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Fundação Francisco Mascarenhas

Faculdades Integradas de Patos


Programa de Pós-Graduação Lato Sensu – Modalidade Presencial
Patos - Paraíba

Maria Izabel Ferreira Leitão Nunes1


Nadia Farias dos Santos2

O BRINCAR NA CRECHE

Resumo O presente trabalho de pesquisa destaca a importância da ludicidade na


creche. A ludicidade faz parte da vida da criança mesmo antes do contexto direto
com o mundo exterior, ela instiga a criança nos seus aspectos cognitivos, afetivo,
motor e social de acordo com a particularidade que cada criança apresenta na sua
concepção de ver o mundo. O objetivo deste trabalho foi refletir sobre o tema e
percebeu-se que a ludicidade não trata somente da questão de divertimento, e sim
de uma ferramenta inerente as aquisições de conhecimentos e este inserido nas
creches, possibilita a criança o despertar para aprender constituído de forma
prazerosa e significativa, por viabilizar o educando uma compreensão do universo
embasado no contexto imaginário que consequentemente refletirá no âmbito da
realidade, facilitando o processo de aprendizagem numa dinâmica, gradativa e
integrada.

Palavras-chave: Aprendizagem. Educação infantil. Ensino. Ludicidade.

1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho que aborda a temática da importância da na creche e


suas contribuições na formação pessoal e social do educando, apresenta um acervo
de informações que mostram a potencialidade do lúdico no âmbito educativo da
educação infantil e das séries iniciais, pois trata de questões relevantes como a
construção do conhecimento de maneira clara e significativa para a criança.
Subsidiaram a pesquisa de cunho bibliográfico, estudiosos como Piaget (1976),
Kishimoto(1994), Vygostsky(1984) Antunes Celso(2004), Santos(2001), Maluf(2007)

1
Aluna do Curso de Especialização em Educação Infantil das Faculdades Integradas de Patos
2
Professora da disciplina Educação, desenvolvimento e aprendizagem
e outros que deram suas opiniões sobre trabalhar a ludicidade na proposta
educativa nas suas dimensões de ampliar o saber.
A criança mesmo dentro do útero da mãe já manifesta seu desejo de
brincar, integra-se ao meio que lhe pertence, e com essas atitudes desenvolve-se e
ao nascer dá continuidade a exploração do mundo com estímulos das brincadeiras.
Há uma complexidade em entender o lúdico como um canal para atingir a
aprendizagem, pois cada criança tem sua particularidade, seu nível intelectual e sua
forma de compreender o mundo.
A escola como uma aperfeiçoadora de ideias, tem na ludicidade uma
ferramenta relevante a de globalizar o conhecimento, a desencadear avanços da
inteligência e das concepções preexistentes.
A prática do brincar desempenha um papel enriquecedor na educação
infantil, brincando a criança apropria-se de conhecimento, podendo ser considerada
como um conjunto de ações que viabilizam a concretização da aprendizagem dentro
do contexto amplo e significativo.
Neste sentido a instituição de ensino terá a preocupação de pautar um
plano de trabalho que tenha como luz a ludicidade, para se chegar ao resultado
esperado, embora muito professores não estejam capacitados a planejar em
atividades lúdicas com propósito de transformá-las em objeto de estudos, que é uma
questão a se pensar à respeito, por já estar mais do que provado que as
diversidades de brincadeiras orientada, dirigidas e que sofre interferência do
mediador, torna-se um material precioso na sala de aula de conhecimentos.
Este trabalho teve como objetivo refletir sobre a importância da ludicidade
no processo de ensino e aprendizagem. Alguns tempos passados o brincar na
escola era tido como perca de tempo, aulas que não tinham sido planejadas.

