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Família: O princípio da autoridade – R. J. Rushdoony


Willian Po rto

A educação estatista e a intervenção estatista na vida da


f amília conduz, pouco a pouco, ao colapso da f amília.
Não é atoa que o princípio da autoridade está em jogo na
f amília.

A f amília não é só o primeiro meio da criança, mas


também sua primeira escola, onde recebe sua educação
básica; sua primeira igreja, onde ensina-se suas primeiras
lições f undamentais sobre Deus e a vida; seu primeiro
estado, onde aprende os elementos da lei e ordem e os
obedecem; e sua primeira vocação, em que a criança
recebe trabalho para f azer, e responsabilidades nos
termos do mesmo. O mundo essencial de uma criança
pequena é a f amília, seu pai e mãe em particular. Meredith
resumiu o assunto de maneira correta: “Aos olhos de uma
criança pequena, o pai está no lugar do próprio Deus!
Pois o pai é o provedor, o protetor, o que o ama, o
prof essor e legislador da criança” [1].

Daqui é que os teólogos que através dos séculos


ensinaram obediência aos magistrados civis, e a todas as autoridades devidamente
constituídas, sob o encabeçamento do quinto mandamento. Já vimos quão
prof undamente ligada em toda autoridade está a autoridade dos pais. A destruição da
posição e autoridade da f amília é a destruição de toda sociedade e a introdução da anarquia.

Mas a introdução da anarquia radical é também o que segue sistematicamente o ataque contra a
f amília. A rebelião estudantil da década de 1960 tinha como base o anarquismo. Por isso Jorge
Immendorf f , de 23 anos, da Alemanha, pediu uma rebelião antes que uma ref orma, pois “não se
pode melhorar o lixo; assim a rebelião é a única resposta”. A necessidade é “começar do nada” com
somente um padrão: “a própria vida”. Anthony Duckworth, de 21 anos, da Inglaterra, declara que “em
Oxf ord e Cambridge os prof essores jovens querem determinar as normas administrativas, dizer
quanto a textos e cursos, dormitórios e comidas. Querem tomar as rédias”. Ainda mais, segundo John D.
Rockf eller III, de 62 anos, “em vez de preocupar-nos sobre como suprimir a rebelião juvenil; nós da
geração anterior devemos nos preocuparmos em sustentá-la”. Segundo Rockf eller , este “idealismo” juvenil
deve ser sustentado e promovido [2]. Mas, o que é que Rockf eller está pedindo que sustentemos e
aceitemos? Primeiro, a rebelião estudantil e juvenil tem uma premissa imoral: a af irmação de que os jovens
têm o direito de controlar e governar as propriedades de outros. Se uma universidade pertence ao estado,
a uma igreja, ou a uma corporação privada, o estudante pode receber uma educação em termos dessa
instituição. É livre para f ormar suas próprias instituições, mas, como estudante ou instrutor, está em uma
instituição em termos f ixados por aqueles cujos direitos de propriedade governam a instituição. Os
estudantes queixam-se de “coerção”, mas seus movimentos estão entre os mais coercivos do século. O
f ilho não tem direito de governar a seus pais, nem os alunos a sua instituição educativa, nem os
empregados a seu patrão. Segundo, a meta da rebelião estudantil é o poder amoral, não esperanças
“idealistas.

Fazer da “própria vida” o padrão quer dizer que não a padrão exceto a anarquia. Pedir que se “comece do
nada” é pedir a destruição de toda lei e ordem de modo que o anarquista possa aproveitar o que o dono
atual possui. Terceiro, este anarquismo é inevitável em uma geração de estudantes que não f oi ensinada a
obedecer seus pais nem toda autoridade devida, nem honrar a quem deve-se honrar. Para citar Meredith
novamente,

