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INSTITUTO TÉCNICO LUGENDA

ITL

Curso Técnico Em Medicina Preventiva

Mussa Francisco Gustavo No19

Nesia Issa Abdul Cadre No20

Ofélia Maria Hermínio António No 21

Rita Osvaldo Finiasse No22

Roide Carlos No23

Teresa João Geque No24

Valentina Maria casqueiro No25

SAÚDE MENTAL

Prevenção e identificação de uso de álcool e outras drogas nos adolescentes.

Modulo: Saúde Sexual Reprodutiva do Adolescente e Jovem

Docente: Zena Saide

Beira, Dezembro de 2022


Índice
Introdução...................................................................................................................................................3
Saúde Mental prevenção e identificação de uso de álcool e outras drogas...................................................4
1. Droga e Adolescência..........................................................................................................................4
1.1. O uso de Droga................................................................................................................................4
2. Consequências do uso de droga nos adolescentes................................................................................5
2.1. Violência e Delinquência.................................................................................................................6
2.1.1. Violência sexual..........................................................................................................................6
2.1.1.1 Consequências da violência sexual para a saúde..............................................................................7
2.1.2. Delinquência na adolescência......................................................................................................7
2.1.2.1. Causas da delinquência na adolescência..................................................................................7
2.1.2.2. Consequências da delinquência na adolescência......................................................................8
2.2. Tipos de delinquência na adolescência............................................................................................9
2.3. Factores que influenciam a delinquência na Adolescência............................................................11
2.4. Sinais e sintomas do uso abusivo de droga....................................................................................12
Saúde mental.............................................................................................................................................13
Problemas de saúde mental mais frequentem nos Adolescentes................................................................13
Bipolaridade..............................................................................................................................................16
2.5. Relevância do uso abusivo de droga no contexto social.................................................................17
2.6. Factores que influenciam o consumo de droga..............................................................................17
3. Nível de intervenção do profissional de saúde...................................................................................19
4. Relação com instituições e organizações que trabalham com adolescentes.......................................19
Conclusão..................................................................................................................................................20
Bibliografia................................................................................................................................................21
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Introdução
O álcool é a substância mais consumida entre os jovens, sendo que a idade de início de uso tem
sido cada vez menor, aumentando o risco de dependência futura. O uso de álcool na adolescência
está associado a uma série de comportamentos de risco, além de aumentar a chance de
envolvimento em acidentes, violência sexual e participação em gangues.

O uso de álcool por adolescentes está fortemente associado à morte violenta, queda no
desempenho escolar, dificuldades de aprendizado, prejuízo no desenvolvimento e estruturação
das habilidades cognitivo-comportamentais e emocionais do jovem.

O consumo de álcool e drogas diversas, causa modificações neuroquímicas, com prejuízos na


memória, aprendizado e controle dos impulsos. Os profissionais que lidam com adolescentes
devem estar preparados para uma avaliação adequada quanto ao possível uso abusivo ou
dependência de álcool nesta faixa etária.

Entretanto, é importante destacar que os critérios empregados por alguns instrumentos para o
diagnóstico de abuso e dependência de álcool foram desenvolvidos para adultos e devem ser
aplicados com ressalvas para adolescentes. Assim, é fundamental que os profissionais conheçam
as características da adolescência e as particularidades da dependência química nesta faixa etária.

OBJECTIVOS

 Descrever os principais efeitos do uso indiscriminado de drogas e álcool na adolescência


e os danos para o desenvolvimento físico e mental do indivíduo;
 Avaliar a compreensão dos adolescentes sobre efeitos do consumo de drogas e álcool em
sua vida pessoal, familiar e social.
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Saúde Mental prevenção e identificação de uso de álcool e outras drogas.

1. Droga e Adolescência

Conforme Cavalcante, Alves e Barroso (2008), a adolescência é considerada período crítico na


vida de cada indivíduo, haja vista que, nessa fase as pessoas vivenciam descobertas significativas
e afirmam sua personalidade e a individualidade. É comum caracterizar a adolescência somente
como faixa etária, porém é uma maneira muito simplista de observá-la, pois esta fase é composta
por transformação que conduzem o jovem até a idade adulta, não apenas sob o ponto de vista
biológico, mas também social e, principalmente, psicológico.

Em nossa sociedade é comum associar a ideia de adolescência à noção de crise, desordem,


irresponsabilidade, ou seja, um problema social que precisa ser resolvido, que merece atenção
pública (BRASIL, 2007).

