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O lúdico na educação física escolar

SUMÁRIO

APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO ............................................................... 2

A importância do jogo no desenvolvimento infantil ..................................................... 5

JOGOS/BRINCADEIRAS E O LÚDICO NO MEIO EDUCACIONAL ........................... 9

O jogo como recurso pedagógico ............................................................................. 10

Diferentes enfoques sobre o jogo ............................................................................. 15

Classificação dos jogos ............................................................................................ 16

A IMPORTÂNCIA PEDAGÓGICA DO JOGO NA APRENDIZAGEM DOS ............... 18

ESPORTES ............................................................................................................. 18

O LÚDICO COMO ESTRATÉGIA DE ENSINO NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA


................................................................................................................................. 24

A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR E AS SUAS CONTRIBUIÇÕES COM O LÚDICO 27

O PAPEL PEDAGÓGICO DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO DESENVOLVIMENTO


INFANTIL ................................................................................................................. 36

A importância da Ludicidade e o Jogo ...................................................................... 42

A importância da Teoria de Piaget na Educação Física Escolar ............................... 43

Atividades Lúdicas nas aulas de Educação Física ................................................... 46

REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 48

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APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO

Na concepção de Piaget, a aprendizagem situa-se ao lado oposto do


desenvolvimento, pois geralmente é provocada por situações criadas pelo educador
ou é determinada por uma situação interna. Sendo a aprendizagem estimulada,
portanto se opõe à espontaneidade.
Portanto, entende-se que a aprendizagem é decorrente de uma mudança
interna do indivíduo.
Desta forma, a aprendizagem depende em grande parte da motivação: as
necessidades e os interesses da criança são mais importantes que qualquer outra
razão para que ela se ligue a uma atividade. Ser esperta, independente, curiosa, ter
iniciativa e confiança na sua capacidade de construir uma ideia própria sobre as
coisas, assim como exprimir seu pensamento com convicção são características que
fazem parte da personalidade integral da criança. (FRIEDMAN, 1996)
Piaget estudou basicamente as origens do conhecimento nas crianças.
Acreditava que o conhecimento se forma aos poucos nos indivíduos, que o constroem
progressivamente no decorrer de uma atividade de adaptação.
Assim a criança se mantém na tarefa e no processo de aprendizagem com
maior motivação e desejo de crescimento pessoal quando sente que pode vencer
obstáculos, sugerindo, portanto, a existência de uma ordem lógica e progressiva. A
dificuldade crescente que a criança irá sentindo, com o domínio corporal no espaço e
no tempo, e simultaneamente com a combinação de movimentos grossos ou globais,
e com os movimentos finos e assimétricos, como requerem as habilidades
específicas, dependendo de um longo processo de maturação e das experiências
vividas nas diversas formas de aprendizagem motora. (DE MARCO, 2006)
Desta forma o desenvolvimento do conhecimento é um processo espontâneo,
ligado a um processo geral de embriogênese, que diz respeito ao desenvolvimento do
corpo, do sistema nervoso e das funções mentais, tratando-se de um processo de
desenvolvimento total.

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Em outras palavras, desenvolvimento é “um processo que se refere à totalidade


das estruturas de conhecimento”. (FRIEDMAN, 1996, p. 57)
Neste sentido entende-se que o desenvolvimento é a principal causa para
formação dos conhecimentos e que acontece de uma interação entre o sujeito e o
meio.
Para entendermos como se desenvolve o conhecimento, se faz necessário
partirmos da ideia central de operação, que compõem um conjunto de ações que
transformam o objeto e capacitam o sujeito a construir as estruturas de
transformações.
Portanto, para se conhecer um objeto é preciso agir sobre ele, modifica-lo,
transformá-lo, compreender o processo dessa transformação e o caminho pelo qual o
objeto é construído.
O substituto lúdico de um objeto pode ter com esse uma semelhança muito
menor do que a que tem um desenho com a realidade que representa. Mas o
substituto lúdico oferece a possibilidade de ser manuseado tal como se fosse o objeto
que ele substitui. O pré-escolar escolhe os objetos substitutos apoiando-se nas
relações reais dos objetos [...] (MUKHINA, 1995, p. 156)
Apesar de sabermos que há fatores natos que determinam os diversos
aspectos do ser humano, não há como negar que as interações em que o indivíduo
estabelece no meio originam seu modo de ser no mundo.
Segundo Piaget (PIAGET; INHELDER, 1993) a criança não herda sua
inteligência de forma definitiva e acabada, mais sim traz em sua bagagem genética,
possibilidades hereditárias na forma de estruturas biológicas, que lhe permitirão o
surgimento de certas estruturas mentais. Portando, não herdamos nossa inteligência,
mas sim um organismo que vai amadurecer em contato com o meio ambiente. Dessa
interação organismo-ambiente resultará determinadas estruturas cognitivas
(engramas) que vão funcionando de modo semelhante durante toda a vida da criança.
O autor ressalta também os estímulos sociais, que são os conceitos, tarefas e
comportamentos que são passados por pessoas de uma determinada cultura que
costumamos chamar de aprendizagens sociais.

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Assim, a criança adquiri conhecimentos que advém do seu contato humano


constante e contínuo.
Portanto, se torna evidente que essa fase do desenvolvimento humano é
amplamente adequada para implementação de atividades que visam à estimulação
da criança. (DE MARCO, 2006)
Para Vigotsky, ao brincar a criança reproduz nas atividades adulta de sua
cultura e ensaia seus futuros papéis e valores. Desta forma, dá oportunidade para o
desenvolvimento intelectual da criança. No jogo a criança começa a adquirir estímulos
e as habilidades e atitudes necessárias à sua participação social, a qual só poderá
ser atingida completamente mediante a convivência com seus companheiros da
mesma idade e também com os mais velhos. Nos jogos a criança adquiri e inventa
regras.
Vigotsky (1989, p. 148), traça um paralelo entre o brinquedo e a instrução
escolar afirma que ambos criam uma “Zona de Desenvolvimento Proximal”, definindo
como:
[...] A distância entre o desenvolvimento real, que se costuma determinar
através da solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento
potencial, determinado através de solução de problemas sob a orientação de um
adulto ou em colaboração de companheiros mais capazes.
Diante destes contextos, o brinquedo e a instrução escolar a criança organiza
habilidades e conhecimentos socialmente disponíveis, que passará a introduzir.
Durante as brincadeiras, todos os aspectos da vida da criança convertem-se em
temas de jogos, portanto na escola, o conteúdo a ser lecionado como papel do adulto
especialmente treinado para ensinar, deve ser cuidadosamente planejado para
atender as reais necessidades da criança. Dante (1998, p. 49) destaca que as
atividades lúdicas podem contribuir significativamente para o processo de construção
do conhecimento da criança. Vários estudos a esse respeito vêm provar que o jogo é
uma fonte de prazer e descoberta para a criança
[...]
Desta forma, estudiosos da aprendizagem e do desenvolvimento infantil vêm
salientando a importância do jogo no universo da criança, pois as mesmas brincam

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grande parte do seu tempo, e o jogo constitui um dos recursos mais eficazes de ensino
para que a criança adquira conhecimentos sobre a realidade.

A importância do jogo no desenvolvimento infantil

O desenvolvimento é responsável pela formação dos conhecimentos: ela


sempre resulta de uma interação entre o sujeito, principal fonte do desenvolvimento,
e o meio.
Neste sentido, Machado (1986, p. 28), coloca que: “brincar ajuda a criança a
ajustar-se não só no ambiente físico mais também ao meio social [...]”.
Com base no exposto acima, admitimos que a criança constrói seu
conhecimento através de sua interação com o meio físico e social. Portanto, cada
nova aquisição serve de suporte para as aquisições subsequentes, segunda a teoria
de aprendizagem significativa de Ausubel (apud MOREIRA; MASINI, 1982). Freire
(1994, p. 23), nos adverte que
boa parte das descrições sobre o desenvolvimento infantil referem-se aos atos
de pegar, engatinhar, sugar, andar, correr, saltar, gritar, rolar e assim por diante,
movimentos que contamos em quase todas as crianças [...]
Já Friedman (1996, p. 64) em relação ao jogo aponta que
o jogo oferece uma importante contribuição para o desenvolvimento cognitivo,
dando acesso a mais informações e tornando mais rico o conteúdo do pensamento
infantil, paralelamente o jogo consolida habilidades já dominadas pelas crianças e a
prática dos mesmos em novas situações.
Dessa forma compreende-se que o desenvolvimento infantil é produto da
própria atividade da criança, que não para de estruturar e reestruturar o seu próprio
esquema, de construir o mundo na medida em que o percebe.
Para Velasco (1996) quando falamos de desenvolvimento infantil, é necessário
lembrarmos com certeza de Piaget. Os estágios descritos por este importante
estudioso nos mostram as leis que regem o desenvolvimento humano. Em função
disso devemos respeitar os interesses e aptidões das crianças em relação à fase em
que se encontram, quando lhe damos brinquedos ou lhe propomos atividades lúdicas.

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No período sensório-motor, de zero a vinte e quatro meses, a criança passa


dos comportamentos reflexos aos automatizados e chega aos voluntários em um
constante crescimento físico e mental. É um período de grande exploração do espaço
e de enormes descobertas. Nesse estágio os brinquedos devem promover a
facilitação dessa evolução motora, como os encaixes, cavalinhos, velocípedes etc.
No período de operações concretas, encontramos por volta dos dois aos quatro
anos. O estágio pré-operacional, pré-conceitual, onde os melhores brinquedos são
representados pelos de empilhagem, encaixe, modelagem e construção.
Dos três aos cinco anos a criança atravessa o período de grande criatividade,
ela dramatiza o seu dia-a-dia e coloca sua fantasia em quase todas as situações reais.
Nessa fase os carrinhos, bonecas, utensílios são os personagens de brincar.
Já o período pré-operacional-intuitivo, dos quatro aos sete anos, inicia-se um
acúmulo de conhecimento. Já há maior atenção e concentração em suas atividades,
que são mais sociais, pois a criança começa a perceber e aceitar regras, brincando
mais em grupo.
Aqui os brinquedos são acessórios da criação, como os de construção, com
peças pequenas, materiais de desenho e modelagem, jogos e ferramentas.
No período das operações, de sete aos doze anos, a criança passa do concreto
para o raciocínio abstrato e já domina completamente sua motricidade. Os brinquedos
são representados pelos jogos de raciocínio, memória, competição, destreza e teatro.
Período das operações formais. Compreende o período que vai dos doze anos
em diante, os interesses são individualizados, portanto, os brinquedos deverão ser
escolhidos em função das habilidades, esportes para as crianças “motoras” e jogos
estratégicos para as “intelectuais”.
Na concepção de Bijou (1978 apud AGUIAR, 1998, p. 38), o jogo (brinquedo,
brincadeira) significa uma atividade que contribui para aumentar o “repertório
comportamental de uma criança, influência seus mecanismos motivacionais, além de
fornecer oportunidades inestimáveis para o aumento de seu ajustamento”.
Através do brinquedo podem ser estabelecidas novas capacidades, atividades
imaginativas/fantasias e habilidades de solução de problemas, ou preservar aquelas
já existentes em seu vocabulário.

