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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

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AVM – FACULDADE INTEGRADA

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PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

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ID
Gestão Financeira por meio da Análise de Demonstrações
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Financeiras
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Marcos André Calatroni Bosi


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ORIENTADOR:
TO

Prof. Aleksandra Sliwowska


EN
M
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Rio de Janeiro
DO

2017
2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES


AVM – FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

Gestão Financeira por meio da Análise de Demonstrações


Financeiras

Apresentação de monografia à AVM Faculdade


Integrada como requisito parcial para obtenção do grau
de especialista em MBA em Finanças e Gestão
Corporativa.
Por: Marcos André Calatroni Bosi

Rio de Janeiro
2017
5

RESUMO

Esta monografia destaca a importância da Análise das


Demonstrações Contábeis para respaldar as decisões gerenciais, bem como
evidenciar a situação econômica e financeira das organizações. A análise das
demonstrações contábeis agrega valor às informações e com isso, possibilita
confrontar elementos patrimoniais, indicando fatos ocorridos, determinando a
situação atual e permitindo uma visão das tendências futuras. Por isso é de
suma importância o conhecimento da riqueza das informações por elas
disponibilizadas, bem como utilizá-las para suportar as decisões na
administração das organizações.
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INTRODUÇÃO

No momento atual, de mercado altamente competitivo, e com a


crescente concorrência global, a informação faz a diferença na hora da tomada
de decisão, é um diferencial que determina um passo a frente dos
concorrentes, de forma que, o controle e o planejamento do fluxo de caixa são
fundamentais para a sobrevivência da empresa.

A análise de balanço tem o propósito de observar e confrontar os


elementos patrimoniais de uma empresa, visando o conhecimento minucioso
de sua composição, de modo a revelar os fatores antecedentes e
determinantes da situação atual e traçar o comportamento futuro e as
perspectivas da empresa.

As técnicas de análise de Balanços também são importantes para o


conhecimento econômico-financeiro de outras empresas, de modo especial
concorrentes e fornecedores.

De acordo com as regras contábeis, as demonstrações financeiras


oferecem uma série de dados sobre a empresa, que apoiam a tomada de
decisão das empresas e são ferramentas indispensáveis para análise de
balanços, elas devem retratar verdadeiramente as reais situações da empresa.
São utilizadas para análises podendo assim evidenciar estrutura de capitais,
liquidez, previsões, necessidade de Capital de Giro, entre outros.

A interpretação dos elementos extraídos nas análises faz com que


as demonstrações contábeis deixem de ser apenas um conjunto de dados e
passem a ter valor como informação, permitindo ao usuário à avaliação da
situação da organização, e assim utilizá-la como suporte para decisões futuras.

Esta Monografia tem o propósito de tornar compreensíveis os


conhecimentos contábeis para que possam auxiliar na gestão de uma empresa
a compreender a importância das Análises de Demonstrações Contábeis para
o sucesso, transparência e credibilidade da organização.
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operacionais e não operacionais, bem como suas


potencialidades, auxiliando assim, a tomada de decisão.
(SILVA e SOUZA, 2011, p.3).

Segundo MATARAZZO (2010), as demonstrações financeiras são


compostas por: Balanço Patrimonial, Demonstração do Resultado do Exercício,
Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados, que poderá ser substituída
pela Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido e Demonstração dos
Fluxos de Caixa.

A Lei das sociedades por ações (Lei nº. 6.404/76 – modificada pelas
Leis nº. 11.638/07 e 11.941/09) determina a estrutura básica das quatro
demonstrações financeiras mencionadas anteriormente.

A Lei 6404/76, em seu artigo 178 rege que os grupos deveriam


estar determinados pelo grupo Ativo, dividido em Ativo Circulante, Ativo
Realizável a Longo Prazo, Ativo Permanente, esse último com subgrupos
denominados pela lei de Investimentos, Imobilizado e Diferido, e por
consequência o grupo Passivo, dividido em Passivo Circulante, Passivo
Exigível a Longo Prazo, Resultados de Exercícios Futuros e Patrimônio Líquido
dividido em capital social, reservas de capital, reservas de reavaliação,
reservas de lucros e lucros ou prejuízos acumulado se com critérios contábeis
regrados aos Princípios Fundamentais de Contabilidade e diversas normas
tributárias.

A Lei 11638/07 instituiu a adoção das normas internacionais de


contabilidade, precisamente o International Financial Reporting Standards
(IFRS) que os países da União Europeia e vários outros já haviam aderido em
2005, data de sua implementação, porém com obrigatoriedade a partir de
2010.

1.1.1 Balanço Patrimonial

O Balanço Patrimonial é a demonstração contábil destinada a


evidenciar, qualitativa e quantitativamente, numa determinada data, a posição
patrimonial e financeira da Entidade. No balanço patrimonial, as contas
deverão ser classificadas segundo os elementos do patrimônio que registrem e
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baseadas no regime de competência. O regime de competência é um princípio


contábil, que deve ser, na prática, estendido a qualquer alteração patrimonial,
independentemente de sua natureza e origem.

Sob o método de competência, os efeitos financeiros das transações


e eventos são reconhecidos nos períodos nos quais ocorrem,
independentemente de terem sido recebidos ou pagos. Isto permite que as
transações sejam registradas nos livros contábeis e sejam apresentadas nas
demonstrações financeiras do período no qual os bens (ou serviços) foram
entregues ou executados (ou recebidos). É apresentada assim uma associação
entre as receitas e os gastos necessários para gerá-las.

As demonstrações financeiras preparadas sob o método de


competência informam aos usuários não somente a respeito
das transações passadas, que envolvem pagamentos e recebimentos de
dinheiro, mas também das obrigações a serem pagas no futuro e dos
recursos que representam dinheiro a ser recebido no futuro. Portanto,
proporcionam o tipo de informações sobre transações passadas e outros
eventos, que são de grande relevância aos usuários na tomada de decisões
econômicas.

As receitas e as despesas devem ser incluídas na apuração do


resultado do período em que ocorrerem, sempre simultaneamente quando se
correlacionarem, independentemente de recebimento ou pagamento. O
reconhecimento simultâneo das receitas e despesas, quando correlatas, é
consequência natural do respeito ao período em que ocorrer sua geração. Para
todos os efeitos, as Normas Brasileiras de Contabilidade elegem o regime de
competência como único parâmetro válido, portanto, de utilização compulsória
no meio empresarial.

1.1.3. Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido


(DMPL)

A Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido apresenta as


variações de todas as contas do Patrimônio Líquido ocorridas entre dois
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relativamente à administração da empresa sob o ângulo de


obter e aplicar compativelmente os recursos (MATARAZZO,
2010).

Seguindo as tendências internacionais, o fluxo de caixa pode ser


incorporado às demonstrações contábeis tradicionalmente publicadas pelas
empresas. O relatório de fluxo de caixa deve ser segmentado em três grandes
áreas:

I - Atividades Operacionais;

II - Atividades de Investimento;

III - Atividades de Financiamento.

I - As Atividades Operacionais são explicadas pelas receitas e


gastos decorrentes da industrialização, comercialização ou prestação de
serviços da empresa. Estas atividades têm ligação com o capital circulante
líquido da empresa.

Segundo Braga & Marques (2001), “as entradas de caixa das


atividades operacionais são: recebimentos de caixa das vendas de bens ou
serviços, incluindo recebimentos de cobranças ou vendas de contas e notas a
receber, de curto e longo prazos, de clientes surgidas dessas vendas;
recebimentos de caixa de retornos sobre empréstimos, outros instrumentos de
endividamento de outras entidades, e ações do patrimônio - juros e dividendos;
e todos os outros recebimentos de caixa que não provêm de transações
definidas como atividades de financiamento ou investimento, como os
montantes recebidos de questões judiciais; produto do acordo de seguros,
exceto para aqueles que são diretamente relacionados às atividades de
financiamento e investimento, como da destruição de uma edificação; e
restituição de fornecedores e as saídas de caixa das atividades operacionais
são: pagamentos de caixa para aquisição de materiais para manufatura ou
bens para revenda, incluindo pagamentos do principal sobre contas e notas a
pagar de curto e longo prazos a esses fornecedores de materiais ou bens;
pagamentos de caixa para outros fornecedores e empregados por outros bens
ou serviços; pagamentos de caixa aos governantes por impostos, taxas,
20

alterar determinada política financeira, avaliar se a empresa está sendo bem


administrada, identificar sua capacidade de solvência, avaliar se é uma
empresa lucrativa e se tem condições de saldar suas dívidas com recursos
gerados internamente, entre outras.

De acordo com Iudícibus (2010), “a analise de balanços serve para


apontar o porquê de determinada situação de rentabilidade e de liquidez de
uma entidade e o que vai ocorrer se mudanças não forem realizadas (ou se o
cenário econômico vai mudar)”.

As demonstrações financeiras fornecem uma série de dados sobre a


empresa, de acordo com regras contábeis e a análise de balanços objetiva
extrair informações das demonstrações financeiras para a tomada de decisão,
ela transforma esses dados produzidos em informações e será tanto mais
eficiente quanto melhores informações produzir (MATARAZZO, 2010).

