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CLÍNICA MÉDICA IX
1
SUMÁRIO
1. Definição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
2. Estágios da doença renal crônica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
3. Causas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
4. Fisiopatologia e complicações da doença renal crônica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
4.1. O que acontece caso ocorra um declínio da função renal? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
5. C
onsequências da DRC1-3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
6. Anemia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
7. D
oença mineral óssea da doença renal crônica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
7.1. H
iperparatireoidismo secundário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
7.2. D oença óssea adinâmica (baixo turnover) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
8. A
cidose metabólica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
9. Uremia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
10. Hipervolemia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
11. Doença cardiovascular e doença renal crônica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
12. Tratamento conservador da doença renal crônica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
12.1. D
ieta na doença renal crônica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
12.2. Anemia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
12.3. Acidose . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
12.4. Hiperfosfatemia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
12.5. Hiperparatireoidismo secundário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
12.6. T ratamento da hipertensão arterial sistêmica nos portadores de doença renal crônica 16
12.7. C
ontrole glicêmico e uso de hipoglicemiantes na DRC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
12.8. C ontrole lipídico na DRC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2
DOENÇA RENAL CRÔNICA (DRC)
importância/prevalência
u A definição de DRC.
u Conhecer as fórmulas para estimativa da TFG.
u Aprender o estadiamento da DRC pela TFG e pelo grau de albuminúria.
u Conhecer as principais causas de DRC e de DRC com rins de tamanho normal ou aumentado.
u Conhecer as complicações decorrentes da redução da função excretora renal.
u Conhecer as complicações decorrentes da redução da função endócrina renal.
u Manejo geral do paciente com DRC e de suas principais complicações.
3
Doença renal crônica (DRC) Nefrologia
3a 45 – 59 A 3 – macro > 300
3b 30 – 44 BASES DA MEDICINA
4 15 – 29
A DRC tem diversas etiologias e algumas vezes é multi-
5 < 15 fatorial. Por exemplo, podemos ter um idoso com nefro-
patia diabética, que sofre com nefrolitíase de repetição
Fonte: KDIGO1.
e usa anti-inflamatórios diariamente em decorrência de
uma osteoatrite em joelhos. Buscar o(s) diagnóstico(s)
correto(s) é fundamental, pois a principal forma de pre-
DIA A DIA MÉDICO
venir ou retardar a progressão da DRC é tratando a sua
doença de base.
O risco de complicações renais e cardiovasculares mais
acentuado é naquele indivíduo com DRC estágio 5 A3.
4
Doença renal crônica (DRC)
5
Doença renal crônica (DRC) Nefrologia
Os sintomas e as alterações ao exame físico cos- Se o seu paciente tem DRC e se queixa de oligúria ou anú-
tumam ocorrer quando há uma perda importante ria, a suspeita principal é de que está ocorrendo alguma
da função renal. Ou seja, a DRC quase sempre é IRA sobreposta à DRC.
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Doença renal crônica (DRC)
7
Doença renal crônica (DRC) Nefrologia
8
Doença renal crônica (DRC)
À medida que a DRC alcança estágios graves (4 e um hormônio essencial nesse processo à medida que
5), esse mecanismo adaptativo não é mais capaz estimula diretamente o osteoclasto2,3,6.
de manter o equilíbrio, resultando em um grupo de
complicações que chamamos de distúrbio mineral Na DRC, os ossos apresentam uma resistência maior
ósseo relacionado à DRC: à ação do PTH no osteoclasto, por um mecanismo
u hiperfosfatemia; ainda pouco conhecido. Então, a elevação do PTH
u hipocalcemia; é necessária não somente para manter uma nor-
mocalcemia, mas também para manter um nível
u hiperparatireoidismo secundário;
saudável de remodelamento ósseo.
u calcificação vascular e tecidual;
u Níveis aceitáveis de PTH na DRC até o estágio
u aumento de risco de doenças cardiovasculares. 4: até 150 pg/mL.
