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ISSN: 2525-8761
RESUMO
O reequilíbrio econômico-financeiro, com finalidade de revisão de preços, é um
procedimento previsto em lei para que haja lisura nos contratos de obra pública. É
aplicado ao longo da execução da obra quando ocorre uma variação excessiva dos preços
inicialmente pactuados. Nesses casos, nota-se que tanto o prestador quanto o tomador do
serviço têm dificuldades em realizar os procedimentos necessários para equilibrar os
fatores relacionados à economia e às finanças do contrato. O objetivo deste trabalho é
analisar um contrato de uma obra pública na Região Metropolitana de Manaus por meio
de um estudo de caso. A pesquisa tem caráter descritivo, pois abordou os aspectos
conceituais e normativos relacionados ao tema e obteve informações do contrato
analisado, e método quali-quantitativo, onde determinou-se o impacto econômico-
financeiro dos insumos do orçamento de referência. Assim sendo, diante dos resultados
apresentados a partir da coleta de dados, verificou-se a necessidade de realizar o
reequilíbrio econômico-financeiro para o orçamento da obra, objeto deste estudo.
ABSTRACT
The economic-financial rebalancing, with the purpose of reviewing prices, is a procedure
provided by law so that there is fairness in public works contracts. It is applied during the
execution of the work when there is an excessive variation of the prices initially agreed.
In these cases, it is noted that both the service provider and the service taker have
difficulties in carrying out the necessary procedures to balance the factors related to the
economy and finances of the contract. The objective of this work is to analyze a contract
for a public work in the Metropolitan Region of Manaus through a case study. The
research has a descriptive character, as it addressed the conceptual and normative aspects
related to the theme and obtained information from the analyzed contract, and a quali-
quantitative method, where the economic-financial impact of the inputs of the reference
budget was determined. Therefore, in view of the results presented from the data
collection, there was a need to carry out the economic-financial rebalancing for the budget
of the work, object of this study.
1 INTRODUÇÃO
Antes de uma obra pública ser iniciada é necessário que a Administração Pública
(ou gestão pública) realize um processo licitatório onde definirá os aspectos que
regulamentarão o futuro contrato. Uma vez passados os trâmites legais da licitação, é
firmado um contrato para execução do objeto licitado com a empresa declarada
vencedora. A contratante e a contratada firmam, assim, um compromisso que deverá ser
cumprido até a conclusão dos serviços.
Porém, no decorrer da execução da obra, podem advir fatos imprevisíveis, como
por exemplo, o aumento excessivo de determinado insumo de um serviço contratado,
causando uma onerosidade excessiva para a empresa. Nesse caso, há uma quebra do
equilíbrio econômico-financeiro e a contratada terá dificuldade em atender o que fora
acordado inicialmente, tendo que solicitar à Administração o reequilíbrio do seu contrato
a fim de que o objeto contratado seja concluído de maneira justa e adequadamente para
ambas as partes.
Ademais ao se deparar com constantes aumentos em determinados insumos,
muitas empresas não sabem os procedimentos corretos a serem realizados. Da mesma
forma, muitos agentes públicos têm dificuldades em analisar uma solicitação de
reequilíbrio econômico-financeiro por parte da contratada e acabam avaliando de maneira
incorreta ou até mesmo indeferindo por desconhecerem as normativas.
Sendo assim, este trabalho tem por objetivo geral analisar um contrato de obra
pública na Região Metropolitana de Manaus, propondo, caso necessário, um reequilíbrio
econômico-financeiro para os insumos asfálticos já medidos no orçamento e de maneira
Ainda de acordo com a lei supracitada, em seu artigo 65, com relação ao
reequilíbrio com finalidade de revisão de preços, evidencia-se, que os contratos regidos
por ela poderão ser modificados, com as devidas justificativas e por acordo das partes nos
seguintes casos:
A revisão contratual está prevista também no Código Civil, nos artigos 478 e 479,
como resposta a onerosidade excessiva para uma das partes e “com extrema vantagem
para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis”, podendo
resultar na extinção do contrato ou na sua alteração a fim de evitar a onerosidade
excessiva.
2.2.1.1 Reajuste
Fundamental nos contratos administrativos, o reajuste ou reajustamento permite
realinhar os valores inicialmente pactuados, através de índices que monitoram a variação
dos preços dos insumos. Esses índices devem ser estabelecidos no contrato e devem
refletir a variação dos custos dos insumos utilizados no mesmo. A aplicação do reajuste
ocorrerá a cada 12 meses, “contada a partir da data limite para apresentação da proposta
ou do orçamento a que essa se referir” (§ 1º do Art. 3º da Lei nº 10.192/2001). Por ser
previsível e fazer parte do contrato, o § 8º do Art. 65 da Lei nº 8.666/93 prevê que o
reajuste seja registrado por simples apostila, dispensando a celebração de aditamento.
Onde:
R = valor do reajuste procurado;
V = valor contratual do fornecimento, obra ou serviço a ser reajustado;
Io = índice inicial - refere-se ao índice de custos ou de preços correspondente à
data fixada para entrega da proposta da licitação;
I = índice relativo à data do reajuste.
Porém algumas falhas foram detectadas pela unidade técnica do TCU, uma delas
foi a ausência de uma análise global dos insumos do contrato e não apenas dos insumos
betuminosos. Esta por sua vez foi refutada pelo ministro relator Augusto Nardes, onde
esclareceu que a análise para comprovar os desequilíbrios econômico-financeiros nos
contratos administrativos não exige a consideração de todas as variações ordinárias dos
preços dos insumos contratuais, que naturalmente são incluídos no índice de reajuste do
contrato, mas apenas alterações de preços significativas e imprevisíveis (ou previsíveis,
porém de consequências incalculáveis), capazes de justificar a aplicação da teoria da
imprevisão. (TCU, Acórdão nº 1.064/2015 Plenário, Rel. Min. Augusto Nardes).
