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renal
MANUAL DO PACIENTE
transplantado renal
DOENÇA RENAL CRÔNICA E estimular a produção de glóbulos vermelhos
TERAPIA DE SUBSTITUIÇÃO (sangue).
RENAL
Quando o rim apresenta
Os rins são dois órgãos em formato de um grão de fei- problemas no seu
jão, localizados na região dorsal (costas), onde ficam funcionamento, ele deixa
protegidos pelo gradeado costal (costelas). As suas de desenvolver essas
principais funções são: funções corretamente
eliminar as impurezas do sangue (funcionando
como filtro); Várias doenças podem levar à perda de função dos
ajudar a regular a pressão arterial; rins: diabetes mellitus, pressão alta, infecções urinárias
produzir alguns hormônios; graves, alguns tipos de síndrome nefrótica, doenças
participar na formação e na saúde dos ossos; hereditárias, doenças do metabolismo, alterações
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imunológicas, doenças reumatológicas, entre ou- Quando a lesão é irreversível ou progressiva, deno
tras. Quando a lesão é grave, mas reversível, deno mina-se Doença Renal Crônica (DRC). Para os pacien-
mina-se Injúria Renal Aguda (IRA) – que, muitas tes com doença renal crônica, existem duas alternati-
vezes, precisa de diálise por um curto período de vas de tratamento, dependendo da gravidade do caso
tempo (até três meses). e do volume de produção de urina:
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Um transplante renal pode ser realizado a partir de ceptor (mesmos critérios para transfusão sanguínea
dois tipos de doadores: ABO, mas Rh positivo ou negativo não interfere).
Doador vivo: pessoa saudável que aceita doar
um rim para um familiar de até quarto grau (pai, Tabela 1 – Compatibilidade sanguínea
mãe, irmãos, filhos, avós, netos, tios e sobrinhos) aceitável entre doador e receptor
ou cônjuge (esposa ou esposo); Tipagem sanguínea Tipagem sanguínea
Doador falecido: a constatação da morte do receptor do doador
encefálica deverá ser feita por médicos com A A, O
capacitação específica, observando o protocolo B B, O
estabelecido. Para o diagnóstico de morte encefálica, AB A, B, AB, O
são utilizados critérios precisos, padronizados e O O
passíveis de serem realizados em todo o território
nacional. A ÚNICA FORMA DE HAVER DOAÇÃO É
ATRAVÉS DA AUTORIZAÇÃO FAMILIAR. Além da compatibilidade do tipo sanguíneo, é obri-
gatória a avaliação da imunologia do transplante –
No Brasil, a LEI 9.434/1997 DISPÕE SOBRE A REMO- testes específicos que irão determinar a compatibi-
ÇÃO DE ÓRGÃOS, TECIDOS E PARTES DO CORPO HU- lidade HLA (idêntico, haploidêntico ou distinto) e
MANO PARA FINS DE TRANSPLANTE E TRATAMENTO E prova cruzada. A prova cruzada (crossmatch) é um
DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS (www.legislacao.planalto. exame feito para checar se o receptor tem algum
gov.br). A realização de transplante ou enxertos de te- tipo de anticorpo contra o doador. Esses anticorpos
cidos, órgãos ou partes do corpo humano só poderão podem surgir nos receptores através de gestação,
ser realizados por estabelecimento de saúde, público transfusão sanguínea ou transplante renal prévio.
ou privado, e por equipes médico-cirúrgicas de remo-
ção e transplante previamente autorizados pelo órgão Para que um transplante renal ocorra, tanto com doa-
de gestão nacional do Sistema Único de Saúde – cada dor vivo quanto com falecido, é obrigatório que a pro-
equipe e hospital tem um número de inscrição no Sis- va cruzada esteja NEGATIVA (isto é, o receptor não tem
tema Nacional de Transplantes (SNT) e a renovação do anticorpos em níveis altos contra o doador). Alguns
cadastro ocorre a cada dois anos. centros de transplante possuem protocolos pra trans-
plantar pacientes que têm anticorpos contra o doador
O primeiro ponto que deve ser avaliado é a compa – Programa de Dessensibilização – e isso deve ser dis-
tibilidade sanguínea (tabela 1) entre doador e re- cutido com o seu médico na consulta pré-transplante.