u Níveis aceitáveis de PTH na DRC estágio 5: 150
7.1. HIPERPARATIREOIDISMO SECUNDÁRIO a 300 pg/mL.
9
Doença renal crônica (DRC) Nefrologia
BASES DA MEDICINA
BASES DA MEDICINA
Assim como existe a doença óssea de alto turnover (osteíte
fibrosa cística), também existem as doenças ósseas de
A acidose metabólica é um distúrbio caracterizado pela
baixo turnover relacionadas à DRC. Elas são caracterizadas
queda do bicarbonato sérico que, por sua vez, leva à acide-
por uma baixa atividade celular na matriz óssea, resul-
mia (pH < 7,35) e à hiperventilação compensatória. O rim
tando em uma queda importante da formação óssea2,3,6.
é responsável por excretar o excesso de H+ produzido pelo
metabolismo das proteínas e regenerar uma molécula de
Encontramos 2 tipos de doença óssea de baixo bicarbonato (HCO3−) para cada molécula de H+ excretada7.
turnover na DRC:
1. Doença óssea adinâmica.
A partir do estágio 3b da DRC, os néfrons rema-
2. Osteomalácia da DRC. nescentes podem não conseguir aumentar a sua
A doença óssea adinâmica é uma complicação do excreção de H+ de forma compensatória, resultando
tratamento do hiperparatireoidismo secundário. no seu acúmulo e, consequentemente, em acidose
Ao reduzirmos os níveis do PTH para menos de metabólica2,3,7.
150 pg/mL, geralmente < 100 pg/mL, por um longo
A acidose metabólica piora conforme ocorre a queda
prazo, iremos provocar um baixo remodelamento
da TFG, alcançando um bicarbonato geralmente
ósseo, tornando-o frágil. A segunda é consequên-
entre 12 a 20 mEq/L. Contudo, o bicarbonato pode
cia do acúmulo de alumínio nos ossos. A única
ficar severamente reduzido (≤ 10 mEq/L), podendo
forma de o nosso organismo eliminar o alumínio
ser um dos responsáveis pela indicação para se
são os rins. Portanto, se o indivíduo com DRC for
iniciar a diálise com urgência7,8.
exposto cronicamente a esse metal, ele irá se
depositar nos ossos, inibindo a sua atividade e Os ossos funcionam como um sistema tampão do
resultando na osteomalácia. As principais fontes pH sanguíneo em longo prazo, absorvendo uma fra-
de contaminação por alumínio são a água utilizada ção do excesso de H+. A consequência é o aumento
no maquinário da hemodiálise e os antiácidos do processo de reabsorção óssea, causando osteo-
contendo alumínio. Atualmente, os serviços de penia. Por mecanismos desconhecidos, a acidose
hemodiálise seguem uma série de critérios de metabólica não tratada contribui para a progressão
pureza da água, tornando essa forma de intoxi- da DRC e parece ter associação com o aumento de
cação muito rara2,3,6 . mortalidade8.
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Doença renal crônica (DRC)
DICA
Ao se suspeitar de que os sintomas
do indivíduo são decorrentes de uremia,
ele deverá ser encaminhado para uma uni- 11. D OENÇA CARDIOVASCULAR
dade de emergência, pois indica uma DRC
E DOENÇA RENAL CRÔNICA
avançada, quase sempre com indicação
de diálise.
BASES DA MEDICINA
Os rins têm um papel fundamental no controle do fluido A DRC e a albuminúria per si são fatores de risco
extracelular através da excreção de sódio. Praticamente
independentes para a DCV. Para se ter uma ideia da
todo o sódio ingerido na dieta é excretado, gerando um
balanço neutro desse íon. Mesmo quando a ingesta é força dessa associação DRC–DCV, o risco da DRC
muito elevada para alguém com rins saudáveis, como, por equivale ao risco de um indivíduo que sabidamente
exemplo, durante um rodízio de churrasco, o rim manterá é portador de doença arterial coronariana1-3.
