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AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA COM

TESTE R-2: PROJET


Psicologia
Universidade Paranaense (UNIPAR)
6 pag.

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AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA COM TESTE R-2: PROJETO REALIZADO
PELO CENTRO DE PSICOLOGIA APLICADA DA UNIPAR CAMPUS
CASCAVEL EM PARCERIA COM A SECRETARIA DA EDUCAÇÃO DO
MUNICÍPIO

Adriani Semicheche 1
Alessandra P. Hendges2
Francine E. B. Stiegemeier3
Klicia Miyeko Higa4
Tatiana Mariani 5
Monique Färber6

O presente trabalho tem por intenção maior relatar a experiência da avaliação


psicológica, feita com crianças regularmente matriculadas no ensino fundamental de 1a a 4a
série de escolas públicas do município de Cascavel.
Para isso, o CPA (Centro de Psicologia Aplicada) realizou uma parceria com a
Secretaria Municipal de Educação do Município de Cascavel, que selecionou as crianças e
as encaminhou para que fossem avaliadas, com o intuito de verificar quais crianças
permaneceriam, entrariam ou sairiam da sala de recursos. Assim, esse projeto visou
contribuir com a Secretaria de Educação, através dos pareceres obtidos nas avaliações do
teste R-2 favorecendo uma avaliação global das crianças. Desta forma, a universidade
colaborou com a comunidade, como também as acadêmicas puderam adquirir maior
conhecimento acerca da prática do psicólogo, o que foi de extrema relevância para sua
graduação.

1Acadêmica do 3º ano de Psicologia da Universidade Paranaense/Campus Cascavel.


E-mail: adrisemicheche@hotmail.com; Telefone: (45) 9125 2829; Endereço:
Cachoeira Alta, Cascavel PR.

2 Acadêmica do 3º ano de Psicologia da Universidade Paranaense/Campus Cascavel.


E-mail: alessandra_hendges@hotmail.com: Telefone: (45) 9145 0837; Endereço:
Carlos Cavalcante 197 Cascavel PR.

3 Acadêmica do 4º ano de Psicologia da Universidade Paranaense/Campus Cascavel.


E-mail: francinebatista@yahoo.com.br;

4 Acadêmica do 3º ano de Psicologia da Universidade Paranaense/Campus Cascavel.


E-mail: klicia_kmh@hotmail.com;

5 Acadêmica do 4º ano de Psicologia da Universidade Paranaense/Campus Cascavel.


E-mail: tatianamariani@gmail.com;

6 Psicóloga. Responsável técnica do CPA (Centro de Psicologia Aplicada) da


Universidade Paranaense/ Campus Cascavel.

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De acordo com Pasquali (2001), os testes podem ser subdivididos em psicométricos
e impressionistas, sendo que o primeiro tem como objetivo medir o desempenho do
indivíduo em números, já o segundo de menor objetividade busca caracterizar o sujeito de
forma individualizada.
Segundo Anastasi e Urbina (2000), os testes psicométricos possibilitam uma
avaliação objetiva e padronizada para descrever os fenômenos psicológicos. Esses testes
fornecem também dados confiáveis para que haja algum tipo de intervenção. Para a
realização deste projeto foi empregado o R-2..
O teste R-2 é um teste não-verbal de inteligência para crianças, que avalia o fator
G da inteligência. Bernstein (1961, in OLIVEIRA, 2000), refere-se ao fator G explicando
que todas as habilidades humanas têm um fator comum chamado por ele de fator G, já que
se refere ao “fator geral”, um fator quantitativo, comum e presente em todas as funções
cognitivas do homem. Este teste, segundo Oliveira (2000), utiliza-se de normas, análise de
itens e estudos de precisão e validade. Este instrumento foi adaptado à cultura brasileira e
apresenta uma variedade de tarefas que pressupõe serem uma amostragem adequada das
funções intelectuais mais importantes.
A amostra para o desenvolvimento deste teste foi composta por 1554 crianças do
município de São Paulo, de 5 a 11,5 anos, sorteadas em proporção de matriculados da rede
oficial de ensino em cada tipo de escola: estadual, municipal e particular. Foram analisadas
as variáveis: idade, sexo e tipo de escola que a criança freqüenta (este último como
indicativo do nível sócio-econômico). As médias de pontos mostraram crescimento
progressivo com a idade. Não houve diferenças significantes entre os sexos (OLIVEIRA,
2000).
As diferenças significantes existiram, entre os tipos de escola: pública (estadual e
municipal) e particular, sendo as normas apresentadas em percentis para a amostra global
e separadas para os dois tipos de escola (OLIVEIRA, 2000).
Este instrumento R-2 é muito utilizado na área educacional, uma vez que avalia a
inteligência a partir dos padrões brasileiros, diferente dos demais testes disponíveis no
mercado, como afirma Oliveira (2000, p. 11 e 12):