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Para Decroly (1926 apud KISHIMOTO, 1994), certos processos de aquisição


de conhecimentos são possíveis quando tomam a forma de jogo. Para Abreu (1993),
os jogos são importantes na escola porque fazem parte do universo infantil, ou seja,
são objetos sociais que trazem em seu contexto uma infinidade de conteúdos que
integram as disciplinas escolares.
No aspecto social o jogo impõe o controle dos impulsos a aceitação as regras
mais sem que ocorra alienação, visto que elas são estabelecidas pelos jogadores e
não imposta por qualquer estrutura que aliene.
Dessa forma Bijou (1978), faz uma diferença entre jogo estruturado e o livre
(espontâneo) o mesmo diz que ambos são altamente significativos para o
desenvolvimento infantil e os distingue da seguinte forma:
 Jogo estruturado: é aquele em que a criança se engaja quando na
presença de uma situação em que o espaço, os materiais, às vezes outras crianças,
instruções e ajuda, implícitas e explícitas, são arranjados para que ela alcance um
objetivo. Exemplo: um professor esta estruturando um jogo quando ele entrega um
objeto para a criança e diz o que o aluno deve fazer com o mesmo.
 Jogo livre: ocorre quando o jogo e o objeto do brinquedo são
selecionados livre e espontaneamente pela criança. Neste caso a criança brinca
livremente, ou melhor, ela é que comanda a situação.
Entre os dois tipos existe o jogo semi-estruturado que combina elementos das
situações precedentes.
Dessa forma tanto o jogo estruturado como o semi-estruturado e o livre, se
administrados e supervisionados de forma apropriada podem colaborar
significativamente para o desenvolvimento da criança.
Segundo Bijou (1978), o que aprende no jogo a criança generaliza as outras
situações da vida diária.
Dessa forma o jogo tem grande valor no desenvolvimento infantil, também é
enfocada na perspectiva sócio-histórica, Vygotsky (1989), diz que é enorme a
influência do brincar no desenvolvimento da criança. Na situação de jogo (brinquedos)
a criança expressa uma situação imaginária o mesmo autor situa o começo da
imaginação humana na idade de 03 (três) anos, afirmando que ela surge originalmente

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da ação. E que durante a idade escolar as habilidades conceituais da criança são


aumentadas por meios dos jogos e do uso da imaginação.
Para o autor a brincadeira é o meio natural para se desenvolver
comportamentos morais. E na brincadeira que a criança encontra o maior número de
regras a o obedecer, regras essas que não foram ditadas por adultos.
A criança se subordina às regras dos jogos não porque esteja ameaçada de
punição ou tema algum insucesso ou perda mais apenas porque a observância da
regra lhe promete satisfação interior como a brincadeira, uma vez que a criança age
como parte de um mecanismo comum construído pelo grupo que brinca. A não
observância da regra não ameaça com nenhuma outra coisa a não ser o fato que a
brincadeira venha a fracassar, perca o seu interesse e isso represente um fator
regulador bastante forte do comportamento da criança. (VYGOTSKY, 2001, p. 315)
Partindo dessa concepção podemos considerar que a brincadeira na vida da
criança contribui para o desenvolvimento moral, a partir do entendimento de que a
mesma estará buscando um equilíbrio entre seu comportamento e o meio social.
O desenvolvimento cultural intelectual do homem acontece no decorrer da vida,
especialmente na juventude, pois a aprendizagem é condição fundamental para a
vida, pois considerando que o “meio em que se vive não é natural, mais cultural, e que
a cultura humana se altera a cada instante, precisamos, nos da conta de viver nele,
aprender permanentemente”. (FREIRE, 2003, p.15)
Bijou (1998 apud AGUIAR, 2004) também considera quatro estágios no
desenvolvimento do brinquedo social na infância.
 Brinquedo de observação – a criança é apenas um espectador e não
participa do brinquedo.
 Brinquedo paralelo – duas ou mais crianças brincam lado a lado, e
muitas das vezes com os mesmos brinquedos, mas não interagem entre
si.
 Brinquedo associativo – as crianças interagem e compartilham o
material.

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 Brinquedo cooperativo – as crianças dividem, tem objetivos em


comum e envolvem-se em comportamentos, ajuda e até em jogos de
grupo com regras.

JOGOS/BRINCADEIRAS E O LÚDICO NO MEIO EDUCACIONAL

Os termos jogo, brinquedo, brincadeira e lúdico têm sido utilizados de forma


inter-relacionada.
Na concepção de Ferreira (1986), o jogo pode significar brinquedo,
passatempo, divertimento; já o brinquedo pode ser concebido como objeto para serem
usadas nas brincadeiras e também nos jogos de criança; brincadeira envolve
divertimento, brinquedo, jogo, passatempo, entretenimento, ato ou efeito de brincar e
o lúdico é representado por tudo que tem caráter de jogos, brinquedos e divertimentos.
Segundo Kishimoto (1994), os termos jogo e brincadeira têm sido empregados
popularmente com o mesmo sentido. Já para Friedmann (1996), a palavra lúdico
caracteriza o jogo, a brincadeira e o brinquedo.
Para Velasco (1996), brincar é uma atividade da criança e do adulto desde o
início da civilização.
Château (1987), o jogo representa, então, para a criança o papel que o trabalho
representa para o adulto. Como o adulto se senti forte por suas obras, a criança sente-
se crescer por suas proezas lúdicas.
Kishimoto (1993), salienta dizendo que o jogo e a criança caminham juntas
desde o momento em que se fixa a imagem da criança como um ser que brinca.
Portadora de uma especialidade que se expressa pelo ato lúdico.
Freire (2004), nos diz que a atividade mais típica de uma criança é a atividade
lúdica. Pois é difícil flagrar uma criança bem pequena, um, dois, três anos, fora de
situações lúdicas.
Friedman (1996), salienta que a atividade lúdica abrange de maneira ampla os
conceitos dos jogos brincadeiras e brinquedos.
Para Gomes (2000), a expressão atividade recreativa diz respeito a toda ação,
quer motora ou não que proporcione prazer espontaneidade e ludicidade naquela que

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a prática na qual podem ser usados jogos, brincadeiras e brinquedos para a obtenção
dos objetivos predeterminados.
Rosadas (1991), diz que a atividade recreativa proporciona prazer e
divertimento por isso possibilita maior envolvimento entre as pessoas.
Portanto as brincadeiras e jogos infantis são elementos indispensáveis para a
formação da criança. É por meio do lúdico que ela vai incorporando certos valores à
sua personalidade e ampliando o seu conhecimento de mundo. (SOLER, 2006)
Para Kishimoto (1999), a brincadeira enquanto manifestação livre e espontânea
da cultura popular tem a função de perpetuar a cultura infantil, desenvolver formas de
convivência social, e permitir o prazer de brincar. Por pertencer a categoria de
experiências transmitidas espontaneamente conforme motivações internas da criança
a brincadeira infantil garante a presença do lúdico, da situação imaginária.
Neste sentido Almeida (1995), diz que a brincadeira simboliza a relação,
pensamento-ação da criança, portanto constitui-se no modelo da expressão da
linguagem (gestual, falada ou escrita).
Nessa dimensão a escola deve com certeza ensinar novos
conhecimentos mais não desprezar os que a criança já possui. Partir do que ela já
conhece é muito mais significativo.
Os jogos devem estar atrelados ao projeto pedagógico, ou seja, o professor
deve ter em mente de onde partir e ainda aonde quer chegar, desenvolvendo os
aspectos sociais, afetivos, motores e cognitivos.
Para Soler (2006), existem muitas razões para o brincar fazer parte de qualquer
projeto sério de educação, pois por meio dele a criança tem a independência
aumentada, sua sensibilidade visual e auditiva é estimulada as habilidades motoras
são trabalhadas a agressividade é diminuída, a imaginação e a criatividade são muito
exercitadas, acontece uma aproximação entre as pessoas e, com certeza, a escola
cumpri o seu papel fundamental, que é o de transformar uma realidade difícil.

O jogo como recurso pedagógico

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O universo é um conjunto infinito de elementos que se relacionam da maneira


mais diversa possível. Por isso é que essa e multiplicidade e variedade o fazem
essencialmente precário, instável e o obrigam a perpétua transformação.
A escola, por sua vez, é também um meio organizado intencionalmente para o
fim expresso de influir moralmente sobre seus membros. Ela é um veículo de
transformação da sociedade e sua meta é fazer com que a criança tenha condições
de crescer e se desenvolver de forma lúdica e consciente visando a sua emancipação
no mundo.
Piaget (1978), diz que “a atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades
intelectuais da criança, sendo, por isso, indispensável à prática educativa”.
É justamente ai que o jogo pode dar sua contribuição, por ele ter um grande
valor como recurso pedagógico servindo para enriquecer o processo
ensinoaprendizagem. Mello (1989, p. 63), afirma dizendo que: ”o jogo é a razão de
ser da infância, da importância vital e condicionadora do desenvolvimento harmonioso
dos corpos, da inteligência e da afetividade”.
A evolução de competências e habilidades via movimentos decorrentes de
atividades lúdicas têm sido reconhecidos como uma das vertentes do processo
educativo da criança.
Le Boulch (1987) ressalta que por meio do movimento se efetivam aquisições,
mudanças de hábitos, ideias e sentimentos. Nessa concepção, destacase o
movimento humano como elemento de formação e transmissão de conhecimentos,
sendo que esta é uma das atividades do processo educacional especialmente da
escola.
A psicomotricidade é definida por José; Coelho (1999, p. 108), como “a
educação do movimento com atuação sobre o intelecto numa relação entre
pensamento de ação, englobando funções neurológicas e psíquicas”.
Na área educacional a abordagem do movimento pode ocorrer de duas formas:
aprendizagem do movimento e aprendizagem pelo movimento. Na primeira, a
abordagem centra-se na melhoria da capacidade e/ou habilidade do movimento em
si, sendo que na segunda, apesar da utilização dos movimentos o núcleo principal

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não se direciona para a melhoria da motricidade mais para o indivíduo afim de que
este conheça a si mesmo e o mundo no qual está inserido. (AGUIAR, 2004)
Nessa perspectiva os jogos são considerados como os fatores relevantes no
desenvolvimento psicomotor e no processo de aprendizagem do domínio social da
criança através dos jogos as crianças exercitam a mente e simultaneamente
desenvolvem a linguagem e os hábitos sociais. Ao lado disso oportunizam a
assimilação e a descoberta dos conceitos existentes no mundo exterior. (DINELLO,
1984).
Vygostky dedicou a sua vida ao desenvolvimento de uma teoria, que
contemplasse a aprendizagem significativa, surgindo, assim, o sócio-interacionismo.
Esta teoria concebe o indivíduo em interação com o meio. Para ele, a escola
tem a tarefa de transformar o atual estado de desenvolvimento do educando,
conduzindo-o a uma elaboração mais aprimorada dos seus conceitos.
O avanço das teorias educacionais, em especial, as que defendem o aluno
como agente do seu processo de conhecimento e que o ensino é despertado pelo
interesse do aluno, passaram a ser um desafio ao desempenho do professor, exigindo
dele novas competências.
É nesse contexto, que o lúdico ganha espaço. Kishimoto (1998, p. 78), diz que
é importante reconhecer que são “inúmeras as conquistas possíveis de serem
alcançadas pelas crianças através do mundo do jogo, entre elas a possibilidade de
autoconhecimento, do conhecimento do outro e do mundo que o cerca”.
Não se podem ignorar as vantagens de uma metodologia em que o lúdico seja
contemplado como recurso facilitador no processo de ensino, uma vez que, através
do ato de brincar a criança é capaz de aprender a respeitar, a refletir, a compreender
a valorizar o outro e a respeitar os seus próprios limites.
Segundo Leif (apud RIZZI; HAYDT, 1986), o jogo apresenta quatro motivos que
levam os educadores a utilizá-los com frequência:
1- O jogo corresponde ao impulso natural da criança, e neste sentido
satisfaz uma necessidade interior, pois o ser humano apresenta uma tendência lúdica.
2- A atitude do jogo apresenta dois elementos que o caracterizam: o fazer
e o esforço espontâneo, como o jogo leva o prazer sua principal característica é a

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capacidade de absorver o jogador de forma intensa e total, criando um clima de


entusiasmo.
3- A situação do jogo mobiliza os esquemas mentais, e sendo uma
atividade física e mental, aciona as funções psicológicas e as operações mentais,
estimulando pensamento.
4- O quarto motivo é decorrente de anteriores, o jogo integra as várias
dimensões da personalidade: afetiva, motora e cognitiva, e à medida que gera
envolvimento emocional, apela para a esfera afetiva.
A ideia de aplicar o jogo a educação difundiu-se principalmente a partir do
movimento da escola nova e da adoção dos chamados “métodos ativos”.
No entanto, esta ideia não é tão nova. Já no século XVII, Rousseau e
Pestalozzi, já difundiam a ideia de que a educação não deveria ser um processo
artificial e repressivo.
Froebel também era partidário dessa ideia, uma vez que o mesmo defendia
uma pedagogia baseada na ação e mais particularmente no jogo. Ele dizia que a
criança, para se desenvolver não devia apenas olhar e escutar, mas agir e produzir.
Existe um rico e vasto mundo de cultura infantil repleto de movimentos de jogos,
de fantasias, quase sempre ignoradas pelas instituições de ensino. Pelo menos até a
4º série do 1º grau, a escola conta com alunos cuja a maior especialidade é
brincar.(FREIRE, 1994, p. 13).
Segundo este mesmo autor, durante o aprendizado há momentos de
imobilidades de momentos de agitação. O ideal é que todas as situações de ensinos
sejam interessantes para o aprendiz. No entanto, como fazem isso ainda é um desafio
tanto para os pedagogos de salas de aulas como para os professores de Educação
Física.
Para Freire (1994, p. 13) “uma coisa é certa: negar a cultura infantil é mínimo
uma das cegueiras do sistema escolar”.
Neste sentido, parece que para a criança o jogo é a coisa mais significativa na
vida, e sendo assim, o jogo nas mãos de um verdadeiro educador constitui-se em um
excelente meio para formar indivíduos, por isso deve-se fazê-los jogar e aproveitar a
força educativa do mesmo.

