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MINISTÉRIO DA SAÚDE

GRUPO HOSPITALAR CONCEIÇÃO


CENTRO DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA E PESQUISA EM SAÚDE – ESCOLA
GHC
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO
GRANDE DO SUL – CÂMPUS PORTO ALEGRE

KIZY RODRIGUES GUIMARÃES SILVA

A IMPORTÂNCIA DA UTILIZAÇÃO DE EQUIPAMENTOS PROTEÇÃO


INDIVIDUAL PELA EQUIPE DE ENFERMAGEM: UM RELATO DE
EXPERIÊNCIA

Porto Alegre
2014
KIZY RODRIGUES GUIMARÃES SILVA

A IMPORTÂNCIA DA UTILIZAÇÃO DE EQUIPAMENTOS PROTEÇÃO


INDIVIDUAL PELA EQUIPE DE ENFERMAGEM: UM RELATO DE
EXPERIÊNCIA

Relatório apresentado como pré-requisito de conclusão do curso


Técnico em Enfermagem do Centro de Educação Tecnológica e
Pesquisa em Saúde- Escola GHC.

Orientadora: Marta Helena Buzati Fert

Porto Alegre
2014
“Deus investiu tanto em você porque só
ele sabe realmente o valor que você tem.
Ele planejou você para um propósito
especial que só você pode realizar.
Acredite você é o melhor de Deus”.

Padre Fábio de Melo.


AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus por ter sido sorteada em primeiro lugar para realizar um
sonho tão desejado e estar sempre do meu lado, ao meu esposo Henrique e meu filho Erik que
sempre me deram forças pra seguir, minha mãe Maria Helena por me ajudar nos cuidados
com o meu filho quando não estava presente e sempre me dando apoio para seguir em frente.
A todos os meus familiares e amigos que me incentivaram para eu pudesse continuar, mesmo
quando encontrava dificuldades, às minhas colegas Jéssica, Camila, Janete, Guacira, Kelly,
Mallu, Andréia e Fernanda que sempre me deram forças pra continuar em frente. A minha
comadre Gicélia e amiga Patrícia que me ajudaram no momento que eu precisava de ajuda
com o trabalho. Meus professores e os profissionais da saúde do GHC que me ensinaram as
teorias em sala de aula e a pratica nos campos de estagio, experiências que já mais vou
esquecer. Ao meu primeiro Orientador Alexander de Quadros que me ajudou a dar início a
este trabalho. Em especial minha Orientadora Marta Helena Buzati Fert, pois no momento em
que eu estava me sentindo perdida, te encontrei. Pessoa querida e atenciosa, que me ajudou a
concluir este trabalho. A Luciane Benedetti e ao Aquiles, Técnico de Segurança do Trabalho
por ter me ajudado na hora que eu mais precisava. Daniel Klug por ter tido essa graça de ser
bolsista de estar sempre lutando por nós alunos da Escola. Andiara, Sueli, Aline, Luana e
Desiree por nos ajudar no decorrer do curso. Em fim, agradeço a todos que de alguma
maneira contribuíram para eu chegar até aqui, obrigada por tudo.
RESUMO

Este relatório tem como objetivo mostrar as contribuições do uso de equipamentos de


proteção individual (EPI), buscando sensibilizar profissionais da saúde, paciente e usuário.
Compreende como objeto de estudo a prevenção dos acidentes de trabalho com materiais
biológicos entre os profissionais de enfermagem, no ambiente hospitalar, tendo como base os
riscos ocupacionais e as causas de acidentes e contaminações por material biológico.
Apresenta um fato que vivenciei no campo de estágio do curso Técnico em Enfermagem da
Escola GHC, onde houve contaminação, por falta do uso do EPI, neste caso a funcionaria da
saúde foi atingida por secreção em seu rosto e na mucosa ocular, porém se estivesse usando o
EPI adequado, além das luvas, que no caso seriam o uso de óculos e ou máscara facial, teria
minimizado ou até mesmo prevenido por completo a contaminação direta no momento de
exposição. Diante disso, independente das medidas necessárias após o acidente destaco a
importância destes cuidados para os profissionais de Saúde e também para prevenção de
contaminações e segurança do paciente.
Palavras-Chaves: EPI, Enfermagem, Biossegurança.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AVC - Acidente Vascular Cerebral