2 O BRINCAR NA CRECHE

A Brinquedoteca é compreendida como um espaço no qual se prioriza


o livre brincar da criança. Este livre brincar se caracteriza pela realização do seu
desejo e caberá somente a ela escolher neste espaço aquilo que vai de encontro
a sua necessidade afetiva, como também psicológica. Acreditamos que por meio do
brincar a criança elabora e reelabora as suas vivências. É a partir do brinquedo que
ela realiza uma espécie de catarse, pois o brinquedo inconscientemente serve
à elaboração e resolução de suas frustrações e medos, ou ainda como
um simples e importante ato de brincar.
O brinquedo é a essência da infância e o brincar como um ato intuitivo
e espontâneo. Assim, ao valorizar a livre expressão da criança estamos
contribuindo para um momento no qual a criança comunica seus
anseios, seus medos, ou ainda, compartilha coletivamente tudo aquilo que
lhe tem valor.
No espaço da Brinquedoteca acreditamos que o educar é construir
junto, como já dizia Célestin Freinet (pedagogo francês). Ao considerarmos
importante o trabalho realizado neste espaço, devemos encontrar nele: Cooperação
(como forma de construção social do conhecimento); Comunicação (como forma de
integrar esse conhecimento); Documentação (registro da história que se constrói
diariamente) e Afetividade (elo entre as pessoas e o objeto de conhecimento). A
cooperação na Brinquedoteca impulsiona que, desde muito pequenas, as crianças
poderão aprender a se relacionar harmoniosamente, como também podem ser
chamadas a aprender a resolver conflitos já que o objetivo primordial da escola,
na Educação Infantil, é experimentar a própria vida e não se preparar para a
vida. Ou seja, levar a vida à escola como um elemento importante e essencial
para a mudança na concepção do processo de ensino aprendizagem.
A partir desta mudança, Freinet (1975) acreditava que a criança passaria
a ser o elemento condutor do educador. Isto porque, seria a
partir de suas descobertas e ações que o educador planejaria estratégias para que
ela se desenvolvesse e vivessem intensamente tais experiências. E, do ato
em se deixar conduzir pela criança, na Brinquedoteca observase que o educador
atua como mediador deste livre brincar. Ele toma como seu objetivo acolher e
apoiar as escolhas lúdicas das crianças, mediando as suas interações com
as outras crianças e com o brinquedo em si. Neste sentido, o educador deve gerar
projetos no espaço da Brinquedoteca que priorizem o desenvolvimento
cognitivo, afetivo e emocional.
Outro fator importante para a aprendizagem da criança é a construção
de sua autonomia e isto é priorizado na Brinquedoteca, pois a impossibilidade
de o educador estar em vários cantos ao mesmo tempo faz com que a
criança busque, seja em conjunto seja individualmente, a solução para os seus
problemas. Além disso, observamos o desenvolvimento da autonomia quando
cada criança guarda a sua própria bolsa no espaço que lhe é reservado na
Brinquedoteca. Mas, estes fatores não completam o que chamaremos de
desenvolvimento integral da criança, pois acreditamos que o elo principal para a
aprendizagem integral da criança está no aspecto da afetividade elemento
primordial que liga as crianças ao educador, como também ao objeto que
estas buscam conhecer.
Para Wallon, "a afetividade não é apenas uma das dimensões da pessoa:
ela é também uma fase do desenvolvimento, a mais arcaica (...) No
início da vida, afetividade e inteligência estão sincronicamente misturadas, com o
predomínio da primeira" (LA TAILLE 1992, p.90). Mediante esta importante
ferramenta para o desenvolvimento da criança, cabe ao educador ir se apropriando
de metodologias que possibilitem o elo de afetividade entre educador e
educando, e isto, ele fará após demonstrar o mútuo respeito pelo interesse que
a criança exprime em relação a algum objeto, ou até mesmo outro assunto que
queira conhecer.
Será a relação de interesse que possibilitará que a criança aprenda,
pois ela só aprenderá daquilo que buscou compreender, que partiu de sua
mais tenra necessidade, isto porque só se tornam hábitos construtivos se
resultantes de uma experiência afetiva. Concluindo, concordamos com
