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A todo momento, estamos conectados aos mais diversos discursos e, muitas vezes, podemos sentir
que não temos tanto a dizer. Então, como confiaremos em nossa própria opinião se parece existir tantas
pessoas mais articuladas e informadas já opinando?
Para construir a si mesmo como ser pensante, é fundamental perceber-se parte dessa rede
discursiva, o que exige nossa participação como cidadãos e como seres políticos. Vamos, portanto,
argumentar!
A estrutura da dissertação
É uma unidade de sentido com uma função específica dentro do texto. Por exemplo, um parágrafo
cuja função é apresentar o tema é diferente daquele que tem como objetivo refutar uma ideia contrária ao
ponto de vista do autor; o parágrafo que finaliza o raciocínio desenvolvido ao longo da redação, por outro
lado, não é igual ao que induz um raciocínio argumentativo. Dessa forma, precisamos identificar a função
de cada parágrafo e reconhecer os seus limites para sabermos quando mudar de um para outro.
Introdução
A primeira parte das estruturas mais clássicas da dissertação é a introdução. Nela, o tema e o
posicionamento são apresentados ao leitor de forma a compartilhar com ele tanto a questão que
I será tratada ao longo do texto quanto os direcionamentos que serão dados a essa questão. É como
se a introdução trouxesse respostas às perguntas sobre qual tema vamos escrever e o que pensamos
a respeito dele. Em outras palavras, podemos encontrar a contextualização e a tese da dissertação
na introdução, que normalmente se apresenta em um único parágrafo.
Desenvolvimento
O que chamamos usualmente de “desenvolvimento dissertativo” é o trecho do texto cuja função
geral é desdobrar a tese apresentada na introdução.
D É nessa parte da redação que construímos a argumentação, isto é, a explicação, as justificativas de
nossa tese. Durante o desenvolvimento, a preocupação central é fornecer respostas a perguntas
como: por que nos posicionamos da maneira como o fizemos? Quais são as evidências de que
dispomos para verificar, na realidade, aquilo que afirmamos “em teoria”?
Conclusão
Por fim, a última parte do modelo clássico de um texto dissertativo é a conclusão, que, utiliza um
único parágrafo. Ainda que ela venha no final, construímos toda a redação para chegar até ela. Por
C um lado, em propostas que não nos peçam intervenções em relação aos problemas detectados a
partir do tema, a conclusão serve para confirmarmos a hipótese lançada como ponto de vista na
introdução. Por outro lado, em propostas como a do Enem, a conclusão tem por função apresentar
soluções para os aspectos problemáticos relativos ao que foi abordado.
Parágrafo
O parágrafo é uma unidade de sentido com uma função específica
dentro do texto.
Introdução
O tema e o posicionamento são apresentados ao leitor, como
A COMPOSIÇÃO resposta à pergunta “o quê?”.
BÁSICA
DA DISSERTAÇÃO Desenvolvimento
É o trecho do texto que tem a função de desdobrar a tese
apresentada na introdução. A preocupação central é responder à
questão “por quê?”.
Conclusão
Serve para confirmarmos a hipótese da introdução. No Enem,
também é o momento de propor soluções para os problemas
abordados.
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PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua
formação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema
“A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira”, apresentando proposta de intervenção
que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos
para defesa de seu ponto de vista.
TEXTO I
Nos 30 anos decorridos entre 1980 e 2010 foram assassinadas no país acima de 92 mil mulheres, 43,7 mil só na
última década. O número de mortes nesse período passou de 1.353 para 4.465, que representa um aumento de 230%,
mais que triplicando o quantitativo de mulheres vítimas de assassinato no país.
WALSELFISZ, J. J. Mapa da Violência 2012. Atualização: Homicídio de mulheres no Brasil. Disponível em: www.mapadaviolencia.org.br. Acesso em: 8 jun. 2015.
Violência física
31,81% Violência psicológica
Violência moral
Violência sexual
9,68% Violência patrimonial
2,86% Cárcere privado
1,94% 1,76%
0,26%
Tráfico de pessoas
BRASIL. Secretaria de Políticas para as Mulheres. Balanço 2014. Central de Atendimento à Mulher: Disponível em: www.compromissoeatitude.org.br.
Disque 180. Brasília, 2015. Disponível em: www.spm.gov.br. Acesso em: 24 jun. 2015 (adaptado). Acesso em: 24 jun. 2015 (adaptado).
TEXTO IV
O IMPACTO EM NÚMEROS
Com base na Lei Maria da Penha, mais de 330 mil processos foram instaurados
apenas nos juizados e varas especializados
A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação ou do Caderno de Questões terá o número de linhas copiadas
desconsiderado para efeito de correção.
Receberá nota zero, em qualquer das situações expressas a seguir, a redação que:
tiver até 7 (sete) linhas escrit
fugir ao tema ou que não atender ao tipo dissertativo-argumentativo.
apresentar proposta de intervenção que desrespeite os direitos humanos.
apresentar parte do texto deliberadamente desconectada do tema proposto.
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Análise da proposta e da coletânea
Em primeiro lugar, para que possamos começar a definir nosso ponto de vista, é importante
observar com atenção o recorte do tema exigido pela proposta. A prova com que estamos
trabalhando pede que nos posicionemos a respeiro da persistência da violência contra a
mulher na sociedade brasileira e que apresentemos uma proposta de intervenção que
respeite os direitos humanos. Dito isso, temos:
Além disso, a banca valeu-se do termo persistência, ou seja, parece insistir no fato
de que a violência continua mesmo com o decorrer do tempo e os mecanismos de
inibição.