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Doença renal crônica (DRC) Nefrologia
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Doença renal crônica (DRC)
W Restrição de cálcio – 1.500 mg/dia. u Uso oral: sulfato ferroso com 40 mg de ferro ele-
mentar 3 vezes ao dia.
u Uso venoso: sacarato de hidróxido de ferro 200 mg
DIA A DIA MÉDICO – 1 dose administrada a cada 2 dias até comple-
tar 5 doses (total de 1.000 mg).
Sempre reforce ao portador de DRC a importância da dieta u Alvo terapêutico do estoque de ferro:
adequada, pois grande parte dos pacientes vai reduzindo
a aderência ao longo do tempo. W Ferritina entre 100 e 500 ng/mL.
W Saturação de transferrina entre 20 e 30%.
13
Doença renal crônica (DRC) Nefrologia
HIF HIF
12.3. ACIDOSE
DIA A DIA MÉDICO
14
Doença renal crônica (DRC)
medicamentos que são tomados com a alimentação a do cálcio. O cálcio e o próprio calcitriol atuam em
e impedem a absorção intestinal de fósforo. Existem receptores na paratireoide, inibindo a produção e a
2 tipos de quelantes: um com cálcio na sua com- liberação do PTH. Portanto, quando o nível sérico
posição (carbonato de cálcio 500 mg) e outro sem de PTH está maior que 300 pg/mL na DRC estágio
cálcio (cloridrato de sevelâmer 800 mg). A escolha 5 ou > 150 na DRC estágio 4, indica-se o uso de
dependerá do nível sérico de cálcio. Se o cálcio análogos da vitamina D (calcitriol ou paricalcitol).
sérico estiver normal, o carbonato de cálcio está Os níveis séricos de cálcio e fósforo devem ser
indicado. Por outro lado, se o cálcio sérico estiver monitorados, pois não é incomum a ocorrência
elevado ou o PTH reduzido, então o carbonato de de hipercalcemia ou hiperfosfatemia como efeito
cálcio está contraindicado, devendo ser iniciado o adverso. Nesse caso, os análogos de vitamina D
cloridrato de sevelâmer1-3,6,9. devem ser reduzidos ou suspensos1,3,6.
u Quelantes de fósforo: u Análogos de vitamina D:
W Carbonato de cálcio 500 mg – uso 500 a W Calcitriol 0,25 mcg – uso oral – dose inicial
1.500 mg/dia (administrar junto com a refeição). 0,25 mcg 3x/semana.
W Cloridrato de sevelâmer 800 mg – uso 2.400 a W Paricalcitol – uso intravenoso – deve ser reser-
7.200 mg/dia (administrar junto com a refeição). vado para pacientes em programa de diálise.
O hiperparatireodismo secundário não controlado causa Apesar dessas opções terapêuticas, alguns pacien-
uma grande morbidade no indivíduo, como dores e defor- tes apresentam níveis persistentemente elevados
midades ósseas, fraturas patológicas e aumento do de PTH, refratários ao tratamento com análogos de
risco cardiovascular. Por isso, o nível de PTH deve ser
vitamina D em associação com cinacalcete, ou pos-
sempre avaliado e deve-se iniciar o tratamento quando
necessário1-3,6.
suem uma osteíte fibrosa cística grave com dores
ósseas e fraturas patológicas. Nessas situações, a
melhor opção terapêutica é a paratireoidectomia.
Níveis desejados de PTH nos portadores Esse quadro não costuma ocorrer em portadores
de DRC até o estágio 4: até 150 pg/mL. de DRC em estágios mais brandos (estágio 1, 2 ou
3) e, caso ocorra, deverão ser investigadas outras
Níveis desejados de PTH nos portadores
etiologias do hiperparatireoidismo.
de DRC estágio 5: 150 a 300 pg/mL.
u Indicações de paratireoidectomia no hiperpara-
Como já citado anteriormente, o calcitriol aumenta a tireoidismo secundário1-3,6:
absorção intestinal de cálcio e fósforo, principalmente
15
Doença renal crônica (DRC) Nefrologia
W PTH persistentemente > 800 pg/mL refratário periférico e congestão pulmonar (reveja o tópico sobre
ao tratamento clínico. hipervolemia)1-3.