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Brincando e jogando a criança aplica os seus esquemas mentais à realidade a


cerca, aprendendo-a e assimilando-a.
Os jogos e as brincadeiras propiciam a ampliação dos conhecimentos infantis
por meio da atividade lúdica.
Vygotsky (1988), diz que é enorme a influência do brinquedo no
desenvolvimento de uma criança. É no brinquedo que a criança aprende a agir numa
esfera cognitiva, ao invés de uma esfera visual externa, dependendo das motivações
e tendência internas e não dos incentivos fornecidos pelos objetos externos.
Partindo desse pressuposto, pode-se afirmar que as atividades lúdicas
empregadas com fins pedagógicos, dentro de uma visão histórico-cultural permitem
ao aluno ter contato com uma variedade de situações que irão favorecer seu
desenvolvimento e aperfeiçoar as suas relações sociais.
Essas vivências enriquecem o universo infantil, mas para que seja possível a
realização de um trabalho eficiente tendo a ludicidade como fator-chave, é necessário
que o educador possua a capacidade de conduzir o trabalho em uma perspectiva que
desperte e mantenha o interesse pela atividade que está sendo desenvolvida. A
formação de professores para uma plena e intera reintrodução do jogo na escola pede,
antes de tudo, que eles sejam iniciados em um novo tipo de observação, que ocorre
mais para compreender do que para transformar. Convém, em seguida, torna-los
capazes de abordar o jogo como uma disciplina em si. (OLIVEIRA, 1996, p. 80-1)
Os jogos com fins educativos são instrumentos eficientes se aliadas ao trabalho
pessoal e criativo do educador, para transformar espaço da escola em troca de ideias
e vivências, de expressão lúdica de acordo com a realidade com a qual trabalha,
segundo os interesses e expectativas dos educados, buscando criar condições de
superar os limites, de compreender a complexidade da realidade, de aprimorar sua
capacidade comunicativa e ampliar de forma significativa, sua inserção no espaço em
que vive.
Os conhecimentos advindos de uma interação lúdica, com toda a sua gama de
aspectos afetivos e cognitivos que os caracterizam, têm um valor especial para a
criança pequena, visto que o caráter da genuidade da interação torna-os também mais

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genuínos, pois emergem das possibilidades concretas e virtuais dadas pelos


parceiros. (OLIVEIRA, 1996, p. 43)
Quando os jogos educativos são utilizados como recurso pedagógico com um
fim que não se encerre em si mesmo, eles perdem o caráter do brincar pelo brincar,
pois a sua atenção deve estar voltada para os efeitos e resultados dando prioridade à
aprendizagem. Aqui a atividade lúdica busca interagir com os conteúdos que estão
sendo trabalhados pelo professor funcionando, nesse contexto, como um instrumento
que vai tornar o ensino-aprendizagem uma atividade prazerosa, que facilite o
aprendizado dos alunos em uma perspectiva que este possa pôr em jogo toda a sua
capacidade intelectual nesse processo.

Diferentes enfoques sobre o jogo

As atividades lúdicas podem contribuir significativamente para o


desenvolvimento intelectual, motor e afetivo-social da criança, fazendo-a ter vontade
de aprender mais, pois além do jogo ser educativo, este proporciona momentos de
alegria, prazer, fantasia e descontração
 Friedman (1996, p. 11) nos faz está análise da seguinte forma:
 Sociológico: a influência do contexto social no qual os diferentes grupos de
crianças brincam;
 Educacional: contribuição do jogo para o desenvolvimento e aprendizagem das
crianças;
 Psicológico: o jogo como meio para compreender melhor o funcionamento da
psique, das emoções e da personalidade dos indivíduos;
 Antropológico: a maneira como o jogo se reflete, em cada sociedade, os
costumes e a história das diferentes culturas;
 Folclórico: analisando o jogo como expressão da cultura infantil através
das diversas gerações e de como é transmitido através dos tempos. O jogo é
fundamental na formação do ser humano e possui uma grande importância como
elemento educacional, pois segundo Friedman (1996, p. 66), o jogo desenvolve
algumas dimensões tais como:

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 O desenvolvimento da linguagem: a linguagem é uma forma de se comunicar


e se expressar, um meio, portanto de interagir socialmente;
 O desenvolvimento cognitivo: o jogo dá acesso a um maior número de
informações;
 O desenvolvimento afetivo: o jogo dá oportunidade da criança expressar seus
afetos e emoções;
 O desenvolvimento fisco-motor: a interação da criança com ações motoras,
visuais, táteis e auditivas sobre os objetos do seu meio é essencial para o
desenvolvimento integral;
 O desenvolvimento moral: a construção das regras cria uma relação de
respeito com o adulto e com outras crianças.

Classificação dos jogos

Os jogos podem ser classificados em diferentes formas. Teixeira (1997, p. 34),


classifica os jogos de três formas, de acordo com suas finalidades e maneiras de jogar:
Sensoriais – são aquelas que ajudam a desenvolver os sentidos. Ex: cabra-
cego, pois neste jogo o sentido da audição é essencial;
Raciocínio – desenvolve o raciocínio, ex: xadrez, palavras cruzadas entre
outros;
Motoras - é aquelas que exigem a participação de todo o corpo, mais
dependem principalmente dos músculos, ex: pega-pega;
Para Machado (1986, p. 85), os classificam-se das seguintes formas:
Grande jogo ou desporto - realizado com as equipes e com regras
internacionais e longa duração;
Pequeno jogo de curta duração e de poucas regras - as regras dos jogos
variam de um lugar para outro, segundo os costumes do local. São jogos
motores ativos que convém a todas as crianças menores;
Jogos dirigidos – apresentam características educativas e são orientados
pelo professor. São submetidos a regras e cumprimentos, havendo mais

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respeito aos direitos do companheiro, obedecendo a uma sequência normal do


seu processo do desenvolvimento e crescimento;
Jogo livre – são jogos escolhidos livremente pelo interesse do grupo;
Jogos individuais – os jogadores agem sem companheiros. Esta forma de
jogo é própria das crianças pequenas entre dois a seis anos de idade;
Jogos coletivos – são aqueles em que a presença do companheiro é de
fundamental importância.
Claparede e Groas (apud RIZZI; HAYDT, 1986, p. 10) adotam como critério
classificatório a função, e dividem os jogos em duas grandes categorias, que
comportam várias subdivisões:
1. Jogos de experimentação ou jogos de funções gerais.
 Jogos sensoriais (assobio, gritos, etc.);
 Jogos motores (bolas, corridas, outros);
 Jogos afetivos (amor e sexo);
 Jogos intelectuais (imaginação e curiosidade);
 Exercício de vontade (sustentar uma posição difícil o máximo de tempo
possível).
2. Jogos de funções especiais
 Jogos de luta, perseguição, cortesia, imitação, jogos sociais e familiares;
Jean Piaget (apud RIZZI; HAYDAT, 1986, p. 11), também se dedicou à
elaboração de uma classificação de jogos, tendo utilizado anteriormente, os seguintes
procedimentos:
 Observação e registro dos jogos praticados pelas crianças em casa, na
escola e na rua, tentado relacionar o maior número dos jogos infantis;
 A análise das classificações já existentes e aplicações dessas
classificações conhecidas à relação de jogos coletados;
 Tendo adotando como critério classificatório o grau de complexidade
mental, Piaget verificou que existem basicamente três tipos de
estruturas que caracterizam os jogos: o exercício, simbólico e de regras.
A partir dessas premissas, ele distribuiu os jogos em três grandes categorias,
cada uma delas correspondendo a um tipo estrutura mental.

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1- Jogo de exercício sensório motor;


2- Jogos simbólicos (de ficção ou imaginação e de imitação); 3- Jogos de
regras.

As três classes de jogos (exercício, simbólico e regras) correspondem às três


fases do desenvolvimento mental ou cognitivo.
Chateau (1987), afirma que há uma ordem de aparecimento dos jogos, como
fez Piaget. Esses estágios incluem: jogos funcionais da primeira infância; jogos
simbólicos que aparecem pouco antes dos três anos; jogo de proezas que cobrem
principalmente os primeiros anos da escola primaria; jogos sociais que se organizam
mais no fim da infância.

A IMPORTÂNCIA PEDAGÓGICA DO JOGO NA APRENDIZAGEM DOS


ESPORTES

A escola deve ser um veículo de transformação da sociedade. Sua função é


contribuir junto a outras instâncias da vida social para a efetivação das mudanças.
Nesse sentido, a educação deve privilegiar o contexto socioeconômico e cultural,
reconhecendo as diferenças existentes entre os indivíduos, considerando e
valorizando suas experiências de vida.
Cabe a escola propiciar a todos os educandos um desenvolvimento integral e
dinâmico abrangendo os aspectos cognitivo, afetivo, linguístico, social, moral e físico-
motor. Para o alcance desse objetivo tem fundamental importância a utilização dos
jogos/brincadeiras no contexto educacional escolar.
Segundo Friedman (1996, p. 45): Trazer o jogo para dentro da escola é uma
possibilidade de pensar a educação numa perspectiva criadora, autônoma,
consciente. Através do jogo, não somente abre-se uma porta para o mundo social e
para a cultura infantil como se encontra uma rica possibilidade de incentivar o seu
desenvolvimento.