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ANTES DO TRANSPLANTE: COMO SE PREPARAR
Para aumentar as chances de sucesso de funcionamento do novo rim, é muito importante que o paciente
tenha conhecimento de todo o processo de transplante: importância dos cuidados durante a diálise, noção do
momento do transplante, cuidados e responsabilidades após sua realização.
Todas as dúvidas devem ser tiradas antes de se prosseguir com o transplante renal.
Consultas médicas
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das células do músculo cardíaco devido à diminuição Algumas doenças podem voltar a manifestar-se no
da quantidade de sangue/oxigênio) ou insuficiência rim transplantado: glomeruloesclerose segmentar
cardíaca (incapacidade de o coração bombear a quan- e focal, hiperoxalúria primária, síndrome hemolítico
tidade adequada de sangue) pós-transplante imediato. urêmica atípica, nefropatia por IgA – para cada uma
Os exames e a avaliação cardiológica são solicitados delas, existe uma estratégia de preparo para o trans-
nas consultas pré-transplante. plante e isso deverá ser discutido com seu médico.
Outras avaliações podem ser necessárias de acordo Além das consultas médicas, uma equipe multipro-
com cada caso, sendo as mais frequentes: fissional composta por assistente social, psicóloga,
Avaliação Oftalmológica (oculista): algumas nutricionista e enfermeiros auxilia no preparo para o
doenças, sobretudo pressão alta e diabetes, transplante renal.
podem afetar o fundo do olho e às vezes
precisam de tratamento como laser. Anote suas dúvidas e não deixe de as esclarecer com
Avaliação Ginecológica: Papanicolaou, a equipe multiprofissional a qualquer momento.
ultrassonografia de útero e ovários, mamografia
e ultrassonografia de mamas; discussão de De uma maneira geral, os serviços de transplante reco-
métodos anticoncepcionais antes e após o mendam que o paciente faça RETORNOS nas consultas
transplante, bem como de planejamento familiar. pré-transplante renal a cada seis meses até ser transplan-
Gastroenterologista: médico que avalia as tado – levar sempre os resultados dos últimos exames,
funções do intestino e trata gastrite, diarreia, intercorrências que tenham acontecido no período, car-
diverticulaite, entre outras doenças. teira vacinal e lista de remédios atualizada.
Dentista
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Vacinação
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O MOMENTO DO TRANSPLANTE RENAL
Internação
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Medicação
A cirurgia
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ser removido a não ser que tenha havido alguma eles podem ser removidos a partir da terceira semana
indicação na consulta pré-transplante renal com o se a cicatrização estiver boa. Se os pontos forem intra-
urologista. Os cuidados com a cicatriz incluem lava- dérmicos (no interior da pele), não há necessidade de
gem com água e sabão – podendo ser sabão com removê-los (serão absorvidos), e qualquer vermelhi-
clorexidina – e curativo com gaze e esparadrapo po- dão ou saída de secreção espessa devem ser comu
roso (tipo Micropore®). Se os pontos forem separados, nicadas à equipe médica.
Pós-operatório
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Normalmente, a dor é suportável e pode ser contor- lidade) e deve-se tomar em torno de 3 litros de água
nada com remédios comuns para dor (dipirona, para- fresca por dia, além de outros líquidos (suco, chá,
cetamol). Em geral, melhora muito no segundo dia leite, água de coco, isotônicos).
pós-operatório, quando o maior incômodo passa a ser
a sonda vesical, que nunca deve ser retirada sem o con- Os alimentos devem ser cozidos e preparados com
sentimento da equipe da urologia. água filtrada. Pode-se ingerir qualquer tipo de ali-
mento após a alta do transplante renal, evitando-se
Nos primeiros dias do pós-operatório, geralmente frituras, maionese (sobretudo se o preparo não tiver
é solicitada uma ultrassonografia com doppler para sido imediato), alimentos gordurosos e industrializa-
checar se os fluxos da artéria e veia do rim transplan- dos. Deve-se dar preferência por alimentos frescos e
tado estão normais. preparados no máximo há 24 horas. Evitar comidas
expostas em lanchonetes, principalmente se houver
Após a retirada de sondas e drenos, recomenda-se que derivados de leite e carnes/embutidos.
