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Sebenta de DIP das aulas teóricas do prof. Carlos Blanco Morais (CBM), com
notas do manual do prof. Eduardo Correia Batista (ECB), e notas do “Curso
de DIP” do prof. Jorge Miranda (JM).
2ª Fase: Desde a idade média até ao início da idade moderna, ao tratado de Vestefália – direito
muito centrado na Europa – noção de que os estados cristãos formariam aquilo que se chama a
Respublica Christiana – relevância papal – determinava o que eram guerras justas e injustas,
determinadas disposições relevantes em matéria religiosa, sancionava monarcas que não
cumprissem com as suas diretrizes, tinha as bulas papais, que reconheciam os territórios a
descobrir, declarava a Guerra Santa.
Evolução da noção de ius gentium - escola clássica espanhola – Francisco Vitória – transformação
no Ius inter gentes – o direito entre os povos
3ª fase – da Paz de Vestefália às Revoluções liberais - fim da guerra dos 30 anos – paz de
Vestefália (3):
Fim da primeira guerra – criação da Sociedade das Nações – objetivo – prevenir conflitos da
mesma magnitude
3ª Fase – Queda do Muro de Berlim – entrada transitória num mundo unipolar. Atualmente,
mundo multipolar – DIP com uma fase unilateralista – estados intervêm militarmente fora das
regras especificas da UN ex. intervenção anglo-americana no Iraque – anarquia das relações
internacionais e enfraquecimento da ONU – enfraquecimento geral do DIP geral ou comum, e
reforço do DIP especial. Fortalecem-se organizações internacionais de tipo regional ex. EU –
regionalismo internacional – fase de blocos regionais – fase atual.
2 – Critério do Objeto – DIP como conjunto de normas jurídicas que regulariam matérias e
questões específicas da sociedade internacional. Definição também insuficiente – Direito penal
é matéria própria do direito interno, com regras de direito internacional penal.
3 – Critério das Fontes – André Gonçalves Pereira – noção formalista – DIP como conjunto de
normas jurídicas produzidas e reveladas por processos próprios da sociedade internacional.
Existem fontes especificas e próprias da sociedade internacional – mas estas normas destinam-
se a regular o quê?
4 – Critério estrutural – DIP como conjunto de normas de direito produzidas por fontes próprias
de direito internacional, que se destinam a reger as relações jurídicas internacionais.
Fontes próprias (6): Tratados; O costume internacional; os atos jurídicos unilaterais; princípios
do Direito Internacional; jurisprudência; doutrina.
2 – Fontes materiais – aludem aos valores que fundamentam as normas jurídicas internacionais
4 – Fontes mediatas – sustentam a aplicação das fontes primárias – podem fundamentar a razão
pela qual se aplica um princípio e não outro ex. jurisprudência; doutrina; equidade contra legem
(derrogatória)
Hierarquia de fontes
Não há hierarquia entre fontes imediatas – difundida tese – tratado e costume encontram-se no
mesmo plano hierárquico, podendo as suas normas revogar-se mutuamente, mas há um
primado das imediatas sobre as mediatas.
Revogar – eliminar do ordenamento um ato por meio de um outro ato de hierarquia idêntica ou
superior
Art. 38 ETIJ
Norma de referência para a enumeração das fontes de DI
Críticas e comentários
2 – Atos jurídicos unilaterais – decisão tomada por um sujeito de DIP, que atua por
si próprio, não dependendo de outro sujeito. Dois tipos:
6 – Costume
Prática reiterada com convicção de obrigatoriedade
Elemento material – diuturnitas – uso – prática constante de uma dada conduta – cria
precedente, que vai sempre no mesmo sentido
Elemento psicológico – opinio iuris – convicção de obrigatoriedade - estados que adotam uma
dada conduta devem-na cumprir
3 – Teoria objetivista – prof. Gonçalves Pereira – teoria formalista – dá relevância aos dois
aspetos, que não se impõem. O costume nasce de forma espontânea e não voluntária, e com a
prova do tempo, com um número de práticas uniformes praticadas no mesmo sentido. Nascem
com 10 ou 5 anos, dependendo do autor. Regência vai de encontro aqui, mas sem estipular qual
o tempo necessário.
1 – O requerente de um dado processo que envolve o costume tem o ônus de provar a sua
existência em tribunal
4 – Comunicados oficiais
Tipos de costume
Há uma tendência para os tratados ocuparem espaço face ao costume ex. convenção de
Montego Bay. Porque há a tendência para a positivação do costume? – especialização do DIP.
Sobre o regime do objetor persistente: “Acresce que, apesar de algumas posições doutrinárias
e mesmo jurisprudenciais ou declarações de Estados nesse sentido, não existe nenhum
precedente de facto em que um Estado se tenha conseguido furtar a uma norma costumeira
pela circunstância de a ter recusado de forma consistente desde o início do processo costumeiro
para a sua vigência. A alegada regra do objetor persistente não existe. “
“Existe mesmo quem vá mais longe e sustente que também os novos Estados independentes
gozam de um período de tempo em que podem recusar a sua vinculação a normas costumeiras
anteriores, num ato paralelo ao recesso dos tratados – Andrea Rapisardi – Mirabelli. Mas trata-
se de posições defendidas em nome de meras construções teóricas e que não encontram
qualquer precedente em apoio.”
Pressupostos do Costume:
Requisitos do Costume:
1 – Generalidade – art. 38 nº1 b) ETIJ - Quantidade e qualidade dos Estados – uma norma
costumeira vincula os estados da comunidade, independentemente de cada um destes ter
participado na sua formação ou de ter dado o seu consentimento em relação a esta.
Modificação do Costume:
7 – Tratados
Tratado – fonte de DIP que não existe em direito interno. Acordo concluído por escrito entre
Estados e regido pelo direito internacional – art. 2 a) CV. Alguma doutrina acrescenta-lhe a
exigência de terem de ser celebrados entre sujeitos de DIP.