CAPS - Centro de Atenção Psicossocial
DM - Diabetes Mellitus
EPI - Equipamento de Proteção Individual
GHC - Grupo Hospitalar Conceição
HAS - Hipertensão Arterial Sistêmica
HF - Hospital Fêmina
HCR - Hospital Cristo Redentor
HCC - Hospital da Criança Conceição
RS - Rio Grande do Sul
HNSC - Hospital Nossa Senhora da Conceição
SSC - Serviço de Saúde Comunitária
SUS - Sistema Único de Saúde
UPA - Unidade de Pronto Atendimento
UP - Úlcera de Pressão
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 8

2 A IMPORTÂNCIA DA UTILIZAÇÃO DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO


INDIVÍDUAL PELA EQUIPE DE ENFERMAGEM: UM RELATO DE
EXPERIÊNCIA....................................................................................................................10
2.1 O uso de equipamentos de proteção indivídual estabelecimentos de saúde .................... 10

2. 2 Relato de experiência ..................................................................................................... 14

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 17

REFERENCIAS .................................................................................................................. 18

ANEXOS ............................................................................................................................. 20
8

1 INTRODUÇÃO

Este relatório descreve a experiência vivenciada durante estágio curricular em


uma unidade de internação do Hospital Nossa Senhora da Conceição (HNSC), localizado na
cidade de Porto Alegre, estado Rio Grande do Sul (RS). Este estágio faz parte do primeiro
semestre da formação no curso Técnico em Enfermagem da Escola do Grupo Hospitalar
Conceição.
O Grupo Hospitalar Conceição (GHC) é referência no atendimento do Sistema
Único de Saúde (SUS) e é um complexo de serviços de saúde, formado por: HNSC, Hospital
Criança Conceição (HCC), Hospital Cristo Redentor (HCR) e Hospital Fêmina (HF), além da
Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Moacyr Scliar, de doze Unidades de Saúde do
Serviço de Saúde Comunitária (SSC), de três Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e do
Centro de Educação Tecnológica e Pesquisa em Saúde - Escola GHC, sendo vinculado ao
Ministério da Saúde, é reconhecido nacionalmente e forma a maior rede pública de hospitais e
serviços de saúde do Sul do país, com atendimento 100% pelo Sistema Único de Saúde
(BRASIL. Ministério da Saúde. Grupo Hospitalar Conceição, 2013).
O Equipamento de Proteção Individual (EPI) é uma ferramenta fundamental para
todos os profissionais, mas estarei descrevendo neste trabalho a experiência durante uma
situação, com foco principalmente nas atividades realizadas pelos profissionais da área da
saúde, mais especificamente da equipe de enfermagem e medidas de biossegurança, no caso o
uso de EPI.
Na área da saúde ocorrem acidentes de trabalho causados, principalmente, por agentes
químicos, físicos e biológicos podendo ocorrer contaminação do que se não houver cuidados
adequados. A falta de EPI, ou a não utilização dos mesmos durante os procedimentos, faz
com que os profissionais fiquem mais expostos a doenças que podem ser transmitidas no local
de trabalho, como por exemplo: HIV, tuberculose, hepatite e escabiose e outros riscos além do
biológico.
De acordo com NEVES (2011) Grande parte dos trabalhadores não faz o uso destes
equipamentos de proteção individual devido à autoconfiança adquirida pelo tempo de
trabalho, e no momento de realizar procedimentos podem perder a sensibilidade e atrapalhar a
realização destes.
Decidi falar sobre esse assunto, pois foi algo que me chamou muito a atenção e levo
comigo em todos os estágios que participo. Algumas vezes, por um descuido nosso,
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esquecemo-nos do uso de EPI, e quando vamos realizar qualquer procedimento de


enfermagem, acabamos nos prejudicando ou gerando riscos para os usuários do serviço. Por
essa razão, é indispensável o uso do EPI adequado para o cuidado consigo, com o outro e o
ambiente e em todas as situações que tenha possibilidade de contato com materiais biológicos,
contaminados ou não, com risco de transmissão de doenças como HIV, Hepatites e outras
10

