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CARNE

TECNOLOGIA PÓS-ABATE

TECNOLOGIA PÓS-ABATE
1. ESTIMULAÇÃO ELÉCTRICA DAS CARCAÇAS
OBJECTIVO: evitar o  dureza originado pelo arrefecimento rápido das carcaças
(cold shortening)
(3 teorias)

 metabolismo muscular
ESTIMULAÇÃO (acelera a produção e  ATP
depleção do ATP) 1ª T
ELÉCTRICA
2ª T 3ª T +
T Ca2+
Contracção violenta  pH
sarcómeros +
 T carcaça
SEM ENCURTAMENTO
Rotura física
miofibrilhas Lisossomas Catepsinas

 Tenrura  Tenrura  Tenrura


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António Silva ,UTAD - DCV
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EE de suínos

EE de bovinos (1ª unid. alta voltagem, USA 1978)


Antes da EE Durante a EE

(www.thepigsite.com)

EE de ovinos
(média voltagem, módulo de 6 unid.)

meat.tamu.edu/electstim.html

(www.sheepcrc.org.au)
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Evolução do pH no músculo Longissimus


dorsi de ovino:
carcaças estimuladas (___)
não estimuladas (- - - )
condições da estimulação: 15 Hz e 3600 V
(Chrysrtall e Hagyard., 1976).

A ESTIMULAÇÃO ELECTRICA DAS CARCAÇAS:


ARREFECIMENTO RÁPIDO/CONGELAÇÃO POUCAS HORAS APÓS ABATE SEM  DUREZA

COM EE SEM EE
OUTRAS VANTAGENS:
Maior tenrura
Cor mais vermelha, marmoreado mais visível
Sem heat-ring (cold-ring)

DESVANTAGENS:  Risco PSE em suínos


meat.tamu.edu/electstim.html
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2. DESOSSA A QUENTE (hot-deboning)

Processo de remoção de músculos da carcaça (desmancha) antes do seu


arrefecimento (utilização crescente)

OBJECTIVO:  de custos e tempo de laboração

VANTAGENS
1. Desossa facilitada
2. ↓ Custos energéticos (45%)
3. ↑ Rentabilização das câmaras de refrigeração (50%)
4. ↓ Custos instalações (45%)
5. ↓ Perdas de peso (0,5 vs 2%)
6. ↓ Mão-de-obra (20%)
7. ↓ Custos transporte carne

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DESVANTAGENS
1. Alteração dos procedimentos de desmancha
2. Sincronização do abate com a desmancha
3. ↑ Risco de desenvolvimento MO
4. ↑ Risco de PSE em suínos
5. ↑ Risco de encurtamento pelo frio

1. EE carcaça -  PSE
DESOSSA A RISCO
QUENTE ENCURTAMENTO
2. Condicionamento
PELO FRIO
a temperatura
elevada (15ºC-10h)

<
<
-Desenvolvimento MO
-Risco encurtamento pelo calor
- PSE
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3. ‘TENDERBOUND’

 Combinação:

DESOSSA A QUENTE + EMBALAGEM COM POLÍMERO ELASTICO

Desenvolvido na Irlanda (Troy e O’Sullivan, 2003)

OBJECTIVO:  de custos e tempo de laboração (desossa a quente)


+
evitando o efeito negativo na carne (encurtamento pelo frio)

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1. Desossa a quente 2. Máquina de embalar


com polímero elástico (pi-vac)

3. Selagem

4. O polímero adere à carne


impedindo a contracção muscular

5. Arrefecimento
rápido sem
encurtamento
pelo frio

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4. MÉTODO DE SUSPENSÃO DA CARCAÇA

pelo TENDÃO AQUILES pela PÉLVIS

Ahnström (2008)

Parte cranial do pubis

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O método de suspensão das carcaças,  pode influir na tenrura de


vários músculos comercialmente importantes

OBJECTIVO: ↑ Tenrura
↑Tensão muscular
Longissimus
Suspensão pelo Suspensão pela Gluteo biceps
TENDÃO AQUILES
vs PÉLVIS Semimembranosus

↑ Tenrura

www.emeraldinsight.com
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VANTAGENS SUSPENSÃO PÉLVICA


1. Arrefecimento mais rápido sem risco de encurtamento pelo frio
2. Aplicação a suínos sem risco de ↑PSE (como a EE)

DESVANTAGENS SUSPENSÃO PÉLVICA


1. Remodelação das linhas de abate
2.  nº de carcaças nas câmaras de refrigeração
3.  risco de desprendimento das carcaças

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5. TENRIFICAÇÃO MECÂNICA

- Ruptura miofibrilhar ↑ Tenrura


Lâminas múltiplas - Ruptura das camadas de
tc. conjuntivo
↓ CRA

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6. ALTA PRESSÃO

.
Em carne pré-rigor -Aplicação de pressões baixas (100-150 MPa)  ↑ Tenrura

Em carne pós-rigor –Necessário de pressões mais elevadas (300 MPa) Não
viável porque a carne fica com aspeto a cozido e oxidação lipídica

