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4ª TURMA REGULAR
ADVOCACIA PÚBLICA
ACOMPANHAMENTO PERSONALIZADO
CONTEÚDO DEMONSTRATIVO
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Entes de direito internacional. Fernando Filgueiras
Estados.
Organizações internacionais.
Personalidade internacional.
Direitos territoriais de jurisdição.
Sabemos que no mundo dos concursos a matéria de Direito Internacional, seja ele
Público ou Privado, é uma das mais intrincadas no momento do estudo pelo aluno.
A baixa quan dade de materiais sinte zados para a rápida apreensão do aluno, o
número baixo de provas e, consequentemente, de questões aplicadas sobre os temas desta
matéria, a complexidade de alguns conceitos e, por fim, a falta de familiaridade dos alunos com
a matéria, são alguns dos fatores que contribuem para a dificuldade do estudo.
No material que agora apresentamos aos colegas, notarão que buscamos enfrentar
com afinco todos esses problemas. Não deixamos de abordar os aspectos essenciais das
matérias (com base em importante doutrina autorizada), mesmo os mais complexos, de forma
concisa e sucinta, para que possam compreender os ins tutos do Direito Internacional. O trecho
que agora disponibilizamos para vocês é um bom exemplo dessa busca, vez que trabalhamos 4
com conceitos densos e centrais do Direito Internacional Público de uma forma leve, porém
obje va.
Assim como todos os materiais produzidos em nosso curso, também o Direito
Internacional Público é permeado de citações, referências e alertas aos pontos mais
importantes do material. Igualmente, chamamos a atenção para toda jurisprudencia relevante
(sempre a mais atualizada), que se completa com as questões comentadas, tão importantes ao
exercício do conhecimento para o aluno.
Toda essa informação, naturalmente, pautada nos editais da Advocacia Pública, que
guiam a nossa produção de conteúdo.
Esperamos, sinceramente, que o nosso material possa ajudá-los nessa caminhada.
Abraços,
Fernando Filgueiras
Observação inicial: a ligeira inversão nos pontos nessa parcela do estudo se faz por
razões estritamente didá cas. O estudo da personalidade internacional é logicamente
antecedente ao estudo par cular dos entes de direito internacional, conforme demonstra a
doutrina de todos os livros u lizados como referência nesse material, que cons tuem a
doutrina de referência na matéria.
Confiem em nós!
Hoje em dia, existe um debate sobre quais seriam os sujeitos que possuiriam a
personalidade jurídica internacional.
Para uma primeira corrente, restri va, apenas possuiria a personalidade jurídica
internacional aqueles que contassem com amplos poderes na sociedade internacional,
especialmente o de criar normas internacionais.
ATENÇÃO!
Recomendação ao candidato: de todas as questões elaboradas pelo CESPE sobre o tema, não se
encontrou o ques onamento direto pela adoção de uma das duas correntes.
a) Santa Sé;
b) Va cano;
c) Indivíduo;
f) Empresas;
Santa Sé
Trata-se da en dade que comanda a Igreja Católica Apostólica Romana, que está
sediada na Cidade do Va cano e seu poder não é limitado por nenhum Estado.
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ATENÇÃO!
O Brasil já celebrou tratado com a Santa Sé, em 2008, nominado de “Acordo rela vo ao
Estatuto Jurídico da Igreja Católica do Brasil”, incorporado ao ordenamento jurídico pelo
Decreto 7.107/201.
Va cano
Ao contrário da Santa Sé, o Va cano é um Estado, o qual conta com território, nacionais
e um estado soberano. Logo, possui personalidade internacional.
Sua principal função é a de conferir suporte material para as a vidades da Santa Sé.
Indivíduo
ATENÇÃO!
Observação ao candidato: embora se constate esses direitos e deveres do indivíduo na ordem
internacional, e, por outro lado, exista a doutrina de Mazzuoli e Celso de Albuquerque
afirmando o contrário, ainda se recomenda que, enfrentando uma questão direta sobre o
assunto, o candidato deve assinalar que o indivíduo não possui personalidade jurídica
internacional, na esteira do entendimento de Rezek.
