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NEUROPSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL,
CLÍNICA E HOSPITALAR
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DISTÚRBIOS NEUROPSICOLÓGICOS E
BATERIAS DE TESTES BÁSICOS ESPECÍFICOS
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SUMÁRIO
DISTÚRBIOS DA MEMÓRIA .......................................................................................... 5
Amnésia .......................................................................................................................... 5
Síndrome de Korsakoff .................................................................................................... 6
Comprometimento ou cognitivo leve (CCL) ..................................................................... 7
Síndrome demencial........................................................................................................ 7
DISTÚRBIOS ATENCIONAIS ....................................................................................... 12
Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) ou distúrbio de déficit de
atenção.......................................................................................................................... 12
DISFUNÇÃO EXECUTIVA ............................................................................................ 13
Síndromes disexecutivas............................................................................................... 13
Demências frontotemporais (DFTs)............................................................................... 14
DISTÚRBIOS DA LINGUAGEM .................................................................................... 15
Afasias........................................................................................................................... 15
DESORDENS VISUOESPACIAIS E CONSTRUTIVA ................................................... 16
INTRODUÇÃO DA REABILITAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA ....................................... 18
OBJETIVO DA REABILITAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA ............................................. 18
ORIENTAÇÕES À FAMÍLIA DO PACIENTE E O ENCAMINHAMENTO PARA
REABILITAÇÃO ............................................................................................................ 21
BATERIAS DE TESTES BÁSICOS E ESPECÍFICOS ................................................... 23
TESTES PARA AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO COGNITIVO GLOBAL ................... 23
Instrumento de Avaliação Neuropsicológica Breve (NEUPSILIN) ................................. 23
Miniexame do Estado Mental (MEEM) .......................................................................... 24
Clinical Dementia Rating (CDR) .................................................................................... 25
TESTES DE INTELIGÊNCIA ......................................................................................... 26
Escala de Inteligência Wechsler para Adultos (WAIS-III) .............................................. 27
Escala de Inteligência Wechsler Abreviada (WASI) ...................................................... 28
Escala de Inteligência Wechsler para Crianças Quarta Edição (WISC-IV) ................... 28
Teste de Inteligência Geral – Não Verbal (TIG-NV) ...................................................... 29
TESTES DE MEMÓRIA E APRENDIZAGEM ............................................................... 29
Teste de Aprendizagem Auditivo Verbal de Rey (RAVLT) ............................................ 29
Teste de Memória da Lista de Palavras do CERAD ...................................................... 30
Teste de Memória de Figuras ........................................................................................ 31
Teste Comportamental de Memória de Rivermead (TCMR) ......................................... 32
TESTES DE ATENÇÃO ................................................................................................ 32
Teste de Atenção por Cancelamento ............................................................................ 32
D-2 Teste de Atenção Concentrada .............................................................................. 34
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Teste de Trilhas ............................................................................................................. 34


TESTES DO FUNCIONAMENTO EXECUTIVO ............................................................ 35
Teste do Desenho do Relógio (TDR) ............................................................................ 35
Teste de Classificação de Cartas de Wisconsin (WCST) .............................................. 35
Torre de Hanói, Torre de Londres e Torre de Toronto .................................................. 36
TESTES DE RACIOCÍNIO E LINGUAGEM .................................................................. 37
Testes de Fluência Verbal ............................................................................................. 37
Teste de Nomeação de Boston (versão reduzida) ........................................................ 38
Teste de Provérbios ...................................................................................................... 39
Testes de Leitura e Escrita ............................................................................................ 39
TESTES DE PERCEPÇÃO E DO FUNCIONAMENTO VISUOCONSTRUTIVO ........... 39
Teste de Praxia Construtiva da bateria CERAD ............................................................ 39
Figuras Complexas de Rey ........................................................................................... 40
Teste Gestáltico Viso-Motor de Bender – Sistema de Pontuação Gradual (B-SPG) ..... 40
Subteste Cubos do WAIS .............................................................................................. 40
Subteste Quebra-Cabeça do WISC............................................................................... 41
AVALIAÇÃO DO HUMOR, COMPORTAMENTO E FUNCIONAMENTO ADAPTATIVO
...................................................................................................................................... 41
ESCALAS E INVENTÁRIOS DE DEPRESSÃO ............................................................ 41
Inventário de Depressão de Beck (BDI) ........................................................................ 41
International Neuropsychyatric Interview (MINI) ............................................................ 42
Escala de Depressão Geriátrica (EDG) ......................................................................... 42
ESCALAS E INVENTÁRIOS DE ANSIEDADE .............................................................. 43
Inventário de Ansiedade de Beck (BAI) ......................................................................... 43
Escala de Ansiedade de Hamilton ................................................................................. 43
Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HAD) ................................................... 43
ESCALAS E INVENTÁRIOS DE AVALIAÇÃO FUNCIONAL ........................................ 44
Índice de Katz para Atividades Básicas da Vida Diária ................................................. 44
Functional Activities Questionnaire (FAQ) ..................................................................... 45
Inventário de Atividades Avançadas de Vida Diária ...................................................... 45
Informat Questionnaire of Cognitive Decline of the Elderly (IQCODE) .......................... 46
REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 47
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DISTÚRBIOS NEUROPSICOLÓGICOS

DISTÚRBIOS DA MEMÓRIA

Amnésia

A síndrome amnésica – também conhecida como amnésia anterógrada, do lobo


temporal medial ou, simplesmente, como amnésia global – é caracterizada pelo
prejuízo da memória anterógrada, isto é, o paciente não consegue lembrar-se dos
eventos que ocorrem após o trauma que resultou no quadro de amnésia. Contudo, o
paciente pode lembrar-se de eventos remotos, ocorridos bem antes do trauma, e
mantém preservadas as habilidades que demandam a memória implícita. Por isto,
apesar dos prejuízos na aprendizagem de novas informações, é possível que o
paciente consiga aprender novas tarefas que demandam apenas habilidades motoras e
outras funções cognitivas também preservadas, como a linguagem, o raciocínio o e
julgamento (BUENO; OLIVERIA, 2004).
O caso do paciente H. M. é o mais conhecido na literatura como relato clínico
deste tipo de amnésia. Trata-se de um paciente com quadro de epilepsia grave que,
para tratamento, sofreu remoção bilateral do lobo temporal. A cirurgia resolveu a
epilepsia, mas resultou em alterações da memória deste paciente. O paciente
apresentou perda da memória para eventos que ocorriam após a cirurgia (amnésia
anterógrada) e incapacidade para lembrar-se de eventos ocorridos cerca de três anos
antes da cirurgia, apesar de lembrar-se, perfeitamente, de eventos que ocorreram
antes deste período (amnésia retrógrada parcial). Apesar da amnésia ste paciente
mantinha preservada sua inteligência e era capaz de manter um diálogo de forma
coerente desde que não interrompido por algum tipo de distração.
Outros quadros clínicos nos quais os pacientes sofrem lesões focais ou
unilaterais no lobo medial podem diferir da síndrome amnésica e ser considerados
como quadros de amnésia mais restrita. Quanto menor a área lesionada, mais restrito
será o prejuízo de memória. Algumas condições que podem levar a uma amnésia
restrita são: rupturas de aneurisma, anoxia, tumores cerebrais, infecções, traumatismos
cranianos, etc. (BUENO; OLIVERIA, 2004). Nestes quadros as alterações
apresentadas dependerão da área lesionada; em casos de lesões do lobo temporal
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esquerdo, por exemplo, os prejuízos estarão associados à memorização de informação


verbal.
Na amnésia retrógrada o principal sintoma é a dificuldade de lembrar-se de
evento do passado. Nestes quadros o paciente aprende novas habilidades sem
dificuldade. Alguns quadros de amnésia retrógrada são descritos como amnésia
dissociativa ou psicogênica, na qual o prejuízo de memória é explicado por distúrbios
ou traumas emocionais. Contudo, nestes quadros a principal característica é a
dificuldade de lembrar-se de acontecimentos pessoais importantes, isto é, a amnésia
não se daria para todos os eventos do passado, mas seriam lacunas na memória de
alguns eventos da história de vida do paciente nos quais foram atribuídas grande carga
emocional, como em casos de abusos sexuais ou de presenciar catástrofes ou
episódio violento. Nestes quadros é comum a presença de sintomas psiquiátricos como
depressão e despersonalização.

Síndrome de Korsakoff

A síndrome de Korsakoff também apresenta a amnésia como um de seus


principais sintomas. Trata-se de doença que acomete pacientes com quadro de
alcoolismo crônico. Assim como na síndrome amnésia, nesta síndrome o paciente
apresenta amnésia anterógrada global, apresentando, portanto, incapacidade de
aprender novas tarefas (BUENO; OLIVEIRA, 2004).
Na síndrome de Korsakoff, os prejuízos também ocorrem na memória retrógrada
com dificuldades para lembrar-se de eventos remotos, como os acontecimentos da
infância, e de outras funções cognitivas como a capacidade para solucionar problemas
e dificuldades nas habilidades motoras. Estão preservadas as capacidades de memória
imediata e de procedimento, por isto o paciente pode ainda mostrar-se capaz de
realizar tarefas complexas que envolvem condicionamento obtido antes do
aparecimento da síndrome.
As regiões cerebrais afetadas nesta doença são, principalmente, as estruturas
do diencéfalo. Por isto, esta síndrome também é chamada de amnésia diencefálica
(BUENO; OLIVEIRA, 2004).
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Comprometimento ou cognitivo leve (CCL)

O CCL é caracterizado por declínio cognitivo leve que, frequentemente, não


implica perda na funcionalidade do indivíduo para realizar suas atividades de vida
diárias. Os critérios diagnósticos do CCL foram definidos como (PETERSEN, 2004):
1) queixa de declínio cognitivo relatada pelo próprio indivíduo e/ou por outro
informante que convive com o indivíduo avaliado;
2) declínio do desempenho cognitivo comprovado por avaliação objetiva das
funções cognitivas;
3) funcionamento cognitivo global preservado;
4) capacidade para realização das atividades de vida diária relativamente
preservada;
5) ausência de síndrome demencial, pois o grau de comprometimento
cognitivo não deve ser suficiente para caracterizar demência.
Os subtipos de CCL quanto ao domínio cognitivo comprometido são (WINBLAD
et al., 2004):
 CCL amnéstico – quando o prejuízo cognitivo é no domínio da memória;
 CCL não amnéstico – quando a memória está intacta e há prejuízos em
outros domínios cognitivos.
Os subtipos de CCL quanto ao número de domínios cognitivos
comprometidos são (WINBLAD et al., 2004):
 CCL de domínio único – quando apenas uma função cognitiva está
comprometida;
 CCL de multidomínio – quando há o comprometimento de duas ou mais
funções cognitivas.

