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1) Para Rousseau, o homem é naturalmente um animal solitário ou um animal político?

Explique.

Jean-Jacques Rousseau, filósofo suíço do século XVIII, defendia a ideia de que o homem é
naturalmente um animal solitário, ou seja, não possui instintos sociais e não tem a tendência
natural de viver em sociedade. No entanto, ele também acreditava que o homem poderia se
tornar um animal político, desde que fosse educado e instruído de forma adequada.

Rousseau afirmava que a sociedade corrompe o homem e o afasta de sua natureza original,
tornando-o egoísta e competitivo. Ele argumentava que o estado natural do homem é a
liberdade e a independência, o que só é possível quando ele vive isolado. Nesse sentido,
Rousseau defendia que o homem deveria retornar à sua condição natural para encontrar a
felicidade.

No entanto, Rousseau também reconhecia a importância da vida em sociedade e da


organização política para a sobrevivência e a felicidade do homem. Ele acreditava que a
educação era fundamental para que o homem pudesse se desenvolver e se tornar um ser
social responsável e virtuoso.

Assim, para Rousseau, o homem é naturalmente um animal solitário, mas pode se tornar um
animal político por meio da educação e da instrução adequadas. A vida em sociedade é
importante para o bem-estar e a felicidade do homem, mas é preciso que essa sociedade
seja baseada em valores como a liberdade, a igualdade e a fraternidade, que respeitem a
natureza humana e não a corrompam.

Rousseau teve uma enorme influência no pensamento político e social da época,


especialmente na Revolução Francesa. Sua visão sobre a natureza humana e a sociedade foi
fundamental para o desenvolvimento do conceito de contrato social, que afirmava que a
sociedade é baseada em um acordo entre as pessoas para garantir a segurança e a liberdade
de todos.

A ideia de Rousseau de que a sociedade corrompe o homem também foi um grande desafio
para a teoria política da época, que defendia que a sociedade era necessária para garantir a
ordem e a estabilidade. Para Rousseau, a sociedade era um mal necessário, e deveria ser
organizada de forma a preservar a liberdade individual e a igualdade.

A visão de Rousseau sobre a natureza humana continua a ser importante nos debates
contemporâneos sobre a política e a sociedade. Seu pensamento foi fundamental para o
desenvolvimento da filosofia política moderna e ainda é relevante para as questões políticas
e sociais atuais.
2) Por que o homem em estado de natureza é um ‘bom selvagem’ para Rousseau? De
que modo Rousseau discorda de Hobbes nesse ponto ?

Para Rousseau, o homem em estado de natureza é um 'bom selvagem' porque não conhece
a maldade e a corrupção que a sociedade pode trazer. Diferentemente de Hobbes, que
acredita que o homem é naturalmente mal e egoísta, Rousseau acredita que é a sociedade
que corrompe o homem e o leva a agir de forma egoísta e competitiva.
Além disso, para Rousseau, o homem em estado de natureza vive em harmonia com a
natureza e com os outros seres humanos. Ele não conhece a propriedade privada e não tem
noção de poder, o que o torna livre e igual a todos os outros homens. Já para Hobbes, o
homem em estado de natureza vive em um estado de guerra constante, onde cada um está
em busca de poder e proteção para si mesmo.
É importante ressaltar que, para Rousseau, o homem em estado de natureza não é perfeito,
mas sim ingênuo e vulnerável. É a partir da criação da sociedade e do surgimento da
propriedade privada que o homem se distancia de sua natureza original e começa a agir de
forma egoísta e competitiva.
Para resumir, Rousseau discorda de Hobbes quanto à visão do homem em estado de
natureza. Enquanto Hobbes acredita que o homem é naturalmente mal e egoísta, Rousseau
considera que o homem em estado de natureza é um 'bom selvagem', pois vive em
harmonia com a natureza e com os outros seres humanos. Para Rousseau, é a sociedade que
corrompe o homem e o leva a agir de forma egoísta e competitiva, enquanto para Hobbes, a
sociedade é necessária para proteger os indivíduos do estado de guerra constante que
ocorre no estado de natureza.