Para tranquilizar o aluno, informamos que nos concursos pesquisados, desde 2006, verificamos
que o CESPE nunca cobrou semelhante assunto diretamente, tratando da doutrina
contemporânea sobre a matéria. Sempre a questão fez a referência à “doutrina clássica” ou ao 8
reconhecimento histórico da ausência de personalidade internacional, a qual segue a linha
acima apontada.
Estas organizações nada mais são do que en dades privadas sem fins lucra vos que
atuam em áreas de interesse público, algumas vezes até em concorrência com o Estado.
Exemplos de ONGs são o Greenpeace, Human Rights Watch, Médicos Sem Fronteiras
etc.
Empresas
Assim como indivíduos e ONGs, as empresas atualmente podem ser beneficiadas pela
edição de tratados internacionais, especialmente aqueles que facilitam o comércio
internacional e o fluxo de inves mentos.
a) Beligerantes
b) Insurgentes
Surgida nos meados do século XX, quando da descolonização da África, Ásia, Oceania e
regiões do Caribe, trata-se de movimentos surgidos no interior de um território, mas que tem
como par cularidade o fato de que aqueles que o integram não fazem parte do regime
governamental contra o qual estão lutando.
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Estados
Trata-se do sujeito de Direito Internacional por excelência, chamado pela doutrina de
sujeito clássico, primário, originário ou tradicional deste ramo do direito.
a) Nação: que é, nos termos doutrinários, uma comunidade que tem por base uma
mesma densidade cultural, de onde nascem os laços originários da língua religião,
costume, tradições e ideologias. Difere do Estado tanto pela ausência dos elementos
acima indicados, quanto pela existência, no úl mo, de uma vinculação polí ca
independente, estabelecida de forma permanente;
a) População permanente;
b) Território Determinado;
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c) Governo;
A doutrina costuma apontar que estes úl mos dois requisitos podem ser consolidados
em apenas um, que é a noção de governo soberano.
Vamos estudar abaixo, portanto, os seguintes elementos que cons tuem o Estado: o território,
o povo (ou a comunidade de indivíduos) e o governo soberano. Vejamos:
a) Território
Conceitua-se como espaço geográfico dentro do qual o Estado exerce a sua soberania,
abrangendo pessoas e bens que se encontram nesse espaço, pouco importando a
nacionalidade, o tempo de permanência ou até mesmo o próprio reconhecimento, por aquele
que se encontra no território, da legi midade do Estado ali estabelecido.
Aponte-se que o território, para o Direito Internacional, não se limita ao seu aspecto
geográfico. Trata-se, sim, do seu aspecto jurídico, o que compreende:
ATENÇÃO!
Logo, pode-se perceber que, se é verdade que há um limite em toda fronteira, o inverso não é
verdadeiro. No caso dos países formados por ilhas, existe o limite (a linha geográfica que limita o
território do Estado), mas não existe a fronteira (zona espacial con gua com outro Estado).
Daí se dizer que a jurisdição estatal sobre o território é geral e exclusiva. Geral,
porquanto abrange todas as competências picas de um Estado que possui determinado
território, a exemplo das competências legisla vas, administra vas e jurisdicional; exclusiva,
porque o ente estatal reina soberano na aplicação das suas determinações dentro do referido
espaço geográfico.
ATENÇÃO!
O candidato deve notar que não afirmamos, aqui, que a competência do Estado em seu
território é absoluta, o que não é juridicamente correto. Como exemplo, tem-se as imunidades
gozadas por Estados estrangeiros, organizações internacionais, sobre os bens das missões
diplomá cas, dentre outras que veremos ao longo do material, que mi gam a jurisdição do
Estado em seu território.
É possível que a atuação extraterritorial do Estado, desde que seja consen da pelo
outro Estado. Tal ocorre, por exemplo, na prerroga va do Estado de exercer sua jurisdição sobre
Por fim, ressalta-se que a relação do Estado com seu território é objeto de duas teorias
na doutrina internacional:
1) Teoria do dominium: neste caso, entende-se que o Estado mantém uma relação
jurídica com o território que possui, de natureza real, o qual pode dispor de modo
absoluto e exclusivo;
2) Teoria do imperium: entende que a relação do Estado não é com o solo, mas com
os indivíduos, e, por meio desta relação, exerceria poder sobre o território.
