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AVALIAÇÃO PRIMÁRIA

1º TEN QOBM GRASSI


1º TEN DIEGO SOUSA
OBJETIVOS
• Entender o princípio do período de ouro;
• Compreender a significância da avaliação no contexto do tratamento
geral do doente traumatizado;
• Saber integrar a avaliação e o tratamento durante a avaliação
primária;
• Discutir situações vivenciadas na atividade profissional.
CONCEITO DO “PERÍODO DE OURO”
• Hora de ouro 🡺 PERÍODO DE OURO

Esse período não necessariamente seria de uma hora. Tem doentes


que precisam chegar ao tratamento definitivo antes e outros que
podem aguardar mais tempo.
Os três “S”
• 1. Garantir a SEGURANÇA dos socorristas e da vítima.
• 2. Avaliar a SITUAÇÃO para determinar a necessidade de recursos
adicionais.
• 3. Reconhecer a CINEMÁTICA (SCENE) envolvida nas lesões.
AVALIAÇÃO DO DOENTE
• Avaliar a condição do paciente e identificar condições
de risco;
• Identificado qualquer alteração com risco iminente de
morte, inicia-se a reanimação;

Obs.: Doentes graves estabilizar rapidamente e encaminhar para a


unidade de referência.
AVALIAÇÃO PRIMÁRIA (impressão geral)
• Uma avaliação primária deve ser realizada em poucos segundos para
que seja obtido uma impressão geral dos problemas que afetam a
vida do doente.

• Mnemônico (X-A-B-C-D-E)

• Atenção para a forma de aproximar-se da vítima. (campo de visão).


ETAPA X
• O mnemônico do trauma "abcde" ganhou na 9ª edição do PHTLS
2018, no capítulo 6 , mais uma letra. O "x' de hemorragia
exsanguinante ou seja hemorragia externa grave. Ainda não
publicado oficialmente e não traduzido.

• Contenção de hemorragia externa grave deve ser antes mesmo do


manejo das vias aérea. Epidemiologicamente, apesar da obstrução de
vias aéreas ser responsável pelos óbitos em um curto período de
tempo, o que mais mata no trauma são as hemorragias graves.
CONTROLE DA HEMORRAGIA
• Pressão direta: aplicar pressão no local da
hemorragia; o auxílio de bandagens elásticas pode
aumentar a pressão (curativo compressivo).

• Torniquetes: Os torniquetes são muito eficazes no


controle da hemorragia grave e devem ser utilizados
se a pressão direta ou o curativo compressivo não
controlarem a hemorragia de uma extremidade.
Preenchimento
ETAPA A
TRATAMENTO DAS VIAS AÉREAS E ESTABILIZAÇÃO DA COLUNA CERVICAL

• VIAS AÉREAS

Vias aéreas superiores (Fonte: PHTLS 8ª ed.)


FISIOPATOLOGIA
• HIPOXEMIA (nível reduzido de oxigênio no sangue);

• HIPÓXIA (oxigenação deficiente no tecido);


• Obstrução de vias aéreas;
• Fluxo sanguíneo reduzido aos tecidos.
• HIPOVENTILAÇÃO (redução do volume/minuto).
• Obstrução de vias aéreas;
• Função neurológica comprometida;
• Lesão direta a parede torácica ou pulmões.
VIAS AÉREAS
• Formas de avaliação/manutenção da permeabilidade das vias aéreas
no Trauma:
• Paciente alerta e conversando? (avaliação do nível de consciência);
• Inspeção de corpos estranhos (retirada);
• Aspiração periódica (se necessário);
• Tração da mandíbula/Jaw Thrust (Trauma);
• Elevação do mento (Trauma);
• Colocação da cânula orofaríngea de guedel (se inconsciente).
ABERTURA MANUAL DE VIAS AÉREAS

Tração da mandíbula (PHTLS 8ª ed). Elevação do mento no trauma (PHTLS 8ª ed.)


CÂNULA DE GUEDEL (cânula orofaríngea)
Quando aplicar?
• Perda do tônus muscular (obstrução pela língua e epiglote);
• Vítima inconsciente ou déficit neurológico grave;
• Instalação
• Adulto (90° OU 180°)
• Criança (abaixador de língua)
• https://www.youtube.com/watch?v=NidlMwn6eOA

Assistir vídeo (Cânula de Guedel)


ESTABILIZAÇÃO DA COLUNA
• Equipamentos para a imobilização da coluna.
QUANDO DEVO COLOCAR O COLAR CERVICAL??
ETAPA B
VENTILAÇÃO
Avalia a qualidade (velocidade, profundidade, ritmo e sons).
TÉCNICA DO VOS (VER, OUVIR E SENTIR)
RESPIRAÇÃO PATOGÊNICA (DISPNÉIA)
• https://www.youtube.com/watch?v=eAx4fxy7WbA
PROCEDIMENTOS
Deve-se avaliar a causa e trata-la, imediatamente, se possível:
• Paciente alerta e conversando?;
• Abrir Vias aéreas;
• Avaliar a profundidade, simetria da ventilação e ruidos;
• Fornecer oxigênio aos pulmões (cânula nasal, máscara facial,
Ambu);
• Verifique se o doente não está em quadro de hipoxemia com o
uso de equipamentos auxiliar de diagnóstico, avalie se a saturação
está maior que 94% (oxímetro de pulso);
• Reavalie o paciente.
ETAPA C
CIRCULAÇÃO E HEMORRAGIA (PERFUSÃO E SANGRAMENTO)

