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Psicologia: qual

sua importância
para a educação?
Rischtter; Fernandes, Erica Patrícia; Aurivar
SST Psicologia: qual sua importância para a educação? /
Erica Patrícia Rischtter e Aurivar Fernandes
nº de p. : 9

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Psicologia: qual sua importância
para a educação?

Apresentação
O termo “Psicologia” vem do grego e deriva da junção de duas palavras: Psyché e
logos, que significa o “estudo da alma”. Psicologia, então, é a ciência que estuda o
surgimento e o desenvolvimento dos fenômenos e dos processos psicológicos que
motivam e orientam o comportamento humano.

Nesse sentido, a psicologia pode contribuir, de modo significativo, por meio de


teorias e estudos, para que professores, coordenadores e profissionais da área de
educação possam compreender o comportamento humano, suas relações e como
estes influenciam no desenvolvimento e aprendizagem.

Como o social e o uso de instrumentos


influenciam a aprendizagem?
A aprendizagem é um processo construído que envolve a realidade na qual o
indivíduo vive e o contato com outras pessoas. Nesse sentido, o contato com
brincadeiras, músicas, culturas e as conversas com pais e com professores se
constituem como parte do processo de aprendizagem.

De acordo com a teoria sociocultural de Vygotsky, as interações são a base


para que o indivíduo consiga compreender (por meio da internalização) as
representações mentais de seu grupo social. Portanto, Vygotsky (1987) chama de
internalização a transformação de processos externos em processos internos.

A construção do conhecimento ocorre primeiro no plano externo e social (com


outras pessoas) para depois ocorrer no plano interno e individual. Nesse processo,
a sociedade e, principalmente, seus integrantes mais experientes (adultos, em geral,
e professores, em particular) são parte fundamental para a estruturação de que e
como aprender.

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Oliveira (2010, p. 59), tendo como base a concepção de Vygotsky, apresenta a
definição de aprendizagem:

É o processo pelo qual o indivíduo adquire informações, habilidades,


atitudes, valores, a partir de seu contato com a realidade, com o meio
ambiente e com as outras pessoas. É um processo que se diferencia dos
fatores inatos (a capacidade de digestão, por exemplo, que já nasce com
o indivíduo) e dos processos de maturação do organismo, independente
da informação do ambiente (a maturação sexual, por exemplo).

O aprendizado adequadamente organizado resulta em desenvolvimento mental


e põe em movimento vários processos de desenvolvimento que, de outra forma,
seriam impossíveis de acontecer (Vygotsky, 1991). Para Vygotsky, a aprendizagem
possibilita o desenvolvimento, pois desperta processos internos do ser humano,
ligando seu desenvolvimento à relação com o ambiente sociocultural em que vive.
Portanto, é na relação com o outro que ocorre o desenvolvimento pleno de suas
capacidades e das funções psicológicas superiores, atenção, memória e linguagem
(VYGOTSKY, 2011).

Apresentação em sala de aula

Fonte: Plataforma Deduca (2021).

#PraCegoVer: A imagem retrata uma situação de apresentação


em sala de aula onde aparecem quatro estudantes e a
professora. A menina (ao centro da imagem) segura um cartaz
com desenhos, ao passo que os colegas e a professora a
escutam.

Na relação aprendizagem e mediação, o outro (individuo) é o principal agente


nesse processo de aprendizado. Isso porque, por mais que a criança esteja
preparada neurológica e fisicamente para aprender, precisa do outro para que a

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aprendizagem ocorra. Na escola, o professor é o mediador dessa aprendizagem,
onde apresenta aos alunos as funções sociais, os aspectos positivos e negativos de
um determinado conteúdo, a partir do que o aluno já sabe, buscando alcançar um
novo conhecimento.

Saiba mais
Para mais informações, leia o artigo “Vygotsky: sua teoria e
influência na educação”, por meio do link: http://facos.edu.br/
publicacoes/revistas/e-ped/agosto_2012/pdf/vygotsky_-_sua_
teoria_e_a_influencia_na_educacao.pdf

Como promover o desenvolvimento


da criança?
Na escola, os processos de aquisição dos conhecimentos ocorrem de forma
sistemática, e a escolarização dos indivíduos permite a construção de funções
psicológicas complexas, possibilitando a atuação e transformação do meio,
construindo assim novos conhecimentos. No entanto, o simples fato de a criança
frequentar a escola não garante a aquisição do conhecimento. Quanto a isso,
deve-se enfatizar a importância de atividades que promovam o desenvolvimento
da criança, conhecendo o que ela sabe fazer sozinho (desenvolvimento real) qual
a sua potencialidade (lugar a que pode chegar) com a ajuda de terceiros – a Zona
de Desenvolvimento Proximal (VYGOTSKY, 2011). Nesse aspecto, o educador
deverá conhecer seu aluno, estar próximo dele e pensar em atividades que sejam
direcionadas às necessidades desse discente.

Brincar no currículo escolar estimula o desenvolvimento físico, cognitivo, criativo,


social e a linguagem da criança. Entretanto, para que isso ocorra, é necessária
a capacitação dos professores e a consciência de que atividades e experiências
alternativas, como o brincar, promovem a aprendizagem na criança (já que as
crianças projetam nas brincadeiras suas ansiedades, frustrações, desejos e visão
de mundo). Observar as crianças enquanto brincam, fazer anotações e relatórios
acerca de como brincam é um procedimento que pode auxiliar os professores a
conhecerem melhor os alunos com os quais trabalham.

