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INSTITUTO SUPERIOR MARIA MÃE DE ÁFRICA

Departamento de Ciências Sociais e Jurídicas


Curso de Licenciatura em Filosofia e Ética

Membros do VIII-Grupo:
Calton Melódio Pilale
Fidel Augusto João
Nélsio António Namujamua
Júlio Chiau

Tema: Nietzsche: O desafio do Ateísmo Niilista

Cadeira: Filosofia de Religião


Docente: Mestre Teodoro

Maputo/ 2023
ÍNDICE

INTRODUÇÃO..........................................................................................................................3

8º CAPITULO: NIETZSCHE: O DESAFIO DO ATEÍSMO NIILISTA..................................4

8.1 Contextualização........................................................................................................4

8.1.1 Quem é Friedrich Wilhelm Nietzsche?.................................................................4

8.1.2 Obras e Influências...............................................................................................4

8.1.3 Homem para Nietzsche.........................................................................................5

8.2 Deus está morto em Nietzsche....................................................................................5

8.3. O que significa Deus está morto em Nietzsche?........................................................6

8.4. A agonia do homem.....................................................................................................7

8.5 A superação do niilismo...............................................................................................8

8.6. Crítica à Critica de Nietzsche.....................................................................................9

8.7. O Ateísmo Sartreano.................................................................................................10

CONCLUSÃO..........................................................................................................................12

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................................13
INTRODUÇÃO

A metafísica medieval indagara a respeito do sentido da realidade perguntando pela razão


última daquilo que existe, ou seja, por que existe algo e não o nada? Posterior, Inferiu, desta
interrogação, a existência de Deus, ou seja, de uma causa absoluta, fundamento de tudo. Para
o homem moderno, essa via cosmológico-ontológica tomou-se empiricamente impossível. O
homem moderno vê o mundo como criação sua e o conhecimento não como representação,
mas produção, sem vestígios de Deus.

O Presente trabalho de esquadrinhamento da Cadeira de Filosofia de Religião visa


visceralmente ou consubstancialmente abordar de forma sumária sobre Nietzsche: O Desafio
do Ateísmo Niilista, com objectivo ecumênico de compreender a origem e os argumentos
sobre Ateísmo Niilista na concepção do francês Nietzsche. Este, sendo o primeiro filho do
pastor protestante de Rocken nasce no meio do ufanismo europeu do progresso da ciência e da
tecnologia, no século XIX, quando a Prússia impunha sua hegemonia, F. W. Nietzsche
proclamou o niilismo e o ateísmo.

Nietzsche assume o papel do louco e proclama: Deus está morto. Na ideia, o cristianismo só
gerou conformismo e mediocridade. Para ele, o ateísmo é a posição própria da nova cultura e
nega a Deus porque é inimigo da vida, surge em virtude de uma tendência hostil à vida, é
inventado como antinomia contra a vida e a religião é, essencialmente, um processo de
aviltamento do homem. Para a produção deste trabalho recorreu-se as fontes bibliográficas em
destaque a obra de Urbano Zilles (2010), cognominada por Filosofia da Religião, alguns
artigos e sites da internet. Quanto à estrutura, encontra-se introdução, Desenvolvimento,
Conclusão e Referências bibliográficas, com um tema, seus e bem destacados subtítulos nas
páginas subsecutivos.

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8º CAPITULO: NIETZSCHE: O DESAFIO DO ATEÍSMO NIILISTA
8.1 Contextualização
8.1.1 Quem é Friedrich Wilhelm Nietzsche?

A evolução histórica do mundo respeita o processo e cada filsofo, como já dizia platão, é filho
do seu tempo. Por tempo e lugar deve-se compreender o contexto em que o autor se encontra
e é por isso mesmo que se queremos compreender um determinado autor devemos antes de
tudo buscar o contexto pelo qual esse autor fala ou escreve determinada coisa. Nesse coso,
queremos fazer uma abordagem sobre o nosso filosfo em causa estudando antes de tudo o
contexto em que ele se enquadra.