Ainda não utilizado industrialmente

-  Acção enzimática (catepsinas)


ALTA PRESSÃO ↑ Tenrura
- Ruptura miofibrilhar
- Dissociação física da actomiosina

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7. TENRIFICAÇÃO QUÍMICA

PROTEASES EXÓGENAS
Aplicadas durante a preparação culinária ou
por administração endovenosa imediatamente pré-abate
(não permitido)

Proteólise de proteínas miofibrilhares e tecido conjuntivo


 ↑ Tenrura
EXTRACTO ACTIVIDADE PROTEOLÍTICA
ENZIMÁTICO
ACTOMIOSINA COLAGÉNIO ELASTINA

Bactérias e fungos
Protease 15 +++ - -
Amilase fungica +++ + -
Hidrolase D +++ + -

Vegetal
Ficina (figo) +++ +++ +++
Papaína (papaia) ++ + ++
Bromelaina (ananás) + +++ +

(Lawrie, 2006)
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VITAMINA D3 E CÁLCIO (não permitido)

CÁLCIO - administrada aos animais antes do abate ou injecção na carne no


período post-mortem

VITAMINA D3 – Suplemento alimentar antes do abate (1 semana)

VITAMINA D3
[Ca2+] sanguíneo ↑ activação das
calpaínas
Ca

 proteólise
↑ Tenrura miofibrilhar

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Carne in vitro

CARNE in vitro (cultured meat, clean meat)


POTENCIAIS BENEFÍCIOS:
Produção de proteína 6 x mais eficiente que carne vaca
Redução Energia - 4-75%
Redução terra – 99%
Redução água – 82-96%
Redução gases com efeito estufa – 78-96%
?
Bem estar animal
Saúde pública
Novos alimentos

POTENCIAIS EFEITOS NEGATIVOS/LIMITAÇÕES:


Sustentabilidade meio rural
Capacidade de utilização de subprodutos na alimentação e terra não arável
Animais como fonte de produtos não carne

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Carne in vitro

‘SUBSTITUTOS DA CARNE’
SOJA MICOPROTEÍNA GLÚTEN DE TRIGO
(fungo SEITAN
Fusarium venenatum)
TOFU QUORN

TEMPEH

TVP (textured vegetable protein)

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Carne in vitro

INSETOS e SEUS PRODUTOS

VANTAGENS:

 Nutricionais
TOFU (vitaminas, minerais e proteína animal) (Wang et al., 2004)

 Menor consumo alimento por 1kg alimento produzido =1,7 vs (Paoletti, 2005):
 2 /kg frango
 3,8 /porco
 7/ bovino

 Menor produção de gases com efeito estufa (Oonincx et al., 2010; Oonincx and
de Boer, 2012).

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Carne in vitro

NA EU:

 Ainda não existe lista de insetos aprovada


 Sujeitos à legislação sobre novos alimentos (REG UE 2283/2015, em vigor desde
1/1/2018),
TOFU após aprovação será incluído na lista de novos alimentos autorizados
REG UE 2017/2470)

 Existe uma lista de espécies com potencial aprovação:

Acheta domesticus Gryllodes sigillatus Alphitobius diaperinus Tenebrio molitor


Locusta migratória
(Grilo doméstico) (Grilo doméstico tropical) (Gafanhoto-migratório) (Escaravelho) (Larva da
farinha)

Aprovação dependente do parecer científico da EFSA, considerando:


-Perigos biológicos (bactérias, fungos, vírus, resistência a antibióticos)
-Perigos químicos (toxinas, fatores antinutricionais, alergias, metais pesados, dioxinas)

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Carne in vitro

(Langelaan et al., 2010)

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Carne in vitro

1. Identificação e isolamento das


Células Estaminais (células
satélite)

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Carne in vitro

2. Multiplicação das células


satélite

3. Diferenciação em miotubos e
posterior maturação em fibras
musculares

4. Agregação das fibras musculares


formando o BAMs (Bio-Artificial
(Langelaan etal., 2010; Post, 2012) Muscles) 21
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Carne in vitro

PRIMEIRO HAMBURGER ‘in vitro’

2013 – 250.000€ hamburguer

Professor Mark Post with a burger made from Cultured Beef,


Maastricht University (http://culturedbeef.net/resources)

Pedaços de tecido muscular (20 mil)


usados para constituir o hambúrguer
(http://www.youtube.com/watch?v=
7JHBasU5eCk)

Apresentação da prova do 1º hambúrguer. Londres,


agosto de 2013
(http://www.youtube.com/watch?v=Oo6UyLqUVtQ)
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Carne in vitro

2016 - Meatballs(Memphis Meats) - 18.000$/0,45Kg

2018 - Chicken nuggets (Memphis Meats) - 6.000$/0,45Kg

2019 – Chicken nuggets (Eat Just)- 50 $/unidade

Just’s Director of Cellular Agriculture,


Vitor Espírito Santo, and VP of Product
Development Chris Jones. Source: Just
Inc.

2020 – Singapura -1ª país a autorizar a comercialização nuggets frango da Eat Just

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