Através das demonstrações contábeis levantadas por uma empresa,


torna-se possível extrair informações a respeito de sua posição econômica e
financeira, informar-se ou concluir também sobre a atratividade de
investimentos ou não em determinada empresa, verificar sua capacidade de
pagamentos, situação de equilíbrio e insolvência, a satisfação dos proprietários
quanto à rentabilidade, e assim por diante (ASSAF NETO, 2002).

Podemos inferir que as informações contidas nas demonstrações


contábeis referem-se a fatos passados e que muitas vezes não retratam a
situação econômico-financeira da empresa no presente, mas é através desta
ferramenta de informação contábil, que os usuários conseguem diagnosticar os
pontos críticos da empresa bem como avaliar os seus limites e as
possibilidades de desenvolvimento operacional e de investimento para o futuro.

Segundo Aguiar (2004), “o resultado de uma análise nas


Demonstrações Contábeis (Balanço Patrimonial e a Demonstração do
Resultado do Exercício) quando feita de forma padronizada e com eficácia
poderá elevar o valor das empresas brasileiras em um prazo médio de tempo”.
A empresa analisada eficientemente e com controles funcionais está propensa
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2.1. Análise Vertical

É o calculo percentual de todas as contas em relação a um valor


base, por exemplo, na Análise Vertical da Demonstração do Resultado calcula-
se o percentual de cada conta em relação às vendas.

O objetivo da Análise Vertical é mostrar a importância de cada conta


em relação à demonstração financeira a que pertence e, através da
comparação com padrões do ramo ou com percentuais da própria empresa em
anos anteriores, permite inferir se há itens fora das proporções normais
(Matarazzo, 2010).

A Análise Vertical mostra qual a composição dos recursos tomados


pela empresa, qual a participação dos capitais de terceiros e próprios, qual o
percentual de capitais de terceiros a curto e longo prazo, qual a participação de
cada um dos itens de capital de terceiros, além de mostrar quantos por cento
dos recursos totais foi destinado ao Ativo Circulante, entre outras.

A comparação dos percentuais da Análise Vertical da empresa com


os concorrentes permite saber se a alocação dos recursos no Ativo é típica ou
não para aquele ramo de atividade.

2.2. Análise Horizontal

A Análise Horizontal se baseia na comparação entre resultados e na


evolução de cada conta em relação à demonstração anterior.

O objetivo da análise horizontal é “mostrar a evolução de cada conta


das demonstrações financeira e, pela comparação entre si, permitir tirar
conclusões sobre a evolução da empresa” (Matarazzo, 2010).

Segundo Iudícibus (2010), “a finalidade principal da análise


horizontal é apontar o crescimento de itens do Balanço e das Demonstrações
de Resultados (bem como de outros demonstrativos) através dos períodos, a
fim de caracterizar tendências”.
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Segundo Iudícibus (2010), as contas que fazem parte do Ativo


Circulante Operacional que são denominadas Aplicação de Capital de Giro,
são: Clientes, Estoques, Despesas Antecipadas e Outras Contas a Receber. E
as contas que compõem o Passivo Circulante Operacional onde são
denominadas as Fontes de Capital de Giro, são: Fornecedores, Obrigações
Fiscais, Obrigações Trabalhistas, Adiantamentos a Clientes e outras contas a
pagar.
Na administração do capital de giro, explica Assaf Neto & Silva
(1997), “são estudados fundamentalmente o nível adequado de estoque que a
empresa deve manter, seus investimentos em créditos a clientes, critérios de
gerenciamento de caixa e a estrutura de passivos correntes”, com a intenção
da manutenção de determinado nível de rentabilidade e liquidez, que seja
consistente em relação aos objetivos enunciados pela empresa.
Uma questão central a ser observada refere-se à dimensão e à
qualidade do capital de giro aplicado na atividade.

O capital de giro é "conhecido também como capital circulante


e corresponde aos recursos aplicados em ativos circulantes,
que transformam-se constantemente dentro do ciclo
operacional. Como o próprio nome dá a entender, o capital de
giro fica girando dentro e fora da empresa no momento em que
se concede um prazo para o cliente pagar, bem como a cada
vez que sofre transformação em seu estado patrimonial, produz
reflexos na contabilidade. Até transformar-se finalmente
(novamente) em dinheiro, o valor inicial do capital de giro vai
sofrendo acréscimo a cada transformação, de modo que,
quando o capital retornar ao "estado de dinheiro", ao completar
o ciclo operacional deverá estar maior que o valor inicial" (Hoji,
2001).
Podemos observar na prática que fatores clássicos de desequilíbrio
financeiro percebido, estão ligados basicamente à dimensão e ao
financiamento do capital de giro necessário. Dessa forma podemos destacar os
seguintes fatores e as consequências diretas:

a) Fatores de Desequilíbrio
Investimento inadequado em estoques - tanto para um maior como
para um menor nível, o investimento inadequado em estoques interfere
negativamente na capacidade de geração de caixa. O investimento em estoque
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exaustões”. Segundo Quintana (2004), “o método direto demonstra todos os


pagamentos e recebimentos relativos à atividade operacional das empresas,
considerando assim: as compras a vista, o pagamento das duplicatas, o
pagamento das despesas com salários e encargos, as demais despesas
administrativas, gerais e comerciais, as vendas a vista, o recebimento das
duplicatas por vendas a prazo e outros recebimentos decorrentes das
atividades sociais da empresa”.

2.5. Análise da Gestão de Caixa

Matarazzo (2010) descreve o significado de cada item da


Demonstração do Fluxo Líquido de Caixa e o inter-relacionamento desses
itens, conforme abaixo:

i) A Geração Bruta de Caixa mostra o montante de caixa gerado


pelas atividades econômicas, ou seja, pelas atividades comerciais. Com
esses recursos a empresa poderá: financiar as operações de compra,
produção e vendas; pagar dívidas bancárias de curto prazo, realizar
investimentos e amortizar dívidas de longo prazo.

ii) Geração Operacional de Caixa é calculada adicionando a


variação da Necessidade de Capital de Giro à geração bruta de caixa,
representa o caixa gerado pelas atividades comerciais acoplados aos
investimentos operacionais e fontes operacionais. Com esses recursos a
empresa poderá pagar dívidas bancárias de curto prazo, realizar
investimentos e amortizar dívidas de longo prazo.

iii) Geração Corrente de Caixa é a soma da Geração Operacional de


Caixa a Variação dos empréstimos bancários de curto prazo, significa o
caixa gerado pelas atividades de curto prazo, com esses recursos a
empresa poderá realizar investimentos e amortizar dívidas de longo prazo.

iv) O saldo positivo da Geração Corrente de Caixa menos variação


dos itens permanentes de caixa mais variação dos itens não correntes
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ATIVIDADES DE INVESTIMENTOS

Títulos do Governo de Longo Prazo 100.537 0


Investimentos -6.064 -38.014
Redução de Investimentos 62.000 0
Imobilizado -74.195 -212.136
Diferido -24.271 -19.752

Aplicação de caixa em investimentos 58.006 -269.902

ATIVIDADES DE FINANCIAMENTOS

Financiamento de Capital de Giro -23.396 147.046


Financiamento de Longo Prazo 65.928 66.166
Recebimento de dividendos/juros s/ capital próprio 2.725 0
Pgto de dividendos/juros s/ capital próprio -185.673 -171.980
Pgto particip. No resultado dos colaboradores -40.406 -56.923
Pgto imposto de renda e contribuição social -95.834 -138.270

Caixa e equivalentes de caixa líquidos (aplicados) gerados


-276.656 -153.960
pelas atividades de financiamentos

Aumento (redução) no caixa e equivalente de caixa 244.616 305.646

Variação no caixa e equivalentes de caixa 244.616 305.646


Saldo inicial do caixa e equivalentes de caixa 899.719 1.144.335
Saldo finall do caixa e equivalentes de caixa 1.144.335 1.449.981
DFC pelo método Indireto
Fonte: Costa, 2009
Para facilitar o entendimento dos cálculos dos índices, é
apresentada uma tabela que extrai os principais valores contidos nas
demonstrações contábeis da Empresa X.

Item 2014 2015


Ativo Total 2.495.464 3.249.230
Passivo Circulante 966.729 1.438.702
Passivo Exigível 492.897 591.078
Patrimônio Líquido 1.035.149 1.219.449
Juros no período 127.667 141.642
Dividendos/juros s/capital próprio 152.517 199.215
Receita Operacional Líquida 2.006.258 2.499.452
Resultado Operacional Líquido 411.015 484.634
Fonte: Demonstrações Contábeis da empresa X
39

Este indicador mede a capacidade de gerar recursos para a


continuidade da empresa, financiando novos imobilizados com recursos
próprios, observamos que em 2014 a empresa apresentou o melhor índice
quanto à capacidade de gerar recursos para aquisição do ativo imobilizado.

Retorno de caixa sobre os ativos = fluxo de caixa operacional antes


juros e impostos / ativos totais

2014 2015
Retorno do Caixa sobre os Ativos 9,5% 13,2%

Com estes resultados podemos verificar que em 2015 dos ativos


totais da empresa 13,2% foi recuperado em termos de disponibilidades.

