Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
É por motivos como estes que a retirada do alto desempenho convida ao estudo
e à análise. Definitivamente não é mais uma aposentaria e o trabalho de
preparação para enfrentar um momento como a retirada é algo para o que o
atleta deve ser preparado porque, diferentemente de um jovem-adolescente que
se prepara para ingressar no mundo do trabalho (escola, universidade, etc), o
atleta só se enfoca em seu desempenho e se encontra de repente em sua
retirada e sem ferramentas, por exemplo, do tipo acadêmicas, para ingressar no
mercado laboral.
É regra comum que os atletas se envolvam com muita intensidade com seu esporte.
Os motivos estão relacionados ao amor que eles sentem pelo que fazem ou,
segundo alguns autores, por falta de alternativas ou ofertas (Rosenberg, 1981). O s
sujeitos-atletas, na maioria das vezes, não se mostram contentes com a ideia da
retirada e muito menos com o reconhecimento de que suas habilidades físicas
estão em deterioração, o que os leva a adiar sua renúncia o máximo possível,
dentro das possibilidades, até que se vejam obrigados a retirar-se quando, por
múltiplas causas, já não podem continuar (McPherson, 1978). Algumas vezes,
quando o motivo do prolongamento da carreira esportiva é porque existe uma falta
de alternativas para poder ter um projeto de retirada, esta situação é vivenciada
como muito adversa devido ao nível de incerteza. Quando o jogador é consciente
de que deve retirar-se, começam a sur gir nele variáveis que podem chegar a
estressá-lo. No caso de um jogador que desenvolve sua carreira em ligas menores,
não conseguirá conquistar uma estabilidade econômica em sua carreira que logo
lhe permita realizar sua retirada com a tranquilidade suficiente. Diferente do que
acontece com um jogador que percorre sua carreira na equipe profissional de uma
liga de primeira, o que pode fazer uma diferença econômica que lhe permitiria
estabilidade no futuro enquanto decide como continuar sua carreira depois de
retirar-se.
Enfrentar esta situação de fim de carreira sem recursos nem formação é o que fará
desta retirada uma vivência traumática. Trabalhar na antecipação e na
transferência de competências do esporte a outros âmbitos da vida fará com que
estes níveis sejam reduzidos.
Tipos de transição
As transições normativas são aquelas que podem ser previstas, quando o atleta
finaliza uma de suas etapas, neste caso sua carreira esportiva, e começa a
seguinte, neste caso sua vida pós-esportiva ou acadêmico-laboral (Schlossberg,
1981).
Pode-se observar, seguindo a análise destes autores, que os atletas que têm uma
maior liberdade para decidir sobre quando finalizar sua carreira conquistam mais
emoções positivas que negativas diante deste acontecimento. Quanto àqueles
que se veem obrigados a retirar-se, são apresentados níveis de estresse que
acarretam maiores dificuldades para a adaptação. Com respeito aos primeiros,
ressalta-se a importância da antecipação somada ao trabalho por parte do atleta
em pensar-se retirado e assumir a responsabilidade da decisão de retirar-se.
Crook e Robertson (1991) falam sobre dois tipos de modelos que levam o atleta
a sua retirada. Estes modelos mostram o olhar que possuíam sobre esta etapa,
que são: modelos tanatológicos, que estudam a morte e o período agonizante
dos indivíduos, e os modelos procedentes da gerontologia social, que estuda o
envelhecimento.
La tanatologia é definida como uma disciplina integral que aborda tudo o que está
relacionado ao fenômeno da morte no ser humano, a perda, o sofrimento
psicológico, as relações significativas, a dor tísica, as vontades antecipadas, a
observância do tratamento humanitário que deve ser oferecida ao paciente
moribundo.
1- linear
2- conver gente
3- paralelo
Modelos de Trajetória
Determinante durante a
transição à retirada Linear Co nvergenle Paralelo
A lta
Identidade Esportiva Alta Média
Recursos Pessoais-Sociais Baixos Altos Altos
Viver do esporte.
Responsabilidade e Viver o momento atual. O f uturo Falta de for mação. Profissional do polo
exc lusividade com o fora do esporte não é percebido. aquático Salário por jogar e obtém uma Percepção abrupta do final da
polo .;iquático. bolsa (por exemplo, ADO). carreira espor1iva.
Começar do 2ero. Incerteza
sobre o futuro.
Citações conciliação Citações planejamento Citações estudo s/tr abalho Citações pe rcepção retirada
Como pudemos ver ao longo da unidade 2, a retirada esportiva é uma etapa que
todo atleta de alto desempenho atravessa em algum momento determinado de
sua vida. Que essa retirada seja ou não traumática, seja ou não com sucesso,
seja ou não satisfatória, dependerá somente da formação que atleta receber ao
longo de sua carreira. Como vimos, a retirada pode ser trabalhada antes de que
chegue esse momento, pode-se trabalhar sem a necessidade de tirar energia do
sujeito-atleta enquanto ele transita seu período competitivo. As ferramentas
que devem ser oferecidas ao atleta são muitas e vão depender dos gostos e
interesses que o sujeito demonstrar e da capacidade de seus treinadores na
hora de guiá-los em tal momento.
Não deve ser considerada como o fim da vida, mas como o encerramento de uma
etapa e a chegada de uma nova. Os atletas de alto desempenho caracterizam-se
por possuir elevados níveis de competitividade. Pode-se educar o sujeito para que
ele considere a nova etapa como um desafio a ser conquistado, como todos os
que encarou ao longo de sua curta carreira.
Ele já conta com as ferramentas que o ajudam a sair da frustração por estar
imerso em um mundo onde perder é parte das possibilidades de seu dia-a-dia.
Assim, vemos que o arsenal de ferramentas é amplo, talvez mais que as de um
ser humano de sua mesma idade que está por enfrentar a mesma situação. É
só questão de direcionar todo o potencial com o que os sujeitos-atletas contam
para que eles continuem utilizando suas potencialidades para enfrentar a
retirada esportiva da melhor maneira possível.
Fernández, A., Stephan, Y., & Fouquereau, E. (2006). Assessing reasons for
sport career termination: development of the Athletes' Retirement Decision
Inventory (ARDI).Psychology of Sport and Excercise, 7, 407- 421.
Lavallee, D., Wylleman, P., & Sinclair, D. (2000). Career transitions in sports: An
annotated bibliography. Em D. Lavallee & P. Wylleman (Eds.), Career transitions
in sport: International perspectives (pp. 207258). Morgantown, WV: Fitness
Information Technology.
Lent, R.W., Brown, S., & Hackett, G. (1994). Toward a unifying social cognitive
theory of career and academic interest, choice, and performance. Journal of
Vocational Behavior, 45,79-122.
Lavallee, D., Golby, J., and Lavallee, R. (2002). Coping with retirement from
professional sport. ln: I. Cockerill, ed. Solutions in Sport Psychology. London:
Thomson, pp. 184-197