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2022 – Gabriel Carvalho

Sebenta de DIP das aulas teóricas do prof. Carlos Blanco Morais (CBM), com
notas do manual do prof. Eduardo Correia Batista (ECB), e notas do “Curso
de DIP” do prof. Jorge Miranda (JM).

2 Períodos da história do DIP


Períodos de evolução do DIP (3):
1º fase: A Antiguidade Clássica – período incerto – relações entre as entidades pré-estaduais –
relações que eram estabelecidos entre Roma e um conjunto de povos circundantes - ius gentium
– direito aplicado a estrangeiros que se encontravam em Roma, aplicava-se a convenções,
tratados ou acordos estabelecidos com outros povos, e nas fronteiras.

2ª Fase: Desde a idade média até ao início da idade moderna, ao tratado de Vestefália – direito
muito centrado na Europa – noção de que os estados cristãos formariam aquilo que se chama a
Respublica Christiana – relevância papal – determinava o que eram guerras justas e injustas,
determinadas disposições relevantes em matéria religiosa, sancionava monarcas que não
cumprissem com as suas diretrizes, tinha as bulas papais, que reconheciam os territórios a
descobrir, declarava a Guerra Santa.

Evolução da noção de ius gentium - escola clássica espanhola – Francisco Vitória – transformação
no Ius inter gentes – o direito entre os povos

3ª fase – da Paz de Vestefália às Revoluções liberais - fim da guerra dos 30 anos – paz de
Vestefália (3):

1 – Esmaecimento do poder da igreja – separação entre Igreja e Estado

2 – Afirmação da soberania do estado

3 – Afirmação de um direito internacional

Período de afirmação do DIP (3)


1ª Fase – da Idade contemporânea ao fim da 1GM – independência das colónias sul americanas
– princípio da autodeterminação dos povos; ideia de que as relações jurídicas internacionais se
estabelecem entre estados soberanos e não casas reais; afirmação externa da soberania dos
estados – habituação à guerra.

Fim da primeira guerra – criação da Sociedade das Nações – objetivo – prevenir conflitos da
mesma magnitude

2ª fase – Pós-guerra e bipolarismo internacional – criação das nações unidas – nações


vencedoras da SGM – objetivo de garantir a paz internacional; atividades de cooperação
económica, social e cultural; tutela e defesa dos direitos do homem. Movimento de
autodeterminação dos povos coloniais – grande desenvolvimento do DIP – novos sujeitos –
governos de exílio, por ex. DIP com uma cariz mais positiva – o DIP deve ser reconduzido às suas
fontes, e estas aplicadas. Escola anglo-saxónica com influência – valorização da jurisprudência e
da força do precedente. Criação de tribunais arbitrais.

3ª Fase – Queda do Muro de Berlim – entrada transitória num mundo unipolar. Atualmente,
mundo multipolar – DIP com uma fase unilateralista – estados intervêm militarmente fora das
regras especificas da UN ex. intervenção anglo-americana no Iraque – anarquia das relações
internacionais e enfraquecimento da ONU – enfraquecimento geral do DIP geral ou comum, e
reforço do DIP especial. Fortalecem-se organizações internacionais de tipo regional ex. EU –
regionalismo internacional – fase de blocos regionais – fase atual.

Definição conceptual de DIP (4)


1 – Critério dos sujeitos – DIP como conjunto de normas jurídicas que regulariam as relações
entre Estados.

2 – Critério do Objeto – DIP como conjunto de normas jurídicas que regulariam matérias e
questões específicas da sociedade internacional. Definição também insuficiente – Direito penal
é matéria própria do direito interno, com regras de direito internacional penal.

3 – Critério das Fontes – André Gonçalves Pereira – noção formalista – DIP como conjunto de
normas jurídicas produzidas e reveladas por processos próprios da sociedade internacional.
Existem fontes especificas e próprias da sociedade internacional – mas estas normas destinam-
se a regular o quê?

4 – Critério estrutural – DIP como conjunto de normas de direito produzidas por fontes próprias
de direito internacional, que se destinam a reger as relações jurídicas internacionais.

Fontes de direito internacional – modos de produzir, revelar e justificar normas jurídicas


internacionais que regem a sociedade internacional.

Fontes próprias (6): Tratados; O costume internacional; os atos jurídicos unilaterais; princípios
do Direito Internacional; jurisprudência; doutrina.

Relações jurídicas internacionais (3):


Ligações que se estabelecem entre sujeitos de direito internacional – o DIP visa estabelecer
normas que regem as regras jurídico internacionais de caráter publico.

1 – Relações de subordinação – posição de domínio em relação a outros sujeitos ex. estados


vassalos

2 - Relações de reciprocidade – relações horizontais que visam satisfazer os interesses recíprocos


de sujeitos.

3 – Relações de coordenação – visam satisfazer interesses coletivos – cooperação económica,


tratamento humanitário de presos de guerra, questões relacionadas com tribunais
internacionais para a definição de crimes de guerra, crimes contra a paz ou humanidade – fins
inerentes à própria sociedade internacional. Regidos por tratados, em regra, unilaterais,
celebrados por mais de dois estados.

Situações duvidosas – se de cooperação ou reciprocidade. Se o objeto da relação for comum dos


interesses da comunidade internacional, coordenação.

Sistema de fontes (4)


As fontes de DIP são modos de produção, revelação e justificação das normas de direito
internacional. Podemos classificá-las em:

1 – Fontes formais – processos de produção e revelação de normas jurídicas internacionais. Ex.


tratado e costume

1 - Produção voluntária – elemento da vontade do sujeito de DI é relevante

2 – Formação espontânea – costume internacional

2 – Fontes materiais – aludem aos valores que fundamentam as normas jurídicas internacionais

Princípios de DIP - enunciados jurídicos de valores internacionais.

3 – Fontes imediatas – implicam que as normas se apliquem direita e imediatamente a uma


relação jurídica controvertida (litígio) ex. convenções internacionais; costume; atos jurídicos
unilaterais

4 – Fontes mediatas – sustentam a aplicação das fontes primárias – podem fundamentar a razão
pela qual se aplica um princípio e não outro ex. jurisprudência; doutrina; equidade contra legem
(derrogatória)

Normas, princípios e regras


Normas – dotadas de critérios de generalidade e abstração

Princípios – maior indeterminabilidade – mandatos de otimização

Regras – mandatos de definição – mais preciso.

Hierarquia de fontes
Não há hierarquia entre fontes imediatas – difundida tese – tratado e costume encontram-se no
mesmo plano hierárquico, podendo as suas normas revogar-se mutuamente, mas há um
primado das imediatas sobre as mediatas.

Revogar – eliminar do ordenamento um ato por meio de um outro ato de hierarquia idêntica ou
superior

Derrogar- afastar por um ato a aplicação de uma norma.

Dentro dessas fontes pode haver hierarquia:


1 – Art. 53 º CV: Ius Cogens – direito imperativo – é nulo todo o tratado que no momento da sua
conclusão seja incompatível com uma norma imperativa de DI. Norma imperativa – só com a
mesma natureza pode ser derrogada – diz respeito a bens jurídicos – tem de ser aceite por todos
os estados.

Problema da identificação do ius cogens – prof. Jorge Miranda – considera o art. 7 da


CRP a sua exemplificação. Mas até agora nenhum tribunal internacional o reconhece, não o usa
como fundamento.

2 – 4 convenções de genebra sobre o tratamento de POW – são impostas mesmo quando os


estados não as subscrevem – normas de DI geral.

3 – Os estados não podem entre si celebrar tratados internacionais que contrariem as


disposições da carta das nações unidas.

Art. 38 ETIJ
Norma de referência para a enumeração das fontes de DI

Críticas e comentários

1 – Linguagem obsoleta – “princípios das nações civilizadas” – expressão anterior à


descolonização

2 – Mistura entre fontes materiais, formais, diretas e indiretas

3 – Lacuna – omitem-se os atos jurídicos unilaterais

4 – Problema da elevação indevida da equidade a fonte de direito

Equidade – ajusta a norma ao caso concreto

Secundum legem – quando atua interpretativamente. CBM não considera fonte


de direito

Contra legem – revoga ou derroga normas de tratados ou de costume – cria uma


regra de direito – é fonte de direito.

5 – Precedências aplicativas em termos de fontes mediatas – as fontes não têm qualquer


hierarquia, todavia existe um preceito: dá-se uma precedência aplicativa aos tratados ou
convenções, depois ao costume, e de seguida aos princípios. Isto não significa que não possa
haver sequências diferentes, isto é, precedência diferente. Esta é apenas a regra geral.

Fontes de direito internacional


1 – Princípios – fontes materiais e enunciados jurídicos com grande indeterminação.
Justificam normas. Têm duas formas:

1 – Provêm do direito interno – princípio da boa-fé; princípio da proporcionalidade; do


caso julgado; do abuso de direito; ônus da prova; segurança jurídica; o princípio que atribui aos
tribunais superiores, em caso de dúvida, a sua própria opinião
2 – Originários do direito internacional - respeito pela integridade territorial dos
estados; princípio do não uso da força; da não interferência nas questões internas dos estados;
da autodeterminação dos povos sobre ocupação estrangeira; princípio da especialidade das
organizações sociais.

2 – Atos jurídicos unilaterais – decisão tomada por um sujeito de DIP, que atua por
si próprio, não dependendo de outro sujeito. Dois tipos:

1 - Autónomos – manifestações válidas e eficazes da vontade, não dependendo da


existência de uma outra fonte que autorize, permita este ato. 4 tipos:

1 - Protesto – manifestação de desagrado de um sujeito relativamente à


conduta de outro. Ato com eficácia normativa. Ato unilateral que põe termo à formação de um
costume. O recurso abusivo ao protesto é um ato ilícito. Oposto do reconhecimento. Se
reiterado e consistente, o protesto pode influenciar a formação de uma norma costumeira –
objetor consistente.

2- Renúncia – sujeito pode declarar que não quer exercer um determinado


direito. Pode ser expressa ou tácita.

3 – Promessa – declaração de intenção futura – figura mais frágil. O seu


fundamento de validade é o princípio da boa-fé. Apenas são promessas jurídicas as de que
resulte uma auto vinculação clara. Não depende de qualquer consentimento do destinatário ou
sequer da existência de um destinatário em particular. Não é necessária qualquer contrapartida
– perigoso – pode ver-se vinculado a obrigações objetivamente desfavoráveis.

4 – Reconhecimento – ato político, mas que tem consequências jurídicas.


Sujeito declara uma entidade como sujeito de DIP. Ato unilateral autónomo de maior
importância política. Reconhecimento pode ser tácito.

2 – Não autónomos – dependem do regime que a esse propósito tenha sido


estabelecido

1 – Denuncia – estado vinculado a uma convenção declara pretender deixar de


estar vinculado à mesma

2 – Recesso - desvinculação de um estado a uma convenção

3 – Reserva – modificação dos efeitos de um tratado por parte de um Estado

4 – Adesão – declaração em que um estado se vincula a tratado ou organização


- não participando numa convenção, podem ratificá-la

3 – Auto normativos – o sujeito é o primeiro destinatário desses efeitos. É o caso da


promessa e da renúncia. Pode produzir efeitos para outros estados.

4 – Hétero normativos – o destinatário é outro ou outros sujeitos de DIP. É o caso do


reconhecimento e do protesto.
3 – Jurisprudência – resolve as lacunas no DIP – resolvidas por meio do precedente. A
doutrina serve como complemento.

4 – Equidade contra legem – há certas disposições em tratados que causam


conflitos, danos, desigualdade. A equidade tempera o rigor do direito e a ideia de justiça,
adaptando a norma ao caso concreto. Os tribunais só decidem perante a equidade se as partes
o aceitarem.

5 – Acordos administrativos – superioridade hierárquica das convenções


relativamente a outras que lhe dão a execução. Este acordo deve subordinar-se (e não revogar)
o tratado principal. Para haver acordo administrativo, o tratado principal deve prever a
concretização das suas disposições.