Retorno sobre passivo e patrimônio Líquido = fluxo de caixa


operacional / (PL + exigível a longo prazo)

2014 2015
Retorno sobre o passivo e PL 30,3% 40,3%

Em relação ao retorno sobre capital de terceiros e capital próprio, a


empresa teve um retorno de caixa consistente sendo que em 2015 obteve um
índice de 40,3% de retorno de caixa sobre o passivo e o patrimônio líquido,
verificou-se com esta situação a liquidez da empresa.

Retorno sobre o patrimônio Líquido = fluxo de caixa operacional /


patrimônio Líquido.

2014 2015
Retorno sobre o Patrimônio Líquido 44,8% 59,8%

Este índice evidencia a taxa de recuperação de caixa dos


investimentos feitos pelos acionistas.
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BIBLIOGRAFIA

AGUIAR, João Luis. Análise de Balanços como Instrumento de Gestão


Empresarial. Disponível em <
http://www.aguiarperito.com.br/artigos/conclucurso.pdf>. Acesso em 16 de nov.
2016.
ASSAF NETO, Alexandre. Estrutura de análise de balanços. 7ª ed. São Paulo:
Atlas, 2002.
ASSAF NETO, Alexandre. SILVA, César A. Tibúrcio. Administração do capital
de giro. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 1997.
ANTHONY, Robert N. Contabilidade Gerencial: Introdução à contabilidade. São
Paulo: Atlas, 1981.
BRAGA, Roberto. MARQUES, José Augusto V. C. Avaliação da liquidez das
empresas através da análise da demonstração de fluxos de caixa. Revista
Contabilidade & Finanças vol. 12 nº. 25. São Paulo, 2001.
CAMPOS FILHO, Ademar. Demonstração dos fluxos de caixa: uma ferramenta
indispensável para administrar sua empresa. São Paulo: Atlas, 1999.
COSTA, Fabiano. Análise Financeira de uma empresa através da
Demonstração do Fluxo de Caixa: um estudo de Caso. Disponível em <
http://tcc.bu.ufsc.br/Contabeis291282>. Acesso em 02 de jan. 2017.
DA SILVA, José Pereira. Análise Financeira das empresas. 10ª. ed. São Paulo:
Atlas, 2010.
GITMAN, Lawrence J. Princípios de Administração Financeira. 7ª ed. São
Paulo: Harbra, 1997.
HOJI, Masakazu. Administração Financeira - Uma abordagem prática. 3ª ed.
São Paulo: Atlas, 2001.
IUDÍCIBUS, Sergio. Análise de Balanços. 10ª. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
IUDÍCIBUS, Sergio. Contabilidade Introdutória: equipe de professores da
faculdade de Economia ADM e Contabilidade da USP. 9°. ed. São Paulo: Atlas,
1998.
IUDÍCIBUS, Sergio; MARTINS, Eliseu; GELBKE, Ernesto Rubens. Manual de
contabilidade das sociedades por ações: aplicável também às demais
sociedades. 5ª ed. São Paulo: Atlas, 2000.
15

balanços, independentemente da origem da variação, seja ela proveniente de


aumento de capital mediante novos aportes ou de incorporação de lucros
gerados no exercício, ou de simples transferência entre contas, dentro do
próprio Patrimônio Líquido.

Segundo Matarazzo (2010), “a Demonstração das Mutações do


Patrimônio Líquido não costuma ser analisado no sentido tradicional em que o
são o Balanço e a Demonstração do Resultado do Exercício”.

1.1.4 Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC)

A demonstração dos fluxos de caixa mostra as fontes e aplicações


verificadas durante o exercício e que resultam afinal na variação do saldo de
caixa.

A DFC passou a ser exigida das empresas norte-americanas em


1987, com a emissão do Statement of Financial Accounting Standards No. 95 -
Statement of Cash Flows1 (SFAS No. 95). Após esse momento surgiram
alterações introduzidas por meio de instruções subsequentes3, porém restritas
à classificação de transações e eventos específicos. Além disso, outros países
anglo-saxônicos seguiram a iniciativa do Financial Accounting Standards Board
(FASB) e instituíram também a obrigatoriedade dessa demonstração, como
Canadá, Reino Unido e Irlanda do Norte, Austrália, Nova Zelândia e África do
Sul, cada qual com pequenas diferenças relativas.

O SFAS No. 95 determinou os procedimentos e critérios de


exposição da DFC, com a adoção de um formato por atividades. Braga &
Marques (2001) destacaram os principais aspectos da norma, conforme abaixo:

• Para fins de elaboração da demonstração, "caixa" inclui dinheiro em mãos,


contas bancárias não vinculadas e aplicações financeiras adquiridas até três
meses antes do vencimento. Títulos mantidos pela empresa quando de três

1
Statement of Accounting Financial Standards No. 95. Statement of Cash Flows.
Financial Accounting Series. Financial Accounting Standards Board of the Financial
Accounting Foundation, november, 1987.
16

meses do resgate não são incluídos, somente os adquiridos até esse prazo
limite;

• O relatório deve ser exposto por fluxos de atividades. As atividades


operacionais, de financiamento e de investimento foram;

• O somatório dos fluxos das atividades, adicionado ao saldo inicial de caixa


mostrado no balanço patrimonial (disponibilidades), deriva seu saldo ao final do
período;

• As transações e eventos que não afetam o caixa no momento presente, mas


que significam atividades de financiamento e investimento, devem ser expostos
em notas explicativas de modo a permitir aos usuários avaliações de fluxos
futuros de caixa. Por exemplo, o arrendamento mercantil de equipamentos
industriais não afeta o fluxo atual de caixa, todavia certamente implicará em
saídas futuras de caixa devido aos pagamentos do principal e juros da dívida;

• Foi encorajada a adoção do método direto para derivação do fluxo de caixa


das atividades operacionais, sendo, porém permitido o método indireto.

O Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) nº. 03, de


07/10/2010, define o objetivo da Demonstração de Fluxo de Caixa como:

Informações sobre o fluxo de caixa de uma entidade são úteis


para proporcionar aos usuários das demonstrações contábeis
uma base para avaliar a capacidade de a entidade gerar caixa
e equivalentes de caixa, bem como as necessidades da
entidade de utilização desses fluxos de caixa. As decisões
econômicas que são tomadas pelos usuários exigem avaliação
da capacidade de a entidade gerar caixa e equivalentes de
caixa, bem como da época de sua ocorrência e do grau de
certeza de sua geração (CPC nº 3, 2010).

De acordo com Matarazzo (2010), através da DFC “é possível


conhecer como fluíram os recursos ao longo de um exercício: quais foram os
recursos obtidos, qual a participação das transações comerciais no total de
recursos gerados, como foram aplicados os novos recursos, entre outros”.

A demonstração do Fluxo de Caixa visa permitir a análise do


aspecto financeiro da empresa, tanto no que diz respeito ao
movimento e investimentos e financiamentos quanto
17

relativamente à administração da empresa sob o ângulo de


obter e aplicar compativelmente os recursos (MATARAZZO,
2010).

Seguindo as tendências internacionais, o fluxo de caixa pode ser


incorporado às demonstrações contábeis tradicionalmente publicadas pelas
empresas. O relatório de fluxo de caixa deve ser segmentado em três grandes
áreas:

I - Atividades Operacionais;

II - Atividades de Investimento;

III - Atividades de Financiamento.

I - As Atividades Operacionais são explicadas pelas receitas e


gastos decorrentes da industrialização, comercialização ou prestação de
serviços da empresa. Estas atividades têm ligação com o capital circulante
líquido da empresa.

Segundo Braga & Marques (2001), “as entradas de caixa das


atividades operacionais são: recebimentos de caixa das vendas de bens ou
serviços, incluindo recebimentos de cobranças ou vendas de contas e notas a
receber, de curto e longo prazos, de clientes surgidas dessas vendas;
recebimentos de caixa de retornos sobre empréstimos, outros instrumentos de
endividamento de outras entidades, e ações do patrimônio - juros e dividendos;
e todos os outros recebimentos de caixa que não provêm de transações
definidas como atividades de financiamento ou investimento, como os
montantes recebidos de questões judiciais; produto do acordo de seguros,
exceto para aqueles que são diretamente relacionados às atividades de
financiamento e investimento, como da destruição de uma edificação; e
restituição de fornecedores e as saídas de caixa das atividades operacionais
são: pagamentos de caixa para aquisição de materiais para manufatura ou
bens para revenda, incluindo pagamentos do principal sobre contas e notas a
pagar de curto e longo prazos a esses fornecedores de materiais ou bens;
pagamentos de caixa para outros fornecedores e empregados por outros bens
ou serviços; pagamentos de caixa aos governantes por impostos, taxas,
18

contribuições ou outras multas ou penalidades; pagamentos de caixa para


emprestadores e outros credores pelos juros; e todos os outros pagamentos de
caixa que não provêm de transações definidas como atividades de
investimento e financiamento, como pagamentos para questões judiciais,
contribuições em dinheiro para caridade e caixa restituído aos clientes”.

II - As Atividades de Investimento são os gastos efetuados no


Realizável a Longo Prazo, em Investimentos, no Imobilizado ou no Intangível,
bem como as entradas por venda dos ativos registrados nos referidos
subgrupos de contas.

