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PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA

Portal Educação

CURSO DE
GESTÃO DE FARMÁCIAS E
DROGARIAS

Aluno:

EaD - Educação a Distância Portal Educação

AN02FREV001/REV 4.0

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CURSO DE
GESTÃO DE FARMÁCIAS E
DROGARIAS

MÓDULO IV

Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este
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mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são
dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.

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MÓDULO IV

13 INTRODUÇÃO À ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E CONTÁBIL

Diversos indicadores de gestão podem ser criados e analisados para


monitorar as condições administrativas de uma empresa, e para obter informações
seguras para tal avaliação, é necessário organizar os dados dessa empresa e
estudar a sua situação para detectar os potenciais de crescimento e otimizar o seu
faturamento. A tomada de decisões estratégicas deve ser embasada nos dados
financeiros confiáveis e deve sempre responder às seguintes questões: “Onde a
empresa está?” “Aonde a empresa quer chegar?”
Um dos principais indicadores é a Avaliação das Despesas Gerais, que irá
avaliar se os custos fixos sofrem ou não variações e se estão sendo repassados
adequadamente aos produtos. Os gastos de uma empresa podem ser classificados
em três categorias: investimento, despesas fixas e despesas variáveis. Os valores
para montar uma farmácia ou drogaria são considerados como gastos de
investimento inicial, já tudo que for necessário para colocar a farmácia ou drogaria
em funcionamento é considerado custo, que pode ser proveniente de despesas
fixas (despesas de operação, que independem da venda dos produtos e serviços,
como por exemplo: salários, aluguel, contador, serviços terceirizados, etc.) ou
variáveis (diretamente ligada às vendas, por exemplo, impostos, taxa de cartões,
embalagens, etc.).
A tabela a seguir exemplifica o mapeamento dos gastos de investimento, ou
seja, para montar uma farmácia ou drogaria.

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TABELA 14 - INVESTIMENTO INICIAL (ANTES DA INAUGURAÇÃO)

FONTE: Adaptado de Gestão Financeira para Farmácias, Sebrae, 2005.

É de extrema importância que a tabela seja preenchida com o maior


detalhamento possível, pois será o entendimento do mapeamento financeiro que irá
direcionar as tomadas de decisões, o sucesso ou, na falta de planejamento, o
fracasso da empresa. Segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas (SEBRAE), 21% das empresas fecham no primeiro ano por falta de
capital de giro. E a pergunta que fica é: “Será que o Planejamento Financeiro da
empresa está sendo elaborado corretamente?”
Também é importante construir a tabela de custos após a inauguração,
sinalizando as despesas fixas e variáveis.

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TABELA 15 - CUSTOS (DESPESAS FIXAS COM FUNCIONÁRIOS)

FONTE: Adaptado de Gestão e Controles, CRF, 2013.

TABELA 16 - CUSTOS (DESPESAS FIXAS DA EMPRESA)

FONTE: Adaptado de Gestão e Controles, CRF, 2013.

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TABELA 17 - CUSTOS (DESPESAS VARIÁVEIS)

FONTE: Adaptado de Gestão e Controles, CRF, 2013.

Todas essas análises e cálculos irão indicar se a farmácia ou drogaria será


capaz de gerar lucro, e, consequentemente, em um período pré-determinado, terá o
retorno do investimento (ROI) com a receita de lucro acumulado.
Para calcular o lucro da empresa, considera-se:

Lucro = Receitas - Custos

Sendo custos:

Custos = despesas variáveis + despesas fixas

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O Capital de Giro também é um indicador importante que sustenta as
operações diárias da farmácia ou drogaria e depende das vendas, política de
crédito, estoque e financiamentos, podendo ser ativo e passivo:
 Capital de Giro Ativo – engloba todos os bens, valores (tangíveis e
inatingíveis) e direitos a receber da farmácia ou drogaria, podendo ser Ativo
Circulante, que corresponde ao dinheiro disponível em curto prazo, ou ainda o
Ativo Imobilizado, que corresponde ao conjunto de itens de difícil conversão
em dinheiro, como as máquinas, veículos, ações, maquinários, etc.;
 Capital de Giro Passivo – corresponde a todas as obrigações da
farmácia ou drogaria, estendendo-se ao Passivo Circulante, cujas
obrigações financeiras são de curto prazo, como fornecedores, salários,
impostos, etc.