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O lúdico na educação física escolar

Entretanto, não deve ser priorizada a ideia de se utilizar o jogo como recurso
de ensino de esporte como alternativa didática única, mas sim utilizá-lo de forma mais
consciente, associando-o à natureza prazerosa e lúdica das crianças e adolescentes.
De acordo com Escobar (2005), os jogos e os esportes estão passando por um
dos desafios mais importantes de sua trajetória histórica, isto é, atender à nova
realidade política de inclusão.
A educação inclusiva hoje, caracteriza-se como uma proposta de aplicação
prática na área de educação em âmbito mundial designado de inclusão social, sendo
proposta como um novo paradigma. Esse movimento está vinculado à construção de
uma sociedade democrática, na qual todos conquistam sua cidadania.
Os jogos e as brincadeiras são ações culturais cuja intencionalidade e
curiosidade resultam em um processo lúdico, autônomo criativo, possibilitando a
reconstrução de regras, diferentes modos de lidar com o tempo, lugar, materiais e
experiências culturais, isto é, o imaginário (PROJETO ESCOLA, 2004).
O jogo, a brincadeira, para além do prazer, da satisfação é entendida como
instante de reconhecimento do homem como produtos de história. Dessa forma,
entende-se que brincar é uma invenção humana “um ato em que sua intencionalidade
e curiosidade resultam num processo criativo para modificar, imaginariamente, a
realidade e o presente”. (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 65)
O esporte do ponto de vista pedagógico busca propor aos alunos vivências
motoras de forma lúdica, sem que o aluno fique carregado de gestos técnicos
acompanhados de movimento automatizados.
Kunz (1996) ao abordar o tema rendimento no esporte, afirma que vivemos
numa sociedade de rendimento, que a escola assenta suas bases de ensino na
questão do rendimento. Elucida que os princípios de rendimento são a concorrência
e a competição, pressupondo superação/exploração do homem pelo homem tendo
como consequência, vencedores (sempre uma minoria) e vencidos (sempre a
maioria), implicando desta forma em injustiça social e humana. Pontua que se ouve
falar em espore de rendimento que as sociedades industriais modernas suscitam.
Dialeticamente, Kunz (1996) não nega, mas muda o enfoque como algo
obrigatório para algo necessário. Assim, refaz o conceito naquilo que poderia ser outra

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forma de rendimento escolar que conduza os jovens a desenvolver suas


determinações, a capacidade crítica e de juízo de valor e, finalmente, o
desenvolvimento da criatividade do aluno.
Para o autor supracitado é necessário saber trabalhar o esporte de forma a
torná-lo meio de desenvolvimento críticos e solidários e não de exclusão daqueles tido
como menos habilidosos.
O jogo pode vir a ser uma proposta interessante e tratar do esporte como
apresenta Kunz (1994), isto é, ensinando de maneira prazerosa e inovadora. Nesse
sentido, observa-se que na escola o jogo, pelo prazer de jogar, vem acompanhado de
intencionalidades.
Portanto, o jogo na escola, em suas intenções político-pedagógicos necessita
ser previamente planejado e flexível quanto às regras. Pois, sabe-se que em sua
essência, o jogo/brincadeira vem carregado de riquezas que podem perfeitamente ser
vivenciadas pelos alunos dentro da cultura corporal do movimento.
A Educação Física estuda o movimento corporal e constitui conhecimento
significa sobre sua existência. A compreensão do ser humano e de seu processo
civilizatório, assim como a leitura das relações sociais, inclui a vivencia e a reflexão
acerca do movimento corporal como produção cultural historicamente elaborada.
A educação física tem no jogo/brincadeira um dos um dos seus conteúdos
clássicos que permitem desenvolver uma educação baseada em um processo lúdico
e criativo, o qual permite modificar imaginariamente a realidade como processo
educativo.
Os jogos/brincadeiras devem ser para a criança uma distração, uma diversão,
um desejo de descobrir o verdadeiro sentido de jogar com e não contra.
Por esse motivo, parte-se do entendimento de que é brincando e jogando que
a criança ordena o mundo a sua volta, assimilando experiências e informações e,
sobretudo, incorporando atividades e valores.
Durante as aulas de Educação Física, o professor deverá propor para seus
alunos novas maneiras de “jogar/brincar”, exercitando assim, a criatividade dos menos
habilidosos, uma vez que não se nasce com ela, mas que pode ser ensinada e o

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O lúdico na educação física escolar

espaço da Educação Física é um dos espaços privilegiados para se trabalhar essas


características humanas.
Para Kunz (1996, p. 43): “a escola deve, é claro, ensinar novos conhecimentos,
mas não pode desprezar os que a criança já possui. Parte do que ela já conhece é
muito mais significativo”. Esse mesmo autor enfatiza que num simples jogo de pega-
pega, estamos trabalhando muitos aspectos importantes para a formação integral da
criança, pois exercita, nesse jogo, o deslocamento, a mudança de direção, a saída
rápida, a parada brusca, a agilidade, enfim, tudo o que precisará no futuro para usar
em sua prática ou se pretender ser um atleta. (SOLER, 2006, p. 44)
Em alguns jogos, percebe-se uma prática envolvendo todas as características
dos jogos cooperativos, pois estes servem para unir as pessoas em busca de um
desafio coletivo. Como exemplo, cita-se, o cola-ajuda que vem ser uma variação do
pega-pega, arranca rabo, a rede humana, jogos de pega, que podem se usados
bastante nas aulas de Educação Física, principalmente na que se refere à iniciação
dos esportes, desta forma, o “esporte” poderá ser visto em perspectiva
transformadora, ou seja, tendo como um novo paradigma.
Soler (2006, p. 110), diz que são atividades que tentam através dos jogos
diminuir as manifestações de agressividade, promovendo boas atividades, tais como:
sensibilização, amizade, cooperação e solidariedade, facilitando o encontro como
outros que jogam e os objetivos coletivos predominam sobre os objetivos individuais.
Para Friedman (1996, p. 56), trazer o jogo para dentro da escola, é uma
possibilidade, de pensar na educação numa perspectiva criadora, autônoma,
consciente. Através do jogo, não somente abre-se uma porta para o mundo social e
para a cultura infantil, como se encontra uma rica possibilidade de incentivar o seu
desenvolvimento.
Alves (apud AGUIAR, 2004, p. 27) contribui com esta afirmação quando diz que
“analisando o jogo no processo de aprendizagem, a inteligência gosta de brincar e
que é brincando que se aprende. Para ele, a brincadeira é o tônico para a inteligência”.
Para Escobar (2005, p. 63), por essa razão não podemos diante da política de
inclusão continuar ensinando os mesmos conhecimentos para todas as pessoas como
e elas fossem iguais. Os jogos e esportes estão passando por um dos desafios mais

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O lúdico na educação física escolar

importantes de sua trajetória histórica, isto é, atender à nova realidade política de


inclusão.
Assim, a política social das últimas décadas foi de fomentar a inclusão. Desse
modo, justifica-se a necessidade de escolas devem reconhecer as diferentes
necessidades dos alunos e a estas atender, adaptando estilos e ritmos de
aprendizagem ou assegurando a qualidade de ensino. (CARVALHO, 1997)
A educação inclusiva caracteriza-se como uma proposta de aplicação prática
na área de educação em âmbito mundial designada de inclusão social a qual é
proposta como um novo paradigma. Nesses movimentos todos conquistam sua
cidadania e a diversidade é respeitada. (SASSAKI, 1997)
Tais fatores de fundamental importância para o desenvolvimento das atividades
da Educação Física, visto que para o desempenho das mesmas, exigem-se decisões
quanto ao ambiente e condições ambientais o que implica em independência. Por
outro lado, a pessoa ou o grupo necessita usar todo seu potencial para fazer escolhas,
tomando controle de sua vida, bem como devemos ser dados oportunidade de
acessos iguais a todos. Igualdade de oportunidade desde o direito de ir e vir com
independência.
Assim a natureza dos jogos/brincadeiras não é discriminatória, pois implica de
si e do outro, traz possibilidades de lidar com os limites como desafios e não como
brincadeiras.
Portanto, trabalhar jogos/brincadeiras, dentro dos esportes traz bastante
satisfação, pois dessa maneira todos têm os mesmos direitos, há uma conexão entre
todos os participantes, o jogo aparentemente para muitos não serve para nada, mas
se jogá-lo, ganhará em memória.
A Educação Física escolar deve garantir ao aluno a superação de dificuldades
para assimilação desses conteúdos, deve propiciar incentivo para que ele caminhe na
direção do ato de conhecer, deve servir para que ele viva melhor, desfrutando de uma
vida de qualidade. (DE MARCO, 2006)
O profissional de Educação Física segundo De Marco (2006, p. 83) deve
proporcionar condição para criação e manutenção desse hábito, buscando respostas
para os sentidos dos movimentos, das motivações, procurando entender os porquês

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da ação de jogar ou de praticar esportes, bem como a razão de essas práticas, em


seus mais variados sentidos, terem se concretizado em determinadas culturas em
determinadas épocas.
Daí a importância na preparação dos futuros professores de Educação Física,
no desenvolvimento da capacidade de observar movimentos de crianças, de ver como
elas tentam trabalhar suas habilidades em constantes desafios, procurando associar
essa observação à criação de hábitos que poderão ser utilizadas futuramente, pois a
escola é o espaço adequado para a democratização das oportunidades.
O jogo em seu bojo uma gama de possibilidades para aprendizagem dos
esportes. Nesse sentido, as aulas de Educação Física são vistas em uma dinâmica
didático-pedagógico que envolve a vivencia lúdica e reflexiva em práticas
relacionadas a jogos/brincadeiras, afim de fomentar outros conteúdos, tais como:
esporte, ginástica, lutas e danças.
Percebe-se ainda, que papel da Educação Física escolar não é oferecer
técnicas apuradas em treinamento de modalidades esportivas, por isso os conteúdos
esportivos devem ser explorados como ricas experiências de movimentos, não se
deve focalizar no ambiente escolar, apenas os gestos técnicos, mas priorizar,
movimentos que não estão próximos da perfeição técnica dessas modalidades
competitivas, mas que fazem parte do processo de aprendizagem do conteúdo como
meio de compreensão do mesmo. Isto gera oportunidade atendendo aos diferentes
níveis de capacidade motoras dos alunos (MOREIRA, 2006).
No entanto, é preciso que se tenha cuidado com o “esporte”, pois a
aprendizagem é muito mais do que realizar gestos técnicos, o educador deve ser
medidor deste processo levando as crianças a experimentar diferentes maneiras para
aprendizagem dos esportes através dos jogos/brincadeiras.
Os jogos cooperativos como elemento importante para a prática dessas
atividades, uma vez que podem ser então, concebidos são jogos em que os
participantes jogam um com os outros, em vez de uns contra os outros, são jogos de
com partilhar, a superar desafios.

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O lúdico na educação física escolar

Soler (2006, p. 116), afirma que: “[...] Reforçam a confiança mútua e todos
podem participar autenticamente. Ganhar e perder são apenas referências para
contínuo aperfeiçoamento pessoal e coletivo”.
Dentro da defesa federal pode-se destacar com mais especificidade, a
importância do esporte no conteúdo escolar e também os Parâmetros Curriculares
Nacionais (BRASIL, 1997), os quais indicam que os jogos e as atividades de ocupação
de espaço devem ter lugar de destaque como conteúdo da Educação Física, pois
proporcionam inúmeras possibilidades aos educandos, desde uma simples
movimentação individual o em grupo, até a construção de representações mentais
mais acuradas. (SOLER, 2006)
Dessa forma percebe-se que nos jogos/brincadeiras as crianças participam e
extravasam suas energias. O mais interessante é que através desta possibilidade de
ensino, o “esporte”, é ensinado de forma tão prazerosa, que muitas das vezes elas
nem percebem que aquele jogo é de fundamental importância para a aprendizagem
de um determinado fundamento, tais como: toque, saque, arremesso, passe entre
outras.
Assim, todos participam sem discriminação, havendo inclusão, e o respeito
entre os participantes acontece de forma lúdica, tornando-os mais solidários e
conscientes dentro do processo ensino-aprendizagem.