Essas atividades se encontram vinculadas às mudanças da estrutura


de investimento da entidade que afetam o caixa seus ativos, independente do
prazo de realização, exceto aquelas de natureza operacional. Conforme
parágrafos 15 a 17 do SFAS No. 95: as atividades de investimento incluem
empréstimos efetuados e recebidos e a aquisição ou baixa de instrumentos de
endividamento [passivos de outras firmas] ou de patrimônio [participações
societárias] e de propriedade, planta, equipamento e outros ativos produtivos,
isto é, ativos mantidos para, ou usados na, produção de bens ou serviços pela
empresa (que não os materiais que são parte do estoque da firma).

Conforme Braga & Marques (2001), “as entradas de caixa das


atividades de investimento são: recebimentos de cobranças ou vendas de
empréstimos efetuados pela empresa e de outros instrumentos de
endividamento, os quais foram adquiridos pela entidade; recebimentos da
venda de investimentos patrimoniais de outras empresas e de retornos de
investimento desses instrumentos; e recebimentos da venda de propriedade,
planta, equipamento e outros ativos produtivos. E as saídas de caixa das
atividades de investimento são: desembolsos por empréstimos feitos pela
organização e pagamentos para adquirir instrumentos de endividamento de
outras entidades; pagamentos para comprar investimentos patrimoniais de
outras empresas; e pagamentos no momento, logo antes ou depois da compra,
para aquisição de propriedade, planta, equipamento e outros ativos produtivos.”
19

III - As Atividades de Financiamento são os recursos obtidos do


Passivo Não Circulante e do Patrimônio Líquido. Segundo Braga & Marques
(2001), “as atividades de financiamento incluem a obtenção de recursos de
proprietários e aqueles a eles fornecidos como um retorno sobre, ou um retorno
de, seus investimentos; empréstimos de dinheiro e pagamentos dos montantes
emprestados ou outra forma de liquidação da obrigação; e a obtenção e
pagamento por outros recursos conseguidos de credores por crédito de longo
prazo”.

As entradas de caixa das atividades de financiamento são: (a)


produtos da emissão de instrumentos patrimoniais [títulos]; e (b) produtos da
emissão de debêntures, hipotecas, notas e outros empréstimos de curto ou
longo prazos.

As saídas de caixa das atividades de financiamento são:


pagamentos de dividendos ou outras distribuições aos proprietários, incluindo
saídas por readquirir os instrumentos patrimoniais da empresa; pagamentos
dos montantes emprestados; e outros pagamentos do principal para credores
que tenham estendido créditos de longo prazo.

1.2. Análise de Balanços

De acordo com Matarazzo (2010), a análise de balanços possibilita


ao analista através da análise da documentação apresentada, conhecer e
vislumbrar a visão da estratégia e dos planos da empresa analisada,
possibilitando estimar seu futuro, limitações e potencialidades, além da
avaliação dos efeitos que certos eventos possam advir sobre a situação
financeira da mesma, sendo um dos elementos mais importantes para tomada
de decisões relacionadas à empresa.

Para Assaf Neto (2002), o analista centraliza suas preocupações nas


demonstrações contábeis e extrai suas conclusões a respeito de sua situação
econômica financeira, e a partir deste momento decide ou influencia decisões
com relação a conceder ou não o crédito, investir em seu capital acionário,
20

alterar determinada política financeira, avaliar se a empresa está sendo bem


administrada, identificar sua capacidade de solvência, avaliar se é uma
empresa lucrativa e se tem condições de saldar suas dívidas com recursos
gerados internamente, entre outras.

De acordo com Iudícibus (2010), “a analise de balanços serve para


apontar o porquê de determinada situação de rentabilidade e de liquidez de
uma entidade e o que vai ocorrer se mudanças não forem realizadas (ou se o
cenário econômico vai mudar)”.

As demonstrações financeiras fornecem uma série de dados sobre a


empresa, de acordo com regras contábeis e a análise de balanços objetiva
extrair informações das demonstrações financeiras para a tomada de decisão,
ela transforma esses dados produzidos em informações e será tanto mais
eficiente quanto melhores informações produzir (MATARAZZO, 2010).

Através das demonstrações contábeis levantadas por uma empresa,


torna-se possível extrair informações a respeito de sua posição econômica e
financeira, informar-se ou concluir também sobre a atratividade de
investimentos ou não em determinada empresa, verificar sua capacidade de
pagamentos, situação de equilíbrio e insolvência, a satisfação dos proprietários
quanto à rentabilidade, e assim por diante (ASSAF NETO, 2002).

Podemos inferir que as informações contidas nas demonstrações


contábeis referem-se a fatos passados e que muitas vezes não retratam a
situação econômico-financeira da empresa no presente, mas é através desta
ferramenta de informação contábil, que os usuários conseguem diagnosticar os
pontos críticos da empresa bem como avaliar os seus limites e as
possibilidades de desenvolvimento operacional e de investimento para o futuro.

Segundo Aguiar (2004), “o resultado de uma análise nas


Demonstrações Contábeis (Balanço Patrimonial e a Demonstração do
Resultado do Exercício) quando feita de forma padronizada e com eficácia
poderá elevar o valor das empresas brasileiras em um prazo médio de tempo”.
A empresa analisada eficientemente e com controles funcionais está propensa
21

a aperfeiçoar a sua situação econômica financeira em um curto período de


tempo.

Existem limitações da análise de balanços que segundo Iudícibus


(2010), predem-se basicamente à diversidade de métodos contábeis adotados
pelas empresas, mesmo dentro do mesmo setor.

CAPÍTULO II
Análise do Fluxo de Caixa

Neste capítulo apresentaremos a forma a qual utilizaremos para


realizar a análise. Serão discutidas as análises Vertical, Horizontal e através de
Índices.
O fluxo de caixa de uma empresa não depende exclusivamente do
administrador financeiro, pois decorre de múltiplas decisões, como nível de
estocagem, prazos concedidos a clientes, prazos obtidos de fornecedores,
expansão, estabilização ou redução do volume de atividades, investimentos no
ativo permanente, bem como as possibilidades de aporte do capital
(Matarazzo, 2010).
A análise do fluxo de caixa é realizada através da Demonstração do
Fluxo Líquido de Caixa (DFLC), nela podemos verificar se a empresa foi
autossuficiente no financiamento do seu giro e qual a sua capacidade de
expansão com recursos próprios gerados pelas operações.
Segundo Matarazzo (2010), os principais objetivos da Demonstração
do Fluxo de Caixa são: avaliar alternativas de investimentos, avaliar e controlar
ao longo do tempo as decisões importantes que são tomadas na empresa, com
reflexos monetários, avaliar as situações presente e futura do fluxo da
empresa, para que não chegue a situações de iliquidez e certificar que os
excessos momentâneos de caixa estão sendo devidamente aplicados.
Para Matarazzo (2010), existem duas demonstrações de fluxo de
caixa:
22

• Demonstração de Entradas e Saídas de Caixa – DESC; e


• Demonstração do Fluxo Líquido de Caixa – DFLC.

A Demonstração de Entrada e Saídas de Caixa – DESC visa


mostrar o confronto entre as entradas e saídas de caixa e se haverá sobras ou
falta de caixa, permitindo à administração decidir com antecedência se a
empresa deve tomar recursos ou aplica-los (Matarazzo, 2010).

A DESC é voltada para o futuro e não permite a análise das causas


da posição de caixa da empresa, para isso utiliza-se a Demonstração do Fluxo
Líquido de Caixa – DFLC, que mostra o efeito de cada variável no caixa como
a Necessidade de Capital de Giro, entre outras.

De acordo com Hoji (2001), a função financeira de uma empresa


deve contemplar análise, planejamento e controle financeiro, que consiste em:

Coordenar, monitorar e avaliar todas as atividades da


empresa, por meio de dados financeiros, bem como determinar
o volume de capital necessário. As decisões de investimentos
dizem respeito à destinação dos recursos financeiros para
aplicação em ativos correntes (circulantes) e não correntes
(realizáveis a longo prazo e permanentes), considerando-se a
relação adequada de risco e de retorno e dos capitais
investidos. As decisões de financiamento são tomadas para a
captação de recursos financeiros para o financiamento dos
ativos correntes e não correntes, considerando-se a
combinação adequada dos financiamentos a curto e a longo
prazos e a estrutura de capital (Hoji, 2001).

A afirmação de Hoji mostra que a gestão financeira de uma


empresa deve priorizar, através das políticas de investimento e financiamento
adotadas, a capacidade de geração de caixa.

Para Gitman (1997), “o administrador deve dedicar atenção especial


tanto às principais categorias de fluxo de caixa quanto aos itens individuais de
entradas e saídas de caixa, para detectar a ocorrência de qualquer desvio em
relação às políticas financeiras da empresa”, pois essa ação pode ser usada
para determinar se o que está planejado é desejável do ponto de vista dos
fluxos de caixa resultantes.
23

2.1. Análise Vertical

É o calculo percentual de todas as contas em relação a um valor


base, por exemplo, na Análise Vertical da Demonstração do Resultado calcula-
se o percentual de cada conta em relação às vendas.