2 A IMPORTÂNCIA DA UTILIZAÇÃO DE EQUIPAMENTOS PROTEÇÃO


INDIVIDUAL PELA EQUIPE DE ENFERMAGEM: UM RELATO DE
EXPERIÊNCIA

Procuro a seguir definir o que é acidente do trabalho, com o foco nas medidas de
segurança para o trabalho na área da saúde. Destaco, no relato, uma das minhas experiências
de vivência durante o curso técnico e algumas observações constatadas sobre o tema: uso de
EPI pelos profissionais da saúde. Conforme a definição da lei n° 8.213/91:

“Acidente de trabalho ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou


pelo exercício de trabalho dos assegurados referidos no inciso VII do art. 11 desta
lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause morte ou a perda
ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho”.

2. 1 O USO DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI) NOS


ESTABELECIMENTOS DE SAÚDE

O equipamento de proteção individual tem o seu uso regulamentado, pelo Ministério


do Trabalho e Emprego, em sua Norma Regulamentadora NR 6 (1978). Esta NR define que
equipamento de proteção individual, é todo dispositivo de uso individual destinado a proteger
a saúde e a integridade física do trabalhador. Preconiza também, que a empresa está obrigada
a fornecer aos empregados, gratuitamente, EPI’s adequados ao risco e em perfeito estado de
conservação e funcionamento, nas seguintes circunstâncias:
a) Sempre que as medidas de proteção coletiva forem tecnicamente inviáveis ou não
oferecerem completa proteção contra os riscos de acidentes do trabalho e/ou
doenças profissionais;
b) Enquanto as medidas de proteção coletiva estiverem sendo implantadas e para
atender a situações de emergência.
HAMILTON observa que uma situação frequente em estabelecimentos de saúde, e
que expõe outras pessoas a riscos desnecessários, é o uso dos EPI fora do ambiente no qual o
seu uso está previsto. Esta situação vai contra o preconizado na NR 6. É aconselhável afixar
avisos sobre a proibição e a permanência, principalmente nos lugares mais frequentados pelos
profissionais, portando indevidamente seu EPI.
Acredito que a melhor maneira de sensibilizar e informar o uso correto de EPI é
através de palestras, cursos e discussões em reuniões e diferentes meios de comunicação,
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sobre biossegurança, mostrando a minimização dos riscos quando se utiliza adequadamente


esses equipamentos.
Algumas situações são previstas pela NR 6, quanto às obrigações dos empregados,
frente ao uso dos EPI’s como:
 Usá-los apenas para a finalidade a que se destina;
 Responsabilizar-se por sua guarda e conservação;
 Não portá-los fora da área técnica e comunicar ao empregador qualquer alteração
que o torne impróprio para uso.
Do modo que próprio nome sugere, esses equipamentos conferem proteção a cada
profissional individualmente. Para melhor entendimento, a referida proteção é fornecida à
cabeça, tronco, membros superiores, membros inferiores, pele e aparelho respiratório.

De acordo com a Portaria SIT Nº 194, de 7 de Dezembro de 2010, que altera a NR 6,


destaco alguns dos EPIS mais usuais na área da saúde:

Proteção para a cabeça:


Protetores faciais destinados à proteção dos olhos e da face contra lesões ocasionadas
por partículas, respingos, vapores de produtos químicos e radiações luminosas intensas;
 Óculos de segurança para trabalhos com exposição o material que possa causar
ferimentos nos olhos, provenientes de impacto de partículas;
 Óculos de segurança, contra respingos, para trabalhos que possam causar
irritação nos olhos e outras lesões decorrentes da ação de líquidos agressivos;
 Óculos de segurança para trabalhos que possam causar irritação nos olhos,
proveniente de poeiras;
 Óculos de segurança para trabalhos que possam causar irritação nos olhos e
outras lesões decorrentes da ação de radiações perigosas. (CIPA USP,
2009/05).