Além disso, esse contexto de representação social sobre o adolescente tem sido agravado com o
aumento do consumo de drogas por esta parcela da população. Assim, o consumo de álcool e
outras drogas, em excesso, pelo adolescente traz várias consequências graves para sua saúde
biopsicossocial. Além disso, o álcool, por ser uma droga socialmente aceita é a porta de entrada
para o consumo para outras drogas, ditas ilícitas (ALAVARSE; CARVALHO, 2006).

1.1. O uso de Droga

Segundo Kail (2004), em todos os tempos, sempre houve consumo de substância que alteravam o
comportamento, os pensamentos e/ou as emoções. Hoje em dia, existem várias substâncias
utilizadas para este fim. As drogas consumidas habitualmente incluem o álcool, a maconha, os
alucinógenos, a heroína, a cocaína, os barbitúricos e as anfetaminas.

O efeito das drogas sobre o corpo humano, as substâncias chamadas de psicotrópicas, tem
origem no sistema nervoso, produzindo resultados conhecidos como psicoativos. Estas
substâncias são classificadas, segundo o grupo farmacológico, em: psicolépticos (sedativos),
psicoanalépticos (estimulantes), psicodislépticos (perturbadores); segundo os efeitos em efeitos
combinados ou potenciados. Podem, quanto à origem, ser divididas em naturais, semisintéticas
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ou sintéticas; e ainda, como lícitas ou ilícitas. Do ponto de vista sociocultural, tanto podem ser
socialmente integradas ou rejeitadas; de finalidade terapêutica ou não. Por último, essas
substâncias podem provocar ou não dependência física.

Considera-se droga toda substância que são introduzidas no corpo através da inalação, ingestão
ou injectada por via parenteral, e que provoca alterações do funcionamento do organismo
humano. Dentre estas, há um grupo que atua no psiquismo, as denominadas psicotrópicas, outras
que provocam alterações do humor, percepção, sensações de prazer e euforia, alívio, medo, dor.
Para efeito iremos considerar para esse grupo a denominação de droga.

O abuso de drogas é um fenómeno global que atinge grande número de país, sendo difícil
denominar algum país no qual ele não ocorra. De acordo com a distribuição geográfica há
tendência de maior consumo, das diversas substâncias psicoativas, daquelas que têm maior
facilidade de acesso, que são aceitas de acordo com os aspectos culturais mais ou menos comuns
a cada região e aos factores socioeconómicos.

Como fenómeno global este tem atingido parcela da população cada vez mais jovem, o que leva
a necessidade de entenderem-se os aspectos epidemiológicos do consumo de drogas entre
adolescentes.

2. Consequências do uso de droga nos adolescentes

A questão do uso de drogas é relevante, sendo que “o consumo de álcool em excesso pelo
adolescente traz várias consequências graves para sua saúde, evidenciando-se que esta droga
socialmente aceita é a porta de entrada para o consumo e o vício em outras drogas, ditas ilícitas”

O uso de drogas causa prejuízos à saúde, sendo classificados e podem ser classificados como
agudos e crónicos, onde são chamados de agudos, os períodos relativos à intoxicação ou
"overdose". Já os crónicos, são responsáveis por alterações duradouras ou mesmo irreversíveis
(MARQUES; CRUZ, 2000).

Considerando que as consequências do uso abusivo de drogas, pelos adolescentes, atingem várias
dimensões de seu desenvolvimento, é necessário discorre sobre os principais sinais e síntomas
presentes nas pessoas que fazem uso abusivo de drogas.
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2.1. Violência e Delinquência

O uso de drogas muitas vezes é visto de forma a causar medo e preconceito pelas pessoas devido
à percepção negativa pelos famílias, sendo que na maioria das vezes, o primeiro contacto da
criança com estas substancias ocorre no meio familiar e social (SANCEVERINO; ABREU,
2004).

O “uso do álcool demonstrou ser um factor de risco para o consumo de outras drogas como
tabaco, drogas ilegais e a manifestação de condições como desordens depressivas, ansiedade,
brigas na escola, danos à propriedade e problemas com a policia”

Por tanto o uso e abuso da droga estão, em um primeiro momento, directamente relacionados à
busca da maximização do prazer, que é inerente ao psiquismo. O ser humano, ao longo de sua
existência, procura, de um lado, encontrar situações que lhe propiciem prazer e, de outro, que
irão diminuir ou até mesmo eliminar certas condições que possam causar dor ou sofrimento
(SANTOS; PRATTA, 2002, p. 174).