O objetivo da Análise Vertical é mostrar a importância de cada conta


em relação à demonstração financeira a que pertence e, através da
comparação com padrões do ramo ou com percentuais da própria empresa em
anos anteriores, permite inferir se há itens fora das proporções normais
(Matarazzo, 2010).

A Análise Vertical mostra qual a composição dos recursos tomados


pela empresa, qual a participação dos capitais de terceiros e próprios, qual o
percentual de capitais de terceiros a curto e longo prazo, qual a participação de
cada um dos itens de capital de terceiros, além de mostrar quantos por cento
dos recursos totais foi destinado ao Ativo Circulante, entre outras.

A comparação dos percentuais da Análise Vertical da empresa com


os concorrentes permite saber se a alocação dos recursos no Ativo é típica ou
não para aquele ramo de atividade.

2.2. Análise Horizontal

A Análise Horizontal se baseia na comparação entre resultados e na


evolução de cada conta em relação à demonstração anterior.

O objetivo da análise horizontal é “mostrar a evolução de cada conta


das demonstrações financeira e, pela comparação entre si, permitir tirar
conclusões sobre a evolução da empresa” (Matarazzo, 2010).

Segundo Iudícibus (2010), “a finalidade principal da análise


horizontal é apontar o crescimento de itens do Balanço e das Demonstrações
de Resultados (bem como de outros demonstrativos) através dos períodos, a
fim de caracterizar tendências”.
24

A análise horizontal do balanço mostra quais itens do Ativo a


empresa vem dando ênfase na alocação de seus recursos.

Segundo Matarazzo (2010), “é interessante na Análise Horizontal do


balanço observar comparativamente os seguintes itens”:

• Crescimento dos totais do Ativo Permanente e Circulante e de


cada um dos seus principais componentes;

• Crescimento do Patrimônio Líquido comparativamente ao do


Exigível Total;

• Crescimento do Patrimônio Líquido mais Exigível a Longo Prazo


comparativamente ao crescimento do Ativo Permanente;

• Crescimento do Ativo Circulante em comparação com o


crescimento do Passivo Circulante; e

• Verificação de quanto cada balanço da série contribui para


variação final obtida entre o primeiro e o último balanço.

A análise horizontal aplicada a itens do Balanço tem o mesmo


significado a aplicada a itens do DR. Trata-se de discernir o
ritmo de crescimento dos vários itens. Alguns itens, como, por
exemplo, o Disponível, desejamos controla-los de maneira
especial. Todavia, frequentemente a análise horizontal ganha
sentido apenas quando aliada à vertical. Por exemplo, o
disponível pode ter crescido em valores absolutos, mas sua
participação percentual sobre o ativo circulante ou total pode
ter-se mantido constante ou até ter diminuído por causa do
aumento do giro e das dimensões da empresa. A análise
horizontal e a análise vertical devem ser utilizadas
conjuntamente. (Iudícibus, 2010).

2.3. Análise do Capital de Giro

A Necessidade de Capital de Giro (NCG) é fundamental para a


análise da empresa do ponto de vista financeiro, que é o objeto de estudo
desta monografia.
25

A administração de capital de giro é um dos elementos mais


significativos da administração financeira. Segundo Gitman (1997), “a
administração de capital de giro abrange a administração de contas circulantes
da empresa, incluindo ativos circulantes e passivos circulantes”. Nesse
contexto, o capital de giro precisa manter-se em nível satisfatório, ou seja, os
ativos circulantes devem ser capazes de cobrir seus passivos circulantes.

Segundo Hoji (2001), capital de giro “é conhecido também como


capital circulante e corresponde aos recursos aplicados em ativos circulantes,
que transformam-se constantemente dentro do ciclo operacional”.

NCG = ACO – PCO

Onde: NCG – Necessidade de Capital de Giro

ACO – Ativo Circulante Operacional

PCO – Passivo Circulante Operacional

O Ativo Circulante Operacional (ACO) “é exatamente o investimento


operacional em giro” (Matarazzo, 2010), o ACO “é o investimento que decorre
automaticamente das atividades de compra/produção/estocagem/venda,
enquanto o Passivo Circulante Operacional (PCO) é o financiamento, também
automático, que decorre dessas atividades”.

Segundo Matarazzo (2010) as situações básicas que ocorrem numa


empresa, com relação ao Ativo Circulante Operacional (ACO)/Passivo
Circulante Operacional (PCO) pode ser resumida assim:

ACO > PCO – é uma situação normal na maioria das


empresas. Há uma NCG para a qual a empresa deve encontrar
fontes adequadas de financiamentos.

ACO = PCO – neste caso a NCG é igual a zero e, portanto a


empresa não tem necessidade de financiamento para giro.

ACO < PCO – a empresa tem mais financiamentos


operacionais do que investimentos operacionais. Sobram
recursos das atividades operacionais, os quais poderão ser
usados para aplicação no mercado financeiro ou para
expansão da planta fixa. (Matarazzo, 2010).
26

Segundo Iudícibus (2010), as contas que fazem parte do Ativo


Circulante Operacional que são denominadas Aplicação de Capital de Giro,
são: Clientes, Estoques, Despesas Antecipadas e Outras Contas a Receber. E
as contas que compõem o Passivo Circulante Operacional onde são
denominadas as Fontes de Capital de Giro, são: Fornecedores, Obrigações
Fiscais, Obrigações Trabalhistas, Adiantamentos a Clientes e outras contas a
pagar.
Na administração do capital de giro, explica Assaf Neto & Silva
(1997), “são estudados fundamentalmente o nível adequado de estoque que a
empresa deve manter, seus investimentos em créditos a clientes, critérios de
gerenciamento de caixa e a estrutura de passivos correntes”, com a intenção
da manutenção de determinado nível de rentabilidade e liquidez, que seja
consistente em relação aos objetivos enunciados pela empresa.
Uma questão central a ser observada refere-se à dimensão e à
qualidade do capital de giro aplicado na atividade.

O capital de giro é "conhecido também como capital circulante


e corresponde aos recursos aplicados em ativos circulantes,
que transformam-se constantemente dentro do ciclo
operacional. Como o próprio nome dá a entender, o capital de
giro fica girando dentro e fora da empresa no momento em que
se concede um prazo para o cliente pagar, bem como a cada
vez que sofre transformação em seu estado patrimonial, produz
reflexos na contabilidade. Até transformar-se finalmente
(novamente) em dinheiro, o valor inicial do capital de giro vai
sofrendo acréscimo a cada transformação, de modo que,
quando o capital retornar ao "estado de dinheiro", ao completar
o ciclo operacional deverá estar maior que o valor inicial" (Hoji,
2001).
Podemos observar na prática que fatores clássicos de desequilíbrio
financeiro percebido, estão ligados basicamente à dimensão e ao
financiamento do capital de giro necessário. Dessa forma podemos destacar os
seguintes fatores e as consequências diretas:

a) Fatores de Desequilíbrio
Investimento inadequado em estoques - tanto para um maior como
para um menor nível, o investimento inadequado em estoques interfere
negativamente na capacidade de geração de caixa. O investimento em estoque
27

em proporções maiores que o necessário, gera uma pressão mais imediata


sobre o nível de geração de caixa;
Ciclo operacional e financeiro desajustado - trata do desequilíbrio
entre os investimentos e financiamentos operacionais de curto prazo, em
função da incompatibilidade entre os respectivos prazos;
Necessidade de financiamento para capital de giro crescente - é a
expressão financeira do desequilíbrio causado pela ocorrência de um ciclo
operacional e financeiro em desajuste, em função do crescimento das vendas
sem o correspondente financiamento;
Imobilizações em excesso - significa recursos aplicados em
investimentos de longo prazo numa ordem de grandeza superior à necessidade
operacional da empresa, podendo resultar em falta de liquidez a curto prazo;
Endividamento de curto prazo crescente - normalmente utilizado
como forma de suprir a necessidade de capital de giro, podendo representar
uma redução da disponibilidade a curto prazo, em função da representatividade
do custo financeiro frente à margem de lucro do negócio.

b) Consequências diretas:
Redução da liquidez da operação - os recursos gerados são
normalmente utilizados para a cobertura dos custos financeiros em função do
endividamento de curto prazo;
Fragilidade ante as flutuações do mercado - a empresa apresenta
dificuldades para acompanhar tendências de mercado, principalmente no que
se refere a situações observadas de crescimento das operações;
Perda crescente da capacidade de investimento - os recursos
gerados são basicamente destinados para a cobertura do endividamento de
curto prazo, o que pode representar uma fragilidade a médio e longo prazo.
Segundo Matarazzo (2010), “para financiar as atividades de capital
de giro, a empresa pode contar normalmente com três tipos de financiamentos:
Capital Circulante Próprio, empréstimos e financiamentos bancários de longo
prazo e empréstimos bancários de curto prazo e duplicatas descontadas”.
28

2.4. Formas de apresentação da Demonstração de Fluxo de


Caixa

A Demonstração de Fluxo de Caixa pode ser elaborada de duas


formas: método direto e método indireto.