Protetor facial
Cremes protetores – só poderão ser postos à venda ou utilizados como EPI, mediante
Certificado de Aprovação (CA) do Ministério do Trabalho e Emprego (CIPA USP, 2009/05).
Utilizam-se protetores contra:
 Impactos de partículas volantes;
 Radiação infravermelha;
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 Luminosidade intensa, para proteção dos olhos;


 Riscos de origem térmica;
 Radiação ultravioleta (Protetor solar fator 30).

Proteção para os membros superiores: Luvas e/ou mangas de proteção e/ou cremes
protetores devem ser usados em trabalhos em que haja perigo de lesão provocada por:
 Materiais ou objetos escoriantes, abrasivos, cortantes ou perfurantes;
 Produtos químicos corrosivos, cáusticos, tóxicos, alergênicos, oleosos, graxos,
solventes orgânicos e derivados de petróleo;
 Materiais ou objetos aquecidos;
 Choque elétrico;
 Radiações perigosas;
 Frio;
 Agentes biológicos.
 Material biológico potencialmente infectante (por exemplo, sangue, líquor,
sêmen, secreção vaginal, membranas mucosas, pele não íntegra e qualquer
objeto eu possa estar contaminado).
Observação: As luvas devem ser trocadas entre um paciente e outro, e após a lavagem
das mãos. (CIPA USP, 2009/05).

Proteção para os membros inferiores:


 Calçado e calça para proteção dos pés contra agentes térmicos;
 Calçado e calça para proteção dos pés contra agentes abrasivos e escoriantes;
 Calçado para proteção dos pés contra agentes cortantes e perfurantes;
 Calçado e calça para proteção dos pés e pernas contra umidade proveniente de
operações com uso de água;
 Calçado e calça para proteção dos pés e pernas contra respingos de produtos
químicos.

EPI para proteção do corpo inteiro


 Vestimenta para proteção de todo o corpo contra respingos de produtos
químicos;
 Vestimenta para proteção de todo o corpo contra umidade proveniente de
operações com água;
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 Vestimenta condutiva para proteção de todo o corpo contra choques elétricos

Proteção para o tronco:


Aventais, capas e outras vestimentas especiais de proteção para trabalhos com
exposição a lesões provocadas por:
 Riscos de origem radioativa;
 Riscos de origem biológica;
 Riscos de origem química. (CIPA USP, 2009/05).

Proteção respiratória:
 Peça semifacial filtrante (PFF1) para proteção das vias respiratórias contra
poeiras e névoas;
 Peça semifacial filtrante (PFF2) para proteção das vias respiratórias contra
poeiras, névoas e fumos;
 Peça semifacial filtrante (PFF3) para proteção das vias respiratórias contra
poeiras, névoas, fumos e radionuclídeos;
 Peça um quarto facial, semifacial ou facial inteira com filtros para material
particulado tipo P1 para proteção das vias respiratórias contra poeiras e névoas;
e ou P2 para proteção contra poeiras, névoas e fumos; e ou P3 para proteção
contra poeiras, névoas, fumos e radionuclídeos;
 Peça um quarto facial, semifacial ou facial inteira com filtros químicos e ou
combinados para proteção das vias respiratórias contra gases e vapores e ou
material particulado.

EPI para proteção contra quedas com diferença de nível

 Dispositivo trava-queda para proteção do usuário contra quedas em operações


com movimentação vertical ou horizontal, quando utilizado com cinturão de
segurança para proteção contra quedas.
 Cinturão de segurança para proteção do usuário contra riscos de queda em
trabalhos em altura;
 Cinturão de segurança para proteção do usuário contra riscos de queda no
posicionamento em trabalhos em altura.
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Conforme a Secretária Estadual da Saúde (2006), no que se refere a importância do


uso dos EPIS, podemos citar:
“Os Equipamentos de Proteção Individual nos Estabelecimentos de Saúde,
são fundamentais para a proteção do profissional, evitando contaminações com
diversas doenças, isso significa que, ao lidar com uma pessoa ou com material
biológico (sangue, secreções, tecidos e outros) você nem sempre tem como saber se
aquela pessoa ou material está portando algum agente biológico nocivo”.