2.1.1. Violência sexual

Violência sexual é qualquer ato sexual ou tentativa de obtenção de ato sexual por violência ou
coerção, comentários ou investidas sexuais indesejados, actividades como o tráfico humano ou
directamente contra a sexualidade de uma pessoa, independentemente da relação com a vítima.

A violência sexual abrange: Estupro dentro de um relacionamento;

 Estupro por pessoas desconhecidas ou até mesmo conhecidas;


 Tentativas sexuais indesejadas ou assédio sexual, que podem acontecer na escola, no
local de trabalho e em outros ambientes;
 Violação sistemática e outras formas de violência, particularmente comuns em situações
de conflito armado (como a fertilização forçada);
 Abuso de pessoas com incapacidades físicas ou mentais;
 Estupro e abuso sexual de crianças;
 Formas “tradicionais” de violência sexual, como casamento ou coabitação forçada.
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2.1.1.1 Consequências da violência sexual para a saúde

Dados indicam que sobreviventes de violência sexual podem sofrer consequências


comportamentais, sociais e de saúde mental. As meninas e mulheres são as mais afectadas por
lesões e doenças resultantes da violência e coerção sexuais, não só porque constituem a maioria
das vítimas, mas também porque são vulneráveis aos desdobramentos dessas agressões na saúde
sexual e reprodutiva.

Tendo se destacado as mais comuns que podem ser:

 Gravidez não planejada; Aborto inseguro; Disfunção sexual;


 Infecções sexualmente transmissíveis — incluindo HIV;
 Fístula traumática; Depressão; Ansiedade; Dificuldade para dormir;
 Sintomas somáticos; Comportamento suicida; Transtorno de pânico, Transtorno por
estresse pós-traumático;

2.1.2. Delinquência na adolescência

A delinquência se refere a todos aqueles delitos que as crianças que ainda são menores de idade
cometem. Uma definição mais criminológica contemplaria não somente os comportamentos
constitutivos de infracções penais, mas também outras como o alcoolismo, o vício em drogas, a
evasão escolar.

2.1.2.1. Causas da delinquência na adolescência


Dentro das causas da delinquência juvenil podemos encontrar diversas teorias que procuram
explicar o fenómeno reunindo diferentes factores. As teorias se dividem em:

Teorias psicobiológicas

Estas teorias sustentam que a origem do comportamento criminoso se encontra na presença de


diversos factores genéticos, psicobiológicos e psicofisiológicos que influenciam o impulso do
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indivíduo em cometer o delito tanto de forma isolada, como relacionando-se entre si. Alguns
exemplos: excesso de agressividade, estados patológicos, anomalias genéticas.

 Teorias psicomorais

Presença de factores biofisiológicos, psicológicos, sociológicos ou morais são comuns na


formação do indivíduo com uma personalidade que tem tendência à delinquência. Por exemplo,
factores como o egocentrismo, a agressividade, a indiferença afectiva, a labilidade afectiva...

 Teorias psicossociais

Estas explicações teóricas se concentram no fato da delinquência ser resultado da interacção


entre diferentes estímulos individuais, sociais e situacionais. Aqueles sujeitos que carecem de
recursos pessoais adequados serão mais vulneráveis a praticar delitos quando o estímulo em
questão estiver presente.

 Teorias do conflito

Nesse caso são as contradições internas das sociedades modernas que provocam o
desencadeamento do ato delituoso. A frustração, a instabilidade social da época em que vivemos
e o ressentimento diante de um futuro incerto podem provocar agressividade e condutas
criminosas.

 Teorias críticas ou radicais

Concebem a delinquência como uma mera etiqueta que foi imposta de forma social às classes
mais baixas e pobres, por parte de todos que exercem o controlo formal e informal. A
delinquência passaria a não ser algo real, mas sim artificial.