Segundo Iudícibus, Martins e Gelbcke (2000), “o método direto


explicita as entradas e saídas brutas de dinheiro dos principais componentes
das atividades operacionais, como recebimentos pelas vendas de produtos e
serviços e os pagamentos a fornecedores e empregados”, o que resulta o
volume líquido de caixa provido ou consumido pelas operações da empresa. E
“o método indireto faz a conciliação entre o lucro líquido e o caixa gerado pelas
operações” (Iudícibus, Martins e Gelbcke, 2000), permitindo que seja analisado
quanto do lucro está sendo transformado em caixa a cada período.

Existem vantagens e desvantagens na escolha e utilização de cada


um dos métodos. Para Campos Filho (1999), a vantagem do método direto são
as condições favoráveis para que a classificação dos recebimentos e
pagamentos seja feita por critérios técnicos e não fiscais além de introduzir
com mais rapidez a cultura de administrar pelo caixa e como desvantagem são
o custo adicional e a dificuldade para classificar recebimentos e pagamentos.

Com relação ao método indireto, Campos Filho (1999), elenca as


seguintes vantagens: o baixo custo, pois utiliza apenas o balanço dos dois
últimos períodos, a DRE e algumas informações complementares, e concilia
lucro contábil com fluxo de caixa operacional líquido, mostrando como se
apresenta a diferença entre eles e como desvantagem ele cita o tempo
necessário para gerar as informações pelo regime de competência e só depois
convertê-las para o regime caixa.

A diferença entre os métodos é a estruturação do fluxo de caixa das


atividades operacionais, segundo Perez Júnior & Begalli (1999), “o método
indireto parte do resultado das operações sociais, isto é, lucro líquido do
período, ajustado pelas despesas e receitas que não interferem diretamente no
caixa ou disponibilidades da entidade, tais como depreciações, amortizações,
29

exaustões”. Segundo Quintana (2004), “o método direto demonstra todos os


pagamentos e recebimentos relativos à atividade operacional das empresas,
considerando assim: as compras a vista, o pagamento das duplicatas, o
pagamento das despesas com salários e encargos, as demais despesas
administrativas, gerais e comerciais, as vendas a vista, o recebimento das
duplicatas por vendas a prazo e outros recebimentos decorrentes das
atividades sociais da empresa”.

2.5. Análise da Gestão de Caixa

Matarazzo (2010) descreve o significado de cada item da


Demonstração do Fluxo Líquido de Caixa e o inter-relacionamento desses
itens, conforme abaixo:

i) A Geração Bruta de Caixa mostra o montante de caixa gerado


pelas atividades econômicas, ou seja, pelas atividades comerciais. Com
esses recursos a empresa poderá: financiar as operações de compra,
produção e vendas; pagar dívidas bancárias de curto prazo, realizar
investimentos e amortizar dívidas de longo prazo.

ii) Geração Operacional de Caixa é calculada adicionando a


variação da Necessidade de Capital de Giro à geração bruta de caixa,
representa o caixa gerado pelas atividades comerciais acoplados aos
investimentos operacionais e fontes operacionais. Com esses recursos a
empresa poderá pagar dívidas bancárias de curto prazo, realizar
investimentos e amortizar dívidas de longo prazo.

iii) Geração Corrente de Caixa é a soma da Geração Operacional de


Caixa a Variação dos empréstimos bancários de curto prazo, significa o
caixa gerado pelas atividades de curto prazo, com esses recursos a
empresa poderá realizar investimentos e amortizar dívidas de longo prazo.

iv) O saldo positivo da Geração Corrente de Caixa menos variação


dos itens permanentes de caixa mais variação dos itens não correntes
30

revela o caixa gerado após a realização de investimentos e esses recursos


podem ser utilizados para amortizar dívidas de longo prazo.

v) A Geração Líquida de Caixa nos mostra o caixa final gerado no


exercício, a empresa poderá utilizar esses recursos para reforçar sua
posição de tesouraria.

2.6. Medidas de desempenho obtidas da Demonstração do


Fluxo de Caixa

Segundo Iudícibus (2010), “a técnica de análise financeira por


quocientes é um dos mais importantes desenvolvimentos da Contabilidade pois
é muito mais indicado comparar, digamos o ativo circulante com o passivo
circulante do que simplesmente analisar cada um dos elementos
individualmente”.

O uso de quocientes tem como finalidade principal permitir ao


analista extrair tendências e comparar os quocientes com padrões
preestabelecidos. A finalidade da análise é, mais do que retratar o que
aconteceu no passado, fornecer algumas bases para inferir o que poderá
acontecer no futuro (Iudícibus, 2010).

Braga e Marques (2001) classificaram os quocientes extraídos da


demonstração de fluxo de caixa em quatro categorias distintas, “cujos
propósitos variam da avaliação da capacidade de pagamento do negócio até a
determinação das taxas de recuperação (retorno) de caixa” e cada categoria
pretende atender a um dos quatro objetivos mencionados pelo SFAS nº. 95
para a Demonstração de Fluxo de Caixa.

Para elaboração desses indicadores foram adotadas algumas


premissas, como em Braga e Marques (2001), “o valor do fluxo líquido de caixa
gerado pelas operações (FCO) exclui as transações não usuais”. Assim, torna-
se relevante considerar em separado o impacto de transações não rotineiras
que possa conter, dada a importância do FCO no contexto das demais
entradas e saídas de caixa. Por exemplo, “na hipótese de adoção de índices
31

para previsão de fluxos de caixa futuros, a inclusão de recebimentos de


indenizações judiciais certamente distorceria os fluxos de caixa contínuos
atuais, o que poderia conduzir os investidores a enganos” (Braga & Marques,
2001).

A primeira categoria avalia a liquidez do investimento, “a relação


informa o número de períodos que as saídas de caixa pelos juros são cobertas
pelos fluxos de FCO, excluindo destes os pagamentos de juros e encargos de
dívidas, imposto de renda e contribuição social sobre o lucro” (Braga e
Marques, 2001).

Os Quocientes de Cobertura possibilitam a avaliação da liquidez do


empreendimento. Quando comparada ao padrão do setor, a medida indica a
capacidade relativa do negócio em atender seus compromissos financeiros.

Quadro 1: Quocientes de Cobertura de Caixa


Cobertura de juros com FCO antes de juros e
=
caixa impostos / juros
Cobertura de dívidas com (FCO - dividendo total) /
=
caixa exigível
Cobertura de dividendos
= FCO / dividendos totais
com caixa
Fonte: Braga & Marques, 2001.

De acordo com Braga e Marques (2001), “o quociente de cobertura


de juros usual, computado numa base por regime de competência, adota o
resultado antes das despesas com juros e impostos dividido pelas despesas
financeiras brutas incorridas. Logo, uma medida melhor seria considerar os
fluxos de FCO antes de juros e impostos dividido pelos pagamentos de juros
realizados no período”.

Ainda segundo Braga e Marques (2001), duas medidas


potencialmente úteis às instituições financeiras para avaliação da capacidade
da entidade em honrar suas obrigações consistem no quociente do fluxo de
caixa operacional retido sobre dívidas totais que revela o número de anos que,
no nível dos fluxos de caixa atuais, seriam necessários para quitar todo o
32

exigível e o índice de fluxo de caixa operacional retido sobre pagamentos de


dívidas (principal e encargos), que mede o caixa disponível para reinvestimento
que foi gerado pelas operações. Pode ser definido como fluxos de FCO
exclusive todos os pagamentos de dividendos. Este último sinaliza se o fluxo
de FCO retido tem sido adequado para cumprir os vencimentos das dívidas
dentro do exercício.

O quociente de cobertura de dividendos com caixa fornece evidência


da capacidade de pagar dividendos preferenciais e ordinários atuais com base
no fluxo de FCO normal. Essa medida permite avaliar a habilidade da empresa
em pagar todos os dividendos estabelecidos no estatuto social.

A segunda categoria corresponde aos indicadores de qualidade do


resultado. Uma modalidade desse grupo consiste na qualidade caixa das
vendas, que mede a proporção das receitas de vendas convertidas em dinheiro
no exercício pelos recebimentos e cobranças de clientes.

Quadro: 2 Quocientes de Qualidade do Resultado


Qualidade das vendas = Caixa das vendas / vendas

Qualidade do resultado = FCO / resultado operacional

FCO antes de juros e impostos /


e resultado antes de juros,
impostos e depreciação

Fonte: Braga & Marques, 2001

Segundo Braga & Marques (2001), para avaliação da qualidade do


resultado consiste num índice que compara fluxos de FCO ao resultado
operacional (lucro ou prejuízo operacional líquido). O quociente pretende
fornecer uma indicação da dispersão entre os fluxos de caixa e os lucros
divulgados. Em condições normais, a medida do lucro inclui receitas (como
vendas a prazo ainda não recebidas), custos e despesas (compras de
matérias-primas ainda não pagas e depreciações) que não provocam um
impacto direto no caixa atual. Essas transações e eventos podem causar
33

diferenças acentuadas entre os montantes de fluxos de caixa e de lucros, as


quais podem inclusive realçar variações anormais no quociente ao longo do
tempo.