16
Doença renal crônica (DRC)
ser iniciado. No Brasil, só temos um diurético de BRA II. Esse é o famoso efeito nefroprotetor dessas
alça, que é a furosemida1,3. 2 classes de anti-hipertensivos. Nos indivíduos
portadores de DRC sem proteinúria, esse efeito
u HAS em portadores de DRC com albuminúria
nefroprotetor adicional ao efeito anti-hipertensivo
> 30 mg/24 horas:
não é encontrado1-3.
W Anti-hipertensivo de escolha – IECA ou BRA II.
u IECA: captopril, enalapril, ramipril e lisinopril.
u HAS em portadores de DRC sem albuminúria:
u BRA II: losartana, valsartana, olmesartana, can-
W Edema presente – diurético de alça (furosemida). desartana e ibesartana.
W Edema ausente – IECA ou BRA II.
O principal efeito adverso dessas 2 classes de
Se a pressão arterial não for controlada com esses anti-hipertensivos é a hipercalemia. Ao bloquear o
medicamentos, devem-se acrescentar outros anti-hi- eixo RAA, o nível sérico de aldosterona é reduzido.
pertensivos de escolha semelhante à da população A aldosterona age no néfron, mais especificamente
geral – com exceção do diurético tiazídico, que não no túbulo coletor, aumentando a reabsorção de sódio
é recomendado nos indivíduos com TFG < 30 ml/ (Na+). Para manter o gradiente elétrico, é excretado
min/1,73 m2, pois não causa o efeito anti-hiper- o potássio (K+) ou o hidrogênio (H+). Ao inibir a pro-
tensivo desejado. Atenção também deve ser dada dução de aldosterona, não ocorrerá a reabsorção
ao uso do antagonista da aldosterona (diuréticos de sódio e, consequentemente, o potássio não será
poupadores de potássio), pois os portadores de excretado, aumentando o risco de hipercalemia2,3,7.
DRC têm uma facilidade maior que a população
Outros efeitos colaterais importantes são o angioe-
geral em apresentar hipercalemia1-3.
dema e a tosse seca (presente nos IECA, mais
frequente com o captopril)2,3.
Os IECA e os BRA II reduzem a pressão intraglomerular por Abordaremos esse tema no capítulo sobre doença
meio da vasoconstrição da arteríola aferente, resultando
renal diabética.
em inibição da hiperfiltração adaptativa (reveja o tópico
fisiopatologia da DRC se você não se lembrar sobre a
hiperfiltração adaptativa)2,3. 12.8. CONTROLE LIPÍDICO NA DRC
17
Doença renal crônica (DRC) Nefrologia
18
Doença renal crônica (DRC)
Definição
TFG < 60 por > 3 meses Lesão renal por > 3 meses
Classificação
Estágio 3b (30−44)
Estágio 4 (15−29)
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Doença renal crônica (DRC) Nefrologia
Hipercalemia
Hiperfosfatemia
Hipocalcemia
Anemia Hiperparatireoidismo 2º
Hiperfosfatemia
Hipocalcemia
20
Doença renal crônica (DRC)
Tratamento geral
Reposição oral
HAS Estoque de ferro Dieta Alvo de PTH
de bicarbonato
Reposição Carbonato
Dislipidemia PTH até 150
de EPO de cálcio
Alvo de Hb
Tratamento
10−12 g/dL
Calcitriol
Cinacalcete
Casos refratários
Paratireoidectomia
21
Doença renal crônica (DRC) Nefrologia
REFERÊNCIAS
22
Doença renal crônica (DRC)
QUESTÕES COMENTADAS
Questão 1 Questão 3
(FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA UNICAMP – SP – 2018) (HOSPITAL DAS CLÍNICAS DE GOIÁS – 2020) J.L.V., de 65