Como aponta a doutrina, trata-se do único elemento que não pode, em nenhum
momento, estar ausente do Estado, ao contrário do governo (que pode estar ausente em
períodos de anarquia e do território (quando dele não se tem total disponibilidade).
d) Secessão: quando um Estado, que não é colônia de outro, se separa deste, como
ocorreu com a Província de Cispla na do Brasil, hoje conhecido como Uruguai;
ATENÇÃO!
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As hipóteses acima são situações fá cas de criação dos Estados. Nada impede, entretanto, que
um Estado seja criado por um ato jurídico, seja de um Estado preexistente ou no bojo de uma
organização internacional.
Os instrumentos jurídicos a proporcionar semelhante medida podem ser: (i) uma lei interna; (ii)
um tratado internacional; (iii) uma decisão de um organismo internacional.
a) Reconhecimento de Estado
Entretanto, isso não significa que esse novo Estado, para ser reconhecido, esteja
dispensado do atendimento às normas de jus cogens, a exemplo das rela vas à promoção da
paz, à solução pacífica de controvérsias, e à proteção dos direitos humanos.
a.2) Possui efeito retroa vo e é irrevogável: significa que gera os seus efeitos a par r
do instante em que se forma o Estado (e não do ato do reconhecimento).
a.3) Natureza jurídica: para a teoria cons tu va, o reconhecimento de Estado é ato
que atribui personalidade jurídica internacional ao Estado. Para a teoria declaratória, o
reconhecimento do Estado decorre da simples admissão dos demais atores da sociedade
internacional de que aquele determinado Estado possui personalidade jurídica internacional.
ATENÇÃO!
a.4) Classificação: pode ser explícito (expresso), quando feito por meio de
declarações, escritas ou orais, de representantes do Estado que reconhece; ou tácito (implícito),
quando resulta de atos que denotem a intenção de criar vínculos jurídicos com o novo Estado, a
exemplo do estabelecimento de relações diplomá cas;
Pode, ainda, ser individual, quando concedido por um Estado, ou cole vo, quando é
reconhecido por um grupo de Estados.
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Por fim, existe o reconhecimento de direito (de jure), em que o Estado reconhece o
outro de forma defini va e irrevogável, e de fato (de facto), em que o Estado é reconhecido com
fim limitado e provisório, de forma precária e revogável.
Exemplo histórico é o caso da Inglaterra com o Império do Brasil, no século XIX, em que
o primeiro não reconhecia publicamente o segundo mas, por outro lado, recebia
plenipotenciários e o cônsul britânico exercia suas funções no Rio de Janeiro.
b) Reconhecimento de Governo
Trata-se de ato por meio do qual o Estado admite o novo governo como representante
de determinado Estado nas relações internacionais.
ATENÇÃO!
O reconhecimento de governo se aplica, unicamente, a governantes cuja inves dura se deu
através de rupturas ins tucionais, a exemplo de um golpe de Estado. A simples troca de
governo não enseja o reconhecimento aqui apresentado.
Conforme preceitua a Carta da OEA, em seu art. 10, os direitos de cada Estado
independem do poder de que dispõem para assegurar o seu exercício.
Logo, dentre os direitos citados pela doutrina, podemos resumir da seguinte forma:
Existem as restrições abaixo da constatação de que os direitos dos Estados não são 18
absolutos no Direito Internacional.
Quanto aos deveres morais, podemos citar os seguintes listados pela doutrina:
Vale dizer que esse dever não é absoluto e comporta as seguintes exceções: i)
intervenção estabelecida em nome do direito de defesa e conservação do Estado; ii)
Em suma, preceituava que: i) o con nente americano não poderia ser objeto de futuras
ocupações por parte de nenhuma potência europeia; ii) os Estados Unidos não interviriam em
nenhuma questão interna europeia; iii) os Estados americanos não tolerariam qualquer
ingerência que, originada de um país europeu, a ngisse o assunto interno daqueles Estados.
