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Sistema urinário

Ana Luiza Oliveira de Souza Guelere (Medicina UNIDEP 2º período)

1. Embriologia do sistema urinário


Três sistemas néfricos surgem durante o desenvolvimento a partir do mesoderma intraembrionário, no sentido
craniocaudal, o pronefro, o mesonefro e o metanefro (pares), que se desenvolvem em cascata até a formação do rim
definitivo

 O primeiro conjunto, o pronefro, é rudimentar (base para indução dos mesonefros)


 O segundo conjunto, o mesonefro, funciona brevemente durante o início do período fetal (base para indução
dos metanefros)
 O terceiro conjunto, o metanefro, forma os rins permanentes

PRONEFRO: início da 4ª semana, conjunto de sete a dez grupos agrupamentos celulares e estruturas tubulares na
região cervical originados de unidades excretórias vestigiais (nefrótomos). Os ductos pronéfricos seguem caudalmente
e abrem-se na cloaca, degenerando-se posteriormente. No entanto, as partes maiores dos ductos persistem e são
usadas pelo segundo grupo de rins (ductos pronéfricos  ductos mesonéfricos)

MESONEFRO: final da 4ª semana (caudalmente aos pronefros), são órgãos excretores grandes e alongados que
funcionam como rins provisórios por aproximadamente 4 semanas até o desenvolvimento e funcionamento dos rins
permanentes
 rins mesonéfricos: glomérulos + túbulos mesonéfricos (abrem se nos ductos mesonéfricos, os quais, por sua
vez, abrem-se na cloaca)
 ao redor do glomérulo os túbulos formam a cápsula de Bowman e em conjunto essas estruturas constituem
o corpúsculo renal
 em torno da 6ª semana (metade do 2º mês) o mesonefro forma um grande órgão ovoide de cada lado da linha
média, a crista urogenital
 degeneração no final da 12ª semana
METANEFRO: começam a desenvolver-se na 5ª semana e tornam-se funcionais aproximadamente 4 semanas
depois. Os rins definitivos são compostos por dois componentes funcionais: a porção excretora e a porção coletora.
Desenvolvem-se a partir de duas fontes:

 blastema metanefrogênico / mesênquima metanéfrico: massa metanéfrica de mesênquima que deriva da


parte caudal do cordão nefrogênico (→ sistema excretório)
 broto uretérico: divertículo metanéfrico do ducto mesonéfrico próximo à sua entrada na cloaca (→ sistema
coletor)
- à medida que o broto se alonga, ele penetra o blastema
- origina a pelve renal

 Sistema excretório: originado do blastema metanefrogênico/mesênquima metanéfrico


- devido à ramificação, algumas células do mesênquima se condensam e formam as células da capa de
mesênquima que se
desenvolve na maior parte do
epitélio do néfron (conversão
mesenquimal-para-epitelial)
- o final de cada túbulo coletor
induz aglomerados de células
mesenquimais do blastema
metanefrogênico a formarem
pequenas vesículas
metanéfricas/renais, que se
alongam e tornam-se os
túbulos metanéfricos com
formato de S
- as extremidades proximais dos
túbulos metanéfricos
desenvolvem-se na cápsula de
Bowman, que guarda um glomérulo
- os túbulos metanéfricos diferenciam-se nos túbulos contorcidos proximal e distal e na alça de Henle
→ túbulos + glomérulos = néfrons (unidades excretórias)
→ cápsula + glomérulo = corpúsculo renal

 Sistema coletor: originado do broto uretérico


- o pedúnculo do broto uretérico torna-se o ureter
- a parte cranial do broto uretérico sofre ramificações repetitivas resultando na diferenciação em
túbulos coletores
- as 4 primeiras gerações de túbulos aumentam e tornam-se confluentes para formar os cálices maiores
- as 4 segundas gerações coalescem para formar os cálices menores
- túbulos continuam a se dividir até ocupar todo o espaço da pelve renal, formando a pirâmide renal
obs.: entre a 10ª e a 18ª semanas, o número de glomérulos aumenta gradualmente e continua aumentando
rapidamente até a 36ª semana, quando atinge o limite máximo

obs.: a formação de néfrons está completa ao nascimento (exceto em recém-nascidos prematuros), e cada rim contém
entre 200 mil a 2 milhões de néfrons

obs.: a produção de urina começa na 12ª semana da gestação

Os rins fetais são subdivididos em lobos (aparência lobulada), mas essa lobulação desaparece até o final do 1º ano de
vida devido ao crescimento dos néfrons. O aumento do tamanho do rim após o nascimento é resultado do
alongamento dos túbulos proximais contorcidos, bem como do aumento do tecido intersticial. Embora a filtração
glomerular comece aproximadamente na 9ª semana fetal, a maturação funcional dos rins e as taxas crescentes de
filtração ocorrem após o nascimento.

