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A CRIANÇA COMO SUJEITO

DE DIREITOS E PESSOA EM
DESENVOLVIMENTO

• Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) (Lei Federal nº 8.069/90)


• Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente (SGDCA)

Prof. Dra. Fabiana C. Fernandes


Prof. Ms. Daiane Fuga
Prof. Dra. Cintia Sanches
Prof. Ms. Juliana Leonel
Prof. Ms. Mônica Gurjão
CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS

• SÉCULO XVII: AUMENTO DO NÚMERO DE CRIANÇAS ABANDONADAS;

• SISTEMA DA RODA PELAS “SANTAS CASAS DE MISERICÓRDIA”: CILINDRO GIRATÓRIO NA PAREDE – ANTES, RECEBIA
DOAÇÕES E ALIMENTOS, DEPOIS, PASSOU A RECEBER OS BEBÊS REJEITADOS;

• AS ESCRAVAS ACREDITAVAM QUE AS RODAS ERAM UMA MANEIRA DE LIVRAR O FILHO DA ESCRAVIDÃO;

• ALOCAVA CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIAS FÍSICAS E MENTAIS – NA ÉPOCA, ERA UMA VERGONHA PARA A SOCIEDADE TER
UM FILHO DEFICIENTE.

• A ÚLTIMA RODA FUNCIONOU NO BRASIL, EM SÃO PAULO, ATÉ 1950.


Casa dos Expostos

•SÉCULOS XVIII E XIX: EXERCIAM A ASSISTÊNCIA À INFÂNCIA NO BRASIL;

•FINALIDADE: RECEBER E INSTITUCIONALIZAR O “ENJEITAMENTO” (recusa) DA CRIANÇA


DESVALORIZADA (NEGRA, MESTIÇA, ILEGÍTIMA);

•PROTEGER A MORAL DAS FAMÍLIAS (FILHOS FORA DO CASAMENTO, MÃES SOLTEIRAS);

•CONCEPÇÃO: CARIDADE, OBRA DE MISERICÓRDIA COM OS “ENJEITADOS”;

•LIMITE: 7 ANOS DE IDADE - APÓS: JUIZ AS REMETIA PARA FAMÍLIAS (TRABALHO);

•MANUTENÇÃO: DOAÇÕES PARTICULARES;

•ÍNDICE DE MORTALIDADE: 70%.


Brasil colônia e Brasil império

Brasil Colônia:
■ Crianças = mercadoria / mão-de-obra;

Brasil Império:
■ Ampliação de instituições destinadas a atender crianças
e adolescentes órfãos, pobres e abandonados;
■ O ordenamento jurídico passa a se ocupar mais dos
“menores”.
Juíza de Direito Luciana Fiala – Especialista em Direito Penal e Processo Penal.
Professora da EMERJ e ESAJ.
Documentário: “Juízo”. Acompanhou a trajetória infracional de jovens menores de 18 anos em 2007.
O BRASIL REPÚBLICA - 1889

• Associação entre infância carente e delinquência: crescimento das


cidades; aumento de crianças sem acesso à escola (mercado de trabalho
exploratório); contexto de exclusão social que aproximou crianças e
adolescentes da criminalidade juvenil.

• Questão da infância sai paulatinamente da esfera religiosa para


ingressar na seara jurídica: inicialmente, ainda havia o entendimento de
assistência pública à infância como uma espécie de “caridade oficial”.

• Código penal de 1890: altera a idade de imputabilidade relativa de sete


para nove anos.
O BRASIL REPÚBLICA - 1889

• Novos olhares para a infância: além dos religiosos, juristas e


médicos passaram a se preocupar com a vida moral e familiar
da criança.
• Criança = problema - ameaça à ordem pública.
• DECRETO nº 847, DE 11/10/1890: Dispunha sobre as
crianças que “perturbam a ordem, a tranquilidade e a
segurança pública”.
• Repressão = defesa da ordem.
- Asilo Agrícola Santa Isabel (1886): destinado a meninos
vagabundos ou destituídos de amparo da família;

- Orfanato Santa Maria (1872): formação de empregadas


domésticas e semelhantes – para meninas de cor;

- Recolhimento das órfãs: recolher e educar órfãs filhas de legítimo


matrimônio e também criar para a sociedade mulheres estimáveis
por suas virtudes domésticas.
LEI Nº 947/1902:

• “Menores viciosos” = menores acusados criminalmente e órfãos


abandonados encontrados em via pública.

• Se assim considerados por um juízo, deveriam ser internados nas colônias


correcionais, permanecendo lá até os 17 anos.