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Desse modo, para que uma boa aprendizagem aconteça, o professor ou educador
deve disponibilizar recursos que criem situações que favoreçam o processo
educativo. Assim, de forma objetiva e clara, seu pensamento precisa estar voltado
para estratégias e/ou ações que possam atingir seus alunos a fim de que o
processo seja facilitado.

Sala de aula

Fonte: Plataforma Deduca (2021).

#PraCegoVer: Imagem retrata uma sala de aula lúdica, com


brinquedos, canetas, pinceis, entre outros objetos. Ao centro,
encontram-se quatro mesas de plástico com duas cadeiras de
plástico atrás.

Dentro de um enfoque construtivista, o professor deve assegurar um ambiente onde


os alunos possam reconhecer e refletir suas próprias ideias e respeitar pontos de
vista e conhecimentos prévios diferentes.

Ao planejar e preparar uma aula, deve-se identificar as subjetividades dos


estudantes (o que já sabem e o que ainda vão aprender) e considerar o que será
ensinado, quais objetivos e domínios serão atingidos, quais metodologias e
recursos serão utilizados para se alcançar esse objetivo de aprendizagem. Mas
outras pessoas também fazem parte desse processo de aprendizagem, colegas de
sala mais amadurecidos, pais, irmãos e parentes. É na relação social que tem antes
de adentrar a escola que adquirem alguns conhecimentos que levarão para a sala
de aula.

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Saiba mais
Para mais informações, leia o artigo “Piaget, Vygotsky e Freire e a
construção do conhecimento na escola”, acessando o link: https://
www.maxwell.vrac.puc-rio.br/7560/7560.PDF

O desenvolvimento e o brincar
Vygotsky (1991) diz que a brincadeira cria as zonas de desenvolvimento
proximal e que, estas proporcionam saltos qualitativos no desenvolvimento
e na aprendizagem infantil. No que se refere a esse aspecto, Vygotsky
(2011) assinala o uso do brinquedo como um importante instrumento no
processo de aprendizagem, à medida que a atividade lúdica proporciona
ricas experiências voltadas para o aprendizado e desenvolvimento. A
brincadeira permite à criança criar situações imaginárias com objetos
concretos, dando significado.

Sobre a brincadeira infantil Vygotsky (1991) afirma que esta é uma situação
imaginária criada pela criança e em que ela pode, no mundo da fantasia, satisfazer
desejos até então impossíveis para a sua realidade, o que traz desenvolvimento
emocional e da personalidade da criança. Além do prazer, as crianças também
podem, pela brincadeira, exprimir a agressividade, dominar a angústia, aumentar
as experiências e estabelecer contatos sociais. Para Vygotsky (1991) a brincadeira
nasce da necessidade de um desejo frustrado pela realidade. Desta forma, utiliza o
brinquedo como forma de representação. Para Vygotsky (1991), o desenvolvimento
do sujeito se dá pela interação com o outro e com o meio, permitindo novas
experiências e conhecimento. Para ele, o homem não nasce pronto, ele se
humaniza, se desenvolve e aprende por meio do convívio com o outro, com a cultura
em que está inserido.

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O brincar

Fonte: Plataforma Deduca (2021).

#PraCegoVer: A imagem retrata uma criança com síndrome de


Down brincando com discos coloridos que estão acoplados a
uma barra.

Vygotsky (1991) afirma que a brincadeira, mesmo sendo livre e não estruturada,
apresenta regras. Para ele, todo tipo de brincadeira está embutido de regras, até
mesmo o faz de conta tem regras que conduzem o comportamento das crianças.
Para Vygotsky (1991) o brincar é essencial para o desenvolvimento cognitivo
da criança, pois os processos de simbolização e de representação a levam ao
pensamento abstrato.

Com isso, podemos apontar que a relação com o outro (social) e o uso de
instrumentos influencia na aprendizagem dos alunos, tomando como base seu nível
de desenvolvimento intelectual real e aquele a que se deseja chegar.

Saiba mais
Para mais informações, leia o artigo “A brincadeira e suas
implicações nos processos de aprendizagem e de
desenvolvimento”, por meio do link: http://
www.revispsi.uerj.br/v7n1/artigos/html/v7n1a09.
htm

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Fechamento
Para Vygotsky, o desenvolvimento humano acontece na interação com o outro.
A aprendizagem possibilita esse desenvolvimento. As interações sociais, a
mediação dos pais e professores e o uso de instrumentos permitem a aquisição
do conhecimento e o desenvolvimento integral do ser humano, considerando seus
aspectos físicos, psicológico e cognitivo.

Vygotsky ressalta que, na escola, o professor deve considerar o que os alunos já


sabem e o que ainda vão aprender e partir daí planejar aquisição de objetivos e
domínios que deseja atingir; e, considerar os conhecimentos prévios de seus alunos
e fazer com que percebam seus conhecimentos e que respeitem os dos demais,
para que aprendam com eles.

Referência
OLIVEIRA, M. K. de. Vygotsky: aprendizado e desenvolvimento um processo sócio-
histórico. 5. ed. São Paulo: Scipione, 2010.

VYGOTSKY, L. S. A defectologia e o estudo do desenvolvimento e da educação da


criança anormal. Revista Educação e Pesquisa, v. 37, n. 4, p. 861-870, 2011.

VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos


psicológicos superiores. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1991.

VYGOTSKY, L. S. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes.

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