o paciente use uma faixa elástica abdominal3 para dimi
nuir a chance de hérnia (hérnia é o escape parcial ou Após o transplante renal, as restrições que existiam no
total de um ou mais órgãos por um orifício que se abriu, período da doença renal crônica e diálise não existem
por má-formação ou enfraquecimento, nas camadas de mais – no entanto, manter uma alimentação saudável
tecido protetoras dos órgãos internos do abdômen) na é fundamental para evitar ganho excessivo de peso.
incisão cirúrgica e facilitar a deambulação (caminha-
da). A cinta elástica pode dar um conforto ao paciente Alguns remédios que você usava antes do transplan-
para deslocar-se. É recomendável que o paciente faça te serão reiniciados após a cirurgia e seu médico irá
repouso e não carregue objeto pesados (incluindo ma- ajustando sua prescrição consulta a consulta. É re-
las, compras, sacos de lixo cheios) ou faça atividades comendável que você tenha uma pasta ou caderno
domésticas por pelo menos 40 dias (variável de acordo para anotar todas as mudanças nos remédios. NUNCA
com a evolução de cada paciente). FIQUE COM DÚVIDAS.
Recomenda-se o uso de máscaras (descartáveis) em As consultas após transplante costumam ser sema-
locais públicos ou fechados ou na presença de pes- nais (às vezes, duas vezes por semana no início) até o
soas com tosse (se não puder evitar o contato); esse terceiro mês, depois quinzenais até o sexto mês, men-
cuidado deve ocorrer sobretudo nos primeiros três sais até o final do primeiro ano, quando passam a ser
meses após o transplante. trimestrais. Se houver alguma intercorrência (qualquer
situação fora do normal – dor, febre, diminuição do
Água deve ser filtrada e fresca (não precisa ser mine volume de urina e inchaço) esses intervalos podem
ral nem fervida caso o filtro seja novo e de boa qua- ser modificados.
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COMPLICAÇÕES DO Outras possíveis complicações:
TRANSPLANTE RENAL Cardiovasculares: pressão alta, angina (dor
no peito) ou infarto do miocárdio (morte das
A principal complicação que pode ocorrer é a rejei células do músculo cardíaco devido à diminuição
ção aguda (ocorre quando o sistema imune – sistema da quantidade de sangue/oxigênio); por isso,
de defesa do organismo – do receptor ataca o órgão a avaliação cardiológica antes do transplante é
ou tecido transplantado), que trará comprometimento muito importante;
temporário da função do rim. A suspeita de rejeição Urinárias: dor para urinar logo após a retirada da
é sempre clínica, mas o diagnóstico definitivo é feito sonda vesical, aumento da frequência das micções
pela biópsia do rim transplantado (procedimento onde (principalmente à noite), vazamento de urina pela
um pequeno fragmento do rim, de aproximadamente cicatriz cirúrgica (fístula urinária), coleção de líquido
1 cm a 2 cm, é retirado e analisado), que não só confir- perirrenal (linfocele). Dependendo do caso, existe
ma a rejeição, mas também quantifica sua intensidade. necessidade de reoperação;
A grande maioria das rejeições agudas é reversível e o Metabólicas: aparecimento de diabetes
rim volta a funcionar normalmente. Entretanto, algu- mellitus (aumento dos níveis de glicemia ou
mas rejeições podem ser causadas por anticorpos (cé- açúcar no sangue) provocada pelas ações dos
lulas de defesa do organismo) (rejeição mediada por imunossupressores; aumento de colesterol
anticorpos), sendo mais graves e de difícil tratamento. e triglicérides (controlados com dieta e/ou
Nesses casos, há risco de perda do enxerto (rim trans- remédios); obesidade (não é raro o ganho
plantado) ou de recuperação parcial da sua função (ou de 10 kg até 30 kg de peso após o transplante
seja, a creatinina não volta ao normal). O tratamento bem-sucedido);