Por meio da relação entre passivo e ativo tem-se o Balanço Patrimonial da


empresa. Já para calcular o Capital de Giro, deve-se considerar:
 Prazo Médio de Estoque (PE);
 Prazo Médio de Recebimento (PR);
 Prazo Médio de Pagamentos (PP);
 Vendas Diárias (VD).

Logo:

Capital de Giro = (PE + PR) – (PP x VD)

Porém, há uma grande dificuldade em controlar o Capital de Giro, daí a


necessidade de prevenir e/ou detectar rapidamente os indicadores que impactam
negativamente:
 aumento das despesas financeiras;
 aumento dos custos (descontos);
 estoques;
 inadimplência;
 quedas das vendas;
 investimentos sem planejamento.

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O próximo passo após a identificação do Capital de Giro é o Ciclo de Caixa,
que é definido pelas seguintes variáveis:
 Tempo Médio de Estocagem (TE);
 Tempo Médio de Pagamento pelo Cliente (TPC);
 Tempo Médio de Pagamento ao Fornecedor (TPF).

Assim:

Ciclo de Caixa = TE + TPC – TPF

Conclusão: quanto maior o Ciclo de Caixa, maior o Capital de Giro. Logo,


para uma administração mais saudável e rentável, a meta é reduzir o ciclo; fazendo
com que as operações de recebimento aconteçam em períodos mais curtos, os
pagamentos em períodos mais longos e as medidas operacionais sejam
direcionadas para diminuir prazos de estoques, produções e vendas.

14 FORMAÇÃO DE PREÇO

Enquanto ferramentas como promoção, produto e ponto de venda são


responsáveis pela criação de valor, o preço é o valor monetário de um produto ou
serviço, expresso numericamente, que captura esse valor. A formação de preço
depende de um conjunto de variáveis:
 custo do produto ou serviço;
 giro do produto;
 mix/sortimento;
 impostos (impostos sobre circulação de mercadorias, imposto de renda);
 PIS/COFINS;
 posicionamento da farmácia ou drogaria;
 localização;
 concorrência;
 situação política, econômica, social e tecnológica;

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 perfil de atendimento;
 metas de lucratividade.

Para definir o preço de venda dos produtos e serviços e suas variáveis,


sugere-se definir o lucro de acordo com a meta da empresa, conforme as equações
apresentadas a seguir.

 Equação 1:

Lucro (unitário) = Preço de Venda praticado no Mercado - (Despesas Variáveis +


Despesas Fixas)

Nesse caso o preço é fixado pelo mercado e para praticá-lo é importante que
as despesas fixas sejam reduzidas para acompanhar os índices de mercado frente
às concorrentes mais experientes e com alto impacto, caso contrário, o
estabelecimento encontrará dificuldade em ser competitivo, pois estará com preço
de venda muito além do que a concorrência.

 Equação 2:

Preço de Venda Fixado pelo Estabelecimento = Despesas Variáveis + Despesas


Fixas + Lucro

Nesse caso o preço final é resultado da somatória dos custos e do lucro


planejado, com maiores chances de acerto e Retorno de Investimento (ROI), porém
o maior problema é que o preço praticado poderá estar acima da expectativa do
cliente, daí a importância de planejar a demanda mínima e trabalhar a captura de
valor percebido pelo cliente.
O gráfico seguinte relaciona as variáveis da composição de vendas na
farmácia ou drogaria.

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GRÁFICO 6 - COMPOSIÇÃO DE VENDAS

FONTE: Adaptado de Gestão e Controles, CRF, 2013.

Para definir o preço de venda é importante a análise do Custo de Mercadoria


Vendida (CMV), que irá indicar se os custos estão sendo repassados corretamente
aos produtos, conforme mencionado no capítulo anterior sobre um dos principais
Indicadores Administrativos e Contábil: a Avaliação das Despesas Gerais.

GRÁFICO 7 - FORMAÇÃO DE PREÇO

FONTE: Adaptado de Gestão e Controles, CRF, 2013.

