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Projeto Político Pedagógico Institucional Colégio Pedro II 2018

4.3. EDUCAÇÃO ESPECIAL NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA DO CPII

O movimento pela inclusão torna a escola efetivamente comprometida não apenas


com a educação dos estudantes público-alvo da Educação Especial e suas necessidades
educacionais especiais, mas sim com a heterogeneidade e diversidade presentes em
qualquer grupo humano e, portanto, promove um olhar mais atento para as necessidades
específicas de cada estudante.
O Colégio Pedro II, cada vez mais vem se afirmando como uma escola inclusiva,
seja desde a década de 80 recebendo, por meio de convênio, os estudantes concluintes do
Ensino Fundamental do Instituto Benjamin Constant no Ensino Médio, como também
pelo sistema de sorteio e cotas nos concursos. Mas não basta receber os estudantes com
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento, distúrbios específicos de
aprendizagem, transtornos neuropsiquiátricos, altas habilidades/superdotação. É
preciso prover espaços pedagógicos e equipar a comunidade escolar para, efetivamente,
acolher e desenvolver as potencialidades desses cidadãos em formação.
A partir da criação do Setor de Educação Especial (SEE) da Secretaria de Ensino
(SE) em 2004 – posteriormente Seção de Educação Especial (SEE) da Pró-Reitoria de
Ensino (PROEN) e a partir de 2014, SEE-NAPNE Geral, esse processo tem se intensificado.
De acordo com o disposto no Ofício nº 1219/2012/AID (CGPEPT
/ DPEPT26/SETEC/MEC) que afirma que “todas as instituições da rede federal e seus campi
devem ter um Napne constituído em condições de atender às pessoas com necessidades
específicas”, o Colégio Pedro II implementou o Núcleo de Atendimento às Pessoas com
Necessidades Específicas em todos os campi, sendo o último instituído em 2017 no CREIR.
Assim, com a contínua estruturação e formação dessas equipes que desenvolvem
estratégias pedagógicas específicas e diversificadas, temos como objetivo assegurar o
acesso, permanência, progressão acadêmica e o desenvolvimento cognitivo e psicossocial
dos estudantes matriculados em suas classes de ensino regular e que também são
acompanhados pelo atendimento educacional especializado oferecido pelo grupo de
profissionais dos NAPNEs.
Integram a equipe dos NAPNEs professores com especialização em Atendimento
Educacional Especializado, pedagogo, fonoaudiólogo escolar, técnicos em assuntos
educacionais, revisor e transcritor de Braille, tradutor/intérprete de Libras, profissionais
de apoio escolar. Nem todos os NAPNEs têm uma equipe completa, contudo o Colégio
Pedro II tem buscado essa estruturação. Do 6º ao 9º ano e no Ensino Médio, professores
das disciplinas curriculares disponibilizam alguns horários para atendimento aos
estudantes com necessidades específicas, o que, ao mesmo tempo, faz surgir novas
possibilidade de atuação pedagógica nas salas de aula regular.
No Colégio Pedro II, estudantes com Necessidades Educacionais Específicas não se
restringem ao público alvo da educação especial definido na legislação, ou seja, pessoas
com deficiência física, visual, auditiva, intelectual, mental, com transtorno global do
desenvolvimento ou com superdotação/altas habilidades. O Colégio considera os
estudantes com necessidades educacionais específicas, todos aqueles que, seja em
decorrências de fatores neurocomportamentais, inatos ou adquiridos, seja ocasionado
por fatores psicológicos ou sociais de caráter permanente ou temporário, apresentam
dificuldades ou impedimentos no seu desenvolvimento acadêmico ou em suas relações
interpessoais.
Após análise, estudo e avaliação desses estudantes encaminhados pela Equipe
Técnico-Pedagógica do Campus em seus diferentes fóruns, são estabelecidas pela equipe

26 Diretoria de Políticas da Educação Profissional e Tecnológica

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do NAPNE as estratégias mais indicadas do atendimento pedagógico especializado


oferecidos pela equipe, como também quais as adaptações físicas, ambientais,
metodológicas e didáticas, e as adequações dos conteúdos curriculares e do processo
avaliativo necessárias para atender às especificidades específicas de cada estudante
acompanhado e participante dos atendimentos oferecidos pelo NAPNE.

I) Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades Educacionais Específicas


(NAPNE)
O Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades Educacionais Específicas
(NAPNE), estratégia implementada por iniciativa da Secretaria de Educação Profissional
e Tecnológica (SETEC) do Ministério da Educação (MEC), dentro do Programa TECNEP,
visa à inserção das Pessoas com Necessidades Educacionais Específicas – PNE em cursos
de formação inicial e continuada, técnicos, tecnológicos, licenciaturas, bacharelados e
pós-graduações da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica.
Os NAPNEs, nos campi do Colégio Pedro II, instituído pela Portaria nº 906 e
Portaria nº 1.128 de 2012, caracteriza-se como um espaço pedagógico, responsável pelo
atendimento a estudantes que são público-alvo da Educação Especial, conforme
legislação, e a estudantes com necessidades educacionais específicas, estando
subordinado no Campus à direção Pedagógica e na reitoria, à Seção de Educação Especial
- NAPNE Geral, DAE/PROEN. Em sua atuação, o NAPNE estabelece constante diálogo com
o SESOP, com as coordenações pedagógicas de área/disciplinas e com toda a equipe
técnico-administrativa.
O NAPNE se concretiza em diferentes espaços e tempos escolares por meio do
Atendimento Educacional Especializado, seja na Sala de Recursos, no Ensino
Colaborativo, na Bidocência, na Mediação Especializada; no Laboratório de
Aprendizagem (LA) em atendimentos a pequenos grupos, nas Oficinas Pedagógicas
desenvolvidas pelos profissionais técnicos (Fonoaudiólogas, Técnicos em Assuntos
Educacionais, Tradutores e Intérpretes de Libras, Revisores de Braille), nos Grupos de
Apoio Pedagógico Especializados (GAPEs) desenvolvidos pelos professores das
disciplinas dos Anos Finais do E.F. e do E.M. Todo trabalho desenvolvido em cada NAPNE
é realizado sob a orientação dos Coordenadores dos NAPNEs, cujas atribuições constam
na Portaria no. 1.348/2016.

II) Laboratório de Aprendizagem (LA)


O Laboratório de Aprendizagem foi uma estratégia implementada a partir de 2001
nas então Unidades Escolares I. Com uma dinâmica mais lúdica e abordagens
diferenciadas, com base em teorias psicopedagógicas, psicomotoras e metacognitivas, o
professor, que atua no Laboratório de Aprendizagem, tem como objetivo observar os
níveis e modalidades de aprendizagem, as habilidades psicomotoras e as funções
cognitivas e executivas das crianças encaminhadas que apresentam significativas
dificuldades acadêmicas e/ou interpessoais, de maneira que, respeitando os seus ritmos
de aprendizagem e os interesses individuais, possa intervir pedagogicamente em seu
processo de aprendizagem e de socialização.
As atividades nesse espaço são desenvolvidas por professores com experiência ou
formação em áreas como a Psicopedagogia, a Psicologia, a Neuroeducação e afins, e por
fonoaudiólogas, que tem de investigar os obstáculos que impedem o desenvolvimento de
competências para o aprendizado escolar. Os estudantes que frequentam o LA são
indicados pelos professores regentes, e sua permanência em tal espaço é discutida e
avaliada nos Conselhos de Classe.

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No LA também são desenvolvidos outros atendimentos diferenciados, tais como:


 Oficinas de Linguagem (pela fonoaudiologia escolar): atividades em grupo visam o
aprimoramento da linguagem (oral, escrita/leitura, voz, fala audição e motricidade
orofacial), das habilidades pragmático-discursivas; da consciência metalinguística, da
fluência semântica;
 Grupos de Apoio Pedagógico Especializados (GAPEs): aulas, em pequenos grupos ou
mesmo individualizadas, ministradas pelo professor da disciplina da grade dos anos
finais do EF e do EM com orientação dos professores do AEE, para os estudantes avaliados
e acompanhados pelo NAPNE que apresentam dificuldades na apreensão e assimilação
dos conteúdos. Nessas aulas, são desenvolvidas atividades específicas para que as
barreiras/dificuldades no processo ensino-aprendizagem possam ser minimizadas;
 Oficinas de Robótica, de Ciências e de Jogos, as quais têm como objetivo o
desenvolvimento das funções executivas. Elas são oferecidas em alguns campi, de acordo
com o quantitativo de profissionais disponível;
 Oficinas de LIBRAS e Oficinas de Braille oferecidas à comunidade escolar com o objetivo
de divulgar a Língua de Sinais e o Sistema Braile. Infelizmente essas oficinas são
oferecidas esporadicamente em razão dos pouco profissionais existentes no Colégio,
apesar da grande procura por parte dos estudantes.