desse tipo de rejeição pode incluir remédios imunos- Infecciosas: infecção bacteriana (infecção
supressores potentes e até plasmaferese (processo no urinária, pneumonia), infecção viral (herpes
qual os anticorpos que atacam o rim transplantado são simples, herpes-zóster, catapora, mononucleose,
retirados do sangue).4,5 ciromegalovírus), tuberculose, infecções por
fungos, meningite;
Uma complicação rara (0,5% a 1%), porém grave, é a Neoplasias: o uso crônico de imunossupressores
trombose de artéria ou veia do rim transplantado (for- pode afetar o sistema imunológico e propiciar o
mação de coágulo que “entope” a artéria ou veia do rim aparecimento de tumores benignos ou malignos
novo, fazendo com que ele pare de funcionar imediata- (câncer). O câncer mais comum em transplantados
mente). Nesses casos, geralmente é necessário retirar o é o de pele, porém, outros também podem
rim transplantado rapidamente e o paciente volta para a aparecer (linfoma, próstata, estômago, intestino,
diálise. Esses casos geralmente são imprevisíveis a equi- tireoide, rins nativos). Devido ao risco de câncer de
pe médica esta atenta a essas possíveis complicaçoes. pele, deve-se usar protetor solar.
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ALTA HOSPITALAR
As medicações para prevenir rejeição
devem ser usadas por toda a vida.6
A alta hospitalar ocorre em média entre sete a dez dias
para doador vivo e 14 a 21 dias para doador falecido.
Alguns casos acabam evoluindo com complicações Por causa desses riscos, são realizados exames e con-
clínicas ou cirúrgicas e o tempo de internação pode sultas por toda a vida.
prolongar-se. Você receberá orientações da enfermei-
ra e do médico sobre os procedimentos para retirar Nenhuma alteração de medicação ou introdução
medicação imunossupressora nos locais da Secretaria de novos remédios deve ser feita sem autorização
da Saúde, com formulário próprio e receita em duas médica.
vias. Será fornecida uma data de retorno na clínica
(ambulatório) e pedidos de exames laboratoriais (que Denomina-se adesão aos remédios imunossupressores
devem ser colhidos antes da consulta). A orientação (que previnem rejeição) o uso correto e disciplinado
sobre a dieta será dada pela equipe médica e de en- dos remédios prescritos pelo médico. É importante
fermagem antes da alta. ressaltar que, para haver adesão, o paciente preci-
sa concordar com o tratamento. Por isso, é de suma
O transplante renal é o tratamento de escolha para a importância discutir todas as possibilidades e dificul-
doença renal crônica desde que não existam contra- dades com o seu médico ANTES de prosseguir com a
indicações. Leia atentamente todo o material e tire decisão do transplante.
todas as dúvidas com seu médico.
Adesão é um processo colaborativo que facilita a acei-
O seu comprometimento com as consultas, tação e a integração de determinado tratamento na
exames e medicações (nunca atrasar ou pu rotina de vida das pessoas, levando em conta sua par-
lar doses) é fundamental para que você pos ticipação nas decisões sobre o tratamento.
sa se beneficiar plenamente da nova vida após
o transplante. Classicamente, considera-se não adesão uma ou mais
das seguintes condições:
APÓS A ALTA HOSPITALAR Não tomar ou interromper o remédio prescrito;
Tomar menor ou maior quantidade da
Após o transplante renal, os pacientes precisam estar dosagem receitada;
cientes dos enormes riscos de perda do transplante e de Alterar intervalos de tempo receitados ou
complicações decorrentes do uso insuficiente, inadequa- omitir doses;
do ou não supervisionado dos remédios imunossupres- Não seguir recomendações dietéticas ou outras
sores, mesmo após muitos anos de transplante. que acompanham o remédio.