O LÚDICO COMO ESTRATÉGIA DE ENSINO NAS AULAS DE EDUCAÇÃO


FÍSICA

A educação física é uma disciplina que tem como objeto de estudo a cultura
corporal do movimento, e embora ainda haja uma ideia no senso comum de que esta
seja tratada com certo descaso na educação, pode contribuir muito para o
desenvolvimento dos educandos, uma vez que as atividades físicas têm grande
prestigio na primeira infância.
O brinquedo tem um amplo valor na educação infantil, por isso cabe ao docente
de educação física desenvolver estratégias para utilizar isso a seu favor e também de

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O lúdico na educação física escolar

seus alunos, sendo que o lúdico pode ser um ótimo aliado para alcançar seus
objetivos educacionais.
A educação infantil tem como objetivo o desenvolvimento integral da criança,
abrangendo os aspectos físico, psicológico, intelectual e social (art. 29 da LDB), e
assim proporcionar a criança um ambiente de bem-estar, propondo atividades que
contribuam para despertá-lo na sua curiosidade e espontaneidade (BORGES, 1998).
O profissional de educação física tem a responsabilidade de ser um estudioso
da ação corporal (FREIRE, 1992), e utilizar os mais variados e criativos instrumentos
cabendo a ele apenas encontrar a melhor forma de ministrar suas aulas (SOUZA,
2007).
Segundo Santos (2006) o profissional de educação deve ter conhecimento
sobre os benefícios que as atividades lúdicas podem proporcionar aos educandos,
para dessa forma transformar o ensinar e o aprender em experiências de prazer
alegria e criatividade.
De acordo com D’Ávila (2006) a palavra lúdica conceitua-se sobre a ideia de
prazer que consiste no que se faz, sendo que tem ganhado um espaço muito
importante entre profissionais de várias áreas, por sua relação com a realidade Sócio-
econômica, política e cultural, que definem o mundo contemporâneo.
O mesmo autor diferencia ludicidade de atividade lúdica, compreendendo a
primeira como a vivência realizada de forma plena de cada momento, entregando-se
e envolvendo-se com ele, e atividades lúdicas como conteúdo, métodos criativos que
venham para encantar o ensinar e o aprender.
Soares e Porto (2006) definem atividades lúdicas como a expressão que se
refere aos jogos, às brincadeiras, às festas, sendo que a utilização das mesmas de
acordo com Vieira (2007) pode tornar a aprendizagem mais atraente emotivante.
Uma vez que o trabalho com jogos e brincadeiras é de relevância para o
desenvolvimento do ser humano, pois atuam como forma de representação do real
através de situações imaginárias, cabendo a escola fomentar e criar as condições
apropriadas para a sua vivência (DCEs, 2008).
De acordo com Vas, et al (2002) as brincadeiras são expressões miméticas que
possuem grandes privilégios na infância, caracterizam-se por momentos organizados

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O lúdico na educação física escolar

no qual a criança vê o mundo compreendendo, relembrando, contestando e


dramatizando adquirindo assim experiência.
O papel dos professores de educação física na educação infantil se diferencia
dos demais, pois o seu foco está na comunicação, interação, compreensão e
desenvolvimento da criança por meio do movimento espontâneo (FALKENBACH,
2006).
Atuando como docente de educação física na educação infantil é comum nos
depararmos com o grande estranhamento dos educandos ao chegar à escola, pois
até então o universo em que eles estavam inseridos era reduzido apenas ao acolhedor
e seguro lar, no qual estavam acostumados a brincar o dia todo.
O lúdico como estratégia de ensino nas aulas de educação física pode ser um
grande aliado no processo de ensino e de aprendizagem dos alunos, principalmente
se tratando da educação infantil, que é uma fase na qual as crianças movimentam-se
intensamente buscando desvendar o mundo que os cerca.
O lúdico está associado a jogos, brincadeiras, interesse, prazer, ajuda a
desenvolver a criatividade e proporciona bem-estar aos educandos. Cabe ao
profissional de educação física utilizar a ludicidade como meio para desenvolver
inúmeras capacidades em seus alunos para que o processo de ensino e de
aprendizagem aconteça de forma espontânea, divertida e principalmente significativa.
Segundo Bandeira (2001) é comum encontrar praticas pedagógicas que
deixam o lúdico em segundo plano, e objetiva unicamente um ambiente de ordem,
sendo que para isto impõem as crianças restrições posturais, mantendo-as, por
exemplo, sentadas e quietas por longos momentos, e qualquer movimento ou
deslocamento é visto como desordem ou indisciplina. O mesmo autor destaca que os
jogos e as brincadeiras demonstram a cultura corporal de cada grupo e que entender
o caráter lúdico que se manifesta nas crianças, pode ser um fator muito importante
para que o professor organize sua pratica de maneira significativa e abrangente.
Diante disso, buscou-se demonstrar a importância do brincar e de se educar
com ludicidade, observando quais os benefícios e as contribuições para o educando.
O referencial teórico no primeiro tópico analisou os jogos, brinquedos e
brincadeiras dentro de um contexto lúdico e sua relevância no desenvolvimento dos

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educandos de forma que proporcione um trabalho de qualidade e uma aprendizagem


significativa na Educação Infantil.
No segundo tópico analisou-se o brincar, bem como o papel da educação física
no desenvolvimento infantil e a importância do trabalho com o lúdico na sua atividade
pedagógica.
No terceiro tópico foi apresentada uma discussão acerca da educação e a
ludicidade, contemplando as contribuições que o trabalho com o lúdico pode
proporcionar no desenvolvimento e no ensino aprendizagem das crianças.
Dessa forma, o trabalho mostrou algumas contribuições do lúdico como
estratégia de ensino nas aulas de educação física ressaltando que o profissional de
educação física tem um importante papel em suas aulas para que a aprendizagem
aconteça de forma satisfatória e prazerosa.

A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR E AS SUAS CONTRIBUIÇÕES COM O


LÚDICO

As brincadeiras estão presentes nas vidas das crianças, com diferenciações


em diversos tempos e culturas, porém tem um grande destaque em relação ao
desenvolvimento da aprendizagem das crianças na Educação Infantil, sendo que esta
é uma ação considerada natural na vida delas, fazendo parte do dia a dia, e da sua
rotina, além de propor prazer e alegria (FRIEDMANN, 1996).
O autor complementa afirmando que “as brincadeiras são universais, estão na
história da humanidade ao longo dos tempos, fazem parte da cultura de um país, de
um povo” (FRIEDMANN, 1996, p. 69).
[...] O brincar atualmente é uma ação considerada lúdica no qual trabalha na
criança seu desenvolvimento cognitivo, motor, social e afetivo, principalmente por ser
uma ação no qual proporciona a socialização e interação com outras crianças, ou seja,
ela aprende brincando, se divertindo, pois, a brincadeira proporciona as crianças uma
aprendizagem alegre e prazerosa (FRIEDMANN, 1996, p. 71).

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Os jogos, brinquedos e brincadeiras fazem parte do lúdico, ou seja, tudo que


se proporcionam as crianças por meio de atividades práticas e ativas, sendo
considerada uma ação espontânea, prazerosa e adequada a qualquer criança.
A brincadeira valoriza o espaço e cabe ao professor utilizar o lúdico como forma
de facilitação da construção da aprendizagem, pois além de possibilitar o
reconhecimento da identidade, despertar a autonomia, proporcionar um ambiente
repleto de estímulos, alegria e diversão, desenvolve muitas habilidades, podendo ser
considerando um local transformador.
Conforme contexto histórico as brincadeiras existem desde o século IV
a.C na Grécia, além da Odisseia de Ulisses e o quadro jogos infantis de Pieter Brughel,
pintor do século XVI. Nessa tela, de 1560, são apresentadas cerca de 80 brincadeiras
que ainda hoje estão presentes em diversas sociedades (WAJSKOP, 2007).
A autora complementa ainda falando que as brincadeiras antigamente
eram utilizadas com o objetivo de ensinar, apenas tempos depois se definiu a
brincadeira como uma forma de prazer e de ensino simultaneamente, mas mesmo
assim ainda não a definindo completamente (WAJSKOP, 2007).
De acordo com Vasconcellos (2005, p. 78), “ação de brincar proporciona as
crianças o desenvolvimento de uma aprendizagem que valoriza a criatividade, os
valores, a vontade de aprender como um ser integral”, destacando-se na pré-escola.
[...] a pré-escola, nesse caso, é um recurso benéfico, enquanto se propõe a ser
um ambiente intermediário, entre o lar e a escola, no período de vida em que a
personalidade começa a se formar. Cabe ao professor proporcionar um ambiente
agradável que facilite a adaptação da criança, nesse primeiro contato com a escola,
demonstrando que gosta dela e se interessa por ela, uma vez que a transição dá um
impacto muito grande e, por isso mesmo, exigirá, tanto do professor como dos pais,
grande compreensão e paciência (BORGES, 1987, p. 3).
De acordo com Kishimoto (1994, p. 7), “... quanto mais se permite à criança
explorar, mais ela está perto do brincar”. Assim a autora completa dizendo que o
brinquedo deve ser entendido como objeto, brincadeira como a descrição de uma
conduta estruturada com regras e jogo infantil para definir tanto o objeto quanto as
regras do jogo da criança.

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Para Kishimoto (2005, p. 16) “o jogo ou a brincadeira é o resultado de um


sistema linguístico que funciona dentro de um contexto social, com um sistema de
regras e um objeto”. A autora ainda diz que o jogo pode ser definido como uma ação
que depende de uma linguagem, de fatos, atitudes, manipulação da realidade
sustentando os desejos, a imagem, e que mesmo assim dependendo da época ele
tem a necessidade de ter um significado específico.
Quando a criança brinca, ela não está preocupada em adquirir conhecimentos
ou desenvolver suas habilidades, mas se trata de uma necessidade que a própria
criança sente de brincar. Kishimoto (2005) diz que o jogo deve ter características como
a lateralidade, satisfação, flexibilidade, a livre escolha, o controle interno, as atitudes,
expressar as experiências, os motivos, interesses e as regras.
Com o passar do tempo, o jogo começou a ter uma definição mais educativa
passou a ser visto como recreação que se denominou ao longo do tempo, como uma
prática de relacionamento que exigia esforço físico, intelectual e escolar (KISHIMOTO,
2005).
Na Idade Média, os jogos tinham como objetivo definir a ética, a moral e os
conteúdos das disciplinas de geografia e de história. No Renascimento, tinha a
finalidade de desenvolver a inteligência e, mais tarde, o jogo passou a ser definido
como uma forma de ensinar matemática, o que era visto por outras pessoas como
uma futilidade.
Explorado na educação, o jogo possibilitou no educando o desenvolvimento
de valores, práticas, a recuperação de brincadeiras antigas como, por exemplo, jogo
de cartas, entre outros. Assim, Kishimoto (2005, p. 30) define o jogo como “uma ação
direcionada à infância enquanto no Renascimento como uma conduta típica e
espontânea da criança”.
Kishimoto (2005, p. 15), afirma que “[...] nem sempre é possível elaborar uma
definição de jogo que englobe a multiplicidade de suas manifestações concretas,
todos os jogos possuem peculiaridades que os aproximam ou distanciam”.
Para o estudioso, o jogo está ligado ao sonho, à imaginação, ao pensamento e
ao símbolo. É uma proposta para o trabalho desenvolvido com as crianças do
maternal, jardim da infância, com base nos jogos e nas linguagens artísticas.