2.1.2.2. Consequências da delinquência na adolescência


As consequências da delinquência englobam tanto questões administrativas, quanto psicológicas
e sociais.

a) Consequências jurídicas
 Internamento terapêutico
 Assistência ao centro durante o dia
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 Permanência no centro durante o fim de semana


b) Tratamento ambulatório
 Trabalho voluntário em benefício da comunidade
 Realização de tarefas socioeducativas
 Convivência com outra pessoa, familiar ou grupo educativo
 Perda da permissão para dirigir ou do direito de tê-la
 Proibição de assumir cargos públicos
 Advertências
2.1.2.3. Consequências para o indivíduo e para a sociedade

As consequências mais comuns são:

 Desequilíbrio mental
 Desintegração familiar ou deterioramento do núcleo familiar
 Promiscuidade sexual e falta de valores morais
 Doenças sexuais comuns
 Mortes prematuras em brigas de rua
 Perda de valores

2.2. Tipos de delinquência na adolescência


A delinquência na adolescência pode aparecer em diferentes circunstâncias. É possível classificar
os actos de delinquência da seguinte maneira:

 Comportamentos de ocasião: comportamentos que o adolescente adopta ao ter que se


acostumar à vida social e à normas com as quais não está familiarizado. Geralmente são
os delitos menores, de grau mais baixo.
 Comportamentos de transição: engloba comportamentos criminosos mais severos
durante um período de tempo limitado. Normalmente são respostas a mudanças na escola,
na família.
 Comportamentos de condição: associados aos jovens que persistem em manter seu
comportamento anti-social, afectando de forma mais grave seu estilo de vida e
desenvolvendo o que se conhece como “carreira criminal”.
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Segundo uma classificação baseada em aspectos cognitivo-comportamentais, que analisa o tipo


de criação parental vs tipologia delituosa, os delinquentes juvenis foram classificados em:

a) O insolente

Apresenta uma estrutura psicológica e um padrão comportamental condicionados por um


transtorno da função socializadora e educativa do vínculo paterno. É o delinquente mais comum
de todos e é impulsivo, possuidor de uma autoimagem pobre, habilidades interpessoais mal
desenvolvidas e uma atitude de oposição às normas sociais. É o que apresenta uma maior
probabilidade de reinserção social, visto que sua resiliência se encontra estagnada, mas com
possibilidades de mudança.

O tipo de violência geralmente não tem uma motivação fixa nem um padrão, é bem mais
impulsivo e instrumental e algumas vezes, sob os efeitos das drogas e do álcool. Alguns
exemplos de delito são:

 Delitos menores contra a propriedade


 Furtos em casa
 Furtos no comércio
 Furtos de veículos
 Golpes
 Desrespeito às normas sociais
b) O indolente

Apresenta uma estrutura psicológica e padrões comportamentais condicionados pelo transtorno


da função nutritiva, o "vínculo materno". Mostra transtornos de apego e de empatia, os quais
deterioram sua capacidade para manter vínculos interpessoais através do tempo, além de
serem incapazes de reconhecer necessidades e sentimentos de outras pessoas. Baixo controle de
impulsos, podendo alcançar altos níveis de agressividade. A possibilidade de reabilitação é
baixa, pois seus níveis de resiliência são mínimos.
Alguns exemplos de delitos que podem cometer são:

 Delitos maiores contra as pessoas


 Abusos sexuais
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 Violações
 Homicídios simples
 Roubo com violência
 Agressões com lesões graves
 Sequestros
c) O incorrigível

O tipo menos comum de todos. Apresenta um nível maior de reincidência violenta e geralmente
agem sozinhos. São os mais perigosos quanto à sua expressividade e potencial criminoso. O
nível de psicopatologia é global e geralmente apresentam transtornos agudos tanto em funções
socializadoras como em educativas e nutritivas. Geralmente não sentem remorso e apresentam
violência extrema, chegando a sentir prazer com o sofrimento alheio. Suas possibilidades de
reabilitação são escassas, já que é provável que quando eram mais novos estes indivíduos não
desenvolveram processos psicológicos associados à empatia e à resiliência.

Alguns exemplos de delitos:

 Delitos maiores e crimes


 Violações em série
 Sequestros com tortura
 Roubo com homicídio
 Homicídios em série
 Canibalismo
 Agressões fatais

2.3. Factores que influenciam a delinquência na Adolescência


Além das causas da delinquência juvenil, existem muitas circunstâncias que podem favorecê-la e
mantê-la, ou o oposto.

a) Factores de risco

Encontramos, por um lado, os factores de risco. Estes podem afectar de forma negativa no
desenvolvimento do comportamento dos jovens, podendo dar lugar a situações de maior tensão,
de falta de controlo emocional, condutas criminais...
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Factores individuais: baixa inteligência, temperamento difícil na infância, impulsividade,


hiperactividade, baixo autocontrole, relações ruins com os pares, traços cognitivos como a
tendência de atribuir a responsabilidade de seu comportamento a agentes externos,
comportamentos hostis em nível social, etc.