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Razões para não aderir ao plano de tratamento
Não compreender ou interpretar erradamente as instruções;
Esquecer de tomar o remédio;
Sofrer reações adversas (o tratamento pode ser considerado pior que a doença);
Negar a enfermidade (rejeitando o diagnóstico ou seu significado);
Não acreditar que o remédio pode ajudar;
Acreditar, erroneamente, que já recebeu tratamento suficiente (por exemplo, acreditar que a fase crítica
para rejeição já passou);
Temer consequências adversas ou tornar-se dependente do remédio;
Preocupar-se com as despesas;
Ser indiferente a seu estado de saúde (apatia);
Ser intimidado por obstáculos (por exemplo, ter dificuldade em engolir comprimidos ou cápsulas, ter problemas
com a abertura de frascos, achar o plano de tratamento inconveniente, ser incapaz de obter o remédio).
Adaptado de Gokoel SRM et al.6
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As principais dificuldades para o uso correto das me- nado (uma ou mais semanas), sendo úteis em casos de
dicações são:8 viagem, por exemplo. Permitem que um cuidador ou
Complexidade do tratamento, que inclui o número algum membro da equipe multiprofissional preencha
de doses e de comprimidos que precisam ser as caixas com as medicações corretas durante a con-
ingeridos diariamente; a forma de armazenamento, sulta. Além disso, pessoas que tenham dificuldades
como a exigência de que o remédio seja específicas, como, por exemplo, identificar a medica-
conservado em baixa temperatura; dificuldade ção correta, deficiências visuais ou cognitivas, podem
para ingestão, como remédios de tamanhos se beneficiar desta ferramenta.
grandes; os horários das doses, que podem
conflitar com as rotinas e o estilo de vida; A caixa organizadora de comprimidos permite a colo
Dificuldades de organização para adequar as cação dos comprimidos de acordo com o horário e
exigências do tratamento às rotinas diárias, como dia da semana. Pode ser preenchida pelo próprio
horários de acordar, das refeições, do trabalho e paciente, por um cuidador ou supervisor da área da
de ingestão da medicação; saúde (inclusive durante as consultas).
Abuso de álcool e outras drogas.
Caderno do Paciente
É importante compreender, também, as razões do uso
dos remédios, mesmo quando a pessoa está em boas Alguns serviços de transplante renal uti-
condições de saúde. lizam o caderno de anotações dos pacientes, no
qual constam os dados iniciais do transplante, bem
O acesso à informação sobre sua própria condição de como lista das medicações e resultados de exames.
saúde e possíveis efeitos adversos é um direito do usuário. A cada consulta, as modificações de esquemas de
doses ou mudanças no tipo de remédio devem ser
DISPOSITIVOS E anotadas com letra legível. É muito importante que o
TÉCNICAS PARA FACILITAR paciente leia atentamente as anotações ainda dentro
A ORGANIZAÇÃO DOS do consultório, pois isso permite tirar dúvidas (doses,
REMÉDIOS horários, necessidade de jejum, interações com ou-
T
S tras drogas), bem como propor ajustes de horários de
Q Q
Caixas organizadoras
D
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médico durante a consulta e lido pelo paciente em Mapa ou tabela de comprimidos: pode ser anotada a
seguida, reforçando o entendimento das orientaçoes. medicação e dose ou colado o comprimido nos horários
respectivos. É ideal que o mapa seja feito inicialmente
Alarmes por um supervisor da área da saúde com experiência
em transplante e medicações imunossupressoras.
Os alarmes são dispositivos ampla mente
usados pelos pacientes, muitas vezes por iniciativa pró- Material educativo:
pria, como recurso que evita o esquecimento, estabe- folhetos e vídeos
lecendo uma rotina para o uso correto dos remédios.