2. 2 RELATO DE EXPERIÊNCIA
O relato que pretendo fazer trata-se de uma experiência vivenciada no primeiro
semestre de 2013, em uma unidade de internação do Hospital Nossa Senhora da Conceição.
O HNSC é uma das unidades hospitalares do GHC. Considerado um hospital geral de
grande porte, com 822 leitos. Possui uma emergência clínica, com uma média de mil
atendimentos por dia, que faz parte da Rede de Urgência e Emergência do Rio Grande do Sul
(RS). Também possui um ambulatório com diferentes especialidades, Serviço de Apoio e
Diagnóstico.
A unidade de internação na qual ocorreu a experiência aqui apresentada é formada por
32 leitos, organizados em quartos masculinos e femininos. Conta com uma equipe de
enfermagem formada por técnicos, auxiliares e enfermeiros. Os pacientes são na sua maioria
com alguma dependência para mobilidade e exigem vários cuidados de enfermagem.
O dia que pretendo relatar, estava com um paciente sob minha responsabilidade e
supervisionado pela enfermeira orientadora do campo de práticas. Lembro que tinha
atividades de cuidados integrais com um paciente idoso, de 79 anos, afásico, acamado, com
sequelas de Acidente Vascular Cerebral (AVC). Tinha como doenças prévias Diabete
Mellitus (DM) e Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS). No prontuário do paciente constava a
observação de quedas em casa, uso de traqueostomia para ventilação e alimentação por Sonda
Nasoenteral (SNE). O paciente pela sua situação de dependência, usava fralda para
eliminações urinárias e fecais, apresentava início de Úlceras por Pressão (UP) em algumas
partes do corpo. Recordo que devido à traqueostomia e a presença de muita secreção,
necessitava de aspiração endotraqueal frequentemente.
De todos os pacientes que prestei assistência durante o estágio, este foi o paciente mais
debilitado que já esteve sob meus cuidados. Por estar debilitado, pela gravidade de suas
condições físicas, por ter sobrepeso e necessitar de muitos cuidados de enfermagem, senti-me
“nervosa” com a situação de estar com tanta responsabilidade. Fiquei tensa neste dia, devido
ao estado de saúde do paciente, senti medo e ansiedade de talvez “errar alguns
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procedimentos” ou mesmo não conseguir responder as necessidades do paciente e as


solicitações da professora supervisora de enfermagem, e até mesmo minhas expectativas desta
experiência. Com a incumbência de realizar a higiene do paciente contei com a ajuda das
colegas, na realização da tricotomia facial e banho.
Após o banho, a enfermeira supervisora estava mostrando como se faz a aspiração da
traqueostomia, quando se aproxima do paciente uma médica residente que se reportou a todos
que estavam no entorno do leito, inclusive na frente do paciente e demais internados,
comentando que o mesmo “estava mal e ia morrer”. Não pediu licença para o grupo que
estava realizando os procedimentos e também não estava portando óculos e máscara de
proteção. O paciente, como relatei anteriormente, estava com muita secreção de aspecto
purulento. Quando a médica estava avaliando o paciente, no mesmo momento em que a
enfermeira estava realizando aspiração traqueal, o paciente apresentou estímulo de tosse
expelindo partículas da secreção no rosto da médica. A mesma mostrou-se “furiosa” com o
fato da secreção ter atingido o rosto dela e a possibilidade de ter atingido a mucosa ocular.
O que para mim foi intrigante o fato de perceber ser comum para os outros
profissionais como médicos, enfermeiros e técnicos, também não fazem o uso dos
equipamentos de proteção individual. Parece que se criou uma cultura do não uso. Observei
neste espaço de tempo, que alguns setores da instituição são destinados a isolamentos de
proteção, e neste contexto alguns profissionais da saúde nem sempre usam os EPI como
deveriam usar.
Neste fato descrito acima observei também a necessidade de citar questões de ética,
que segundo o Código de Ética e Legislação do Conselho Regional de Enfermagem do Rio
Grande do Sul é dever do profissional: “Respeitar o pudor, a privacidade e a intimidade do ser
humano, em todo seu ciclo vital, inclusive nas situações de morte e pós-morte. A enfermagem
é uma profissão comprometida com a saúde e qualidade de vida da pessoa, família e
coletividade. Todo o Profissional da área da Saúde deve respeita a vida, a dignidade e os
direitos humanos, em todas as suas dimensões, exercer suas atividades com competência para
a promoção do ser humano na sua integralidade, de acordo com os princípios da ética e da
bioética”.
Busquei relatar a vivência ocorrida neste dia de estágio, do primeiro semestre do
curso, por ter sido uma experiência que provocou questionamentos sobre as práticas dos
profissionais da área da saúde, trabalho em equipe, ética no trabalho, acidente de trabalho e
uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI).
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O EPI é utilizado por trabalhadores para minimizar a exposição a riscos ocupacionais


