Você está na página 1de 2

TESE

Boa tarde!
Antes de mais nada, agradeço a oportunidade de participar dessa distinta banca ao lado de meus colegas
de Defesa.
E em segundo lugar, cumprimento aos aqui presentes: Excelentíssimo juíz, caros colegas da promotoria,
nobres jurados e demais aqui presentes que prestigiam nosso Júri.

Enfim! Hoje eu quero que percebam que ali (aponta para os réus) não estão sentados apenas famílias,
estão sentados famílias que lutam por seus respectivos direitos, juntamente com o MST. Pedindo o
processo de reintegração de posse da propriedade fazenda São Peron, que não condiz com a lei de Nº
4.504, DE 30 DE NOVEMBRO DE 1964 do capítulo lll SEÇÃO ll das terras particulares. Segundo o Art.12
“À propriedade privada da terra cabe intrinsecamente uma função social e seu uso é condicionado ao
bem-estar coletivo previsto na Constituição Federal e caracterizado nesta Lei.”
A fazenda São Peron, de 200 hectares não cumpre sua função social constituída na Constituição,
prevendo o direito que a propriedade deve atender a uma necessidade na sociedade, ou seja, ter uma
função social. Sendo assim, quando um bem cumpre sua finalidade ele atende todos os requisitos de uma
função social, mas, o proprietário da fazenda não cumpre com o que é proposto por lei. Tendo quebras de
cumprimento da função social em:
-Não aproveitamento racional e adequado da terra.
-Utilização inadequado dos recursos naturais disponíveis, prejudicando, assim, o meio ambiente.
-Falta de observância das disposições que regularizam as relações de trabalho.
-Explorações que favorece somente o proprietário, deixando assim, o trabalhador desfavorecido e em
situações precárias.
O MST (Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) Um movimento social que surgiu em 1984,
juntamente com as 100 famílias acampadas entorno da fazenda buscam a reforma agrária da terra.
Segundo o artigo 150 do Código Penal a ocupação das terras de São Felipe, e demais movimentos sociais
da instituição não se aplica como invasão, porque os atos do MST não são realizados de forma clandestina
ou astuta, mas sim de forma pública como reconhece o próprio CNA (Confederação da Agricultura e
Pecuária do Brasil), com as pessoas sendo chamadas aos olhos de todas e todos para que abracem a luta
pela produtividade das nossas terras. Inclusive, após as ocupações, o MST levantou suas bandeiras para
que as pessoas pudessem ver que lá se encontrava um movimento social. Sendo assim, não há o que falar
sobre a aplicação do artigo 161 do Código Penal em seu seu § 1º, inciso II, porque não existe por parte do
MST o especial fim exigido previsto em lei de "esbulho possessório", pois a finalidade do MST, em
verdade, é tornar uma terra improdutiva em uma terra produtiva, garantido, assim, o trabalho para
pessoas que não possuem nem emprego nem terra e colaborando com a alimentação de todos.
Assegurando que não houve crimes na conduta do MST, sendo assim, o artigo 268 do Código Penal se
torna dispensável, pela ausência de incitação de crime, uma vez que a incitação do MST, em verdade, é
por uma reforma agrária popular.
Ressaltando que as famílias buscavam reivindicar os seus direitos, vindo de família extremamente pobre
e com uma condição financeira precária. Eles não cometeram um crime ao ocupar as terras, ambas
famílias tinha o objetivo de denunciar o que estava acontecendo e denunciar as terras para que ela fosse
encaminhada para reforma agrária.
O trabalho escravo na fazenda se tornou uma crime recorrente, segundo o termo 149 do Código Penal reduzir alguém a condição
análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de
trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto pode
acarretar pena de reclusão, de dois a oito anos, além de multa e pena correspondente à violência aplicada. As provas que foram
recorridas diante desse ato foram
-Cadastro de empregadores ou “lista suja”, que significa que o empregador submeteu trabalhadores à condições análoga à de
escravo e o governo brasileiro reconheceu isso por meio da inspeção do trabalho, mas, até o exato momento não tivemos nenhum
retorno sob o mesmo.
-Açoite, que consiste em infligir maus-tratos físicos ao condenado, e essa causa já está abolida da legislação brasileira e foi
contemplada no Código Criminal de 1830.
As famílias e trabalhadores eram chicoteados e sofriam de diversas maneiras porque queriam se impor sob tais situações, mas,
recebiam esses retornos.
-Carvoaria, de acordo com os autos, o réu construiu e operou a carvoaria sem licença ou autorização dos órgãos ambientais
competentes, além de danificar floresta nativa considerada de preservação permanente, condutas tipificadas como crimes pela Lei
nº 9.605/98. O réu chegou a iniciar o processo de regularização, porém não quitou o débito de multas aplicadas pela Polícia Militar
Ambiental, tampouco recuperou os danos à zona de preservação.
Segundo as pessoas que ali trabalhavam cada fornada produzia, em uma semana, cerca de 400kg de carvão, vendidos na
propriedade ou sob encomenda, em sacos de outros tipos de produtos.
As provas que temos de que esse crime extremamente imperdoável está de fato acontecendo e acontecia são: Fotos, ligações de
pessoas que tentaram denunciar, laudos médicos, e a testemunha que via como os mesmos sofriam.