Homem, 23 anos, refere dor no quadril e dificulda- anos, homem, pardo. Tem antecedentes de diabetes
de para andar há duas horas após crise convulsiva. tipo 2 há vinte anos, hipertensão arterial há quin-
Antecedentes pessoais: insuficiência renal crônica. ze anos e gota há cinco anos. Faz uso regular de
Creatinina = 8,9 mg/dL, ureia = 194 mg/dL, cálcio = anlodipino e metformina, relatando uso ocasional
4 mg/dL, fósforo = 6,2 mg/dL, fosfatase alcalina = de anti-inflamatórios não hormonais (na vigência
27 UI/dL, PTH = 488 pg/mL. Radiograma de pelve: de artrite gotosa). Passou em consulta médica de
fratura da cabeça do fêmur direito. O diagnóstico é: check-up com um clínico, que pediu alguns exa-
mes: creatinina sérica: 1,6 mg/dL (TFG estimada
⮦ Hiperparatiroidismo primário. (CKD-EPI): 46 mL/min), exame de urina: densida-
⮧ Osteomalácia por deficiência de vitamina D. de 1020, pH 5,5, sem elementos anormais, 1 leu-
⮨ Osteíte fibrosa por hipocalcemia. cócito/campo, sem hemácias, relação albumina/
⮩ Osteodistrofia renal. creatinina na urina: 100 mg/g, glicemia de jejum:
130 mg/dL. A respeito da alteração de função re-
nal observada, este paciente:
Questão 2
⮦ Possui doença renal crônica G3aA1.
(SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE SÃO PAULO – SP – 2018) Um ⮧ Apresenta creatinina sérica e taxa de filtração
paciente com insuficiência renal crônica em pro- glomerular normais para a sua faixa etária, razão
grama de hemodiálise há nove anos compareceu por que não tem doença renal crônica.
à consulta com queixas de dor óssea há um mês.
⮨ Deve ser observado um maior período de tem-
Levou exames que mostravam: hemoglobina 8,2 g/
po para determinar se ele tem ou não doença
dL; ureia 178 mg/dL; creatinina 6,4 mg/dL; potás-
renal crônica.
sio 5,6 mEq/L; albumina 3,8 g/dL; cálcio 8,1 mg/dL;
fósforo 6,5 g/dL; e PTH sérico elevado. Consideran- ⮩ Deve ser submetido a um controle glicêmico ri-
do-se esse caso hipotético, é correto afirmar que o goroso e a uma dieta com aporte proteico < 0,6
provável diagnóstico seja: g/kg/dia, medidas recomendadas para o seu
tratamento.
⮦ Osteíte fibrosa.
⮧ Osteomalácia.
Questão 4
⮨ Doença óssea adinâmica.
⮩ Osteoporose. (SECRETARIA ESTADUAL DE SAÚDE DO ESTADO DE PERNAMBU-
CO – PE – 2021) Um paciente 67 anos, dislipidêmico
⮪ Osteoartrite.
e diabético com albuminúria de 360 mg/g nas 24
horas e filtração glomerular estimada por fórmula
em 34 mL/min/1,73 m2. De acordo com a avaliação
23
Doença renal crônica (DRC) Nefrologia
de doença renal crônica da KDIGO (Kidney Disease e um exame de imagem, preferencialmente a ul-
Improving Outcome), esse paciente seria classifi- trassonografia dos rins e vias urinárias.
cado como: ⮧ Fundamental para esta paciente, com base na
Taxa de Filtração Glomerular já avaliada, dosar
⮦ G3aA3. a relação albuminúria creatinúria, que estará
⮧ G4A3. alterada se acima de 30mg/g, e um exame de
imagem, preferivelmente uma Tomografia Com-
⮨ G3aA2. putadorizada de Abdome e pelve, para avaliação
⮩ G3bA3. do tamanho, parênquima renal e presença de
litíase para explicar o quadro.