6 – Costume
Prática reiterada com convicção de obrigatoriedade

Teoria dos dois elementos:

Elemento material – diuturnitas – uso – prática constante de uma dada conduta – cria
precedente, que vai sempre no mesmo sentido

Elemento psicológico – opinio iuris – convicção de obrigatoriedade - estados que adotam uma
dada conduta devem-na cumprir

Jusnaturalismo – existência de uma ordem jurídica de valor intemporal e absoluto. Direito


natural é o fundamento da obrigatoriedade do Direito positivo, incluindo o DIP.

Qual o elemento mais importante?

1 – Teoria do pacto tácito – sobrevaloriza o elemento psicológico – só se forma uma regra


consuetudinária quando os estados têm vontade de que essa prática se converta em norma.
Crítica – só se aplica aos costumes locais.

2 – Teoria do comportamento habitual – sobrevaloriza o uso – onde há uma prática reiterada


pensa-se haver costume. Crítica – confunde uma prática por uma regra.

3 – Teoria objetivista – prof. Gonçalves Pereira – teoria formalista – dá relevância aos dois
aspetos, que não se impõem. O costume nasce de forma espontânea e não voluntária, e com a
prova do tempo, com um número de práticas uniformes praticadas no mesmo sentido. Nascem
com 10 ou 5 anos, dependendo do autor. Regência vai de encontro aqui, mas sem estipular qual
o tempo necessário.

Elementos provatórios do costume

1 – O requerente de um dado processo que envolve o costume tem o ônus de provar a sua
existência em tribunal

2 – Há tratados que fazem referência a costumes ou que o substituem

3 – Há decisões de tribunais que aplicam regras consuetudinárias

4 – Comunicados oficiais
Tipos de costume

1 – Local – ex. direito de passagem – 1960 união indiana vs. Portugal

2 – Regional – ex. direito de asilo, plataforma continental, pescas

3 – Geral ou universal ex. direito dos mares – convenção de Montego Bay

Há uma tendência para os tratados ocuparem espaço face ao costume ex. convenção de
Montego Bay. Porque há a tendência para a positivação do costume? – especialização do DIP.

Existe uma verdadeira superioridade hierárquica do Costume sobre o tratado. O primeiro é


fundamento de validade do segundo e regula o seu modo de formação – incapacidade do
tratado de revogar uma norma costumeira.

Sobre o regime do objetor persistente: “Acresce que, apesar de algumas posições doutrinárias
e mesmo jurisprudenciais ou declarações de Estados nesse sentido, não existe nenhum
precedente de facto em que um Estado se tenha conseguido furtar a uma norma costumeira
pela circunstância de a ter recusado de forma consistente desde o início do processo costumeiro
para a sua vigência. A alegada regra do objetor persistente não existe. “

“Existe mesmo quem vá mais longe e sustente que também os novos Estados independentes
gozam de um período de tempo em que podem recusar a sua vinculação a normas costumeiras
anteriores, num ato paralelo ao recesso dos tratados – Andrea Rapisardi – Mirabelli. Mas trata-
se de posições defendidas em nome de meras construções teóricas e que não encontram
qualquer precedente em apoio.”

Pressupostos do Costume:

1 – Estadualidade – cabe aos estados criar o DIP costumeiro – pressuposto da prática.

2 – Publicidade – somente podem ser considerados prática costumeira os atos


praticados pelos Estados de forma pública, assumindo-os abertamente.

Composição do costume – quais os atos que a compõem:

1 – Normas convencionais – soluções que os seus autores consideram as mais


adequadas - art 38 CV

2 - Atos unilaterais de conferencias e organizações

Requisitos do Costume:

1 – Generalidade – art. 38 nº1 b) ETIJ - Quantidade e qualidade dos Estados – uma norma
costumeira vincula os estados da comunidade, independentemente de cada um destes ter
participado na sua formação ou de ter dado o seu consentimento em relação a esta.

2 – Reiteração – permite a generalização da prática

3 - Consistência – coerência na adesão.

Modificação do Costume:

1 – Por via de desenvolvimento – processo de alargamento que respeita integralmente


a norma costumeira anterior.
2 – Por via de adoção de atos coletivos contrários – derrogação de normas por parte de
estados.

3 – Por via da sua violação

7 – Tratados
Tratado – fonte de DIP que não existe em direito interno. Acordo concluído por escrito entre
Estados e regido pelo direito internacional – art. 2 a) CV. Alguma doutrina acrescenta-lhe a
exigência de terem de ser celebrados entre sujeitos de DIP.

Aspetos terminológicos – surge sobre várias designações, como convenção, acordo, carta,
constituição, declaração, protocolo, ato final, ata final, acordo por troca de notas ou concordata.

Convenção – tratados codificatórios – muitas vezes das Nações Unidas ou nas conferências
interamericanas.

Mais designações específicas na pág. 154.

Classificação de tratados:
1 – Objeto

1 – Tratado lei – composto por regras de natureza geral que se aplicam a uma
pluralidade de sujeitos

2 – Tratados contratos – típicos de relações de reciprocidade – obrigações e deveres

2 – Âmbito material

1 – Tratados gerais – equivalentes a leis gerais e abstratas

2 – Tratados especiais – tratam com detalhe uma determinada situação

3 – Pluralidade de partes

1 - Tratados bilaterais – celebrados entre 2 estados

2 – Tratados multilaterais – celebrados entre vários estados

4 – Forma

1 – Tratados solenes – o momento em que o texto é fixado é o momento em que ele é


ratificado, ou seja, em que ele se vincula

2 – Acordos sob forma simplificada ou executive agreaments – no momento em que são


fixados, o sujeito internacional vincula-se. Na ordem jurídica portuguesa não é possível – têm
de ser solenes – é necessário o processo de assinatura. Figura mais predominante em países
anglos – saxónicos.

Tratados orais – art. 3 e 36 nº1 CV

Estrutura das convenções internacionais (4):


1 - Preâmbulo – elemento interpretativo da convenção. Tem conceitos indeterminados. Dá o
contexto. Não tem valor normativo.

2 - Corpo normativo – normas que a convenção tem a título principal. O primeiro art. mostra
qual o objeto da convenção.

3 - Disposições ou cláusulas finais e transitórias – explicita quando entra em vigor, aspetos


relevantes relativamente à sua aplicação, quem o vai dirimir.

4 - Anexos – conjunto de documentos para os quais o corpo normativo remete. Têm valor
jurídico distinto: especificações, aspetos normativos subsidiários, listagens. Podem ter valor
equivalente ao tratado, podem ter um valor vinculante ou subsidiário – normas técnicas –
disposições que não são jurídicas – normação técnica.

Convenções multilaterais
Celebrados por mais de dois estados. 3 formas:

1 - Conferência internacional

2 - Organização internacional

3 - Forma mista – sobre a égide de uma organização realizam-se conferências internacionais ex.
tratado de Roma – convenção sobre a égide das nações unidas, mas com rondas negociais.

Negociação da convenção
Elaboração do texto – uma parte apresenta um anteprojeto ou critérios gerais que considera
relevantes. Há rondas negociais, com distanciamento mensal, mas durante este tempo ocorre
comunicação entre as partes, onde se resolvem pontos ainda abertos. Pode haver recurso a
especialistas.

Plenipotenciários – Art. 7 CV - quem tem legitimidade para representar o estado, organização


internacional ou outra entidade, na negociação de um tratado. Regra geral, deve apresentar um
documento comprovativo da sua qualidade de representante e do âmbito dos seus poderes. A
prática veio dispensar da apresentação de plenos poderes determinadas entidades que gozam
de uma presunção da sua existência por força das suas funções – art. 7 nº1 b) CV – Chefes de
Estado, de Governo e os ministros dos negócios estrangeiros. Os chefes de missão diplomática
gozam de plenos poderes apenas em relação a tratados bilaterais entre os dois estados – 7 nº2
b) CVDT. Art. 8 CV – um ato de uma pessoa que, nos termos do art. 7, não goza de plenos
poderes, só vinculará o Estado se este o vier a confirmar.

Autenticação
Momento principal em que o estado exprime o seu consentimento – terá de cumprir de boa-fé
aquilo a que se vinculou. Há várias formas de expressão de consentimento – art. 11.

Opera, em regra através da assinatura – art. 12 nº1 - negociações terminaram – texto da


convenção definitivamente fixado. Há um conjunto de condutas ligadas ao princípio da boa-fé –
art. 18 CV. Há outros instrumentos, previstos no art. 12 nº2 CV:
1 - Rúbrica – tanto vale como elemento provisório, como assinatura – art. 12 nº2 a);

2 - Assinatura ad referendum – quando há dúvidas sobre certas questões, em que é necessária


confirmação. Depois desta, vale como assinatura – art. 12 nº2 b);

Adoção - art 9 – não quer dizer que mais tarde se vincule – necessita da aprovação do governo,
parlamento, e ratificação presidencial – implica uma assinatura e uma maioria qualificada -
(unanimidade - não havendo esta, é estipulada uma maioria de 2/3, mas os estados podem
acordar em ser outra maioria). Se estivermos perante uma convenção que esteja sobre o âmbito
de uma organização, pode estipular maiorias específicas. Adotado o texto, cabe aos estados
querer vincular-se ao mesmo. Na ordem jurídica portuguesa, a adesão só pode ocorrer após a
ratificação do PR.

Nos tratados orais, adoção e autenticação confundem-se no mesmo ato, ato este que, regra
geral, implica também a imediata vinculação. Nos tratados escritos, a autenticação não só se
distingue da adoção, como pode resultar de diferentes atos – art. 10 CVDT86

Assinatura formal - normalmente, estipula-se um prazo que tem oscilado entre 1 mês e 3 anos.
Não existe, pois, nenhuma norma costumeira em relação ao prazo a conceder para a assinatura.
No silencio do tratado quanto a um prazo, este é suscetível de ser assinado sem qualquer limite.

Assinatura diferida – estado que se reserva e não assina a convenção – texto fica fixado

Instituto do depósito – função de custódio ou guardião dos tratados, dos originais, ratificações
e adesões, por parte de um estado – art. 77 CVDT

Ratificações imperfeitas – quando a convenção é inconstitucional – orgânica, formal ou material


– vícios internos que levam a problemas jurídicos internacionais. Uma solução – art. 46 nº1 e 2
– só as invalidades a nível de competência orgânica relevam – têm de ser inconstitucionalidade
evidentes e têm de recair sobre matéria de importância fundamental.

Vinculação
Quanto à vinculação, há 3 tipos de convenções:

1 - Abertas – para lá dos estados que participaram na convenção, outros podem vincular-se
através da adesão.

2 - Fechadas – o número de estados está pré-definido.

3 - Mistas ou semiabertas – para além dos estados que concluíram a convenção, fica disponível
a adesão para um conjunto de estados com dados critérios – art. 15 ex. tratados da união
europeia – alargamento da EU. Um tratado pode ser semiaberto em relação a Estados e aberto
a relação a organizações internacionais, por ex.

Formas de vinculação (6):

1 – Consentimento oral e tácito

2 – Pela assinatura, em acordos em forma simplificada – art. 12 CVDT

3 – Troca dos instrumentos constitutivos – art. 13 CVDT – nesta situação, normalmente, a


vinculação faz-se pela mera assinatura dos órgãos ou representantes do Estado, seguida então
da troca das notas diplomáticas assinadas. Aqui os intervenientes não chegam a contactar
pessoalmente. Dai a denominação de acordos por troca de notas. Para que esta forma seja
admissível é necessário que esteja prevista pelo tratado ou que as partes tenham assim
acordado por uma cláusula verbal ou instrumento à parte.

4 – Pela aceitação e aprovação – art. 14 nº2 CVDT. Aceitação - serve apenas para cumprir
exigências constitucionais quanto a um mínimo de formalismo na vinculação do estado.

5 – Pela ratificação e confirmação formal. Ratificação – meio mais complexo de vinculação de


um Estado a um tratado. Mas, mais uma vez, o DIP não define o que entender por ratificação, e
dificilmente o poderia fazer.

6 – Pela adesão

Referência ainda ao art. 16 – instrumentos de ratificação, aceitação, aprovação ou adesão.

Produção de eficácia – art. 24 CV. Na falta destas disposições, entra em vigor quando há
consentimento de todos os estados que participaram na convenção. Têm eficácia jurídica entre
estados e organizações internacionais a nível de litígios – art. 102º CNU – obriga o registo de
todas as convenções no secretariado geral das nações unidas.