Nietzsche foi o primeiro filho do pastor protestante de Rocken. Nasceu a 15 de


outubro de 1844. Viveu, pois, os primeiros anos de sua vida num lar de pastor
luterano. Na mocidade pensara em seguir a carreira do pai e do avô, ou seja, tomar-se
pastor. Seu pai morreu em 1849 e logo depois a mãe mudou-se para Naumburgo. Ali
Nietzsche viveu em companhia de sua mãe, da avó e de duas tias, ou seja, numa
comunidade feminina. Em 1854 entrou para o ginásio de Naumburgo e quatro anos
depois recebeu bolsa para frequentar o célebre colégio de Pforta, um internato. Nesta
época começou a afastar-se do cristianismo. Durante os anos de estudo mostrou
interesse pela cultura grega (Zilles 2010 p.158-159).
Como nos confirma o texto de Zilles, Friedrich Wilhelm Nietzsche foi um dos principais
intelectuais do final do século XIX, suas principais teorias enfatizam autenticamente a
vontade de poder, o desenvolvimento individual e a aristocracia. É conhecido pelas críticas
que teceu a tudo aquilo que considerou inimigo da vida, como o Cristianismo e a Filosofia
Clássica Grega.

Na visão de Reale & Antiseri (2005, p. 421) este autor é “critico impiedoso do passado e
“inatual” profeta do futuro, dessacrador dos valores tradicionar e propugnador do homem que
está por vir, Friedrich Nietzsche (…) possuia forte conciencia do seu destino ”. recordemos
que esse autor apesar de não ser um dos que vive dentro do debate do pensamento pos-
moderno é um grande critico da modernidade e já previa as suas consequencias.

Este estudou Teologia e Filosofia e amigo do músico Richard Wagner. Porém, quando este
aderiu ao cristianismo, Nietzsche afastou-se dele. Em 1879 pediu demissão na Universidade
de Basiléia por causa de sua saúde fortemente abalada e por pneumonia em Weimar, em 25 de
agosto de 1900.

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8.1.2 Obras e Influências

De acordo com ZILLES (2010), a vasta obra de Nietzsche ostenta um caráter verdadeiramente
fragmentário e aforístico, totalmente assistemático. No soerguimento de seu pensamento
podem-se distinguir três etapas cruciais. A primeira etapa corresponde a seus trabalhos
estético-filosóficos como: Origem da tragédia (1871) e Considerações extemporâneas (1873-
76). A segunda etapa corresponde às obras como Humano demasiado humano (1878), Aurora
(1871), Agaia ciência (1882). E o chamado período científico no qual se aproxima do
positivismo e dos iluministas franceses do século XVIII, do qual se traduz como profunda
ruptura.

Neste período, Nietzsche distancia-se totalmente de Wagner e de Schopenhauer com um


“adeus” aos heróis de sua juventude. Busca sua expressão pessoal. Na terceira etapa parece
encontrar seu caminho pessoal próprio. Escreveu obras como Assim falava Zaratustra (1883-
85), Além do bem e do mal (1886), Genealogia da moral (1887) e as obras póstumas como
Ecce homo, Vontade de poder, O caso Wagner, O crepúsculo dos ídolos e o Anticristo. Nesta
terceira etapa passam para o primeiro plano os grandes temas da morte de Deus, o nascimento
do super-homem, a vontade de potência e o eterno retomo.

8.1.3 Homem para Nietzsche

Com certeza, há indicações de que Nietzsche na sua filosofia vital não se baseou em simples
conceitos ou numa visão de mundo ou em algum dado sistema, mas concretamente na paixão
de buscar as raízes da vida através de uma crítica radical de tudo que é real, por isso, dispõe a
filosofia a serviço da vida concreta do homem.

Para Nietzsche, o homem é o animal mais forte porque é o mais astuto. Apesar disso, é
o mais enfermiço porque se desviou de seus instintos. Por isso também é o animal
mais interessante. É superior aos outros animais através da cultura seguindo a
consciência que lhe diz: Sê tu mesmo quem és! Faze sempre o que quiseres; mas sê,
desde logo, daqueles que podem querer. A cultura consiste em superar toda e qualquer
discrepância entre a interioridade e a exterioridade. (ZILLES 2010 p.160).
Consoante o texto, o chamado novo homem na concepção Nietzschiana, é aquele ser que cria
seus próprios valores asseverativos ou simplesmente afirmativos de vida, que não é
condicionado pelos valores sociais de uma época ou organização. Seria um homem que teria a

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coragem de lidar a cada segundo da sua vida com o conflito de sua escolha sem colocar a
culpa em outra pessoa, ou no destino ou ainda, em Deus.

8.2 Deus está morto em Nietzsche


Sabe-se de que a famosa expressão “Deus está morto” está concretamente associada a
Nietzsche por fazer de sua missão, como um filósofo, responder à mudança cultural dramática
por trás da frase, mas antes, foi promulgada pelo seu admirador e escritor alemão Heinrich
Heine.