Relógios despertadores, relógios de pulso e telefones Embora os serviços preparem um material
celulares programados pelo próprio paciente, cuidador interessante e o distribuam, é conhecido que a maioria
ou profissional podem ser utilizados. É um dispositivo dos pacientes acaba não lendo o conteúdo. Dessa for-
de fácil acesso, devendo ser estimulado o seu uso, prin- ma, seria muito interessante pedir a um profissional de
cipalmente quando a causa informada para a perda de saúde que lesse o material em conjunto. Isso pode ser
doses é o esquecimento do horário. realizado inclusive em sala de espera, aproveitando o
espaço para tirar dúvidas, reforçar conceitos e educar
Alarmes: qualquer dispositivo que emita um sinal em adesão (Manuais de Transplante Renal dirigidos aos
sonoro em horário determinado. Hoje em dia, os de pacientes e com orientações sobre o processo de trans-
aparelhos celulares são os mais populares e deve-se plante renal e os cuidados no período pós-transplante
incentivar os pacientes a programarem os alarmes renal. Ambos contêm informações valiosas e estão dis-
em horários pré-estabelecidos, diariamente. poníveis no site da Associação Brasileira de Transplante
de Órgãos [www.abto.org.br]).9
Tabelas e mapas de
comprimidos LEMBRETES SOBRE
ORGANIZAÇÃO DO
Tabelas e mapas de doses têm sido SEU TRATAMENTO
utilizados para instruir e orientar sobre o esquema
de tratamento, número de comprimidos ou cáp- Ao tomar corretamente os remédios, o transplantado es-
sulas, horários e recomendações quanto à ingestão tará cuidando da saúde e do sucesso do novo rim.
de alimentos. Nessas tabelas, devem constar figuras
dos remédios, dos horários e das recomendações de Portanto, é muito importante:
dietas, facilitando o reconhecimento. Sempre checar Tomar as medicações rigorosamente como foram
a tabela junto com o médico ou enfermeiro(a) que faz prescritas (quantidade e horários). Verificar a dose,
a pós-consulta. a hora e os dias em que devem ser tomados. Não
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deixar de tomar nenhuma das doses sem ordem DIETA E ATIVIDADE FÍSICA
do médico da equipe de transplante; – PREVENÇÃO DO GANHO
Caso haja esquecimento, tomar logo que lembrar, EXCESSIVO DE PESO APÓS
se ainda estiver no mesmo dia. Nunca tomar a dose O TRANSPLANTE RENAL
em dobro. Ao errar a dose, anotar o fato e comentar
com o médico na próxima consulta. Jamais tomar Com um rim novo funcionante, muitas das restrições
qualquer medicação que não tenha sido prescrita; de dieta que ocorriam durante a diálise deixam de ser
Levar sempre consigo a sua última receita ou o necessárias. Além disso, ocorre um aumento do ape-
Caderno do Paciente; tite devido aos remédios (sobretudo, corticoide) e por
Manter sempre as medicações em suas não haver mais a insuficiência renal, o que melhora a
embalagens originais; absorção de alimentos e vitaminas.10
Aprender os nomes dos remédios e saber para
que eles servem; Portanto, não é raro ocorrer ganho significativo de peso
Ter sempre pelo menos uma caixa de reserva de nos primeiros seis meses após o transplante renal. Isso
cada remédio; pode gerar o aparecimento de diabetes mellitus, pres-
Organizar-se para a renovação da retirada são alta e elevação das taxas de colesterol, triglicérides
na farmácia de alto custo antes que os e ácido úrico, que acabam prejudicando o próprio rim
comprimidos acabem; transplantado no longo prazo.
Guardar a medicação de maneira ordenada, limpa
e seca, protegida da luz, do calor e da umidade; Dessa forma, recomenda-se alimentação saudável e
Não guardar os frascos ou caixas vazias ou com prática de atividades físicas.