III) Sala de Recursos Multifuncionais (SRM) / AEE


A Sala de Recursos Multifuncionais (SRM), estratégia implementada por iniciativa
da antiga Secretaria de Educação Especial (SEESP/MEC), constitui-se um espaço
organizado com materiais didáticos, equipamentos e recursos pedagógicos
especializados de tecnologia assistiva, no qual é oferecido um Atendimento Especializado
(AEE) em complementação e/ ou suplementação ao realizado em classe de ensino
comum. Em 2007-2008, o Colégio Pedro II recebeu material do FNDE para instalação de
3 SRM em Engenho Novo, Realengo e São Cristóvão. Com recursos próprios, o Colégio
vem implantando esses espaços nos NAPNES de todos os campi.
São atividades específicas da Sala de Recursos para o público-alvo da Educação
Especial: Ensino do Sistema Braille, das técnicas de cálculo no Soroban, do uso de
recursos ópticos e não ópticos e técnicas de orientação e mobilidade; Estratégias para
enriquecimento curricular; Ensino da usabilidade e das funcionalidades da informática
acessível; Ensino da Língua Brasileira de Sinais (Libras) e da Língua Portuguesa na
modalidade escrita; Estratégias para o desenvolvimento de processos mentais;
Estratégias para autonomia no ambiente escolar; Ensino de uso da Comunicação
Alternativa e Aumentativa (CAA).

IV) Co-Ensino / Ensino Colaborativo / Bidocência


O Ensino Colaborativo ou co-ensino envolve a atuação conjunta, e em cooperação
de dois profissionais da educação em uma mesma classe, sendo um deles o professor
regente da disciplina específica a ser ministrada. É recomendável que um dos
profissionais possua formação na área de Educação Especial. Na bidocência, temos a
presença de dois professores da mesma disciplina.
Determinadas condições, sejam sensoriais (deficiência visual, deficiência auditiva
grave ou profunda), físicas (dificuldades motoras em especial nos membros superiores),
cognitivas (significativo déficit intelectual) ou de transtornos globais do desenvolvimento
(comprometimento psicoemocional), mediante a constatação na prática diária com o
estudante, necessitam uma atuação mais direta no próprio espaço da sala de aula, seja em

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tempo parcial (alguns dias/horas por semana, dependendo das atividades a serem
desenvolvidas), seja em tempo integral.
Essa rede de apoio no espaço da sala de aula vem sendo avaliada como a estratégia
mais eficaz, conforme descrito em pesquisas e observado em turmas dos campi nas quais
esse tipo de atendimento ocorre. É possível constatar que estudantes com necessidades
específicas, ao usufruírem desse suporte de mediação mais direta e presente, apresentam
significativa evolução no seu desempenho, como também se observa um melhor
rendimento dos demais estudantes da própria turma, que passam a demonstrar maior
solidariedade e respeito às diferenças.

V) O NAPNE na avaliação dos estudantes com necessidades específicas


A avaliação formativa e processual dos estudantes com necessidades específicas, no
contexto de um atendimento especializado, implica em adequações de conteúdos,
objetivos, critérios e instrumentos de avaliação. A avaliação dos estudantes atendidos
pelo NAPNE se faz no diálogo com o processo da avaliação escolar. A educação que se
propõe eficaz deve buscar ações e diferentes estratégias que garantam o acesso e a
permanência com êxito dos estudantes na escola. Para que isso ocorra, todos os
profissionais envolvidos – gestores, corpo docente e técnico, devem buscar atender às
possibilidades, necessidades e potencialidades dos diferentes estudantes, respeitados os
limites de sua atuação institucional.
Ao término do ano letivo, a situação final desses estudantes é analisada em Estudos
de Casos Específicos, a ser referendada pelo Conselho de Classe, tendo por base todas as
avaliações realizadas, a Ficha de Avaliação Individualizada, os pré-requisitos mínimos da
série, as condições psicoativas e o contexto das relações educacionais e sociais no qual o
estudante está inserido.

4.4. APOIO ESCOLAR: REFORÇO, RECUPERAÇÃO E OFICINAS PEDAGÓGICAS

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB no. 9.394/96), em seu Artigo 24,
inciso V, letra e, institui a “obrigatoriedade de estudos de recuperação, de preferência
paralelos ao período letivo, para os casos de baixo rendimento escolar, a serem
disciplinados pelas instituições de ensino em seus regimentos”.
Como exposto acima, a LDB sugere a preferência aos estudos de recuperação
paralela no ano letivo. Por meio desse tipo de recuperação, a escola poderá rever
metodologias, estratégias e recursos utilizados, para proporcionar ao estudante outra
maneira de vivenciar e internalizar o conteúdo, que posteriormente será cobrado
utilizando os instrumentos avaliativos definidos.
Para que isso possa ocorrer, a instituição educacional deverá desenvolver projetos
pedagógicos, que possibilitem aos estudantes - que necessitam de um acompanhamento
diferenciado por variados motivos – avançar nos objetivos de aprendizagem.

4.4.1. Ensino Fundamental - Anos Iniciais


A preocupação e o compromisso com a promoção da aprendizagem dos estudantes
e seu sucesso na continuidade dos estudos sempre pautaram as ações planejadas pelos
professores nos anos iniciais. Os estudantes ingressam na instituição através de sorteio
público, constituindo um grupo heterogêneo tanto em experiências escolares, quanto em
inserção nos espaços sociais. Essa realidade impõe um compromisso com a diversidade.

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