O mandamento original de “honrar” a pai e mãe aplica-se a todos nós por toda a vida. Mas
neste lugar, especificamente, é dito que obedeçam a seus pais “no Senhor” (Ef 6:1,2).
Devido a sua total falta de experiência e juízo, é absolutamente necessário que a criança seja
ensinada a OBEDECER a seus pais no mesmo instante e sem questionamento. Explicações e
razões para isto podem e devem dar à criança pouco a pouco. Mas no instante em que se dá
uma ordem paternal, pode ser que não tenha tempo nem oportunidade para explicar o porquê.
Consequentemente, é imperativo que a criança seja ensinada ao HÁBITO da obediência
inquestionável a seus pais. Pois, até que a criança pequena se desenvolva, seus pais estão
para ela em lugar de Deus. E Deus os considera RESPONSÁVEIS de ensinar e dirigir
apropriadamente ao filho. Por implicação direta, o pai está obrigado, pelo quinto mandamento,
a fazê-se honrável, Para que alguém tenha honra, alguém deve ser honrável. Todo pai deve se
dar conta de que para a criança ele representa Deus! [3]

O pai representa a Deus, pois representa a ordem-lei de Deus. Os juízes, na lei, são mencionados como
“deuses”, assim como também são os prof etas (Êx 21:6;22:8; Sl 82:1; Jn 10:35). Visto que os pais
representam a ordem-lei de Deus, devem, por um lado, serem obedientes a essa ordem-lei, e por outro
lado, devem obedecê-los como representantes desse reino.

Em Êxodo 21:6, a versão Reina Valera[4] duz juízes onde o hebraico diz Elohim, deuses; o mesmo é certo
em Êxodo 22:8. A Bíblia das Américas, e a versão do texto massorético [em inglês], diz: “deus” e uma nota
de rodapé “juízes”. Em 1 Samuel 28:13, a f eiticeira de Endor, ao ver Samuel, exclamou: “Vejo deuses que
sobem da terra”. É claro que se ref ere ao prof eta. No Salmo 82:1-6, às autoridades civis eram
mencionadas como “deuses”, uso conf irmado por Jesus Cristo (Jn 10:35). Por isso, visto que todas
autoridades representam a ordem-lei de Deus, o quinto mandamento f requentemente é associado com a
primeira tábua da lei, ou seja, com os que têm ref erência a nossas obrigações a Deus, em contraste com a
segunda tábua, os que tem ref erências a nossas obrigações para com nosso próximo. Existe validade
nesta divisão em duas tábuas, ainda que não se possa levá-las demasiadamente longe e até certo ponto
artif icial, já que todos os mandamentos têm ref erência a nossa obrigação a Deus.
Calvino considerou a incorporação deste mandamento na primeira tábua como loucura [5]. É curioso, mas
usou Romanos 13:9 a f avor de sua posição, assim como também Mateus 19:19, mas estas passagens não
são conclusivas neste assunto. Mais pertinente são as varias leis, previamente tratadas, que relacionam a
obediência aos pais à observância do sabbat e o f ugir da idolatria (cf . Lv 19:1-4).

Voltemos, pois, ao ponto mais importante: o assunto da obediência. A mentalidade humanística