Tipos de hemorragias:
• Capilar: causada por abrasão (abaixo da superfície da pele);
• Venosa: rompimento total ou parcial da veia, controlada, na maioria das
vezes, por pressão moderada diretamente no local da lesão;
• Arterial: Laceração de uma artéria (vermelho vivo que jorra da ferida), risco
de vida em até pequenas lesões.
Ferimentos
• Ferimento é qualquer lesão ou perturbação produzida em qualquer
tecido por um agente externo, físico (mecânico, elétrico, irradiante e
térmico) e químicos (ácidos ou álcalis).
Fechados

Não existe solução de continuidade da pele, a pele se


mantém íntegra. Podendo ser classificada em:

• Contusão: lesão por objeto contundente que danifica o


tecido subcutâneo subjacente, sem romper a pele.
Gerando Hematomas e/ou Equimoses.
Abertos
São os ferimentos que rompem a integridade da pele, expondo tecidos
internos, com sangramento. Podem ser classificadas em:
• Incisivas/cortantes: produzidas por agentes cortantes, afiados,
capazes de penetrar a pele (bisturi, faca, estilete, etc...), produzindo
ferida linear com bordas regulares e pouco traumatizadas.
• Cortocontusas: causadas por objetos com superfície romba
(instrumento cortante não muito afiado - pau, pedra, soco etc.),
capazes de romper a integridade da pele, produzindo feridas com
bordas traumatizadas, além de contusão nos tecidos arredores.
• Perfurantes: o objeto que as produz a ferida é geralmente fino
e pontiagudo, capaz de perfurar a pele e os tecidos
subjacentes, resultando em lesão cutânea puntiforme ou linear,
de bordas regulares ou não. As feridas perfurantes podem ser:

• Perfurocontusas: ocorre quando o objeto causador da ferida é de


superfície romba (ferimento por arma de fogo);
• Perfurocortantes: quando o agente vulnerante possui superfície de
contato laminar ou pontiagudo (ferimento causado por arma branca -
faca, estilete).
• Penetrante: quando o agente vulnerante atinge uma cavidade natural do
organismo.
• Transfixante: atravessar os tecidos ou determinado órgão em toda a sua
espessura saindo na outra superfície. Apresentando um orifício de entrada e
outro de saída.
• Escoriações ou abrasões: produzidas pelo atrito de uma
superfície áspera e dura contra a pele. Freqüentemente
contém partículas de corpo estranho (cinza, graxa, terra).

• Avulsão ou amputação: ocorre quando uma parte do


corpo é cortada ou arrancada (membros ou parte de
membros, orelhas, nariz etc.).

• Lacerações: quando o mecanismo de ação é uma pressão


ou tração exercida sobre o tecido, causando lesões
irregulares.
• Empalamento: ferida penetrante ocasionada por
objeto incisivo que pode ficar preso no corpo da
vítima. Método de tortura e execução no qual
colocava‐se uma estaca através de um orifício do
corpo, geralmente ânus ou vagina.

• Desluvamento é uma lesão caracterizada pela


separação da pele e do tecido subcutâneo. É como
descascar esses tecidos da fáscia. Esse tipo de lesão
ocorre principalmente nos membros, couro cabeludo
e face.
VÍDEOS
• https://www.youtube.com/watch?v=jar6QBYjiBg&t=617s
AMPUTAÇÃO TRAUMÁTICA