Freinet (1975), quando ele afirma que a escola deve ser prazerosa. Deve ser um
lugar onde a criança queira estar, permanecer e que haja satisfação no descobrir e
no aprender e, acima de tudo, seja democrática e extremamente preocupada com
o desenvolvimento físico, cognitivo e afetivo de cada criança.
Há quem diga que as crianças já não têm interesse por nada e nada
desejam realizar. Há quem diga que a escola éo último lugar em que
as crianças desejam frequentar. Mas, onde está à origem de todo desinteresse e
descrédito desta instituição? De quem é a culpa? Dos profissionais ditos
defensores das causas da educação? Dos pais desta nova geração
caracterizada como desinteressada pelos assuntos ensinados na escola? Muitos
são os questionamentos e críticas que permeiam e permanecem na nossa
sociedade. No entanto, nenhuma exatidão foi proclamada até então.
Talvez porque ninguém esteja certo; ou todos tenham razão, em diferentes
aspectos. Todavia, salientamos que cabe a cada educador ser um questionador de
suas práticas, uma espécie de perscrutador das mais tenras necessidades de
nossas crianças, um exímio desbravador do mundo que encanta que faz sonhar
a todos. Certamente que a magia não se perdeu. Que o desejo não se calou.
Apenas está adormecido no íntimo de cada educando.
A prática da ludicidade para ensinar os conteúdos do currículo escolar
pode propiciar o sucesso da aprendizagem dos alunos. Lembrando que, os
benefícios dessas atividades vão além das salas de aula, pois esses recursos
promovem uma maior interação entre os alunos. Além disso, muitas vezes uma
atividade desenvolvida na escola, na qual o professor tenha participação efetiva ou
colaborativa proporciona um relacionamento mais próximo entre ele e o aluno.
Outro aspecto a ser enfocado diz respeito a uma realidade vivida por
muitos alunos, ou seja, as dificuldades econômicas e sociais. Esta situação pode
interferir diretamente no aprendizado ou em casos extremos a evasão escolar e em
vista disso é preciso que a escola ofereça momentos mais alegres e agradáveis. A
cerca disso, Snyders (apud Neves 2007) aponta que a maior parte das crianças em
situação de fracasso são as de classe popular e elas precisam ter prazer em
estudar, do contrário, desistirão e abandonarão a escola. Quanto mais os alunos
enfrentam dificuldades de ordem física e econômica, mais a Escola deve ser um
local que lhes traga motivação.
Essa alegria, não pode ser uma alegria que os desvie da luta, mas eles
precisam ter o estímulo ao prazer.
É papel da escola buscar estratégias de ensino que sejam agradáveis para
o aluno, pois somente num ambiente prazeroso que a aprendizagem ocorrerá de
forma significativa. Sobre isso Sava (apud por Moyles 2002, p. 43) enfatiza: “A
aprendizagem ocorre o tempo todo no desenvolvimento normal durante toda a vida,
desde que alguma coisa desperte o nosso interesse”.
É preciso que a escola valorize os conhecimentos adquiridos
espontaneamente pela criança, muitas vezes por meio do lúdico, e não o despreze
em detrimento do conhecimento sistematizado, mas articule um ao outro utilizando
um rico instrumento pedagógico que são os brinquedos.
Os recursos lúdicos são capazes de contextualizar os conteúdos e assim o
aluno passa a ver sentido naquilo que está aprendendo. Os jogos desenvolvem o
raciocínio lógico, estimulam o pensamento independente, a criatividade e a
capacidade de resolver problemas.
Freire (1991) acredita que “A criança que brinca em liberdade, podendo
decidir sobre o uso de seus recursos cognitivos para resolver os problemas que
surgem no brinquedo, sem dúvida alguma chegará ao pensamento lógico de que
necessita para aprender a ler, escrever e contar”.
O lúdico é de extrema importância e constitui numa estratégia de ensino e
aprendizagem devendo dessa forma ser planejado previamente e os objetivos
elucidados, pois a ludicidade deve ser trabalhada na escola com muita seriedade.
As creches e pré-escolas para realizar um trabalho de qualidade e cumprir
a lei precisam de espaços físicos matérias adequadas, formação do professor
mediante a exigência da proposta pedagógica, um acompanhamento especifico, se
é considerada a base da educação, deve ser oferecido um atendimento de alta
qualidade.