Síndrome demencial

O DSM-IV (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2000) define os


seguintes critérios diagnósticos para síndrome demencial:
1) prejuízos da memória associados ao comprometimento de pelo menos
mais uma função cognitiva, como linguagem, praxias, orientações espaciais e/ou
temporais, capacidade de abstração e funções executivas;
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2) comprometimento do funcionamento social e ocupacional decorrente das


perdas cognitivas, avaliado em relação ao nível prévio de funcionamento do indivíduo;
3) prejuízos cognitivos não relacionados ao uso de substâncias e não
explicados por outras condições do sistema nervoso central, como doença de
Parkinson, hidrocefalia de pressão normal, e tumor cerebral;
4) os déficits não ocorrem exclusivamente durante o curso de um delirium.
O National Institute of Neurological and Communicative Disorders and Stroke
and the Alzheimer's Disease and Related Disorders Association (NINCDS-ADRDA)
(MCKHANN et al., 1984) enfatizou que o diagnóstico de demência deve ser
comprovado por testes neuropsicológicos, reconhecendo que exames laboratoriais e
de imagem são úteis para o diagnóstico etiológico da demência.
A doença de Alzheimer (DA) é a causa mais frequente de demência,
acometendo, principalmente, idosos. Estudos mostraram que a DA representa mais de
50% das causas de demência na população a partir de 65 anos, podendo ultrapassar
60% dos casos entre as faixas etárias mais velhas – 70 anos ou mais (GASCÓN-
BAYARRI et al., 2007; PLASSMAN et al., 2007; BOTTINO et al., 2008). A DA consiste
em processo neurodegenerativo que, inicialmente, acomete a região hipocampal, e
depois as áreas corticais associativas e implicam em déficit na memória episódica de
longo prazo e na memória de curto prazo. Em casos de início precoce, antes dos 65
anos, os prejuízos de memória e de linguagem são mais frequentes nas fases iniciais
da doença e nos indivíduos acometidos mais tardiamente ou entre aqueles que
chegam às fases avançadas da doença surgem sintomas psicóticos como delírios e
alucinações (GIL; BUSSE, 2009). Além disto, pacientes com DA podem apresentar
prejuízos nas tarefas de nomeação, fluência verbal, e vocabulário, e em consequência
dos prejuízos cognitivos são acometidos por graves e progressivos declínios da
capacidade para realizar as atividades de vida diária.
Veja alguns cuidados a seguir.
1) O critério para o diagnóstico clínico de doença de Alzheimer provável
inclui:
a) demência estabelecida por exame clínico e documentada por testes
neuropsicológicos;
b) déficit em duas ou mais funções da cognição;
c) declínio progressivo da memória e outras funções cognitivas;
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d) ausência de distúrbio da consciência;


e) início entre 40 e 90 anos, mais frequentemente após 65 anos; e
f) ausência de doenças sistêmicas ou outras doenças cerebrais que, por si,
poderiam ser responsáveis pelos prejuízos progressivos de memória outras funções
cognitivas.
2) O diagnóstico de doença de Alzheimer provável tem como características:
a) deterioração progressiva de funções cognitivas específicas como linguagem
(afasia), habilidades motoras (apraxia), e percepção
(agnosia);
b) prejuízo em atividades de vida diária e padrões alterados de
comportamento;
c) história familiar de distúrbios similares, particularmente se houver
confirmação neuropatológica; e
d) resultados laboratoriais de:
 líquido cefalorraquidiano normal por técnicas padrão;
 padrão normal ou alterações inespecíficas no
eletroencefalograma, tais como aumento da atividade de ondas lentas,
 evidência de atrofia cerebral na tomografia computadorizada
(TC) de crânio com progressão documentada por observação seriada.

A segunda causa mais frequente de síndrome de demência em idosos é a


demência vascular (DV), cujo subtipo mais comum é a demência por múltiplos infartos,
que é resultante de efeitos de graves lesões tromboembólicas. Outros subtipos de
demência vascular são: as causadas por estados lacunares; por lesões únicas em
regiões específicas como tálamo, giro angular esquerdo, núcleo caudado; por lesões
extensas da substância branca e conhecida como doença de Binswanger; por
angiopatia amiloide e aquelas decorrentes de demência de acidentes vasculares
cerebrais (ROMÁN et al., 1993; ROMÁN et al., 2002; TATEMICHI et al., 1993). O
quadro de DV tem início abrupto após acometimento por um acidente vascular cerebral
ou um ataque isquêmico transitório e sua evolução ocorre de forma flutuante ou com
deterioração em degraus.
Existem diversos fatores de risco para DV, entre os quais estão: hipertensão
arterial sistêmica, diabetes, tabagismo, alcoolismo, doença cardíaca, aterosclerose,
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dislipidemia e obesidade.
Outro tipo de demência é a chamada demência por corpos de Lewy (DCL), que
ocorre a partir da presença de corpos de Lewy em regiões corticais e subcorticais do
encéfalo. O quadro se manifesta com os seguintes sintomas: flutuações do
desempenho cognitivo e do nível de consciência; alucinações visuais vívidas; confusão
mental recorrente; e sintomas parkinsonianos, como rigidez e distúrbio na marcha,
podendo ocorrer quedas, síncope, perda transitória da consciência, e delírios
(CAIXETA, 2004). As flutuações podem ocorrer em intervalos de dias, horas ou
minutos. Os corpos de Lewy também podem surgir no processo de envelhecimento
normal do cérebro e estar presentes em pacientes acometidos pela DA, mas sempre
em quantidades pequenas se comparadas ao que se observa em pacientes com DCL
(TAVARES; AZEREDO, 2003).
Existem quadros de declínio cognitivo que ocorrem a partir de causas tratáveis e
são chamados demência reversível. A partir de um tratamento adequado do agravo
que levou aos prejuízos cognitivos é possível uma regressão do quadro demencial,
embora a minoria dos pacientes apresente uma recuperação completa (FORNARI et
al., 2010). São exemplos de causas reversíveis de demência: a hidrocefalia de pressão
normal; o hipotireoidismo, a deficiência de vitamina B12 ou ácido fólico.
O líquido cefaloraquidiano (líquor) é produzido dentro dos ventrículos cerebrais
e, na ausência de patologia, flui através de vias de um ventrículo ao outro, e então para
fora do cérebro através da medula espinhal. Se houver alguma obstrução das vias de
drenagem do líquor, o fluido se acumula no cérebro, causando um inchaço, a
hidrocefalia. Em bebês, ocorre um alargamento da cabeça; nas crianças mais velhas e
em adultos não ocorre esse alargamento porque os ossos do crânio já estão unidos e
impedem essa expansão do fluido. Nos quadros clínicos em adultos que apresentam a
chamada hidrocefalia de pressão normal ocorre a presença de três agravos: a
demência, o distúrbio de marcha e a incontinência urinária. Nestes quadros, a
demência é de início insidioso e se apresenta, principalmente, com alterações de
memória (GALLUCCI NETO et al., 2005).
No quadro de alterações cognitivas decorrentes de hipotireoidismo observa- se
prejuízos da memória e da atenção; podendo ocorrer sintomas psicóticos (RIBEIRA et
al., 2004).
Em casos de deficiência de vitamina B12, as principais alterações cognitivas
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são: prejuízos do funcionamento cognitivo global, lentificação mental, alterações de


memória; dificuldade de concentração.
Existem ainda outras causas que levam ao prejuízo cognitivo que podem
caracterizar uma de demência reversível, entre elas: traumatismo craniano; exposição
a metais pesados (arsênico, mercúrio, alumínio, lítio, chumbo); medicação (TRIPATHI;
VIBHA, 2009); e também quadros de infecções disseminadas pelo sistema nervoso
central. Em casos de infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) e a
neurossífilis, por exemplo, é possível observar dificuldade de concentração, prejuízos
de memória e das funções executivas, além de distúrbios de comportamento (RIBEIRA
et al., 2004; GALLUCCI NETO et al., 2005).
Outra patologia que pode levar a graves alterações cognitivas e pode demandar
um diagnóstico diferencial da síndrome demencial em estágios iniciais é a depressão.
Em quadros de depressão grave é comum a presença de: prejuízos de memória e de
atenção; o rebaixamento da velocidade de processamento mental; além de sintomas
psiquiátricos como a irritabilidade; apatia; e as alterações de aspectos da
personalidade (FORNARI et al., 2010). Para os quadros em que as alterações
cognitivas de uma depressão se assemelham ao da síndrome demencial utiliza-se os
testes de funções executivas, tendem a não ajudar na diferenciação entre pacientes
deprimidos e aqueles com demência em fase inicial. Ao contrário, os testes de atenção
e de memória e reconhecimento verbal, principalmente, nas tarefas que utilizam
distratores entre as tarefas de evocações imediata e tardia, são recomendados, pois
indivíduos deprimidos tendem a armazenar a informação e evocá-la após intervalo,
diferente dos pacientes com demência, principalmente do tipo Alzheimer, que
esquecem a maior parte da informação após intervalo e apresentam desempenho pior
o teste de reconhecimento comparado aos deprimidos (ÁVILA; BOTTINO, 2006).
É preciso considerar que em alguns casos a depressão pode ser um sintoma da
demência em sua fase inicial. Em pacientes, por exemplo, que declínio cognitivo
progride caracteriza-se a síndrome demencial não reversível e classificar este quadro
como uma pseudodemência seria um erro de diagnóstico (GANGULI, 2009). Se
sintomas depressivos são anteriores ao declínio cognitivo, mas este último persiste,
mesmo ao ser tratada a depressão, é preciso desconfiar da demência e buscar sua
verdadeira causa (FORNARI et al., 2010).
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DISTÚRBIOS ATENCIONAIS

Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) ou distúrbio de


déficit de atenção

Esse transtorno também é considerado uma síndrome disexecutiva, por conta


dos prejuízos no funcionamento executivo.
impulsividade persistentes (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION,
2000). O TDAH pode ser classificado em:

1) predominantemente desatento;
2) predominantemente hiperativo-impulsivo; e
3) combinado.

A ausência dos sintomas graves de hiperatividade, mas persistência dos déficits


de atenção, caracteriza o subtipo predominantemente desatento, que é também
conhecido como Transtorno ou Dis (DDA).
O diagnóstico de TDAH ou DDA é feito a partir de avaliação clínica e no caso de
crianças implica em visita à escola e entrevista com pais e professores.
Os critérios da desatenção no caso do TDAH foram resumidos por Lopes (2005,
p. 66) da seguinte forma:
a) frequentemente não presta atenção em detalhes e comete erros por
omissão em atividades escolares, de trabalho ou outras,
b) com frequencia mostra dififculdade para sustentar a atenção em tarefa
c) com frequencia parece não escutar quando lhe dirigem a palavra
d) frequentemente não segue instruções e não termina seus deveres
escolares tarefas domésticas ou deveres profissionais( não por causa de um
comportamento de oposição ou por uma incapacidade de compreender as instruções.
e) Com frequencia tem dificuldade para organizar tarefas e atividades.
f) Frequentemente evita, ojeriza ou reluta se envolver em tarefas que exijam
um esforçomental constante (deveres de casa, escolares);
g) frequentemente perde coisas necessárias para suas tarefas e
atividades (brinquedos, tarefas escolares e atividades( brinquedos, tarefas escolares,
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lápis, livros e outros materiais)


h) Facilmente é distraído por estímulos àlheio a sua tarefa, e
i) Com frequencia mostra esquecimento nas atividades diárias.