Apesar de ter o mérito de permi r que os demais países do con nente man vessem
sua integridade territorial e se fortalecessem poli camente, não impediu que os próprios
Estados Unidos interviessem, em momento posterior, em países da América como o México,
Cuba e outros países do Caribe.
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A doutrina internacionalista entende, por esta razão, que esta doutrina possui
somente força polí ca, e não jurídica.
Formulada pelo então ministro das Relações Exteriores da Argen na, Luís Maria Drago,
nasceu a par r de um protesto deste governo quanto ao bloqueio e o bombardeio de portos
venezuelanos por embarcações alemãs, inglesas e italianas, com o obje vo forçar a Venezuela a
saldar dívidas que possuía com esses três países.
Essa doutrina é contra o emprego das forças armadas por um ou mais Estados em
casos de cobrança de dívidas que outros Estados assumiram.
A ex nção dos Estados dá lugar à discussão da sucessão dos direitos, obrigações, bens
e demais aspectos dos Estados anteriores.
ATENÇÃO!
Vamos estudar o tema de acordo com a divisão dos tratados acima elencados:
Neste tema, destacamos as principais regras, de acordo com o modo de ex nção dos
Estados:
1) Regra geral: a sucessão dos tratados é regulada por seus próprios textos ou opera-
se de acordo com o modo de ex nção do ente estatal;
1) Bens: em regra, ajusta-se entre os Estados. Não havendo acordo, os bens que
estão no território de cada parte serão de sua propriedade. No exterior, os bens serão
objeto de divisão equita va. Na fusão, vale dizer, todos os bens são incorporados ao
novo Estado;
3) Arquivos: cada sucessor ficará com os arquivos que lhe digam respeito. Daí
porque, no caso de Estados que perderam sua soberania, e depois voltaram a adquiri-
la, tem direito aos arquivos que estavam em poder de seu antecessor;
ATENÇÃO!
Modernamente, no entanto, em casos em que ocorre a incorporação do território de um
Estado, mas a permanência do mesmo na sociedade internacional, tem-se concedido à opção
ao indivíduo de manter a sua nacionalidade anterior!
Este tema trata dos indivíduos encarregados de representar e agir em nome dos
Estados no âmbito da sociedade internacional, tendo competência para planejar e conduzir as
relações do Estado com os demais sujeitos do Direito Internacional Público.
Podemos citar, nesse campo: os Chefes de Estado e Governo, o Ministro das Relações
Exteriores, os agentes diplomá cos e as agentes consulares.
Tendo em vista que o edital destaca um tópico específico para tratar do serviço
diplomá co e consular, trataremos abaixo apenas dos Chefes de Estado e Governo e do
Ministro das Relações Exteriores.
XXII - permi r, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras
transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente;
Duas observações sobre o ar go: i) conforme art. 52, IV, cabe ao Senado Federal
aprovar a nomeação dos chefes das missões diplomá cas (embaixadores), em sessão secreta;
ii) a Lei Complementar que regula a hipótese de forças estrangeiras transitarem pelo território
Tais privilégios são extensíveis à família do chefe de Estado e de sua comi va, inclusive
em viagens par culares e de férias.
Por força deste disposi vo, já foram emi das ordens de prisão contra os Presidentes
em exercício, na época, da Líbia e do Sudão.
Imunidade de jurisdição
ATENÇÃO!
Importante saber que a imunidade de jurisdição dos Estado estrangeiros é tema regulado
pelo costume internacional!
Trata-se da visão cul vada no decorrer da história, segundo a qual o Estado estrangeiro
não poderia ser julgado pelas autoridades de outro.
Disso resulta que, se diante de uma demanda perante um Estado estrangeiro, o Poder
Judiciário local deveria se declarar incompetente para tanto.
