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A LANÇA INDESTRUTÍVEL
“Aqui será minha eternidade... um dia que os deuses nunca se esquecerão!”
* Pantheon
SHORT STORY
EM BATALHA, DESTRUÍDO
POR L. J. GOULDING
No quarto dia, ele despertou. Iula não o ouviu levantar da cama, vestir
a túnica recém-lavada e seca que ela e Hanne lhe deixaram nem
rastejar pelo corredor de pedra arenosa até a cozinha.
Deu-se conta da recuperação quando o cheiro inconfundível de
queimado invadiu suas narinas.
Atordoada, rolou para fora de sua cama simples com o coração aos
pulos.
"Hanne!", gritou. "Hanne, chame o Tom!"
O chão estava frio sob seus pés, mas Iula não procurou as sandálias.
Afastou a cortina divisória para o lado, praguejando ao bater o ombro
na madeira do batente enquanto atravessava.
Havia fumaça no corredor.
"Hanne!"
Estremecendo, segurando o ombro, ela martelou o punho na parede
de pedra áspera do quartinho de Hanne até a cozinha antes de lembrar
que a garota devia ter ido ao mercado horas atrás. Iula precisaria
resolver isso sozinha.
Então, fez uma curva e parou abruptamente.
Atreus estava agachado diante do forno de pão na lareira, abanando
freneticamente uma pequena chama com o próprio escudo. Os olhos
estavam irritados devido à fumaça, as mãos cobertas de farinha e
fuligem.
Ele olhou por cima do ombro para Iula.
"Perdão", arfou. "Não... Não sei o que eu..."
Ela soltou um grito irritado e pegou uma jarra de água na despensa.
"Sai da frente, grandalhão!"
Um vapor saiu do forno quando o fogo foi extinto. Iula tossiu e arfou,
soltando a jarra para cobrir a boca e o nariz com seu roupão noturno.
Encarou o guerreiro, que estava parado timidamente no meio do
cômodo.
"O que você está esperando? Vá abrir a porcaria da porta", vociferou
para ele enquanto cambaleava até a janela e abria-a com força. O sol
da manhã invadiu as sombras, quase virando barras sólidas de luz na
fumaça.
Atreus abriu a porta, pensou por um instante e começou a mexê-la
para a frente e para trás para que o ar fresco entrasse. Iula lançou um
olhar fulminante para ele antes de ajoelhar-se diante do forno para
avaliar o dano.
"Bom, lá se foi a fornada inteira", murmurou, arrancando
cuidadosamente um dos pães encharcados e queimados da bagunça.
A base de pedra rangeu e crepitou enquanto esfriava, com uma lama
de cinzas e água caindo no chão sob a lareira aberta. "E o fogo
apagou também. Demorei um dia inteiro para deixar na temperatura
certa, sabia?"
Ela apontou um dedão para Atreus por cima do ombro.
"Eu falei na última vez em que esteve aqui: você nunca será padeiro.
Desista."
Ele continuou a ventilar com a porta como se fosse a tarefa mais
importante do mundo. "A garota", murmurou. "Ela me pediu pra cuidar
do pão antes de sair."
Iula ficou em pé com um pouco de esforço. "Você falou com a Hanne?"
Atreus fez que sim. Olhou ao redor à procura de algo para manter a
porta aberta antes de dar de ombros e usar o próprio escudo. Quando
o guerreiro se levantou de novo, ela notou que ele não a olhava nos
olhos, mantendo o olhar no chão entre os dois.
Iula não conseguia espantar a sensação de que, de alguma maneira, o
homem parecia... mais fraco do que se lembrava. Era como se ele
tivesse encolhido, talvez. No passado, ele sempre irradiara uma
espécie de rebeldia obstinada, que tranquilizava aliados e perturbava
quem viesse a desafiá-lo.
Aquilo se fora.
Atreus passou os dedos pela barba, parecendo tentar encontrar uma
combinação específica de palavras que gostaria de dizer. "Eu queria...
Quero achar um jeito de recompensar você, Iula. Por todas as
gentilezas que fez por mim ao longo dos anos."
Ela bufou. "Bom, vamos ter que achar alguma coisa fora da cozinha.
Talvez eu deixe você arar os campos antes da semeadura na próxima
estação. Nem mesmo você consegue atear fogo na lama. Pelo menos
é o que espero. Talvez eu esteja errada."
O lampejo de um sorriso cruzou o rosto dele, mas foi apenas um
lampejo.
Então, o olhar do guerreiro se desviou dela para o corredor.
Iula viu Tomis parado ali, espiando da curva, agarrando a beirada da
parede com os dedinhos. Ela alisou o roupão e fez um gesto para a
criança.
"Venha aqui, Tom. Venha dizer oi. Esse é o homem que estamos
ajudando. Ele se chama Atreus, somos amigos há muito tempo. Muito,
muito tempo mesmo. Mas você não saberia só de olhar pra ele, né?"