Inicialmente, os rins estão localizados na pelve, mas devido ao crescimento da região pélvica e abdominal do embrião,
deslocam-se gradualmente para o abdome e ficam na posição adulta por volta da 9ª semana. A ascensão do rim é
resultado da diminuição da curvatura corporal e do crescimento do corpo nas regiões lombar e sacral caudalmente ao
rim. Com efeito, a parte caudal do embrião cresce para longe dos rins, de modo que eles, progressivamente, ocupam
a posição normal de cada lado da coluna vertebral. Por fim, os rins tornam-se estruturas retroperitoneais (externos ao
peritônio) na parede abdominal posterior, onde também estão em contato com as glândulas suprarrenais. O
rim direito geralmente não sobe tão alto quanto o rim esquerdo devido à localização do fígado no lado direito. A
princípio, o hilo de cada rim (depressão na margem medial), onde os vasos sanguíneos, o ureter e os nervos entram e
saem, está ventralmente; no entanto, conforme os rins se deslocam, o hilo gira medialmente quase 90º.

O rim formado a partir dos metanefros se torna funcional em torno da 12ª semana. A urina é depositada na cavidade
amniótica e se mistura ao líquido amniótico que é engolido pelo feto e reciclado pelos rins. Durante a vida fetal, os rins
não são responsáveis pela excreção de metabólitos, uma vez que a placenta realiza essa função.

Durante as mudanças na posição dos rins, eles recebem o suprimento de sangue dos vasos próximos. Inicialmente, as
artérias renais são ramos das artérias ilíacas comuns. Posteriormente, os rins recebem suprimento sanguíneo da
extremidade distal da parte abdominal da aorta (aorta abdominal). Quando os rins estão localizados em nível mais
elevado, eles recebem novos ramos da aorta. Normalmente, os ramos caudais dos vasos renais sofrem involução e
desaparecem.

BEXIGA URINÁRIA: entre a 4ª e a 7ª semanas do desenvolvimento, a porção caudal do intestino posterior divide a
cloaca em seio urogenital e reto. O seio urogenital origina a bexiga urinária e a uretra e é dividido em três partes:

 Parte vesical: forma a maior parte da bexiga


 Parte pélvica: forma a uretra nas mulheres e as partes prostática e membranosa da uretra nos homens
 Parte fálica: cresce em direção ao tubérculo genital

A bexiga oxigena-se da parte vesical do seio urogenital, e todo seu epitélio deriva do endoderma dessa parte. As outras
camadas de sua parede desenvolvem-se do mesênquima esplâncnico adjacente. Inicialmente, a bexiga é contínua
à alantoide. Quando o lúmen do alantoide é obliterado, permanece um cordão fibroso espesso chamado úraco. Ele se
estende do ápice da bexiga até o umbigo. Nos adultos, o úraco é representado pelo ligamento umbilical mediano.

À medida que a bexiga aumenta, as partes distais dos ductos mesonéfricos são incorporadas à sua parede dorsal.
Esses ductos contribuem para a formação do tecido conjuntivo no trígono da bexiga. Como esses ductos são
absorvidos, os ureteres abrem-se separadamente na bexiga urinária. Em parte por causa da tração exercida pelos rins
à medida que sobem, os óstios dos ureteres movem-se superolateralmente e entram obliquamente pela base da
bexiga. Nos homens, os óstios dos ductos movem-se juntos e entram na parte prostática da uretra à medida que as
extremidades caudais dos ductos se desenvolvem nos ductos ejaculatórios. Nas mulheres, as extremidades distais dos
ductos mesonéfricos degeneram-se.
Nos lactentes e crianças, a bexiga urinária, mesmo quando vazia, está no abdome. Ela começa a entrar na pelve
maior aproximadamente aos 6 anos de idade; no entanto, a bexiga não entra na pelve menor e torna-se um órgão
pélvico até depois da puberdade. Nos adultos, o ápice da bexiga é contínuo ao ligamento umbilical mediano, que se
estende posteriormente ao longo da superfície posterior da parede anterior do abdome.
URETRA: o epitélio da maior parte da uretra masculina e de toda a uretra feminina deriva do endoderma do seio
urogenital. A parte distal da uretra na glande do pênis deriva de um cordão sólido de células ectodérmicas, que cresce
interiormente a partir da ponta da glande e junta-se ao restante da parte esponjosa da uretra. Consequentemente, o
epitélio da parte terminal da uretra deriva do ectoderma superficial. O tecido conjuntivo e o músculo liso da uretra em
ambos os sexos derivam do mesênquima esplâncnico.