O diagnóstico do TDAH ou DDA em adultos é mais complicado, pois os


sintomas de impulsividade e déficit de atenção apresentam maior diversidade de
manifestações como, por exemplo, a desorganização em atividades do trabalho e
problemas com a tomada de decisão sem medir as consequências. Além de serem,
frequentes, as comorbidades em decorrência do próprio TDAH e os prejuízos
funcionais na execução de atividades de vida diária. Nestes quadros com
sintomatologia diversa o diagnóstico diferencial com outros transtornos psiquiátricos é
imprescindível.
Entre as desordens mentais cujos sintomas podem ser confundidos com o
TDAH, principalmente, em adultos estão: depressão maior; transtorno de ansiedade;
abusos de substância; e os transtornos de personalidade Borderline e antissocial.
Avaliações das funções cognitivas, principalmente para identificação dos
prejuízos atencionais e das funções executivas bem como na manutenção de outras
funções diferenciando-se de como elas ocorrem nos demais transtornos mentais,
podem auxiliar no diagnóstico de TDAH em adultos.
Pacientes com TDAH tendem a apresentar baixo desempenho nos testes de
atenção e nas baterias frontais, mas tendem a um escore global nos testes
padronizados de inteligência o que demonstra prejuízo em funções específicas neste
transtorno.

DISFUNÇÃO EXECUTIVA

Síndromes disexecutivas

As desordens relacionadas aos lobos frontais são chamadas síndrome


disexecutias e seus sintomas podem variar em função da região do córtex frontal que
se encontra lesionada.
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Demências frontotemporais (DFTs)

As DFTs são síndromes neurodegenerativas ocasionadas por atrofia do lobo


frontal e/ou temporal e são marcadas por sintomas neuropsiquiátricos como as
alterações de comportamento, os distúrbios de personalidade; e prejuízos de
linguagem (MENDEZ et al., 2008). O mais comum é o aparecimento da doença na
meia idade. Entre as características diagnósticas estão: início insidioso e progressão
lenta; deterioração da conduta interpessoal; diminuição da higiene e do cuidado
pessoal; rigidez e inflexibilidade mental; embotamento emocional; perda de insight;
hiperoralidade; condutas perseverativas; redução progressiva da fala, estereotipada;
ecolalia; mutismo; e também podem aparecer sintomas afetivos (depressão,
ansiedade, hipocondria, apatia) (THE LUND; MANCHESTER GROUPS, 1994).
Mckhann et al. (2001) apresentam os seguintes subtipos de DFT:

 demência frontal;
 doença de Pick;
 doença do neurônio motor (esclerose lateral amiotrófica);
 demência semântica (que afeta primordialmente o lobo temporal);
 afasia progressiva primária não fluente.

Nos subtipos de degeneração dos lobos frontais (doenças de Pick e do neurônio


motor) é comum, logo no início da doença, observar mudanças de comportamento
social e da personalidade do paciente e nos aspectos cognitivos serão predominantes
os prejuízos das funções executivas. Nos subtipos de demência semântica e de afasia
progressiva são mais comuns os prejuízos de linguagem (falhas de fonemas,
dificuldades de nomeação e compreensão do significado das palavras). Em todos os
tipos de DFT, observa-se no estágio inicial da demência uma preservação da memória,
sendo este um sinal importante para diferenciação deste quadro em relação aos outros
tipos de demência). Nos estágios avançados da DFT, o quadro apresenta semelhanças
à DA, pois surgem os prejuízos da memória, a incapacidade para aprender novas
habilidades e alterações nas demais funções cognitivas.
Alguns transtornos psiquiátricos também envolvem prejuízos das funções
cognitivas, alguns deles são: esquizofrenia, o transtorno obsessivo compulsivo, o
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transtorno afetivo bipolar, transtorno do déficit de atenção/hiperatividade. Este último


será detalhado junto às desordens que levam a déficits atencionais. O diagnóstico de
transtornos psiquiátricos muitas vezes não demanda avaliação neuropsicológica, visto
terem outros sintomas que definem a presença do transtorno, sendo na maioria das
vezes em que se aplica a avaliação das funções cognitivas voltadas para elaboração
de programas de reabilitação.

DISTÚRBIOS DA LINGUAGEM
Afasias

As afasias ocorrem em decorrência de lesões nas regiões cerebrais associadas


à linguagem e são caracterizadas por prejuízos específicos, como no nível fonético,
sintático, semântico ou pragmático. O clínico especialista na terapia com pacientes
afásicos é o fonoaudiólogo. Contudo, para tratar a afasia é ideal o trabalho de equipe
multiprofissional.
Existem diferentes tipos de afasia, que são classificados de acordo com a área
onde a lesão está localizada (GOODGLASS; KAPLAN, 1984). Os principais tipos de
afasia são:
 afasias de Wernicke – lesão na área de Wernicke, caracterizada por prejuízo da
compreensão (oral e escrita), mas com a fala fluente apesar do uso de
circunlóquios e parafrasias, prejuízos na nomeação, etc.;
 afasia de Broca ou afasia motora – lesão na área de Broca, caracterizada pela
incapacidade de pronunciar as palavras na sequência e no ritmo adequado, mas
com compreensão da fala relativamente preservada, além disto ocorre
incapacidade de coordenação motora;
 afasia global – ocorrem lesões em várias áreas envolvidas na linguagem, como
no giro angular e na área de Wernicke. Características marcantes são a
estereotipia e outros comprometimentos graves de compreensão (oral ou
escrita);
 afasia de condução – a lesão ocorre no fascículo arqueado (região que associa
a área de Wernicke e a área de Broca) marcada pela incapacidade na
coordenação entre o raciocínio e as palavras expressas o que pode ser
percebido por sintomas como prejuízos em tarefas de repetição, ditados e leitura
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em voz alta, presença de parafonias na linguagem espontânea, etc.;


 afasia transcortical sensorial – lesão do hemisfério dominante, no giro temporal
médio e inferior, caracterizada pela fala fluente, mas com uso de jargões e pela
presença de agnosias;

Apraxia consiste na incapacidade para realização de gesto s ou ato motores


simples, quando nenhuma disfunção motora ou sensorial está presente. Pode ser uma
apraxia ideomotora, quando se trata de incapacidade de execução de ato motor
simples; ou uma apraxia ideatória, quando a incapacidade é para organizar a
sequência lógica que envolve a execução de vários atos simples até se chegar ao ato
final pretendido (LEFEVRE; PORTO, 2006).

DESORDENS VISUOESPACIAIS E CONSTRUTIVA

As alterações na organização e no reconhecimento dos estímulos percebidos


são conhecidas como agnosias. Segundo Cummings e Mega (2003), agnosia é uma
síndrome clínica na qual o indivíduo é incapaz de reconhecer um material, um objeto,
por exemplo, mesmo não apresentando qualquer comprometimento da percepção
sensorial do mesmo. As agnosias podem ser visuais, táteis ou auditivas e ocorrem em
decorrência de lesões nas áreas de associação secundária do córtex cerebral.
Nas agnosias visuais, lesões cerebrais ocorrem nas áreas de associação visual,
sendo preservada a percepção do estímulo visual o comprometimento é no estágio de
reconhecimento daquilo que é visto. Na agnosia visual para objetos, por exemplo, o
indivíduo não consegue reconhecer um objeto quando este lhe é apresentado, mesmo
que seja capaz de descrever sua funcionalidade, sua forma ou qualquer outra forma de
identificação de um objeto conhecido.
Na chamada agnosia associativa a incapacidade de reconhecimento do objeto
pode ser percebida pelas inabilidades de: nomear um objeto; fazer imitações de atos
motores que demonstrem o uso de objetos; fazer categorizações e associações
semânticas com objetos.
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Outros tipos de agnosias visuais são:

 agnosia para cores – o paciente pode não reconhecer as cores seja no âmbito
perceptivo ou no reconhecimento verbal e conceitual da cor, isto é, pode
negligenciar várias cores, enxergando por exemplo somente o preto e o
branco, ou não conseguir nomear as cores (anomia para cores);
 prosopagnosia – o paciente não consegue reconhecimento de uma face
conhecida. O paciente falha, não reconhece a face de seus próprios familiares
e nem mesmo a sua própria imagem é reconhecida. O paciente pode
reconhecer alguém pela voz, pela roupa que a pessoa está utilizando em
determinada ocasião, por exemplo, mas não consegue associar a face de
forma a discriminar as pessoas e reconhecer-lhes em momento posterior.
Agnosia auditiva ocorre quando o reconhecimento de sons está alterado. A
agnosia auditiva pode ser aperceptiva ou associativa. Na agnosia aperceptiva ocorre a
inabilidade para emparelhar sons idênticos; e na associativa, apesar de emparelhar os
sons, o paciente não consegue identificá-los, por exemplo, não consegue atribuir a um
carro o barulho de uma buzina. Este tipo de agnosia pode ser seletivo, não aplicando a
todo tipo só, o paciente pode, por exemplo, ser capaz de reconhecer músicas, mas não
o barulho de animais; ou pode ser também musical e o paciente não estar apto a
reconhecer melodias, ritmo, duração, timbre. Está ou não associada a afasia. Existem
ainda relatos de agnosias que afetam a identificação de quem fala – como na
fonoagnosia, na qual a voz de um conhecido não é reconhecida, assim como ocorre na
prosopagnosia com as faces conhecidas.
Nas agnosias tácteis o indivíduo é incapaz de reconhecer objetos por meio da
percepção tátil (palpação). Um tipo específico da agnosia tátil é a assomatognosia, que
trata-se de incapacidade de reconhecimento do esquema corporal.
A chamada negligência unilateral é o distúrbio no qual o indivíduo falha em
responder a estímulos em uma metade do espaço. Em testes de cancelamento ou de
cópia de figuras é possível perceber a presença deste tipo de negligência quando o
paciente executa a tarefa cancelando objetos somente em metade da folha ou se copia
o desenho parcialmente ignorando a metade direita ou esquerda da figura a ser
copiada (LEFEVRE; PORTO, 2006).
18