normalmente alega que a obediência sem questionamento é destrutiva para a mente. A pessoa livre, dizem,
é produto de rebelião, de constante desaf ia à autoridade, e a verdadeira educação deve estimular às
crianças e adolescentes a romper com a autoridade e negar suas af irmações. A “cultura” da juventude hoje
é esta exigência de realização instantânea combinada com uma negação à autoridade. Ross Snyder, em
Young People and their Culture, escreve que “os jovens de nosso tempo estão muito convencidos de que
tudo é para agora mesmo, e em toda plenitude possível para eles em seu período de desenvolvimento” [5].
Esta exigência de realização instantânea é característica do inf antilismo. O neném chora com f rustração e
cólera quando a gratif icação não é instantânea. Não surpreende que uma geração criada de maneira
permissiva tenha uma alta aptidão para cólera destrutiva e revolucionária, f requentemente acompanhada
pelas ações de urinar e def ecar alegremente em público, e uma baixa aptidão para o trabalho e estudo
disciplinados. A essência da mentalidade revolucionária é a exigência da utopia instantânea, da gratif icação
instantânea, e uma cólera destrutiva, inf antil, contra toda ordem que não sustenta. Freud inventou aos
termos personalidade oral e anal; termos que não têm relevância em nenhuma idade de amadurecimento
nem para os homem amadurecidos; são aptos para descrever a personalidade ambivalente de uma idade
inf antil e permissiva e de suas pessoas.
Mas as raízes vão mais longe. John Locke f ormulou a psicologia sem raízes da f é humanística com seu
conceito de f icha limpa. A verdadeira educação, sustentava, requereria que se apagasse completamente da
mente todas as noções preconcebidas, implícitas no ensino dos pais, religião e sociedade. Nos termos do
conceito e da psicologia de Locke, a educação deve ser revolucionária. Acrescenta-se a isto o homem
natural de Rousseau, e todas as noções preconcebidas, todas as f ormas de herança do passado, viram
cadeias que devem ser rompidas. Marx e Freud derivaram as conclusões lógicas das f ilosof ias de Locke,
Rousseau y Darwin. Darwin, por sua f é evolucionista, reduziu todo o passado a um nível inf erior e mais
primitivo, e assim acrescentou a justif icação à exigência de uma mudança total, de uma revolução. Esta
hostilidade à disciplina e obediência invadiu quase todas as disciplinas no século XX. Na arte, a capacidade
de dominar e utilizar habilidades no uso de pinturas no desenho f ê-se f avorável da expressão
“espontânea” e “inconsciente” que carece de razão e f orma. Na religião, à experiência tem prioridade à
doutrina ou a substitui. Na política, a autoridade vem desde baixo, do nível mais baixo, e o líder
“carismático” é o demagogo que satisf az melhor às massas. Na música, o emocionalismo indisciplinado é o
galardão mais estimado, e assim por diante. A animosidade contra a obediência e a disciplina é geral e
prof unda.

Mas a mente que f unciona melhor é a mente obediente e disciplinada. A criança disciplinada e obediente
não é um adolescente servil, mas um homem livre. Em virtude da disciplina da obediência, [ele] tem melhor
domínio de si mesmo e pode dominar melhor seu campo de desempenho. O antigo humanismo, já que
cresceu no contexto de uma disciplina cristã, podia produzir uma mente disciplinada. Montaigne (n.1533),
ao dar conselhos sobre como educar ao f ilho, f alou sem nenhum sentido de novidade ao descrever a boa
educação de seu dia:

Uns poucos anos de vida estão reservados para a educação, não mais que os primeiros quinze
ou dezesseis; aproveita bem estes anos, adulto, se queres educar ao filho para um
amadurecimento correto. Deixe fora os assuntos supérfluos. Se queres fazer algo construtivo,
confronte a criança com discursos filosóficos, esses que não são demasiadamente
complicados, claro, e contudo que valem a pena serem explicados. Trate esses discursos em
detalhes; a criança é capaz de digerir este assunto desde o momento em que pode mais ou
menos tratar de si mesmo [Montaigne na verdade escreveu: "desde o momento em que é
desmamado", mas provavelmente não quis dizer demasiadamente literalmente]; a criança, em
todo caso, poderá receber discursos filosóficos muito melhor que um desejo de ensiná-lo a
escrever e ler; isto é melhor que espere um pouco [6].

Visto que no dia de Montaigne a criança não era desmamada tão apressadamente como em nossos dias,
não há razão para duvidar do enunciado de Montaigne. Nos Estados Unidos puritanos, eram as mães que
ensinavam aos f ilhos a ler, quando estes tinham entre dois e quatro anos.