De acordo com Zilles (2010 p.161) A crítica religiosa de Nietzsche está vinculada intimamente
à sua concepção de vida e de religião. Ele considerava a vida o valor supremo. A religião é
destruidora da vida, uma categoria da negação teórica e prática da vida. Vê o cristianismo
como “platonismo para o povo”. Assim a religião é a autodilapidação institucionalizada do
homem.

Para Nietzsche, o cristianismo surge para dar alívio ao coração; mas agora precisa
primeiramente magoar o coração, para poder depois aliviá-lo, e como o homem Cristão vem
interpretando a realidade sobre Deus, a religião constitui um manicômio ou seja o tipo de
estado mais mentiroso, a cidade da ruína e vinculado ao deus máximo, o cristianismo, no seu
conjunto, é um sistema, uma visão coerente e completa das coisas, que, como estrutura de
domínio espiritual, tira sua força repressiva da ação narcotizante das ficções nele reunidas.
Para o filósofo, a religião é a destruição de tudo quanto há de nobre, de alegre, na vida
humana. Ela é inimiga mortal e crime da humanidade do homem, pois transforma-o em
covarde, em fraco e em escravo. Ora, Deus, por definição, é eterno e todo-poderoso e nunca
constituiu e constituirá o tipo de coisa ou ser com características mortais. Então, o que
significa dizer que Deus está morto?

8.3. O que significa Deus está morto em Nietzsche?

Friedrich Nietzsche ousou da expressão para sistematizar o efeito e a consequência que a


idade do iluminismo teve sobre a centralidade do conceito de Deus na civilização da Europa
Ocidental, que tinha um caráter essencialmente cristão desde o Império Romano posterior. O
Iluminismo trouxe o triunfo da racionalidade científica sobre a revelação sagrada; o
surgimento do materialismo filosófico e do naturalismo que, para todos os efeitos e
propósitos, dispensou a crença ou o papel de Deus.

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É preciso Deus morrer para nascer o super-homem. Ao homem novo diz Zaratustra: “Mas
agora este Deus está morto. Homens superiores, esse Deus era vosso maior perigo. Só
desde que ele jaz na tumba voltastes a ressuscitar. Só agora chega o grande meio-dia, só
agora o homem superior se converte em Senhor (ZILLES 2010 p.167-168).
Na concepção de Nietzsche, constituía urgente e crucial ou simplesmente fulcral e necessário
matar Deus para realização completa da liberdade do homem. Porque a morte do supremo ou
Deus é a aurora de uma humanidade nova. A proposição Deus está morto é uma realidade
histórica e assim a idéia de Deus tomou-se vazia, sem vitalidade alguma no mundo. O que
existe são os homens e algumas comunidades religiosas. Nessa morte, nota-se o aspecto
positivo, além da ausência de apoio e o niilismo absoluto da existência humana. Assim,
desapareceu Deus como princípio de tudo e, com isso, terminou a opressão e a ameaça que
limitava o homem e aparece nova aurora da liberdade. Tal liberdade não constitui o desejo
interior do próprio homem?

Para o filósofo alemão Berhard Welte como nos cita Zilles ( 2010 ) a chave do ateísmo
nietzschiano e de sua influência está no interior do próprio homem que o possibilita ou seja o
homem deseja evitar um Deus vivo. Para Nietzsche, a fórmula Deus está morto não é
enunciado de um fato verificado nem a lamúria de alma enlutada, nem a ironia de inteligência
lúcida, é uma decisão existencial do próprio homem. O pensamento de Nietzsche não afirma
que Deus não existe, e menos não creio em Deus, porém quero que Deus não exista.

8.4. A agonia do homem

Com a morte de Deus vem o niilismo ou bem dizer, o nada passa a ocupar o lugar de Deus.
Todos os valores se desvalorizam. E o homem atual entra em agonia. Nietzsche via sua época
como o fim da metafísica, da morte de Deus e do ateísmo. Tudo isso ele designa com o termo
niilismo. O niilismo é inerente ao cristianismo. A moral tradicional e a metafísica são
“movimentos niilistas”, pois são tendências da vida que visam ao nada, ainda que durante
muito tempo tenham mascarado este nada com a aparência de ser supremo, e Deus era apenas
a máscara do nada.