2. Anatomia do sistema urinário


O sistema urinário consiste em dois rins, dois ureteres, uma bexiga urinária e uma uretra.
RINS: par de órgãos avermelhado em forma de feijão localizado lateralmente à coluna vertebral entre as últimas
vértebras torácicas (12ª e 13ª) e a 3ª vértebra lombar. O rim direito está discretamente mais baixo do que o esquerdo
devido ao espaço considerável que o fígado ocupa no lado direito superior ao rim. No centro do rim (margem côncava)
está o hilo renal, através do qual passam o ureter, vasos sanguíneos, vasos linfáticos e nervos (a veia renal situa-se
anteriormente à artéria renal). O hilo renal conduz a um espaço no rim, o seio renal, que é ocupado pela pelve renal,
pelos cálices, por vasos e nervos e por uma quantidade variável de gordura.

Internamente, o rim possui duas regiões distintas: o córtex renal (mais superficial e mais clara) e a medula renal (mais
interna e mais escura)

 Córtex renal: área que se estende da cápsula fibrosa até as bases das pirâmides renais e nos espaços entre
elas; aparência granular
- dividido em zona cortical externa e em zona justamedular interna
- colunas renais: partes do córtex renal que se estendem entre as pirâmides renais
 Medula renal: consiste em várias pirâmides renais em forma de cone
- rins divididos em lobos, cada lobo tem uma única pirâmide renal e um tecido cortical circundando essa
pirâmide
- base (extremidade mais larga) de cada pirâmide voltada para o córtex renal
- ápice (extremidade mais estreita), chamado papila renal, voltado para o hilo renal

→ córtex renal + pirâmides renais = parênquima / porção funcional do rim

→ néfrons estão no interior do parênquima


Irrigação sanguínea dos rins: irrigação abundante de vasos sanguíneos
 recebem 20 a 25% do débito cardíaco de repouso por meios das artérias renais direita e esquerda
 artéria renal se divide em várias artérias segmentares que irrigam diferentes segmentos do rim (SEIO RENAL)
 cada artéria segmentar emite divide-se em artérias interlobares que irrigam as colunas renais
 artérias interlobares ramificam-se nas artérias arqueadas na junção medula-córtex
 artérias arqueadas se dividem nas artérias interlobulares (corticais radiadas) que irrigam a região cortical
 artérias interlobulares emitem ramos chamados arteríolas glomerulares aferentes que vão para o néfron,
onde se dividem em um capilar chamado glomérulo
 os glomérulos capilares se reúnem para formar uma arteríola glomerular eferente, que leva o sangue para
fora do glomérulo
 arteríolas eferentes se dividem para formar os capilares peritubulares, que circundam as partes tubulares do
néfron no córtex renal
 arteríolas retas estendem-se dos capilares e irrigam as porções tubulares do néfron na medula renal

Drenagem venosa dos rins: a partir do néfron o sangue entra em uma rede de vênulas que convergem nas veias
interlobulares, que conduzem o sangue para as veias arqueadas, as quais drenam para as veias interlobares, que se
unem para formar a veia renal, drenando para a veia cava inferior,
 o comprimento da veia renal esquerda é duas vezes maior que a veia renal direita

Inervação dos rins: o suprimento nervoso é fornecido pelo plexo renal, uma rede de fibras autônomas e gânglios
autônomos nas artérias renais
 nervos renais se originam no gânglio renal e passam pelo plexo renal para os rins, juntamente com as artérias
renais
 plexo renal, abastecido por fibras simpáticas do nervo esplâncnico torácico maior (integram a parte simpática
da divisão autônoma do sistema nervoso)
 controle dos diâmetros das artérias renais e influência na formação da urina
 regulação da pressão e do fluxo sanguíneo renal
 estimulação de liberação de renina
 estimulação direta da reabsorção de água e sódio
 maior parte consiste em nervos vasomotores que atuam causando dilatação ou constrição e regulam o fluxo
sanguíneo rena, das arteríolas renais
NÉFRONS: unidade funcional do rim. Estreitamente ao néfron está a rede de vascularização. Cada néfron consiste
em duas partes:

 Corpúsculo renal: onde ocorre a filtração do plasma sanguíneo


→ glomérulo + cápsula glomerular (cápsula de Bowman)
- sangue chega ao glomérulo pela arteríola aferente e sai pela arteríola eferente
- cápsula glomerular = estrutura epitelial de parede dupla que circunda os capilares glomerulares. É o
local onde o plasma sanguíneo é filtrado
- líquido filtrado passa para o túbulo renal
 Túbulo renal: por onde passa o líquido filtrado (filtrado glomerular). Tem três partes principais (em ordem de
recebimento do líquido):
- túbulo contorcido proximal (TCP) → ligado à cápsula glomerular
- alça do néfron ou alça de Henle
- túbulo contorcido distal (TCD)

obs.: o corpúsculo renal e os túbulos contorcidos proximais e distais se localizam no córtex renal, a alça de Henle se
estende até a medula renal, faz uma curva fechada e retorna ao córtex

→ túbulos distais de vários néfrons drenam para um único ducto coletor


→ ductos coletores se unem e convergem em centenas de ductos papilares
- ductos coletores e papilares se estendem desde o córtex renal ao longo da medula renal até a pelve renal
→ ductos papilares drenam para os cálices renais menores

→ a alça de Henle comunica os túbulos contorcidos proximais e distais


- a primeira parte da alça de Henle começa no ponto em que o túbulo contorcido proximal faz a sua última curva
descendente
- inicia-se no córtex renal e estende-se para baixo e para dentro da medula renal, onde é chamada de ramo
descendente da alça de Henle (espesso)
- curva fechada e retorno para o córtex renal, onde termina no túbulo contorcido distal e é chamado de ramo
ascendente da alça de Henle (delgado)
Néfrons corticais: corpúsculos renais localizados na parte externa do córtex renal, alças de Henle curtas encontradas
principalmente no córtex e penetram somente na região externa da medula renal

- alças de Henle curtas são irrigadas por


capilares peritubulares que emergem
das arteríolas glomerulares eferentes
- arteríola glomerular eferente conduz o
sangue a uma rede de capilares
peritubulares
- 80 a 85% dos néfrons

Néfrons justamedulares: corpúsculos renais localizados profundamente no córtex renal, alças de Henle longas que se
estendem até a região mais profunda da medula renal (para o interior das pirâmides renais)

- alças de Henle longas são irrigadas por


capilares peritubulares e arteríolas
retas que emergem das arteríolas
glomerulares eferentes
- néfrons com alça de Henle longa
possibilitam que os rins excretem urina
muito diluída ou muito concentrada
- 15 a 20% dos néfrons
URETERES: par de tubos/ductos musculares com lumens estreitos que se estendem inferiormente cerca de 30 cm a
partir dos rins até a bexiga urinária, conduzindo urina. Cada ureter inicia-se como uma continuação da pelve renal, de
formato semelhante ao de um funil, e sai através do hilo renal. Os ureteres são retroperitoneais e firmemente fixos à
parede posterior do abdome. Seu trajeto até a bexiga urinária difere entre homens e mulheres devido a variações de
natureza, dimensões e posições dos órgãos genitais.

Os ureteres ocupam um plano sagital que cruza as extremidades dos processos transversos das vértebras lombares.
Normalmente apresentam constrições relativas em três locais: (1) na junção dos ureteres e pelves renais, (2) onde os
ureteres cruzam a margem da abertura superior da pelve, e (3) durante sua passagem através da parede da bexiga
urinária. Essas áreas de constrição são possíveis locais de obstrução por cálculos ureterais.

Os ureteres penetram a parede posterior da bexiga urinária, mas não adentram a cavidade peritoneal. Passam através
da parede da bexiga em um ângulo oblíquo, o óstio do ureter, semelhante a uma fenda, formato útil para prevenir o
fluxo retrógrado de urina em direção ao ureter e aos rins quando a bexiga urinária se contrai.