Aspetos terminológicos – surge sobre várias designações, como convenção, acordo, carta,
constituição, declaração, protocolo, ato final, ata final, acordo por troca de notas ou concordata.
Convenção – tratados codificatórios – muitas vezes das Nações Unidas ou nas conferências
interamericanas.
Classificação de tratados:
1 – Objeto
1 – Tratado lei – composto por regras de natureza geral que se aplicam a uma
pluralidade de sujeitos
2 – Âmbito material
3 – Pluralidade de partes
4 – Forma
2 - Corpo normativo – normas que a convenção tem a título principal. O primeiro art. mostra
qual o objeto da convenção.
4 - Anexos – conjunto de documentos para os quais o corpo normativo remete. Têm valor
jurídico distinto: especificações, aspetos normativos subsidiários, listagens. Podem ter valor
equivalente ao tratado, podem ter um valor vinculante ou subsidiário – normas técnicas –
disposições que não são jurídicas – normação técnica.
Convenções multilaterais
Celebrados por mais de dois estados. 3 formas:
1 - Conferência internacional
2 - Organização internacional
3 - Forma mista – sobre a égide de uma organização realizam-se conferências internacionais ex.
tratado de Roma – convenção sobre a égide das nações unidas, mas com rondas negociais.
Negociação da convenção
Elaboração do texto – uma parte apresenta um anteprojeto ou critérios gerais que considera
relevantes. Há rondas negociais, com distanciamento mensal, mas durante este tempo ocorre
comunicação entre as partes, onde se resolvem pontos ainda abertos. Pode haver recurso a
especialistas.
Autenticação
Momento principal em que o estado exprime o seu consentimento – terá de cumprir de boa-fé
aquilo a que se vinculou. Há várias formas de expressão de consentimento – art. 11.
Adoção - art 9 – não quer dizer que mais tarde se vincule – necessita da aprovação do governo,
parlamento, e ratificação presidencial – implica uma assinatura e uma maioria qualificada -
(unanimidade - não havendo esta, é estipulada uma maioria de 2/3, mas os estados podem
acordar em ser outra maioria). Se estivermos perante uma convenção que esteja sobre o âmbito
de uma organização, pode estipular maiorias específicas. Adotado o texto, cabe aos estados
querer vincular-se ao mesmo. Na ordem jurídica portuguesa, a adesão só pode ocorrer após a
ratificação do PR.
Nos tratados orais, adoção e autenticação confundem-se no mesmo ato, ato este que, regra
geral, implica também a imediata vinculação. Nos tratados escritos, a autenticação não só se
distingue da adoção, como pode resultar de diferentes atos – art. 10 CVDT86
Assinatura formal - normalmente, estipula-se um prazo que tem oscilado entre 1 mês e 3 anos.
Não existe, pois, nenhuma norma costumeira em relação ao prazo a conceder para a assinatura.
No silencio do tratado quanto a um prazo, este é suscetível de ser assinado sem qualquer limite.
Assinatura diferida – estado que se reserva e não assina a convenção – texto fica fixado
Instituto do depósito – função de custódio ou guardião dos tratados, dos originais, ratificações
e adesões, por parte de um estado – art. 77 CVDT
Vinculação
Quanto à vinculação, há 3 tipos de convenções:
1 - Abertas – para lá dos estados que participaram na convenção, outros podem vincular-se
através da adesão.
3 - Mistas ou semiabertas – para além dos estados que concluíram a convenção, fica disponível
a adesão para um conjunto de estados com dados critérios – art. 15 ex. tratados da união
europeia – alargamento da EU. Um tratado pode ser semiaberto em relação a Estados e aberto
a relação a organizações internacionais, por ex.
4 – Pela aceitação e aprovação – art. 14 nº2 CVDT. Aceitação - serve apenas para cumprir
exigências constitucionais quanto a um mínimo de formalismo na vinculação do estado.
6 – Pela adesão
Produção de eficácia – art. 24 CV. Na falta destas disposições, entra em vigor quando há
consentimento de todos os estados que participaram na convenção. Têm eficácia jurídica entre
estados e organizações internacionais a nível de litígios – art. 102º CNU – obriga o registo de
todas as convenções no secretariado geral das nações unidas.
Reservas
Ato jurídico unilateral – emana de um estado – não autónomo – deriva de um tratado. Produz
efeitos jurídicos relativamente às outras partes. Art. 2 nº2 d) CVDT. A reserva visa excluir ou
modificar o efeito jurídico de disposições do tratado. A reserva apenas altera a situação jurídica
da entidade sua autora, não afetando as relações das outras partes entre si.
2 - Declarações políticas – pronunciamento político escrito, que fica anexo à convenção. Não
produz efeitos jurídicos.
3 – Clausulas de “opting out” – clausulas previstas no tratado que permitem a um estado optar
por não seguir dadas obrigações
Os estados podem estipular se aceitam certo tipo de reserva - art.19º. Se o tratado for silencioso
sobre esta questão, art.19 c), não são admissíveis aquelas que sejam contrárias ao objeto e ao
fim da convenção.
Tratados constitutivos de uma organização: art. 3 da convenção - quando tal ocorre, a questão
das reservas depende da sua aceitação pelo órgão competente da sua organização. CBM - não
concorda.
Se houver um tratado que entende que a aceitação por todas as partes é essencial para o
consentimento de cada uma, a mesma tem de ser aceite por todas elas – art. 20 nº1.
A possibilidade de formular uma reserva depois da vinculação do Estado é excluída pelas CVDT.
Contudo este princípio não é imperativo ou sequer inderrogável. Se as partes assim o
autorizarem, nada impede a formulação de uma reserva posterior à vinculação. E essa
autorização pode constar do tratado ou ser concedida posteriormente.