⮪ G2A3.
⮨ Fundamental para esta paciente, com base na
Taxa de Filtração Glomerular já avaliada, dosar a
relação, que estará alterada se acima de 30mg/g,
Questão 5
e um exame de imagem, preferivelmente uma
ultrassonografia de rins e vias urinárias.
(SECRETARIA MUNICIPAL DE ADMINISTRAÇÃO DE MACAÉ – RJ –
ANO) Juliana tem 45 anos e atendida no ambulatório ⮩ A hematúria de origem glomerular, definida pela
de Clínica Médica. Portadora de Hipertensão Arterial presença de cilindros hemáticos ou dimorfismo
Sistêmica, hipertrigliceridemia. Nega diagnóstico de eritrocitário, deve ser valorizada no caso de o pa-
diabetes mellitus até o momento. Ex tabagista há 1 ciente apresentar creatinina acima dos valores
ano, carga tabágica 15 maços x ano. Traz exames da normalidade e diabetes mellitus.
laboratoriais de rotina com os seguintes valores: ⮪ A função renal deve ser avaliada preferencial-
HEMOGLOBINA 11,3 g/ HEMATOCRITO 33,8 VCM mente pelos métodos de MDRD e Cockcroft-
91,8 HCM 30,7 pg CHCM 33,4 g/dl RDW 15,5 % LEU- -Cault, com realização de ultrassonografia de
COCITOS 7.380 PLAQUETAS 157 x 10³/mm3 HEMO- vias urinárias naqueles que apresentarem valo-
GLOBINA GLICADA - HbA1c: 7,5 % GLICEMIA MÉDIA res alterados.
ESTIMADA: 161 mg/dL COLESTEROL TOTAL: 230
mg/dL TRIGLICERIDEOS: 911 mg/dL COLESTEROL
HDL: 62 mg/dL COLESTEROL LDL: 116 mg/dL UREIA: Questão 6
53 mg/dL CREATININA 1,10 mg/dL CLEARANCE DE
CREATININA (MDRD) 39.91 ml/min/1.73 m2 SÓDIO: (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ – PA – 2021) Paciente
144 mEq/L POTÁSSIO: 3,7 mEq/L. Exame sumário do sexo masculino, 60 anos, portador de HAS diag-
de urina (EAS) com densidade 1015 pH 5,5 sem nosticada há 07 anos. Apresenta níveis pressóricos
proteinúria e sem hematúria, sem cilindrúria, sem elevados apesar do uso de Losartana 100mg/dia,
bactérias excessivas, nitrito negativo, glicose ++. Anlodipino 10mg/dia, Hidroclorotiazida 25mg/dia e
Ela refere que sua mãe iniciou Terapia Renal Subs- Bisoprolol 10mg/dia. Exames laboratoriais solicita-
titutiva (TRS) há 15 dias e que está muito ansiosa e dos revelam valores de creatinina de 1.9mg/dL com
preocupada em ""perder seu rim"". Sem alterações TFG (CKD-EPI) de 37mL/min e microalbuminúria
dignas de nota em seu exame clínico, com sinais em amostra de urina isolada de 350mg/g. O esta-
vitais: PA 155 x 95 mmHg PR 89 bpm FR 12 irm Tax diamento da doença renal crônica deste paciente
36,1oC. Sobre a conduta relacionada ao quadro clí- de acordo com a KDIGO é:
nico da paciente, na investigação da função renal,
⮦ G4A3.
assinale a alternativa correta:
⮧ G3BA3.
⮦ Os recursos diagnósticos utilizados para iden- ⮨ G3BA2.
tificar um paciente nefropata são a Taxa de Fil-
tração Glomerular somente pelo método MDRD, ⮩ G5A1.
o exame da urina, principalmente a urinocultura ⮪ G3AA2.