BEXIGA URINÁRIA: órgão muscular oco que funciona como um reservatório temporário da urina. No homem, o
corpo da bexiga urinária localiza-se entre o reto e a sínfise púbica, e na mulher o corpo da bexiga urinária localiza-se
inferiormente ao útero e anteriormente à vagina. As dimensões da bexiga urinária variam dependendo do seu estado
de distensão, porém quando está cheia pode conter aproximadamente 1L de urina. A superfície anterior é recoberta
por uma camada de peritônio. Vários ligamentos peritoneais auxiliam na estabilização da posição da bexiga:

 Ligamento umbilical mediano: estende-se da margem anterossuperior da bexiga urinária até o umbigo
 Ligamentos umbilicais mediais: passam ao longo dos lados da bexiga urinária e também atingem o umbigo

A maior parte das superfícies (posterior, inferior e anterior) da bexiga urinária não tem revestimento peritoneal. Nessas
áreas, ligamentos resistentes ancoram a bexiga urinária aos ossos da pelve (púbis).

 Trígono da bexiga: área triangular delimitada pelos óstios dos ureteres e pelo óstio interno da uretra. Atua
como um funil que direciona a urina para o interior da uretra quando a bexiga urinária se contrai
- início da uretra localiza-se no ápice do trígono, no ponto mais inferior da bexiga

A região em torno do óstio interno da uretra, conhecida como colo da bexiga urinária, contém o esfíncter interno da
uretra. O músculo liso do esfíncter interno da uretra oferece o controle involuntário sobre a eliminação da urina pela
bexiga urinária, e é inervado por fibras pós-ganglionares de gânglios do plexo hipogástrico e por fibras parassimpáticas
de gânglios intramurais que são controlados por ramos de nervos pélvicos

URETRA: estende-se a partir do colo da bexiga urinária (óstio interno da uretra) até o óstio externo da uretra, onde
comunica-se com o meio exterior. A uretra masculina difere da feminina em extensão e função.

 Uretra feminina: muito curta, medindo entre 3 a 5 cm desde a bexiga urinária até o vestíbulo da vagina
 Uretra masculina: mede entre 18 a 20 cm desde o colo da bexiga urinária até a extremidade do pênis

Em ambos os sexos, conforme a uretra passa através do “diafragma urogenital”, uma faixa circular de músculo
esquelético constitui o músculo esfíncter externo da uretra. As contrações dos músculos esfíncter externo e esfíncter
interno da uretra são controladas por ramos do plexo hipogástrico. Somente o músculo esfíncter externo da uretra
pode ser controlado voluntariamente, por meio do nervo perineal do nervo pudendo.
O músculo esfíncter externo da uretra apresenta um tônus muscular de repouso que geralmente diminui,
possibilitando seu relaxamento voluntário e permitindo a micção. A inervação autônoma desse músculo é importante
apenas na ausência do controle voluntário, como se observa em crianças ou em adultos após lesões da medula espinal.
3. Histologia do sistema urinário

RINS: revestido por três camadas de tecido de sustentação


 Cápsula fibrosa: camada mais profunda, lâmina lisa e transparente de tecido conjuntivo denso não modelado
contínuo com o revestimento externo do ureter
- barreira contra traumatismos a ajuda a manter a forma do rim
- inibição de infecções de regiões vizinhas
- manutenção do formato do rim
 Cápsula adiposa: camada intermediária, massa de tecido adiposo que circunda a cápsula fibrosa
- proteção contra traumas, ancora o rim na cavidade abdominal
- circunda os rins e os vasos
 Fáscia renal: camada superficial, fina camada de tecido conjuntivo denso não modelado localizada
profundamente ao peritônio
- contém uma camada externa de gordura, o corpo adiposo (perirrenal “em volta do rim” e pararrenal
“perto do rim”)
- amortecimento de choques
- ancora o rim às estruturas vizinhas e à parede abdominal
- extensão da fáscia renal ao longo do ureter = fáscia periureteral

NÉFRONS: uma camada única de células epiteliais forma toda a parede da cápsula glomerular, túbulos e ductos
renais

Corpúsculo renal: consiste em camadas visceral e parietal

 Camada parietal: externa


- parede externa da cápsula é revestida por epitélio parietal (capsular) escamoso/pavimentoso simples
- contribui para a estrutura da cápsula, mas não faz parte da formação do filtrado
- epitélio parietal é contínuo com o epitélio visceral