Dever de comunicação de forma escrita (não só às partes contratantes, mas àqueles que podem
aderir - art. 23 nº1), devem ser formuladas no momento da autenticação e num momento de
expressão de consentimento - ratificação, adesão e aprovação (art. 19º). As reservas
condicionadas (art. 23 nº2) - deve confirmar no momento da retificação ou da adesão.
As reservas podem ser aceites pelos outros estados e podem ser objetadas. Se um tratado
admitir reservas sobre todas ou algumas disposições, tal significa que a aceitação é irrelevante.
Há um limite temporal desde a data de notificação da reserva (estas têm de ser notificadas) com
12 meses para objetar (deve ser feita por escrito) – art. 20 nº5. Têm sido apresentadas objeções
para lá deste período – 24 meses.
Esta comunicação deve ser feita não apenas às partes, mas a todos os sujeitos autorizados a
tornarem-se partes. Mas, regra geral, cada Estado não envia cerca de 192 notificações para
todos os restantes. Limita-se a comunicar ao depositário do tratado o seu ato, sendo este que
irá fazer as restantes notificações.
Tem sido apenas de 90 dias o prazo para que se considere aceite a reserva para efeitos de
entrada deem vigor do tratado em relação ao Estado autor da reserva. Mas a passagem deste
curto prazo não preclude o direito de os Estados apresentarem objeções à reserva.
Art. 20 e 21 CVDT
Objeção simples – limita-se a apresentar uma objeção à reserva que implica que a disposição
afetada pela reserva só se aplicará nos limites previstos pela reserva – art. 21 nº3 - apesar de
um dos estados parte no tratado objetar à reserva, tal não lhe torna inoponível a reserva. Esta
continua a aplicar-se. Uma aceitação e uma objeção simples têm exatamente o mesmo efeito.
Objeção qualificada – art. 20 nº4 b) parte final - impede que o tratado entre em vigor entre o
estado autor da reserva e o estado objetante. Qualquer estado tem o direito de recusar vincular-
se com um estado a um tratado alterado por uma reserva formulada por este – deve é declará-
lo expressamente. Raramente os Estados recorrem à objeção qualificada, pois tendem a
considerar mais útil que o Estado autor da reserva se encontre vinculado ao menos de forma
limitada perante eles do que simplesmente desvinculado – objeções reserva.
Objeção parcial – nada impõe que a objeção incida sobre a totalidade da reserva – aceitação
parcial da suposição – portanto, a parte extensiva que for aceite da reserva será aplicável entre
ambos os estados; já não a parte visada pela objeção.
Objeções reserva ou Objeções qualificada parciais – art. 21 nº3 - forma de criar uma figura
intermédia entre a objeção simples e a qualificada. Objeções que não impedem a entrada em
vigor total do tratado entre os dois estados, mas que impedem apenas a entrada em vigor de
uma parte do tratado que os Estados objetantes consideram ligada com a disposição objeto da
reserva.
Nota de conceitos:
Arrependimento – art. 22 – podem revogar reservas – necessária notificação aos outros estados.
Problemática dos sujeitos de direito interno terem capacidade para celebrarem convenções
internacionais – são dotados de ius tratctum – capacidade de celebração. Esta capacidade pode
ser plena e sofrer limitações. Estados soberanos – capacidade plena.
Tipicidade das causas – art. 42 – as partes ficam proibidas de invocar qualquer causa de
invalidade que não esteja prevista nestas convenções. Nº2 – já é admissível que o próprio
tratado de que se pretendem desvincular formalmente estabeleça outras causas.
Coação sobre representante de estado – 51 – uso da força física para adotar uma dada conduta
– não decidem por liberdade própria, mas por medo.
Coação do próprio estado – 52 – ameaça ou uso da força contra um estado de forma a compelir
esse mesmo estado a vincular-se no tratado. Não compreende tratados impostos pela força se
o emprego desta tiver sido autorizado pelo Conselho de Segurança – tratados plenamente
válidos – art. 74 e 75 CVDT.
Coação económica - Doutrina maioritária – ECB e CBM - não é equiparável à coação de força –
não se aplica o art. 52 – dois argumentos:
Doutrina minoritária – prof. Maria Luísa Duarte – interpretação extensiva do art. 52 – doutrina
dos tratados desiguais.
Ilicitude do objeto – conteúdo inválido – art. 53 – norma reconhecida como tal pela comunidade
internacional – nenhuma derrogação é possível a não ser por norma semelhante. CBM – difícil
aceitação – não há uma identificação dessas normas. Jorge Miranda – listagem dessas mesmas
normas. No entanto, para CBM, as 4 convenções de Genebra podem ser consideradas.
Violação de uma norma de ius cogens – 64 – se houver uma convenção que na sua origem é
válida e posteriormente é desconforme a uma norma de direito imperativo – a norma é nula e
cessa vigência. CBM – norma não faz sentido – norma redundante – o tratado produz efeitos
jurídicos até à superveniência da norma ius cogens. Mas se as partes continuarem a executar
após esse período, todos os atos serão nulos, não produziram quaisquer efeitos jurídicos.
Regime jurídico da nulidade dos tratados inválidos – art. 69
Nulidade absoluta – o tratado não produzirá qualquer efeito jurídico. Nulidades que têm
subjacentes motivações de Ordem pública.
Violação de uma norma originária de ius cogens – art. 53 – todo o tratado é nulo, mas
não nos fala do regime da nulidade em todos os seus efeitos – temos várias disposições
– art. 71 – sempre que um tratado seja nulo em virtude do art. 53, as partes são
obrigadas a eliminar na medida do possível – putatividade – todas as consequências que
advenham dessa convenção internacional – não há atos de boa-fé a serem
salvaguardados.
Nulidade relativa – art. 46; 47; erro; dolo; corrupção; ilicitude do objeto por violação de tratado
de hierarquia. Salvaguarda efeitos jurídicos passados e admite invalidade parcial da convenção
– art. 69 nº2.