Reservas
Ato jurídico unilateral – emana de um estado – não autónomo – deriva de um tratado. Produz
efeitos jurídicos relativamente às outras partes. Art. 2 nº2 d) CVDT. A reserva visa excluir ou
modificar o efeito jurídico de disposições do tratado. A reserva apenas altera a situação jurídica
da entidade sua autora, não afetando as relações das outras partes entre si.

Questão: poderá a reserva modificar a disposição no sentido do seu alargamento – reservas


extensivas ou positivas? A prática parece apoiar a existência desta figura,

Figuras próximas da reserva (3):

1 - Declarações interpretativas – tomada de posição, o sentido, que um estado confere a uma


norma. O estado não pode condicionar a sua adesão à convenção ao facto de outros estados
aceitarem a declaração interpretativa – se não, temos uma reserva simulada.

2 - Declarações políticas – pronunciamento político escrito, que fica anexo à convenção. Não
produz efeitos jurídicos.

3 – Clausulas de “opting out” – clausulas previstas no tratado que permitem a um estado optar
por não seguir dadas obrigações

Requisitos materiais em relação às reservas:

Os estados podem estipular se aceitam certo tipo de reserva - art.19º. Se o tratado for silencioso
sobre esta questão, art.19 c), não são admissíveis aquelas que sejam contrárias ao objeto e ao
fim da convenção.
Tratados constitutivos de uma organização: art. 3 da convenção - quando tal ocorre, a questão
das reservas depende da sua aceitação pelo órgão competente da sua organização. CBM - não
concorda.

Se houver um tratado que entende que a aceitação por todas as partes é essencial para o
consentimento de cada uma, a mesma tem de ser aceite por todas elas – art. 20 nº1.

Art. 20 nº2 – difícil aplicação – critério vago e difuso.

Rejeição de reservas contrárias ao DIP Costumeiro Dispositivo. Também a jurisprudência tem


opinado no sentido de inadmissibilidade de reservas contrárias ao DIP Costumeiro.

A possibilidade de formular uma reserva depois da vinculação do Estado é excluída pelas CVDT.
Contudo este princípio não é imperativo ou sequer inderrogável. Se as partes assim o
autorizarem, nada impede a formulação de uma reserva posterior à vinculação. E essa
autorização pode constar do tratado ou ser concedida posteriormente.

Requisitos formais e circunstanciais das reservas:

Dever de comunicação de forma escrita (não só às partes contratantes, mas àqueles que podem
aderir - art. 23 nº1), devem ser formuladas no momento da autenticação e num momento de
expressão de consentimento - ratificação, adesão e aprovação (art. 19º). As reservas
condicionadas (art. 23 nº2) - deve confirmar no momento da retificação ou da adesão.

As reservas podem ser aceites pelos outros estados e podem ser objetadas. Se um tratado
admitir reservas sobre todas ou algumas disposições, tal significa que a aceitação é irrelevante.
Há um limite temporal desde a data de notificação da reserva (estas têm de ser notificadas) com
12 meses para objetar (deve ser feita por escrito) – art. 20 nº5. Têm sido apresentadas objeções
para lá deste período – 24 meses.

Esta comunicação deve ser feita não apenas às partes, mas a todos os sujeitos autorizados a
tornarem-se partes. Mas, regra geral, cada Estado não envia cerca de 192 notificações para
todos os restantes. Limita-se a comunicar ao depositário do tratado o seu ato, sendo este que
irá fazer as restantes notificações.

Tem sido apenas de 90 dias o prazo para que se considere aceite a reserva para efeitos de
entrada deem vigor do tratado em relação ao Estado autor da reserva. Mas a passagem deste
curto prazo não preclude o direito de os Estados apresentarem objeções à reserva.

Efeitos jurídicos das reservas

Art. 20 e 21 CVDT

Objeção simples – limita-se a apresentar uma objeção à reserva que implica que a disposição
afetada pela reserva só se aplicará nos limites previstos pela reserva – art. 21 nº3 - apesar de
um dos estados parte no tratado objetar à reserva, tal não lhe torna inoponível a reserva. Esta
continua a aplicar-se. Uma aceitação e uma objeção simples têm exatamente o mesmo efeito.

Objeção qualificada – art. 20 nº4 b) parte final - impede que o tratado entre em vigor entre o
estado autor da reserva e o estado objetante. Qualquer estado tem o direito de recusar vincular-
se com um estado a um tratado alterado por uma reserva formulada por este – deve é declará-
lo expressamente. Raramente os Estados recorrem à objeção qualificada, pois tendem a
considerar mais útil que o Estado autor da reserva se encontre vinculado ao menos de forma
limitada perante eles do que simplesmente desvinculado – objeções reserva.

Objeção parcial – nada impõe que a objeção incida sobre a totalidade da reserva – aceitação
parcial da suposição – portanto, a parte extensiva que for aceite da reserva será aplicável entre
ambos os estados; já não a parte visada pela objeção.

Objeções reserva ou Objeções qualificada parciais – art. 21 nº3 - forma de criar uma figura
intermédia entre a objeção simples e a qualificada. Objeções que não impedem a entrada em
vigor total do tratado entre os dois estados, mas que impedem apenas a entrada em vigor de
uma parte do tratado que os Estados objetantes consideram ligada com a disposição objeto da
reserva.

Nota de conceitos:

Objeção simples CBM = objeção qualificada parcial ECB

Objeção qualificada CBM = objeção qualificada ECB

Utilizar, de preferência, a denominação da regência (CBM)

Arrependimento – art. 22 – podem revogar reservas – necessária notificação aos outros estados.

Invalidade das convenções internacionais


Invalidade – desvalor jurídico de que uma convenção padece devido ao seu vício – não se
encontra apta a produzir a totalidade dos efeitos jurídicos que lhe corresponderiam se essa não
fosse inválida.

Problemática dos sujeitos de direito interno terem capacidade para celebrarem convenções
internacionais – são dotados de ius tratctum – capacidade de celebração. Esta capacidade pode
ser plena e sofrer limitações. Estados soberanos – capacidade plena.

Tipicidade das causas – art. 42 – as partes ficam proibidas de invocar qualquer causa de
invalidade que não esteja prevista nestas convenções. Nº2 – já é admissível que o próprio
tratado de que se pretendem desvincular formalmente estabeleça outras causas.

Causas atípicas – incapacidade do sujeito para celebrar o tratado; incapacidade intelectual do


representante do Estado – nulidade relativa.

Vícios de expressão de consentimento e de vontade


Violação de disposições de direito interno - 46 – só pode ser invocada quando diz respeito a uma
inconstitucionalidade orgânica ou a normas de competência, e tem de ser ostentativo. Se a
convenção é bilateral – toda ela é invalida. Se for multi, apenas a convenção do estado que se
encontra desvinculado. Art. 46 como exceção do art. 27 – exceção prevista no nº3 do art. 27.
Consentimento – 47 – vícios relativos ao poder dos plenipotenciários, explícitos na carta. Duas
situações: 1 - excede os poderes da carta – o mesmo estado pode invocar a invalidade; 2 - se o
plenipotenciário não exibiu a sua carta – invocação ineficaz – estados não tinham conhecimento
e agiram de boa-fé - o plenipotenciário deve informar os restantes Estados-Parte do conteúdo
da sua carta, dando conhecimentos dos poderes restringidos.

Erro sobre o objeto – 48 – 3 requisitos: 1 – não sintonia entre o conhecimento e a vontade, e


que o estado não tenha contribuído para essa prática – erro desculpável; 2 - erro de facto; 3 -
relevante para a celebração da convenção – necessário que o erro seja sobre uma matéria
essencial. Um erro na redação do texto não é causa de invalidade – art. 48 nº3 – deve ser
simplesmente retificado – remete para o art. 79.

Dolo – 49 – intenção de um dado sujeito preencher um facto ilícito – intenção de enganar,


fraudulenta, de fazer com que alguém incorra em erro – não pode ser invocado pelo estado que
assumiu a atitude fraudulenta. Promessas incumpridas não constituirão dolo. Se um estado se
vincula em resultado de uma promessa feita por um outro, o incumprimento desta não é motivo
de erro qualificado.

Corrupção – 50 – atribuir vantagens de diversa ordem, nomeadamente patrimoniais – diferente


de vantagens de cortesia – ofertas diplomáticas de dado valor são revertidas para o estado ex.
museus

Coação sobre representante de estado – 51 – uso da força física para adotar uma dada conduta
– não decidem por liberdade própria, mas por medo.

Coação do próprio estado – 52 – ameaça ou uso da força contra um estado de forma a compelir
esse mesmo estado a vincular-se no tratado. Não compreende tratados impostos pela força se
o emprego desta tiver sido autorizado pelo Conselho de Segurança – tratados plenamente
válidos – art. 74 e 75 CVDT.

Coação económica - Doutrina maioritária – ECB e CBM - não é equiparável à coação de força –
não se aplica o art. 52 – dois argumentos:

1 – Literal – só se refere à ameaça ou emprego da força

2 – Histórico – durante a votação da CVDT, foi recusada a previsão expressa da coação


económica como forma de nulidade expressa.

Doutrina minoritária – prof. Maria Luísa Duarte – interpretação extensiva do art. 52 – doutrina
dos tratados desiguais.

Ilicitude do objeto – conteúdo inválido – art. 53 – norma reconhecida como tal pela comunidade
internacional – nenhuma derrogação é possível a não ser por norma semelhante. CBM – difícil
aceitação – não há uma identificação dessas normas. Jorge Miranda – listagem dessas mesmas
normas. No entanto, para CBM, as 4 convenções de Genebra podem ser consideradas.

Violação de uma norma de ius cogens – 64 – se houver uma convenção que na sua origem é
válida e posteriormente é desconforme a uma norma de direito imperativo – a norma é nula e
cessa vigência. CBM – norma não faz sentido – norma redundante – o tratado produz efeitos
jurídicos até à superveniência da norma ius cogens. Mas se as partes continuarem a executar
após esse período, todos os atos serão nulos, não produziram quaisquer efeitos jurídicos.
Regime jurídico da nulidade dos tratados inválidos – art. 69
Nulidade absoluta – o tratado não produzirá qualquer efeito jurídico. Nulidades que têm
subjacentes motivações de Ordem pública.

Dualismo de regime – art. 69 – exceções: havendo atos praticados no passado, os


estados podem pedir que a situação que vigorava antes seja restabelecida – atos
praticados de boa-fé antes de ser invocada a nulidade; coação – art. 51 – quando se diz
que a convenção é desprovida de efeitos jurídicos, não se diz que ela está a aproveitar
atos de boa fé e haja impossibilidade do estado que coagiu de tentar invocar essa
salvaguarda. CBM – contradição evidente – não se pode aplicar o art. 69 nº2 ao
fenómeno da coação – art. 51 prevalece sobre o 69 nº2. Aplica-se o mesmo regime em
relação ao art. 52.

Violação de uma norma originária de ius cogens – art. 53 – todo o tratado é nulo, mas
não nos fala do regime da nulidade em todos os seus efeitos – temos várias disposições
– art. 71 – sempre que um tratado seja nulo em virtude do art. 53, as partes são
obrigadas a eliminar na medida do possível – putatividade – todas as consequências que
advenham dessa convenção internacional – não há atos de boa-fé a serem
salvaguardados.

Nulidade relativa – art. 46; 47; erro; dolo; corrupção; ilicitude do objeto por violação de tratado
de hierarquia. Salvaguarda efeitos jurídicos passados e admite invalidade parcial da convenção
– art. 69 nº2.

Divisibilidade das convenções – nos casos que não tenham que ver com dolo ou corrupção -art.
44 nº4, a regra geral é que a vítima pode invocar a invalidade parcial da convenção, com
condicionantes – art. 44 nº3. Se é um aspeto essencial para o consentimento dos estados, não
haverá parcial. Art. 44 nº5 – nunca é aplicável o regime da separabilidade às invalidades
decorrentes de coação sobre o representante, de coação sobre o estado ou derrogação
originária de uma norma iuris cogentis – regime é desrazoável em relação a situações de
contradição com uma norma de ius cogens – existe registo de prática da maioria dos Estados,
que desconsidera esta norma.