Criou-se, então, a teoria da imunidade rela va, limitada ou restrita, que se ancora na
ideia da prá ca, pelo Estado, de atos de gestão e atos de império. Vejamos cada um deles:
2) Atos de gestão: são aqueles que não possuem imunidade de jurisdição. Aqui,
embora pra cados pelos Estados estrangeiros, notabilizam-se por ser comuns a todos
os cidadãos, e, que, desta forma, se assemelha aos par culares. Exemplos destes são
as contratações de pessoal, aquisição de bens móveis e imóveis, dente outros.
ATENÇÃO!
Não esquecer que essa teoria somente se aplica, atualmente, para o processo de
conhecimento!
Uma vez recebendo a demanda contra o Estado estrangeiro, o ente estatal externo
deve ser comunicado para que, querendo, oponha resistência a sua submissão à autoridade
judiciária brasileira, e para que possa discu r se o ato que mo va a demanda pode ser
qualificado como de império ou de gestão.
ATENÇÃO!
Vale dizer que essa comunicação não se qualifica como citação nem in mação!
Por fim, é importante destacar que a eventual renúncia da imunidade de jurisdição não
a nge a imunidade de execução do ente estatal externo. São autônomas as imunidades,
portanto!
Neste sen do, no ano de 2017, o STF exarou pronunciamento no RE 1034840, em sede
de repercussão geral, que reafirmou a jurisprudência con da na seguinte tese: “O organismo
internacional que tenha garan da a imunidade de jurisdição em tratado firmado pelo Brasil e
internalizado na ordem jurídica brasileira não pode ser demandado em juízo, salvo em caso de
renúncia expressa a essa imunidade”.
2) Por força do Convenção de Viena sobre Relações Diplomá cas de 1961 (art. 23,
§1°) e pela Convenção de Viena sobre Relações Consulares de 1963 (art. 32, §1°), o
Estado estrangeiro possui imunidade absoluta de jurisdição em matéria tributária
em relação ao IPTU, mas não quanto a eventual cobrança de taxas por serviços
5) O STF decidiu que não cabe ao Tribunal Excelso julgar habeas corpus cuja
autoridade impetrada seja delegado federal chefe da Interpol no Brasil, devendo a
respec va demanda ser ajuizada na Jus ça Federal de primeira instância;
ATENÇÃO!
Embora o estudo aqui esteja voltado para a análise da responsabilidade entre Estados, é
importante mencionar que, no célebre caso do assassinato do mediador da ONU no Oriente
Médio, Folke Bernado e, a Corte Internacional de Jus ça expediu parecer no sen do de que
os ins tutos aqui analisados também se aplicam às organizações internacionais.
a) Teorias
A primeira, subje vista ou teoria da culpa, formulada por Grócio, defende que a
responsabilidade internacional do Estado surge nos casos em que, além da configuração do
ilícito, resta demonstrada a presença de culpa ou dolo na ação ou omissão do sujeito de Direito
Internacional.
Por fim, criou-se a teoria mista, defendida por Strupp, segundo a qual, nos atos
comissivos, os entes estatais deveriam responder tão somente com a demonstração do ato
ilícito e o seu liame com o prejuízo. Por outro lado, nos atos omissivos, o Estado somente
responderia se verificada a existência de culpa, na modalidade negligência.
b) Caracterís cas
2) Tem por finalidade não punir o Estado ou organização internacional, mas obter a
reparação. Daí porque razão se dizer que possui finalidade reparatória ou natureza
civil;
3) A base para a reparação con nua sendo, em sua maior parte, costumeira.
Embora, como veremos a seguir, a Assembleia Geral da ONU aprovou um Esboço de
Ar gos sobre a matéria;
c) Classificação
Quanto aos que ensejam a responsabilidade, podem ser os mesmos ilícitos e lícitos.
d) Elementos essenciais
1) Ato ilícito (em regra!): é a conduta comissiva ou omissiva que viola a norma de
Direito Internacional. Relembrando que o fato de ato ter sido pra cado à luz do direito
interno não exclui a ilicitude internacional;
Como se trata de inovação nesta seara do direito, a doutrina elenca alguns requisitos
para caracterização desta modalidade de responsabilidade:
6) a indicação de foros internos dos Estados onde as ví mas podem buscar reparação.