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Segundo seus conceitos o homem é como um ser simbólico, que se constrói


coletivamente e cuja capacidade de pensar está ligada à capacidade de sonhar,
imaginar e jogar com a realidade é fundamental para propor uma nova "pedagogia da
criança", assim para Kishimoto (2005) o jogo é como gênese da "metáfora" humana,
o que nos torna realmente humanos.
De acordo com o referido autor “[...] é preciso compreender qual a diferença
existente entre os jogos e as brincadeiras”. Em primeiro lugar é necessário reconhecer
a linguagem, a expressão, no qual a criança consegue jogar e brincar relacionando
com ações diárias de sua realidade, em seguida qualquer jogo ou brincadeira
possuem regras, que devem ser seguidas.
Friedmann (1996) refere-se à brincadeira como uma ação de brincar e ao
comportamento espontâneo, jogo trata-se de uma brincadeira que envolve regras e
brinquedo uma atividade lúdica, que abrange de forma mais ampla, os conceitos
anteriores, que resulta de uma ação divertida e prática.
De acordo com França (1990, p. 89): [...] A brincadeira pressupõe ação e
reflexão, pois não se limita ao simples agir. É preciso imagens e sons que possam
trazer para o mundo da ficção atividades desenvolvidas na vida real, permitindo que
a criança possa lidar com os jogos e brincadeiras de forma representativa.
Através da brincadeira as crianças se relacionam com o outro, descobrem o
mundo, aprendem, crescem e se desenvolvem com qualidade e saúde, estimula a
criatividade, sensibilidade e a interação.
O jogo tem seu espaço e tempo, sendo uma sequência própria da brincadeira.
Nesse sentido, os jogos possuem características importantes e
fundamentais, nos quais pode citar: possui a ação da própria realidade sobre o jogo,
proporciona prazer, estimulam os aspectos corporais, cognitivos, mentais e sociais, a
criança muitas vezes brinca com naturalidade, liberdade e espontaneidade, não se
preocupa com os resultados, apenas quer brincar e se divertir (KISHIMOTO, 2005).
Rego (1995, p. 33) relata que: [...] os jogos nem sempre podem ser uma
atividade prazerosa, porque existem muitas atividades que proporcionam à criança
maiores experiências de prazer, como é o caso, muito concreto, de sugar uma “teta”;
em segundo lugar, porque entende que existem jogos em que a atividade não é

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prazerosa em si mesma, como é o caso dos jogos que unicamente produzem prazer
se a criança obtém um resultado interessante.
As brincadeiras e os jogos contribuem para o processo de socialização das
crianças, oferecendo-lhes oportunidades de realizar atividades coletivas livremente,
além de ter efeitos positivos sobre o processo de aprendizagem e estimulo da
aquisição de novos conhecimentos.
O brincar é visto como importante para o desenvolvimento social e emocional
da criança, sendo que estão diretamente ligados ao desenvolvimento social,
emocional, moral e intelectual (KISHIMOTO, 2005).
De acordo com Vigotsky (1984) é através da brincadeira que a criança vende
seus desafios e limites, experimenta experiências novas independente de sua idade
e realidade a qual está inserida, proporcionando seu desenvolvimento integral e de
sua consciência.
O autor complementa ainda afirmando que: [...] brincando a criança é capaz de
satisfazer as suas necessidades e estruturar-se à medida que ocorrem
transformações em sua consciência. Através da imaginação a criança se liberta de
sentimentos que a oprimem, de limites, convenções e exigências impostas pelo
mundo que a rodeia (VIGOTSKY, 2000, p. 66).
Esta ação de brincar ainda proporciona á criança habilidades de resolver
situações problemas buscando soluções de acordo com as necessidades
estabelecidas, além do desenvolvimento cognitivo, afetivo, motor, autoestima,
raciocínio, socialização e interação, por fim facilita o aprendizado e estimula o respeito
às regras e limites.
A brincadeira desenvolvida em ambiente escolar propícia o desenvolvimento
intelectual do aluno, uma vez que pode e deve ser trabalhada em todas as disciplinas.
Quando a escola trabalha com o lúdico promove as crianças uma
aprendizagem prazerosa, o aluno consegue conhecer a si mesmo, suas relações
emocionais, o corpo, no qual o brincar para ela é um processo utilizado para seu
desenvolvimento com prazer.
O brincar, com o passar do tempo, teve seus objetivos alterados, ou seja,
tornou-se uma ação que aos poucos acabou sendo desvalorizada e deixada de levar

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O lúdico na educação física escolar

a sério, passando a não ser mais considerado algo essencial no desenvolvimento da


criança.
Porém é por meio da brincadeira que a criança constrói sua identidade, pois
ao brincar ela atua sobre a própria realidade, traduzindo seu dia a dia através deste
ato, comunicando-se com o mundo ao seu redor, dando lugar ao imaginário e à
criatividade, conforme veremos mais detalhadamente no capítulo posterior. Pode-se
afirmar que a brincadeira se caracteriza como uma ação que se une a realidade da
criança e supre suas necessidades, como os desejos, mas não somente isso, pois
Kishimoto (2005, p. 37) diz que a brincadeira tem uma função educativa, dividindo-se
em lúdica e educativa. Na função lúdica, “o brinquedo propicia diversão, prazer e até
desprazer, quando escolhido voluntariamente” na função educativa “o brinquedo
ensina qualquer coisa que complete o indivíduo em seu saber, seus conhecimentos e
a sua apreensão do mundo”.
Por meio da brincadeira é possível explorar e construir o conhecimento, de
informações e esta concepção tem se espalhado ainda mais com o espaço importante
que a Educação Infantil conquistou e vem conquistando, transpondo a ideia de creche,
na qual o foco principal é o cuidado e o assistencialismo, passando para um ambiente
de educação, no sentido integral do ser humano (KISHIMOTO, 2005).
De acordo com Negrine (1994, p. 41), o brincar pode ser destacado em
diferentes situações de desenvolvimento como, por exemplo: [...] a) as atividades
lúdicas possibilitam fomentar a "resiliência", pois permitem a formação do
autoconceito positivo;
b) As atividades lúdicas possibilitam o desenvolvimento integral da criança,
já que através destas atividades a criança se desenvolve afetivamente, convive
socialmente e opera mentalmente.
c) O brinquedo e o jogo são produtos de cultura e seus usos permitem a
inserção da criança na sociedade;
d) Brincar é uma necessidade básica assim como é a nutrição, a saúde, a
habitação e a educação;
e) Brincar ajuda a criança no seu desenvolvimento físico, afetivo, intelectual
e social, pois, através das atividades lúdicas, a criança forma conceitos, relaciona

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O lúdico na educação física escolar

ideias, estabelece relações lógicas, desenvolve a expressão oral e corporal, reforça


habilidades sociais, reduz a agressividade, integra-se na sociedade e constrói seu
próprio conhecimento.

Na brincadeira, a criança representa o mundo em que está inserida, tendo


liberdade para transformá-lo de acordo com as suas fantasias e vontades, com isso
solucionando problemas, além de interagir com o meio, a cultura, os valores, as
relações e os papéis sociais por meio do jogo e assim constrói sua personalidade,
conhecendo a si mesmo e a realidade que a cerca.
Assim o brincar possibilita a criança construir sua identidade e individualidade,
além de aprender comportamento, diversas culturas, formação da motricidade e
controle próprio e consciente dos movimentos principalmente em idade pré-escolar
que é quando as crianças utilizam a brincadeira como forma de aprendizagem.
Pode-se dizer que a brincadeira é uma linguagem natural das crianças que se
inicia desde o seu nascimento de forma que ao longo do seu crescimento vai tomando
proporções diferenciadas, ou seja, a brincadeira vai aos poucos tendo objetivos e
resultados diferentes conforme a faixa etária das crianças, tornando-se essencial.
Segundo Freire (1992), todas as pessoas têm uma concepção das
características de uma criança, sendo a principal delas a intensidade motora e a
fantasia.
A educação infantil pode ser concebida como a ponte entre o lar e a escola,
local na qual a personalidade começa a se formar, por isso a mesma deve contemplar
todas às necessidades da criança (BORGES, 1998), ou seja, o indivíduo que
estabelece contato com o outro e com o mundo a sua volta, buscando melhorar seus
aspectos motores e intelectuais, consequentemente se beneficiará desse meio,
incorporando dessa forma as experiências vividas (SOUZA, 1999).
Segundo Freire (1992) a cultura infantil é rica em movimentos, jogos e fantasias
que muitas vezes são esquecidos pelas escolas, e nem a educação física que deveria
ser especialista em atividades lúdicas leva isso em consideração.
Os jogos, cada vez mais, vêm ganhando destaque no desenvolvimento físico,
intelectual e social e o seu uso é favorável pelo contexto lúdico, proporcionando a

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O lúdico na educação física escolar

criança domínio de si, criatividade e firmação da personalidade (SALOMAO; MARTINI;


JORDÃO, 2007).
Toda criança sem exceções brinca e é por meio da brincadeira que elas se
organizam e interagem com o meio físico e social, é fato que o lúdico é muito
importante no desenvolvimento da criança uma vez que estimula a sociabilidade e a
inteligência, sendo que as mesmas representam através das brincadeiras o seu dia a
dia e consequentemente aprendem brincando (SOARES, 2006).
A ludicidade vem sendo abordada como elemento muito importante não só
dentro das aulas de educação física, mas também no contexto social (LIMA, et al.,
2011). O lúdico este presente na vida do ser humano em todas as fases, sejam elas
na infância, na idade adulta ou na velhice e cabe ao professor proporcionar discussões
e vivencias sobre essa problemática, uma vez que os aspectos lúdicos interferem na
construção da autonomia que é um dos objetivos da escolarização (DCES, 2008).
O ato de brincar é indispensável para a saúde física, emocional e intelectual da
criança, proporcionando a ela eficiência e o equilíbrio para o desempenho futuro,
portanto, os brinquedos têm muita importância para o desenvolvimento e a educação
da criança, proporcionando a ela o valor simbólico, a estimulação da imaginação e a
capacidade de raciocínio (VIGOTSKY, 2000).
Segundo Lima et al. (2011) o brincar possibilita uma experiência prazerosa, e
interessante que pode mediar situações reais e imaginarias, ajudando também os
professores na construção de saberes significativos, onde a criança fica mais
motivada a aprender o que lhe é ensinado.
Brincar é uma atividade universal, encontrada nos vários grupos humanos, em
diferentes períodos históricos e estágios de desenvolvimento econômico.
Evidentemente, as várias modalidades lúdicas não existem em todas as épocas e
também não permanecem imutáveis através dos tempos. Como toda atividade
humana, o brincar se constitui na interação de vários fatores que marcam determinado
momento histórico sendo transformado pela própria ação dos indivíduos e por suas
produções culturais e tecnológicas.
De acordo com Souza (2007) a ludicidade contribui para o aprendizado e deve
estar presente nas aulas de educação física, sendo que pode ser trabalhada por meio

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O lúdico na educação física escolar

dos jogos e das brincadeiras populares que são essenciais principalmente até os seis
anos de idade.
A educação física desempenha um vital papel no desenvolvimento, pois ajuda
no fortalecimento do corpo, manutenção da saúde, proporciona o desenvolvimento de
inúmeras habilidades, auxilia na estruturação da personalidade, para que dessa forma
a criança se desenvolva adquirindo conhecimentos que os preparem para a escola e
a vida (RODRIGUES, 2005).
O lúdico é parte fundamental do aprendizado nas aulas de educação física uma
vez que de acordo com as Dces, (2008) o aluno se torna capaz de relacionar o real e
o imaginário ampliando sua percepção e interpretação da realidade adquirindo
autonomia e ajudando nas interações sociais.
De acordo com Bontempo (1999) os brinquedos e brincadeiras facilitam o
ensino aprendizagem, no entanto podem perder o seu valor sem a intervenção
adequada do professor.
Já segundo Sacchetto et al, (2011), a ação de brincar, jogar e brincadeira,
apesar da importância das diferenças de conceito estão sobrepostas no ambiente
lúdico e tem praticamente o mesmo objetivo, que é o desenvolvimento dos educandos.
Para Salomão, Martini e Jordão (2007) o lúdico passa uma ideia diferenciada
sobre o termo educação, no qual a criança se envolve e se interessa pelas atividades
que objetivam o crescimento intelectual e desenvolvimento da autonomia.
A criança é uma especialista na arte de brincar, (SOLER, 2003), por isso os
jogos e as brincadeiras devem fazer parte do dia a dia da educação infantil, uma vez
que a atividade lúdica pode ser trabalhada de maneira interdisciplinar, ajudando assim
a melhorar a pratica pedagógica dos professores e também o aprendizado das
crianças (MORENO, 2009), porém cabe aos docentes compreender as diferentes
formas de brincar e utilizá-las de forma propícia para cada criança no momento mais
adequado (BONTEMPO, 1999).
O brincar está presente na vida desde o nascimento (SOARES, 2006), e possui
um papel muito importante no desenvolvimento infantil, sendo que os benefícios da
brincadeira estão presentes até quando a mesma é realizada de forma solitária pela
criança, por meio do faz de conta ela desenvolve a comunicação, conversando com

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O lúdico na educação física escolar

seus próprios brinquedos, exercitando a pronúncia de inúmeras palavras e frases


(VIEIRA, 2007).
Os educandos aprendem com muito mais facilidade quando se sentem
motivados e interessados pelo que lhes é ensinado, a educação realizada de forma
lúdica é uma proposta educacional de confronto aos obstáculos do processo de ensino
e de aprendizagem, uma vez que na infância, brincar e aprender são sinônimos e o
uso dos brinquedos, jogos e brincadeiras contribuem para a produção de
conhecimentos. Cabe à escola reconhecer que através do lúdico as crianças podem
crescer e se adaptar ao mundo, e deixar de ver a ludicidade como apenas um aspecto
de divertimento, mas também como uma forma de educar para a realidade (SOARES,
2006).
Segundo Soares e Porto (2007) o lúdico é uma estratégia que pode deixar o
ensino mais agradável e principalmente mais significativo e destacar a importância da
ludicidade e das atividades lúdicas na escola não significa sobrecarregar ainda mais
os educadores, mas sim alcançar uma educação que proporcione prazer e que
entenda a criança de maneira global.
Um estudo realizado por Hofmann (2010) com alunos do segundo ano do
ensino fundamental, constatou que o lúdico está presente nas práticas pedagógicas
sendo utilizado como facilitador da aprendizagem em diferentes situações sempre
objetivando o desenvolvimento global do educando, uma vez que o educador cada
vez mais está preocupado com um ensino de qualidade e que envolva todas as
necessidades dos educandos.
Porém a inclusão do lúdico na educação deve ser muito bem planejada e
organizada pelo educador, com objetivos específicos para serem alcançados
(SANTOS, 2006), de maneira que a aprendizagem se torne mais desafiadora e
envolvente para os alunos (PIMENTEL, 2006).