 Factores familiares: stresse familiar, abuso, negligência, estilo parental hostil, crítico e
punitivo.
 Factores ligados ao grupo de iguais: participação de grupos de pares envolvidos em
delitos.
 Factores sociais ou comunitários: residir em áreas com baixo compromisso comunitário,
alta taxa de desemprego, falta de oportunidades legítimas, falta de confiança nos vizinhos
e baixos níveis de participação comum.
 Factores socioeconómicos e culturais: pobreza e desemprego juvenil.
 Factores de protecção

Por outro lado, aparecem os factores de protecção, que são todas aquelas variáveis que atenuam
o efeito dos factores de risco presentes nos indivíduos, se encarregando de diminuir a
probabilidade de desenvolver os problemas já mencionados.

 Factores individuais: género feminino, alta inteligência, habilidades sociais, controle


interno e temperamento resistente.
 Vínculos sociais: afectividade, apoio emocional e boas relações familiares.
 Crenças saudáveis e modelos de comportamento sólidos: aprendizado de normas e
valores sólidos, compromisso com valores morais e sociais, bons modelos de referência

2.4. Sinais e sintomas do uso abusivo de droga.

As substâncias psicotrópicas actuam directamente no sistema nervoso central (SNC), podendo


resultar em alterações comportamentais, humor, cognição e percepção. Conforme o mecanismo
de actuação no SNC podem ser classificadas em : Depressoras, estimulantes e/ou perturbadoras
(CARLINI et al., 2001)
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Dentre os sinais e sintomas apresentados, existe ainda a tolerância que se caracteriza pela
diminuição dos efeitos de uma dose fixa da substância psicoativa no decorrer da administração
prolongada, ou ainda, pela necessidade de se aumentar a dose para obtenção dos efeitos iniciais.
A tolerância farmacodinâmica resulta da alteração do equilíbrio ou homeostase de circuitos
neurais, de tal forma que esses atingem novos pontos de equilíbrio na presença de inibição ou
estimulação por uma determinada substância. O processo de alteração da homeostase decorre do
fenómeno denominado genericamente neuroadaptação.

“Todas as substâncias psicoativas que produzem dependência induzam síndrome de abstinência,


os sinais e sintomas são específicos para cada substância psicoativa (ou classe de substâncias) e,
portanto, devem ser mediados por neuroadaptações de sistemas distintos”.

Diante dos sinais e síntomas descritos comuns entre as pessoas que fazem uso abusivo de drogas,
os comportamentos que dificultam o convívio familiar, escolar, social, levam a prejuizo que vai
além do âmbito pessoal, atingindo o contexto social.

Saúde mental
A Saúde Mental de uma pessoa está relacionada à forma como ela reage às exigências da vida e
ao modo como harmoniza seus desejos, capacidades, ambições, ideias e emoções. Ter saúde
mental é: Estar bem consigo mesmo e com os outros.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), saúde mental é um estado de bem-estar
no qual o indivíduo é capaz de usar suas próprias habilidades, recuperar-se do estresse rotineiro,
ser produtivo e contribuir com a sua comunidade. A saúde mental implica muito mais que a
ausência de doenças mentais.

Um trastorno mental é uma síndrome ou um padrão psicológico de significação clínica, que


costuma estar associada a um mal-estar ou a uma incapacidade. Neste sentido, convém destacar
que uma doença mental é uma alteração dos processos cognitivos e afectivos do
desenvolvimento, que se traduz em perturbações a nível do raciocínio, do comportamento, da
compreensão da realidade e da adaptação às condições da vida
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Problemas de saúde mental mais frequentem nos Adolescentes


 Ansiedade.

A ansiedade é uma emoção normal, experienciada pelas pessoas no seu dia-a-dia, e caracterizada
por sentimentos de tensão, preocupação, insegurança, normalmente acompanhados por alterações
físicas como o aumento da pressão arterial e da frequência cardíaca, sudação, secura da boca,
tremores e tonturas.