Divisibilidade das convenções – nos casos que não tenham que ver com dolo ou corrupção -art.
44 nº4, a regra geral é que a vítima pode invocar a invalidade parcial da convenção, com
condicionantes – art. 44 nº3. Se é um aspeto essencial para o consentimento dos estados, não
haverá parcial. Art. 44 nº5 – nunca é aplicável o regime da separabilidade às invalidades
decorrentes de coação sobre o representante, de coação sobre o estado ou derrogação
originária de uma norma iuris cogentis – regime é desrazoável em relação a situações de
contradição com uma norma de ius cogens – existe registo de prática da maioria dos Estados,
que desconsidera esta norma.
Cessação da vigência
Por vontade originária das partes (2):
Por denúncia – ato jurídico unilateral – figura que se aplica aos tratados
bilaterais – uma parte decide desvincular-se – inexistência, extinção, da
convenção.
Por recesso ou retirada – figura que se aplica aos tratados multilaterais – não
envolve o fim da convenção, mas a desvinculação de um dos estados a essa
convenção. Ato jurídico unilateral – não depende da aceitação do ato de
vontade de desvinculação por outras partes. Não autónomo – depende do
regime de recesso, a não ser que previsto no tratado art. 54 a) – art. 54 e ss. Art.
56 – pré-aviso de 12 meses – há tratados que admitem prazos menores.
Art. 44 nº1 – quer a denuncia quer o recesso só serão suscetíveis de serem limitadas a
algumas disposições do tratado se tal estiver previsto no tratado ou as partes o tenham
convencionado por outra forma. A regra dispositiva é de que terão de incidir sobre todo
o tratado.
Por vontade superveniente das partes – art. 54 – vontade das partes – ou celebração de um
tratado posterior que revoga o anterior de forma expressa ou tácita – art. 59. Coloca-se porem,
uma questão – qual é o critério para determinar qual é o tratado anterior e qual é o posterior –
na falta de manifestação de vontade em contrário, acolhe-se o critério do momento da
adoção/autenticação do texto do tratado. A forma solene ou não do tratado é irrelevante para
a questão da revogação. Um tratado informal, simplificado, oral ou tácito pode sempre revogar
um tratado solene – art. 54 b) e 40 nº2– consentimento de todas as partes.
Por circunstâncias não previstas no tratado – comportamento das partes – violação das suas
obrigações – art. 60 – incumprimento dá direito às outras partes de se desvincularem ou fazerem
cessar a convenção. Se for bilateral – há cessão; se for multilateral – depende. Art. 60 nº3 – tem
de ser uma violação substancial – não pode ser formal, mas sim material e relevante. Art.60 nº4
– um tratado pode prever outras consequências para lá das estabelecidas nas CVDT, como pode
mesmo consagrar um regime de suspensão ou desvinculação do tratado em resultado de uma
violação totalmente distinta ou mesmo proibi-la. Esta afirmação vale mesmo para o preceito do
art. 60 nº5. Nada impede que as partes num tratado alarguem o seu regime a outras matérias
ou que retirem da sua alçada determinados direitos, desde que estes não sejam reconhecidos
pelo DIP costumeiro ou tratado multilateral, onde estes direitos sejam considerados como
isentos da exceção do não cumprimento. Aliás, este nº5 exceciona apenas os nº1, 2 e 3, e não o
4.
Desaparecimento de uma das partes – quando não der lugar automaticamente a uma devolução
sucessória, implica a caducidade do tratado, se bilateral, ou a caducidade da vinculação, se
multilateral. Embora tenha semelhanças com a impossibilidade superveniente, é uma figura
distinta. Contudo, as semelhanças e polémica quanto à sua delimitação em relação justificam
um tratamento conjunto destas figuras. A questão da existência de uma omissão nas causas de
extinção neste caso não levanta problemas – art. 42 nº2 – dada a expressa vontade de não
abordar ou prejudicar questões relacionadas com a sucessão nos tratados – art. 73 CVDT69 e 74
nº1 CVDT86.
Particularidades – se as partes, por má-fé, depois de ter entrado em vigor a norma de direito
imperativo continuarem a exercer o antes estabelecido, numa duração de 2 anos, e se algum
estado impugna esse tratado, o TIJ declara nulidade da violação da norma de ius cogens –
convenção deixa de vigorar e há efeitos retroativos desde o proferir da decisão até à da
superveniência da norma de direito imperativo. mas se for muito para além da data – passa a
ser nulo – efeitos produzidos são nulos, eliminados retroativamente.
Tribunais internacionais como grandes intérpretes. CBM – não acha o art. 31 e 32 corretos –
forma desordenada. Não abordado em aula.
Conceção dualista – ordem internacional e interna são dois ordenamentos distintos com
âmbitos de aplicação diferentes, que não comunicam diretamente. Para que um ato jurídico
internacional produza efeitos jurídicos num ordenamento interno, tem de ser convertido ou
transformado em ato interno, com a hierarquia que lhe seja reconhecido pelo ato de
transformação
Sistemas mistos
Dualistas – caso alemão e italiano – os tratados vigoram nas ordens internas ou depois
de transformação em lei ou através de um ato interno com forma de lei ou atos internos
de reconhecimento.
Monistas – francês – alguns dos tratados, no que toca a matérias essenciais de matéria
legislativa parlamentar – carecem de incorporação através de um ato de direito interno,
apesar de na maioria das convenções se aplicarem direitamente os seus efeitos
jurídicos.
Portugal – sistema monista – subsidariamente dualista. Recebe o DIP – não carece de
transformação.
Direito europeu – art. 288 Tratado de Lisboa – hierarquia superior à CRP. Prof. Fausto Quadros
– se os estados invocassem as suas constituições, podem incumprir com o direito europeu.