Vicissitudes na vigência das convenções


Modificações
Art. 39 CVDT – as mesmas podem ser revistas pelas partes envolvidas – mas nem sempre é assim
– ela pode ser modificada no contexto das relações jurídicas entre algumas partes, em
convenções multilaterais.

A convenção regula os termos da sua modificação – limites temporais, substanciais, ou de ordem


formal – art. 40 CVDT – as outras partes envolvidas, quando ocorre uma modificação, devem ser
notificadas. Mas pode o acordo dizer respeito a alguns estados e os mesmos não querem
participar nestas – não ficam vinculados às modificações estabelecidas.

Art. 41 CVDT – estados estabelecem entre si um acordo modificativo de um tratado multilateral,


mas que não produz efeitos relativamente a outras partes, que não participaram no acordo
modificativo. Limites: opção tem de estar prevista no tratado; modificação não pode ser
proibida; não se viole o objeto e fim do tratado; não se ofenda partes terceiras

Cessação da vigência
Por vontade originária das partes (2):

1 - Cláusulas explícitas: cláusulas de caducidade; cláusulas de resolução ligadas a termo


de vigência; cláusulas ligadas à ocorrência de determinados eventos; perda de um
número mínimo de partes – art. 55 – a simples perda do número necessário de partes
para a entrada em vigor de um tratado multilateral não implica a sua perda de vigência.
No silencio do tratado, não existe prática que aponte em sentido contrário. De qualquer
modo, o tratado caduca sempre quando fica apenas com uma parte. CBM – número de
partes necessárias é uma cláusula indeterminada.

2 – Cláusulas implícitas: por execução da obrigação – acarreta a sua caducidade; por


extinção do objeto da convenção

Por denúncia – ato jurídico unilateral – figura que se aplica aos tratados
bilaterais – uma parte decide desvincular-se – inexistência, extinção, da
convenção.

Por recesso ou retirada – figura que se aplica aos tratados multilaterais – não
envolve o fim da convenção, mas a desvinculação de um dos estados a essa
convenção. Ato jurídico unilateral – não depende da aceitação do ato de
vontade de desvinculação por outras partes. Não autónomo – depende do
regime de recesso, a não ser que previsto no tratado art. 54 a) – art. 54 e ss. Art.
56 – pré-aviso de 12 meses – há tratados que admitem prazos menores.

Art. 44 nº1 – quer a denuncia quer o recesso só serão suscetíveis de serem limitadas a
algumas disposições do tratado se tal estiver previsto no tratado ou as partes o tenham
convencionado por outra forma. A regra dispositiva é de que terão de incidir sobre todo
o tratado.

Por vontade superveniente das partes – art. 54 – vontade das partes – ou celebração de um
tratado posterior que revoga o anterior de forma expressa ou tácita – art. 59. Coloca-se porem,
uma questão – qual é o critério para determinar qual é o tratado anterior e qual é o posterior –
na falta de manifestação de vontade em contrário, acolhe-se o critério do momento da
adoção/autenticação do texto do tratado. A forma solene ou não do tratado é irrelevante para
a questão da revogação. Um tratado informal, simplificado, oral ou tácito pode sempre revogar
um tratado solene – art. 54 b) e 40 nº2– consentimento de todas as partes.

Por circunstâncias não previstas no tratado – comportamento das partes – violação das suas
obrigações – art. 60 – incumprimento dá direito às outras partes de se desvincularem ou fazerem
cessar a convenção. Se for bilateral – há cessão; se for multilateral – depende. Art. 60 nº3 – tem
de ser uma violação substancial – não pode ser formal, mas sim material e relevante. Art.60 nº4
– um tratado pode prever outras consequências para lá das estabelecidas nas CVDT, como pode
mesmo consagrar um regime de suspensão ou desvinculação do tratado em resultado de uma
violação totalmente distinta ou mesmo proibi-la. Esta afirmação vale mesmo para o preceito do
art. 60 nº5. Nada impede que as partes num tratado alarguem o seu regime a outras matérias
ou que retirem da sua alçada determinados direitos, desde que estes não sejam reconhecidos
pelo DIP costumeiro ou tratado multilateral, onde estes direitos sejam considerados como
isentos da exceção do não cumprimento. Aliás, este nº5 exceciona apenas os nº1, 2 e 3, e não o
4.

Rutura de relações diplomáticas entre estados – art. 63 – se as relações sejam indispensáveis ao


tratado – só aí as convenções deixam de produzir efeitos.

Estado guerra – realidade não prevista – suspendem-se os bilaterais e multilaterais nas


relações diretas – tratados que dizem respeito à resolução de conflitos mantêm-se em
vigor – art. 60 nº5. Alteração de circunstâncias em relação à vítima da agressão – as
CVDT pretenderam expressamente não abordar o problema – art. 73 CVDT69 e art. 74
nº1 CVDT86.

Não relacionadas com o comportamento das partes – art. 61 – impossibilidade de execução ou


inexistência de um objeto essencial. A cessão ou suspensão depende se o objeto é ou não
indispensável, pelo que se pode ser afetada a título definitivo ou temporário. Nº2 – a parte não
pode, à luz do princípio da boa-fé, gerar, através da sua conduta, efeitos que causem a
destruição do objeto indispensável, nem violado disposições da convenção. Meras dificuldades
de executar o tratado são excluídas. Situações decorrentes de perda de jurisdição por parte de
um Estado sobre uma parcela de território que constitui objeto do tratado – fica impossibilidade
de cumprir o tratado – o tratado caduca – situação não abrangida pelo art. 61 nº1.

Desaparecimento de uma das partes – quando não der lugar automaticamente a uma devolução
sucessória, implica a caducidade do tratado, se bilateral, ou a caducidade da vinculação, se
multilateral. Embora tenha semelhanças com a impossibilidade superveniente, é uma figura
distinta. Contudo, as semelhanças e polémica quanto à sua delimitação em relação justificam
um tratamento conjunto destas figuras. A questão da existência de uma omissão nas causas de
extinção neste caso não levanta problemas – art. 42 nº2 – dada a expressa vontade de não
abordar ou prejudicar questões relacionadas com a sucessão nos tratados – art. 73 CVDT69 e 74
nº1 CVDT86.

Alteração de circunstâncias – 4 requisitos: fundamental – art. 62 nº1; as partes não tenham


antecipado essa possibilidade – art. 62 nº1; o estado primitivo das circunstâncias tenha
constituído base essencial do consentimento da parte ou partes em relação ou tratado – perante
tal nova situação, a parte nunca teria celebrado o tratado – art. 62 nº1 a); a alteração provoque
uma modificação radical no equilíbrio entre as obrigações das partes, com um acréscimo
inaceitável para a parte que pretende desvincular-se – art. 62 nº1 b). Situação de conflito
armado – esta figura não pode ser invocada pelo estado agressor – art. 62 nº2 b). Nº2 – exceções
– tratados que estabeleçam fronteiras; se a alteração resultar de uma violação pelo tratado da
parte que invoca a cessação da convenção.

Costume revogatório – um tratado internacional pode ser derrogado, algumas disposições


revogadas, ou totalmente, por costumes supervenientes – exemplo nas nações unidas – o veto
só é justificável quando um dos membros tem um voto contrário, não quando se abstém, isto
no conselho de segurança.

Art. 64 e 71 nº2 – violação de norma de direito imperativo posterior – nulidade e inexistência.


CBM – considera infeliz – todas as normas nulas cessam vigência. Contudo, se é incontestável
que o tratado, ou pelo menos as normas incompatíveis (à luz do art. 44 nº3) perdem vigência,
já a expressão nulidade que emprega não é técnico – juridicamente correta, dado não se estar
face a uma forma de invalidade, mas a uma mera revogação.

Particularidades – se as partes, por má-fé, depois de ter entrado em vigor a norma de direito
imperativo continuarem a exercer o antes estabelecido, numa duração de 2 anos, e se algum
estado impugna esse tratado, o TIJ declara nulidade da violação da norma de ius cogens –
convenção deixa de vigorar e há efeitos retroativos desde o proferir da decisão até à da
superveniência da norma de direito imperativo. mas se for muito para além da data – passa a
ser nulo – efeitos produzidos são nulos, eliminados retroativamente.

Regime de interpretação das convenções internacionais

Tribunais internacionais como grandes intérpretes. CBM – não acha o art. 31 e 32 corretos –
forma desordenada. Não abordado em aula.

Relações jurídicas entre o direito interno e o internacional


Como é que as normas de DIP podem produzir efeitos nos estados? Com que hierarquia ou força
essas mesmas normas prevalecem? Sobre a Constituição? Sobre a lei? Regulamentos
administrativos?

Aplicabilidade – conceções doutrinárias:

Conceção dualista – ordem internacional e interna são dois ordenamentos distintos com
âmbitos de aplicação diferentes, que não comunicam diretamente. Para que um ato jurídico
internacional produza efeitos jurídicos num ordenamento interno, tem de ser convertido ou
transformado em ato interno, com a hierarquia que lhe seja reconhecido pelo ato de
transformação

Conceção monista – o direito internacional e o interno estabelecem mecanismos de


comunicação.

Conceção estatocrática – a aplicação do DIP na ordem interna, em que o direito interno


tem prevalência. Esta teoria está quase superada – consequência - estados não
cumprem as convenções

Monismo como primado do D. internacional – quando entra em colisão o DIP com o


direito interno, deve-se dar prevalência ao DIP.

Sistemas mistos

Dualistas – caso alemão e italiano – os tratados vigoram nas ordens internas ou depois
de transformação em lei ou através de um ato interno com forma de lei ou atos internos
de reconhecimento.

Monistas – francês – alguns dos tratados, no que toca a matérias essenciais de matéria
legislativa parlamentar – carecem de incorporação através de um ato de direito interno,
apesar de na maioria das convenções se aplicarem direitamente os seus efeitos
jurídicos.
Portugal – sistema monista – subsidariamente dualista. Recebe o DIP – não carece de
transformação.

Relações de prevalência entre o DIP e o direito interno na ordem


jurídica portuguesa
DUDH – declaração política – não tem valor jurídico por si própria – dado pela CRP. Prof. Jorge
Miranda – existe prevalência do DIP sobre o direito constitucional – o direito cogente impõem-
se a qualquer ordenamento jurídico. DUDH – art. 16 nº2 CRP indica que as disposições da própria
CRP devem ser interpretadas e declaradas à luz da DUDH – vale como direito constitucional e
serve para a integração de lacunas. Prof. Paulo Otero – esta hierarquia levaria a que normas da
CRP pudessem ser inconstitucionais. TC diz que há uma “quase hierarquia da declaração”; prof.
JM – prevalência da DUDH – posição apoiada pelo prof. CBM

Direito europeu – art. 288 Tratado de Lisboa – hierarquia superior à CRP. Prof. Fausto Quadros
– se os estados invocassem as suas constituições, podem incumprir com o direito europeu.
Escola de Coimbra – prof. Jonatas Machado, Poiares Maduro e Rui Medeiros – jurisprudência
reconhece o primado do direito europeu, mesmo que tal não esteja previsto nos tratados. Mas,
estados podem entender que as normas de direito europeu violam as normas de direito interno
e podem ser inconstitucionais – Alemanha. Art. 3 nº3 – a validade das leis depende da sua
conformidade com a CRP. Problema de hierarquia – convenções internacionais encontram-se
ao nível da lei, ou acima? Encontram-se entre a lei e a constituição.

Incumprir o DE invocando a CRP leva à invalidade de todo o DE? CBM – posição exagerada. O
estado que assume o incumprimento é suscetível de responsabilidade.

Ius cogens – prof. JM e PO – direito imperativo prevalece sobre a própria constituição. Na CRP
não existe nenhuma disposição que faça alusão ao ius cogens como norma de direito
internacional. Questão de juspositivismo vs. Jusnaturalismo.

Análise do Art. 8 CRP


Nº1 art. 8 CRP - princípios de DIP e costume geral – aplicam-se diretamente – receção
automática simples. Mas este preceito tem uma lacuna – o que são os costumes locais e
regionais – será que, como defendeu o prof. Silva Cunha, carecem de transformação legislativa?
CBM – analogia o regime do costume geral.