O que causa ansiedade, de modo geral, são momentos de grande stress ou situações
traumáticas. Elas são reacções extremas, em que o indivíduo se sente alarmado, como se algo
muito ruim fosse acontecer.

Existem diferentes formas de ansiedade, cada uma delas com sintomas diferentes, sendo as
principais as seguintes:

 Doença Obsessiva Compulsiva


 Stress Pós-Traumático
 Pânico
 Agorafobia, ansiedade generalizada, social ou de separação
 Agitação e nervosismo
 Fadiga fácil
 Dificuldades de concentração
 Irritabilidade
 Tensão muscular
 Insónia
 Mal-estar psicológico

Depressão.

A depressão é uma doença psiquiátrica que afecta o emocional da pessoa, que passa a apresentar
tristeza profunda, falta de apetite, desânimo, pessimismo, baixa auto-estima, que aparecem com
frequência e podem combinar-se entre si.

Consequências
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Uma depressão não tratada pode gerar graves consequências físicas, mentais, emocionais e
comportamentais, como: aumento da probabilidade de comportamentos de risco, problemas de
saúde, predisposição para o consumo de drogas, álcool entre outros.

 Dependência de álcool e outras drogas.


 Perturbações psicóticas, como a esquizofrenia.

A esquizofrenia é um transtorno mental caracterizado pela perda de contato com a realidade


(psicose), alucinações (é comum ouvir vozes), falsas convicções (delírios), pensamento e
comportamento anômalo, redução das demonstrações de emoções, diminuição da motivação,
uma piora da função mental (cognição) e problemas no desempenho diário, incluindo no âmbito
profissional, social, relacionamentos e autocuidado

Os fatores que podem fazer com que as pessoas sejam vulneráveis à esquizofrenia incluem:

Predisposição genética

Problemas ocorridos antes, durante ou depois do nascimento, como infecção pelo vírus influenza
na mãe durante o segundo trimestre da gravidez, falta de oxigênio no momento do parto, baixo
peso ao nascer e incompatibilidade do tipo de sangue entre mãe e filho

 Infecções no cérebro
 Uso de canabis no início da adolescência

Sintomas da esquizofrenia

Delírios são falsas convicções que, geralmente, implicam em má interpretação das percepções ou
das experiências.

Alucinações envolvem ouvir, ver, sentir o gosto ou ter a sensação física de coisas que ninguém
mais sente.

A redução das demonstrações de emoções (embotamento afetivo) é quando a pessoa exibe pouca
ou nenhuma emoção. A face pode parecer imóvel.

Pobreza discursiva é a diminuição da quantidade de fala. As respostas às perguntas podem ser


concisas (uma ou duas palavras), dando a impressão de um vazio interior
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Anedonia é a diminuição da capacidade de sentir prazer. A pessoa pode ter pouco interesse nas
atividades anteriormente realizadas e gastar mais tempo com atividades sem objetivo.

Insociabilidade é a falta de interesse em relacionar-se com outras pessoas.

Consequências

Desorganização é um transtorno de pensamento e comportamento bizarro

O comprometimento cognitivo é a dificuldade de se concentrar, recordar, organizar, planejar e


resolver problemas.

 Violência e Suicídio
 Atraso mental.
 Demências.

Bipolaridade
A Doença Bipolar, tradicionalmente designada Doença Maníaco-Depressiva, é uma doença
psiquiátrica caracterizada por variações acentuadas do humor, com crises repetidas de depressão
e «mania». Qualquer dos dois tipos de crise pode predominar numa mesma pessoa sendo a sua
frequência bastante variável.

Sintomas

Nos episódios depressivo, os principais sintomas são: diminuição da disposição para a vida;
aumento da necessidade do sono; retracção e isolamento; tristeza profunda; falta de vontade para
realizar actividades e pensamentos pessimistas, de menos valia e que trazem um ambiente de
piora e risco

Consequências da Bipolaridade

Ficam malvistos e têm dificuldade para viver em sociedade, encontrar e/ou manter trabalho e
parceiros amorosos. Na fase de depressão, enfrentam muitos dos mesmos problemas. E ficam
mais suscetíveis a doenças e/ou ao agravamento das que têm. Acabam sozinhos e o quadro se
agrava
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2.5. Relevância do uso abusivo de droga no contexto social

Segundo Abreu (2007), os problemas originados das drogas são complexos e dinâmicos. Assim,
pressupõem-se que as complexas relações que envolvem o uso e abuso de drogas lícitas e ilícitas
fazem parte de um cenário de vulnerabilidade e violência. Portanto, deve ser encarado como um
problema complexo e desafiante que carece de ser enfrentado pelos governantes.