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Para calcular o CMV é preciso somar os impostos e o valor obtido será
dividido pelo faturamento geral do mês, conforme a fórmula:

Custo de Compra da Mercadoria + Impostos


Faturamento de Medicamentos + Faturamento de Não Medicamentos

O resultado obtido pode direcionar a duas situações: o gráfico a seguir


mostra o CMV maior do que a meta de lucro.

GRÁFICO 8 - LUCRO BRUTO MENOR QUE CMV

FONTE: Adaptado de Gestão e Controles, CRF, 2013.

Nesse caso é preciso reduzi-lo, como por exemplo, comprando com maior
desconto, pois significa que o lucro está abaixo do esperado.
Já o próximo gráfico mostra a situação contrária: CMV menor do que o lucro.

GRÁFICO 9 - LUCRO BRUTO MAIOR QUE CMV

FONTE: Adaptado de Gestão e Controles, CRF, 2013.

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Neste caso, com o resultado menor do que a meta, significa que a empresa
está atingindo seus objetivos financeiros, negociando bem os descontos de entrada
de produtos e selecionando melhor os seus fornecedores.
Logo, para que uma empresa tenha lucro, é preciso que haja precisão e
estratégia ao calcular o preço de venda para que seja adequado ao perfil e realidade
de custos da farmácia ou drogaria. O entendimento da Margem de Contribuição,
nesta fase, é essencial, pois é um indicador de quanto cada serviço ou produto
vendido contribui para pagar as despesas fixas mensais e quanto contribui para
formação do lucro.
Para calculá-la deve-se subtrair o Preço de Venda da Soma das Despesas
Fixas e Variáveis e dividir pelo Preço de Venda. Multiplica-se por 100 e tem-se o
percentual do preço, ou seja, o valor obtido significa que toda vez que vender esse
produto ou serviço, o empresário terá de guardar esse valor até completar a quantia
que precisa para pagar as despesas fixas da empresa.
Complementando a Margem de Contribuição, tem-se o Ponto de Equilíbrio,
que representa a quantidade de venda que precisa ser realizada mensalmente de
determinado produto ou serviço para gerar receitas suficientes para pagar todas as
despesas variáveis geradas e todas as despesas fixas que a empresa tiver no mês.
Analiticamente, o Ponto de Equilíbrio indica:
 se o volume de vendas for inferior ao Ponto de Equilíbrio significa que a
empresa terá prejuízo, já que a mesma não terá dinheiro suficiente para
pagar as despesas fixas;
 se o volume de vendas for superior ao Ponto de Equilíbrio significa que a
empresa está acumulando lucro, ou seja, é um indicador positivo.
Assim, para acumular lucro é necessário vender acima do Ponto de
Equilíbrio, e esse ponto pode ser calculado da seguinte maneira: soma das
despesas fixas divididas pela margem de contribuição. Logo, o Ponto de Equilíbrio
precisa ser acima desse resultado para obter lucro.

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15 GESTÃO TRIBUTÁRIA E ANÁLISE DE MARGEM

A Gestão Tributária é o processo de gerenciamento dos aspectos tributários


de uma determinada empresa, com o propósito de controlar as operações que
tenham relação direta com os impostos, taxas e contribuições.
Os objetivos da Gestão Tributária são:
 corrigir possíveis erros de entendimento e execução no cumprimento
das obrigações e rotinas fiscais da empresa;
 evitar multas e sanções (contingências fiscais), bem como o pagamento
indevido de tributo;
 implementar formas lícitas de economia tributária.

Os tributos são divididos em:


 impostos – correspondem às transferências compulsórias de dinheiro ao
Governo por parte de indivíduos ou instituição privada;
 taxas – são os tributos gerados em razão do exercício do poder de
polícia ou pela utilização de serviços públicos específicos e divisíveis,
prestados ao contribuinte ou postos;
 contribuição de melhoria – tributo decorrente de obras públicas em que
ocorre efetiva valorização do imóvel do contribuinte.

Para que o Planejamento de Gestão Tributária seja realizado de forma


completa, deve-se conhecer os principais tributos relacionados às farmácias e
drogarias e sinalizar os fatores internos e externos que envolvem o canal “farma”,
avaliando as condições necessárias para assegurar as situações mais favoráveis
para pagamento dos tributos com riscos calculados.
As tabelas a seguir relacionam os principais tributos para farmácias e
drogarias.

