tudo isso recebia o beneplácito da legalidade sob o fundamento de que
a primeira investidura já não era. O Texto atual eliminou quaisquer artifícios para
manter práticas deste teor não se referindo à primeira investidura obviamente que
se reporta a toda e qualquer investidura’ (Comentários à Constituição do Brasil,
vol.3, tomo III, ed. Saraiva, 1.992, p.67-9).”
Não trata-se, no presente caso, de distinção entre homens e mulheres, ou
de qualquer espécie de discriminação, mas sim de respeito a regra constitucional
insculpida no artigo 37, inciso II: “a investidura em cargos ou empregos público
depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de
acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em
lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre
nomeação e exoneração.”
As cartas Estadual e Federal dispõem deva a administração pública
observar os princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade, sendo
livre o acesso aos cargos e funções públicas, criados por lei, (art. 19, inciso I, da CE e
art. 37, caput, da CF) a todo e qualquer brasileiro, dependendo de prévia aprovação em
concurso público de provas ou de título, conforme a natureza e o grau de complexidade
do cargo ou emprego, exceto nos casos de nomeação para cargos em comissão
declarado em lei de livre nomeação e exoneração (art. 20, caput, da CE e art. 37, inciso
II, da CF).
O curso de formação das oficiais femininas está disciplinado por lei
própria - Lei 8.808, de 10 de janeiro de 1989, como se constata pela leitura de seu artigo
4º:
“O Curso de Formação de Oficiais PM Femininos (CFO Fem), o Curso
de Formação de Sargentos PM Femininos (CFS Fem), o Curso de Formação de Cabos
PM Femininos (CFC Fem) e o Curso de Formação de Soldados PM Femininos (CFSd
Fem), com 24, 9, 3 e 6 meses de duração mínima, respectivamente, serão regulados por
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DES. VASCO DELLA GIUSTINA – Não obstante posições firmadas no douto parecer,
que é respeitável e tem uma linha até certo ponto defensável, parece que, realmente, a
moderna orientação se centra em outro sentido.
Por isso, acompanho o Relator.
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