Essa problemática tem como alvo os adolescentes, os familiares, o meio socioeconómico e


cultural. Assim, a prevenção é uma das formas mais eficazes de lidar com o uso e o abuso de
drogas, principalmente entre os jovens. Desta forma, as acções para o controle destes problemas
devem-se desenvolver em todas as frentes, destacando-se a orientação e mobilização dos
adolescentes, acções de redução de danos, reabilitação e socialização desses jovens.

O papel dos profissionais da saúde “é alertar os pais para que se aproximem de seus filhos nessa
fase tão conturbada de suas vidas, destacando sempre a importância da família e da manutenção
de uma convivência familiar saudável”. Assim, “os pais tem papel importante, pois é eles que
ensinam aos filhos a distinguir entre o certo e o errado, fazendo-se presentes em qualquer que
seja o caminho tomado pelo filho” (Alves, 2018).

Como um problema que atinge a sociedade como um todo, não pode ser ignorado o papel que
esta sociedade e as instituições de assistência em saúde têm para minimizar a ocorrência do
mesmo. Assim, para que haja uma participação efectiva da sociedade é necessário conhecermos
os factores que influenciam o consumo de droga.

2.6. Factores que influenciam o consumo de droga.

Segundo Castro e Rosa (2010, p. 20), “a pessoa não começa a usar drogas ou abusar delas por
acaso ou por uma decisão isolada”, sendo que o uso indevido de drogas fruto da acção de
múltiplos factores, como influência de amigos de traficantes, além dos contextos social, político,
cultural e económico.

Assim, alguns factores de risco para o uso de substancias psicoativas pelos adolescentes são:
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a. Pessoais: predisposição genética, transtornos de personalidade, mau desempenho escolar,


baixa auto-estima e comportamento agressivo na infância;
b. Interpessoais: falta de apoio familiar, pressão do grupo e violência doméstica; e
c. Ambientais: disponibilidade de drogas, pobreza, falta de políticas sobre drogas, normas e
atitudes sociais favoráveis ao uso.

A adolescência é uma fase do ciclo vital, onde muitas vezes ocorre o início do uso de drogas,
“seja como mera experimentação seja como consumo ocasional, indevido ou abusivo”

A família, pelo papel de inserir seus membros na cultura e ser instituidora das relações primárias,
influencia a forma como o adolescente reage à ampla oferta de droga na sociedade actual.
Relações familiares saudáveis desde o nascimento da criança servem como factor de protecção
para toda a vida e, de forma muito particular, para o adolescente.

No entanto, problemas enfrentados na adolescência, plantados na infância, têm um contexto de


realização muito mais ampliado. Buscar-se-á, portanto, neste texto, realizar uma discussão do
contexto familiar e outros ambientes importantes para a prevenção do uso indevido de drogas,
como é o caso do grupo de pares, da escola, da comunidade e da média.

Actualmente, os meios de comunicação anunciam largamente propagandas de algumas


substâncias psicoativas em qualquer horário, demonstrando que a utilização destas substâncias
traz benefícios variados, acessíveis e com facilidade de aquisição pelo consumidor
(CARVALHO, 2016).

Um problema enfrentado pelos adolescentes diz respeito à queda no desempenho escolar,


dificuldades de aprendizado, prejuízo no desenvolvimento e estruturação das habilidades
cognitivas comportamentais e emocionais (ALMEIDA, 2017).

Conhecendo os factores que influenciam o consumo de drogas é possível vislumbrar de que


modo as EBS podem actuar no sentido de promover, prevenir e até mesmo minimizar o consumo
de drogas pelos adolescentes. Entendendo que a comunidade em que o adolescente vive é o local
ideal para a intervenção efectiva iremos discorrer como tem sido a actuação destas para a saúde e
prevenção do uso de drogas.
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3. Nível de intervenção do profissional de saúde

O papel do profissional de saúde, envolve acções que permitam o levantamento das necessidades
de saúde da população adstrita, assim como o desenvolvimento de programas de educação em
saúde que englobe aspectos biológicos, sociais e psicológicos e também os factores presentes na
própria comunidade.