Van de Berg cita dois exemplos de crianças maduras da era de Montaigne e posterior. Merecem que sejam
citados com algum detalhe:

Temos, realmente, alguma inf ormação sobre a natureza das crianças nos tempos de Montaigne: a vida de
Teodoro Agripa d’Aubigne, huguenote, amigo de Henrique IV, nascido em 1550. Montaigne nasceu em 1533,
assim que tinha alcançado a idade do discernimento quando d’Aubigne era ainda uma criança. Observando
a jovens contemporâneos deste d’Aubigne, Montaigne não notou nada quando o amadurecimento. De
d’Aubigne dizia-se que lia grego, latim e hebraico quando tinha seis anos, e que traduziu Platão para o
f rancês quando ainda não tinha oito anos.

Montaigne recomendava a leitura e explicação de discursos f ilosóf icos as crianças; pois bem; se uma
criança de oito anos pode traduzir Platão, que objeções podem existir para a leitura de uma versão
traduzida quando ela tem quatro anos?

Quando d’Aubigne tinha ainda oito anos, f oi a cidade de Ambiose, acompanhado de seu pai, pouco depois
que tinham executado um grupo de huguenotes. Viu os corpos decapitados; e a pedido de seu pai, jurou
vingá-los. Dois anos mais tarde f oi capturado pelos inquisidores; a reação do garoto de dez anos à ameça
de morte na f ogueira f oi bailar de alegria ante a f ogueira. O horror da missa tirou seu medo do f ogo, f oi
seu próprio comentário posterior,como se uma criança de dez anos pudesse saber o que queria dizer com
isso. E contudo, uma criança que tinha traduzido Platão e que tinha estado por quatro anos acostumado a
ler clássicos, não podia tal criança saber o que quer, e saber o que estava f azendo? Mas dif icilmente
poderia chamá-lo de criança. Uma pessoa que observa de maneira inteligente os ef eitos de uma execução,
que pronuncia um juramente ao que será f iel o resto de sua vida, que se dá conta, por si mesmo, do
signif icado da santa comunhão, e que imagina o horror da morte na f ogueira, não é uma criança, mas um
homem.

Quando Montaigne morreu, outra criança estava no umbral de grandes descobrimentos: Blase Pascal,
nasceu em 1623, escreveu quando tinha doze anos, sem nenhum ajuda, um tratado sobre o som que os
especialistas levaram a sério. Mais ou menos ao mesmo tempo aconteceu que ouviu a palavra matemática;
perguntou a seu pai o que queria dizer, e lhe f oi dada a seguinte resposta (incompleta, pois seu pai tinha
medo de que um interesse na matemática pudesse diminuir seu interesse em outras ciências): “Matemática,
sobre a qual direi mais tarde, é a ciência que se ocupa da construção das f iguras perf eitas e do
descobrimento das propriedades que contem”. O jovem Pascal mastigava esta resposta durante suas
horas livres, e sem ajuda, construiu círculos e triângulos que o levou ao descobrimento do tipo de
propriedades que seu pai deve ter querido dizer; por exemplo, que a soma dos ângulos de um triângulo é
igual a dois ângulos retos [7].

Devemos reconhecer que d’Aubigne e Pascal f oram homens destacados e crianças prodígio. Mas deve-se
acrescentar que na música, ciências e em muitos outros campos, as crianças prodígio eram muito mais
comuns então do que agora. Também devemos reconhecer que o nível intelectual, naquela época, era
muito alto inclusive entre as pessoas das classes simples. O nível de pregação é uma ampla evidência
disto. A capacidade dos membros da igreja para escutar sermões longos de, às vezes duas horas, e
reproduzir todos os trinta ou quarenta pontos f ielmente mais adiante na semana, e debatê-los e discuti-
los, está bem documentada. Não existia f alta de iniquidade nessa era, mas, também existia uma alta ordem
de disciplina, e esta disciplina promovia o uso da inteligência. Os homens que, nos primeiros séculos da era
cristã, e na era da Ref orma e posteriores, estabeleceram os f undamentos da civilização e liberdade
ocidentais, eram homens de f é e disciplina, homens instruídos na academia da obediência.