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TABELA 18 - PRINCIPAIS TRIBUTOS FEDERAIS
PARA FARMÁCIAS E DROGARIAS

FONTE: Adaptado de Planejamento Estratégico Empresarial, CFF, 2007.

TABELA 19 - PRINCIPAL TRIBUTO ESTADUAL


PARA FARMÁCIAS E DROGARIAS

FONTE: Adaptado de Planejamento Estratégico Empresarial, CFF, 2007.

No Brasil, cada estado da Federação possui uma legislação própria e, por


isso, tem particularidades específicas, porém o conceito é o mesmo: o ICMS é pago
apenas sobre o lucro do produto, ou seja, não é calculado apenas sobre o valor total
da venda, mas tem de ser considerado também o valor do crédito do ICMS da

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compra, uma vez que o valor de venda preconizado pelo Governo geralmente não é
praticado, pois a farmácia ou drogaria acaba dando desconto ao cliente, praticando
assim um valor menor. Os produtos de higiene, perfumaria e cosméticos (HPC)
também têm uma margem de lucro preconizada pela Secretaria da Fazenda para
calcular o ICMS, porém o ICMS para essas categorias é calculado pelo valor
máximo ao consumidor (PMC).
Assim, cada Estado define um percentual de ICMS a ser pago e as regras e
valores de descontos sobre o PMC, assim como as regras e o percentual para
crédito do ICMS na compra, que pode diminuir ou aumentar.
Exemplo: supõe-se que um medicamento de referência custe pelo Preço
Máximo ao Consumidor (PMC) o valor de R$ 100,00 e pertence à lista negativa (não
incide PIS/COFINS), com margem de lucro de 33,05%. O preço de fábrica desse
medicamento (vendido pela distribuidora) custe R$ 75,15 em que já está inserido o
valor do ICMS pela distribuidora. A alíquota do Estado é de 17%, ou seja, o ICMS
recolhido para o Estado, após a venda do produto, será de R$ 17,00 (17% do PMC)
em que a distribuidora repassará de crédito à drogaria R$ 12,78 e a drogaria
recolherá R$ 4,22 que, de acordo com o sistema adotado pelo Estado, já estará
cobrado à drogaria na nota fiscal emitida pela distribuidora, ficando responsável pelo
recolhimento aos cofres públicos.
Sem o redutor, a drogaria pagaria à distribuidora R$ 75,15 + R$ 4,22, que
equivale ao valor de R$ 79,38, recolhido pela distribuidora o imposto devido ao
Estado pela drogaria.
Em geral, os Estados beneficiam as farmácias e drogarias com um redutor
de 10% do ICMS para medicamentos de marca, ou seja, considera que os produtos
serão vendidos com 10% de desconto e o valor total do ICMS devido (ICMS devido
pela farmácia ou drogaria e pelo distribuidor) será de R$ 15,30 e a drogaria irá
recolher apenas R$ 2,52, uma vez que a distribuidora já recolheu R$ 12,78. Logo, a
drogaria irá pagar R$ 77,67, onde R$ 77,67 referem-se ao valor do medicamento e
R$ 2,52 de Imposto.
Logo, neste exemplo, o valor do ICMS é de R$ 2,52 sobre o valor do PMC.

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TABELA 20 - PRINCIPAIS TRIBUTOS MUNICIPAIS
PARA FARMÁCIAS E DROGARIAS

FONTE: Adaptado de Planejamento Estratégico Empresarial, CFF, 2007.

TABELA 21 - OUTROS TRIBUTOS PARA FARMÁCIAS E DROGARIAS

FONTE: Adaptado de Planejamento Estratégico Empresarial, CFF, 2007.