INTRODUÇÃO DA REABILITAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA

OBJETIVO DA REABILITAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA

A reabilitação neuropsicológica consiste no conjunto de intervenções realizadas


com o objetivo de melhorar os prejuízos cognitivos, emocionais e sociais decorrentes
de uma lesão encefálica de forma a auxiliar o indivíduo lesionado a alcançar maior
independência e qualidade de vida. Para alcançar este objetivo o paciente coopera
com os profissionais, familiares e demais envolvidos na reabilitação no intuito de tratar
ou aliviar deficiências cognitivas resultantes do dano neurológico (WILSON, 2003).
Na reabilitação voltada para a adaptação do indivíduo à sua nova condição de
vida, como no caso de sequela pós-lesão cerebral, o objetivo será lidar com as
limitações ou com as alterações comportamentais apresentadas pelo paciente em seu
contexto cotidiano. Neste tipo de reabilitação, é comum empregarmos estratégias como
orientações educacionais, compensação com uso de recursos externos e as
modificações ambientais. Entre alguns dos recursos utilizados, principalmente para
reabilitação da memória, da atenção e do funcionamento executivo, estão: uso de
dispositivos eletrônicos (alarmes, telefones celulares, computadores, gravadores,
calculadoras, etc.); técnicas escritas (agendas, quadros e bilhetes de anotações com
recados e listas, calendários, cartazes etc.). Dessa forma, procura-se tornar o meio
mais seguro ao paciente, minimizando. Entre as estratégias de modificações, estão:
redução de estímulos irrelevantes nos locais (cômodos, armários, gavetas) onde são
guardados objetos de uso frequente (óculos, chaves, etc.); uso de listas para execução
de tarefas que demandam sequências; uso de etiquetas que sirvam de sinalização de
portas e objetos para rápida localização espacial. A orientação e educacional e
cooperação de familiares e/ou cuidadores é parte determinante da eficácia de
técnicas de reabilitação que envolvem mudanças no ambiente do paciente. Com uso
de mecanismos externos e compensatórios um paciente, mesmo ainda tendo déficits
cognitivos, torna-se capaz de lembrar e planejar seus compromissos e atividades
fundamentais de seu cotidiano. Neste sentido, uma das técnicas mais utilizadas em
reabilitação é a aprendizagem sem erro, que consiste em possibilitar que o paciente
adquira a habilidade de completar determinada tarefa, evita-se os erros que
normalmente são comuns na aprendizagem, o que é conseguido a partir da execução
19

passo a passo do que é pretendido. Para auxiliar os passos corretos são oferecidas as
respostas corretas, de forma que as erradas não sejam consolidadas nas etapas do
processo de aprendizagem.
A reabilitação neuropsicológica pode ser realizada para restauração ou
otimização de diversas funções cognitivas ou estar voltada para um foco específico
(reabilitação apenas da memória ou da atenção, por exemplo). Além disto, existem
programas elaborados para a intervenção individual e também para o trabalho em
grupo, sendo que para o segundo é preciso bastante homogeneidade na demanda dos
participantes. A partir da avaliação neuropsicológica identifica-se o melhor formato
de intervenção.
20

FIGURA - MODELO DE REABILITAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA

FONTE: Gindri et al., 2012, adaptada de Wilson e Gracey, 2009.

Um programa de reabilitação neuropsicológica inclui os procedimentos


realizados junto ao paciente e também as orientações de manejo que devem ser
conduzidas com familiares/cuidadores. Gindri et al. (2012) apresentaram um modelo de
21

reabilitação neuropsicológica e destacaram as seguintes etapas em uma reabilitação


neuropsicológica:
1. sensibilização para o problema
2. suporte aos problemas cognitivos de base.
3. Hierarquização das tarefas de intervenção
4. Generalização das aquisições.

Sobre os fatores a serem considerados na reabilitação, Santos et al. 2008, p.21)


afirmaram: [...] as possibilidades e eficácia do tratamento dependem não apenas do
insight, nível decisório e motivação, mas também da etiologia e localização da lesão,
extensão e severidade do comprometimento, a idade e o tempo decorrido desde o
inicio da patologia, curso de progressão da doença, condições ambientais, estilo pré-
mórbido de vida, saúde física, educação, nutrição, profissão, dentre outros.
Outros fatores que devem ser considerados e podem auxiliar na eficácia do
programa de reabilitação são: metas terapêuticas de acordo com as metas pessoais do
paciente; incentivo de emoções positivas e a busca de melhora de crenças do paciente
sobre si e sobre seu próprio desempenho (autoeficácia).

ORIENTAÇÕES À FAMÍLIA DO PACIENTE E O ENCAMINHAMENTO PARA


REABILITAÇÃO

A avaliação neuropsicológica determina e auxilia no tipo de reabilitação que


deve ser oferecida ao paciente. A avaliação e reabilitação, como visto anteriormente,
depende da identificação de quais habilidades cognitivas e funcionais estão
prejudicadas e também preservadas e do que se pretende modificar a partir da
situação observada. Sendo assim, pessoas próximas ao paciente (familiares, amigos,
cuidadores) correspondem à fonte de informação que auxiliarão na identificação de
sintomas e sinais essenciais para elaborar o diagnóstico e à fonte
de suporte estrutural e emocional que interfere na elaboração de metas e
estratégias do programa de reabilitação neuropsicológica. Por isto, a família e os
cuidadores do paciente devem acompanhar todo o processo, recebendo orientações
sobre o que estão vivenciando e como podem auxiliar o paciente e a si mesmos
durante o tratamento.
22

A complexidade do cuidado em reabilitação neuropsicológica é, em geral,


atendida por equipe multidisciplinar incluindo médicos, enfermeiros, psicólogos,
terapeutas ocupacionais, cuidadores formais etc. Assim, uma vez concluída a
avaliação, o profissional que avaliou deve orientar o paciente e seus
familiares/cuidadores sobre a forma de tratamento mais adequada e, prevendo sempre
uma intervenção multidisciplinar, encaminhá-los para atenção de outros especialistas
que possam atender às demandas específicas do paciente avaliado.
A equipe deve estar preparada para identificar agravos comuns também nos
cuidadores. Entre os comprometimentos mais frequentes em familiares/cuidadores
estão: a depressão, o estresse e a sobrecarga. Sempre que identificados estes
agravos, a equipe deve oferecer as devidas intervenções (diagnóstico, medicações,
terapias individual ou em grupos, etc.) ou fazer o encaminhamento para outros
profissionais.
No cuidado emocional, as habilidades de comunicação da equipe de saúde
constituem uma medida terapêutica eficaz e contribuem para (DE SOUZA; SARAN,
2012):
 conhecer melhor o paciente/família (problemas, anseios, temores,
expectativas, valores culturais e espirituais) e, assim, oferecer medidas de apoio;
 tornar a relação entre profissionais e paciente/família mais direta e
interativa, pautada na ajuda efetiva, confiança mútua e sinceridade;
 informações verdadeiras, passadas de modo delicado e progressivo, com
clareza, compaixão e empatia, facilitam as tomadas de decisão;
 diminuição do estresse psicológico e emocional vivenciado por aquele
núcleo familiar;
 otimizar o processo de retomada da autonomia e independência por parte
do paciente, quando possível;
 facilitar o alívio de sintomas e melhora da autoestima do paciente;
 identificar o que pode aumentar o bem-estar;
 oferecer oportunidades para a resolução de assuntos pendentes
(despedidas, agradecimentos, reconciliações);
 em casos de patologia progressivas e degenerativas, auxiliar o paciente e
familiares no bom enfrentamento e na vivência do processo de morte. Concluindo, os
pacientes neurológicos e seus familiares, muitas vezes,
23

precisam enfrentar a incapacidade física e demandam, além da intervenção em


reabilitação, uma assistência emocional. Além disto, profissionais que acompanham
quadros progressivos e degenerativos podem acompanhar as famílias até o processo
de finitude do paciente de forma que devem estar preparados para auxiliá- los seja
para possibilidade de cura ou para possibilidade de um tratamento contínuo e
desgastante. Por isto, é necessário pensar o cuidado do ponto de vista técnico e
também emocional.

BATERIAS DE TESTES BÁSICOS E ESPECÍFICOS

Testes de desempenho global em geral são utilizados para rastreio e


impressões gerais sobre o desempenho cognitivo de um indivíduo, portanto, não
substituem as avaliações amplas e específicas que buscam detalhar o desempenho de
um indivíduo em cada função cognitiva, em geral, com objetivo de estabelecer
diagnóstico. As testagens feitas somente com uso de testes breves, de rastreio, podem
resultar em falsos negativos ou apresentar resultados limítrofes e inconclusivos, que
tidos como verdadeiros impedem ou diminuem as chances de realização de
diagnósticos precoces que seriam possíveis com a aplicação de uma avaliação
neuropsicológica detalhada.

TESTES PARA AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO COGNITIVO GLOBAL

Instrumento de Avaliação Neuropsicológica Breve (NEUPSILIN)

O NEUPSILIN é um instrumento utilizado para descrever o desenvolvimento


neuropsicológico de pessoas com idade entre 12 e 90 anos. Pode ser útil para
aplicação na clínica e no contexto hospitalar, pois é breve e de fácil aplicação. O
instrumento é composto de 32 subtestes que avaliam as seguintes funções cognitivas:
orientação temporal e espacial; atenção concentrada; percepção visual; habilidades
aritméticas; linguagem oral e escrita; memória verbal (de trabalho, episódica,
semântica, prospectiva) e visual (reconhecimento); praxias; funções executivas. Foi
desenvolvido pelo Núcleo de Estudos em Neuropsicologia Cognitiva (NEUROCOG),
em parceria com a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e a
24

Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) (FONSECA et al., 2009). Uma versão
para uso em crianças vem sendo estudada (SALLES et al., 2011).
O instrumento deve ser utilizado para levantamento do perfil do paciente de
forma a descrever as funções preservadas e aquelas com comprometimento,
fornecendo uma base para a avaliação neuropsicológica mais aprofundada.