A terceira categoria abrange as medidas de dispêndios de capital,


onde o quociente de aquisições de capital sinaliza a habilidade do negócio em
atender suas necessidades por dispêndios líquidos de capital, sendo calculado
como fluxos de caixa operacionais retidos divididos pelas aquisições líquidas
de ativos produtivos (imobilizado). “Utiliza-se o montante dos fluxos de caixa
retidos após o pagamento de dividendos como um parâmetro da
disponibilidade efetiva de caixa para financiamento daqueles investimentos.
Mesmo que os dividendos não sejam pagos no exercício atual em razão de
insuficiência financeira temporária, caso o tenham sido no passado, existe uma
razoável expectativa de que continuarão a ocorrer. Desse modo, os dividendos
pagos (ou esperados) seriam deduzidos dos fluxos de FCO”, Braga e Filho
(2001).

Quadro 3: Quocientes de Dispêndios de Capital


(FCO - dividendos total) / caixa
Aquisições de capital = pago por investimentos de
capital

fluxo de caixa liq. Para


Investimento /
= investimentos / fluxo de caixa
financiamento
líq. de financiamentos

e fluxo de caixa líquido para investimentos / fluxo de


caixa líquido de operações e financiamentos

Fonte: Braga & Marques, 2001

Segundo Braga & Marques (2001), dispêndios de capital poderiam


limitar-se à reposição de instalações e equipamentos destinados às operações
normais (ativo imobilizado), ou poderiam incluir aquisições de outras divisões
operacionais ou companhias (permanente consolidado). Gastos realizados
para treinamento de pessoal, pesquisa e desenvolvimento de produtos, e
implementação de sistemas de informação em tese representam exemplos de
34

dispêndios genuínos para expansão, mas nem sempre são registrados como
ativo permanente diferido da empresa.

A relação entre os fluxos de caixa operacional, de investimento


e de financiamento pode revelar como os investimentos têm
sido financiados. A relação investimento e financiamento
compara os fluxos líquidos necessários para finalidades de
investimento, com aqueles gerados de financiamento. Por outro
lado, os fluxos de caixa das atividades de investimento podem
ser também comparados aos fluxos de caixa das atividades
operacionais. Na prática, essas atividades tendem a flutuar de
modo que variações acentuadas sejam verificadas em
determinados períodos. Como alternativa, o emprego de
valores médios obtidos a partir de uma série de anos seria
adequado, Braga & Marques (2001).

A quarta categoria abrange os indicadores de fluxo de caixa por


ação e retorno sobre o investimento. Calcula-se o fluxo de caixa por ação como
o caixa disponível aos acionistas ordinários dividido pelo número médio
ponderado de ações ordinárias em circulação. O fluxo de caixa por ação
sinaliza o fluxo de caixa operacional atribuível a cada ação ordinária. Os
investidores podem determinar o quociente payout de caixa pelo confronto do
índice de cobertura de dividendos com caixa ao fluxo de caixa por ação. Além
disso, o quociente permite a comparação do caixa total disponível por ação ao
caixa distribuído em dividendos - uma medida do potencial de distribuição do
negócio.

Os conjuntos de indicadores expostos auxiliam analistas, credores e


outros usuários na previsão de fluxos futuros e medição de desempenho dos
fluxos correntes de caixa. Porém, conforme Braga & Marques (2001), “sofrem
as mesmas limitações das medidas convencionais, sobretudo quando
utilizados de forma isolada e para um período curto de tempo”. Contudo,
representam um dos instrumentos disponíveis para acompanhamento da
situação financeira das empresas.

Segundo Matarazzo (2010) os principais indicadores que podem ser


extraídos do Fluxo Líquido de Caixa são:

i) Capacidade de Financiamento da NCG, que resulta em qual a


capacidade da empresa em financiar o crescimento da atividade comercial.
35

ii) Capacidade de Pagamento de Dívidas Bancárias que mostra qual a


capacidade da empresa em pagar empréstimos bancários de curto prazo.

iii) Capacidade de Investimentos que apresenta qual a capacidade da


empresa de efetuar investimentos com recursos próprios.

iv) Capacidade de Amortização de Financiamentos mostra qual a


capacidade da empresa em amortizar financiamentos de longo prazo, com os
recursos próprios, sem prejuízos dos investimentos em curso.

CAPÍTULO III
Análise dos Dados

Para uma melhor compreensão do estudo aqui exposto será


apresentado e analisado os dados da empresa X, refere-se ao balanço de uma
empresa exportadora com vasta experiência no seu ramo.

3.1. Demonstração do fluxo de caixa da Empresa X

Segue demonstração do fluxo de Caixa, método indireto nos anos


2014 e 2015.

DEMONSTRAÇÕES DO FLUXO DE CAIXA - (Em milhares de reais)


2014 2015
Fluxo de caixa das atividades operacionais

Resultado líquido do exercício 335.221 383.323


Imposto de Renda e Contribuição Social 99.091 158.545
Depreciações e amortizações 70.182 104.422
Equivalência Patrimonial -4.286 -1.693
Perda com Ativo Baixado 811 698
Participação dos minoritários 689 3.069
Provisões 0 0

Caixa líquido de atividades operacionais 463.266 729.508


36

ATIVIDADES DE INVESTIMENTOS

Títulos do Governo de Longo Prazo 100.537 0


Investimentos -6.064 -38.014
Redução de Investimentos 62.000 0
Imobilizado -74.195 -212.136
Diferido -24.271 -19.752

Aplicação de caixa em investimentos 58.006 -269.902

ATIVIDADES DE FINANCIAMENTOS

Financiamento de Capital de Giro -23.396 147.046


Financiamento de Longo Prazo 65.928 66.166
Recebimento de dividendos/juros s/ capital próprio 2.725 0
Pgto de dividendos/juros s/ capital próprio -185.673 -171.980
Pgto particip. No resultado dos colaboradores -40.406 -56.923
Pgto imposto de renda e contribuição social -95.834 -138.270

Caixa e equivalentes de caixa líquidos (aplicados) gerados


-276.656 -153.960
pelas atividades de financiamentos

Aumento (redução) no caixa e equivalente de caixa 244.616 305.646

Variação no caixa e equivalentes de caixa 244.616 305.646


Saldo inicial do caixa e equivalentes de caixa 899.719 1.144.335
Saldo finall do caixa e equivalentes de caixa 1.144.335 1.449.981
DFC pelo método Indireto
Fonte: Costa, 2009
Para facilitar o entendimento dos cálculos dos índices, é
apresentada uma tabela que extrai os principais valores contidos nas
demonstrações contábeis da Empresa X.

Item 2014 2015


Ativo Total 2.495.464 3.249.230
Passivo Circulante 966.729 1.438.702
Passivo Exigível 492.897 591.078
Patrimônio Líquido 1.035.149 1.219.449
Juros no período 127.667 141.642
Dividendos/juros s/capital próprio 152.517 199.215
Receita Operacional Líquida 2.006.258 2.499.452
Resultado Operacional Líquido 411.015 484.634
Fonte: Demonstrações Contábeis da empresa X
37

3.2. Cálculos dos indicadores financeiros

3.2.1 Quocientes de fluxo de caixa

Cobertura de juros com caixa = Fluxo de Caixa Operacional antes de


juros e impostos / juros.

2014 2015
Cobertura de juros com caixa: 1,85 3,03

Observamos no ano de 2015 o maior índice de cobertura de caixa,


onde para cada R$ 1,00 pagos de juros foram gerados R$ 3,03 de caixa na
atividade operacional.

Cobertura de dívidas com caixa = (Fluxo de Caixa Operacional –


dividendos total) / exigível.

2014 2015
Cobertura de dívidas com caixa: 32,1% 36,9%

Esta relação mostra que os fluxos de caixa conseguem cobrir


percentuais das dividas de longo prazo da empresa. Assim em 2014 a empresa
gerou recursos para pagar 32,1% da dívida podendo quitar esses
financiamentos em 3,1 anos (100% / 32,1). Em 2015 a capacidade da empresa
em honrar seus compromissos de longo prazo foi melhor, 36,9%, ou seja, em
2,71 anos a empresa paga seus financiamentos de longo prazo. Com este
indicador verifica-se a solidez apresentada pela empresa, ou seja, a
capacidade da empresa em pagar suas dividas de longo prazo.

Cobertura de dividendos com caixa = Fluxo de Caixa Operacional /


dividendos totais.

2014 2015
Cobertura de dividendos com caixa: 3,0 3,7
38

Este indicador mostra se os dividendos estabelecidos no estatuto


social estão sendo pagos, e nesse caso podemos observar que para cada R$
1,00 pago de dividendos, incluídos os juros sobre o capital próprio a empresa
gera respectivamente R$ 3,0 e R$ 3,7 de caixa na atividade operacional.

3.2.2 Quocientes de qualidade do resultado

Qualidade do resultado = Fluxo de caixa operacional / resultado


operacional.

2014 2015
Qualidade do Resultado 1,13 1,51

Este indicador compara fluxos de caixa operacional ao resultado


operacional, visto que ao resultado operacional são computados as receitas,
custos e despesas estas não afetam o caixa do período, acarretando numa
variação anormal entre o lucro e a geração de caixa. É por este motivo que
muitas empresas encerram suas atividades, pois, apresentam lucros no
exercício, mas se veem com problema de caixa e não conseguem honrar suas
dívidas.