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No final de cada ano, mais especificamente até o dia 31 de dezembro, as
empresas precisam definir o regime tributário que irão aderir no ano subsequente.
Logo, trata-se de uma escolha que precisa ser bem planejada para que o montante
de carga tributária a ser paga seja o mínimo possível no decorrer do ano e que seja
fundamentada na análise de projeções para o próximo exercício levando em conta:
 faturamento esperado;
 custo de mão de obra;
 custo de mercadoria vendida;
 lucro bruto esperado;
 lucro líquido esperado.
É imprescindível que esses dados sejam analisados por um profissional
especializado (contador, por exemplo), para que sejam feitas simulações até chegar
ao melhor regime tributário. Vale ressaltar que algumas farmácias e drogarias,
principalmente as de pequeno porte, recolhem impostos acima do que deveriam
pagar por desconhecimento da legislação, daí a importância de contratar um
especialista na área.
Muitas empresas que recolhem mais tributos do que deveria, geralmente,
não segregam os produtos vendidos, como os pertencentes à Lista Positiva, Lista
Negativa e o ICMS pago na fonte, ou seja, que tem Substituição Tributária (ST). Nos
cadernos de preços, como o Guia da Farmácia, os medicamentos estão segregados
por cores, onde:
 Preto = Medicamentos da Lista Negativa, em que o PIS e COFINS são
recolhidos em toda cadeia, ou seja, indústria, distribuidor e farmácia ou
drogaria. Porém o valor correspondente à farmácia ou drogaria já foi
recolhido pela indústria, assim, caso a farmácia cadastre errado ou o
contador desconheça a legislação que permite a segregação da lista de
medicamentos por cores, a farmácia ou drogaria acaba pagando novamente
os dois tributos sem necessidade;
 Azul = Medicamentos da Lista Positiva, como os medicamentos de uso
contínuo, os anti-inflamatórios e os antibióticos, ou seja, os produtos que não
recolhem PIS e COFINS, pois os mesmos têm tarifa zero, uma vez que os
impostos já estão embutidos no valor da mercadoria adquirida, não cabendo
à farmácia ou drogaria nenhum recolhimento;

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 Verde = Medicamentos da Lista Neutra, em que a farmácia ou drogaria
recolhe o PIS e COFINS, ou seja, os dois tributos são recolhidos e pagos
pela farmácia ou drogaria.
Logo, para que não se pague mais tributos do que deveria, é essencial que
seja subdividida a receita por incidência de tributação em cada produto,
considerando a legislação vigente e a tabela correta para viabilizar o cálculo.
Dentre as opções de recolhimento de impostos federais, tem-se: Lucro Real,
Lucro Presumido, Lucro Arbitrado ou Simples Nacional.

15.1 LUCRO REAL

O Regime de Lucro Real considera o lucro líquido apurado na escrituração


contábil, ou seja, a farmácia ou drogaria paga o Imposto de Renda de acordo com o
lucro apurado nos seus balanços, que podem ser trimestral ou anual.
Essa opção de apuração exige uma documentação fiscal muito mais
minuciosa, pois se considera o conceito de crédito e débito das mercadorias, as
despesas e as perdas de produtos (como vencimentos e avarias), pois serão
quesitos que irão contribuir para a redução do lucro final.
A grande desvantagem desse regime tributário é o alto valor percentual a ser
pago de INSS sobre a folha de pagamento.

15.2 LUCRO PRESUMIDO

No Regime de Lucro Presumido, o Imposto de Renda não é calculado sobre


o lucro efetivo, e sim sobre uma base presumida de lucro, sendo que os cálculos são
feitos por períodos trimestrais.
A grande desvantagem desse regime é o tamanho da folha de pagamento,
caso ela seja grande e de altos salários, pois sobre ela incide o percentual de INSS
que é pago pela empresa.

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15.3 SIMPLES NACIONAL

Já o Simples Nacional, também conhecido como Super Simples, implica no


recolhimento da carga tributária mensalmente, mediante documento único de
arrecadação dos impostos e contribuições devidos por microempresas (ME) ou
empresas de pequeno porte (EPP), neste caso, não considera se houve lucro ou
prejuízo:
 Imposto sobre Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ);
 Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI);
 Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CLSS);
 Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS);
 Contribuição para o PIS/PASEP;
 Contribuição para a Seguridade Social a cargo da pessoa jurídica;
 Imposto sobre Operações relativas à circulação de Mercadorias (ICMS);
 Imposto sobre Serviços de qualquer natureza (ISS).
Nesse caso, uma das desvantagens é que não é permitida qualquer
dedução de incentivo fiscal do imposto apurado. Não se deduz as perdas de
produtos vencidos e não se permite a transferência de créditos para outras
empresas. Já a principal vantagem é que exige menor registro contábil, simplificando
a apuração fiscal, logo, é ideal para as empresas com menor faixa de faturamento.
Resumindo, os impostos federais podem ser recolhidos por um dos três
regimes tributários apresentados anteriormente: Lucro Real, Lucro Presumido ou
Simples Nacional.
Já o imposto estadual (ICMS) pode ser recolhido de duas maneiras: pelo
Simples Nacional (exclusivamente nos Estados que aderiram ao Simples Nacional),
neste caso com exceção das farmácias e drogarias que estão no Lucro Real ou
Presumido, ou então por meio do método de Substituição Tributária (ST).
Na Substituição Tributária (ST), o sistema de cobrança do ICMS é calculado
a partir da entrada dos produtos na farmácia ou drogaria, sobre a nota fiscal de
compra, ou seja, para cada produto que estiver na nota fiscal de compra, é