Escola de Coimbra – prof. Jonatas Machado, Poiares Maduro e Rui Medeiros – jurisprudência
reconhece o primado do direito europeu, mesmo que tal não esteja previsto nos tratados. Mas,
estados podem entender que as normas de direito europeu violam as normas de direito interno
e podem ser inconstitucionais – Alemanha. Art. 3 nº3 – a validade das leis depende da sua
conformidade com a CRP. Problema de hierarquia – convenções internacionais encontram-se
ao nível da lei, ou acima? Encontram-se entre a lei e a constituição.
Incumprir o DE invocando a CRP leva à invalidade de todo o DE? CBM – posição exagerada. O
estado que assume o incumprimento é suscetível de responsabilidade.
Ius cogens – prof. JM e PO – direito imperativo prevalece sobre a própria constituição. Na CRP
não existe nenhuma disposição que faça alusão ao ius cogens como norma de direito
internacional. Questão de juspositivismo vs. Jusnaturalismo.
Nº2 art. 8 CRP – Convenções internacionais – produzem efeitos depois de ratificada e publicada
– efeitos direitos e imediatos – receção automática condicionada (ratificação, aprovação e
publicação). Prof. JM - prevalência do direito internacional – se um tratado internacional entra
em vigor e vincular o estado português, há uma aplicação imediata. Não são permitidos acordos
sobre forma simplificada - proíbe a existência de art. 12 CVDT - tem de haver uma separação
entre o momento da autenticação e o da expressão do consentimento do estado.
Nº3 art.8 CRP – Direito Europeu e das NU - produziam diretamente os seus efeitos as resoluções
do conselho de segurança emitidas ao abrigo do art.7 CRP.
Nº4 art. 8 CRP – Norma especial face ao nº3 – todo o direito da união europeia prevalece sobre
o interno – altamente contestado por CBM. As disposições dos tratados europeus aplicam-se no
direito interno nos termos definidos pelo direito europeu. Art. 288 tratado de lisboa – não
determina em nenhuma parte a hierarquia das normas sobre o direito interno – a remissão para
o DE não autoriza que a partir do 288 diretivas, regulamentos e decisões tenham alguma
prevalência sobre a CRP. CBM – impossibilidade da CRP poder ser contrariada por normas de
direito europeu. Prof. Jonatas Machado e Rui Medeiros – seguem o exemplo alemão.
Regulamentos – aplicabilidade direta – afasta a legislação ordinária contrária – art. 288 Tratado
de Lisboa. Caráter geral. Não carece de transposição. Superioridade sobre o direito ordinário
dos Estados – primado – invocação direta nos tribunais. Entra em vigor na data por ele prevista,
e, na sua ausência, no vigésimo dia após a sua publicação no Jornal Oficial.
Decisões – atos jurídicos unilaterais – não têm uma aplicação geral. Prof. CBM – são uma norma
dependendo do conteúdo. Têm aplicabilidade direta – e produzem efeitos jurídicos, podendo
ser: verticais – só incidem no direito interno; horizontais – se interferirem com o direito dos
particulares. Por regra, são verticais. Afasta a legislação ordinária contrária – art. 288 Tratado de
Lisboa. Têm um regime idêntico aos regulamentos.
Apesar da conclusão de que não existe um critério de distinção causar desconforto, não se
encontra alternativa. Apenas terão de ter forma obrigatória de tratado as disposições do art.
161 i). As restantes, será o governo a decidir.
Fases:
Fase negocial
Quem pode negociar convenções? Art. 197 nº1 b) CRP – competência exclusiva do Governo. Art.
182 CRP + 227 nº1 t) CRP – direito das regiões autónomas de participar nas negociações de
tratados e acordos internacionais que diretamente lhes digam respeito – conceito concretizado
nos estatutos das regiões autónomas – art. 83 Estatutos Açores e art. 57 Estatutos Madeira.
201 c) CRP – presidente não participa diretamente na negociação, mas deve ser regularmente
informado do andamento das negociações – governo é politicamente responsável. A
intervenção do PR deve-se ao facto de representar a República – art. 120 CRP. Será que o
presidente pode recusar este ato? Não – a sua intervenção é meramente formal. Concertação
entre PR e Gov – imperativo de interdependência de órgãos de soberania – art. 111 nº1 – e
comunicação é o pressuposto de atos na área das relações internacionais que implicam a
intervenção presidencial – art. 135. AR – não participa na negociação, mas, por virtude do
princípio dos poderes implícitos, pode recomendar ao Gov a negociação, até em certos moldes,
de qualquer tratado. O governo tem também de informar os grupos parlamentares – art 180
nº2 j) - e partidos políticos da AR que não fazem parte do governo – art. 114 nº3 CRP. Se não o
fizer – irresponsabilidade sem desvalor.
Fase instrutória
Convenções internacionais que exigem pareceres obrigatórios de entidades que devem ser
ouvidas previamente. A CRP não o exige – a não ser na intervenção de certas entidades no que
toca às regiões autónomas, em que a sua falta pode levar a uma inconstitucionalidade formal
da convenção – sem prejuízo do art. 277 nº2.
Iniciativa de aprovação - cabe sempre ao GOV – 198 nº1 RAR - a reserva de negociação e
autenticação e de condução da política externa cabe ao GOV. A iniciativa do GOV junto da AR
manifesta-se sob a forma de proposta de resolução de aprovação da convenção, que deverá ter
sido aprovada em Conselho de Ministros – art. 197 nº1 c) e 200 nº1 d) CRP. A AR não fica
vinculada pelas reservas propostas do governo – pode sempre rejeitá-las e apresentar outras –
art. 204 nº1 RAR.