Nº2 art. 8 CRP – Convenções internacionais – produzem efeitos depois de ratificada e publicada
– efeitos direitos e imediatos – receção automática condicionada (ratificação, aprovação e
publicação). Prof. JM - prevalência do direito internacional – se um tratado internacional entra
em vigor e vincular o estado português, há uma aplicação imediata. Não são permitidos acordos
sobre forma simplificada - proíbe a existência de art. 12 CVDT - tem de haver uma separação
entre o momento da autenticação e o da expressão do consentimento do estado.

Nº3 art.8 CRP – Direito Europeu e das NU - produziam diretamente os seus efeitos as resoluções
do conselho de segurança emitidas ao abrigo do art.7 CRP.
Nº4 art. 8 CRP – Norma especial face ao nº3 – todo o direito da união europeia prevalece sobre
o interno – altamente contestado por CBM. As disposições dos tratados europeus aplicam-se no
direito interno nos termos definidos pelo direito europeu. Art. 288 tratado de lisboa – não
determina em nenhuma parte a hierarquia das normas sobre o direito interno – a remissão para
o DE não autoriza que a partir do 288 diretivas, regulamentos e decisões tenham alguma
prevalência sobre a CRP. CBM – impossibilidade da CRP poder ser contrariada por normas de
direito europeu. Prof. Jonatas Machado e Rui Medeiros – seguem o exemplo alemão.

Diferentes normas de DIP


Diretivas – normas de resultado, de DE que carecem de transposição para a ordem interna dos
estados – não têm aplicabilidade direta. Art. 288 do Tratado de Lisboa – têm como destinatários
imediatos os órgãos do estados-membros. Preocupa-se em atingir os fins e os meios que dizem
respeito aos estados – art. 112 nº8 CRP – devem ter forma de lei, decreto lei ou decreto
legislativo regional – reserva de lei no ato de transposição. Se posteriormente há uma lei que
revoga ou derroga a norma que assegura a transposição – estado pode assumir uma
responsabilização – não adotou a diretiva da EU.

Diretivas de harmonização máxima – estabelece certo tipo de regras para ser


introduzida no direito interno.

Diretivas de quadro – diretiva principal que fixa um conjunto de objetivos de natureza


geral, da qual outras diretivas dependem, sendo estas inválidas se incumprirem com as
diretivas de quadro.

Diretivas de execução – normas que têm como função desenvolver concretizar as


disposições da diretiva de quadro.

Porém – prática do tribunal da EU – há diretivas que são aplicativas – diretivas regulamentares


– de tal modo pormenorizadas que não deixam espaço para o suplemento da ordem interna ou
se não for transposta em 2 anos ou foi transposta incorretamente – produz efeitos diretos como
um regulamento. Podem gerar antinomias dilemáticas – pretendem produzir efeitos direitos
sem que previamente lhes possa ser reconhecida aplicabilidade direta – vício ostensivo de
ordem lógica. A União europeia tem vindo a abandonar progressivamente estas diretivas.

Regulamentos – aplicabilidade direta – afasta a legislação ordinária contrária – art. 288 Tratado
de Lisboa. Caráter geral. Não carece de transposição. Superioridade sobre o direito ordinário
dos Estados – primado – invocação direta nos tribunais. Entra em vigor na data por ele prevista,
e, na sua ausência, no vigésimo dia após a sua publicação no Jornal Oficial.

Decisões – atos jurídicos unilaterais – não têm uma aplicação geral. Prof. CBM – são uma norma
dependendo do conteúdo. Têm aplicabilidade direta – e produzem efeitos jurídicos, podendo
ser: verticais – só incidem no direito interno; horizontais – se interferirem com o direito dos
particulares. Por regra, são verticais. Afasta a legislação ordinária contrária – art. 288 Tratado de
Lisboa. Têm um regime idêntico aos regulamentos.

Celebração de convenções internacionais pelo estado português


Na CRP, encontramos 2 tipos de convenções: tratados internacionais (solenes) – sujeitos a
ratificação do PR – art. 135 b) e art. 8 nº2 - e os acordos internacionais – a sua conclusão é menos
solene, pois estão apenas sujeitos a aprovação – art 8 nº2. Não são permitidos acordos sobre
forma simplificada – art. 8 nº2 CRP. A assinatura nunca vincula o estado, assina sobre reserva
de aprovação ou retificação.

Diferença entre tratados e acordos


Prof. Reis Novais – há uma diferença material entre tratados e acordos. Problema do acórdão
494/99 – TC ignora a questão da diferença, ignora a revisão constitucional de 97, permitindo ao
Governo aprovar matéria de reserva de tratado sobre a forma de acordo. Matérias primárias –
lei – forma de tratado. Matérias secundárias – acordo – aprovar segundo a forma de
regulamento. Esta norma não existe na CRP – doutrina maioritária não vê diferença. Não tem
base constitucional ou no DIP- não existe qualquer hierarquia ou prevalência entre tratados e
acordos.

Apesar da conclusão de que não existe um critério de distinção causar desconforto, não se
encontra alternativa. Apenas terão de ter forma obrigatória de tratado as disposições do art.
161 i). As restantes, será o governo a decidir.

JM – se à face do Direito internacional – art. 2 nº1 CVDT – é indiferente a distinção, em


contrapartida ela poderá não o ser à face do Direito interno. Art. 161 + 164 + 165 – reserva
absoluta de aprovação parlamentar de convenções internacionais. Contrariaria o escopo da CRP
admitir que o Governo pudesse optar livremente pela forma de tratado ou acordo – art. 161 i)
– “designadamente” – enumeração exemplificativa – seria uma degradação deste artigo. Ficaria
na disponibilidade do Governo estabelecer casos a caso quais as convenções que lhe competiria
aprovar.

Fases:
Fase negocial
Quem pode negociar convenções? Art. 197 nº1 b) CRP – competência exclusiva do Governo. Art.
182 CRP + 227 nº1 t) CRP – direito das regiões autónomas de participar nas negociações de
tratados e acordos internacionais que diretamente lhes digam respeito – conceito concretizado
nos estatutos das regiões autónomas – art. 83 Estatutos Açores e art. 57 Estatutos Madeira.

MNE – condução das negociações internacionais – deve estar permanentemente informado em


todo o processo de negociação. O início da fase de negociação não poderá ocorrer sem o prévio
enquadramento político a prestar pelo MNE. Todavia, a rubrica ou assinatura de acordos
internacionais estão sujeitas à aprovação prévia pelo CM e dependem de mandato expresso,
competência delegada no PM.

201 c) CRP – presidente não participa diretamente na negociação, mas deve ser regularmente
informado do andamento das negociações – governo é politicamente responsável. A
intervenção do PR deve-se ao facto de representar a República – art. 120 CRP. Será que o
presidente pode recusar este ato? Não – a sua intervenção é meramente formal. Concertação
entre PR e Gov – imperativo de interdependência de órgãos de soberania – art. 111 nº1 – e
comunicação é o pressuposto de atos na área das relações internacionais que implicam a
intervenção presidencial – art. 135. AR – não participa na negociação, mas, por virtude do
princípio dos poderes implícitos, pode recomendar ao Gov a negociação, até em certos moldes,
de qualquer tratado. O governo tem também de informar os grupos parlamentares – art 180
nº2 j) - e partidos políticos da AR que não fazem parte do governo – art. 114 nº3 CRP. Se não o
fizer – irresponsabilidade sem desvalor.

Salvo nas situações em que o representante do Estado português em negociações goze de


plenos poderes funcionais ou as outras entidades negociais, o DIP exige a apresentação de
plenos poderes. Estes devem ser assinados pelo PR, pelo PM ou pelo MNE para serem
internacionalmente aceites. O Direito português não é claro quanto ao órgão competente para
assinar os plenos poderes. No entanto, a prática seguida é a destes serem assinados pelo PR e
pelo MNE, sendo concedido formalmente pelo primeiro, embora seja o governo que se
apresenta como autor material da concessão.

Fase instrutória
Convenções internacionais que exigem pareceres obrigatórios de entidades que devem ser
ouvidas previamente. A CRP não o exige – a não ser na intervenção de certas entidades no que
toca às regiões autónomas, em que a sua falta pode levar a uma inconstitucionalidade formal
da convenção – sem prejuízo do art. 277 nº2.

Fase constitutiva ou Aprovação


Modificação do status jurídico da convenção. Pode ser feita pelo: Governo ou AR.

Iniciativa de aprovação - cabe sempre ao GOV – 198 nº1 RAR - a reserva de negociação e
autenticação e de condução da política externa cabe ao GOV. A iniciativa do GOV junto da AR
manifesta-se sob a forma de proposta de resolução de aprovação da convenção, que deverá ter
sido aprovada em Conselho de Ministros – art. 197 nº1 c) e 200 nº1 d) CRP. A AR não fica
vinculada pelas reservas propostas do governo – pode sempre rejeitá-las e apresentar outras –
art. 204 nº1 RAR.

AR – aprova todos os tratados, pode aprovar acordos. Matérias que são reserva de tratado –
art. 161 i) CRP; preceitos de reserva de convenção – cidadania (art. 4º), exercício em comum de
poderes necessários à integração europeia (art. 7 nº6), TPI (art. 7 nº7), novos direitos
fundamentais (art. 16 nº1), extradição (art. 33 nº 3,4,5), funções do BDP (art. 102); matérias que
envolvam decisão política relevante ou primária ex. transferência de Macau. Aprova tratados
sobre matérias que correspondem à sua reserva – art. 164 e 165 CRP – escolhendo a designação,
tratado ou acordo – quando estejam em causa opções políticas primárias deve preferir-se a
forma de tratado. Em matéria de competência convencional não são admissíveis autorizações
ao governo – art. 111 nº2 – já que a CRP as consagra apenas em relação à competência
legislativa. Basta constar na convenção uma única norma que incida sobre matéria da
competência da AR para que esta ter o dever de a aprovar.

O Gov pode dispor da sua competência em relação a cada acordo internacional em concreto,
submetendo-o à aprovação da AR – art. 197 nº1 c) e 200 nº1 d) e 161 i) CRP. Mas, acordos que
incidam sobre a organização e funcionamento do governo ou sobre aspetos puramente
administrativos não devem ser submetidos à AR.

A fase da discussão é feita em Plenário, na generalidade e na especialidade. Apenas se verifica


uma votação global final - art. 200 + 202 RAR – pela maioria normal - art. 116 nº3 CRP. A maioria
estipulada é a maioria simples, mas as que são aprovadas por lei orgânica ou maioria de 2/3, a
AR deverá aprovar as convenções por maioria simples, apesar de existirem autores que alegam
que deve ser pela maioria anteriormente utilizada – como por ex. ECB - a maioria só terá de ser
agravada quando incida sobre matéria que, aprovada por ato legislativo, teria de o ser por
maioria agravada – art. 168 nº5 e 6. JM concorda com ECB.

Art. 166 CRP nº5 e 6 e 134 b) – o ato de aprovação de uma convenção pela AR reveste a forma
de resolução – não está sujeita à promulgação do PR – art. 166 nº6 CRP.

Governo – só pode aprovar acordos que não competem à AR – art. 197 nº1 c). No seio do
GOV, é ao CM que compete a aprovação dos acordos internacionais – art. 200 nº1 d) – ideia de
corresponsabilização de todo o Gov.

Art. 197 nº2 CRP - o ato de aprovação de uma convenção pelo Gov reveste a forma de decreto,
que deve ser remetido ao PR para ser assinado – art. 134 b) CRP.

Aprovação por referendo


A CRP permite a aprovação por recurso a referendo de convenções internacionais. O regime
constitucional e legal do referendo não o admite expressamente, mas considera-se importante
conhecer o sentido da decisão dos cidadãos antes de ser negociado um tratado. Exceções de
conteúdo: alterações à CRP, questões e atos de conteúdo orçamental, tributário ou financeiro;
matérias previstas no art. 161º CRP, expecto a alínea i); matérias do art. 164, com exceção da
alínea i) – art. 115 nº4 e 5 CRP. A iniciativa do referendo sobre uma questão de convenção
internacional compete à AR – art. 161 j) – ou ao GOV – art. 197 nº1 e), mas a decisão final sobre
a efetiva convocação cabe ao PR – art. 115 nº1 e 134 c) – que terá ainda de sujeitar
obrigatoriamente a proposta a fiscalização preventiva da constitucionalidade e da legalidade
pelo TC. Uma vez decidia a questão pelo referendo, é vinculativa – art. 115 nº1 – mas a AR ou o
GOV terá ainda de proceder à sua aprovação, mas com liberdade de decisão limitada, também
na intervenção posterior do PR. Mantem-se a liberdade de formular reservas. Só questões
objeto de tratado podem ser submetidas a referendo – art. 115 nº3.