(...) a inteligência tem sido avaliada para diagnóstico e


acompanhamento de crianças com problemas de aprendizagem, bem
como de crianças com deficiências intelectual e mesmo superdotadas.
(...) não é mais possível permitir que crianças sejam avaliadas e
rotuladas como deficientes, a partir de instrumentos criados em outros
países e cujas normas foram estabelecidas para populações de outras
culturas e experiências diferentes e que, portanto, não servem como
parâmetro para as crianças brasileiras.

Visto que o teste R-2 é de grande valia para a população brasileira seu uso requer
alguns materiais de aplicação, sendo ele composto por 30 pranchas ou cartões com figuras
coloridas que são aplicados na seqüência de sua numeração, com figuras de objetos
concretos ou figuras abstratas. Também são utilizadas folha de respostas, crivo de correção
e lápis preto ou caneta para anotação (OLIVEIRA, 2000).
Segundo o manual do mesmo teste sua aplicação é individual, uma vez que o
examinador apresenta à criança uma prancha de cada vez, sucessivamente. Para a
utilização deste instrumento não existe um limite de tempo, contudo, a aplicação é
cronometrada a partir da Prancha número dois (OLIVEIRA, 2000).

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É importante sempre ater-se à qualidade em todo o procedimento de avaliação
como o rapport, aplicação do teste, construção do parecer e a devolutiva. Tal qualidade só
é possível se for embasada e mediada por uma conduta ética, portanto respeito e cuidado
com o sujeito avaliado são fundamentais neste processo (SANTOS, 2000).
De acordo com o mesmo autor, para se ter uma conduta ética se faz necessário
conhecermos o seu significado. A Ética tem sua origem no grego “ethos” e
etimologicamente, significa modo de ser, caráter. Portanto, o termo ético nos remete a
algumas idéias centrais, como: Cuidado, Responsabilidade, Limite, Verdade, Liberdade e
Felicidade. Fatores estes que devem ser imperativos, não somente na utilização dos
Instrumentos de Avaliação Psicológica, mas para todos os atos da vida humana (SANTOS,
2000).
As testagens foram realizadas nas dependências do CPA – Centro de Psicologia
Aplicada na Universidade Paranaense – UNIPAR Campus Cascavel com as crianças que
eram escolhidas previamente pela psicóloga da Secretaria da Educação e encaminhadas ao
projeto semanalmente.
Para a aplicação do teste as acadêmicas dividiram-se em duplas, as atividades foram
realizadas três vezes por semana no período da manhã, sendo cada dupla responsável pelo
atendimento em um dia da semana, atendendo em média, de 5 a 6 crianças por dia.
Este grupo recebia orientações da psicóloga responsável técnica do CPA e para isso
se reuniam uma vez por semana, às quartas feiras, durante uma hora a fim de corrigir os
pareceres, bem como discutir as principais dificuldades ou peculiaridades de cada
avaliação.
Ao chegarem ao CPA, as crianças e seus responsáveis - geralmente professores e
coordenadores - eram recebidos pelas acadêmicas que os levavam até a sala de espera,
local onde as crianças eram acolhidas e acompanhadas por outro projeto do CPA: Oficinas
Terapêuticas de Contos Infantis – Sala de Espera que realizava atividades em grupo com
essas crianças enquanto elas aguardavam serem chamadas para realizar o teste R2
individualmente.
Logo em seguida a estagiária, que iria aplicar o teste dirigia-se até a sala de espera e
chamava a criança pelo nome e a conduzia para outra sala, onde o teste seria realizado.
Feito este procedimento inicial as acadêmicas estabeleciam o rapport com a criança que
seria avaliada, cujo intuito era o de possibilitar um ambiente mais acolhedor e descontraído
em que a criança se sentisse à vontade. Depois lhe esclareciam o motivo de estar ali e
davam algumas informações gerais de como iria proceder a atividade.
Após este momento é que então a aplicação do teste tinha seu início propriamente
dito. Uma das acadêmicas segurava as pranchas do teste no colo, explicava e tirava as
possíveis dúvidas da criança. A aplicação era feita por uma estagiária, enquanto a outra
estagiária da dupla anotava as respostas, marcava o tempo e observava os comportamentos
da criança.
Ao encerrar o teste as acadêmicas agradeciam à criança e a acompanhavam
novamente até a sala de espera, quando chamavam a próxima criança que iria responder o
teste e assim sucessivamente até que todas as crianças fossem atendidas.
Ao final de todo o processo tanto as acadêmicas do Projeto de Oficinas Terapêuticas
de Contos Infantis – Sala de Espera, como as acadêmicas do projeto Avaliação com teste
formal R-2, Teste não Verbal de Inteligência para Crianças-2 se reuniam para agradecer às
crianças e seus responsáveis.