Segundo Abbagnanno (2007, p. 723), niilismo é um “termo usado na maioria das vezes com
intuito polêmico, para designar doutrinas que recusam a reconhecer realidades ou valores cuja
admissão é considerada importante”. Também segundo o mesmo autor, a palavra “em outros
casos, é empregada para indicar as atitudes dos que negam determinados valores morais ou
políticos.

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Acredita-se de que etimologicamente a palavra Niilismo tem sua origem latina nihil que
significa nada ou negação. Sendo assim, pode-se afirmar de que o termo niilismo,
geralmente, indica a pessoa que nega qualquer princípio ou critério, regra que se imponha,
que acredita que “nada” na vida vale a pena ou seja é a forma de conduzir a vida do ser
humano sem valores. Porém, na perspectiva do filósofo alemão Nietzsche, o niilismo assume
o significado oposto:

Foi o único a não utilizar esse termo com intuitos polêmicos, empregando-o para
qualificar sua oposição radical aos valores morais tradicionais e às crenças metafísicas:
O niilismo não é somente um conjunto de considerações sobre o tema ‘Tudo é vão’,
não é somente a crença de que tudo merece morrer, mas consiste em colocar a mão na
massa, em destruir”. (...) É o estado dos espíritos fortes e das vontades fortes do qual
não é possível atribuir um juízo negativo: a negação ativa corresponde mais à sua
natureza profunda (Abbagnano, 2007, p. 723-724 apud Bianni, 2017, p.4 ).
Ao refletir sobre a essência do niilismo encontramos em Nietzsche uma total ambiguidade isto
é, o niilismo do forte ou activo pelo qual, é o não mediante a ação, ou seja, faz crescer a
vontade de poder e sentido a ponto de dispensar tais atitudes, e do fraco ou passivo aquele
que decorre da falta de força de construir-se um mundo com sentido à maneira da metafísica
e é chamado de niilismo do cansaço porque exaurese a força criadora de sentido e entra-se no
estado de resignação. Nietzsche vai fundamentar seu ateísmo no interior do próprio homem,
no sentimento de potência, ou seja, aquilo pelo qual o homem quer algo consigo mesmo, quer
algo no além das coisas concretas com vontade de algo a priori.

Nietzsche observa Cristianismo como sendo o modelo de toda a inversão e subversão de


valores e como doutrina moral, metafísica, que deu ao homem um valor absoluto. Tal
cristianismo é platonismo para o povo, é distanciamento da vida, que é a única realidade, é
uma religião niilista porque venera o nada como Deus. A moral cristã encontra-se num
processo de autodestruição e hoje mostra seu caráter niilista. Substitui-se, aos poucos, a
autoridade de Deus pela autoridade da consciência. O niilismo é a desvalorização de todos os
valores tradicionais: moral, metafísica e religião anuncia já nova visão.

8.5 A superação do niilismo


Na ideia de Nietzsche como nos confirma Zilles (2010) com a barbárie da destruição dos
valores tradicionais simplesmente resta ao homem estabelecer novas metas a partir do
egotismo que valora, quer e cria que é a medida e o valor das coisas. É o homem criador que
estabelece a meta para a humanidade futura e a superação definitiva do niilismo será obra do
homem vindouro, o chamado anticristo, o senhor sobre Deus e o nada. De entre os homens só
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alguns se distanciam doa animais como os super-homens isto, pela vontade de superar a si ou
conformar-se. Por isso, a morte do velho é crucia para nascer novo.

O niilismo é uma passagem obrigatória. Se é a transmutação de todos os valores, só


pode ser superado através da criação de novos valores. Ora, a deficiência principal dos
antigos valores está em seu caráter metafísico, de se terem sobreposto à realidade da
vida. Nisso pereceram. Por isso o fundamento dos novos valores só pode ser a vida, a
natureza. A moral deverá ser naturalizada. Condição para nova ordem de valores é a
aceitação radical da vida e do mundo. Este sim é o não a tudo que é fraco ou toma
fraco e o sim a tudo que é forte e fortalece (ZILLES 2010 p.172).
A superação do Niilismo na concepção de Nietzsche se molda no eterno retorno e essa ideia já
ocupa um lugar da metafisica e da religião e substitui a imortalidade da alma, da religião pra
dar prazer o anseio eterno do homem. A eternidade do tempo e a finitude da energia no
mundo constituem passos e pressupostos para que aconteça o eterno retorno, ou seja, a forma
extrema do niilismo, o nada eterno a morte de Deus.