O garoto não se mexeu. Nem Atreus.
Suspirando, ela se arrastou e pegou Tomis no colo, deixando-o
descansar a cabeça em seu ombro machucado enquanto carregava-o
para a cozinha. "Acho que ele está com um pouco assustado. Você é o
primeiro soldado que ele vê desde..." As palavras morreram nos seus
lábios. Iula sorriu para o menino e assoprou o cabelo dele
carinhosamente. “Bom. Ele é um órfão. Os últimos anos não foram
fáceis para o povo dos vales altos."
Atreus alternou o olhar entre Iula e Tomis.
"Ele não é seu?"
Iula riu. "Você está falando sério? Nunca tenho certeza com você."
Os olhos de Atreus voltaram a pousar no chão. "Não... Não estou..."
"Não, Atreus. Garanto que esse menininho não é meu filho. E antes
que pergunte: não, Hanne também não é minha filha. Tenho sessenta
e oito anos e sei que aparento, então não me venha com elogios pra
que eu perdoe você pelo pão queimado. Sei que você não fica velho,
mas o resto de nós, mortais, fica, sim."
Então, ela fitou o guerreiro diante dela, um homem que conhecera
quase a vida toda, e se deparou com algo que nunca tinha visto antes.
Ele tinha os olhos cheios de lágrimas. Tremia.
Ela tentou dar um passo na direção dele, mas Tomis se contorceu
desconfortavelmente em seus braços com a ideia, então ela o colocou
no chão. "Vá, mocinho. Volte para o quarto. Levo seu café da manhã
logo, logo."
Apesar de seu sorriso tranquilizador, o garoto saiu da cozinha muito
cautelosamente. Iula se voltou para Atreus, que havia se inclinado para
pegar a jarra.
"Você sumiu por tanto tempo", disse ela, estendendo o braço para pôr
uma mão reconfortante no braço dele. "Eu estava começando a me
pergun…"
Atreus reagiu ao toque como se atingido por um raio de verão.
"Fique longe de mim!", berrou, recuando com tanta força que caiu sobre
o banco de madeira baixo e rachou a testa no canto da mesa.
Iula se afastou, quase perdendo o equilíbrio também.
Atreus escondeu o rosto com uma mão e tentou se levantar e
recuperar a compostura. O guerreiro se acuou no espaço atrás da
porta aberta e ergueu os joelhos, como um muro entre ele e o resto do
mundo. "Não me toque, não me toque, não me toque", repetiu baixinho
de novo e de novo.
Fora doloroso ver o corpo dele destruído, mas Iula sabia, agora, que as
feridas que ele devia ter sofrido recentemente eram muito mais
profundas.
E ver aquilo, presenciar aquilo era mais doloroso do que qualquer coisa
que pudesse imaginar.
Ela cruzou os braços firmemente sobre o peito, soluçando levemente,
segurando o tecido do roupão, e se sentou de frente para ele no chão.
Ficaram sentados ali por um tempo. Iula não disse nada por um bom
bocado, observando, através janela, a luz do sol avançar lentamente
pelos ladrilhos cinza, sem pensar na dor reumática nas juntas ou no
frio nos dedos do pé.
Por fim, quando Atreus pareceu calmo o bastante para baixar um
pouco a cabeça, ela enxugou os olhos com as mangas e limpou a
garganta.
"O que aconteceu com você, velho amigo?", perguntou.
“Não sei. Eu não... Eu não lembro direito."
"Do que você se lembra? Você se lembra da última vez em que esteve
aqui? Da última vez que nos vimos?"
Ele franziu um pouco a testa. "Acho que sim. Há quanto tempo foi
isso?"
"Seis anos, Atreus. Não te vejo há seis anos."
Suas palavras pairaram no ar por mais tempo que o pretendido. A
mulher o viu tentar processá-las considerando o que quer que quisesse
lhe contar.
"Eu... acho que voltei para o cume", murmurou ele. "Acho que escalei a
montanha de novo."
Iula arregalou os olhos. "Mas..."
"Eu sei. Deveria ser impossível. Mesmo assim, aconteceu."
Aquilo estava além de qualquer coisa que ela imaginara. Claro, havia
lendas, mais antigas até do que o império de Shurima, sobre
escaladores que alcançaram o cume do Monte Targon, não foram
reivindicados por um Aspecto e, contra todas as estatísticas,
conseguiram descer e voltar para o próprio povo; seja em vergonha ou
triunfo, os contos não costumavam ser claros e não eram considerados
nada além de parábolas fantasiosas.
No entanto, a ideia de que qualquer mortal, até mesmo o hospedeiro
de um Aspecto, pudesse escalar duas vezes...
Era inédita.