O crime ambiental se tornou presente na fazenda “São Peron”, um crime ambiental é todo crime de lesa-natureza é um ato ilegal
que prejudica diretamente o meio ambiente. Segundo a lei Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, destruir ou danificar floresta
considerada de preservação permanente, mesmo que em formação, ou utilizá-la com infringência das normas de proteção: Pena -
detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. Alguns dos indícios que foram citados e comprovados
foram:
-Desmatamento, ocorreu o desmatamento de áreas nativas sem a autorização de um órgão competente, em terras de domínio
público, configura a prática do crime ambiental previsto no artigo 50-A da 9.605/1998, segundos os mesmo que passaram por
vários ato na fazenda, o dono desmatava e explorava economicamente ou degradava essa área.
-Plantação de eucalipto em área ilegal, o dono da São Peron plantou e colheu eucaliptos, a polícia ambiental já estava recebendo
denúncias sobre a plantação de eucalipto irregular, e já tinha visto no local depois de e analisar as imagens de satélites. Os policiais
verificaram que em uma Área de Preservação Permanente de Vereda da fazenda havia sido plantado eucalipto em 2015 e a
colheita estava sendo realizada agora.
-Uso de agrotóxicos em água, os que foram usados são extremamente tóxicos, segundo a classificação da Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa). Esse uso de agrotóxicos ilegal e continuo causou diversas doenças nos trabalhadores como câncer,
malformação congênita e distúrbios hormonais e neurológicos, além da alta concentração de agrotóxicos provocar a morte de
diversos peixes, o exame da água mostrou a presença de glifosato, o que sugere que esse seja um fator crítico para a mortandade
tão repentina dos animais naquele local.
-Queimadas, as queimadas eram muito recorrentes e já foram criados diversos boletins de ocorrência de relatos sob o mesmo.
A provas que vamos citar nesse indivíduo são: Boletins de ocorrência, multas ambientais, fotos via satélite mostrando como
estava as áreas danificadas, laudos médicos.

Improdutividade, a terra não cumpre a sua função social, sendo uma terra que deixou de ser produtiva a muito tempo. De acordo
com a Constituição Federal de 1988 prevê em seu artigo 184 que “Compete a união desapropriar por interesse social, para fins de
reforma agrária”.
Fotos, documentos e relatos de testemunhas mostram como a terra é improdutiva e precisa ser levada para a reforma agrária.

Esses são apenas umas das provas e relatos de que a fazenda São Peron deve ser apreendida e levada para reforma agrária, as
famílias merecem reconhecimento por essa luta e ter seus direitos assegurados. Uma terra que comete improdutividade, crime
ambiental e trabalha escravo com a consciência do proprietário, deve ser apreendida.
Deixar tais trabalhadores e famílias passarem por tais problemas e serem submetidos a tais coisas, é desumano. É nítido o erro,
nítido que a terra deve ser levada para reforma agrária! Não estão pedindo muito, estão pedindo apenas o que é deles por direito.
Aquilo que não cumpre por sua função social e que não anda nos eixos a muito tempo.
Por isso, peço que pensem no caso e nas famílias que estão lutando e protestando para que seus direitos sejam reivindicadas,
pensem em como seria se vocês (Juíz, promotor..) estivessem nessa situação e visse sua esperança acabar por uma situação em que
não foi tomada de forma justa. Não é um crime lutar pelos seus direitos, não é um crime ocupar as terras e não é um crime pedir a
reforma agrária de uma terra que não cumpre com sua função! É um direito, direito de todos, segundo a lei.

Você também pode gostar