Fiscalização da constitucionalidade das convenções internacionais


Fiscalização preventiva da constitucionalidade – exercida quer pelo PR como pelos
representantes da república – faculdade de ao se confrontarem com uma lei, decreto-lei para
promulgação ou convenção, ao existirem dúvidas sobre a constitucionalidade, dever pedir a
fiscalização. Veto absoluto – PR recusa assinar ou promulgar. Art. 278 nº 3 CRP – prazo de 8 dias
para o PR.
Art. 278 nº1 – dúvidas – os acordos que são aprovados pela AR são sobre a forma de resolução
e não de decreto. Os acordos internacionais aprovados pela AR – art. 161 CRP – são aprovados
sobre forma regulamentar e não de decreto. Não faria sentido, face à essencialidade das
matérias, sujeitar as menos importantes ao controlo preventivo e isentar do mesmo controlo as
mais relevantes. O PR então só poderia fiscalizar tratados, acordos, mas não poderia sobre
resoluções da AR – lacuna ou falha regulatória do legislador – faz-se uma interpretação extensiva
– a expressão “decreto” não significa textualmente apenas um decreto formal do governo – tem
de se ler diploma. Valerá tanto para o GOV como para a AR; ECB – é da mesma opinião e JM
também.

Se uma convenção for inconstitucional – PR não pode ratificá-la no caso de matéria de tratados
– art. 279 nº1 e 4 CRP – veta o ato no caso de acordos internacionais. Em relação a tratados,
nem sequer é necessário falar de um veto jurídico – não existe um ato interno que deve ser
vetado – a resolução da AR que o aprova não é remetida ao PR – e o tratado internacional,
enquanto ato internacional, não está sujeito a veto. Daí que o art. 279 nº4 CRP não refira
qualquer veto. Mas em qualquer um dos casos, é devolvido ao órgão, que tem 4 opções:

1 – Formulação de uma reserva que seja internacionalmente admissível, eliminando a


inconstitucionalidade – art 204 nº1 RAR. Não pode expurgar o texto – está autenticado, não
podendo ser unilateralmente alterado – daí que só o art. 279 nº2 fale de expurgo, e não o 279
nº4. No caso de formulação de reserva – remetido novamente ao PR, depois de um novo
procedimento de aprovação – art. 204 nº2 RAR.

2 - Repetir o procedimento interno de vinculação, se se tratar de uma inconstitucionalidade


orgânica ou formal

3 - Desistência pela AR de aprovar o tratado – estado português não se vincula a ele

4 - AR reaprovar a convenção por maioria qualificada – 2/3 - superando a decisão do TC – 279


nº4 CRP e 203 nº1 RAR. Art. 203 nº3 RAR – só pode ter lugar a partir do 15º dia posterior à
receção da mensagem fundamentada do PR. Se se tratar de uma inconstitucionalidade material
- PR não fica obrigado a ratificar o tratado confirmado – art. 279 nº4 – “poderá” – obrigação de
cumprir a CRP – art. 127 nº3. JM - o preceito – “poderá” - deve ser suprimido em futura revisão
constitucional – não está de acordo com a sua aplicação, mas não diz que esta não acontece.
Tratado, enquanto ato internacional, não está sujeito a veto – deve apenas ser devolvido ao
órgão que os aprovou. Perante um acordo, as 3 primeiras alternativas são aplicáveis, mas a
última não – não são suscetíveis de confirmação – art. 279 nº4 só se refere a tratados e art. 279
nº2 – só se refere a decreto, e não fala de resolução – não se pode fazer analogia pois estas são
normas excecionais que derrogam princípios fundamentais constitucionais. Contudo, a AR pode
converter o acordo em tratado – não está vinculada à forma dada pelo Governo – art. 135 b)
CRP - só assim poderia confirmá-lo, através de um novo procedimento de aprovação, desde o
início. Também o Gov, sendo confrontado com um veto jurídico do PR, pode desistir da
aprovação do seu decreto e apresentar à AR sob a forma interna de tratado.

Fiscalização sucessiva concreta – Uma convenção pode ser desaplicada se entrar em


desconformidade com a CRP. Convenção impugnada junto do TC – inválida – regra será expulsa
da ordem jurídica – coloca problemas do cumprimento. Art. 277 nº1 e 2 + 204 + 280 nº1 + 281
nº 1 a) e 3 CRP. Art 70 nº1 i) + art. 71 nº2 lei orgânica do TC – declarar a inconstitucionalidade
com força obrigatória geral de uma norma constitucional em violação de normas e atos
internacionais. Art. 204 nº1 RAR – uma segunda deliberação pode introduzir alterações à
primeira resolução de aprovação do tratado, formulando novas reservas ou modificando as
anteriormente formuladas.

Aplica-se quer a tratados, quer a acordos, segundo o prof. CBM (questão doutrinária já
anteriormente abordada). ECB – aplica-se a ambos, tratados e acordos.

277 nº2 - Aplica-se a convenções que padeçam de 2 tipos de constitucionalidade – formal e


orgânica – não se aplica quando material. Desvalor – irregularidade – apesar de viciada, a norma
produzirá todos os efeitos normais. Só se aplica este artigo a convenções concluídas – ratificação
do ato de aprovação do acordo pelo PR. “Regularmente” – ratificação regular apenas implica a
ratificação ou assinatura do ato de aprovação por parte do PR.

Violação de uma disposição fundamental:

1 - Inconstitucionalidade orgânicas que decorram de incompetências absolutas para a aprovação


da convenção ex. AR aprova convenção sob forma de lei; governo aprova sob forma de tratado
em vez de acordo – exemplos da Maria Luísa Duarte

2 - Incompetência relativa por parte do governo se invadir o art. 161 i), competência da AR;

3 - Inconstitucionalidades formais que decorrem da aprovação da convenção por maioria


inferior à simples

4 - Violação do quórum,

5 - Total ausência de aprovação.

6 – Incompetência individual ex. Ministro aprova; PR aprova.

Não são violações de disposição fundamental:

1 - A não participação das RA na negociação de uma convenção que lhes diz respeito;

2 - Negociação ou autenticação por entidade sem plenos poderes, desde que confirmada por
intervenção posterior do GOV ou da AR;

3 - Vinculação a uma convenção informal;

4 - Aprovação de uma convenção por iniciativa da AR;

5 - Aprovação pelo Gov de tratados ou de acordos da competência da AR – salvo o art. 161 i);
utilização de forma inconstitucional na aprovação;

6 - Violação de maiorias agravadas ou menos de quórum;

7 - Ratificação do ato de aprovação após sentença de inconstitucionalidade, sem confirmação


da AR ou confirmação viciada por falta de maioria ou quórum;

8 - Falta de referenda; violação de quaisquer prazos

Princípio da reciprocidade – 277 nº2 - as normas viciadas sejam também aplicadas na


ordem jurídica dos outros estados – os vícios não devem ser graves – não devem violar
uma componente fundamental – no momento em que o tribunal português a está a
apreciar a questão, a convenção deve estar a ser aplicada pela outra parte. Se estes
requisitos se verificarem todos – normas meramente irregulares – podem produzir os
seus efeitos jurídicos na ordem interna. Portugal, se se tratar de uma convenção
multilateral, continuará a aplica-la em relação aos restantes Estados, apesar de
inconstitucional. Esta exigência suplementar do art. 277 nº2 apenas deverá ser aplicada
à luz dos requisitos estabelecidos para a exceção do não cumprimento – art. 60 CVDT.

Fase de controlo pelo PR


Aprovadas as convenções, são submetidas ao PR para um controlo de mérito – art. 134 b) e 135
b) CRP – para serem ratificados – ato livre do PR – pode não o fazer (veto absoluto não
superável), apesar do prof. Fausto Quadros sustentar que o PR seria obrigado a assinar os
acordos – art. 137 CRP – se não, não haveria ratificação e haveria uma inexistência “reforçada”
– art. 140 nº1 CRP. Perante a recusa de ratificação fundada em motivos políticos – confirmação
da aprovação da aprovação é inútil como modo de obrigar juridicamente o PR. Pode, então,
aprovar novamente o tratado formulado com reservas, se internacionalmente admissíveis. O
procedimento seria o mesmo para a recusa de ratificação por motivo de inconstitucionalidade.
PR nunca pode formular reservas.

Não existindo um dever constitucional de diferenciar materialmente tratado e acordo, a


diferença quanto à situação do PR não se justifica, e, sendo o representante da Républica,
resolução de tratados e acordos serão remetidos ao PR, para assinatura – art. 203 RAR e 134 b)
CRP. JM concorda, e acrescenta – o PR representa o estado nas relações internacionais – art.
12º CRP - mal se compreenderia se não se pudesse opor também a acordos.

Recusa da assinatura pelo PR por motivos políticos – AR ou Gov podem aprovar novamente o
acordo com reservas admissíveis ou alterar reservas, de forma a procurar obter a assinatura do
Presidente.

Prazos para a assinatura – prof. JM – 20 dias – aquele que é ficado para as leis – art. 136
nº1. Prof. Gomes Canotilho e Vital Moreira – não existem prazos para o PR assinar
acordos ou retificar tratados. CB – prazo aplicável por analogia– 20 dias para a AR – art.
136 nº1 CRP – e 40 dias para o Gov – art. 136 nº4. A ultrapassagem deste prazo não terá,
no entanto, consequências graves – mera irregularidade. No entanto, não pode o PR
prolongar esta situação para lá do final da legislatura, sob pena de caducar a resolução
de aprovação da AR – art. 167 nº5 e 7 CRP – seria uma violação do art. 135 b) CRP.

Ratificação – meio de decreto presidencial.

Referenda ministerial
A ratificação não produz quaisquer efeitos internacionais sem ter sido depositado, trocado o
instrumento de ratificação. Ato de deposito do instrumento de ratificação está sujeito a
referenda ministerial do MNE, sob pena de inexistência jurídica – art. 140 nº1 CRP. O governo,
mesmo tendo esta referenda, não tem o poder de a recusar por questões de mérito. Ausência
de prazo para a prática da referenda – 8 dias – art. 136 nº2 CRP – violação – irregularidade.

Fase de Publicação
O texto da convenção deve ser publicado no Diário da Assembleia da República - Art. 8 nº2 e
119 nº1 b) CRP. Tenha-se presente que os prazos de vacatio legis internos raramente farão
sentido em relação às convenções internacionais. A publicação tem sido feita em anexo à
resolução ou decreto que aprovou a convenção. Um particular pode invocar contra o Estado
uma convenção não publicada, mas não ao contrário. Art. 8 nº2 – os tratados e acordos só
vigoram na ordem interna se vigorarem na ordem internacional.

Sujeitos de DIP
Sujeito – entidade titular de direitos.

Capacidade jurídica internacional – âmbito de agir na comunidade internacional através de


condutas reguladas pelo mesmo direito internacional.

Personalidade jurídica internacional – titularidade de direitos e obrigações

Capacidade de exercício – capacidade plena – 3: 1 – celebrar tratados; 2 – exercer o direito de


defesa ou de guerra; 3 – abrir missões diplomáticas junto de outros sujeitos.

Sujeitos com soberania plena – 2:

1 – Estado soberano

2 - Algumas organizações internacionais ex. ONU

Sujeito com capacidade limitada – 6:

1 – Organizações que não tenham os atributos da capacidade

2 – Estados protetorados e estado exíguos – relação de vassalagem.