A doutrina internacional pugna que o Estado é responsável pelos danos causados aos
estrangeiros por todas as ações ou omissões contrárias às suas obrigações internacionais,
qualquer que seja a autoridade do Estado de onde elas provêm.
Logo, pouco importa se o ato tem origem no Poder Execu vo, quando deixa de cumprir
uma obrigação do tratado, do Poder Legisla vo, que promulga diploma violando compromissos
internacionais assumidos pelo país, ou pelo Poder Judiciário, quando deixa de aplicar norma
internacional em sua decisão.
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Prevalece na doutrina o entendimento de que o Estado somente será responsabilizado
pelos atos de revolucionários no caso: (i) de ter concorrido para a ocorrência do conflito
instaurado em seu território; ou (ii) quando ver faltado com a diligência para impedir ou
reprimir o fato.
ATENÇÃO!
g) Excludentes de responsabilidade
Nesse caso, o consen mento válido dado por um Estado a outro para a prá ca de
determinado ato, exclui a ilicitude do referido ato em face do Estado que o autorizou, nos
limites do que foi consen do. Trata-se de aplicação da regra violen non fit injuria (não há
injúria quando há consen mento).
Para ser válido, a doutrina elenca que o consen mento deve ser: i) real; ii) válido em
2) Legí ma Defesa
Consiste na reação a um ataque armado, real ou iminente. Para ser válido, pressupõe
uma agressão armada injusta, além de exigir que a resposta armada seja imediata, como forma
de garan r a soberania e a integridade do Estado.
Os atos aqui pra cados, em tese, são ilícitos, mas se jus ficam quando: i) verem o
obje vo de fulminar ataques prévios ao Estado que se u liza das represálias; ii) forem
proporcionais ao ato ilícito que está sendo pra cado; por fim, iii) o Estado lesado não ter
encontrado outro meio lícito para paralisar a ilegalidade sofrida.
4) Estado de necessidade
h) Meios de reparação
1) Res tuição in natura: que consiste em fazer a situação retornar ao status quo
ante;
1) Forma
2) Requisitos
Por outro lado, a proteção diplomá ca somente pode ser conferida por aquele que
possui nacionalidade efe va, e que não mudar sua nacionalidade após a reclamação e
durante a demanda, com fundamento no princípio de que a demanda deve ser nacional desde
sua origem (a claim must be na onal in origin).
3) Discricionariedade
4) Efeitos do endosso
Inclusive, a forma com que a reparação será feita está dentro do âmbito de escolha do
Estado.
5) Cláusula Calvo
Desenvolvida no século XIX pelo Ministro das Relações Exteriores da Argen na, Carlos
Calvo, trata-se de cláusula contratual que opera a renúncia do estrangeiro à possiblidade de
Organizações internacionais
Apesar do surgimento de organizações internacionais no século XIX, foi com o
desenrolar do século XX que o crescimento de organizações como essas floresceu na sociedade
internacional, para fazer frente a desafios que não podem ser enfrentados pelos Estados
individualmente.
ATENÇÃO!
Nada impede que uma organização internacional faça parte de outra organização
internacional!
Uma vez criada, a organização passa a contar com um aparelho ins tucional
permanente que forma a sua estrutura.
Embora exista uma variação entre uma organização e outra, podem ser citados ao
menos três como órgãos fundamentais:
c) Um órgão de secretaria, técnico, imparcial, que conta com poderes para tratar dos
assuntos internos e administra vos da en dade.
Por fim, elege-se por meio do voto dos representantes estatais um funcionário que
será o representante máximo da organização, eleito na forma do ato cons tu vo da en dade.
Personalidade jurídica
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Tal qual afirmado no início da exposição, as organizações internacionais possuem
personalidade jurídica internacional.
a) São dotadas do direito de convenção, logo, podem concluir tratados (uma vez
disposta tal possibilidade em seu ato cons tu vo);
ATENÇÃO!
É preciso diferenciar os tratados que são firmados pela organização internacional, e os tratados
que são firmados na organização internacional.