Miniexame do Estado Mental (MEEM)

O MEEM é um dos instrumentos de avaliação do funcionamento cognitivo global


mais utilizados no contexto clínico e de pesquisa para rastreio de perda cognitiva em
adultos e, principalmente, idosos. Trata-se de um conjunto de testes simples, de rápida
aplicação e de baixo custo. Este instrumento avalia os seguintes domínios cognitivos:
1) Orientação temporal – perguntando ao respondente o dia do mês, dia da
semana, mês, ano, hora (cinco pontos);
2) Orientação espacial – perguntando sobre o local específico, o local
genérico, o bairro, a cidade o estado no qual ele está (cinco pontos); 3) memória
imediata e evocação – solicitando o registro e evocação tardia de três palavras (seis
pontos);
4) Atenção e cálculo – Solicitando subtrações sucessivas a partir de “100 –
7” (cinco pontos);
5) Praxia – solicitando-se ao respondente que pegue uma folha com a mão
direita, dobre-a ao meio e a jogue no chão;
6) Linguagem e compreensão – Solicitando-se ao respondente que nomeie
objetos que lhe são apresentando (um relógio e uma caneta); que repita a expressão
“nem aqui, nem ali, nem lá”; que escreva uma frase, e que execute o comando escrito
“Feche os olhos”– (oito pontos);
7) Capacidade visuoconstrutiva – solicitando-se que seja feita cópia de uma
figura (um ponto).
A pontuação do instrumento varia de 0 a 30 pontos e é obtido com a soma dos
pontos em cada tarefa.
A versão original deste instrumento foi elaborada por Folstein et al. (1975) e
diferentes versões foram adaptadas e sugeridas para uso na população brasileira com
seu respectivo ponto de corte (BRUCKI et al., 2003; LOURENÇO; VERAS, 2006).
25

O Consortium to Establish a Registry for Alzheimer’s Disease, conhecido como


CERAD (MORRIS et al.,1989), reúne uma bateria de testes neuropsicológicos utilizada
para auxiliar no diagnóstico de demência em fase inicial. No Brasil, os testes da bateria
CERAD foram traduzidos por Bertolucci et al. (1998). Nesta bateria estão incluídos: os
testes de fluência verbal; de nomeação de Boston (versão reduzida); de memória,
evocação e reconhecimento de uma lista de palavras; de praxia construtiva (cópia de
figuras geométricas) e evocação tardia das figuras; de trilhas; e o MEEM. Cada teste
incluído nesta bateria foi detalhado a seguir na respectiva função cognitiva que o
mesmo avalia.

Clinical Dementia Rating (CDR)

Clinical Dementia Rating (CDR) consiste em um instrumento que fornece o


estadimento de demência, isto é, permite classificar graus de demência, além de
identificar casos questionáveis, aqueles que não são enquadrados como tendo
desempenho cognitivo normal (declínio cognitivo associado ao envelhecimento ou ao
comprometimento cognitivo leve). Este instrumento foi desenvolvido por Hughes et al.
(1982) e adaptado por Morris (1993). Uma versão para uso no Brasil foi adaptada por
Motaño e Ramos (2005).
O CDR avalia cognição e comportamento, além da influência das perdas
cognitivas na capacidade de realizar adequadamente as atividades de vida diária.
Constitui-se de entrevista semiestruturada com paciente e com um
informante/cuidador.
São avaliadas seis categorias cognitivo-comportamentais: 1) memória; 2)
orientação; 3) julgamento/solução de problemas; 4) participação social/relações
comunitária; 5) atividades no lar ou de lazer; e 6) cuidados pessoais. Cada uma dessas
seis categorias deve ser classificada em:
• 0 (nenhuma alteração);
• 0,5 (questionável);
• 1 (demência leve);
• 2 (demência moderada);
• 3 (demência grave), exceto a categoria cuidados pessoais, que não tem o
nível 0,5.
26

Para se chegar à classificação final, também varia de 0 a 3, deve-se analisar o


escore obtido nas seis categorias cognitivo-comportamentais. A categoria memória é
considerada principal, ou seja, com maior significado, e as demais categorias são
secundárias. Então, para se chegar ao escore global é necessário basear-se no escore
da memória e verificar a dispersão em relação a esta categoria. Apesar da relevância
de memória para a pontuação no CDR, é fundamental não superestimar o
comprometimento desta função memória em detrimento das demais funções
preservadas. Profissionais que desconsideram as potencialidades do paciente ao
considerar somente seus prejuízos podem contribuir para um declínio acelerado da
funcionalidade do paciente.
Não há notas de corte estabelecidas pelo desempenho populacional, pois o
comprometimento é baseado no princípio da mudança intraindividual, isto é, os
indivíduos são comparados ao seu próprio desempenho passado.
É importante lembrar que o CDR não faz o diagnóstico etiológico de demência,
para isso devem ser utilizados instrumentos específicos.

TESTES DE INTELIGÊNCIA

As Escalas de Inteligência de Wechsler, para uso de psicólogos, são compostas


de vários subtestes que mensuram a capacidade intelectual. Estas escalas fornecem o
chamado quociente de inteligência (QI). Para Wechsler, inteligência seria definida
como “a capacidade global de uma pessoa agir resolutamente, pensar racionalmente e
se relacionar eficazmente com o seu ambiente”. A versão atualmente utilizada para
avaliação de adultos é a Wechsler Adult Intelligence Scale – WAIS-III (Escala de
Inteligência Wechsler para Adultos) (WECHSLER, 1997) e a versão para crianças é a
Wechsler Intelligence Scale for Children Fourth Edition – WISC-IV (Escala de
Inteligência Wechsler para Crianças Quarta Edição) (WECHSLER, 2003). As Escalas
de Inteligência de Wechsler possuem padronização para uso na população brasileira,
devem ser aplicadas individualmente e o tempo de aplicação é de, aproximadamente,
90 minutos.
27

Escala de Inteligência Wechsler para Adultos (WAIS-III)

A Escala de Inteligência Wechsler para Adultos (WAIS-III) é utilizada para


avaliar indivíduos de 16 a 89 anos.
A WAIS-III é organizada em 14 subtestes e fornece as seguintes medidas
(LOPES et al., 2012):
• QI Verbal – refere-se às habilidades verbais e ao conhecimento adquirido
a partir da influência sociocultural e educacional. Para sua avaliação, são utilizados os
seguintes subtestes: vocabulário, semelhanças e informação, compreensão e
sequência de números e letras;
• QI de Execução – refere-se às habilidades não verbais como a
organização perceptual, a habilidade de manipular estímulos visuais. Para sua
avaliação, são utilizados os seguintes subtestes: completar figuras, códigos, cubos,
raciocínio matricial, arranjo de figuras, procuras símbolos e armar objetos;
• QI Total – refere-se ao nível global de funcionamento intelectual. São
utilizados os subtestes verbais mais os subtestes de execução;
• Índice de Compreensão Verbal – refere-se às habilidades de raciocínio
verbal adquirido, como a compreensão de instruções e de perguntas, bem como a
capacidade de expressar ideias e o vocabulário. Para sua avaliação, são utilizados os
seguintes subtestes: vocabulário, semelhanças e compreensão;
• Índice de Organização Perceptual – refere-se à habilidade de raciocínio
não verbal, a aptidão para perceber, organizar, integrar estímulos
espaciais/visomotores. Para sua avaliação, são utilizados os seguintes subtestes:
completar figuras, cubos e raciocínio matricial;
• Índice de Memória Operacional – trata-se de uma mensuração da
memória de trabalho, e da capacidade de atenção, de concentração e de planejamento
e controle mental. Portanto, refere-se à habilidade de retenção de informação por
período de tempo apenas suficiente para manipulação desta informação e produção de
um resultado ou raciocínio desejado. Este índice é avaliado por meio dos subtestes de
aritmética, dígitos e sequência de números e letras;
• Índice de Velocidade de Processamento – envolve as funções da
atenção, da memória e da concentração para que uma informação visual seja
processada sem distração. Permite avaliar a resistência à estímulos distratores
28

fornecendo uma medida da velocidade de processamento da informação. Para sua


avaliação, são utilizados os seguintes subtestes: códigos e procurar símbolos.
O WAIS-III é utilizado, principalmente, para avaliação da capacidade intelectual.
Contudo, conforme descrito em revisão de Lopes et al. (2012), seus diversos subtestes
são úteis em diversos propósitos diagnósticos:
• Testagem de dificuldades de aprendizagem ou identificação de
superdotados;
• Predizer desempenho acadêmico;
• auxiliar no diagnóstico de deficiência mental;
• descrever alterações em funções cognitivas específicas para auxiliar no
diagnóstico diferencial de quadros neuropsicológicos. Por exemplo, com a avaliação de
alterações das funções executivas pode-se esclarecer sobre a presença de quadros
como o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH).

Escala de Inteligência Wechsler Abreviada (WASI)

A Escala de Inteligência Wechsler Abreviada (WASI) (THE PSYCHOLOGICAL,


1999) foi desenvolvida com o objetivo de reduzir o tempo de aplicação da WAIS.
Consiste em uma versão reduzida daquela proposta por Wechsler e permite mensurar
a inteligência e déficits cognitivos de forma rápida e eficaz, por isto, é indicada para uso
em triagens para diagnósticos de retardo mental, superdotação, traumatismo crânio-
encefálico e transtornos de aprendizagem e de déficit de atenção e hiperatividade
(YATES et al., 2006).

Escala de Inteligência Wechsler para Crianças Quarta Edição (WISC-IV)

Escala de Inteligência Wechsler para Crianças Quarta Edição (WISC-IV) é um


instrumento de avaliação da capacidade intelectual de crianças entre 6 e 16 anos e 11
meses. Indicada para uso clínico individual, sendo largamente utilizada para: auxiliar no
diagnóstico de problemas de aprendizagem; no diagnóstico diferencial de desordens
neurológicas e psiquiátricas; para acompanhamento pedagógico ou tratamento
psicológico e de reabilitação cognitiva.
Assim como a WAIS, a WISC é composta de subtestes que mensuram:
29

compreensão verbal; raciocínio abstrato; organização perceptual; raciocínio


quantitativo; memória; velocidade de processamento. E seus subtestes principais
fornecem as pontuações para o QI Total.

Teste de Inteligência Geral – Não Verbal (TIG-NV)

Objetiva avaliar o quociente de inteligência não verbal. Permite avaliar o


raciocínio espacial, matemático, a memória de reconhecimento em tarefas que
envolvem a organização e execução de estímulos visuais. Trata-se de um teste
composto de 30 itens de múltipla escolha que pode ser aplicado de forma individual ou
coletiva. Sua possibilidade de aplicação em grupo faz deste teste uma boa opção para
uso nos contextos, não só clínico, como da psicologia organizacional e escolar.
Este instrumento está padronizado para uso na população brasileira nas faixas
etárias de 10 a 79 anos. O tempo de aplicação é em torno de 40 minutos.
LEMBRE-SE: Os escores nas escalas de inteligência não devem ser utilizados
isoladamente para diagnósticos de deficiência mental ou qualquer outro transtorno
neuropsiquiátrico. Qualquer diagnóstico só deve ser conclusivo a partir de uma
avaliação completa que inclua, além das informações sobre a funcionalidade cognitiva
determinada por critérios objetivos, dados subjetivos obtidos a partir de fontes que
apontem a funcionalidade do indivíduo em suas tarefas cotidianas. Algumas fontes que
podem auxiliar nesta investigação incluem: observação do indivíduo em seu ambiente
social, escolar e/ou de trabalho; entrevistas com pessoas que convivem com o
indivíduo; informações clínicas prévias para investigação de histórico patológico.