As Escrituras exigem um respeito santo pelo poder e autoridade como devidamente constituídos e
ordenados por Deus. Êxodo 22:28 declara: “A Deus não amaldiçoarás, e o príncipe dentre o teu povo não
maldirás”. De novo, a NVI [9] traduz “juízes” como “Deus” e no rodapé da página diz “juízes”. Calvino notou,
desta passagem, Levítico 19:32, Deuteronômio 16:18 e 20:9 que “no quinto mandamento está coberto por
sinédoque todos os superiores, os que estão em autoridade” [10].

Primeiro, é dito que devemos pensar e falar reverentemente dos juízes e outros que exercem o
ofício de magistrado; também não se deve questionar que, no uso ordinário do hebraico, Ele
repete o mesmo duas vezes; e consequentemente que as mesmas pessoas chamam-se
“deuses” e “governadores do povo”. O nome de Deus – em sentido figurado, mas de maneira
razoável - é aplicado aos magistrados, sobre quem Ele colocou uma marca de sua glória
como ministros de sua autoridade divina. Como vimos, honra deve ser dada aos pais, visto que
Deus os associou consigo mesmo na possessão do nome, e aqui essa mesma dignidade é
pedida, também, para os juízes, a fim de que as pessoas os reverenciem, pois são
representantes de Deus, seus subalternos e vicários. Cristo, o expositor mais seguro, explica
assim quando cita a passagem de Salmo 82:6: “Eu disse: Sois deuses?” (Jo 10:34), ou seja,
“Pois, se a lei chamou deuses àqueles a quem a palavra de Deus foi dirigida”, que deve ser
entendida, não da instrução geral dirigida a todos os filhos de Deus, mas do mandamento
especial para governar.

É sinal de exaltação dos magistrados que Deus não somente os considera em lugar dos pais,
mas que também nos apresenta dignificados pelo seu próprio nome, que também parece claro
que se deva obedecer não somente pelo temor ao castigo, “mas também por causa da
consciência” (Rm 13:5), e deve-se honrá-los com reverência, a fim de não menosprezar a Deus
neles. Se alguém objeta que seria incorreto abalar os vícios daqueles a quem percebemos que
abusam de seu poder, a resposta é fácil: ainda que temos que respeitar os juízes, mesmo que
não sejam os melhores, essa honra que estão investidos não são para encobrir seu vício. Nem,
também, Deus ordena que aplaudamos seus erros, mas que todas as pessoas deplorem com
tristeza em silêncio, em vez de levantar comoção em um espírito licencioso e sedicioso, e
assim subverter o governo político [11].

Que esta obediência santa não constitui apoio nem submissão ao mal é evidente de f orma abundante pela
história dos prof etas do Antigo Testamento, e la história da igreja cristã. Antes, a obediência santa é a
melhor base para resistir ao mal, pois se levanta primordialmente nos termos de uma obediência mais alta
a Deus e consequentemente é obediência independente e em resistência aos tiranos, obediente à
autoridade mais alta de Deus.

Mas em um ponto o comentário de Calvino ref lete (na primeira oração do segundo parágraf o que
antecede), não o pensamento bíblico, mas o romano, quando compara aos governantes com os pais e
lhes atribuiu autoridade paternal. O que é comum entre pais, governantes e senhores não é paternidade,
mas autoridade. É um erro sério atribuir poder paternal a um governante e ao estado. Os pais representam
ante a criança a autoridade de Deus nos termos de uma ordem-lei civil para os cidadãos: eles, pais e
governantes, têm autoridade em comum, não paternidade, e também, sobre a autoridade, é de classe
dif erente. A lei romana, já que divinizava ao estado, f ez do estado e seu governante, desta f orma, o deus
do povo, e do povo f ilhos desse deus. O imperador era o pai de sua nação, e isto é um sério aspecto da
teologia civil.