24
Doença renal crônica (DRC)
⮦ Hipocalcemia.
⮧ Acidose metabólica.
⮨ Hiperfosfatemia.
⮩ Uremia.
⮪ Hipofosfatemia.
Questão 9
25
Doença renal crônica (DRC) Nefrologia
GABARITO E COMENTÁRIOS
26
Doença renal crônica (DRC)
27
Doença renal crônica (DRC) Nefrologia
Alternativa B: CORRETA. Anemia pode ocorrer pelo Alternativa E: INCORRETA. Não é uma contraindica-
déficit de eritropoetina, as alterações no metabo- ção ao uso do cinacalcete.
lismo do cálcio podem gerar hiperparatireoidismo ✔ resposta: A
e a própria falência renal pode gerar hipercalemia.
Alternativa C: INCORRETA. O paciente pode se apre-
Questão 9 dificuldade:
sentar com acidose metabólica, não alcalose.
Y Dica do professor: Quase todos os portadores de
Alternativa D: INCORRETA. Alternativa que poderia
DRC estágio 5D cursam com anemia (Hb < 13 g/dL
gerar mais dúvidas, pois os todos tópicos podem
para homes e < 12 g/dL para mulheres), geralmente
estar ligados de alguma forma com a doença re-
normocítica e normocrômica, sendo de etiologia
nal crônica. A resposta está na própria questão: As
multifatorial, porém o principal mecanismo é a defi-
alterações do sódio são muito ligadas à alimenta-
ciência de eritropoietina. O paciente da questão está
ção. Paciente em dieta hipossódica possui poucos
cursando com anemia grave, hipoproliferativa (reti-
riscos no momento para hipernatremia.
culócitos 0,1%) e refratária ao uso da eritropoietina.
✔ resposta: B Poderia ser carencial (hipoproliferativa e refratária
a EPO), porém ocorre rápida piora da Hb após he-
motransfusão (recebeu seis bolsas e rapidamente
Questão 8 dificuldade: voltou a piorar), o que não é esperado nas anemias
carenciais. A melhor explicação para esse caso é
Y Dica do professor: Na DRC, a elevação do PTH uma complicação rara e grave da reposição de EPO
ocorre devido à queda dos níveis de cálcio em de- chamada de aplasia pura de células vermelhas de-
corrência da redução do calcitriol (vitamina D ati- vido à formação de anticorpos antieritropoietina.
va). Por isso, chamamos de hiperparatireoidismo
Alternativa A: INCORRETA. Um dos fatores que levam
secundário. O tratamento inicial é a reposição de
à anemia da DRC é inflamação crônica pela uremia,
calcitriol, porém ela está contraindicada na presença
elevando os níveis de hepcidina (anemia da doen-
de hipercalemia ou hiperfosfatemia, pois aumenta a
ça crônica), porém costuma ser leve a média e não
absorção intestinal desses eletrólitos. Nessas situa-
ocorre rápida queda da Hb após hemotransfusão.
ções, usamos o cinacalcete, que mimetiza o cálcio
e engana as paratireoides (calcimimético). As para- Alternativa B: CORRETA.
tireoides reduzem os níveis de PTH, aumentando o Alternativa C: INCORRETA.
risco de hipocalcemia, sendo esse o principal efeito
Alternativa D: INCORRETA. A anemia ferropriva cursa
colateral da droga; portanto, é contraindicada se o
com microcitose, hipocrômia e RDW elevado, o que
paciente com DRC tiver hipocalcemia.
não é visto nesse caso (VCM, HCM e RDW normais).
Alternativa A: CORRETA. Além disso, não é esperado esse quadro clínico de
rápida piora da Hb após hemotransfusões repetidas.
Alternativa B: INCORRETA. O cinacalcete não interfere
no metabolismo ácido-básico. ✔ resposta: B
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Doença renal crônica (DRC)
Questão 10 dificuldade:
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