TESTES DE MEMÓRIA E APRENDIZAGEM

Teste de Aprendizagem Auditivo Verbal de Rey (RAVLT)

O RAVLT (REY, 1958) consiste em um teste para avaliar memória e


aprendizagem e memória. O instrumento é composto de uma lista contendo 15
palavras (lista A), que deve ser lida para o respondente cinco vezes consecutivas, a
cada leitura é solicitada a evocação imediata da lista. Nesta etapa espera-se que o
respondente consiga aumentar gradualmente o número de palavras recordadas. A
30

manutenção ou diminuição do número de palavras evocadas ao longo das repetições


da lista A indicam prejuízos de memória e aprendizagem.
Uma segunda lista (lista B), também com 15 palavras, é lida e é solicitada a
evocação imediata. Após aplicação da lista B, solicita-se novamente ao respondente
que diga as palavras de que se recorda da lista, mas desta vez sem representá-la.
Após intervalo de 20 minutos, solicita-se a evocação tardia da lista A.
Após evocação tardia aplica-se a tarefa de reconhecimento da lista A, que
consiste em apresentar as palavras da lista junto a outras palavras. Então, em um total
de 50 palavras, o respondente deve reconhecer as palavras apresentadas
anteriormente.
O RAVLT possui padronização para uso na população brasileira (MALLOYDINIZ
et al., 2000) a partir dos 16 anos, sendo adaptada uma outra versão específica para
população de idosos(MALLOY-DINIZ et al., 2007). O nível de escolaridade, a idade e o
gênero influenciam no desempenho do teste e, portanto, a padronização oferecida por
estes autores oferece tabela de desempenho para as diferentes faixas etárias, níveis
educacionais e para homens e mulheres.

Teste de Memória da Lista de Palavras do CERAD

O Teste de Memória da Lista de Palavras do CERAD (BERTOLUCCI et al.,


1998) é composto por uma lista de dez palavras, que deve ser lida para o examinando
e, após a leitura, solicitada evocação livre, por um período de no máximo 90 segundos.
O procedimento é repetido três vezes e a pontuação corresponde à soma das palavras
evocadas nas três tentativas. A repetição consecutiva permite avaliar a curva de
aprendizagem. Em idosos normais, com oito anos de escolaridade, espera-se a
recordação de pelo menos 13 palavras.
Na segunda etapa deste teste, após intervalo mínimo de dez minutos, é feita a
evocação tardia da lista de palavras. O tempo máximo fornecido para que o
respondente tente se lembrar da lista é de 90 segundos, durante este tempo o
respondente deve ser incentivado a esforçar-se para lembrar-se das palavras. Cada
palavra lembrada corresponde a um ponto. A evocação tardia das palavras
corresponde a uma medida da memória de longo prazo. O total de três palavras é
adotado como ponto de corte para discriminar entre o funcionamento normal e a
31

alteração cognitiva.
Após a tarefa de evocação tardia, aplica-se o reconhecimento da lista de
palavras, no qual as dez palavras da lista são apresentadas em meio a dez outras
palavras e o respondente deve apontar quais são as palavras lidas na lista de
aprendizagem. Cada palavra reconhecida corretamente como pertencente ou não
pertencente à lista aprendida equivale a um ponto. A soma máxima de pontos no
reconhecimento é de 20 pontos. O escore final de reconhecimento é obtido subtraindo-
se 10 pontos do número de respostas corretas para evitar o efeito de acerto ao acaso.
Portanto, o escore máximo final desse teste é 10 pontos. Para idosos normais, com
oito anos de escolaridade, espera-se pelo menos 7 pontos.
Este teste de memória é recomendado para uso na população idosa, pois, como
mencionado anteriormente, é parte da bateria CERAD elaborada para auxílio no
diagnóstico de demência.

Teste de Memória de Figuras

O Teste de Memória de Figuras (NITRINI et al., 1994) consiste em apresentar


ao respondente uma folha que contém dez figuras. Esta folha é apresentada três
vezes, sendo na primeira solicitado que o respondente nomeie cada figura e nas
demais vezes, após exibição das figuras por 30 segundos, solicita-se a evocação
imediata das figuras. Após um intervalo, no qual é aplicada alguma outra tarefa como
distrator, solicita-se a evocação tardia das figuras. Na última etapa do teste, outra folha
com diversas figuras, incluindo entre elas aquelas apresentadas para memorização, é
apresentada ao respondente para que ele faça o reconhecimento das figuras que se
lembra de ter visto anteriormente.
O desempenho esperado para indivíduos sem prejuízos de memória e de
atenção é de que se lembrem de pelo menos sete figuras na solicitação da memória
imediata e seis figuras na memória tardia. Além disto, indivíduos normais tendem a
identificar e nomear todas as figuras corretamente. Assim, a avaliação qualitativa deste
teste permite perceber erros de percepção emitidos quando o paciente confunde os
objetos com outros objetos parecidos, por exemplo, dizer que o balde é um copo e
também erros de nomeação, por exemplo, se o paciente não consegue nomear a figura
da tartaruga, mas menciona que é um animal. Mais de uma falha pode indicar
32

problemas de nomeação e agnosias (descritas no Módulo IV no subitem de desordens


visuoespaciais e construtiva).

Teste Comportamental de Memória de Rivermead (TCMR)

O Teste Comportamental de Memória de Rivermead (TCMR) avalia a memória


imediata, tardia e prospectiva por meio de situações mais próximas às situações do
cotidiano e desta forma se configura também como instrumento útil para avaliação da
perda da capacidade funcional do indivíduo na vida real e não somente em situação de
testagem.
Existe uma versão deste instrumento para uso em adultos (WILSON et al., 1985)
adapta para uso no Brasil por Schmidt e Oliveira (1999). O instrumento também possui
uma versão adaptada para uso em crianças de cinco a dez anos (WILSON et al.,
1993).

TESTES DE ATENÇÃO

Teste de Atenção por Cancelamento

O Teste de Atenção por Cancelamento de Montiel e Capovilla (2007) é


composto de matrizes que contêm diferentes tipos de estímulos visuais (círculo,
quadrado, triângulo, cruz, estrela e traço) apresentados em cor preta sobre fundo
branco. O respondente é solicitado a assinalar todos os estímulos iguais a um
estímulo-alvo anteriormente determinado, sendo fornecido tempo máximo de um
minuto para execução da tarefa. A Figura 15 apresenta uma ilustração da primeira
parte do Teste de Atenção por Cancelamento, com a representação das respostas
esperadas.
33

EXEMPLO DE TAREFA DE CANCELAMENTO NA ETAPA UM DO TESTE DE


MONTIEL E CAPOVILLA

FONTE: Tornella, 2008.

Na etapa dois do teste, a estrutura da matriz apresentada é a mesma, mas o


estímulo pré-determinado é composto por dois símbolos. A tarefa consiste no
cancelamento do alvo somente se este aparecer precedido do mesmo símbolo que
aparece no estímulo pré-determinado. A Figura 16 apresenta uma ilustração desta
segunda etapa do teste com a representação das respostas esperadas.
EXEMPLO DA TAREFA DE CANCELAMENTO NA ETAPA DOIS DO TESTE DE
MONTIEL E CAPOVILLA

FONTE: Tornella, 2008.

Na última parte do teste, a matriz impressa contém o mesmo tipo de estímulo


nas fileiras para cancelamento. Contudo, o estímulo-alvo muda a cada linha e é exibido
no inicial de cada linha, indicando uma nova norma de cancelamento por linha. A
Figura apresenta uma ilustração desta terceira etapa do teste com a representação das
respostas esperadas.
34

EXEMPLO DA TAREFA DE CANCELAMENTO NA ETAPA TRÊS DO TESTE


DE MONTIEL E CAPOVILLA

FONTE: Tornella, 2008.

Nas duas primeiras etapas do teste, avalia-se a atenção seletiva, então o


respondente deve estar atento para selecionar o estímulo predeterminado em
detrimento aos diversos estímulos apresentados. Na etapa três avalia-se a atenção
alternada.

D-2 Teste de Atenção Concentrada

O teste D-2 consiste em um teste de cancelamento que avalia a atenção


concentrada e seletiva e ainda a flutuação da atenção, velocidade de processamento e
precisão.
O teste é aplicado individualmente e sua aplicação leva de 8 a10 minutos. Na
folha de exame são apresentadas 14 linhas, cada uma com 47 caracteres (´d´ ou ´p)
com um, dois, três ou quatro traços em cima e/ou em baixo. A tarefa do sujeito consiste
em procurar em cada linha as letras ´d´, incialmente com dois traços, e,
posteriormente, com um traço.
O teste possui padronização para uso no Brasil em crianças (com idade superior
a 8 anos) e adultos (BRICKENKAMP e WELTER, 1990).

Teste de Trilhas

O Teste de Trilhas avalia a atenção alternada, a velocidade e flexibilidade de


pensamento. Na primeira parte do teste (forma A), uma folha de papel com 25 números
dispostos de forma aleatória é apresentada ao respondente e é solicitado que ele,
utilizando um lápis, ligue os números de acordo com a ordem crescente. Na segunda
parte do teste (forma B), a folha contém letras e números, também correspondentes a
35

25 elementos dispostos de forma aleatória, e o respondente deve ligar estes elementos


alternando a sequência entre um número e uma letra respeitando a ordem crescente
para escolha dos números e a alfabética para letras. O teste é interrompido após três
erros ou em cinco minutos após início de sua aplicação.
Este teste ainda demanda padronização para uso na população brasileira.

TESTES DO FUNCIONAMENTO EXECUTIVO

Teste do Desenho do Relógio (TDR)

O TDR é um instrumento utilizado para avaliar diversas funções cognitivas


como: memória visual; habilidades visuoespaciais; programação motora; pensamento
abstrato; funções executivas. A aplicação do teste consiste em solicitar ao respondente
que desenhe a face de um relógio com todos os seus números e adicione os ponteiros
deste relógio marcando um determinado horário, por exemplo, 11 horas e 10 minutos.
As normas de aplicação e de pontuação variam em função das diferentes versões
existentes do instrumento. Entre estas versões estão os testes de: Shulman et al.,
Sunderland et al., Wolf-Klein et al., Mendez et al., Tuokko et al., Manos & Wu e Shua-
Haim (para revisão, ver Atalaia-Silva e Lourenço, 2004) (ATALAIA-SILVA;
LOURENÇO, 2008).
O TDR é útil no rastreio de quadros demenciais, pois é um instrumento breve e
de fácil aplicação, sensível aos prejuízos da memória, do funcionamento executivo e
das habilidades visuoespaciais de indivíduos idosos (NITRINI et al., 2005). Contudo, é
importante considerar que o desempenho neste teste é influenciado pelo nível de
escolaridade do respondente, não sendo recomendado para uso entre pessoas com
menos de cinco anos de estudo.