A educação f ortemente clássica dos eruditos medievais e da Ref orma f requentemente f ê-los errar. Um
versículo que às vezes é citado como evidência do papel paternal do Estado é Isaías 49:23. Mas este
versículo ref ere-se ao remanescente Israel, que seria restaurado a Jerusalém e restabelecido como
Estado sob a proteção de outros estados, que seriam como “enf ermeiros”. A ref erência é ao
restabelecimento da comunidade hebraica sob Neemias, com a proteção do Império médio-persa. As
imagens não tem nada a ver com um papel paternal do Estado e sim com o papel protetor superior de um
grande império para com uma ordem civil pequena que estava se reconstruindo.

A autoridade primordial e básica na ordei-lei de Deus é a f amília. Todas as demais autoridades devidas de
modo similar representam a ordem-lei de Deus, mas em dif erentes âmbitos. Se os f ilhos não obedecem
aos pais, não honrarão nem obedecerão a nenhuma outra autoridade. Portanto, a lei f ala da autoridade
chave nos termos daqueles cuja ordem de autoridade social persiste ou cai. Básico à autoridade em todo
campo é a representação da ordem-lei de Deus.

O Estado é assim estabelecido a f im de estender a justiça de Deus. Deuteronômio 16:18-20 diz:

Juízes e oficiais porás em todas as tuas cidades que o Senhor teu Deus te der entre as tuas
tribos, para que julguem o povo com juízo de justiça.Não torcerás o juízo, não farás acepção de
pessoas, nem receberás peitas; porquanto a peita cega os olhos dos sábios, e perverte as
palavras dos justos.A justiça, somente a justiça seguirás; para que vivas, e possuas em
herança a terra que te dará o Senhor teu Deus.

Seria ridículo propor a paternidade como propósito desta lei; sua meta é a justiça civil. Básico para o
estabelecimento dessa justiça é a autoridade.
E o quinto mandamento, ao f alar dos pais, e por implicação de todas as autoridades ordenadas por Deus,
está estabelecendo, primeiramente, a autoridade de Deus. Deus sabe, af inal, que pais, governantes,
clérigos, prof essores e chef es são pecadores. Deus não está interessado em estabelecer pecadores: a
expulsão do Éden, e o constante castigo na história, é evidência eloquente disso. Mas a maneira de Deus
de desestabelecer aos pecadores e estabelecer sua ordem-lei é exigir que se obedeça a essas
autoridades. Esta obediência é prestada, primeiro, a Deus e é parte do estabelecimento da ordem de Deus.
O pecado conduz à anarquia revolucionária; a obediência santa conduz a uma ordem santa.

Notas

1 – Roderick C. Meredith, The Ten Commandments, p. 35.

2 «T he Student Rebels», em This Week Magazine (1 de Dezembro de 1968), pp. 1, 10.

3 – Meredith, op. cit., p. 35.

4- Nota do tradutor: Em Português, Almeida Corrigida e Revisada e Fiel, Almeida Revisada Imprensa Bíblica,
Nova Versão Internacional e Sociedade Britânica Internacional traduzem por “juízes”, enquanto a versão
católica traduz por “Deus”. Fonte: http://www.bibliaonline.com.br/nvi+vc/ex/21

5 – Calvino, Commentaries on the Four Last Books of Moses, III, 7.

6 – Citado em uma revisão de Religious Book Club Bulletin, vol. 41, no. 15 (dezembro de 1968), p. 2.

7 – J. H. van den Berg, The Changing Nature of Man (Dell, Nueva York, [1961], 1964), p. 21.

8 – Ibid., pp. 26-28. O autor, Jan Hendrick van den Berg, é prof essor de psicología na Universidade de
Leyden.

9 – N.T: A ACF (Almeida Corrigida e Fiel), mais paroximadamente com o texto de Rushdoony da NVI em sua
língua, diz: “A Deus não amaldiçoarás, e o príncipe dentre o teu povo não maldirás”.

10 - Calvino, op. cit., p. 17.

11 - Ibid., III, 17s.

Traduzido de Rushdoony, El Quinto mandamiento: La Instituicion de la Ley Bíblica

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