Em sua obra Nietzsche se rebela concretamente na luta contra o cristianismo, sem perdoar,
tudo ataca: o Deus cristão, a Igreja e, sobretudo os sacerdotes como inventores dos dogmas
para dominar o povo. Jesus era judeu rebelde que, na maturidade, pregou a subversão da
moral, a rebelião aos míseros, foi delinquente político e morreu por sua própria culpa.

8.6. Crítica à Critica de Nietzsche

No livro de Zilles (2020) refere-se de que Nietzsche tendo como filosofia da vida, exerce
influencia no século XX e pode ser comparado com Marx e Freud pelo comunismo no ataque
contra ilusão Cristã, o cristianismo e os valores morais e ordem de verdades eternas, mas cada
um deles traça seus caminhos para justificar suas contestações, sem excluir sua relação com a
filosofia vitalista de H. Bérgson e Ortega Y Gasset, que reinava o Dionisos pagãos. Por que
Nietzsche atacou o cristianismo? Por causa da enfatização que deu ao além em detrimento de
nossa existência terrena:

“O que significa possuir aqueles conceitos mentirosos, aqueles servos da moralidade,


como alma, espírito, livre-arbítrio, Deus, se seu objetivo é apenas o de arruinar
fisiologicamente a humanidade? Quando se põe de lado a importância dos instintos de
autoconservação, do aumento da energia orgânica, isto é, do aumento da vida, quando
a anemia é elevada a ideal e o desprezo pelo corpo se transforma em salvação da alma,
quando se faz isso, não se estará simplesmente ministrando uma receita para a
decadência?” ( Zilles 2010 p.175).
A rebelião ou simplesmente o ataque contra o cristianismo urge devido certas formas
históricas por onde se verificava a debilidade e mentira, ele rejeita um Deus que seja
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vingador. Defendeu o corpo contra a usurpação da alma e do transcendente e Considera
decrépitos e enfermos, aqueles que desprezam o corpo e a terra, aqueles que inventaram o
mundo celeste e as gotas de sangue do redentor. Assim a afirmação nietzschiana da morte de
Deus deverá ser entendida apenas como uma interpretação da situação presente e futura para
levar a sério o ateísmo.

Na ideia de Zilles (2010 p.178). Nietzsche, de um lado, nega a religião e a existência de Deus
por se chocar com sua maneira histórica concreta de ser. Por outro, tem pressupostos
filosóficos que dificultam seu acesso a Deus. W. Weischedel mostra que, se na tradição se faz
distinção entre fé e ciência, se há opções fundamentais ou pela fé ou pela razão, Nietzsche
nega tanto a certeza da fé como a certeza da razão. Com isso, a rigor, não há certeza absoluta
nenhuma. Nada é certo.

Com tudo isso, percebe-se de que este tipo de niilismo não somente abrange a atitude
subjetiva, mas também a objetiva. Não somente discute sobre onde se situa uma certeza
ultima isto é nem na fé ou na razão, no sujeito ou nem no objeto, porém conduz toda esta
problemática ao absurdo, ou seja, duvida da possibilidade de toda e qualquer certeza. Com
isso privou os princípios do Ser de sua tradicional evidência. Entretanto, este niilismo radical
aceita o fato, mas ao interrogar para além da aparição, escabreia o total.

De acordo com Zilles, pode se dizer que o ateísmo de Nietzsche, consequentemente da época
moderna se faz como novo humanismo, nova ética para libertar, ou superar o homem da sua
alienação religiosa, é necessário matar para recuperar a humanidade integral, e este ateísmo
leva ao homem na sua fé em Deus para o nada. Vai propor-nos a conciliação do ser
necessário e do ser contingente, do infinito e finito, da coexistência de Deus e do homem, a
querela da humanidade do cristão e esperança crista.

Para Nietzsche, a religião verdadeira não se distingue das formas históricas reais dos tempos
modernos. Nessas formas, se notam três factos, onde os cristãos falharam: a) o advento da
ciência moderna (Galileu, Descartes e Darwin); b) a secularização da vida política com a
introdução das liberdades democráticas; c) a revolução social sob a pressão das massas
operárias. Desde os cristãos não perceberam que nesses processos havia algo positivo: a
promoção do homem e ficam como desafios, a conciliação da providência divina com a
liberdade humana, as questões referentes à fundamentação e à norma de moralidade; de outro,
a maneira de conceber os atributos de Deus e o do Absoluto.