O PAPEL PEDAGÓGICO DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO DESENVOLVIMENTO


INFANTIL

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O lúdico na educação física escolar

Ao falar sobre a função pedagógica da educação física é necessário ressaltar


que a mesma deve ter seu espaço na educação e não trabalhar como disciplina
auxiliar de outras, ou seja, deve objetivar o desenvolvimento das habilidades motoras
tendo em vista os resultados cognitivos, afetivos e sociais. (FREIRE, 1992).
A educação física não se limita apenas ao mecanicismo, sendo que fazem
parte de sua essência atividades do cotidiano da criança, ludicidade e socialização
entre variados grupos, sendo que por meio das brincadeiras e atividades lúdicas as
crianças podem descobrir um universo repleto de oportunidades de desenvolver sua
corporeidade, espontaneidade e momento desafiadores (VITAL, 2007).
Os educadores devem ser profundos conhecedores das maneiras que seus
alunos aprendem, para que o seu trabalho seja realizado com o objetivo de
desestabilizar e direcionar o ensino, a utilização do lúdico é uma estratégia propicia,
pois proporcionando um ambiente de criatividade e desafiador, a aprendizagem vai
fluir de forma dinâmica e divertida (SACCHETTO et al, 2011).
O professor precisa utilizar métodos que possibilite maior participação, ser
crítico, trabalhar as experiências trazidas pelos alunos no seu dia a dia, o que contribui
para o seu desenvolvimento, propor ações estimulantes e incentivadoras, além de ser
o mediador no processo ação-reflexão, incentivar sua criatividade, conforme está
contido na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9394/96).
O professor que trabalha na Educação Infantil com a Educação Física, deve
realizar um trabalho que contemple as brincadeiras, e estar atento a faixa etária das
crianças, para que cada atividade trabalhada possibilite ao professor atingir os
objetivos propostos, além de materiais coerentes e necessários.
É importante ressaltar que a disciplina de Educação Física é também um
caminho da prática pedagógica, pois possibilita às crianças a aquisição de
conhecimentos através do lúdico, do brincar, do interagir. Assim, essa disciplina tem
como objetivo proporcionar aos alunos a prática da cultura corporal de movimento:
danças, esportes, lutas, jogos, brincadeiras, ginásticas, movimentos circenses,
relacionando sempre com a cultura em que a criança está inserida.
O interessante é que sempre nas aulas de Educação Física é que os alunos se
soltam, porém, possuem dificuldades de reconhecer que também é uma disciplina que

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O lúdico na educação física escolar

possibilita conhecimentos e informações, que caminham juntamente com o prazer,


satisfação, desenvoltura, além de ser um ambiente aberto e prazeroso.
Quando o professor realiza um trabalho pautado nas brincadeiras, as crianças
conseguem assimilar melhor, estabelecem diferentes vínculos entre as diferentes
personalidades conquistadas durante a própria infância, além de construir um
conhecimento específico e organizado. Assim as aulas devem ser planejadas de
forma prazerosa, desafiadora, motivadora, permitindo mais um espaço de
aprendizagem, além de interessante, utilizando as brincadeiras e os jogos o professor
deve ter claro quais os objetivos pretende atingir ao final de suas aulas.
O professor tem um papel muito importante na Educação Infantil, pois ele pode
proporcionar aos alunos uma cultura rica em brincadeiras, desenvolvimentos, lúdico,
intervenções, garantindo aos alunos valorização, conceitos, onde os alunos se
desenvolvem através de sua própria prática.
O lúdico quando é bem aplicado acaba se tornando um recurso pedagógico
eficaz, que proporciona muitos benefícios e resultados satisfatórios para o
desenvolvimento da criança. Hoje os professores possuem uma variedade de
brincadeiras, de atividades lúdicas favorecendo a aprendizagem na Educação Infantil,
assim: [...] brincar é uma recreação, e quando o educador reconhece o jogo como
atividade ou conteúdo que promove o desenvolvimento, permite a sensibilidade de
perceber sua própria prática e avaliar suas próprias condutas, oferecendo melhor
qualidade de brincadeira às suas crianças (LIMA, 2007, p. 56).
Porém um estudo realizado por Barbosa (2007) com profissionais de educação
física atuantes no processo de ensino e de aprendizagem da natação com crianças
na segunda infância em academias de Bauru, no interior de São Paulo verificou que
o lúdico está sendo pouco utilizado no processo de ensino e de aprendizagem, apesar
do valor atribuído a este conteúdo pelos profissionais, sendo identificado como a maior
dificuldade para a inserção do lúdico nas aulas o receio dos professores pela visão
errada de falta de seriedade atribuída a ludicidade.
É importante ressaltar que o educador deve trabalhar com as brincadeiras de
forma que a veja como uma possibilidade de atividade espontânea, pois brincando a
criança se desenvolve em vários aspectos, principalmente se for uma atividade

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O lúdico na educação física escolar

criativa e interativa, onde as crianças acabam aprendendo facilmente porque estão se


sentindo satisfeitas (BARBOSA, 2007).
Uma pesquisa realizada por Lima (2011) com discentes do Ensino
Fundamental de algumas escolas públicas e particulares do bairro da Cidade
Operária, evidenciou que o lúdico de modo geral está presente nas aulas de educação
física rotineiramente, porém em sua maioria em escola pública revelando maior
valorização por parte destes docentes.
De acordo com Friedmann (2003) as atividades lúdicas têm um grande valor
sendo que revelam e apoiam o desenvolvimento do aluno. O professor precisa tomar
conhecimento disso não deixando a fase do faz de conta, do brincar e dançar de lado.
Normalmente, são atribuídas responsabilidades muito precoces aos alunos e assumir
as brincadeiras na escola é uma postura que pede muita reflexão aos educadores.
Assim, nas aulas de Educação Física o lúdico proporciona a evolução do aluno,
além do desenvolvimento do cognitivo, motor, físico, afetivo, aquisição dos valores
humanos em sua formação, caminho didático, sendo utilizado para se alcançar êxito
no ambiente escolar. O professor deve relacionar o desenvolvimento com a
aprendizagem do aluno, no qual o conteúdo deve estar estruturado de forma com que
ele aprenda e coloque em prática no seu dia a dia (FRIEDMANN, 2003).
A ludicidade pode ser praticada por todas as faixas etárias objetivando sempre
o desenvolvimento humano, deve ser parte integrante da escola e principalmente na
disciplina de Educação Física, destacando seu valor, sendo um elemento fundamental
no currículo pedagógico, assim deve haver continuamente o resgate da ludicidade
como parte da prática pedagógica escolar. Também é importante ressaltar que o
professor precisa relacionar a teoria com a prática, não é só propor brincadeiras sem
conhecimentos e sem objetivos, mas com qualidade, técnicas na proporção que
possam atingir os seus objetivos “o desenvolvimento ensino aprendizagem”, assim a
brincadeira torna-se uma fonte de conhecimentos lúdicos, criativos e independentes
da própria criança (FRIEDMANN, 2003).
Assim quando o professor de Educação Física trabalha o brincar como um fator
primordial aos seus objetivos, ele está automaticamente valorizando o lúdico

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O lúdico na educação física escolar

tornando-o parte do desenvolvimento infantil da criança, além de possibilitar a


socialização das crianças.
Uma vez que a infância é um período da vida de suma importância no qual a
criança deve ser contemplada com inúmeras maneiras de estimulação para que seu
desenvolvimento motor e intelectual ocorra de forma satisfatória e completa, ou seja,
durante a vida a criança passa por várias fases e vai construindo significados e
aumentando o seu conhecimento, somando o novo aos que já vivenciou (MORENO ,
2009).
A educação pré-escolar deve criar condições que satisfaçam todas as
necessidades da criança, oferecendo-lhes um ambiente de bem-estar físico, afetivo
social e intelectual, por meio de atividades lúdicas que despertem a curiosidade e
espontaneidade dos educandos (BORGES, 2002 p.17).

EDUCAÇÃO E LUDICIDADE

Segundo Dallabona (2004) a educação é um tema inesgotavelmente discutido


e sempre atual, pois trata do ser humano em sua totalidade, sendo que no contexto
atual não há mais espaço para o professor que como informador e ao aluno ouvinte,
há tempos chegou à era do professor como facilitador da aprendizagem e o aluno
pesquisador.
De acordo com o Referencial Curricular da Educação Infantil (1998, p. 23), [...]
educar significa, portanto, propiciar situações de cuidados, brincadeiras e
aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o
desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e estar com
os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança, e o acesso, pelas
crianças, aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural.
A relação de estudo e prazer já permeia desde a época de Platão e Aristóteles
e foi adaptando-se com o tempo as concepções de criança. Educar ludicamente é
atrair os alunos para o prazer de adquirir conhecimentos tornando esta uma tarefa
agradável e feliz (DALLABONA, 2004).

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O lúdico na educação física escolar

De acordo com Moraes Maria (2009) a ludicidade na educação proporciona


situações de aprendizagem e ajuda no desenvolvimento integral da criança, porém
ainda há inúmeras escolas que vêm a criança como um adulto em miniatura, e não
dão o devido valor as fantasias e atividades motoras desta etapa que é a infância.
A grande preocupação da escola concentra-se em formar bons profissionais e
para este fim seguem programas pré-definidos e deixam de lado o brincar e a
importância do mesmo (MODESTO, 2009).
Na menção de Linhaio (2011) há uma ideia de contrariedade entre o ensino
aprendizagem e a ludicidade, pela concepção errada de que o lúdico corresponde a
momentos ocasionais e não sérios. O processo de ensinar e aprender não são tão
fácil quanto parece, e o maior desafio dos educadores é tornar esse processo tão
prazeroso quanto andar de bicicleta para os alunos, para isto entender a ludicidade
se faz muito importante para dessa forma oferecer oportunidades que façam os alunos
se interessarem na aprendizagem.
Segundo um estudo de Modesto (2009) realizado em duas instituições de
ensino X e Y, durante as disciplina prática de ensino I e II, que se caracterizou pelas
observações das aulas de Educação Física Infantil (03 a 06) e no ensino fundamental
(1ª a 4ª série), explicando como está sendo ministrada a disciplina de Educação
Física, no que tange a presença do lúdico nestas práticas, principalmente no que cabe
a Educação Física Infantil, observou-se que as práticas dos professores de Educação
Física das instituições eram diferentes sendo que o educador da instituição X usava
o lúdico como instrumento pedagógico visando um trabalho integral, já o educador da
instituição Y o professor utiliza o lúdico apenas como recurso pedagógico, ou seja,
não trabalha de forma continua em sua práxis.
O mesmo autor ainda reflete sobre como a educação física é entendida em
cada instituição sendo na instituição Y tratada apenas como uma atividade e não como
disciplina curricular e já na instituição X a educação física está presente no projeto
político pedagógico e é entendida como uma educação de corpo inteiro.
Esse fato reforça a ideia de que a educação física deve ser entendida como
área de conhecimento e não como um fazer sem sentido, o ensino e a ludicidade

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O lúdico na educação física escolar

podem ser possíveis quando há objetivos claros e bem definidos estabelecidos pelo
professor (DALLABONA, 2004).