AR – aprova todos os tratados, pode aprovar acordos. Matérias que são reserva de tratado –
art. 161 i) CRP; preceitos de reserva de convenção – cidadania (art. 4º), exercício em comum de
poderes necessários à integração europeia (art. 7 nº6), TPI (art. 7 nº7), novos direitos
fundamentais (art. 16 nº1), extradição (art. 33 nº 3,4,5), funções do BDP (art. 102); matérias que
envolvam decisão política relevante ou primária ex. transferência de Macau. Aprova tratados
sobre matérias que correspondem à sua reserva – art. 164 e 165 CRP – escolhendo a designação,
tratado ou acordo – quando estejam em causa opções políticas primárias deve preferir-se a
forma de tratado. Em matéria de competência convencional não são admissíveis autorizações
ao governo – art. 111 nº2 – já que a CRP as consagra apenas em relação à competência
legislativa. Basta constar na convenção uma única norma que incida sobre matéria da
competência da AR para que esta ter o dever de a aprovar.
O Gov pode dispor da sua competência em relação a cada acordo internacional em concreto,
submetendo-o à aprovação da AR – art. 197 nº1 c) e 200 nº1 d) e 161 i) CRP. Mas, acordos que
incidam sobre a organização e funcionamento do governo ou sobre aspetos puramente
administrativos não devem ser submetidos à AR.
Art. 166 CRP nº5 e 6 e 134 b) – o ato de aprovação de uma convenção pela AR reveste a forma
de resolução – não está sujeita à promulgação do PR – art. 166 nº6 CRP.
Governo – só pode aprovar acordos que não competem à AR – art. 197 nº1 c). No seio do
GOV, é ao CM que compete a aprovação dos acordos internacionais – art. 200 nº1 d) – ideia de
corresponsabilização de todo o Gov.
Art. 197 nº2 CRP - o ato de aprovação de uma convenção pelo Gov reveste a forma de decreto,
que deve ser remetido ao PR para ser assinado – art. 134 b) CRP.
Se uma convenção for inconstitucional – PR não pode ratificá-la no caso de matéria de tratados
– art. 279 nº1 e 4 CRP – veta o ato no caso de acordos internacionais. Em relação a tratados,
nem sequer é necessário falar de um veto jurídico – não existe um ato interno que deve ser
vetado – a resolução da AR que o aprova não é remetida ao PR – e o tratado internacional,
enquanto ato internacional, não está sujeito a veto. Daí que o art. 279 nº4 CRP não refira
qualquer veto. Mas em qualquer um dos casos, é devolvido ao órgão, que tem 4 opções:
Aplica-se quer a tratados, quer a acordos, segundo o prof. CBM (questão doutrinária já
anteriormente abordada). ECB – aplica-se a ambos, tratados e acordos.
2 - Incompetência relativa por parte do governo se invadir o art. 161 i), competência da AR;
4 - Violação do quórum,
1 - A não participação das RA na negociação de uma convenção que lhes diz respeito;
2 - Negociação ou autenticação por entidade sem plenos poderes, desde que confirmada por
intervenção posterior do GOV ou da AR;
5 - Aprovação pelo Gov de tratados ou de acordos da competência da AR – salvo o art. 161 i);
utilização de forma inconstitucional na aprovação;
Recusa da assinatura pelo PR por motivos políticos – AR ou Gov podem aprovar novamente o
acordo com reservas admissíveis ou alterar reservas, de forma a procurar obter a assinatura do
Presidente.
Prazos para a assinatura – prof. JM – 20 dias – aquele que é ficado para as leis – art. 136
nº1. Prof. Gomes Canotilho e Vital Moreira – não existem prazos para o PR assinar
acordos ou retificar tratados. CB – prazo aplicável por analogia– 20 dias para a AR – art.
136 nº1 CRP – e 40 dias para o Gov – art. 136 nº4. A ultrapassagem deste prazo não terá,
no entanto, consequências graves – mera irregularidade. No entanto, não pode o PR
prolongar esta situação para lá do final da legislatura, sob pena de caducar a resolução
de aprovação da AR – art. 167 nº5 e 7 CRP – seria uma violação do art. 135 b) CRP.
Referenda ministerial
A ratificação não produz quaisquer efeitos internacionais sem ter sido depositado, trocado o
instrumento de ratificação. Ato de deposito do instrumento de ratificação está sujeito a
referenda ministerial do MNE, sob pena de inexistência jurídica – art. 140 nº1 CRP. O governo,
mesmo tendo esta referenda, não tem o poder de a recusar por questões de mérito. Ausência
de prazo para a prática da referenda – 8 dias – art. 136 nº2 CRP – violação – irregularidade.
Fase de Publicação
O texto da convenção deve ser publicado no Diário da Assembleia da República - Art. 8 nº2 e
119 nº1 b) CRP. Tenha-se presente que os prazos de vacatio legis internos raramente farão
sentido em relação às convenções internacionais. A publicação tem sido feita em anexo à
resolução ou decreto que aprovou a convenção. Um particular pode invocar contra o Estado
uma convenção não publicada, mas não ao contrário. Art. 8 nº2 – os tratados e acordos só
vigoram na ordem interna se vigorarem na ordem internacional.
Sujeitos de DIP
Sujeito – entidade titular de direitos.
1 – Estado soberano
3 – Beligerante – entidade composta por forças que, pretendendo derrogar num dado
estado um poder político e não conseguido, dominavam uma parte do território desse
estado e desencadeavam ações armadas contra o poder central. Capacidade jurídica
limitada para tratados que regulassem conflitos. Não eram considerados sujeitos de DIP,
mas com o tempo, a figura do beligerante tornou-se obsoleta. Ganhou força a figura do
insurreto – sujeito de DIP que tem um conjunto de obrigações.
Reconhecimento do estado
Ato jurídico unilateral, livre ou tendencialmente livre – os estados e as organizações
internacionais não são obrigados a reconhecer uma dada coletividade territorial como estado.
As organizações das nações unidas ou regionais (EU) estabeleceram um conjunto de condições
para o reconhecimento para uma coletividade de um estado. Alargamento da capacidade de
gozo da entidade reconhecida, e não a de conceder personalidade internacional. Não há nunca
um dever de reconhecimento. Direito de reconhecer exige um comportamento de boa-fé. Se o
estado que faz o próprio reconhecimento tiver contribuído por meio ilícito para criar a situação
– obrigação de não reconhecimento por outros estados.