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8.7. O Ateísmo Sartreano

“toda a realidade humana é uma paixão, uma vez que ela projeta perderse para fundar o
ser e para constituir, ao mesmo tempo, o ser-em-si que escapa à contingência para ser o
seu próprio fundamento, o ens causa sui (o ser, causa de si) que as religiões chamam
Deus. Assim a paixão do homem é oposta à paixão de Cristo, porque o homem se perde
enquanto homem para fazer nascer Deus. Mas a ideia de Deus é contraditória, e nós nos
perdemos em vão: o homem é uma paixão inútil” (Sartre p. 747, apud Zilles 2010 p.181).
Nesta linha de pensamento dá-nos entender de que, tanto para Feuerbach e Nietzsche, também
para o filósofo existencialista Jean-Paul Sartre de origem francesa que nasce, vive e morre
entre 1905-1980, Deus não tem existência real. Sabe-se que a paixão do homem é o ser-em-si
que é puro nada e o seu projecto crucial é o ser que projecta seu Deus, mesmo que sejam
mitos e ritos da religião, Deus é sensível em primeiro lugar ao coração do homem como
aquilo que o anuncia e define no seu projeto último e fundamental, mas não passa de um Deus
falido.

Na concepção de Zilles, no século XVIII o homem era como possuidor de natureza humana,
mas Sartre diz: O existencialismo ateu, que eu represento, é mais coerente e se Deus não
existe, há pelo menos um ser no qual a existência precede a essência, um ser que existe antes
de poder ser definido por qualquer conceito e este ser é o homem. Todavia, não existe
natureza humana, já que não existe um Deus para concebê-la. O homem nada mais é do que
aquilo que faz de si mesmo: é esse o primeiro princípio do existencialismo. É também a isso
que chamamos de subjectividade. Em Sartre nota-se também, o ateísmo postulatório.

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CONCLUSÃO

Depois de uma mera e profunda leitura do livro recomendado e pesquisas de alguns sites de
interesse acadêmicos sobre Nietzsche: O Desafio do Ateísmo Niilista, conclui-se que, a idade
do iluminismo teve sobre a centralidade do conceito de Deus na civilização da Europa
Ocidental, que tinha um caráter essencialmente cristão desde o Império Romano posterior. O
Iluminismo trouxe o triunfo da racionalidade científica sobre a revelação sagrada; o
surgimento do materialismo filosófico e do naturalismo que, para todos os efeitos e
propósitos, dispensou a crença ou o papel de Deus.

A titulo de exemplo é o francês Friedrich Wilhelm Nietzsche, que devido absolutização de


Deus como tudo em todos, negando assim a liberdade e poder do homem, definia a religião
como forma de controle social e opressão, porque promovia a fraqueza humana ao criar uma
dependência de uma figura divina, havendo necessidade de o homem se tornar seu próprio
Deus e criar seus próprios valores, por que abraçar o Cristianismo é negar o mundo e a vida, é
um tornar lenitivo às almas e debilita a vontade desse homem e a única ideia ideal para
Nietzsche foi concretamente a anunciar a morte de Deus.

Com o estiolamento de Deus, procede o Niilismo um termo latino nihil, que significa nada ou
seja uma doutrina filosófica que atinge as mais variadas esferas do mundo contemporâneo
literatura, arte, ciências humanas, teorias sociais, ética e moral, cuja a precípua característica é
uma visão cética radical e pessimista em relação às interpretações da realidade, que aniquila
valores e convicções. É a desvalorização e a morte do sentido, a ausência de finalidade e de
resposta ao por quê. E pode se constituir dois niilismos, ou seja, passivo e activo.

Na perspectiva de Nietzsche niilismo passivo é a negação do desperdício da força vital na


esperança vã de uma recompensa ou de um sentido para a vida; opondo-se frontalmente à
moral cristã, nega que a vida deva ser regida por qualquer tipo de padrão moral tendo em vista
um mundo superior, pois isso faz com que o homem minta a si próprio, falsifique-se,
enquanto vive a vida fixada numa mentira. Niilismo ativo e completo renega os valores
metafísicos, redireciona a sua força vital para a destruição da moral. Após essa destruição,
tudo cai no vazio: a vida é desprovida de qualquer sentido, reina o Absurdo e o niilista não
pode ver alternativa senão esperar pela morte.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Abbagnanno, N. (2007) Dicionário de Filosofia. São Paulo: Martins Fontes,.

Zilles, U. (2010). Filosofia da Religião. São Pauls-8ª edição.

Reale, G. & Antiseri, D. (2005). Historia da filosofia: do romantismo até nossos dias. 7ª ed.,
Brasil: Paulos.

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