Você está na página 1de 6

Caça ao Tesouro

1 - Mao-Tchef-Ping
2 - Bang-Buu
3 - Boko-Rongo
4 - Tsé-Tsida
5 - Ping-Ching
6 - Chang-Chuga

* Os chineses entram cantando.

1 - Honorável Boko-Rongo, Confúcio já dizia: “Todas as vezes que o sol se vai, começa
a noite!”
Todos: OSS - OSSS!
3 - Muito sábio Confúcio, muito sábio” (OSS)
4 - O problema é que aqui o sol vai embola muito lápido e chinês ficou no esculo.
5 - Ping-Ching acha que honorável chefe teve honorável idéia péssima de entrar em
honorável mato, ao pôr do sol.
6 - Chang-Chuga concorda placidamente com honorável Ping-Ching!
6 - Bang-Buu tem honorável sugestão: que tal...
1 - Calem a boca, honoráveis paspalhos!!! Eu, Mao-Tchef-Ping, seu honorável chefe,
eleito por unanimidade (mostra o facão) - TODOS CONCORDAM - só tenho idéias
boas! Confúcio já dizia:
“Quem pode mais chora menos, né?!” (OSSS - OSSS)
3 - Muito sábio Confúcio, muito sábio! (OSSS - OSSS)
4 - Mas chefe, não tem peligo de andal nesse mato de noite? Talvez tenham selvagens
canibais pol aqui.
5 - É mesmo! Olha ali tem uma fogueira! Confúcio já dizia: onde tem fogueira, tem
fogo! (OSSS - OSSS)
3 - Muito sábio Confúcio, muito sábio! (OSSS - OSSS)
6 - É, se tem fogueira pode ter panela!
5 - Áiii! Olha: selvagens horríveis!
4 - Olha só: que olhos redondos asquerosos.
1 - Calma, calma! Vamos tentar um contato com eles, de repente a gente chega num
entendimento. Bang-bu, vá lá e fale com eles.
2 - Ai, ai, ai. (aproxima-se com medo). Ho tang, ping pong tsé tung, king piao, hoank ho,
etc.
Não dá chefe, eles não falam chinês!
1 - Vê se eles falam japonês.
2 - O-soto gari, mauashi gueri, nukikunanuka fugiru no domingo à toa, sugiru
tapanakara, takarukisóôro, etc.
Não dá chefe, eles não falam japonês também.
5 - Chefe e se a gente tentar português?
1 - Não fale besteira, onde já se viu selvagem falar português?... Bom, ehh... Vai tentar
lá...
2 - Oi, tá tudo bom aí? Morando na mata?
- O pessoal responde -
1 . Ah, que bom (cara de politiqueiro). Koni-Tchiuá - Boa noite!
Meus olhos se enchem de alegria ao ver honoráveis selvagens da verdejante ilha do
pacífico sul.
Meu nome é Mao-Tchef-Ping...
4 - Nós somos tellíveis pilatas chineses sedentos de sangue e...
1 - (dá um tapa em 4) - Cala a boca, Tsé-Tsida!
Como eu ia dizendo, somos pacíficos e honestos marinheiros...
5 - É, a gente tá atrás do tesouro dos portugueses...
1 - Honorável jumento! (Dá um tapa em 5).
Nós estamos passando para admirar belas paisagens e nos perdemos do nosso amigo
português, o marinheiro Antonio Gouveia. É fácil reconhecer ele, está com um bauzinho
assim, muito bonitinho...
3 - É um bauzinho de madeira bem pesado porque está cheio de ouro...
1 . (Dá um tapa em 3) - Confúcio já dizia: “O alimento vale ouro”. No baú tá o nosso
lanche: peixe cru com arroz em papa.
3 - Muito sábio Confúcio, muito sábio. (choramingando)
2 - De repente vocês podem nos ajudar a achar o português Antonio Gouveia...
5 - A gente só queria o pescocinho dele (mostra o facão).
1. Nãããooo!!! A gente só quer fazer um piquenique junto com ele, que é gente muito
fina!
Vocês nos ajudam a encontrar o português e em troca voc~es poderão se converter à
grande religião do Muda, o mutismo!

- Grande culto ao Muda -

2 - Então, vão se converter ou não?


1 . Ah, eles são uns selvagens! Não conhecem as grandezas e alegrias do Mutismo-Zen.
4 - É melhor irmos embora chefe!
1 - Isso! Vamos...

(Música chinesa).

Alguns minutos , entra o português exausto.

P- Ah Senhor Deus, oh Senhora da Conceição de Vila Viçosa, salvai vosso servo!