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necessário fazer o cálculo do ICMS pelo método débito/crédito, em que o imposto
calculado continua sendo o mesmo valor de quando é calculado sobre a diferença.
Exemplo: o PMC de um medicamento é de R$ 10,00 e o preço de custo de
compra com desconto concedido pelo fornecedor é de R$ 9,00 (10%). O preço de
venda oficial é de R$ 13,82 e, com desconto de 12,% para o cliente, sai por R$
12,16. Para calcular o ICMS por Substituição Tributária, subtrai-se o ICMS sobre
venda do ICMS a ser pago:
 ICMS sobre a venda: R$ 12,16 multiplicado por 17% = R$2,07;
 Crédito do ICMS sobre compra: R$ 9,00 multiplicado por 17% = R$1,53;
 Logo, o ICMS a ser pago = ICMS sobre a venda subtraído do ICMS a
ser pago (R$ 2,07 - R$ 1,53 = R$ 0,54, que equivale a 4,44% sobre o preço
de venda).
Logo, infere-se um determinado preço de venda do produto (geralmente
PMC) e sobre ele aplica-se o percentual de ICMS, gerando o valor do imposto. Do
valor do ICMS, subtrai-se o valor do crédito de compra, que é o valor do ICMS sobre
o preço de custo da compra, já com desconto do fornecedor. Os valores do ICMS de
cada produto são somados e acrescentados no valor total da nota fiscal, onde o
ICMS será pago no boleto que acompanha a nota fiscal de compra.
A maioria dos Estados opta por esse tipo de recolhimento de ICMS.
Assim, para as práticas administrativas, são obrigações da contabilidade:
 controlar e acompanhar os registros dos Recursos Humanos (RH);
 emitir relatório mensal com os resultados contábeis e repassar para a
administração da farmácia ou drogaria;
 preparar os Livros de Registros Contábeis previstos em legislação;
 realizar as obrigações fiscais definidas pelos órgãos governamentais;
 preparar as Guias de Recolhimento Fiscais.

Em contrapartida, é imprescindível que o empresário da farmácia ou


drogaria fora do Simples Nacional, repasse, mensalmente, para o contador:
 Listagem de Produtos de Estoque;
 Livro de Duplicatas emitidas e recebidas;
 Relação das Entradas e Saídas de Produtos por Lista de Cores de
Comercialização (Lista Positiva, Negativa e Neutra);

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 Relação da Venda dos Produtos por Categoria Fiscal (Tributados e
Substituição Tributária);
 Relatório de Comissões e Horas Extras dos Funcionários.

Diante dessa troca de dados e informações, o setor da contabilidade fará a


conferência dos valores pagos em outros regimes tributários:
 somatória dos impostos federais e estaduais pagos no mês = ICMS
(somatória dos valores cobrados na nota fiscal) + Imposto de Renda + CSLL
+ PIS + COFINS + INSS (somente parte da empresa);
 sinalização da representatividade em relação à venda líquida fiscal do
mês;
 comparação com o percentual da Tabela do Simples – se os valores
forem muito discrepantes, inclusive com o maior valor da tabela, significa
que estão fora da proporcionalidade da empresa, indicando que há
necessidade de fazer um Planejamento Tributário para a farmácia ou
drogaria.

