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OBSTETRÍCIA

TOXOPLASMOSE
Rotinas Assistenciais da Maternidade-Escola
da Universidade Federal do Rio de Janeiro

Trata-se de parasitose causada pelo Toxoplasma gondii, podendo acometer o feto de mulheres
infectadas durante a gestação. A transmissão vertical ocorre em cerca de 1/3 dos fetos das gestantes
afetadas. A grande maioria permanecerá assintomática após o nascimento, e até 4% evoluirão com óbito ou
sequelas, como deficiência neurológica ou visual graves.
Estima-se que o risco de infecção intrauterina seria de 15% no primeiro trimestre, 30% no segundo e
quase 60% no terceiro trimestre. Enquanto o risco de infecção intrauterina aumenta com a duração da
gravidez, a sua gravidade é maior no início da prenhez, especialmente até 20 semanas.
Cerca de 10% da infecção pré-natal resulta em abortamento e apenas 10 a 20% dos recém-nascidos
infectados in útero mostram sinais de toxoplasmose ao nascimento (ver capítulo específico).

DIAGNÓSTICO LABORATORIAL – Figura 1

CONDUTA
 Solicitar teste imunoenzimático (IgG e IgM) de rotina, na primeira consulta pré-natal.
 Nos casos de paciente susceptível, repetir o teste a cada trimestre da gestação e instituir profilaxia:
o evitar ingestão de carnes mal passadas e vegetais mal lavados
o evitar contato com gatos.
 Tratar pacientes com infecção aguda e investigar infecção fetal.
 Solicitar exame histopatológico da placenta no pós-parto.

TRATAMENTO

 Espiramicina: 3g/dia, VO, até o final da gestação.


 Se infecção fetal confirmada, alternar a espiramicina, em ciclos de 3 semanas, a partir do segundo
trimestre, com a associação de:
o Sulfadiazina: 4 g VO por dia (2 cp 500 mg VO, 6/6h)
o Pirimetamina: 25 a 50 mg VO por dia.
o Ácido folínico: 15 mg VO por dia.
 Suspender o esquema tríplice com 34 semanas, mantendo-se exclusivamente a espiramicina.
 Monitorar mensalmente a grávida que estiver se submetendo ao esquema tríplice com hemograma (série
vermelha) e contagem de plaquetas.

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Sorologia antes
da gestação

IgG positiva IgG e IgM negativas


IgM negativa ou não realizadas

Imune: Solorogia nas primeiras 8


Não necessita de semanas de gestação
novos exames

IgG positiva IgG e IgM IgG e IgM


IgM negativa positivas negativas

Imune: Avidez de Não Imune:


Não necessita de anticorpos da Acompanhamento
novos exames classe IgG sorológico na
gestação e
medidas de
prevenção

< 30% Entre 30 e 60% > 60%


Infecção recente resultado inconclusivo Infecção pregressa
(< 3 meses) quanto ao provável (> 3 meses)
período de infecção

Positivo:
Indica infecção fetal
PCR para toxoplasmose
em líquido amniótico

Negativo:
Indica ausência de
infecção fetal

Figura 1 - Fluxograma de diagnóstico laboratorial da toxoplasmose.

LEITURA SUGERIDA
- ANDRADE, J.Q.; AMORIM FILHO, A.G.; ZUGAIB, M. Toxoplasmose. In: MONTENEGRO, C.A.B.;
REZENDE FILHO, J. Rezende obstetrícia. 12.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013.
p.834-840.
- CHAVES NETTO, H.; SÁ, R.A.M.; OLIVEIRA, C.A. Gemelidade. In: CHAVES NETTO, H.; SÁ, R.A.M.;
OLIVEIRA, C.A. Manual de Condutas em Obstetrícia. 3.ed. Rio de Janeiro: Atheneu, 2011, p. 284-287.
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