específicos, para reduzir o contato com agentes físicos, químicos ou biológicos. Os riscos de
acidente não podem ser eliminados pelo uso de EPI, mas o risco de lesão pode ser eliminado
ou amplamente reduzido, quando usado adequadamente o equipamento. (MORAIS, 2012).
Discorrendo a respeito da equipe de enfermagem, composta por enfermeiros, técnicos
e auxiliares, MOURA (2013) cita:

A enfermagem constitui-se de um grupo bastante numeroso de profissionais cujas


ações desenvolvem-se no âmbito coletivo, sendo realizadas por equipes de trabalho
que necessitam encadear harmonicamente seus esforços ao longo das 24 horas do
dia e durante os sete dias da semana, assegurando a continuidade do cuidado de
enfermagem aos pacientes internados nos hospitais. Estas características são
determinantes para a existência de modelos de organização do trabalho alicerçados
na liderança e na atividade profissional dos grupos. Na organização tradicional dos
grupos de trabalho, surge a figura do sujeito que dirige, coordena, supervisiona,
controla, ensina e acompanha aqueles que compõem sua equipe. No âmbito da
enfermagem, a Lei do Exercício Profissional determina que esta atividade seja
desempenhada, privativamente, pelo enfermeiro.

Os acidentes de trabalho com sangue e outros fluidos potencialmente contaminados são


tratados como casos de emergência, uma vez que ocorra o acidente, a profilaxia da infecção
pelo HIV e Hepatite B, é indicado assim que ocorre o acidente para o seu tratamento.
(Elisandra S.S, 2012).
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3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O uso EPI é indispensável para proteção e segurança tanto do profissional quanto do


usuário, sendo eficiente contra diversos tipos de riscos, permitindo assim uma assistência
integral. Visto que o conceito desta ultima, envolve a criação de políticas para promoção de
saúde e redução de doenças e agravos temos como primordial o uso adequado de EPI na
assistência à saúde.
Vejo a enfermagem como uma profissão que tem como base o cuidado e a
valorização, não apenas da saúde, mas dos indivíduos na sua totalidade. Sendo assim, seria no
mínimo controverso aquele profissional que atende seu paciente sem os devidos EPI, pois
deixa de cuidar da saúde do usuário, da sua própria saúde e de si mesmo. Agravando o quadro
quando ocorre o não uso do EPI, expõe igualmente a pessoa cuidada e o cuidador.
Durante o desenvolvimento deste trabalho pude refletir sobre a grande importância do
uso de EPI, como muitas vezes falhamos pelos vícios da profissão e como discente
percebemos entre nós, diversas vezes, falta de uso de alguns equipamentos, dentre eles o mais
frequente é a ausência dos óculos de proteção. Assim, durante a elaboração sofri um processo
de autoconscientização, que gostaria de socializar com muitos outros profissionais, para
sensibilizarem-se mais sobre o tema. Também o respeito pelos outro, colocar-se no lugar dos
nossos usuários, respeitar e agir com ética devem estar presentes sempre nas nossas ações.
Acredito que cursos de capacitação e qualificação são imprescindíveis, porém não
guiam totalmente as ações do profissional na prática, mas é necessário também um
compromisso e respeito pelo trabalho e pelas pessoas.
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REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Grupo Hospitalar Conceição. Manual para elaboração de


relatório técnico cientifico. Porto Alegre: Hospital Nossa da Conceição, 2011.