3 – Beligerante – entidade composta por forças que, pretendendo derrogar num dado
estado um poder político e não conseguido, dominavam uma parte do território desse
estado e desencadeavam ações armadas contra o poder central. Capacidade jurídica
limitada para tratados que regulassem conflitos. Não eram considerados sujeitos de DIP,
mas com o tempo, a figura do beligerante tornou-se obsoleta. Ganhou força a figura do
insurreto – sujeito de DIP que tem um conjunto de obrigações.

4 – Movimentos de libertação nacional – movimentos políticos ou político – militares


que defendem uma parcela de um território de um estado por razões éticas, linguísticas
ou/e naturais. Conhecidos principalmente na época de descolonização.

5 – Governos no exílio – governos executivos que operam foram do território, de modo


a assegurar o poder político, criando uma estrutura no exílio. Para serem reconhecidos
como sujeitos de DIP, devem dominar parte do território, tendo patentes as outras
características.

6 – Indivíduo – capacidade muito limitada – titular de direito de natureza humana


regulados por tratados.

Reconhecimento do estado
Ato jurídico unilateral, livre ou tendencialmente livre – os estados e as organizações
internacionais não são obrigados a reconhecer uma dada coletividade territorial como estado.
As organizações das nações unidas ou regionais (EU) estabeleceram um conjunto de condições
para o reconhecimento para uma coletividade de um estado. Alargamento da capacidade de
gozo da entidade reconhecida, e não a de conceder personalidade internacional. Não há nunca
um dever de reconhecimento. Direito de reconhecer exige um comportamento de boa-fé. Se o
estado que faz o próprio reconhecimento tiver contribuído por meio ilícito para criar a situação
– obrigação de não reconhecimento por outros estados.

Reconhecimento – expresso ou tácito; pode ser coletivo ex. admissão de novo estado numa
organização internacional. Reconhecimento é irrevogável.

Teoria da eficácia declarativa – declaração em que se atesta uma dada realidade,


nomeadamente que uma comunidade territorial tem os elementos típicos da estadualidade.
Aconteceu, com eficácia, nos territórios ex. coloniais. Conclusão – o reconhecimento pode ser
meramente declarativo se estiverem reunidos os quatro requisitos factuais tradicionais e o
consentimento do Estado com jurisdição. JM – prevalece a tese da natureza declarativa – melhor
traduz a realidade de uma vida jurídico-internacional muito mais desenvolvida e apertada.
Reconhecimento prematuro é ilícito – o ato de reconhecimento pressupõe a efetividade do
poder do novo Estado.

Requisitos factuais tradicionais (tipificados na Convenção de Montevideu) – art.1:

1 – Governo efetivo

2 – Sobre um determinado Povo (ou População)

3 – E Território

4 – Com Capacidade para desenvolver relações internacionais.

Teoria da eficácia constitutiva – mesmo que a comunidade não tenha esses elementos, por
razões políticas, reconhece-se essa decisão de reconhecer. Pode operar por um ato coletivo –
assembleia geral das nações unidas – maioria dos dois terços presentes, com quórum – não pode
deparar com a oposição aberta de uma grande potência. Art 18 nº2 Carta - admissão de estados-
membros. Depois de um Estado ter sido coletivamente reconhecido, o reconhecimento
individual por outro Estado é juridicamente irrelevante, sendo puramente declarativo.
Conclusão – o reconhecimento pode ser constitutivo quando incide sobre uma entidade que
não reúne os requisitos factuais estabelecidos pelo DIP para a formação automática de um
Estado, mas cuja população e território não é objeto de um direito por parte de um outro Estado
– posição mista.

Constituição unilateral - significa que uma entidade poderia constituir um Estado perante outro
Estado que a reconheceu, mas não perante um terceiro que recusou conceder tal
reconhecimento. Considerar que o reconhecimento tem sempre efeitos constitutivos seria
entender que não pode existir qualquer direito à independência. Sustentar o carácter
constitutivo do reconhecimento em todos os casos significa defender que a formação dos
Estados não se encontra sujeita a quaisquer normas jurídicas internacionais positivas, ou que, o
DIP se limitaria a estabelecer pressupostos para a concessão do reconhecimento. Os restantes
Estados teriam um direito de vetar em todos os casos o surgimento de novos Estados,
independentemente de a sua formação ter sido aceite pelas partes interessadas.
Reconhecimento condicionado – orientações muito restritas para os novos estados.

Doutrina Stimpson – critérios – não se deve reconhecer um estado que tenha sido criado
artificialmente num quadro de separatismo relativamente ao território onde este se integrava.

Reconhecimento de governo
Dimensão mais política que o reconhecimento de Estados. Ato usualmente livre dos estados,
mas com resoluções das organizações internacionais que proíbem o reconhecimento de certos
governos – caráter condicional. Ato unilateral através do qual um órgão competente de um
estado admite que um conjunto de pessoas que assumiram o poder noutro estado têm a
faculdade de o representar como instituições soberanas. Linguagem decisiva. Governo – não
designa o órgão do Estado com o mesmo nome, mas sim o seu sistema de órgãos políticos e o
respetivo título jurídico – JM concorda. Questão do reconhecimento do estado só se coloca
quando ocorreu uma rutura clara na Ordem Constitucional do Estado - JM concorda.
Logicamente, o reconhecimento de Governo tem natureza declarativa, não constitutiva.

Há declarações solenes, escritas, orais à imprensa, notas verbais, telegramas e até tweets.

Formas de reconhecimento implícito – troca de embaixador.

Critério de efetividade – concertação de que um determinado poder político exerce um domínio


efetivo sobre a totalidade ou a parte mais relevante de um determinado território. Aprovação
das credenciais de um indivíduo como delegado do Governo de um Estado perante uma
organização ou conferência internacional – reconhecimento informal, indireto, juridicamente
relevante. Único critério de reconhecimento aceitável.

Elemento essencial tradicional da constituição de um novo Governo – efetividade do seu poder


sobre o território e Povo do Estado de que pretendia ser órgão – Doutrina Estrada – legitimidade
automática dos Governos efetivos, independentemente do modo como adquiriram o poder.
Doutrina que se impôs – o aparelho do estado controla o território, as forças armadas exercem
um poder que envolve uma aceitação mínima por parte da população. No entanto, porque esta
prática não é ainda uniforma, não se pode concluir que todos os corolários da Doutrina Estrada
tenham sido consagrados juridicamente.

Doutrina tradicional – em termos práticos, chega a resultados idênticos à anterior - caráter


declarativo do reconhecimento de Governo, baseado na sua efetividade, e da consequente
desnecessidade jurídica. A partir dos anos 80 – abandono desta prática – imposição da doutrina
Estrada. Só em situações pontuais equívocas uma declaração expressa de reconhecimento de
Governo se tem revelado de alguma utilidade.

Limitação do critério da efetividade – o não reconhecimento jurídico decorrente da violação do


ius cogens:

1 – Governo instituído com intervenção bélica ilícita de um Estado estrangeiro, e que


apenas se mantém graças ao seu apoio militar direto – Governo fantoche

2 – Administração enquanto potência colonial

3 – Apenas se mantém graças a um sistema de discriminação racial sistemática.


Mais limites ao critério da efetividade – o não reconhecimento democrático:

1 – Meio de adquirir o poder violou abertamente o princípio da legitimidade popular

Consequências do não reconhecimento jurídico:

1 – Violação do ius cogens – título do anterior Governo é considerado juridicamente


válido, apesar de destituído de efetividade – Governo no exílio.

2 – Reconhecimento viola fundamentos políticos – nulidade do título de Governo – atos


inválidos – apenas poderão ser reconhecidos à luz da teoria geral da salvaguarda dos
atos nulos em nome da tutela das expectativas. Exceto nestes casos – bens
governamentais congelados, interrompidas as relações diplomáticas.

Reconhecimentos condicionados – sujeitos a condição e com a possibilidade da sua retirada.

Executivos de iura ou Executivos de facto

Organizações internacionais
Critério da estrutura jurídica

1 – Organizações intergovernamentais – maior protagonismo da soberania dos Estados.


Os estados associam-se e os representantes dos Estados acedem aos órgãos dessa organização
internacional como representantes dos estados ex. conselho de segurança das nações unidas

2 – Organizações supranacionais – associações de estados que limitam a sua respetiva


soberania para a delegar na organização internacional. Relações de superordenação – os órgãos
da OI têm a faculdade de emitir atos jurídicos unilaterais que vinculam todos os estados. Art. 7
nº6 CRP – no âmbito da construção jurídica europeia, o estado português aceita colocar em
comum um conjunto de competências que serão exercidas ou conjuntamente com, ou pela
própria União Europeia.

Ex. União Europeia.

Critério do objeto

Organizações de fins gerais – fins políticos, de defesa, de cooperação económica e


cultural ex. ONU, União Europeia

Critério do espaço e do âmbito espacial ou territorial de atuação

Organizações universais – associam todos os estados que compõe a sociedade


internacional ex. ONU

Organizações regionais – têm uma componente geográfica ex. União europeia, união
europeia

Atribuições – caracterizam as organizações internacionais


Princípio da especialidade – criadas para prosseguir determinados fins. Atribuições – devem
decorrer do seu tratado constitutivo, não se podendo presumir. Os poderes de qualquer
organização somente podem ser utilizados para prosseguir uma das atribuições – limitam as
suas áreas de atuação.

Princípio dos poderes implícitos – a teologia do estabelecimento de uma dada atribuição impõe
que se lhe reconheça tal poder. Poder efetivamente necessário para o adequado
prosseguimento de uma das suas atribuições.

ONU
Criada através da assinatura da Carta das Nações Unidas em 1945. Carta foi concebida como o
repositório dos grandes princípios das relações entre todos os Estados e tendo primazia sobre
quaisquer outras obrigações internacionais.

DUDH – declaração política – a nossa CRP confere-lhe valor constitucional – art. 16 nº2 CRP.

Fins e princípios na Carta:

Art. 1 nº1 – manter a paz e a segurança internacional e tomar coletivamente medidas efetivas
para evitar ameaças de guerra, reprimir atos de agressão ou evitar ruturas da paz. As nações
unidas contam com uma força militar de intervenção fornecida pelos estados – capacetes azuis.

Objetivo económico-social - conseguir uma cooperação internacional para resolver problemas


de caráter económico, cultural, social e humanitário.

Respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais, sem descriminação de raça,
língua etc. Não sucede em muitos casos.

Art. 2

Princípio da igualdade dos seus membros. Conselho de segurança – desigualdade nos


membros presentes.

Princípio da boa fé – devem cumprir exigências e obrigações constantes da carta

Resolução de controvérsias por meios pacíficos – arbitragem, vias políticas como


mediação, inquérito de conciliação.

Princípio de não ingerência da organização nos assuntos que dependam essencialmente


da jurisdição de um estado – nº7. Expressão ambivalente e as nações unidas têm interferido –
“essencialmente”.

Caducidade das normas sobre Estados inimigos – art. 53 e 107; não havendo territórios sob
tutela, do Conselho de Tutela – art. 86 a 91;

Membros da organização

1 – Membros originários – 5 estados que assinaram a carta – art. 3

2 – Estados que foram sendo admitidos


Admissibilidade dos estados – art. 4 nº1 – fica aberta a todos os amantes da paz que aceitarem
as suas obrigações. Assembleia delibera por maioria de 2/3, por proposta do Conselho de
Segurança.

Art. 5 – suspensão ou expulsão - art. 6 – sanções, retirada do direito de voto na assembleia geral
– decorre de deliberação da assembleia geral por 2/3. Situações extremas.