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As acadêmicas então realizavam a correção dos testes, colocando o crivo de correção
sobre a folha de respostas e anotando os acertos e os erros ao lado de cada resposta. Cada
resposta correta tinha valor de um ponto, somavam-se os acertos e tinha-se a pontuação
total. Obtinha-se o percentil correspondente ao total de pontos através da consulta à Tabela
28 – Percentis Por Idade Para Escolas Públicas, da página oitenta do manual, do respectivo
teste.
A classificação era obtida através da consulta à Tabela 26 – Classificação da
Inteligência através de Percentis, na página setenta e oito. Esta Classificação da
Inteligência baseia-se em intervalos de valores de escores de QI, que podem ser
consideradas acima da média (Superior e Muito Superior), na média (Médias Inferiores,
Médias, e Médias Superiores) e, por fim, as consideradas abaixo da média (Limítrofe e
Intelectualmente Deficiente).
Após este momento os pareceres contendo os resultados dos testes eram realizados
pelas acadêmicas, que se utilizavam das informações obtidas com a experiência das demais
estagiárias do projeto Oficinas Terapêuticas de Contos Infantis – Sala de Espera, uma vez
que estas puderam observar cada criança avaliada, e seu comportamento no trabalho em
grupo e nas atividades que foram desenvolvidas individualmente. Dados estes que foram
significativos para a construção de pareceres mais precisos e coerentes, facilitando um
entendimento mais global de cada criança inserida no projeto.
Uma vez confeccionados os pareceres estes eram revisados e corrigidos, assinados
pelas acadêmicas e pela orientadora, que então os encaminhava até a Secretaria de
Educação do município. Todo este processo foi pautado pelos princípios da ética, sendo o
material sigiloso e os resultados divulgados apenas a quem fosse de interesse, para
proteção dos direitos da criança e preservação de suas informações e resultados.
Este projeto encontra-se em fase de conclusão. Até o presente momento foram
avaliadas cento e sete crianças, sendo setenta e dois meninos e trinta e cinco meninas.
Destes, pôde-se observar que quarenta e seis crianças representando 43% do total de
crianças avaliadas apresentaram o coeficiente de inteligência na média esperada para as
crianças da mesma faixa etária.
Já que cinqüenta e seis destas mesmas crianças (52,34%) obtiveram escores abaixo
da média, e ainda quatro das crianças avaliadas (3,74%) tiveram resultados acima da média
esperada e uma criança (0,93%) não conseguiu realizar o teste.
Considerando as diferenças de gênero observou-se que, trinta e cinco das crianças do
sexo masculino, ou seja, 48,6% tiveram resultados dentro da média esperada, enquanto que
no sexo feminino este resultado foi de onze crianças equivalendo a 31,43%. Abaixo da
média os resultados foram de 45,8% para os meninos (trinta e três meninos) e 62,86% para
as meninas (vinte e dois meninas) e acima da média os resultados foram de 5,5% nos
meninos (quatro meninos) e 2,86% nas meninas, equivalendo a uma menina (Tabela 1).
Pôde-se perceber, portanto que nesta amostra os meninos tiveram percentis mais
altos quanto ao coeficiente de inteligência do que as meninas avaliadas.

Meninos Meninas Total


Na média 35 11 (31,43%) 46
(48,6%)
Abaixo da média 33 (45,8%) 22 (62,86%) 55
Acima da média 4 (5,5%) 1 (2,86%) 5

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Tabela 1: Resultado obtido com o teste R-2 em relação à classificação da inteligência.