prazo de validade vencido;
Não trocar os remédios de caixa e tampouco Quanto à alimentação, algumas precauções precisam
juntá-los com outros. ser tomadas:
Organizar a dieta de forma mais equilibrada
Caso surjam efeitos imprevistos como vômitos, aler- possível, dando preferência à alimentação rica em
gia, dor de cabeça, dor de estômago, anotá-los e fibras, vitaminas e proteínas magras;
informar imediatamente ao médico. Não restringir líquidos (água e sucos
naturais, de preferência) se não houver
Quanto ao tratamento, é muito importante que o pa- contraindicação;
ciente entenda seus horários, a quantidade de com- Acrescentar pouco sal aos alimentos;
primidos/cápsulas que deve ser ingerida em cada Utilizar outros tipos de condimentos, como orégano,
dose, de modo a não confundir seus remédios e fazer tomilho, pimenta, limão, alho, cebola, salsinha,
uso inadequado. cebolinha, que ajudam a dar sabor e não contêm sal;
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Não consumir temperos prontos, alimentos Quanto à atividade física, nas primeiras semanas
enlatados, alimentos em conserva e aperitivos em após o transplante renal, existe um desconforto
geral, pois eles contêm muito sal; devido ao processo de cicatrização. Nos primeiros
Não consumir alimentos industrializados como: 40 dias, deve-se evitar esforços como subir escadas,
suco em pó, macarrão instantâneo, bolachas carregar peso, atividades domésticas, lavar roupa,
recheadas, embutidos (salame, salsicha, entre outros. Recomenda-se o uso de cinta elásti-
mortadela, presunto, peito de peru, linguiça); ca neste período para melhorar o conforto à movi-
Evitar excesso de refrigerante e doces; mentação.3
Ingerir pouco açúcar, uma vez que alguns
imunossupressores podem elevar a glicose Após liberação da equipe clínica e cirúrgica, é alta-
do sangue; mente recomendável aderir a uma rotina de ativida-
Fazer uma alimentação pobre em gorduras, já que des físicas, que podem começar com caminhadas e
também existe uma tendência para o aumento progredir lentamente até atividades mais intensas
do colesterol e dos triglicérides do sangue; após o sexto mês de transplante. Existem Jogos Olím-
Lavar bem os alimentos antes de os cozinhar; picos de Transplantados e deve-se discutir com os
Ingerir verduras e hortaliças, pois contêm vitaminas médicos assistentes quais tipos de exercícios e inten-
e minerais além de um alto teor de fibras; sidade cada paciente pode alcançar.
Lavar verduras com 20 gotas de hipoclorito de sódio
(água sanitária) em dois litros de água, deixando Exposição solar11
repousar por 10 minutos. Observação: no primeiro
mês de transplante, não consumir folhas cruas; O paciente transplantado renal deve evitar exposi-
Ingerir cereais (integrais de preferência) como ção solar prolongada, sobretudo entre 11h e 16h dos
trigo, aveia, pão, arroz, macarrão integral; meses mais quentes. Manter-se hidratado sempre e
Fazer uso de frutas quando possível, mas sempre utilizar proteção solar (filtro, chapéu, roupas próprias)
lavando antes com água e hipoclorito de sódio, durante a exposição.
de modo idêntico às verduras. Não ingerir esse
tipo de alimentos fora de casa, porque não se Exposições solares de curta duração (15 minutos/
sabe como foram lavadas; dia) por volta das 10h da manhã são importantes
Não consumir alimentos crus (carnes, peixes, para síntese de vitamina D, além de bem-estar físico
embutidos, mariscos, ovos). Maionese, só e psicológico.
industrializada, não ingerir a elaborada
manualmente, mesmo que seja feita em casa; Atividades físicas durante estações quentes ou
Evitar comer em restaurantes no primeiro mês muito secas exigem hidratação com água fria em
pós-transplante. abundância.
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Fumo12 e álcool13
Não é recomendável fumar ou beber álcool após o transplante renal. Converse com seu médico para tirar dúvidas
sobre uso ocasional de bebida (comemorações, aniversários, etc.).
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Dra. Lilian Monteiro Pereira Palma – CRM-SP 82.552 – Coordenadora do Programa de Transplante Renal, Centro Médico de Campinas - SP. / Nefrologista
Pediátrica; Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).
Manual do paciente transplantado renal é uma publicação periódica da Phoenix Comunicação Integrada patrocinada por Pfizer. O conteúdo é de responsa-
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