→ espaço capsular: separação do epitélio parietal e visceral


→ polo vascular: conexão entre o epitélio visceral e parietal

 Camada visceral: interna


- recobre os capilares glomerulares FILTRAÇÃO
- epitélio visceral consiste em células grandes com processos complexos que envolvem os capilares
glomerulares, os podócitos (células epiteliais pavimentosas simples modificadas)
- ramos dos podócitos terminam em pedicelos

Túbulo renal: TCP, alça de Henle e TCD

 Túbulo contorcido proximal: epitélio cuboide simples com superfícies apicais cobertas por microvilosidades,
aumentando a área de reabsorção
- absorção de nutrientes orgânicos, íons e proteínas plasmáticas (quando presentes)
- membrana plasmática altamente circundada com muitas enzimas bombeadoras de íons
- células contém muitas mitocôndrias que fornecem energia para a reabsorção
 Alça de Henle: variado
- ramo descendente e ramo ascendente delgado: células epiteliais pavimentosas simples
- ramo ascendente espesso: células epiteliais cúbicas simples a colunares baixas
 Túbulo contorcido distal: epitélio cuboide simples
- secreção seletiva e reabsorção de íons
- maior parte do TCD: células epiteliais cúbicas simples
- parte final do TCD e ducto coletor: epitélio cúbico simples que consiste em células principais e células
intercaladas
- células principais: contém receptores para o ADH (hormônio antidiurético) e para a aldosterona
- células intercaladas: homeostasia do pH do sangue
Em cada néfron, a parte final ascendente da alça de Henle faz contato com a arteríola glomerular aferente que irriga
o corpúsculo renal. Como as células colunares tubulares desta região estão muito próximas uma da outra, são
conhecidas como mácula densa. Ao lado da mácula densa, a parede da arteríola glomerular aferente (e às vezes a
arteríola glomerular eferente) contém fibras musculares lisas modificadas chamadas células justaglomerulares (JG).
Em conjunto com a mácula densa, constituem o aparelho justaglomerular (AJG).

O aparelho justaglomerular é uma estrutura que funciona na regulação da pressão arterial, uma área de contato
especializada entre a extremidade do TCD e a arteríola aferente. Dentro do complexo, as estruturas do túbulo e da
arteríola são modificadas. As paredes das arteríolas aferentes e eferentes contêm células justaglomerulares (células
granulares), células musculares lisas modificadas com grânulos secretórios contendo um hormônio chamado renina
(“hormônio renal”). As células granulares parecem ser mecanorreceptores que secretam renina em resposta à queda
de pressão sanguínea na arteríola aferente. A mácula densa, que é a terminal do túbulo contorcido distal adjacente as
células justaglomerulares, consiste em células epiteliais altas e próximas umas das outras que agem como
quimiorreceptoras, monitorando as concentrações de soluto no filtrado. Quando as concentrações de soluto ficam
abaixo de um determinado nível, as células da macula densa sinalizam as células justaglomerulares para que estas
secretem renina. A renina inicia uma sequência de reações químicas no sangue (conhecidas como mecanismo renina-
angiotensina) que resulta, pelo córtex renal, na secreção do hormônio aldosterona, que aumenta a reabsorção do
sódio (Na+) pelos túbulos contorcidos distais, aumentando a concentração de soluto no sangue. Quando o sódio e
reabsorvido, a água acompanha o gradiente osmótico, fazendo que o volume e a pressão sanguíneos aumentem. A
cafeína e certas medicações prescritas para a hipertensão agem como diuréticos, que são substâncias que aumentam
a quantidade de urina excretada ao bloquearem a reabsorção do sódio pelos túbulos contorcidos distais. As células
mesangiais têm formato irregular e estão situadas em volta da base do glomérulo. Essas células exibem propriedades
contrateis que regulam o fluxo sanguíneo dentro do glomérulo. As células mesangiais extraglomerulares interagem
com as células da macula densa e as células justaglomerulares como forma de regular a pressão sanguínea.

