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GOVERNO DO ESTADO DO PIAUÍ

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ


NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
COORDENAÇÃO DO CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM PEDAGOGIA
DISCIPLINA: PRÁTICA E PESQUISA EDUCACIONAL III

ATIVIDADE VI – INTERAGINDO COM A PRÁTICA


ANÁLISE DOS DADOS EMPÍRICOS DO ESTUDO

Prezado(a) estudante,

Após a coleta dos dados empíricos e da sua organização, chegou o momento da


análise. Análise consiste na decomposição das informações de forma que possam ser
evidenciados aspectos importantes para a compreensão mais aprofundada do fenômeno
investigado, evidenciando os seus sentidos. As análises realizadas com base nos dados
empíricos devem ser relacionadas ao referencial teórico do estudo.

Vamos exemplificar, com base no exemplo apresentado na atividade V:


CATEGORIA EMPÍRICA
CONCEPÇÃO DE LEITURA DOS PROFESSORES DA EDUCAÇÃO INFANTIL
Leitura é a forma como se interpreta um conjunto de informações (presentes em um livro, uma
notícia de jornal, etc.) ou um determinado acontecimento. É a decodificação da língua escrita.
Leitura é o processo de compreensão de uma informação encontrada em um código.
Fonte: Dados da entrevista (2017).
Vejamos a análise da categoria “Concepção de leitura dos professores da
educação infantil”, no exemplo dado.

A professora Alfa demostra uma concepção de leitura restrita a decodificação,


em que o aluno se limita a uma leitura superficial da escrita, sem compreensão do
sentido. Essa perspectiva de leitura está ultrapassada, visto que o aluno necessita de uma
formação integral, sendo papel do professor inserir esse aluno em uma cultura letrada,
que oportunize, não apenas decifrar códigos da língua, mas o uso dessa habilidade para
compreensão do contexto social. Como afirma Martins (1990), a leitura é uma
experiência pessoal, a qual não depende somente da decodificação de símbolos gráficos,
mas de todo o contexto ligado à história de vida de cada indivíduo, para que este possa
relacionar seus conceitos prévios com o conteúdo do texto e, desta forma, construir o
sentido.
Essa ideia da leitura como decodificação, está relacionada a uma concepção de
alfabetização que não atende mais as necessidades e as exigências do mundo e da
sociedade atual. Para tanto, é preciso compreender que o indivíduo está inserido dentro
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de um contexto social e deve fazer uso social da língua para ser um cidadão atuante e
crítico. Portanto, é necessário que se tenha uma concepção mais apurada da cultura
letrada, associando ao letramento, ou seja, ao uso social da língua. Dessa forma, a
leitura não se restringe a leitura apenas a decifração do código, mas habilidades
relacionadas ao uso da língua como cidadãos atuantes dentro de seu contexto social.
Neste cenário, a concepção de alfabetização vem mudando historicamente, tendo em
vista ser um conceito socialmente construído, como afirma Frade (2007, p.75):

[...] o conceito de alfabetização/instrução, antes ligado ao ensino das


primeiras letras, também tem sido alterado. Sendo assim, não basta decifrar: é
preciso, além dessa habilidade constitutiva dos saberes envolvido no ler e
escrever, também participar ativamente dos benefícios envolvidos na cultura
escrita para construir atitudes, representações e disposições necessárias para
essa participação.

Ao contrário da professora Alfa, a professora Beta nos mostra em sua fala uma
concepção mais abrangente acerca da leitura. Sua fala contempla uma concepção mais
contemporânea, demonstra que a professora entende a leitura como um processo, em
que o aluno deve ser participante juntamente com o professor. Dentro de uma
perspectiva de compreender o que se ler, o contexto do texto para que entendam e
represente a realidade, como aponta o Referencial Curricular Nacional para a Educação
Infantil - RCNEI:

(...) aprender uma língua não é somente aprender as palavras, mas


também os seus significados culturais (...)”, devendo a Educação
Infantil constituir-se em espaço de ampliação da comunicação e
expressão e de acesso ao mundo letrado pelas crianças,
principalmente para aquelas que têm pouco acesso a material escrito
nos seus espaços familiares (BRASIL, 1998, p. 117).

A leitura vai além da decodificação das palavras, envolve a compreensão dos


significados. Ainda sobre esse aspecto da leitura, para Freire (1982, p. 12) "A
compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das
relações entre o texto e o contexto". Se o aluno apenas decodifica símbolos, ele não vai
conseguir adquirir informações sobre o texto, que somente aparecem quando existe uma
compreensão do que se está lendo.
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PARA FAZER:
Verifique que, na análise da categoria: Concepção de leitura dos professores da
educação infantil, além da discussão das respostas apresentadas pelas participantes
(Professora Alfa e Professora Beta), se fez relação com o referencial teórico do estudo.
Agora, chegou a sua vez de analisar os seus dados empíricos coletados, que você
organizou em eixos ou categorias. Lembre sempre que deve procurar base para as
discussões no seu referencial teórico.

Referências:

BARDIN, L. Análise de Conteúdo. 3. ed. Lisboa: Edições 70, 2009.

BRASIL. Referencial curricular nacional para a educação infantil. Brasília:


MEC/SEF, 1998.

FRADE, I. C. A. da S. Alfabetização na Escola de Nove Anos: desafios e rumos. In.


SILVA, E. T. (Org). Alfabetização no Brasil: questões e provocações da atualidade.
Campinas, SP: Autores Associados, 2007.

MARTINS, L. M. (Org). Quem tem medo de ensinar na educação infantil? Em


defesa do ato de ensinar. 2.ed. Campinas, SP: Alínea, 2010.

OLIVEIRA, Maria Marly de. Como fazer pesquisa qualitativa. 3.ed. Petrópolis, RJ:
Vozes, 2010.

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