A importância da Ludicidade e o Jogo

O jogo, a brincadeira, para além do prazer, da satisfação é entendida como


instante de reconhecimento e curiosidade que resultam num processo criativo para
modificar, imaginariamente, a realidade e o presente. O esporte do ponto de vista
pedagógico busca propor aos alunos vivências motoras de forma lúdica. O brincar é
um mecanismo psicológico, fiel, na concepção de Freud, ao princípio do prazer oposto
ao princípio de realidade. O brincar não é uma atividade interna do indivíduo,
necessitando de aprendizagem (BROUGERE,2000).
Nessa perspectiva, ao se falar em jogos, geralmente, faz-se associação a um
divertimento, brincadeira, passatempo que obedece à regras observadas durante a
realização dessas atividades, contudo sabe-se que o jogo é um processo lúdico e
criativo que possibilita modificar imaginariamente a realidade, pois funciona como elo
integrador entre os três domínios do conhecimento o psicomotor, cognitivo e o afetivo-
social (MOREIRA,2010).
Desse modo, a importância dos jogos e brincadeiras para a aprendizagem dos
esportes nas aulas de Educação Física, considerando-as como um recurso propício
à construção do conhecimento, visto que para realizála a criança utiliza seu aparelho
sensório-motor, o movimento corporal e o pensamento incentivando o
desenvolvimento de suas habilidades operatórias, ao mesmo tempo em que envolve
a identificação, observação, comparação, análise, síntese e generalização e
desenvolve suas possibilidades e a autoconfiança (ALVES;CARVALHO,2010).
Na perspectiva do lúdico, rico para o desenvolvimento pessoal e para a
convivência pode ser apropriado na Educação Física, tornando os sujeitos capazes
de adotar cooperação como uma prática necessária a interação humana. Atividades
lúdicas são um importante meio para iniciar mudanças dos valores sociais
predominantes. A característica lúdica inserida nos jogos proporciona um aprendizado

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O lúdico na educação física escolar

mais prazeroso que envolve troca de ideias que contribui para a qualidade de vida
(MOREIRA,2010).
A utilização de estratégia para o desenvolvimento das inteligências múltiplas
(raciocínio, agilidade, interesse) em crianças, por meio das atividades lúdicas que
privilegie todos os aspectos do desenvolvimento infantil, e que torne a criança apta a
se relacionar com o mundo e com as pessoas (ALVES;CARVALHO,2010). Portanto,
e imprescindível que os ambientes escolares proporcionem, de maneira rica e diversa,
estímulos orientados para que possa se desenvolver (MARQUES,2012).

A importância da Teoria de Piaget na Educação Física Escolar

A aprendizagem, segundo Piaget (2000), encontra-se ao oposto do


desenvolvimento, pois é provocada por atividades criadas pelo educador ou é
determinada internamente. Portanto a aprendizagem estimulada, se opõe à
espontaneidade. Entende-se que a aprendizagem é decorrente de uma mudança
interna do indivíduo. Desta forma, depende a motivação: a criança é mais importantes.
Piaget estudou as origens do conhecimento nas crianças, e identificou que se
formam aos poucos, que o constroem progressivamente durante uma atividade de
adaptação. Assim a criança se mantém na tarefa e no processo de aprendizagem com
maior motivação e desejo de crescimento pessoal quando sente que pode vencer
obstáculos, sugerindo, portanto, a existência de uma ordem lógica e progressiva
(SOUZA;GALVAO,2005).
Desta forma, o desenvolvimento do conhecimento é um processo espontâneo,
ligado a um processo geral de embriogênese, que define corpo, sistema nervoso e
funções mentais. Em outras palavras, desenvolvimento é a principal causa para
formação dos conhecimentos e que acontece de uma interação entre o sujeito e o
meio (SOUZA;GALVAO,2005).
Segundo Piaget, a criança não herda sua inteligência de forma definitiva e
acabada, mas sim trás em sua bagagem genética, possibilidades hereditárias na
forma de estruturas biológicas, que lhe permitirão o surgimento de certas estruturas
mentais. Portando, não herdamos nossa inteligência, mas sim um organismo que vai

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O lúdico na educação física escolar

amadurecer em contato com o meio ambiente. Dessa interação organismo-ambiente


resultará determinadas estruturas cognitivas que vão funcionando de modo
semelhante durante toda a vida da criança. Assim, a criança adquire conhecimentos
que advém do seu contato humano constante e contínuo com o meio. Portanto, se
torna evidente que essa fase do desenvolvimento humano é amplamente adequada
para implementação de atividades que visam à estimulação da criança (SILVA,2007).
Buscando aproximar os conceitos método de ensino e lúdico, uma prática que
pode contribuir e promover um ambiente comunicativo, criativo e farto de colaboração
dos sujeitos que dele participam, as brincadeiras lúdicas contribuem imensamente
para a formação moral, afetiva, cognitiva e motora da criança. Configurando a
importância em unificar o lúdico no ensino para despertar nas crianças o interesse de
hábitos saudáveis, sua inserção em atividades de Educação Física, o profissional que
ensina passa a ser estimulador, de uma maneira eficaz (ALVES;CARVALHO,2010).
Na perspectiva do lúdico, rico para o desenvolvimento pessoal e para a
convivência pode ser apropriado na Educação Física, tornando os sujeitos capazes
de adotar cooperação como uma pratica necessária a interação humana. Atividades
lúdicas são um importante meio para iniciar mudanças dos valores sociais
predominantes. A característica lúdica inserida nos jogos proporciona um aprendizado
mais prazeroso que envolve troca de ideias que contribui com a qualidade de vida
(MOREIRA,2010).
A utilização de estratégia para o desenvolvimento das inteligências múltiplas
em crianças, por meio das atividades lúdicas que privilegie todos os aspectos do
desenvolvimento infantil, e que torne a criança apta a se relacionar com o mundo e
com as pessoas. Portanto, é imprescindível que os ambientes escolares proporcionem
de maneira rica e diversa, estímulos orientados para que possa se desenvolver
(MEDINA,2009).
A Educação Física Escolar, no Brasil, sofreu diversas influências ao longo da
sua história e nos anos 80, pela nova política, o modelo de atividade escolar passou
a ser fortemente criticado. A partir daí surgiram novas formas de se pensar a
Educação Física (MOREIRA;SCHWARTZ,2009).

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O lúdico na educação física escolar

Dentre as diversas formas de pensar, é entendida como uma disciplina


curricular que insere e interage o aluno na atividade escolar, formando o cidadão que
usufrui dos jogos, esportes, danças, lutas e ginástica em benefício da qualidade de
vida (OLIVEIRA, 2011).
A Educação Física, em meio às relações de conflitos, foi se constituindo
disciplina escolar, inicialmente, na forma de Ginástica, teve como tarefa, de maneira
higiênica, “limpar” os corpos das crianças, tornando-os “belos, fortes e saudáveis”,
como também, de maneira corretiva, “endireitar” os corpos “defeituosos”, colocando-
os em posição ereta (SOUZA;GALVAO,2005).
Sendo a Educação Física responsável por dar tratamento pedagógico aos
temas da cultura corporal no ambiente escolar, é importante para qualquer projeto
educacional, atender adequadamente às necessidades biológicas, psicológicas,
sociais e culturais das crianças (MOREIRA, 2010).
O profissional de Educação Física como mediador do lúdico deve explorar
diversos espaços da escola, destaque para gramados, as salas, os pátios, as quadras,
os ginásios esportivos, as brinquedotecas contrapondo-se a ideia de que o processo
de ensino-aprendizagem só se efetiva dentro da sala de aula, com alunos passivos.
O professor e capaz de transformar a aula de Educação Física num espaço de
conhecimentos, em que todas as crianças, o próprio professor estarão envolvidos num
processo de troca e de confronto de conhecimento, em relatos e trocas de
experiências vividas, uns aprenderão com os outros a capacidade de se expressarem
através da linguagem lúdica (cantando, dançando, fazendo mimica, jogando)
(NEIRA,2010).
No entanto, o professor de Educação Física atua como mediador da
aprendizagem utilizando o lúdico, método que inclui os jogos e brincadeiras, de forma
a favorecer o aprender brincando junto a crianças da Educação Infantil, compromisso
com o desenvolvimento integral da criança (PONTE et al,2010).
Assim, considera-se que os elementos componentes da psicomotricidade
(desenvolvimento sensorial, motor, cognitivo, linguístico, afetivo e social) e as
coordenações neuromotoras essenciais, tais como: descobrir, tanto o próprio corpo
como o espaço físico, analisar, perceber a atividade, aperfeiçoar a qualidade do

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O lúdico na educação física escolar

movimento, combinar, associar, ligar e organizar um conjunto de elementos, as


atividades motoras e sua estimulação precoce pelo lúdico são importantes para o
desenvolvimento global da criança (FOLADOR et al, 2010).

Atividades Lúdicas nas aulas de Educação Física

A Ludicidade é um componente metodológico por intermédio do qual o


educador pode conhecer seu aluno e a realidade do grupo, suas necessidades,
conflitos, dificuldades, estados de espirito e comportamentos em geral
(OLIVEIRA,2011).
Também é um meio de que o professor de Educação Física dispõe para
estimular o desenvolvimento cognitivo, social, moral e físico-motor e propiciar
aprendizagens específicas. As atividades lúdicas promovem avanços no
desenvolvimento dos escolares e tornam-se recursos didáticos de grande aplicação e
valor no processo de ensino e aprendizagem por meio de brincadeiras e jogos lúdicos
(FONSECA;MUNIZ,2000).
O jogo deve estar presente entre os recursos didático capazes de compor uma
ação docente comprometida com os processos que se pretende atingir. As atividades
lúdicas auxiliam na busca de novos conhecimentos, exige do professor uma ação
ativa, indagadora, reflexiva, desveladora, socializadora e criativa. As atividades
lúdicas fazem parte do ato de educar, num compromisso consciente, intencional e
modificador da sociedade (TIEDT;SCALCO,2004).
As atividades lúdicas nas aulas de Educação Física auxiliam no
desenvolvimento global das crianças, como atenção, raciocínio, agilidade e interesse.
Por esse motivo podem ser realizadas na sala de aula e também no pátio,
proporcionando um melhor desempenho nas demais atividades curriculares,
promovendo uma aprendizagem mais significativa associada a satisfação e ao êxito,
permitindo a criança participar das tarefas de aprendizagem com maior motivação. As
interações proporcionadas pelas atividades lúdicas levam a criança a construir seu
conhecimento social, físico e cognitivo, estruturando, assim, sua inteligência e sua
interação com o meio ambiente (PIAGET,2000).

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Estimular o desenvolvimento motor, psicomotor, cognitivo, afetivo na criança


nas séries iniciais da educação básica é de extrema importância para o mesmo não
tenha dificuldades quando adulto. Professores conscientes que unem uma prática
com jogos, brincam em sala respeitando as orientações por parte da equipe e quanto
ao espaço físico (COSTATO;SPONDA,2012).

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