Com os resultados acima observamos em 2014, o pior índice de


dispersão entre os lucros e geração de caixa, onde para cada R$ 1,00 de lucro
a empresa gera R$ 0,13 de caixa na atividade operacional, já em 2015
verificamos um índice de 1,51 resultando assim que para cada R$ 1,00 de lucro
é gerado R$ 0,51 de caixa.

3.2.3 Quocientes de Dispêndios de Capital

Investimento de Capital = Fluxo de Caixa Operacional – dividendos


total / caixa pago por investimentos de capital.

2014 2015
Investimentos de Capital 4,19 2,5
39

Este indicador mede a capacidade de gerar recursos para a


continuidade da empresa, financiando novos imobilizados com recursos
próprios, observamos que em 2014 a empresa apresentou o melhor índice
quanto à capacidade de gerar recursos para aquisição do ativo imobilizado.

Retorno de caixa sobre os ativos = fluxo de caixa operacional antes


juros e impostos / ativos totais

2014 2015
Retorno do Caixa sobre os Ativos 9,5% 13,2%

Com estes resultados podemos verificar que em 2015 dos ativos


totais da empresa 13,2% foi recuperado em termos de disponibilidades.

Retorno sobre passivo e patrimônio Líquido = fluxo de caixa


operacional / (PL + exigível a longo prazo)

2014 2015
Retorno sobre o passivo e PL 30,3% 40,3%

Em relação ao retorno sobre capital de terceiros e capital próprio, a


empresa teve um retorno de caixa consistente sendo que em 2015 obteve um
índice de 40,3% de retorno de caixa sobre o passivo e o patrimônio líquido,
verificou-se com esta situação a liquidez da empresa.

Retorno sobre o patrimônio Líquido = fluxo de caixa operacional /


patrimônio Líquido.

2014 2015
Retorno sobre o Patrimônio Líquido 44,8% 59,8%

Este índice evidencia a taxa de recuperação de caixa dos


investimentos feitos pelos acionistas.
40

3.2.4 Análise dos Resultados

O balanço demonstrado nesta monografia é de uma empresa


exportadora e pela análise feita percebe-se que se trata de uma empresa
solvente.

A utilização de quocientes é o instrumento mais tradicional e


também importante para se ter uma análise como um todo de balanços, porém
não pode ser dita como um único fator. Quem faz a análise deve procurar
extrair o maior número de informações adicionais das demonstrações
contábeis.

A partir do resultado dos indicadores financeiros, podemos inferir


que a empresa utiliza de maneira eficiente seus recursos financeiros. Observa-
se ainda que a empresa tem variação de saldo de caixa positiva, evidenciando
assim mais recebimentos do que pagamento no ano.

Conclui-se que este balanço analisado, através do fluxo de caixa e


dos índices é de uma empresa solvente, com capacidade de adquirir novos
ativos imobilizados com recursos próprios, observamos ainda um crescente
retorno de caixa sobre o ativo, atingindo em 2015 o percentual de 13,2% o
valor recuperado em termos de disponibilidades. Foi constatado que a empresa
mostra indicadores sólidos, evidenciando assim a capacidade de gerar
recursos.
41

CONCLUSÃO

O objetivo desta monografia foi destacar a importância da análise


das Demonstrações Contábeis no apoio a tomada de decisão gerencial nas
organizações.

Comparando períodos é possível uma avaliação mais precisa da


situação econômica financeira da empresa, ao adicionar na avaliação, os
indicadores financeiros extraídos das demonstrações financeiras, nos permite
um diagnóstico de qualquer organização com mais consistência das
informações que serão úteis para tendências futuras. De modo que, a empresa
pode analisar quais variáveis e características lhe são peculiares e o que é
necessário para a próxima fase. Logo, ela estará dispondo de mais um
instrumento que lhe dará segurança no processo de gestão empresarial,
possibilitando conhecer o ciclo da empresa a fim de que todas as decisões
tomadas sejam consistentes e capazes de conduzir a organização ao objetivo
desejado.

A interpretação dos elementos extraídos nas análises faz com que


as demonstrações contábeis deixem de ser apenas um conjunto de dados e
passem a ter valor como informação, permitindo ao usuário à avaliação da
situação da organização, e assim utilizá-la como suporte para decisões futuras,
visando sempre o objetivo da entidade e a minimização de riscos.

Esta monografia efetuou a análise em uma empresa comercial,


através da aplicação dos índices de dispêndio de capital, qualidade do
resultado e fluxo de caixa, e, como sugestão de pesquisas futuras que
poderiam ser feitas para acrescentar ainda mais ao tema, além de replicar esta
pesquisa em empresas de outros segmentos da economia, caberia também a
aplicação dos modelos de insolvência para auxiliar na identificação de alguma
situação de risco ao longo da existência da empresa.
42

BIBLIOGRAFIA

AGUIAR, João Luis. Análise de Balanços como Instrumento de Gestão


Empresarial. Disponível em <
http://www.aguiarperito.com.br/artigos/conclucurso.pdf>. Acesso em 16 de nov.
2016.
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Atlas, 2002.
ASSAF NETO, Alexandre. SILVA, César A. Tibúrcio. Administração do capital
de giro. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 1997.
ANTHONY, Robert N. Contabilidade Gerencial: Introdução à contabilidade. São
Paulo: Atlas, 1981.
BRAGA, Roberto. MARQUES, José Augusto V. C. Avaliação da liquidez das
empresas através da análise da demonstração de fluxos de caixa. Revista
Contabilidade & Finanças vol. 12 nº. 25. São Paulo, 2001.
CAMPOS FILHO, Ademar. Demonstração dos fluxos de caixa: uma ferramenta
indispensável para administrar sua empresa. São Paulo: Atlas, 1999.
COSTA, Fabiano. Análise Financeira de uma empresa através da
Demonstração do Fluxo de Caixa: um estudo de Caso. Disponível em <
http://tcc.bu.ufsc.br/Contabeis291282>. Acesso em 02 de jan. 2017.
DA SILVA, José Pereira. Análise Financeira das empresas. 10ª. ed. São Paulo:
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Paulo: Harbra, 1997.
HOJI, Masakazu. Administração Financeira - Uma abordagem prática. 3ª ed.
São Paulo: Atlas, 2001.
IUDÍCIBUS, Sergio. Análise de Balanços. 10ª. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
IUDÍCIBUS, Sergio. Contabilidade Introdutória: equipe de professores da
faculdade de Economia ADM e Contabilidade da USP. 9°. ed. São Paulo: Atlas,
1998.
IUDÍCIBUS, Sergio; MARTINS, Eliseu; GELBKE, Ernesto Rubens. Manual de
contabilidade das sociedades por ações: aplicável também às demais
sociedades. 5ª ed. São Paulo: Atlas, 2000.
43

QUINTANA, Alexandre Costa. Análise da Utilização da Demonstração do Fluxo


de Caixa como um instrumento de Gestão Financeira nas Sociedades
Anônimas de Capital Aberto do Estado do Rio Grande do Sul. Disponível em <
https://periodicos.ufsc.br/index.php/adm/article/view/2175-
8069.2008v10n22p55/12647>. Acesso em 01 de dez. 2016.
MATARAZZO, Dante C. Análise Financeira de Balanços. 7ª ed. São Paulo:
Atlas, 2010.
PEREZ JÚNIOR, José H; BEGALLI, Glaucos A. Elaboração das
Demonstrações Contábeis. 2ª ed. São Paulo: Atlas,1999.
RIBEIRO, M. O. Contabilidade Básica Fácil. 22º. ed. São Paulo: Saraiva, 1999.
SILVA, Kleiton R. SOUZA, Paulo Cesar. Análise das demonstrações
financeiras como instrumento para tomada de decisões. INGEPRO – Inovação,
Gestão e Produção Janeiro de 2011, vol.03, nº. 01 ISSN 1984-6193.
44

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTOS 03
DEDICATÓRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMÁRIO 07
INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I
Revisão da Literatura 09
1.1. As demonstrações financeiras 10
1.1.1 Balanço Patrimonial 11
1.1.2 Demonstração do Resultado do Exercício 12
1.1.3 Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) 14
1.1.4 Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) 15
1.2 Análise de Balanços 19

CAPÍTULO II
Análise do Fluxo de Caixa 21
2.1. Análise Vertical 23
2.2. Análise Horizontal 23
2.3. Análise do Capital de Giro 24
2.4. Formas de apresentação da Demonstração de Fluxo de Caixa 28
2.5. Análise da Gestão de Caixa 29
2.6 Medidas de desempenho obtidas da Demonstração do Fluxo de
Caixa 30

CAPÍTULO III
Análise dos Dados 35
3.1. Demonstração do fluxo de caixa da empresa X 35
3.2. Cálculos dos indicadores financeiros 37
3.2.1 Quocientes de fluxo de caixa 37
3.2.2 Quocientes de qualidade do resultado 38
3.2.3 Quocientes de dispêndios de capital 38
3.2.4 Análise dos Resultados 40

CONCLUSÃO 41
BIBLIOGRAFIA 42
ÍNDICE 44

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