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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

CURSO DE DIREITO

LÍVIA CASTRO MATOS RODRIGUES

RESENHA CRÍTICA D ARTIGO “CONTRATOS EM CURSO DE EXECUÇÃO


EM TEMPOS DE COVID-19”
Resenha crítica apresentado ao Prof. Dr. Hugo
Assis Passos da disciplina Direito
Administrativo II do Curso de Direito da
Universidade Estadual do Maranhão (UEMA)
para obtenção de nota adicional.

São Luís
2023
GUIMARÃES, Edgar. Contratos em curso de execução em tempos de Covid-19: suspensão,
rescisão, supressão ou reequilíbrio?. In: POZZO, Augusto; CAMMAROSANO, Márcio. As
implicações da Covid-19 no Direito Administrativo. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2020. cap. 22.

Durante a pandemia de Covid-19, diversas autoridades do Poder Público tiveram que


tomar medidas consideradas duras pela sociedade, com obejtivo de cobater a proliferação do
vírus. Nesse viés, a restrição à circulação de pessoas e a paralização de certas atividades
produtivas, por exemplo, impactaram significativamente o ambiente de negócios e a economia
brasileira de forma geral. O artigo busca, nesse contexto, trazer reflexões acerca das
providências administrativas tomadas em face dos contratos em curso de execução no período
da pandemia.
O autor inicia apresentando duas premissas nucleares dos contratos da Administração
Pública: os contratos administrativos cumprem uma função social que garante a efetividade
dos direito fundamentais e constatado um desequilíbrio na equação encargo-remuneração de
um contrato administrativo, a revisão das condições econômicas pactuadas inicialmente se
torna compulsória.
Outrossim, o artigo destaca a importância da LINDB nesse cenário. Como essa lei visa
neutralizar a insegurança no desempenho da gestão pública, algumas disposições da LINDB
ganharam especial destaque, tendo em vista a necessidade de que o administrador público
tomasse decisões rápidas. O artigo 20 da referida lei, por exemplo, impôs às autoridades
públicas um ônus argumentativo mais robusto e qualificado para a invocação de valores
jurídicos abstratos na fundamentação de suas decisões.
A decretação da pandemia do coronavírus refletiu diretamente nas políticas públicas e
nos contratos administrativos em curso de execução. Por se tratar de um fato superveniente,
extraordinário e imprevisível, a legislação vigente até então não foi suficiente para enfrentar a
realidade da pandemia.
O autor destaca também, em relação às aquisições/contratações públicas, a criação de
um pregão simplificado na Lei 12.979/2020. Trta-se de uma nova hipótese de icitação
dispensável, autorização para adoção de requisições administrativas, aumento dos limites para
suprimento de fundos, ampliação da utilização doo sistema de registro de preços e suspensão
dos prazos prescricionais para aplicação de sanções administrativas das Leis 8.666/97,
10.520/2002 e 12.462/2011.
Fora a suspensão dos prazos prescricionais para fins de sanções administrativas, a Lei
mencionada acima não estabeleceu qualquer disciplina aplicável aos contratos em curso de
execução durante a pandemia. O autor denomina esse cenário incerto de “convulsão
contratual”. Nesse sentido, os gestores públicos tiveram de enfrentar um enorme desafio:
“como proceder com os contratos em curso de execução, reequilibrá-los, suspendê-los,
suprimi-los quantitativamente ou simplesmente rescindi-los?”
Nesse contexto, o autor destaca a iniciativa do Governados do Paraná que em 07 de
abril de 2020 sancionou a Lei 20.170, que objetivava dar mais segurança ao administrador
público na tomada de decisões, bem como proporcionar certo alento aos particulares
contratantes. Essa lei autorizou a Administração Pública do Paraná, durante a pandemia de
Covid-19, a manter a integralidade dos contratos administrativos, como forma de estabilidade
do equilíbrio econômico-financeiro inicial do contrato, bem como a preservação dos direitos
sociais do trabalho.
Para aqueles que não dispuseram de um amparo legal semelhante ao encontrado no
Paraná, o autor elencou algumas possíveis ações a serem implementadas, visando a segurança
jurídica. A primeira delas é a criação de um comitê ou comissão, com atibuições específicas à
gestão das contratações atingidas pela pandemia. Sob o aspecto organizacional, seria
necessária também a reunião de todas as contratações em curso atingidas pela Covid-19,
cabendo em cada um uma avaliação das reais necessidades no período de pandemia. Trata-se
de um processo deliberativo que organiza e racionaliza ações, antevendo resultados e que tem
por finalidade atingir, da melhor forma possível, os objetivos pré-definidos. Uma vez
reunidos todos esses contratos e realizada a análise de cada um, caberá a definição de um
modo de proceder.
É preciso reconhecer, inicialmente, que inexiste uma fórmula que possa ser aplicada
indistintamente a todas as contratações. Considerando a Lei 8.666/93, seria possível cogitar da
suspensão ou até da rescisão unilateral do contrato pela Administração. Contudo, essa medida
drástica implicaria em demissão de pessoal, indo de encontro à função social dos contratos
administrativos. Assim, dependendo da situação fática, o autor defende que a suspensão e
rescisão contratual podem ser avaliadas na hipótese de absoluta impossibilidade material de
execução contratual.
Em certos contrato, por outro lado, a supressão quantitativa poderia ser uma boa
medida. Nesse sentido, a Lei Paranaense n. 20. 170 determinou que fossem subtraídas do
valor a ser pago à empresa contratada, proporcionalmente, as despesas diretas e indiretas que
efetivamente deixassem de incorrer, bem como os insumos e outros recursos que não fossem
mais utilizados durante o estado de emergência, ficando garantido o pagamento integral aos
empregados terceirizados.
Outra altternativa viável para a manutenção dos contratos foi o reequilíbrio
econômico-financeiro. Como afirmado anteriormente, se um fato imprevisível ou previsível,
mas de consequências incalculáveis onerar substancialmente uma das partes, a recomposição
integral do equilíbrio econômico-financeiro do contrato se torna compulsória a fim de se
restaurar o status quo ante. Dessa forma, se demonstrado nexo de causalidade entre a
pandemia e os efeitos econômicos negativos, o reequilíbrio econômico-financeiro do contrato
deve ocorrer.
Por fim, o autor traz algumas conclusões acerca da temática, retomando os conceitos
apresentados anteriormente e reforçando a importância de medidas que preservem a função
social do contrato. Nessa esteira, percebe-se que a finalidade do próprio artigo é demonstrar a
importância dos administradores se basearem em princípios e fundamentos de Direito para
justificar as providências tomadas em relação aos contratos atingidos ao longo do período
pandêmico.

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