________.Quem somos. 2013. Disponível em: <http://www.ghc.com.br>. Acesso em: 21 jun.


2014.

BRASIL. Ministério do Trabalho e do Emprego. Portaria GM nº 3.214 de 08 de junho de


1978. Regulamenta a NR6-Norma Regulamentadora que se refere ao uso de Equipamento de
Proteção Individual pelo trabalhador. Disponível
em:<http://www.guiatrabalhista.com.br/legislacao/nr/nr6.htm> Acesso em: 21 jul. 2014.

BRASIL.Agencia Nacional de Vigilancia Sanitaria.ANVISA Cartilha de proteção


respiratória contra agentes biológicos para trabahadores da saúde. Brasília: ANVISA,
2009. Disponivel em:<http://www.anvisa.gov.br/divulga/public/cartilha_mascara.pdf> Acesso
em: 21 jun. 2014.

BRASIL. Lei n° 8.213/91 art. 19. 24 de Julho de 1991. Dispões das finalidades e princípios
básicos do ministério do trabalho e previdência social.

BRASIL. Portaria SIT Nº 194, de 7 de Dezembro de 2010. Altera a NR6- Norma


Regulamentora que se refere ao uso de Equipamento de Proteção Individual pelo trabalhador.
Disponível em:
<http://www.udop.com.br/download/legislacao/trabalhista/institucional_site_juridico/port_19
4_competencia_cipa.pdf> Acesso em: 21 jun.2014.

COREN. RS. Legislação e código de ética: guia básico para o exercício da enfermagem.
Porto Alegre, 2014. Disponível em:<http://www.portalcoren-rs.gov.br/docs/livro-codigo-
etica.pdf>. Acesso em: 25 jul. 2014.

COELHO, Hamilton. Equipamento de Proteção Individual. Fundação Oswaldo Cruz.


Disponível em: <http://www.fiocruz.br/biossegurancahospitalar/dados/material4.htm> Acesso
em 20 ago. 1014.

JORGE, Gê Moreira. Trabalhando com segurança e saúde. Disponível em:


<http://trabalhosaudeseguranca.blogspot.com.br> Acesso em: 27 jul. 2014.

MOURA, Gisela Maria Schebella Souto de et al . Expectativas da equipe de enfermagem


em relação à liderança. Acta paul. enferm., São Paulo , v. 26, n. 2, 2013 .

NEVES, Heliny Carneiro Cunha et al. Segurança dos trabalhadores de enfermagem e


fatores determinantes para adesão aos equipamentos de proteção individual. Revista
Latino-Americana de Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 19, n. 2, mar./abr. 2011.

RIO GRANDE DO SUL. Secretária Estadual da Saúde. Centro Estadual de Vigilância em


Saúde. Divisão de Vigilância em Saúde do Trabalhador. Trabalhadores da saúde:
prevenindo acidentes e evitando riscos no ambiente de trabalho. Porto Alegre CEVS,
2006. Série Cadernos do CEVS, 3.
19

S.S, Elisandra. Risco biológico e biossegurança. 2010. Disponivel


em:<http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAw-EAD/risco-biologico-biosseguranca>
Acesso em: 26 ago. 2014.

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. CIPA. Equipamentos de proteção individual. São


Paulo: USP, 2009. Disponível em: <http://cipa.iqsc.usp.br/files/2009/05/epi1.pdf>. Acesso
em: 20 ago. 2014.
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ANEXO 1

Figura 1 Uso de luva em ambiente hospitalar Enfermagem dia a dia 2014

Figura 2 Máscara de proteção São Sebastião, Prefeitura Municipal, 2014

.
Figura 3 Óculos de proteção PREVSEG 2014
21

Figura 4 Luva estéril Enfermeiros de Plantão 2007

Figura 5 Toucas descartáveis Central de Proteção 2014

Figura 6 Propé descartável branco Costa Med 2014


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Figura 7 Jaleco feminino Uniformes Atacado 2014

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