Oh solidão insondável, oh mata espessa!
Será que aqui morrerei a sede e fome sem ter sequer um padre que à minha alma
encomende a Deus?
Oh, o que vejo? Uma fogueira de índios! Talvez isto seja a nossa salvação.
Ou salva meu corpo com seu auxilio, ou minh’alma pelo martírio!

Oh cavaleiros que aqui estais, dizei-me logo:


Sois tapuias ou potiguares?
Adorais as trevas?
Ou amais a Maria,
A Rainha dos Mares?

Senhora do Perpetuo Socorro!

Vos que de humana carne a Deus vestistes,


Em Vosso ventre sacro, limpo e puro.
Sois da Santa Igreja Torre, e muro.
Força e graça dai Virgem Sagrada
Para contar a esta gente, minha história bem versada

Sem que encarregue minha consciência


Relatarei aqui verdades puras
Porque aprendi por larga experiência
A nunca julgar por conjecturas

Este humilde marinheiro que a vos se chega


Perdido no mar em barco pobre
Porém teve boa árvore a quem se apega
E Nossa Senhora com seu manto cobre
Este seu servidor a quem a morte quase pega
Ficou salvo por sua bondade nobre
Mas a vos explico a razão
Pela qual cheguei a este rincão

É meu senhor Dom Afonso


De Albuquerque nobre navegador
Fidalgo português que sem descanso
Sempre serviu a el-Rei meu Senhor.
Esse homem de coragem, bom e manso
Sabe dar aos inimigos da fé o temor.
Para os trazer ao suave remanso
Da Santa Igreja de Jesus Redentor.

Dos povos da Ásia, Índia e China


Colheu D. Afonso rico tesouro
E me deu a missão que se destina
De enterrá-lo em lugar bem duradouro
Para que não o corroa o tempo em desatina
Nem se destrua tanta riqueza e tanto ouro
E que um dia católicos que a fé anima
O levem para o serviço da Virgem Palestina.

Deu-nos a Virgem com certeza


A terra brasílica que aqui encerra
Com larga mão tanta beleza
Pois é a Deus que pertence esta terra.
Deu-me ordem D. Afonso que nesta redondeza
Esconda o tesouro desta guerra
Para que no futuro, da Virgem favorecidos
Outros cristãos o achem escondido.

Avancei pelos mares então com pressa


Para trazer ao Brasil em proteção
Cruzei os mares sob nuvem espessa
E atravessei o Atlântico com decisão
Quando chegamos a esta colônia portuguesa
Procurei onde entrar num rio pela vazão
Encontrei um muito sujo de se ver
E assim cheguei à nascente do Tietê.

E vos peço oh filhos da virgem poderosa


Que me ajudem a encontrar
O tesouro que à força vigorosa
Querem os piratas de minha mão roubar
Pois eles que são chineses e sem bondade
Usam de mentiras, tortura e crueldade.

Agora me vou pois a noite escura


Já desceu sobre a negra mata que nos cerca
E as onças que rugido já se escuta
Não esperarão e me darão a morte certa
Pois se não encontro meus amigos
Serei dos chineses presa aberta
Vos peço, rezai por mim para que encontre
Outros portugueses por traz deste monte.

NO DIA SEGUINTE

(Entram os chineses cantando e trazendo ferido e amarrado o português)

