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O olhar dos educadores e das educadoras da EJA

transformando o olhar da formadora em formação

O Encontro formacional com profissionais que atuam com a Educação de Jovens


e Adultos do Sistema Municipal de Educação de Presidente Jânio Quadros no
último dia 14 de março, provocou em mim a necessidade de destacar pontos de
atenção a partir da troca de olhares no movimento da experiência da formação.
Mas não estamos falando da experiência carregada do fazer acumulado, mas a
experiência que nos atravessou enquanto formadora em ação/formação e,
também sobre a experiência da formação. Duas questões distintas.

Pois bem, tomamos para nossas anotações aqui, o sentido da experiência a


partir do autor Bondiá, 2002, “saber da experiência se dá na relação entre o
conhecimento e a vida humana, singular e concreta”.

Assim, após os devidos esclarecimentos, trazemos agora, para compor e


enriquecer essa roda de conversa, que insiste em não pausar, alguns pontos
relevantes com o objetivo de continuar as reflexões iniciadas e, inacabadas em
virtude do tempo que a todo tempo tenta nos impedir de terminar... Vamos lá!

1. Indissociação entre pessoalidade e profissionalidade (Nóvoa, 2009) –


Tratar desse aspecto nos obriga a trazer também a máxima: “Todo
profissional mora dentro de uma pessoa” (SOLIGO, 2015).

Mas como não refletir aqui sobre depoimentos carregados de


experiências profundas e capazes de fazer o profissional que mora
dentro, aprender com a pessoa? Assim, aconteceu naquela manhã do dia
14 de março. Aprendi muito com Cleide “a professorinha de Deus”, com o
vozeirão da Roberta, com a serenidade de Néia. Com os olhares
falastrões dos que se mantiveram em silêncio. Com os corpos tímidos,
mas que gritavam, também em silêncio, saberes valiosíssimos aprendidos
com outros corpos que frequentam a EJA.

Foi mágico!!
Ali, em grupo e com o grupo de profissionais que atuam na EJA, entendi
o que Antonio Nóvoa tanto insiste em dizer para nós professores: “É
impossível separar a pessoa do profissional”. Assim, anuncio que eu
pessoa aprendi muito. Eu profissional aprendi duplamente. Aprendi que a
EJA é lugar de pessoas e de profissionais (estudantes e educadores) que
carregam o saber da experiência. Por essa razão, cotidianamente,
corajosamente, enfrentam de modo criativo os desafios colocados pela
“vida humana, singular e concreta” e, esse enfrentamento os colocam na
condição de produtores e autores de saberes outros, de tal modo, que
não se permitem aceitar nada que não seja o melhor que podem realizar
como necessário nas condições possíveis.

2. Se não é possível separar a pessoa que é também o profissional, então é


possível concordar que pessoa/profissional é sujeito da sua experiência e
do seu processo de aprendizagem. Logo, ensinar é verbo enfraquecido,
vencido. Os saberes são produzidos/(re)construídos/apreendidos fora do
sistema de ensino/transmissão. Somente aprendemos se desejamos. Eis
aqui a questão a ser refletida: Como ajudar pessoas/profissionais
(estudantes e educadores) a desejarem aprender para transformarem-se
e transformar sua realidade? Como oportunizar experiências pessoais de
aprendizagens capazes de mobilizar expectativas e desejos?

3. Mediação didática que considera a história de vida dos sujeitos, os


saberes que trazem do ser/fazer cotidiano, as proposições de vivências
que fazem sentido, podem ser o ponto de partida.

Vamos tentar?

Esperamos vocês no próximo encontro.

Com afeto,

Zuma Silva
77 9 8112 2504

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