Reconhecimento – expresso ou tácito; pode ser coletivo ex. admissão de novo estado numa
organização internacional. Reconhecimento é irrevogável.
1 – Governo efetivo
3 – E Território
Teoria da eficácia constitutiva – mesmo que a comunidade não tenha esses elementos, por
razões políticas, reconhece-se essa decisão de reconhecer. Pode operar por um ato coletivo –
assembleia geral das nações unidas – maioria dos dois terços presentes, com quórum – não pode
deparar com a oposição aberta de uma grande potência. Art 18 nº2 Carta - admissão de estados-
membros. Depois de um Estado ter sido coletivamente reconhecido, o reconhecimento
individual por outro Estado é juridicamente irrelevante, sendo puramente declarativo.
Conclusão – o reconhecimento pode ser constitutivo quando incide sobre uma entidade que
não reúne os requisitos factuais estabelecidos pelo DIP para a formação automática de um
Estado, mas cuja população e território não é objeto de um direito por parte de um outro Estado
– posição mista.
Constituição unilateral - significa que uma entidade poderia constituir um Estado perante outro
Estado que a reconheceu, mas não perante um terceiro que recusou conceder tal
reconhecimento. Considerar que o reconhecimento tem sempre efeitos constitutivos seria
entender que não pode existir qualquer direito à independência. Sustentar o carácter
constitutivo do reconhecimento em todos os casos significa defender que a formação dos
Estados não se encontra sujeita a quaisquer normas jurídicas internacionais positivas, ou que, o
DIP se limitaria a estabelecer pressupostos para a concessão do reconhecimento. Os restantes
Estados teriam um direito de vetar em todos os casos o surgimento de novos Estados,
independentemente de a sua formação ter sido aceite pelas partes interessadas.
Reconhecimento condicionado – orientações muito restritas para os novos estados.
Doutrina Stimpson – critérios – não se deve reconhecer um estado que tenha sido criado
artificialmente num quadro de separatismo relativamente ao território onde este se integrava.
Reconhecimento de governo
Dimensão mais política que o reconhecimento de Estados. Ato usualmente livre dos estados,
mas com resoluções das organizações internacionais que proíbem o reconhecimento de certos
governos – caráter condicional. Ato unilateral através do qual um órgão competente de um
estado admite que um conjunto de pessoas que assumiram o poder noutro estado têm a
faculdade de o representar como instituições soberanas. Linguagem decisiva. Governo – não
designa o órgão do Estado com o mesmo nome, mas sim o seu sistema de órgãos políticos e o
respetivo título jurídico – JM concorda. Questão do reconhecimento do estado só se coloca
quando ocorreu uma rutura clara na Ordem Constitucional do Estado - JM concorda.
Logicamente, o reconhecimento de Governo tem natureza declarativa, não constitutiva.
Há declarações solenes, escritas, orais à imprensa, notas verbais, telegramas e até tweets.
Organizações internacionais
Critério da estrutura jurídica
Critério do objeto
Organizações regionais – têm uma componente geográfica ex. União europeia, união
europeia
Princípio dos poderes implícitos – a teologia do estabelecimento de uma dada atribuição impõe
que se lhe reconheça tal poder. Poder efetivamente necessário para o adequado
prosseguimento de uma das suas atribuições.
ONU
Criada através da assinatura da Carta das Nações Unidas em 1945. Carta foi concebida como o
repositório dos grandes princípios das relações entre todos os Estados e tendo primazia sobre
quaisquer outras obrigações internacionais.
DUDH – declaração política – a nossa CRP confere-lhe valor constitucional – art. 16 nº2 CRP.
Art. 1 nº1 – manter a paz e a segurança internacional e tomar coletivamente medidas efetivas
para evitar ameaças de guerra, reprimir atos de agressão ou evitar ruturas da paz. As nações
unidas contam com uma força militar de intervenção fornecida pelos estados – capacetes azuis.
Respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais, sem descriminação de raça,
língua etc. Não sucede em muitos casos.
Art. 2
Caducidade das normas sobre Estados inimigos – art. 53 e 107; não havendo territórios sob
tutela, do Conselho de Tutela – art. 86 a 91;
Membros da organização
Art. 5 – suspensão ou expulsão - art. 6 – sanções, retirada do direito de voto na assembleia geral
– decorre de deliberação da assembleia geral por 2/3. Situações extremas.
Assembleia geral – constituída por todos os membros das nações unidas – órgão
plenário e colegial. Cada membro só tem direito a 1 voto. Órgão principal da ONU? Não – art.
12 – se o conselho de segurança intervir, a assembleia geral suspende a sua intervenção nessa
mesma questão. Art. 10 – a assembleia geral pode fazer recomendações aos membros e a ao
conselho de segurança – não têm efeito vinculativo – no entanto, recomendações sucessivas
trazem força – sobre manutenção de paz e da segurança internacionais – art. 11 nº2 e 3 –
desarmamento – art. 11 – solução pacífica de conflitos – art. 14 – cooperação política,
económica, social e cultural – art. 13 nº1. Art. 13 – elenco de recomendações que a assembleia
geral pode fazer. Cada estado tem direito a um voto – art. 18 nº1. Critérios de deliberação e de
votação – art. 18 nº2 - maioria de 2/3. Art. 17 – aprova o orçamento da organização. Reuniões
– sessões anuais regulares com um presidente – art. 21 – e depois em sessões especiais quando
exigidas pelas circunstâncias. Estas sessões especiais, em função de problema emergente, serão
convocadas pelo secretário geral ou a pedido do Conselho de segurança ou a pedido de uma
maioria de membros. Art. 19 – não tem efetividade. Privação do direito de voto de estados que
não cumpram as suas obrigações de contribuir para as despesas da Organização – art. 17 nº2 e
19. Competências da AS: apreciação de relatórios do CS – art 15; aprovação do orçamento da
Organização – art. 17; eleição dos membros não permanentes do CS – art. 23; autorização de
pedidos de parecer ao TIJ – art. 96 nº2; aprovação de emendas à Carta – art. 108. Competências
conjuntas com o CS: admissão, expulsão e suspensão de Estados – art. 4,5,6; designação do
Secretário-Geral – art. 97.