Ressalta-se que os modelos de programas de prevenção devem ser desenvolvidos com filosofias
definidas: que ofereçam aos alunos informações sobre os efeitos das drogas;

Devem quando dirigidos à família, valorizar o vínculo familiar, relações familiares, técnicas de
comunicação, etc.;

Devem quando para ensino fundamental e médio aumentar as habilidades sociais; Proporcionar
aos alunos sentimentos positivos de auto-estima; oferecer aos alunos habilidades de resistência às
pressões negativas; ser vantajosos do ponto de vista do custo-benefício; ser específicos para as
diferentes idades e culturas”

As intervenções de prevenção podem ser feitas em três níveis: prevenção primária, secundária e
terciária. Na prevenção primária o objectivo é evitar que o uso de drogas se instale ou retardar o
seu início. Portanto, exige que as acções sejam desenvolvidas em vários âmbitos, integradas
entre as diferentes áreas sociais.

Para melhorar a demanda espontânea uma estratégia importante é o desenvolvimento de acções


como a divulgação interna na unidade, visitas domiciliares, divulgações na comunidade e
estabelecimento de parcerias institucionais com famílias, associações juvenis, grupos sociais e
religiosos, clubes e escolas, são fundamentais para que um maior número de adolescentes seja
envolvido e informado sobre as perdas e ganhos, quando se escolhe ou se abdica das drogas
(ALVES, 2018).

Entende-se que as equipes de saúde se preocupam cada vez mais com os riscos envolvidos nessa
problemática. Portanto, considera-se imprescindível uma actuação activa, mediante um projecto
de intervenção no cenário da atenção primária de saúde.

4. Relação com instituições e organizações que trabalham com adolescentes


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Embora, no passado, as estratégias de combate à violência sexual tenham se concentrado no


sistema de justiça criminal, existe actualmente um movimento geral rumo a uma abordagem de
saúde pública que reconhece múltiplos factores de risco. Esses agravantes interagem em níveis
individual, relacional, comunitário e social.

Nessa perspectiva, enfrentar a violência sexual requer a cooperação de vários sectores, como
saúde, educação, assistência social e justiça criminal. A saúde pública busca ampliar a atenção e
a segurança a toda a população e enfatiza a prevenção, garantindo que as vítimas de violência
tenham acesso a serviços e apoio adequados.

Conclusão

O consumo de álcool durante a adolescência pode afectar negativamente o desenvolvimento


cerebral e a capacidade de formar relacionamentos saudáveis e ter um estilo de vida saudável.
Pode resultar em um pior desempenho escolar e em comportamentos sexuais de risco.

A adolescência é uma etapa da vida em que ocorrem importantes desenvolvimentos físicos,


cognitivos, sociais e emocionais. O consumo de álcool nesta fase pode interromper o
crescimento saudável necessário, levar a comportamentos insalubres e aumentar o risco de
transtornos relacionados ao álcool na vida adulta.

Contudo, pode-se concluir que; Problemas de saúde mental, tais como depressão e ansiedade,
podem contribuir para a probabilidade do uso de álcool na adolescência e vice-versa, O baixo
preço e a fácil disponibilidade comercial ou pública das bebidas alcoólicas impactam o consumo
entre os adolescentes.
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Recomendações

1. Os adolescentes não devem beber bebidas alcoólicas de forma alguma. Para evitar danos
relacionados ao álcool e transtornos relacionados ao uso do álcool na vida adulta, é fundamental
postergar o início do consumo.

2. Os pais e responsáveis devem implementar e monitorar regras especícas sobre o álcool para
reduzir o risco de início precoce do consumo de álcool, do início precoce de consumo excessivo
e dos danos relacionados ao álcool. Os pais e outros familiares não devem incentivar a iniciação
ao consumo de álcool. Os adultos devem ser modelos a ser seguidos; se bebem, não devem
tolerar a embriaguez.

3. Os governos têm um papel central na implementação de políticas de base populacional e de


alto impacto para diminuir a acessibilidade do álcool, limitar todas as formas de publicidade e
propaganda e a disponibilidade física do álcool, bem como fortalecer a colaboração com
diferentes sectores para proteger as crianças e adolescentes do consumo de álcool e dos danos a
ele relacionados.

Bibliografia

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drogas. Esc Anna
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6. OMS - Organização Mundial da Saúde. Relatório global sobre o álcool e a saúde.
Genebra: OMS. 2014.

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