3) Por que Rousseau diz que a perfectibilidade é a causa de todos os males do homem ?

Jean-Jacques Rousseau, filósofo francês do século XVIII, argumenta em sua obra "Discurso
sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens" que a perfectibilidade
é a causa de todos os males do homem. Para Rousseau, a perfectibilidade é a capacidade
humana de se aperfeiçoar e evoluir, mas é também o que gera a insatisfação e a busca
incessante por mais.

Segundo Rousseau, o homem primitivo, em seu estado natural, era feliz e satisfeito com o
que tinha, pois não tinha a capacidade de se comparar com os outros e não possuía a noção
de propriedade privada. No entanto, com o desenvolvimento da perfectibilidade, o homem
começou a competir com seus semelhantes, a acumular bens materiais e a buscar sempre
mais poder e status.

Para Rousseau, essa busca incessante pela perfeição e pela superioridade é a fonte de todos
os males do homem, pois gera a desigualdade, a opressão e a exploração. Além disso, a
perfectibilidade também leva o homem a se afastar de sua natureza e a se tornar cada vez
mais artificial e distante da verdadeira felicidade.

Em resumo, para Rousseau, a perfectibilidade é a causa de todos os males do homem


porque gera a insatisfação, a competição, a desigualdade e a opressão, além de afastar o
homem de sua natureza e da verdadeira felicidade.

De acordo com Rousseau, a evolução da perfectibilidade ocorre em um processo de


aprimoramento constante, que leva o homem a buscar cada vez mais conhecimento,
tecnologia e poder, mas também a se afastar de sua natureza e do equilíbrio com o mundo
natural. Isso gera uma série de consequências negativas, como a degradação do meio
ambiente, a desigualdade social, a exploração dos mais fracos e a perda de valores como a
solidariedade e a compaixão.

Para Rousseau, a solução para esse problema seria uma volta ao estado natural, em que o
homem viveria em harmonia com a natureza e com seus semelhantes, sem a busca
incessante por mais e sem a competição desenfreada. Ele propõe uma forma de sociedade
que seja baseada na igualdade, na liberdade e na fraternidade, em que os indivíduos cuidam
uns dos outros e compartilham os recursos de forma justa.

Apesar de suas ideias terem sido criticadas por muitos, Rousseau foi um dos pensadores
mais influentes de seu tempo e suas contribuições para a filosofia política ainda são
estudadas e debatidas atualmente.

4) O que é a vontade geral, para Rousseau ?

Para Rousseau, a vontade geral é a expressão da soberania do povo, e não pode ser
confundida com a soma das vontades individuais. Ela deve ser elaborada em conjunto,
através do debate e da deliberação democrática.
Além disso, Rousseau argumenta que a vontade geral é sempre voltada para o bem comum
da sociedade, e não para interesses particulares de indivíduos ou grupos. Ele acreditava que
a vontade geral era necessária para garantir a justiça social e a liberdade política.
De acordo com Rousseau, a vontade geral é formada por meio da participação democrática
de todos os cidadãos em uma assembleia popular. Ele considerava que, somente desta
forma, seria possível estabelecer um acordo válido e legítimo entre os membros da
comunidade política.
Rousseau via a vontade geral como um elemento fundamental para a construção de uma
sociedade igualitária e justa, onde os interesses individuais e das minorias são protegidos
pelo bem comum.
Rousseau acreditava que a vontade geral era a única forma de garantir a legitimidade do
Estado, pois ela representaria a vontade de todos os cidadãos e não de um grupo
privilegiado. Ele afirmava que, quando a vontade geral é respeitada, cada indivíduo é livre e
igual perante a lei, e a sociedade como um todo se torna mais justa e próspera.
É importante ressaltar que, para Rousseau, a vontade geral não é uma mera soma das
vontades individuais, mas sim uma expressão da vontade da coletividade. Ela não se
confunde com a opinião pública ou com o consenso temporário, mas sim com um acordo
racional e legítimo entre os membros da comunidade política.
Em suma, para Rousseau, a vontade geral é um conceito fundamental para a construção de
uma sociedade democrática e justa, onde a liberdade, a igualdade e a fraternidade são
valores fundamentais.

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