Secretário (secretariado na carta) geral das NU – gere a administração das nações unidas
– papel relevante como mediador de conflitos internacionais – coloca assuntos na agende de
outros órgãos da ONU. A expressão “secretariado” deve ser substituída por secretário geral.
Meios de solução:
Bons ofícios – função tomada por uma terceira parte – contacta as partes e cria meios para que
estas possam dialogar. Não tem de propor alternativas.
Grupo de contacto – forma próxima dos bons ofícios – obtenção de informações acerca da
disponibilidade das partes para a abertura de negociações.
Mediação – terceiro começa a propor soluções – atividade mais robusta. Muitas vezes começa
por desenvolver uma atividade de bons ofícios. art.33 nº1
2 – Arbitragem confiada a chefes de estado – modelo misto – intervenção política – meio raro.
1 – TIJ – órgão das NU. Convenções sobre as quais se debruce têm de estar registadas
no secretariado das NU. 15 juízes eleitos – presididos por um presidente. Têm a competência
para estabelecer os limites da sua própria jurisdição. Duas fases – fase escrita e alegações orais.
Pode elaborar pareceres, requeridos por organizações internacionais. Quem tem legitimidade
ativa para acionar o tribunal – estados – circunstâncias:
Uso da força
CS – monopólio da avaliação do uso da força – art. 24 e ss. e 38 e ss.
2 - Legítima defesa – art. 51 – requisitos – costume integrado na carta de forma mais restrita
que o costume original:
1 – Agressão tem de ser uma armada – não pode ser um bloqueio de comunicações, por
ex.
Represálias e retaliações – Não são admissíveis face à carta. Retaliações - têm um carater
punitivo – atinge infraestruturas – excesso. Represália – natureza coerciva – dissuadir futuras
agressões. Por vezes as NU têm decisões onde entendem que certas retaliações são
consideradas razoáveis – CBM – deveria então haver codificação destas.
ECB – problema – legitima defesa preventiva – figura que existe no costume internacional,
anterior à carta. Um estado sabe que vai ser objeto de um ataque armado iminente – antecipa-
se e desencadeia um ataque armado. Pressupostos:
2 – Iminência ataque
Uso da força como proteção de nacionais ameaçados – CBM - deveria ser regulado no âmbito
das nações unidas, devido a diversos casos controversos nas últimas décadas.
Uso da força por razões humanitárias – quando num determinado estado se estão a realizar
alegados crimes contra a humanidade – NU – podem intervir. Não justifica intervenções
unilaterais de estados, como pretexto para invadir outros. CBM – deveria haver um artigo que
explicitasse isto.
Intervenção do CS
Intervenção do CS – por sua iniciativa – art. 34 e 36 nº1 – por iniciativa da AS – art. 11 nº3 – por
iniciativa do Secretário Geral – art. 99 – por iniciativa de qualquer dos Estados envolvidos, seja
membro ou não – art. 35 nº1 e 2.
Resultados: convite às partes no sentido da solução pacifica do conflito – art. 33 nº2; abertura
de inquérito – art. 34; recomendação dos processos ou métodos adequados de solução – art. 36
nº1; recomendação de solução adequada – art. 37 nº2.
Convenção Europeia dos Direitos do Homem – tratado internacional aberto. Institui o Tribunal
e regula o seu funcionamento. Lista de direitos e liberdades a que os Estados se comprometem
a respeitar.
Direitos previstos: à vida; a um processo equitativo; respeito pela vida privada a familiar;
liberdade de expressão; liberdade de pensamento, de consciência e de religião; a um recurso
efetivo; proteção da propriedade; de voto.
Ratione temporis - Quando posso apresentar uma queixa – decisão interna definitiva – 4 meses
para apresentar a sua queixa no TEDH – art. 35 nº1 Convenção. Violação aconteceu depois da
entrada em vigor da convenção por parte do país de que faz a queixa – não é retroativo.
Ratione personae – Quem pode apresentar uma queixa - vítima direta de violação(ões) de
direitos e garantias previstos na Convenção – art. 34 Convenção. Violação é imputável a um dos
Estados vinculados pela Convenção. Pessoa singular ou coletiva. Não pode ser contra uma lei ou
ato injusto. Não pode ser feita em nome de outras pessoas, a não ser que o representante oficial
– art. 36 Convenção. Não pode ser feita sobre a violação de qualquer outro instrumento jurídico
que não a Convenção. Não se pode queixar sobre as mesmas coisas se já foi submetida a mesma
queixa noutro órgão – art. 35 nº2 b) Convenção.
Contra quem – ato ou omissão emanada de uma autoridade pública de um Estados Partes da
Convenção. Não se ocupa de queixas contra particulares ou instituições privadas.
Ratione loci – onde? - Território (efetivo) dos países que fazem parte do conselho da europa
Como posso – formulário de queixa, numa das línguas oficiais de um dos Estados Membros que
ratificaram a convenção. Pode ser feito anonimamente, se o Presidente do Tribunal achar
pertinente – regra geral é que não – art. 35 nº2 a) Convenção.
Limites do TEDH – não atua como instância de recurso superior aos tribunais nacionais; não julga
novamente os processos; não é competente para anular ou modificar as suas decisões; não pode
ajudar a encontrar e pagar a um advogado para redigir a sua petição; não o pode informar sobre
as disposições legais em vigor no Estado requerido.