Os primeiros são firmados, logicamente, pelo órgão internacional supra estatal. Os segundos
são firmados pelos Estados, porém dentro do marco regulatório das organizações
internacionais.
Caracterís cas
ATENÇÃO!
Importante dizer que o Estatuto interno das organizações internacionais não se confunde com
seu ato cons tu vo.
Processo decisório
O formato das decisões nas organizações pode tomar denominações variadas, porém,
c) Sistema do voto ponderado: ocorre quando um Estado tem direito a mais votos
que o outro, ou que possui mais peso do que os outros, como ocorre no Conselho de
Segurança da ONU.
Competências
Para cumprir os obje vos que lhe foram des nados pelos Estados, as organizações
devem possuir as competências: 37
a) Norma va: consiste naquela voltada para regulamentação de suas próprias
a vidades. Por outro lado, no âmbito externo pode direcionar normas aos demais
sujeitos do Direito Internacional (ainda que muitas das vezes de forma não
vinculante);
Espécies
Admissão
ATENÇÃO!
As organizações admitem contar também com “associados”, como ocorre na ONU quanto aos
territórios coloniais ou sob tutela.
Como não preenchem os requisitos para se tornar membros efe vos da ONU (por não serem
Estados, propriamente ditos), não par cipam da associação com direito a voto, mas podem
par cipar das discussões na Assembleia, fazer propostas, votar nos comitês regionais e ser
eleitos (salvo para os órgãos centrais e de cúpula).
a) Sede
b) Financiamento
O custeio de cada organização é definido, em regra, pelo seu ato cons tu vo.
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Como regra, aponta Rezek, o financiamento dos custos da en dade é realizado por
meio da “co zação”, isto é, através do pagamento de contribuições em valor que normalmente
corresponde à capacidade contribu va de cada Estado que compõe a organização.
c) Funcionários
Como apontado no início, para cumprir os seus obje vos, a organização internacional
revela seu caráter ins tucional, que a permite compor um quadro de funcionários próprias para
realizar os obje vos da en dade.
Tais funcionários, por sua vez, normalmente gozam, na sede, de prerroga vas
definidas pelo acordo de sede, e, nas suas representações no exterior, de imunidades e
privilégios semelhantes aos dos diplomatas, também definidos nos tratados.
Por fim, pode ocorrer de o Estado sofrer a penalidade de suspensão, que ocorre
quando o ente perde os seus direitos e privilégios dentro de uma organização, sem prejuízo de
con nuar obrigado a ela.
É o que ocorre, por exemplo, no art. 5° da Carta da ONU, que estabelece a possibilidade
de suspensão no caso de países contra o qual for levada a efeito uma ação preven va ou
coerci va por parte do Conselho de Segurança.
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ATENÇÃO!
A expulsão e a suspensão também são tratadas pela doutrina como forma de sanção aos
Estados membros da organização internacional.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Mazzuoli, Valério de Oliveira. Curso de Direito Internacional Público – 10ª ed. rev. atual. e
ampliada, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016.
Rezek, Francisco. Direito Internacional Público: curso elementar – 16ª ed. rev. ampl. e atual. –
São Paulo: Saraiva, 2016.
Portela, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Internacional Público e Privado – 7ª ed. rev., atual. e
ampl., Salvador: JUSPODIUM, 2015.
Mello, Celso D. de Albuquerque. Curso de Direito Internacional Público – 15ª ed. rev., aumen. –
Rio de Janeiro: Renovar, 2004.
Ar go 1
I. População permanente.
III. Govêrno.
Ar go 2
Ar go 3
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A existência polí ca do Estado é independente do seu reconhecimento pelos demais Estados.
Ainda antes de reconhecido, tem o Estado o direito de defender sua integridade e
independência, prover a sua conservação e prosperidade, e conseguintemente, organizar-se
como achar conveniente, legislar sôbre seus interesses, administrar seus serviços e determinar
a jurisdição e competência dos seus tribunais.
O exercício dêstes direitos não tem outros limites além do exercício dos direitos de outros
Estados de acôrdo com o Direito Internacional.