Ela riu, batendo no chão com a palma da mão. "Meu velho amigo",
sorriu, "se alguém fosse reescrever as leis do mundo um dia, tinha que
ser você!"
Atreus balançou a cabeça e Iula sentiu toda a frivolidade sumir.
"Não", contradisse ele. "Não fui eu."
"Então quem..."
"Viego."
Embora nunca tivesse ouvido aquele nome, ela estremeceu diante do
som. Não gostava de pensar que palavras ou nomes pudessem ter
tanto poder sobre os vivos. Talvez fosse apenas a maneira como
Atreus falara, o olhar assombrado e frágil.
"Viego. O antigo rei que trouxe a Névoa Negra para as nossas terras.
Tentei enfrentá-lo, mas ele... hã..."
Atreus coçou a cabeça distraidamente.
"Ele me fez de fantoche, Iula. Acho que fiz coisas muito, muito
terríveis."
Iula estava entorpecida. Lembrou-se do estado desgrenhado de Atreus
quando ele cambaleou de volta para o vale e de como ela e Hanne não
ousaram imaginar quais inimigos o guerreiro enfrentara para cegar as
armas e embotar a armadura de um Aspecto.
Será que haviam mesmo sido inimigos?
Ficou de joelhos e percebeu que não conseguia parar de balançar a
cabeça, incrédula com a injustiça de tudo aquilo. "Sinto muito. Sei o
quanto foi difícil pra você ser controlado pelo Pantheon anos atrás. Isso
deve ter sido... Ah, Atreus. Sinto muito pelo que aconteceu com você,
meu amigo."
Lenta e cautelosamente, ela tentou tocá-lo. Dessa vez, ele não se
encolheu, mas seu rosto se enrugou com uma tristeza dolorosa.
"Ah, Atreus", repetiu e abraçou-o, embalando-o gentilmente para a
frente e para trás no chão da cozinha. O guerreiro segurou suas vestes
com as mãos marcadas, o rosto pressionado contra seu peito, não tão
diferente assim do jovem Tomis nos primeiros dias após chegar à
casa.
À beira das lágrimas também, Iula fechou os olhos.
"Me diga do que precisa, velho amigo", sussurrou. "Vou fazer o que
puder por você. Sabe disso."
Atreus respirou mais fundo para se acalmar.
"Eu preciso que me diga que desistir não é um problema", respondeu
ele.
Iula congelou subitamente. "Quê?"
"Tem tanto mal no mundo. Nós dois já vimos. Lutei contra ele por tanto
tempo, nem me lembro de como era antes... mas estou cansado. Muito
cansado, Iula. Que esperança os mortais têm de derrotar reis imortais
ou deuses-guerreiros caídos? Os Aspectos e os escravos deles.
Demônios do reino espiritual. Runeterra está virando o parque de
diversões deles. Achei que eu só precisava continuar me levantando,
aconteça o que acontecer. Mas, se até eu posso ser transformado num
inimigo, então resiliência não basta mais."
"E o pior de tudo é que eu perdi o pouco de poder que eu ainda tinha
depois que meu Aspecto foi morto. Deve ser obra do Viego. O que
quer que me ligasse ao reino celestial se foi. Sou... sou só um homem.
Então preciso que me diga que não é um problema deixar tudo para
trás. Você é a única pessoa que eu..."
Iula o empurrou e se ergueu, trêmula. A adrenalina invadiu suas veias.
Percebeu que a questão não era apenas a falta da rebeldia
reconfortante dele, a qual, durante muitos anos, fez com que se
sentisse mais segura só de saber que seu amigo estava lá fora, em
algum lugar no mundo.
Ele realmente tinha desistido.
"Como se atreve?", murmurou ela.
Atreus se levantou, confuso, elevando-se acima dela, e secou o rosto
com a parte de trás do antebraço.
"Não enten..."
"Como se atreve?!", gritou Iula. "Como pode pensar em pedir isso?"
Ele titubeou, cerrando os punhos involuntariamente. "Eu não aguento
mais. Por favor."
Um gosto amargo surgiu no fundo da garganta dela. A raiva era tão
intensa, tão ardente, que ela não conseguia mais sentir o chão sob os
pés.
"Como ousa?", vociferou. "Como ousa?! Covarde. Como tem coragem
de me dizer isso?"
"Iula, por favor, escute..."
Ela deu um tapa forte no rosto dele.
E mais um.
O guerreiro não tentou se defender, mas encarou-a, atônito, a
bochecha ficando vermelha rapidamente.
Iula não conseguia chorar. Estava furiosa demais. "Ele te amava,
Atreus! Pylas te amava mais do que a um irmão. Ele era meu marido,
mas subiu aquela montanha amaldiçoada com você mesmo depois de eu
implorar que não fizesse isso. Ele era meu e você o perdeu lá em
cima!" Ela soltou um grito mudo de dor e afundou as unhas nos
antebraços. "Você pôde segurá-lo, Atreus. Pôde segurá-lo enquanto
ele morria. E o que eu ganhei?"