Além disso, alguns cuidados devem ser tomados nas atividades diárias para
que os cálculos e emissão de relatórios pela contabilidade não sejam prejudicados:
 em caso de pane na impressora fiscal, a contabilidade deverá
disponibilizar aos vendedores, de imediato, blocos de nota fiscal manual;
 preservar o lacre inserido na impressora fiscal e notificar ao contador
caso seja rompido;
 nas notas fiscais de vendas emitidas deverão constar os números dos
cupons fiscais que as compõem – no caso de nota fiscal eletrônica, esse
procedimento já é automático;
 as vendas realizadas via cartão deverão disparar o TEF e,
concomitantemente, emitir o cupom fiscal;
 os documentos fiscais devem ser arquivados em locais que garantam a
preservação dos mesmos por, no mínimo, cinco anos para blocos de notas
fiscais, leitura Z de impressora fiscal, mapa de caixa, livros contábeis e guias
de pagamentos fiscais. E permanentemente para documentos do INSS, de
funcionários e da Receita Federal.

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A Lista de Preços de Medicamentos (Preço de Fábrica e Preço Máximo ao
Consumidor) é disponibilizada mensalmente nos cadernos de preços, como por
exemplo, o Guia da Farmácia, bem como no site da ANVISA.
Por meio do site (<http://portal.anvisa.gov.br>), clica-se na opção de Pós-
Comercialização/Pós-Uso, o campo Regulamentação de Mercado e Publicações
Regulação Econômica. Neste campo a Lista de Preços de Medicamentos é
periodicamente atualizada, conforme ilustra a figura a seguir.

FIGURA 40 - CAPA/INTRODUÇÃO DA LISTA DE PREÇOS DE MEDICAMENTOS


DISPONIBILIZADA PELA ANVISA

FONTE: Disponível em:


<http://portal.anvisa.gov.br/wps/portal/anvisa/anvisa/profsaude/!ut/p/c4/04_SB8K8xLLM9MSSzPy8xB
z9CP0os3hnd0cPE3MfAwMDMydnA093Uz8z00B_A3cfc_2CbEdFALYlndw!/?1dmy&urile=wcm%3Apa
th%3A/anvisa+portal/anvisa/pos+-+comercializacao+-+pos+-
+uso/regulacao+de+marcado/publicacao+regulacao+economica/listas+de+precos+de+medicamentos
+03>. Acesso em: 2 nov. 2013.

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Na figura seguinte, destaque para os valores dos percentuais de ICMS para
o Preço de Fábrica (PF) e Preço Máximo ao Consumidor (PCM) na linha hachurada
em azul escuro.

FIGURA 41 - LISTA DE PREÇOS DE MEDICAMENTOS


DISPONIBILIZADA PELA ANVISA

FONTE: Disponível em:


<http://portal.anvisa.gov.br/wps/portal/anvisa/anvisa/profsaude/!ut/p/c4/04_SB8K8xLLM9MSSzPy8xB
z9CP0os3hnd0cPE3MfAwMDMydnA093Uz8z00B_A3cfc_2CbEdFALYlndw!/?1dmy&urile=wcm%3Apa
th%3A/anvisa+portal/anvisa/pos+-+comercializacao+-+pos+-
+uso/regulacao+de+marcado/publicacao+regulacao+economica/listas+de+precos+de+medicamentos
+03>. Acesso em: 2 nov. 2013.

Por fim, a Figura 42 mostra, na linha hachurada em azul claro, que a lista
apresenta os medicamentos classificados por Laboratório Farmacêutico.

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104
FIGURA 42, LISTA DE PREÇOS DE MEDICAMENTOS
DISPONIBILIZADA PELA ANVISA

FONTE: Disponível em:


<http://portal.anvisa.gov.br/wps/portal/anvisa/anvisa/profsaude/!ut/p/c4/04_SB8K8xLLM9MSSzPy8xB
z9CP0os3hnd0cPE3MfAwMDMydnA093Uz8z00B_A3cfc_2CbEdFALYlndw!/?1dmy&urile=wcm%3Apa
th%3A/anvisa+portal/anvisa/pos+-+comercializacao+-+pos+-
+uso/regulacao+de+marcado/publicacao+regulacao+economica/listas+de+precos+de+medicamentos
+03>. Acesso em: 2 nov. 2013.

Concluindo, o planejamento anual do regime tributário da farmácia e


drogaria será responsável pela qualidade financeira da empresa, com o propósito de
diminuir a carga tributária legalmente, obtendo mais lucros para o negócio.

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FIM DO CURSO

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