Em resposta, o DNIT revogou a IS/DG nº 02/2015 e elaborou a Instrução de
Serviço/DG nº 15 de 21 de julho de 2016, aplicável apenas em contratos anteriores a
2019. Já para os contratos assinados a partir de 2019, considerava-se a Instrução de
Serviço nº 10/DG/DNIT, de 16 de maio de 2019. Por fim, outros normativos surgiram
durante o ano de 2020 e 2021, sendo todos revogados pela Resolução/DNIT nº 13, de 02
de junho de 2021.
Onde:
ΔP = Variação do Preço Produtor calculada de forma geral pela razão entre
o preço produtor do mês da medição (PPMM) e o preço do produtor do mês da data-base
do contrato (PPDB). Nos casos em que a aquisição se tratar de uma emulsão, deve-se
considerar 75% da fórmula geral e 25% da razão entre o Índice Geral de Preços -
Disponibilidade Interna do mês da medição (IGPMM) e do mês da data-base do contrato
(IGPDB). Logo temos:
Fórmula geral:
reajustamento aplicados em relação aos índices de reajustamentos que deveriam ter sido
aplicados”, neste caso admite-se o seu desmembramento.
IF – Impacto financeiro quando for comprovadamente superior ao lucro
operacional referencial (LOR), será aceita proposta de reequilíbrio, dado através da
seguinte equação:
3 MATERIAIS E MÉTODOS
Para adquirir a curva ABC (metodologia que possibilita a avaliação da influência
de cada insumo no orçamento da obra) foi utilizado o software de orçamentos Orçafascio.
Foi criado um novo orçamento, inserido cada serviço com as suas quantidades contratadas
e no final gerado o relatório de Curva ABC de Insumos, onde se constatou que os insumos
do tipo material representam quase metade do valor global do contrato e podem ser
divididos em grupos asfálticos, agregados, aglomerantes e outros, conforme detalhado a
seguir e ilustrado no gráfico 2:
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na busca de entender sobre o reequilíbrio econômico-financeiro, o presente
trabalho analisou um contrato na Região Metropolitana de Manaus a partir do qual
identificamos quais insumos causam onerosidade excessiva. Tal identificação se mostra
importante no sentido de possibilitar à empresa contratada submeter propostas de
reequilíbrio-econômico que estejam dentro das normas do órgão contratante, bem como
auxiliar agentes públicos na análise das solicitações de REF, uma vez que a falta de
conhecimento dos mesmos sobre as normativas vigentes leva ao indeferimento da
solicitação.
Para o desenvolvimento desta pesquisa utilizamos a metodologia descritiva para
atender os objetivos específicos de explanar os aspectos conceituais e normativos
relacionados ao tema bem como análise dos documentos referente ao contrato, objeto
deste estudo. No tocante a coleta de dados do referido contrato desenvolveu-se um estudo
de caso explicitando, a partir de cálculos, o impacto econômico-financeiro dos insumos
asfálticos medidos na terceira, quarta e quinta medição, compondo, então, o aspecto quali-
qualitativo deste trabalho.
Faz-se necessário ressaltar que os dados referentes a contratada e contratante da
avença analisada foram mantidos em sigilo, posto que a relevância da análise descrita
neste trabalho está na identificação dos insumos asfálticos a fim de garantir que empresas
o utilizem como referencial para futuras solicitações de REF.
Quanto aos aspectos conceituais e normativos relacionados ao reequilíbrio
econômico-financeiro de contratos de obras públicas, verificou-se, portanto, que existem
várias jurisprudências sobre o tema, além de amparo legal e metodologia de órgão oficial
do governo federal. No entanto, cada órgão pode seguir sua própria metodologia. O REF
proposto para o contrato analisado nesta pesquisa, por exemplo, se baseou na resolução
do DNIT, porém adaptado às condições impostas pelo órgão contratante.
A planilha orçamentária do contrato analisado revelou que os insumos asfálticos
representam 46% do grupo de insumos do tipo material, que por sua vez reflete cerca de
50% de todo o valor orçado. Ou seja, o referido insumo tem alto grau de significância
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus, que me fortalece a cada dia para enfrentar as adversidades da vida,
me fazendo entender que todas as coisas cooperam para o meu bem.
À minha família, em especial à minha esposa, a grande incentivadora para retomar os
estudos, sem ela este trabalho não existiria. À minha irmã, por dispor um pouco do seu
concorrido tempo para revisão do texto.
Aos professores da Universidade Nilton Lins. Em especial ao professor Roberval, pelos
vários esclarecimentos sobre o curso da instituição, à professora Walzenira, pelas
orientações que ajudaram a desenvolver este trabalho e à professora Érika pelas correções
e sugestões.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei Federal n. 8.666, de 21 de junho de 1993. Regulamenta o art. 37, inciso
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<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8666cons.htm> Acesso em: 10 mar. 2022.
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Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, ano 139, n. 8, p. 1-74, 11 jan. 2002. Disponível
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CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 28ª edição
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MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 32ª edição, rev.,
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OLKOWSKI, Gustavo Ferreira. Aula 14: Regras gerais para o reequilíbrio contratual. In:
Curso: Aditivos e Reequilíbrio em contratos de obras. Material Complementar.
Plataforma de Cursos Engenheiros Legais, 2021.
OBRAS CONSULTADAS