O filtrado formado pelos néfrons é drenado para grandes ductos coletores, que se estendem através da papila renal
das pirâmides. Os ductos coletores drenam para estruturas em forma de taça chamadas cálices renais maiores e
cálices renais menores. Cada rim tem de 8 a 18 cálices renais menores e 2 ou 3 cálices renais maiores. Um cálice
renal menor recebe urina dos ductos coletores de uma papila renal e a carreia para um cálice renal maior. Uma vez
que o filtrado entra nos cálices, torna-se urina, porque não pode mais ocorrer reabsorção. O motivo é que o epitélio
simples dos néfrons torna-se epitélio de transição nos cálices. Dos cálices renais maiores, a urina flui para uma
grande cavidade única chamada pelve renal, e em seguida, para fora pelo ureter até a bexiga urinária.
URETERES: a parede de cada ureter é composta de três camadas:
1. mucosa interna revestida por epitélio de transição
2. túnica muscular média constituída por uma camada longitudinal interna e uma camada circula externa de
músculo liso
3. túnica externa de tecido conjuntivo (adventícia) contínua com a cápsula fibrosa e o peritônio

BEXIGA URINÁRIA: a parede da bexiga urinaria contém uma túnica mucosa constituída por epitélio de transição,
uma tela submucosa e uma túnica muscular

1. Túnica mucosa: epitélio de transição + lâmina própria de tecido conjuntivo (varia do frouxo ao denso)
- em torno da mucosa há feixes de tecido muscular liso
- disposta em pregas que desaparecem quando a bexiga se distende e enche de urina
- quando a bexiga se esvazia, a membrana se dobra nas regiões delgadas e as placas espessas se invaginam
e se enrolam formando vesículas
- quando a bexiga se enche, ocorre o processo inverso e essas vesículas se transformam em placas espessas
que se inserem na membrana aumentando a superfície das células
2. Tela submucosa
3. Túnica muscular: consiste em três camadas, duas camadas musculares lisas longitudinais (interna e externa)
com uma camada circula disposta entre elas. Coletivamente, essas camadas formam o músculo detrusor da
bexiga, cuja contração comprime a bexiga e expele o seu conteúdo para o interior da uretra

ADVENTICIA SO TEM NA PARTE LATERAL E INFERIOR DA BEXIGA PQ EM CIMA TEM PERITONIO


URETRA
 Uretra feminina: o revestimento da uretra é constituído por um epitélio de transição nas proximidades do
colo da bexiga urinária. O restante da uretra é tipicamente revestido por um epitélio escamoso estratificado.
A lâmina própria contém uma extensa rede de veias, e este complexo é envolvido por camadas concêntricas
de musculatura lisa
 Uretra masculina: a organização histológica da uretra varia ao longo de sua extensão. A partir do colo da bexiga
urinária até o óstio externo da uretra, o tipo de epitélio modifica-se, passando de epitélio de transição para
epitélio colunar pseudoestratificado ou colunar estratificado, e depois para epitélio escamoso estratificado.
A lâmina própria é espessa e elástica; a túnica mucosa dispõe-se em pregas longitudinais. Células secretoras
de muco são encontradas em bolsas e, no homem, as glândulas mucosas epiteliais podem formar túbulos que
se estendem para o interior da lâmina própria. Tecido conectivo da lâmina própria une a uretra às estruturas
adjacentes.

Anotações
 O mesoderma intraembrionário formado em cada lado da linha média durante a gastrulação diferencia-se em
três subdivisões: mesoderma paraxial, mesoderma intermediário e mesoderma lateral
- o mesoderma intermediário origina as estruturas néfricas do embrião, porções das glândulas
suprarrenais, gônadas e ao sistema de ductos genitais
 A formação da urina é contínua durante toda a vida fetal, e é excretada dentro da cavidade amniótica,
formando um dos componentes do líquido amniótico
 Broto uretérico = broto uretral
 Após os rins filtrarem o plasma sanguíneo, eles devolvem a maior parte da água e dos solutos à corrente
sanguínea. A água e os solutos restantes constituem a urina, que passa pelos ureteres e é armazenada na
bexiga urinária até ser eliminada do corpo pela uretra.
 Rim aproximadamente do tamanho de um sabonete comum
 Pelve renal = parte superior do ureter expandida
- a pelve renal recebe dois ou três cálices maiores, e cada um deles é formado por dois ou três cálices
menores
 Rins retiram o excesso de água, sais e resíduos do metabolismo proteico do sangue e devolvem nutrientes e
substâncias químicas
 Natureza sinuosa do néfron aumenta seu tamanho e melhora sua capacidade de processamento do filtrado
que escoa por ele
Referências bibliográficas

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