Texto 4 Há alguns dados a respeito do que vem sendo feito após a Lei Maria da Penha
e, também, informações sobre o canal de denúncia (180) e do que se tem registrado
por meio dele.
O ponto de vista
Como podemos notar, a parte final da coletânea parece nos sugerir que,
instituicionalmente, isto é, no âmbito das leis, das punições, já existem medidas sendo tomadas.
Podemos pensar, então, que por mais que elas sejam intensificadas, com mais fiscalização e
diversos meios de denúncia, tudo isso talvez ainda seja insuficiente, pois a violência conta a
mulher tem raízes profundas, culturais. Basta pensarmos nos processos históricos da sociedade
brasileira, nos quais a imagem da mulher é construída como alguém “do lar”, a quem não
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couberam as decisões sobre a coletividade durante muito tempo; nas músicas, que objetificam o
corpo feminino; nas propagandas, que associam a mulher com a sexualidade ou com o espaço
doméstico; nas expressões cotidianas como “sexo frágil”, “mulherzinha”, “vira homem”. Em uma
cultura como essa, não parece estranho que o sujeito feminino seja, sistematicamente, subjugado,
tanto sujeito no plano sinbólico quanto na literatura, e disso decorre toda uma sorte de agressões.
Explorar esses aspectos pode ser um bom caminho para a construção do ponto de vista.
Nesse sentido, e levando em conta que em uma proposta como a do Enem nos são pedidas as
intervenções, poderíamos pensar em teses como as seguintes:
Nas duas teses, destacamos uma construção cultural que, de certa maneira, torna
frequente a inferiorização da mulher, o que faz a vilências contra ela persistir. Seguindo esses
pontos de vista, podemos começar a pensar em contextualizações, como exemplo, colocamos
algumas feitas por participantes reais para essa mesma proposta.
Introdução com contextualização a partir da coletânea
Decretada em 2006, a Lei Maria da Penha foi um avanço significativo no combate à violência
contra a mulher. No entanto, desde aquele ano, as estatísticas permanecem altas e os abusos contra o
sexo feminino persistem. Isso se deve, principalmente, à mudança do papel da mulher na socidade
brasileira, a qual não foi acompanhada por uma transformação na mentalidade machista da população.
Ademais, as mulheres que sofrem vilência ainda não encontram amparo adequado antes e depois de
efetuar uma denúncia.
Maria Barrionueiro.
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Introdução com contextualização por citação
Em “We should all be feminists”, a escritora Chimamanda Adichie relata que, diante da notícia
de um estupro coletivo cometido contra uma jovem nigeriana, a resposta de muitos homens e mulheres
foi “Sim, o estupro é errado, mas o que uma garota estava fazendo em uma sala com quatro garotos?”.
Tal pensamento narrado pela escritora não é isolado e restrito `aquele país, mas, sim, uma representação
da cultura machista, que está presente na sociedade brasileira, a qual tende a culpabilizar a vítima e permitir
a persistência da vilência contra a mulher. Portanto, com o objetivo de garantir o exercício dos Direitos
Humanos a todos os indivíduos independentemente do gênero, é necessário que o Estado, em conunão
com os cidadãos, modifique essa cultura opressora.
Bianca Lemos.
Desta vez, é por meio de uma referência da própria autora que se contextualiza o texto. A
palestra da escritora Chimamanda Adichie funciona como o ponto de partida para mostrar que há
uma culpabilidade da vítima, o que faz persistir a violência contra a mulher. O discurso faz parte
do repertório da autora da introdução, e ela percebe nele um ponto de contato com o que pretende
defender. A tese, por sua vez, continua relacionando a violência à “cultura opressora”, a qual deve
ser transformada para que se encerre esse ciclo de agressões.
O filme “Zootopia” narra a história da coelha Judy e da raposa Nick, que, juntas, precisam
resolver os vários mistérios da cidade animal. Além da aventura e do suspense, o filme também retrata a
dificuldade de Judy em ser respeitada como policial, uma vez que sua condição de coelho contrasta com
a de seus colegas, predadores e fortes. A realidade da policial, porém, não se limita à fantasia, uma vez
que nossa própria sociedade cria estereótipos que restringem nossa identidade. Assim como em
“Zootopia”, em que os coelhos são tidos por presas fofas, em nossa cultura, a mulher é construída
imageticamente como fraca, emotiva, doméstica e submissa, o que faz persistir a vilência contra ela.
Assim, para reverter esse quadro, fazem-se necessárias ações, principalmente, no campo cultural.
Mariana Kurashima.
Nesta última introdução, a autora opta por contextualizar por meio da construção de uma
analogia entre a realidade e uma ficção. Com base na animação Zootopia, ela consegue perceber
uma relação entre a inferiorização de uma personagem e o estereótipo criado acerca dela e, dessa
percepção, estabelece um paralelo com a realidade: a violência física e simbólica que se pratica
contra a mulher que talvez seja fruto da maneira como, culturalmente, construíram-se os
estereótipos femininos. Aqui, mais uma vez, a tese aponta para as cauas culturais da violência,
mas a estratégia de situar o leitor quanto ao tema é diferente, buscando na ficção essa
contextualização.
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revisando
Com base na proposta do Enem de 2015, construa duas introduções diferentes para uma
possível dissetação. Para tanto, será preciso pensar no ponto de vista e na contextualização.
Quanto ao primeiro, lembre-se de responder ao que é apresentado pela proposta. Quanto à
contextualização, procure valer-se de seu repertório – músicas, propagandas, nótícias recentes,
definições, ficções: tudo pode servir de material, desde que você atente para a clareza ao explicar
a referência e tenha cuidado para ligá-la à tese.
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Redação proposta