Teste de Classificação de Cartas de Wisconsin (WCST)

O WCST é empregado na avaliação do raciocínio abstrato e a habilidade para


desenvolvimento de estratégias de solução de problemas em resposta a situações que
demandam adaptação.
O material do teste inclui 4 cartas-chave e 128 cartas-resposta. As cartas
36

contêm figuras de diferentes formas (cruzes, círculos, triângulos ou estrelas), cores


(vermelho, verde, amarelo ou azul) e números (um, dois, três ou quatro). O
respondente é solicitado a combinar as cartas-estímulo com as cartas-chave. Existe
uma combinação previamente estabelecida que não é revelada ao avaliando. Para
cada combinação que ele faz é informado se a resposta está correta ou não. Assim,
pretende-se que possa modificar sua estratégia em caso de erro.
Este teste é considerado uma medida da função executiva e avalia além desta
função a memória de trabalho e aspectos cognitivos como flexibilidade de pensamento
e inibição perseveração. Indicado, portanto, para auxílio da avaliação do
funcionamento frontal e pré-frontal.
O teste está padronizado para uso na população brasileira com uma versão para
faixa etária de 6 a 18 anos (HEATON et al., 2005) e uma outra versão para uso em
idosos, acima dos 60 anos (TRENTINI et al., 2010).

Torre de Hanói, Torre de Londres e Torre de Toronto

Testes de torres consistem em cumprir a tarefa de montar a torre com a melhor


solução, a mais direta. Ao respondente é solicitado cumprir a tarefa com o menor
número de movimentos possíveis e, para isto, deve planejar seus movimentos. Este
tipo de tarefa é semelhante a montar quebra-cabeça ou solucionar enigmas e exige a
habilidade de planejamento (LEZAK, 2004). O teste permite avaliar habilidades de
resolução do problema, planejamento e execução de sequências lógicas; memória
operacional.
Existem três tipos de testes com uso de torres: de Londres, de Hanói e de
Toronto. Na Torre de Londres, o objetivo é remontar uma torre mantendo as posições
pré-determinadas das peças. Na Torre de Toronto a complexidade da tarefa é maior. O
quarto bloco de anéis de diferentes cores (branco, amarelo, vermelho e preto) deve ser
organizado de forma que as cores mais claras fiquem sobre as mais escuras.
A Torre de Hanói (ToH) tem nível de complexidade intermediário e é composta
de três hastes verticais nas quais se encaixam aros coloridos de diâmetros diferentes.
A tarefa é mover os aros de uma haste à outra, até chegar à mesma organização
inicial. As regras são: manter as peças maiores abaixo das menores e mover apenas
uma peça de cada vez.
37

Estes testes ainda demandam adequado processo de validação para uso na


população brasileira.

TESTES DE RACIOCÍNIO E LINGUAGEM

Testes de Fluência Verbal

Os Testes de Fluência Verbal são de fácil e rápida aplicação. Por isto, são
recomendados para uso em triagens e rastreio de declínio cognitivo e são incluídos nas
baterias neuropsicológicas a fim de auxiliar no diagnóstico. Tratam-se de tarefas nas
quais se solicita ao respondente que evoque palavras em um período limitado de
tempo, em geral, um minuto. Durante este tempo, é normal que o número de palavras
evocadas seja maior nos primeiros 15 segundos e pode ir reduzindo, gradualmente, até
o fim do tempo estipulado. Contudo, na presença de patologias essa evocação pode
estar comprometida e o indivíduo apresente desempenho diferente do esperado, como:
não evocar palavras nos primeiros segundos; repetir as mesmas palavras; evocar um
número reduzido de palavras.
Estes testes foram inicialmente propostos para avaliação de lesões no lobo
frontal em pacientes adultos, sendo utilizados para avaliação de diversas funções
cognitivas, como: funções executivas; pensamento abstrato; flexibilidade cognitiva e
uso de estratégia; velocidade de processamento; memória semântica. No que se refere
à linguagem, avalia a capacidade para organizar e recuperar palavras foneticamente,
para procurar palavras de categorias específicas armazenadas na memória, o
conhecimento de palavras. Os testes mais utilizados buscam avaliar a fluência verbal
semântica e a fluência verbal fonêmica.
No teste de fluência verbal semântica (categoria animais) é solicitado ao
respondente que fale todos os animais que conseguir se lembrar espontaneamente.
São pontuados todos os animais mencionados pelo respondente no período de um
minuto. A fluência verbal avaliada por este teste depende da capacidade de acesso
semântico e da riqueza de vocabulário do respondente. Testes de fluência verbal
avaliam a linguagem e também o funcionamento executivo.
No Brasil, os pontos de corte sugeridos para adultos são de nove animais por
minuto para indivíduos com até oito anos de escolaridade e de 13 animais por minuto
38

para aqueles com mais de oito anos de escolaridade (BRUCKI et al., 1997).
Em estudo realizado com adultos brasileiros para verificar efeitos da
escolaridade, foi apresentada a média de animais lembrados para grau de educação:
para analfabetos, média de 12,1 animais; para 1 a 4 anos de estudos, 12,3 animais;
para 5 a 8 anos, 14,0; para 9 a 11 anos, 16,7; e, para mais de 11 anos de estudos,
17,8 animais (BRUCKI e ROCHA, 2004).
Outras categorias semânticas que podem ser utilizadas são: nomes de frutas;
nomes próprios de pessoas, peças do vestuário; entre outros. Contudo, não existe
normatização destes outros formatos para uso no Brasil.
No teste fluência verbal fonêmica – letras FAS – é solicitado ao respondente que
diga o máximo de palavras que conseguir se lembrar iniciadas com as letras “F”, “A” e
“S”, sendo fornecido o comando para cada letra, separadamente. O tempo dado ao
respondente é de um minuto para cada letra. O escore total é a soma de palavras
evocadas com as três letras.
O teste vem sendo utilizado no Brasil, principalmente, no âmbito da pesquisa e
na clínica para avaliação de quadros de afasia, com o intuito de verificar não só a
fluência verbal fonêmica, mas também para avaliação da memória semântica e de
disfunção executiva decorrentes de agravos em regiões cerebrais como o lobo frontal e
as estruturas temporais. Contudo, este teste sofre influência da idade e da
escolaridade, sendo ainda necessários dados normativos para estabelecer pontos de
corte adequados para a população brasileira. Dados internacionais são utilizados para
a pontuação, mas sem a certeza de que os mesmos se aplicam à nossa população
(BENTON, 1989; STRAUSS, 2006).

Teste de Nomeação de Boston (versão reduzida)

Uma versão resumida do Teste de Nomeação de Boston foi elabora com 15


figuras, que o respondente deve nomear assim que lhe são apresentadas (árvore,
cama, apito, flor, casa, canoa, escova de dentes, vulcão, máscara, camelo, gaita,
pegador de gelo, rede, funil, dominó). Cada nomeação correta corresponde a um
ponto. Esse teste avalia linguagem, mais especificamente, a capacidade de nomeação
e de percepção visual. Esta versão foi inserida junto à versão adaptada do CERAD
para uso em idosos. Versões para uso na população geral brasileira ainda precisam
39

ser adaptadas.

Teste de Provérbios

A testagem com o uso de provérbios é forma simples de avaliar aspectos


cognitivos como a linguagem, a capacidade de abstração e a memória. A avaliação
pode ser feita mencionando parte de provérbios e solicitando que o indivíduo complete
os provérbios e que explique o significado, isto é, que interprete o provérbio. É
importante selecionar provérbios conhecidos na cultura do indivíduo avaliado. Falhas
em completar e interpretar o ditado podem indicar comprometimento da memória, da
compreensão e da capacidade de abstração.

Testes de Leitura e Escrita

Para avaliar aspectos como a escrita e a leitura, o avaliador pode utilizar de


estratégias como: solicitar leitura e escrita espontânea; ditados com palavras utilizadas
regularmente em nossa língua e com palavras pouco conhecidas e com não palavras
(palavras inexistentes em qualquer idioma); e contar histórias.

TESTES DE PERCEPÇÃO E DO FUNCIONAMENTO VISUOCONSTRUTIVO

Teste de Praxia Construtiva da bateria CERAD

Neste Teste de Praxia Construtiva do CERAD são apresentadas quatro figuras


(círculo, losango, retângulos sobrepostos e cubo) e é solicitado ao respondente que
faça cópia de cada uma das figuras. Fornecido tempo máximo de dois minutos para
cada cópia. A pontuação é feita para cada cópia separadamente, avaliando-se os
seguintes aspectos: formato, ângulos, dimensão e tamanho. A pontuação máxima do
teste é de 11 pontos. Este teste avalia habilidades perceptivas e visuoconstrutivas. O
desempenho esperado é de pelo menos nove acertos para indivíduos com
escolaridade média de oito anos.
Na evocação tardia das praxias solicita-se ao respondente que reproduza os
quatro desenhos copiados anteriormente de acordo com o que se lembrar. Seguindo-
40

se os mesmos critérios de correção da construção das praxias, o escore máximo é de


11 pontos. Esse teste avalia, além das habilidades visuoconstrutivas, a memória de
longo prazo. O ponto de corte é de quatro pontos.
Este teste de é recomendado para uso na população idosa, pois como
mencionado anteriormente, é parte da bateria CERAD elaborada para auxílio no
diagnóstico de demência.

Figuras Complexas de Rey

A Figura Complexa consiste em instrumentos que, por meio da cópia e posterior


reprodução de memória de uma figura complexa – composta por diversos traçados
geométricos –, permite a avaliação de diversos processos cognitivos, como: habilidade
de construção visuoespacial; planejamento, estratégias de soluções de problemas;
percepção visual; motricidade; e memória visual.
Os aspectos avaliados para pontuação do teste são: riqueza e exatidão de
cópia; tempos para executar a cópia (em minutos); riqueza e exatidão da reprodução
de memória. As Figuras Complexas de Rey possuem normatização para população
adulta (18 a 52 anos) e também para crianças (4 a 15 anos) (OLIVEIRA, 1999).

Teste Gestáltico Viso-Motor de Bender – Sistema de Pontuação Gradual (B-


SPG)

O Teste de Bender-Gestalt (BENDER, 1955; SISTO et al., 2006) é composto de


nove desenhos cujas cópias, segundo Lefevre e Porto (2006), “permitem avaliar a
tendência do sistema perceptual visual dentro da Gestalt”. Além das alterações das
habilidades construtivas, estes autores apontam a utilidade deste teste para
diagnóstico de negligência unilateral.

Subteste Cubos do WAIS

O Teste de Cubos corresponde a um instrumento para avaliação da organização


visual em adultos por meio de tarefas que consistem em montar figuras que estão
impressas e são exibidas para que o respondente as copie utilizando cubos coloridos
41

em vermelho e branco.

Subteste Quebra-Cabeça do WISC

Este teste é composto de quatro quebra-cabeças e é indicado para avaliar as


habilidades de organização visual em crianças. Além da utilidade em crianças, foi
indicado como sensível para identificar prejuízos de habilidades motoras pacientes
portadores de doença de Huntington (LEFEVRE e PORTO, 2006).