Nos aspectos qualitativos pode-se perceber que oitenta e três das cento e sete
crianças avaliadas prestaram atenção às atividades realizadas, uma vez que estas olhavam
diretamente para as estagiárias, e expressavam movimentos de estar compreendendo as
atividades, como por exemplo o movimento de segurar o queixo com as mãos.
Cinqüenta delas demonstraram boa interação social, fato este percebido
principalmente pelas estagiárias que trabalhavam na sala de espera. Vinte e duas crianças
demonstraram certa insegurança e timidez, espontâneos. E em nove crianças o grau de
ansiedade e impaciência foram mais evidentes, demonstrados através da falta de atenção,
das respostas aleatórias e da dificuldade em permanecerem sentados nas cadeiras.
Foi percebido, desta forma, dentro de uma perspectiva qualitativa que o percentual de
comportamentos positivos, como prestar atenção na atividade e interagir com os colegas e
as estagiárias, foi de um número superior aos demais comportamentos como a insegurança,
timidez, ansiedade e impaciência.
Diante destes resultados pode-se afirmar que mesmo as crianças avaliadas que
apresentaram coeficientes de inteligência abaixo da média obtiveram bons resultados numa
avaliação qualitativa, ou seja, independente do índice, ou nível de inteligência tradicional,
as crianças apresentaram algum nível de inteligência emocional (Tabela 2).
Para Goleman (1995), um dos maiores estudiosos sobre inteligência emocional, o
coeficiente de inteligência não é o único fator de sucesso a ser considerado, mas deve-se
ponderar também a inteligência emocional do indivíduo que se trata da capacidade de
identificar os próprios sentimentos e os dos outros, e da capacidade de auto motivação e
em gerir as emoções internas bem como os relacionamentos interpessoais.
Para ele, a inteligência emocional é a maior responsável pelo sucesso ou insucesso
dos indivíduos. Como exemplo, recorda que a maioria das situações de trabalho é
envolvida por relacionamentos entre as pessoas e, desse modo, pessoas com qualidades de
relacionamento humano, como afabilidade, compreensão e gentileza têm mais chances de
obter o sucesso. Afirma ainda que o QI contribui com cerca de vinte por cento para os
fatores que determinam o sucesso, sendo que os oitenta por cento restantes depende de
outras variáveis como as escolhas da pessoa frente á vida (GOLEMAN, 1995).

Características N° de Crianças
Prestaram atenção a atividade 83
Demonstraram boa interação social 50
Demonstraram insegurança e timidez 22
Ansiedade e impaciência 9
Tabela 2: Características apresentadas pelas crianças durante a aplicação do teste R-2.

Na amostra utilizada para elaboração do teste formal R-2 o tempo médio de


realização foi de oito minutos, variando entre cinco a quinze minutos (OLIVEIRA, 2000).
Observou-se que nas crianças avaliadas pelo projeto não ouve muita variância nesta
média de tempo, ficando a média geral em seis minutos e trinta e cinco segundos. A média
para o sexo masculino foi de seis minutos e quarenta segundos e já a média de tempo para

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o sexo feminino foi de seis minutos e vinte e três segundos, não apresentando diferença de
tempo significativa entre os gêneros (Tabela 3).

Tempo em minutos
Média Geral 6 min e 35 seg.
Sexo Masculino 6 min e 40 seg.
Sexo Feminino 6 min e 23 seg.
Tabela 3: Média de tempo em minutos para a realização do Teste formal R-2.

O trabalho não está concluído, visto que as atividades do projeto seguem até o mês
de setembro e estima-se que ainda sejam atendidas cerca de vinte crianças.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANASTASI, A; URBINA, S. Testagem psicológica. Porto Alegre: Artmed, 2000.

OLIVEIRA, R. R-2: Teste não verbal de inteligência para crianças: manual. São Paulo:
Vetor, 2000

PASQUALI, L. (Org.) Técnicas de exame psicológicos - TEP. Manual. São Paulo: Casa
do Psicólogo, 2001.

SANTOS, E. A ética no uso dos testes psicológicos, na informatização e na pesquisa.


São Paulo: Casa do Psicólogo, 2000.

GOLEMAN, D. Inteligência Emocional - A Teoria Revolucionária que define o que é


Ser Inteligente. Rio de Janeiro: Objetiva, 1995.

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