A lei N°9394/96 de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB)


estabelece em seu Art. 29 que:

A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como


finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em
seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a
ação da família e da comunidade.

A criança exposta a acervos de informações, ampliando seus


conhecimentos, convivendo com outras pessoas fora do contexto familiar,
percebendo a diversidade do seu jeito, tudo isso requer uma dinâmica mais profunda
de estudos por parte da escola por que na instituição escolar, principalmente de
crianças de creches, o professor não só se caracteriza como simples mediador, ele
desenvolve varias atividades dentro do campo educativo, pois as crianças de 0 a 3
anos não consegue expressar verbalmente, através de ações e reações que ela
comunica-se, neste sentido o educador sente a necessidade de ir além de sua forma
de trabalho sentindo a necessidade de tomar uma nova posição quanto a sua forma
de mediar o saber.
Conforme a pesquisa a criança tem a capacidade de aprender, porém de
maneira que a condicione estimulando a aprendizagem num processo todo lógico e
evidente, a construção do entender vem de maneira gradativa, por consequentes de
etapas.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Estas novas concepções referentes ao lúdico leva a acreditar no seu


processo funcional no ensino-aprendizagem da criança, na perspectiva de
compreender o mundo com significados preciosos e claros.
A ludicidade como ponto de partida para concretizar o ensino-
aprendizagem, a criança terá condições de levantar hipótese, formular, elaborar,
observar, questionar e refletir sobre as situações vivenciadas no brincar, envolvendo
o jogo, o brinquedo e as brincadeiras, neste sentido provoca estímulos que
desencadeiam múltiplas aprendizagens. Esses recursos pedagógicos são
instrumentos de ensino que o professor tem que ter noção que eles precisam estar
de encontro a realidade do aluno, só assim alcançar os resultados que se pretende
obter.
O educador se reconhecendo como mediador do conhecimento dentro do
âmbito educativo e levando em consideração os conhecimentos prévios das
crianças poderá criar estratégias metodológicas que deem viabilidades do aluno
construir seu próprio conhecimento assegurado na proposta da ludicidade para
expandir o conhecimento de mundo capacitado a enfrentar desafios e sentir-se
desafiado a aprender brincando prazerosamente.
Independente de qualquer classe social ou outros circunstancia a criança
tem direto assegurado de brincar, é acessível a todos sem distinção. É fato que
diversos setores da esfera social integram-se a prática da ludicidade como
ramificações de atenções profissionais, reafirmando o quanto é importante esta
ferramenta no contexto da sociedade.
O trabalho de pesquisa produzido tem na sua intencionalidade esclarecer
melhor a dinâmica do brincar, como a criança adquire um conhecimento com sentido
próprio, os conteúdos de ensino integrados a esta prática estimula o educando uma
participação de interesses de ordem voluntária, portanto o gosto pela busca do
saber se torna mais interessante e objetiva.
A ludicidade segue o ser humano em todos os trajetos da vida, porém sua
funcionalidade em atender a necessidade individual e coletiva faz a diferença, é um
processo educativo apresenta toda uma estrutura de aprendizagem com
propriedades desafiantes, então o professor se sentirá desafiado a integrar na sua
prática pedagógica os recursos da brincadeira sem perder o foco da proposta que o
brincar leva o aprender, então a aprendizagem no lúdico e a parte essencial a ser
enfatizada.
A escola é um lugar em que as ideias são reorganizadas, amadurecidas,
portanto é no contexto escolar que as respostas são construídas. No âmbito da
ludicidade essas respostas fruto das indagações são formadas, mediante as
necessidades que cada aluno apresenta, sendo responsável o professor, o mediador
do conhecimento que deve conduzir o seu trabalho valorizando as brincadeiras no
seu contexto de promover um ensino-aprendizagem significativo e amplo.

REFERÊNCIAS
FREINET, Célestin. As técnicas Freinet da escola moderna, 4. ed. Lisboa:
Estampa, 1975.

FREIRE, J.B. Educação de Corpo Inteiro: Teoria e Prática da Educação Física.


São Paulo: Scipione, 1991.

LA TAILLE, Yves de (org.). Piaget, Vygotsky e Wallon: teorias psicogenéticas


em discussão. São Paulo: Summus, 1992.

MOYLES, J. R. Só Brincar? O Papel do Brincar na Educação Infantil. Porto


Alegre: Artmed, 2002.

NEVES, L. O. O Lúdico nas Interfaces das Relações Educativas, 2007.

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