• https://www.youtube.com/watch?v=08lSCE9lIVw
EVISCERAÇÃO TRAUMÁTICA
Condutas
1) Avaliação do ferimento, informando-se sobre a natureza e a força do agente
causador, de como ocorreu a lesão e do tempo transcorrido até o atendimento.
• Análise do mecanismo de lesão.
• Expor o ferimento para inspeção.
2) Inspeção da área lesada: Presença de corpo estranho e lesões associadas; Pode ser
necessário cortar as roupas da vítima; Evite movimentos desnecessários com a
mesma.
3) Limpeza da superfície do ferimento para a remoção de corpos estranhos livres e
detritos; utilizar uma gaze estéril para remoção mecânica delicada e instilação de soro
fisiológico, com cautela, sem provocar atrito. Objetos empalados ou encravados não
devem ser removidos, mas sim imobilizados.
• Limpeza de superfície da lesão.
4) Proteção da lesão com gaze estéril que deve ser fixada no local utilizando atadura
de crepe.
• Controle do sangramento.
Condutas
5)Certifique-se da presença de pulso distal após a colocação da
atadura.
6) Mantenha a vítima imóvel, quando possível e conforte a vítima,
informando os procedimentos adotados, assim ela se tranquiliza e
colabora com o atendimento.
7) Reavalie a vítima.
8) Não retardar o transporte desnecessariamente.
Cuidados nos diversos tipos de feridas
• Nas escoriações (fazer a tentativa de remoção de corpos estranhos livres);
• Nas feridas incisivas (aproximar e fixar suas bordas com um curativo
compressivo).
• Nas feridas lacerantes (controlar o sangramento utilizando os métodos de
pressão direta)
• Nos desluvamentos/avulções/amputações (controle de sangramento,
preservar a parte amputada, se necessário o uso de torniquete na
amputação).
• Pele ou couro cabeludo desluvado, deve ser coberto com plástico estéril, após a
limpeza e umidificação da superfície com SF 0,9% ou Ringer lactato;
• Partes do corpo amputadas devem ser colocadas em bolsa plástica seca, estéril,
selada e se possível resfriada (jamais congelar), que deve acompanhar o paciente até
o hospital.
Cuidados nos diversos tipos de feridas
• Nas feridas perfurantes, por arma de fogo (devem ter os orifícios de
entrada e saída do projétil igualmente protegidos)
• Arma branca que permanece no corpo não deve ser removida e sim fixada para que
permaneça imobilizada durante o transporte, pois a retirada pode agravar o
sangramento. Mesma conduta para o empalamento.
• Ferimentos em cabeça, tórax e abdome
• Quando na cabeça, não pressionar a área atingida sob risco de lesão de cérebro por
extremidades ósseas fraturadas.
• Ferimentos penetrantes em tórax podem comprometer o mecanismo da respiração
pela entrada de ar na cavidade pleural; o curativo deve ser oclusivo sendo que um
dos lados do mesmo não é fixado (três pontos).
• Nas eviscerações (saída de vísceras abdominais pelo ferimento) não tentar recolocar
os órgãos para dentro da cavidade abdominal; cobrir com plástico esterelizado
próprio para este fim ou compressas úmidas (embebicidas em soro fisiológico ou
ringer lactato).
PERDA SANGUÍNEA
Classificação de acordo com o comitê de Trauma do Colégio Americano de Cirurgiões

Só haverá alterações na PA significativas após perda de 30% do volume


sanguíneo corporal (sinal tardio).
HEMORRAGIAS GRAVES
• tórax (cavidades pleurais);

• abdômen (cavidade peritoneal);

• espaço retroperitoneal (pelve) e

• ossos longos (fêmur).


QUAIS SÃO OS SINAIS PRECOCES DO CHOQUE?

AVALIAÇÃO SINAIS
PELE PALIDEZ, SUDORESE, QUEDA DE TEMPERATURA
PULSO TAQUICARDIA, PULSO FINO
PERFUSÃO PERIFÉRICA ENCHIMENTO CAPILAR > 2 seg
VENTILAÇÃO TAQUIPNEIA, RESPIRAÇÃO SUPERFICIAL
PRESSÃO ARTERIAL NORMAL
ESTADO MENTAL CONFUSÃO, AGITAÇÃO, LETARGIA, REBAIXAMENTO DO NÍVEL DE CONSCIÊNCIA
OUTRO MNEMÔNICO
Perfusão (> 2 Segundos)
• A perfusão pode ser dificultosa em pacientes idosos (arteriosclerose) ou
pediátricos, pacientes medicamentados (vasoconstrictores ou vasodilatadores),
pacientes em hipotermia.

Pulso (taquicardia e pulso fino)


• Avaliar a presença, a qualidade e a regularidade (na avaliação 1ª);
• Presença do pulso periférico palpável fornece uma estimativa da PA (caso não
seja encontrado a PA sistólica do pulso, isso pode ser sinal tardio de estado de
choque).

Pele (palidez, sudorese, queda da temperatura)


• cor, temperatura e umidade da pele.
ETAPA D
DISFUNÇÃO NEUROLÓGICA

A baixa no nível de consciência (hipóteses):


• Oxigenação cerebral diminuída;
• Lesão no SNC
• Intoxicação por drogas ou álcool;
• Distúrbio metabólico (diabetes, convulsão, PCR...)
AVALIAÇÃO CONTÍNUA

• MNEMÔNICO A-V-D-I

• AVALIAÇÃO DAS PUPILAS


• Tamanho (midríase e miose),
• Igualdade (isocoria e anisocoria) e
• Reagente a luz (fotorreagente).

• ESCALA DE COMA DE GLASGOW (ECG)


ESCALA DE COMA DE GLASGOW (ECG)

Fonte:https://linhasdecuidado.saude.gov.br/portal/acidente-vascular-cerebral-(AVC)-no-adulto/glasgow
Fonte:https://linhasdecuidado.saude.gov.br/portal/acidente-vascular-cerebral-(AVC)-no-adulto/glasgow
ECG (SCORE)
ETAPA E
EXPOSIÇÃO/AMBIENTE E CONTROLE DE TEMPERATURA
• Remoção das roupas do traumatizado (identificar todas as lesões);
• Ficar atento para a hipotermia (expor apenas o necessário);
• Garantir o local aquecido e a privacidade da vítima no interior da
ambulância.
"Senhor, fazei de mim instrumento de VSª paz...
Onde houver desespero que eu leve a esperança!”
(Trecho da Oração de São Francisco)

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