• Criança pobre e desvalida = adolescentes infratores. Legitimidade da


violência estatal.
OS MENORES
• DECRETO nº 17.943/1927: código dos menores (código Mello Mattos);
• “Salvar o menor”: lema que sucedeu a antiga preocupação de castigá-lo;
• Século XX: humanização da justiça e do sistema penitenciário;

• Instituições:
SAM – Serviço de Assistência ao Menor
FUNABEM (Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor) - conhecida pela sociedade como escola
do crime;
FEBENS (no âmbito dos estados) - entre 80 e 90% das crianças e dos jovens internados nas
febens não eram autores de fato definido como crime (antes do ECA).
• 1979 – lei nº 6.697 – novo código de menores – como o outro se dirige á crianças em situação
irregular
ANOS 90

• LEI Nº 8.069 – ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – ECA;


• Desativação dos grandes complexos;
• Reordenamento institucional;
• O ECA traz uma nova concepção de crianças e adolescentes, que passam a ser vistos como
SUJEITOS DE DIREITOS, consolidando uma lei federal que dispõe sobre a PROTEÇÃO
INTEGRAL e configura a infância e adolescência como PRIORIDADE ABSOLUTA.

• ECA:
https://drive.google.com/file/d/1cUYdwE2vHvVBfi3iRh19omRrZz-eQEOE/view?usp=sharing
QUADRO COMPARATIVO
CÓDIGO DE MENORES – 1979 ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - 1990

Doutrina da proteção irregular Doutrina da PROTEÇÃO INTEGRAL

Aplicado para “menores” carentes Aplicada para SUJEITOS DE DIREITOS que estão em
(orfanatos) e infratores (FEBEM), como uma estado peculiar de desenvolvimento biopsicossocial e
política higienista (tirar da rua o que é feio devem ter PRIORIDADE ABSOLUTA nas políticas
ou sujo) públicas

Gestão compartilhada da política de atenção à Criança


Exime a sociedade de responsabilidades e ao Adolescente (Estado, família, sociedade civil
organizada)

Implantação dos Conselhos Tutelares e dos Conselhos


Os “menores” são objeto de tutela do
de Direitos (municipal, estadual e nacional). Ações de
Estado e as ações passam pelo viés
PROMOÇÃO, PROTEÇÃO, PREVENÇÃO e DEFESA
econômico. Criminalização da pobreza
(Disk 100, SINASE, PNCFC)

Reflexo do contexto vivenciado na ditadura Reflexo do contexto do estado democrático de direito


militar (1964 – 1985) que vigora no Brasil
SISTEMA DE GARANTIA DE DIREITOS DA CRIANÇA E
DO ADOLESCENTE (SDGCA)

• Para garantir a proteção integral de crianças e adolescentes, o ECA instituiu um


sistema de operacionalização e efetivação das políticas públicas para crianças e
adolescentes.

• Este sistema atua a partir de um conjunto de princípios e diretrizes que


estabelecem propostas, práticas e ações que se organizam de forma integrada
aos demais sistemas de políticas públicas.

• Apresenta como objetivos promover, defender e controlar a efetivação dos


direitos das crianças e adolescentes que devem ser reconhecidos como sujeitos
de direitos e pessoas em condição de desenvolvimento.

• Tais ações devem colocá-los à salvo de ameaças e violações de direitos.


Saúde
Conselho
CMDCA Tutelar

S Vereadores
Segurança
Pública

G Demais Assistência
conselhos Social

D Criança e
Adolescente

C Prefeito Defensoria

A Família
Vara da
Infância e
extensa
Juventude

Família Escola
ATUAÇÃO DO CONSELHO TUTELAR

• O Conselho Tutelar é o grande interlocutor com todos os atores


que compõem o SGDCA.

• Pode dialogar com os membros dos órgãos públicos, das ONG´s


e movimentos sociais existentes para estabelecer uma relação
facilitadora da condição de atendimento e encaminhamento de
crianças, adolescentes e seus pais ou responsáveis.
DEMANDAS DE ATENDIMENTO DO CONSELHO TUTELAR

No exercício da ação conselheira, os Conselhos Tutelares lidam


diariamente com:

• Denúncias de crianças e adolescentes que tiveram direitos ameaçados


ou violados;

• Crianças e adolescentes que praticaram ato infracional;

• Atendimento e aconselhamento de pais e responsáveis;

• Denúncias de suspeita ou confirmação de maus-tratos contra criança e


adolescente recebidas de hospitais e estabelecimentos da área da
saúde;
DEMANDAS DE ATENDIMENTO DO CONSELHO TUTELAR

• Comunicados de dirigentes de estabelecimentos de ensino fundamental em casos que


envolvam: maus-tratos de alunos, reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar
(desde que esgotado os recursos escolares) e elevados níveis de repetência;

• Providência de medida estabelecida pela autoridade judiciária, dentre as previstas no


Artigo 101, incisos de I a VI do ECA, para o adolescente autor de ato infracional;

• Subsídio ao Poder Executivo na elaboração da proposta orçamentária voltadas para


crianças e adolescentes por meio do registro das violações de direito;

• Subsídio para formulação de políticas públicas por meio dos registros das violações de
direito;

• Fiscalização das entidades de atendimento de crianças e adolescentes (públicas ou


privadas).

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