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Considerações iniciais
Antes de iniciarmos o conteúdo desse tópico e de sua importância tecermos uma breve
biografia de Edgar Morin, afinal estaremos trazendo as suas ideias sobre éticas nesse tópico.
Vamos lá!
Morin é considerado um dos principais teóricos da complexidade, afirma que diante dos
problemas complexos que as sociedades contemporâneas enfrentam hoje, a penas os estudos
inter, poli e transdisciplinares poderão resultar em análises satisfatória.
O primeiro ponto que devemos ter clareza é que estudar ética não estava nos planos originais
desse autor, mas mesmo assim, sua concepção de ética se estrutura de forma magistral.
Morin, acredita primeiramente que a vivência ética não se dá isolada do mundo, que ela se
relaciona com o conhecimento, com a ciência, com a economia, etc.
No seu livro O Método 6, Morin explica que o sujeito impelido pela exigência moral é
composto por uma tríade inseparável: individuo-sociedade-espécie, ou seja, pelas fontes
biológicas, individual e social. Desta forma, todo olhar sobre a ética deve levar em conta a
dimensão egocêntrica (o eu) e a potencialidade fundamental do desenvolvimento do altruísmo
(o nós).
A Ética manifesta-se para nós, de maneira imperativa, como exigência moral. O seu imperativo
origina-se numa fonte interior ao indivíduo, que o sente no espírito como, a injunção de um
dever. Mas ele provém também de uma fonte externa: a cultura, as crenças, as normas de
uma comunidade. Há, certamente, também uma fonte anterior, originária da organização viva,
transmitida geneticamente. Essas três fontes são interligadas como se tivessem um lençol
subterrâneo em comum.
(MORIN (2005,p.21))
Morin (2005) explica que para todo ser vivo, mesmo que o sapiens-demens opere uma
diáspora sem precedentes no interior da história do vivo pela complexificação do padrão de
inacabamento e pela propensão à diversidade e consequente singularização do sujeito
biossocial. Distante de qualquer biologismo, essa compreensão do sujeito supõe uma ética
encarnada, incerta, ambígua, complexa. Oscilamos permanentemente entre razão, afetividade
e pulsão. Temos que nos haver, ao mesmo tempo com o princípio de inclusão, que responde
pela consciência do “nós”, propiciada pelo coletivo e próximo (mãe, família, partido, grupo ou
pátria) e com o princípio de exclusão, que garante nossa identidade singular (eu mesmo).
Morin afirmar que cada um vive para si e para o outro de maneira dialógica, ao mesmo tempo
complementar e antagônica. Ser sujeito é associar o egoísmo e o altruísmo.
MORIN (2005,P21)
Todo o olhar sobre a ética deve levar em consideração que a sua exigência é vivida
subjetivamente. Embora não haja ritual, culto, religião no sentimento do dever experimentado
pelo individuo leigo, a especificidade subjetiva do dever dá-lhe um aspecto semelhante ao
místico; o dever emana de uma ordem de realidade objetiva e parece derivar de uma injunção
sagrada.
Dentro de sua discussão sobre ética, Morin traz a ideia da Fé, busca mostrar a importância de
se resgatar a Fé no Homem, mas não Fé no divino mas a Fé no Ser Humano, na potencialidade
desse mudar. Mas ao mesmo tempo alerta que:
MORIN(2005,P.22)
A fé inerente ao dever experimentado interiormente, no caso em que a ética não tem mais
fundamento exterior é a fé na própria ética. Uma fé que utilizamos as palavras “valores”, é
uma fé nos valores aos quais ela nos entrega. Uma fé que como toda fé moderna, pode
comportar dúvida.
Morin (2005) explica que o sujeito humano se engendra, no interior das contingências sócio
históricas e bio-culturais - outra forma de dizer que ele emerge do interior de reorganizações
não exclusivamente humanas, históricas e sociais.
Morin (2005) esclarece que a ética tem fontes, raízes e enfatiza a importância de nutrir a ética
e suas fontes através de um movimento de religação. A ética isolada não tem mais sentido, a
ética atual precisa estar integrada.
Morin (2005) explica que a Ética é uma forma do ser humano se encontrar consigo mesmo,
com sua comunidade e com a espécie e isso se dá através de um movimento de ligação. Para
ela a ética é para um indivíduo, sofre intervenções externas da cultura, das crenças, do meio
ambiente e das normas comunitárias.
Edgar Morin, considerado a ética o elemento vital na produção da realidade social e o principal
responsável pela formação da consciência moral Homem.
De acordo com Morin (2005) a ética está relacionada ao nosso sentimento moral na qualidade
de distinção e justiça, fundamentadas nas ideias de bem e virtude enquanto valores
perseguidos por todos os indivíduos que fazem parte de um coletivo. Sendo assim questões
vivenciadas durante nosso cotidiano nos colocam diante de situações práticas que nos obrigam
a aplicar o conceito de ética e moral.
Para finalizarmos esse tópico temos que lembrar que Edgar Morin, enfatiza a importância de
se resgatar a Fé, mas a Fé na humanidade, no homem. A fé aparece como força vital para o
movimento de religação e, portanto, como condição para a construção de uma sociedade mais
ética.
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