Ar go 4
Os Estados são juridicamente iguais, desfrutam iguais direitos e possuem capacidade igual para
exercê-los. Os direitos de cada um não dependem do poder de que disponha para assegurar seu
exercicio, mas do simples fato de sua existência como pessoa de Direito Internacional.
Ar go 5
Os direitos fundamentais dos Estados não são susce veis de ser a ngidos sob qualquer forma.
Ar go 6
O reconhecimento do Estado poderá ser expresso ou tácito. Este úl mo resulta de todo ato que
implique a intenção de reconhecer o novo Estado.
Ar go 8
Ar go 9
A jurisdição dos Estados, dentro dos limites do território nacional, aplica-se a todos os
habitantes. Os nacionais e estrangeiros encontram-se sob a mesma proteção da legislação e das
autoridades nacionais e os estrangeiros não poderão pretender direitos diferentes, nem mais
extensos que os dos nacionais.
Ar go 10
As divergências de qualquer espécie que entre eles se levantem deverão resolver-se pelos
meios pacíficos reconhecidos.
42
Ar go 11
Ar go 12
A presente Convenção não a nge os compromissos contraídos anteriormente pelas Altas Partes
Contratantes em virtude de acôrdos internacionaes.
Ar go 13
A presente Convenção será ra ficada pelas Altas Partes Contratantes, de acôrdo com os seus
processos cons tucionais. O Ministério das Relações Exteriores da República Oriental do
Uruguai fica encarregado de enviar cópias devidamente anten cadas aos Governos, para o
referido fim. Os instrumentos de ra ficação serão depositados nos arquivos da União
Panamericana, em Washington, a qual no ficará o referido depósito aos Governos signatários.
Tal no ficação terá o valor de troca de ra ficações.
Ar go 14
Ar go 15
A presente Convenção vigorará indefinidamente, mas poderá ser denunciada mediante aviso
prévio de um ano à União panamericana, que o transmi rá aos demais Governos signatários.
Decorrido êste prazo, cessarão os efeitos da Convenção para os denunciantes, subsis ndo para
as demais Altas Partes Contratantes.
Ar go 16
A presente Convenção ficará aberta à adesão e acessão dos Estados não signatários. Os
instrumentos respec vos serão depositados nos arquivos da União Panamericana, que dará
comunicação dos mesmos às outras Altas Partes Contratantes.
JURISPRUDÊNCIA DO STJ
Ÿ DECISUM (Decisão): O Município não pode cobrar IPTU de Estado Estrangeiro, embora o
possa fazer em relação à taxa de lixo, não prevalecendo a imunidade de jurisdição nesse
aspecto. Não podem, contudo, sofrer execução pela cobrança do valor respec vo, em
virtude de sua imunidade de execução.
Essa imunidade tributária não abrange taxas que são cobradas por conta de serviços
individualizados e especificas que sejam prestados ao Estado estrangeiro. Sendo esse o caso,
o país estrangeiro terá que pagar o valor da taxa, não gozando de isenção. 44
Com base nesse entendimento, o Munícipio não pode cobrar lPTU de Estado estrangeiro,
mas poderá exigir o pagamento de taxa de coleta domiciliar de lixo.
Vale ressaltar, no entanto, que a imunidade de execução pode ser renunciada. Assim, antes
de se ex nguir a execução fiscal para a cobrança de taxa decorrente de prestação de serviço
individualizado e específico, deve-se cien ficar o Estado estrangeiro executado, para lhe
oportunizar eventual renúncia à imunidade.
A imunidade de jurisdição das organizações O STF tem competência para julgar, em única
internacionais intergovernamentais é do po e úl ma instância, casos que envolvam a
rela va por força do costume internacional. aplicação desse po de imunidade.
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4. (CESPE – TRF-5ª Região/2015 - Adaptada): 9. (CESPE – TRF-3ª Região/2011 - Adaptada):
Assinale a opção correta referência a Acerca da imunidade de jurisdição estatal,
imunidade jurisdicional. julgue a seguinte afirma va:
20.
21.
22.