AVALIAÇÃO DO HUMOR, COMPORTAMENTO E FUNCIONAMENTO


ADAPTATIVO

ESCALAS E INVENTÁRIOS DE DEPRESSÃO

Inventário de Depressão de Beck (BDI)

O BDI (BECK et al., 1961; GORENSTEIN; ANDRADE, 1998; CUNHA, 2001)


consiste em escala para auxílio no diagnóstico de depressão e é composto de 21 itens,
cada item fornece quatro afirmativas que abordam sobre intensidade de sintomas e
atitudes associadas a depressão. O respondente deve escolher para cada item a
afirmativa que mais condiz com o que tem sentido recentemente. As afirmativas variam
de 0 a 3, indicando desde ausência até a intensidade grave do sintoma. O inventário é
autoaplicável. A padronização para uso na população brasileira atende a faixa etária de
17 a 80 anos (CUNHA, 2001).
Os itens avaliam os seguintes aspectos: tristeza, pessimismo, sensação de
fracasso, falta de satisfação, sensação de culpa, sensação de punição,
autodepreciação, autoacusações, ideias suicidas, crises de choro, irritabilidade,
retração social, indecisão, distorção da imagem corporal, inibição para o trabalho,
distúrbio do sono, fadiga, perda de apetite, perda de peso, preocupação somática,
diminuição de libido.
42

International Neuropsychyatric Interview (MINI)

A MINI é uma escala compatível com os critérios do DSM-III-R/IV e da CID10. O


instrumento possui uma versão curta para uso em atenção primária e compreende 19
módulos que avaliam 17 transtornos do eixo I do DSM-IV mais o risco de suicídio e o
transtorno da personalidade antissocial. Além desta, existe uma versão mais ampla, a
MINI Plus, que investiga os principais transtornos psicóticos e do humor do DSM-IV,
fornecendo não só exclusão e inclusão para os diagnósticos, mas também uma
cronologia da patologia (início, duração e número de episódios).
A MINI é indicada para clínica e também para atenção primária, pois trata-se de
uma entrevista padronizada de rápida aplicação (15 a 30 minutos). A versão brasileira
foi traduzida e adaptada por Amorim (2000).

Escala de Depressão Geriátrica (EDG)

O diagnóstico da depressão em idosos é dificultado pela presença de


comorbidades e a frequente interação medicamentosa nesta população (PARADELA et
al., 2005), demandando dos profissionais de saúde o exercício do diagnóstico
diferencial. O uso de instrumentos de avaliação da depressão específicos para
indivíduos mais velhos pode ser a forma mais adequada de garantir o diagnóstico
correto e de oferecer o tratamento mais eficaz.
A Escala de Depressão Geriátrica (EDG) (SHEIKH; YESAVAGE, 1986) é um
dos instrumentos mais utilizados para o rastreamento de sintomas depressivos em
idosos. Uma versão reduzida (EDG-15) foi adaptada para uso na população brasileira
por Almeida e Almeida (1999) e sua validade para uso na clínica vem sendo
confirmada (PARADELA et al., 2005). Trata-se de um questionário composto por 15
perguntas com respostas do tipo sim ou não. Para cada resposta depressiva é contado
um ponto, sendo o escore a partir de seis indicativo de presença de depressão.
43

ESCALAS E INVENTÁRIOS DE ANSIEDADE

Inventário de Ansiedade de Beck (BAI)

O BAI (BECK et al., 1988; CUNHA, 2001) é um instrumento composto por 23


itens que correspondem a sintomas de ansiedade. Cada item deve ser avaliado
segundo o grau de intensidade que foi sentido na última semana e pontuado em uma
escala de 0 a 3. O respondente pode escolher mais de uma resposta para descrever a
intensidade de seu sintoma, mas deverá ser considerada somente a intensidade mais
alta para soma no escore total. A soma dos pontos em cada item fornece o escore
total, que vai de 0 a 63. Este inventário é autoaplicável. Possui padronização para uso
na população brasileira na faixa etária de 17 a 80 anos (CUNHA, 2001).

Escala de Ansiedade de Hamilton

Escala de Ansiedade de Hamilton (HAMILTON, 1959; AMBAN, 1985) é um


instrumento com 14 itens divididos em dois grupos: sintomas de humor ansioso e
sintomas físicos de ansiedade. Cada item deve ser avaliado, segundo o grau de
intensidade, em uma escala de 0 a 4 (0 = ausente; 1 = leve; 2 = média; 3 = forte; 4 =
máxima). A soma dos pontos de cada item resulta no escore total, que vai de 0 a 56.
A escala é aplicada por um avaliador.

Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HAD)

A HAD (ZIGMOND; SNAITH, 1983) uma escala indicada ara avaliar a de ress
o e a ansiedade em acientes com doen as org nicas, nas quais est o resentes
sintomas f sicos ins nia, cansa o, erda de eso, etc. tamb m presentes em um quadro
depressivo. Seu uso é mais frequente em conte to hos italar. O instrumento com osto
de um total de quest es, sendo sete para mensurar a ansiedade (HAD-A) e sete ara
mensurar a de ress o AD-D). Solicitase ao respondente que dê uma nota de 0 a 3
para cada uma das questões. O total pode variar de 0 a 21 pontos em cada subescala.
O instrumento foi validado para uso no Brasil para pacientes epiléticos, com idade a
partir de 17 anos atendidos em ambulatório, e o corte sugerido foi de oito pontos para
44

ansiedade e nove para depressão (BOTEGA et al., 1998). Atualmente, o instrumento


continua sendo testado e utilizado em pacientes com diversas patologias.

ESCALAS E INVENTÁRIOS DE AVALIAÇÃO FUNCIONAL

Na prática clínica, quando o objetivo é o diagnóstico de distúrbios


neuropsiquiátricos, a prioridade da avaliação neuropsicológica é comprovar prejuízos
cognitivos. Contudo, é imprescindível a identificação da incapacidade, resultante
destes prejuízos, para condução de uma vida independente. Para auxiliar na
identificação destas incapacidades existem escalas e questionários que podem garantir
uma avaliação objetiva e padronizada. Estas escalas avaliam a independência para
realização de atividades de vida diária (AVDs). No conceito de atividades de vida diária
estão incluídas as atividades básicas (autocuidado), as atividades instrumentais
(incluem a relação com o meio ambiente) e as atividades avançadas (participação
social que envolve interação com outras pessoas).
A seguir, são apresentados alguns instrumentos que avaliam a capacidade de
um indivíduo realizar de forma independente as AVDs e neles são exemplificados os
tipos de atividades entendidas como básicas, instrumentais e avançadas.

Índice de Katz para Atividades Básicas da Vida Diária

O questionário de Katz (KATZ et al., 1963; LINO et al., 2008) é composto de seis
itens sobre o grau de dependência para realizar atividades básicas do dia a dia: tomar
banho, vestir-se, fazer a higiene pessoal, alimentar-se, ter continência esfincteriana e
transferir-se de um local para outro. Para cada pergunta há três possibilidades de
resposta: totalmente independente, parcialmente dependente e totalmente dependente.
O resultado pode variar desde independência completa para todas as atividades até a
dependência total. Quanto maior o escore obtido, maior o grau de dependência.
45

Functional Activities Questionnaire (FAQ)

O FAQ (PFEFFER et al., 1982; SANCHEZ et al., 2011) é um instrumento que


avalia o grau de independência de um indivíduo para realizar dez atividades de vida
diária. Foi criado, originalmente, para auxiliar no diagnóstico de demência. O
questionário dever ser aplicado a um informante que deve responder se o indivíduo
avaliado consegue realizar cada atividade. As opções de resposta incluem: a) é capaz;
nunca o fez, mas poderia fazer agora; b) faz, mas com alguma dificuldade; c) nunca o
fez, mas poderia fazer agora; d) necessita de ajuda; e) não é capaz, com as
respectivas pontuações para cada reposta 0, 0, 1, 1, 2, 3.
O escore final é obtido com a soma de todas as repostas e pode variar de 0 a
30. Quanto maior a pontuação, maior o nível de incapacidade para realizar as tarefas
de vida diária.
Os domínios de atividades de vida diária avaliados pelo FAQ são: administração
de finanças; realização de compras; entretenimentos/passatempos; preparo refeição
completa e de café/chá; e compreensão de programas de TV ou leituras; atenção
eventos/notícias atuais; lembrar-se de eventos; e sair de casa sozinho.

Inventário de Atividades Avançadas de Vida Diária

O Inventário de Atividades Avançadas de Vida Diária, elaborado por Reuben et


al. (1990), pode ser utilizado como forma estruturada de levantar sobre a
independência de um indivíduo para realizar atividades de lazer, de trabalho e outras
tarefas associadas a atividades sociais comuns na fase adulta. O questionário é
composto por uma lista que reúne atividades desta natureza e o respondente deve
responder para cada atividade se nunca fez, parou de fazer, ou ainda faz. Entre
algumas atividades incluídas neste instrumento estão: visitas, festas, viagens, prática
religiosa, eventos culturais e etc.
A partir deste levantamento, é possível uma avaliação qualitativa sobre a
diminuição no engajamento em atividade de cunho social. O inventário é útil para uso
em diagnóstico de quadros clínicos, como a síndrome demencial, onde é necessário
identificar se existe um declínio na participação das atividades sociais em relação ao
nível anterior de funcionalidade do indivíduo.
46

Informat Questionnaire of Cognitive Decline of the Elderly (IQCODE)

O IQCODE (JORM; JACOMB, 1989; SANCHEZ; LOURENÇO, 2009) é um


instrumento padronizado utilizado para identificação do declínio cognitivo a partir do
relato de um informante que conviva com o indivíduo a ser avaliado. Os autores desta
escala sugerem que o informante deve ser em parente ou amigo próximo e que tenha
uma convivência com indivíduo avaliado de no mínimo dez anos, pois a entrevista
busca comparar as alterações no desempenho do indivíduo avaliado ao longo de
vários anos. Este instrumento tem se mostrado válido para o rastreio e diagnóstico da
síndrome demencial na fase inicial. Entre as vantagens desta escala está a de poder
ser aplicado em paciente com grande comprometimento e/ou instáveis e que,
geralmente, não podem ser submetidos a avaliações neuropsicológicas. Além disto,
corresponde a uma forma de avaliar efeitos do prejuízo cognitivo nas demandas
ambientais.
Para cada pergunta do questionário deve ser respondida a seguinte reposta:
muito melhor (1) ; um pouco melhor (2); não houve mudança (3); um pouco pior (4 );
muito pior (5). O escore final é dado pela soma ponderada dos itens, dividindo-os pelo
total de itens da escala. O total varia de um a cinco, sendo a pontuação menor ou igual
a três indicativo de alguma alteração; a pontuação quatro indica uma alteração
considerável, e cinco muita alteração (SANCHEZ; LOURENÇO, 2009).
47

REFERÊNCIAS

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