Órgãos da ONU – art.7

Assembleia geral – constituída por todos os membros das nações unidas – órgão
plenário e colegial. Cada membro só tem direito a 1 voto. Órgão principal da ONU? Não – art.
12 – se o conselho de segurança intervir, a assembleia geral suspende a sua intervenção nessa
mesma questão. Art. 10 – a assembleia geral pode fazer recomendações aos membros e a ao
conselho de segurança – não têm efeito vinculativo – no entanto, recomendações sucessivas
trazem força – sobre manutenção de paz e da segurança internacionais – art. 11 nº2 e 3 –
desarmamento – art. 11 – solução pacífica de conflitos – art. 14 – cooperação política,
económica, social e cultural – art. 13 nº1. Art. 13 – elenco de recomendações que a assembleia
geral pode fazer. Cada estado tem direito a um voto – art. 18 nº1. Critérios de deliberação e de
votação – art. 18 nº2 - maioria de 2/3. Art. 17 – aprova o orçamento da organização. Reuniões
– sessões anuais regulares com um presidente – art. 21 – e depois em sessões especiais quando
exigidas pelas circunstâncias. Estas sessões especiais, em função de problema emergente, serão
convocadas pelo secretário geral ou a pedido do Conselho de segurança ou a pedido de uma
maioria de membros. Art. 19 – não tem efetividade. Privação do direito de voto de estados que
não cumpram as suas obrigações de contribuir para as despesas da Organização – art. 17 nº2 e
19. Competências da AS: apreciação de relatórios do CS – art 15; aprovação do orçamento da
Organização – art. 17; eleição dos membros não permanentes do CS – art. 23; autorização de
pedidos de parecer ao TIJ – art. 96 nº2; aprovação de emendas à Carta – art. 108. Competências
conjuntas com o CS: admissão, expulsão e suspensão de Estados – art. 4,5,6; designação do
Secretário-Geral – art. 97.

Conselho de Segurança – 15 membros – 5 permanentes – EUA, Federação Russa, China,


Reino Unido e França - e 10 eleitos – necessidade de distribuição geográfica equitativa – art. 23º.
Não é admitida a expulsão de membros permanentes do CS – art. 23. Art. 24 – visa assegurar a
ação por parte das nações unidas relativamente a controvérsias e litígios essenciais –
manutenção da paz e ação de acordo com os princípios e obrigações da carta – estados devem
aceitar e aplicar as resoluções do CS, especialmente as tomadas ao abrigo do cap. VII –
deliberações que vinculam todos os estados – manifestação da supranacionalidade – art. 25.
Supremacia típica das organizações supranacionais – art. 8 nº3 CRP. Assuntos procedimentais –
maioria de 9 membros. Em todos os outros assuntos – maioria de 9 membros, incluindo o voto
favorável de todos os membros permanentes – se um dos membros não votar favoravelmente,
equivalerá a um veto – art. 27 nº3. A prática revela que se podem abster, não necessitando do
voto positivo – a abstenção não vale como voto – costume derrogatório de uma convenção
internacional. O que é uma questão procedimental e o que são as outras questões? Deliberação
do conselho – uma deliberação pode ela própria ser objeto de um veto dos membros
permanentes – duplo veto. Art. 39 – o conselho de segurança é que determina se há rutura de
paz, e decidi que medidas devem ser tomadas de acordo com o art. 41 a 48. Art. 40 – pode
convidar as partes desavindas, numa situação possível de se agravar, a tomar medidas
provisórias. Art. 41 – pode fazer sanções – económicas, interrupção de meios de comunicação
ou romper de relações diplomáticas. Art. 42 – medidas musculadas: bloqueio, envolvimento de
forças militares, de modo a manter a paz. CBM – art. 43 e 44 - impossível tomar a liderança de
uma força militar de um dado estado. Art. 47 – CBM – artigo caducou – não faz sentido a criação
de um Estado Maior. Ações não musculadas – capacetes azuis; legitima defesa em favor de
terceiro. Cap. VIII – sendo as NU incapazes de mobilizar uma força própria, podem autorizar
outra força a exercer forças militares, para assegurar a paz.

Conselho económico e social

Conselho de tutela – já não tem quase funções

Tribunal internacional de justiça – sede em Haia

Secretário (secretariado na carta) geral das NU – gere a administração das nações unidas
– papel relevante como mediador de conflitos internacionais – coloca assuntos na agende de
outros órgãos da ONU. A expressão “secretariado” deve ser substituída por secretário geral.

Meios políticos de resolução de conflitos


Conflitos – muitas vezes nem são bélicos – controvérsias – muitas vezes resolvidas pelas
chancelarias - art. 33 e 34.

Meios de solução:

Negociação – conversação entre as partes através de canais diplomáticos.

Bons ofícios – função tomada por uma terceira parte – contacta as partes e cria meios para que
estas possam dialogar. Não tem de propor alternativas.

Grupo de contacto – forma próxima dos bons ofícios – obtenção de informações acerca da
disponibilidade das partes para a abertura de negociações.

Mediação – terceiro começa a propor soluções – atividade mais robusta. Muitas vezes começa
por desenvolver uma atividade de bons ofícios. art.33 nº1

Conciliação – não muito comum – inquérito – apuramento de factos e enquadramento jurídico.


Cria-se depois uma comissão para arranjar soluções. art.33 nº1

Pressão exercida pelas organizações internacionais – sucessivas deliberações que compelem um


estado a tomar dadas soluções.

Meios jurisdicionais - 3 modelos:

1 – Modelo arbitral – 2 vertentes:

1 – Tribunal de arbitragem das NU – funcionamento muito deficitário

2 – Tribunais arbitrais constituído pelas partes – tribunais ad hoc.

2 – Arbitragem confiada a chefes de estado – modelo misto – intervenção política – meio raro.

3 – Via jurisdicional – tribunais– específicos

1 – TIJ – órgão das NU. Convenções sobre as quais se debruce têm de estar registadas
no secretariado das NU. 15 juízes eleitos – presididos por um presidente. Têm a competência
para estabelecer os limites da sua própria jurisdição. Duas fases – fase escrita e alegações orais.
Pode elaborar pareceres, requeridos por organizações internacionais. Quem tem legitimidade
ativa para acionar o tribunal – estados – circunstâncias:

1 – Convenção internacional – clausula em que se determina que os litígios


serão solucionados pelo TIJ

2 – Acordo das partes – necessário que os estados aceitem a jurisdição do


tribunal.

Uso da força
CS – monopólio da avaliação do uso da força – art. 24 e ss. e 38 e ss.

A carta apenas consente o uso da força em duas circunstâncias:

1 – Em caso de assistência à própria ONU – art. 2 e 5

2 - Legítima defesa – art. 51 – requisitos – costume integrado na carta de forma mais restrita
que o costume original:

1 – Agressão tem de ser uma armada – não pode ser um bloqueio de comunicações, por
ex.

2 – Proporcionalidade em relação aos meios de reação.

3 – Resposta imediata – prazo é caso a caso

Represálias e retaliações – Não são admissíveis face à carta. Retaliações - têm um carater
punitivo – atinge infraestruturas – excesso. Represália – natureza coerciva – dissuadir futuras
agressões. Por vezes as NU têm decisões onde entendem que certas retaliações são
consideradas razoáveis – CBM – deveria então haver codificação destas.

Não é admissível a legitima defesa de terceiros – art. 51.

ECB – problema – legitima defesa preventiva – figura que existe no costume internacional,
anterior à carta. Um estado sabe que vai ser objeto de um ataque armado iminente – antecipa-
se e desencadeia um ataque armado. Pressupostos:

1 – Necessidade imediata de ação armada

2 – Iminência ataque

3 – Não há margem para agir de outro modo.

CBM – admite a existência desta figura, desde que reunidos os pressupostos.

Uso da força como proteção de nacionais ameaçados – CBM - deveria ser regulado no âmbito
das nações unidas, devido a diversos casos controversos nas últimas décadas.

Uso da força por razões humanitárias – quando num determinado estado se estão a realizar
alegados crimes contra a humanidade – NU – podem intervir. Não justifica intervenções
unilaterais de estados, como pretexto para invadir outros. CBM – deveria haver um artigo que
explicitasse isto.

Intervenção do CS
Intervenção do CS – por sua iniciativa – art. 34 e 36 nº1 – por iniciativa da AS – art. 11 nº3 – por
iniciativa do Secretário Geral – art. 99 – por iniciativa de qualquer dos Estados envolvidos, seja
membro ou não – art. 35 nº1 e 2.

Resultados: convite às partes no sentido da solução pacifica do conflito – art. 33 nº2; abertura
de inquérito – art. 34; recomendação dos processos ou métodos adequados de solução – art. 36
nº1; recomendação de solução adequada – art. 37 nº2.

Princípio de imparcialidade ou isenção – Estado-membro do Conselho deve abster-se de votar.

Meios de intervenção na ocorrência de conflito armado

CS – verifica a existência da situação – art. 39 – e toma as medidas apropriadas para a vencer –


art. 40 e ss.

Medidas provisórios e recomendações – art. 40

Decisões obrigatórios – art. 41 e ss.

Operações de paz – regime jurídico tem-se formado por costume internacional.

Tribunal europeu dos Direitos do Homem e Convenção europeia


dos direitos do Homem
TEDH – jurisdição internacional. Composto por número de juízes igual aos dos Estados Membros
do Conselho da Europa que ratificaram a Convenção para a proteção dos Direitos do Homem e
das Liberdades Fundamentais – eram 46, 45 pq Federação Russa bazou. Juízes – têm assento no
tribunal a título individual e não representam nenhum Estado. Aplica a Convenção. Aprecia as
queixas. Violação – sentença com força obrigatória.

Convenção Europeia dos Direitos do Homem – tratado internacional aberto. Institui o Tribunal
e regula o seu funcionamento. Lista de direitos e liberdades a que os Estados se comprometem
a respeitar.

Tratamento de queixas – Secretaria – juristas provenientes de todos os Estados membros –


independentes dos países.

Direitos previstos: à vida; a um processo equitativo; respeito pela vida privada a familiar;
liberdade de expressão; liberdade de pensamento, de consciência e de religião; a um recurso
efetivo; proteção da propriedade; de voto.

Proibições previstas: tortura, penas ou tratamentos desumanos ou degradantes; detenção


arbitrária e ilegal; discriminação ao gozo dos direitos reconhecidos na Convenção; expulsão ou
repulsão por parte de um Estado dos próprios nacionais; pena de morte; expulsão coletiva de
estrangeiros;

Condições prévias – esgotar no Estado de todos os recursos passíveis de remediar a situação


objeto de queixa; apresentação dos motivos da queixa internamente;

Ratione temporis - Quando posso apresentar uma queixa – decisão interna definitiva – 4 meses
para apresentar a sua queixa no TEDH – art. 35 nº1 Convenção. Violação aconteceu depois da
entrada em vigor da convenção por parte do país de que faz a queixa – não é retroativo.
Ratione personae – Quem pode apresentar uma queixa - vítima direta de violação(ões) de
direitos e garantias previstos na Convenção – art. 34 Convenção. Violação é imputável a um dos
Estados vinculados pela Convenção. Pessoa singular ou coletiva. Não pode ser contra uma lei ou
ato injusto. Não pode ser feita em nome de outras pessoas, a não ser que o representante oficial
– art. 36 Convenção. Não pode ser feita sobre a violação de qualquer outro instrumento jurídico
que não a Convenção. Não se pode queixar sobre as mesmas coisas se já foi submetida a mesma
queixa noutro órgão – art. 35 nº2 b) Convenção.

Contra quem – ato ou omissão emanada de uma autoridade pública de um Estados Partes da
Convenção. Não se ocupa de queixas contra particulares ou instituições privadas.

Ratione loci – onde? - Território (efetivo) dos países que fazem parte do conselho da europa

Como posso – formulário de queixa, numa das línguas oficiais de um dos Estados Membros que
ratificaram a convenção. Pode ser feito anonimamente, se o Presidente do Tribunal achar
pertinente – regra geral é que não – art. 35 nº2 a) Convenção.

Desenrolar do processo – examinação da admissibilidade da queixa – no caso de não ser –


inadmissibilidade – decisão definitiva e irrevogável. Admissível – Tribunal incentiva as partes a
chegar a um acordo amigável – art. 39 Convenção. Na sua falta – apreciação da queixa – há ou
não violação da Convenção.

Reparação – constatação da violação pelo Tribunal concede um montante destinado a


compensar os prejuízos – art. 41 Convenção. Tribunal pode também exigir ao Estado
condenação o reembolso das suas despesas com o processo.

Execução das sentenças – Comité de Ministros do Conselho da Europa – assegura o pagamento


das eventuais compensações financeiras.

Limites do TEDH – não atua como instância de recurso superior aos tribunais nacionais; não julga
novamente os processos; não é competente para anular ou modificar as suas decisões; não pode
ajudar a encontrar e pagar a um advogado para redigir a sua petição; não o pode informar sobre
as disposições legais em vigor no Estado requerido.

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