1 - Ah, ah, ah! Pegamos honorável português miserável Antônio Gouveia! Durante anos
você nos enganou, mas agora é a hora da vingança!
2 - Ninguém escapa da vingança celestial do honorável, venerável, e deplorável Muda!
(fazem veneração)
P - Não temo suas ameaças, porque se morro, no véu verei a Deus e a Nossa Senhora, se
escapo com vida, prometo que limparei os mares dos seis piratas de uma só vez, ou não
me chamo Antônio Gouveia, o Português!
1 - Ah é? Você fala assim porque não conhece os horrores da tortura chinesa, você vai
sofrer onde escondeu o tesouro.
2 - Vai sofrer tanto, que vai se arrepender de ter nascido.
4 - Vai fical tão holível que nem sua mãe vai te conhecer!
1 - Calem-se! Chang-Chuga traga a faca que vou esfolá-lo vivo. (vem a faca e o
português faz o Sinal-da-Cruz, começam a tentar cortar, mas a faca não tem fio)
1 - Ahhhhhhhhhhhhhh!!! O que aconteceu com a minha faca?
5 - Ué, o chefe mandou eu cortar lenha ontem, não tinha machado, eu usei faca para
derrubar árvore, né?
6 - Chinês tem muita paciência (OSS)
1 - (Dá um tapa em 5) - Honorável burro! Assim não dá! Tragam ferramenta de tortura
com água.
(trazem um balde furado, cai gota a gota, dois ficam segurando (5 e 6)
6 - Chinês tem muita paciência! (OSS)
1 - (Depois de esperar algum tempo) - Eu acho que essa tortura não tá dando muito
certo... Chang-Chuga, quanto tampo vai aí, hein?
6 - Talvez mais uma ou duas semanas, honorável chefe...
1 - O quê? Ô, assim não dá... joga fora a tortura gota-d’água, vamos enterrar ele vivo
embaixo escaldante sol tropical. Tsé-Tsida, Boko-Rongo, cavam buraco para enterrar
miserável português empedernido.
3, 4 - OSSS, OSSS (tiram duas colheres do bolso e começam a cavar)
1 - Que que é isso?
3 - Viagem de navio muito longa... Pá muito pesada... Boko-Rongo trouxe essa que é
mas leve.
4 - Chinês tem muita paciência, né?
1 - Ahhhh! Quem não tem paciência sou eu! Confúcio já dizia: “ Melhor só que mal
acompanhado!”
3 - Muito sábio, Confúcio, muito sábio...
1 - Confúncio muito e vocês muito burros! Como singrar sete mares e enfrentar
portugueses com sujeitos tão incompetentes?
P - Eles são marinheiros à altura de seu capitão e quando você os elogia, elogia a si
mesmos, seu pirata...
1 - Como, português insolente, ousa atacar meu orgulho, a minha reputação?
P - Ah, infeliz capitão! Sua triste situação é por causa de tua falsa religião! Se fosses
cristão, e homem honrado, não estarias como pirata assim desgraçado!
1 - O seu Deus não te salvou e você está preso e amarrado!
P - Prendeste meu corpo, mas não minha alma! Em perigo de morte, respondo com
calma, e diante de todos fica provado, o que por vocês era duvidado, que verdadeira
força de alma pode dar, Jesus Cristo, que morreu na cruz para nos salvar.
2 - Você fica falando de Jesus e de Maria, não sabe como é bom ficar cabeça vazia! A
gente fica no “zen”, pensando em nada, assim, a felicidade é alcançada!
P - Essa sombra de religião, que tem o nome de Mutismo. É a perda de toda razão, leva
ao mais fundo abismo. Esse horrendo Muda, que por vocês é adorado, eu digo: é um
demônio, por Deus será destroçado (furor dos chineses).
1 - Não! Não Agora acabou todo verso! Blasfemou contra o Muda! Português maldito!
Vai sentir agora toda a fúria do Oriente! Vai morrer!
2 - Mas honorável Mandarin e como vamos achar o tesouro?!
1 - Tesouro não importa a gente acha depois sozinho! É preciso vingar a honra do nosso
venerável Muda! Levem este miserável até o rio amarrem pedra no pescoço dele e
joguem para os tubarões do fundo do mar.
P - Melhor ter o mar por sepultura do estar sobre a terra com gente insolente como vocês!
(agarram-no e levam-no até a curva do rio onde ele se desvencilha dos chineses e foge a
nado).
1 - Miserável! Escapou! Isso não vale! É covardia! Aproveitou que a gente não sabe
nadar! Mas logo, logo Grande Mandarin chinês dá um jeito! Daqui uma hora grande
junco, barco da China, vem atacar este acampamento cristão. Muda vai dar grande
vitória!
(Saem e o português se volta para o público).
P - Atenção! Me ajudem por favor! Daqui uma hora estes chineses mutistas estarão de
volta para tentar conquistar o tesouro e isto não pode acontecer! Tenho aqui uma pista
para entregar para cada capitão! Agora vão logo, rezem à Virgem para encontrar o
tesouro, e enfrentem os chineses em batalha! (Entrega as pistas) pois reforços católicos

II Parte - O Junco Chinês.

( A última pista - anterior ao mapa - indica o curva do rio onde surgirão os chineses em
sua embarcação)

1 - Agora cristãos vocês vão ver toda força do pirata Mao-Tchef-Ping o terror do mar
amarelo. Fogo! (começa o bombardeio contra os do acampamento durante o qual os
chineses intimam os católicos e se perverterem ao mutismo, até que soam trompetes e
chegam os portugueses e abrem fogo. A batalha dura até a destruição do Muda a
rendição dos chineses que são aprisionados e um deles é forçado a traduzir a pista que
escrita em chinês).

A.M.D.G.

Você também pode gostar