Ela apontou para a cornija da lareira, onde a arma de Pylas estava
pendurada.
"Uma espada. Nada mais."
Iula cerrou a mandíbula e olhou para cima, para o céu aberto e limpo
que imaginava haver além das vigas do teto.
"Não ouse falar das coisas que perdeu e do quanto não aguenta mais.
Você não pode se aposentar. Não tem essa opção. Você não é a
questão aqui. Nunca foi. Eu te ajudei porque é o que Pylas teria
desejado. Até tentei virar soldado e me juntar a você no campo de
batalha depois da morte dele. Ele morreu por você, para que se
tornasse algo maior do que qualquer Ra’Horak. Maior do que qualquer
mortal."
Atreus balançou a cabeça. "Mas não sou."
Exasperada, ela saiu deu passos rápidos e pesados até a lareira,
agarrou a espada, arrancando-a da bainha e pressionou-a contra o
coração de Atreus em um só movimento.
"Então não precisamos de você! Podemos muito bem deixar que os
Aspectos comecem uma guerra e que esse seja o fim de tudo!"
A ponta do aço temperado pelo sol rasgou os fios da túnica de Atreus e
fez um fio de sangue escorrer pelo peito dele. Ele baixou a cabeça e
viu o pequeno ponto vermelho se espalhar lentamente pelo tecido.
Depois, voltou a olhar para Iula.
"Que guerra?", perguntou com a voz fraca.
Ela segurou a arma com mais força, percebendo somente naquele
momento que não sabia como esperava que isso acabasse.
"Os Solari, Atreus. Eles enxergam heresia em todo lugar. E não estão
matando só quem acham que é Lunari, mas também qualquer pessoa
suspeita de abrigar um." Incapaz de tirar uma mão do punho, Iula
acenou com a cabeça na direção do corredor aberto. "O povoado
inteiro do Tomis. Os Ra’Horak massacraram todo mundo. Isso, é isso o
que acontece quando os Aspectos se escondem atrás da superstição
dos mortais. Seus antigos irmãos foram atraídos para a escuridão pela
luz ofuscante da nova salvadora deles."
Algo semelhante a compreensão passou pelas feições de Atreus,
como se ele tentasse se lembrar de um sonho evanescente. "E o
Aspecto da Lua... Claro, ela ainda não reivindicou a liderança dos
Lunari."
"E quanto as coisas vão piorar quando isso acontecer?", sibilou Iula.
"Você jurou que iria enfrentá-los, Atreus, que não deixaria o destino
deste mundo ser ditado por tais monstros inumanos, nem mesmo
depois que decidiram não fazer nada. Lamento o que aconteceu com
você de verdade... mas não posso deixar que quebre seu juramento.
Não agora."
Lenta e deliberadamente, Atreus envolveu a lâmina com os dedos da
mão direita. "Matar os Aspectos da Lua ou do Sol não vai resolver o
conflito em Targon. Assim como a morte da Guerra não trouxe paz
eterna."
"Cala a boca. Pare de tentar justificar o que você quer e faça o que
sabe que deve fazer. Aquele menininho estava morrendo de medo
quando você chegou, mas, mesmo assim, quis usar seu elmo e
empunhar sua lança assim que os viu. Se você não tomar uma atitude
agora, este será único futuro dele: crescer para lutar e morrer como
tantos outros Rakkor."
Ela forçou o máximo de convicção que podia em sua voz.
"Você tem que se reerguer, Atreus. Eu não queria ser uma fazendeira
viúva. Não queria herdar tudo isso. Tive que abrir mão da minha
vida e do meu amor, então você precisa mostrar que é digno da fé que
meu marido tinha em você. Precisa honrar os sacrifícios que todos nós
fizemos e impedir que os Aspectos destruam nosso povo por inteiro."
Com uma expressão de determinação, Atreus segurou a mão
dominante de Iula, pedindo gentilmente que investisse com a lâmina
para frente.
"Não consigo", sussurrou, a voz embargada. "Não sou forte o
suficiente."
Foi a gota d'água. Iula estava farta.
Ela jogou a espada no chão e passou por ele, seguindo em direção ao
quarto de Tomis. "Bom, se você vai desistir e morrer, diga ao meu
marido que o amo quando o vir", gritou sobre o ombro antes de pegar
a criança assustada no colo e sair correndo da casa aos prantos. Não
olhou para trás para ver se Atreus os seguia.
"Aonde a gente vai?", perguntou Tomis.
Iula estremeceu ao sentir os cortes do caminho de pedra nos pés
descalços, mas não desacelerou.
"Vamos cortar mais lenha, meu bem", forçou um sorriso. "Vamos assar
pão de novo hoje."