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Avaliação na Educação

Avaliação educacional: abordagem histórica e teórica


O que é avaliar?

 Ato cotidiano na busca por uma informação.


 Inerente ao ensino e à aprendizagem.
 Adequa-se às concepções.
 Procedimentos e instrumentos.
 Tomada de decisão embasada em objetos.
Modelo objetivista
- Resultado da aprendizagem centrado no aluno;
- Desprovido da realidade na qual está imerso;
- Desconectado do processo de ensino e de aprendizagem;
- Ideia de medida, testes padronizados.
Modelo subjetivista
- A avaliação volta-se para a apreensão das habilidades já adquiridas e que estão em
desenvolvimento;
- Questões abertas, autoavaliação.
Modelo socioconstrutivista
- Avaliação considerada em um contexto mais amplo, sociocultural, historicamente
situada, autoconstruída, transformadora e emancipadora.
- Instrumentos variados.
Teóricos norte-americanos e brasileiros
Avaliação no campo educacional
- Compreender o papel da avaliação.
- Distinguir as concepções e funções da avaliação educacional.
- Influência de teóricos norte-americanos e brasileiros.
Concepções e funções avaliativas
Ralph Tyler (1902-1994)

 Articulação entre currículo e avaliação.


 Instrumentos e procedimentos variados para identificar o desempenho dos
alunos.
 Avaliação por objetivos.
Benjamin Bloom (1913-1999)

 Taxonomia de Bloom: ordenação/classificação dos objetivos educacionais.


 Avaliação relacionada ao ensino e à aprendizagem.
 Funções: diagnosticar e retroinformar.
Cipriano Carlos Luckesi

 Denuncia o ato de avaliar como seleção e classificação.


 Avaliação como uma prática a favor do aprendizado dos alunos e da
democratização do ensino, compreensão do estágio de aprendizagem.
Jussara Lerch Hoffmann

 Ressignificar e desmitificar a avaliação.


 A avalição tem função dialógica, promove moral e intelectualmente o aluno,
tornando-o participativo e crítico.
Ana Maria Saul

 Avaliação como um ‘casaco de várias cores’.


 Tipos distintos de avaliação.
 Avaliação emancipatória: estar a serviço da transformação da sociedade.
Benigna Maria de Freitas Villas Boas

 Intuito de superar a avaliação tradicional.


 Distinção entre os conceitos de avaliação somativa e formativa e encontrar
práticas inovadoras de avaliação formativa
Avaliação somativa: ‘medir’ ao final de um determinado período; promover os alunos;
assegurar o alcance de padrões de desempenho, para ocupações/seleção.
Avaliação formativa: análise de maneira frequente e interativa do progresso dos
alunos, para identificar o que aprenderam ou não, para que venha a aprender.
Necessidade de mudança no trabalho pedagógico.

Concepções e funções avaliativas


Luiz Carlos de Freitas e Mara Regina Lemes de Sordi

 Ensino, avaliação e formação de professores.


 Articulação entre avaliação da aprendizagem, institucional e externa.
 Resistência às formas de dominação, questionando os objetivos da escola.
Avaliação formativa
Avaliação a favor da aprendizagem. -> É diagnóstica, processual, contínua.
Mediação do ensino e da aprendizagem. -> Intermediação da relação professor-aluno.
É dialógica, não autoritária e arbitrária. -> Liberta e emancipa.
Processos de avaliação utilizados no contexto escolar
Avaliação formal: Objetiva, concreta.
Se fundamenta na análise/interpretação de instrumentos.
Avaliação informal: Subjetiva.
Apoia-se em impressões, comentários, omissões, juízos orais, atitudes.
Louis Althusser: ideologia
Ideologias: representações da realidade construídas por grupos sociais em
determinados momentos históricos.
Constituição do sujeito em um processo de reprodução, pensado na sociedade
capitalista.
Aparelhos Ideológicos do Estado (AIE) e Aparelhos Repressivos do Estado.
Pierre Bourdieu: poder simbólico
Capital cultural -> Escola -> Igualdade/ Liberal
Hierarquia social -> Violência simbólica
Michel Foucault: controle e dominação
Sujeito em transformação -> Educação como processo -> Saber e poder: disciplina ->
Escola: olhar hierárquico, sanção.
Temas educacionais e pedagógicos

Avaliação tradicionalmente utilizada


Notas -> Classificação -> Verificação -> Seletiva -> Disciplinadora.

Avaliação na legislação educacional


Legislação Educacional

 Avanços e retrocessos.
 A legislação não é neutra: resulta de embates, dilemas, controle, ideologia.
 LDB: marco legal para a legislação educacional.
Avaliação na LDB
Capitulo II, artigo 24, inciso V
Concepção processual, diagnóstica e formativa.
A avaliação do desempenho do aluno deve ser contínua e cumulativa, ou seja, ela não
se realiza somente num momento específico, mas deve ocorrer durante todo o
processo de ensino-aprendizagem.
Redirecionamento da prática avaliativa
 Adequar o sistema educacional às novas necessidades.
 Assumir um posicionamento claro e explicito.
 Conscientização e prática da conscientização.
 Reorientar as práticas docentes.
 Garantir a aprendizagem de todos os estudantes.
Avaliação em consonância com o processo de ensino e de aprendizagem
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN). Base Nacional Comum Curricular (BNCC)
 Essenciais para as concepções e práticas avaliativas definidas na LDB.

Etapas, modalidades e qualidade na legislação educacional


Avaliação na LDB
Educação Infantil: Acompanhamento e registro do desenvolvimento.
Caráter formativo.
Ensino Fundamental: Processual e contínua.
Aspectos qualitativos devem prevalecer sobre os aspectos quantitativos.
Ensino Médio: Garantir a formação integral do aluno.
Padrões de desempenho.
Educação de Jovens e Adultos: Conclusão e certificação.
Idade mínima.
Educação Profissional: Fins de validação de saberes profissionais e aproveitamento de
estudos.
Educação Especial: Adequação e articulação às características e especificidades de
cada estudante.

A qualidade da educação
Constituída de diversos aspectos ou dimensões.
Qualidade referenciada no social, por meio de um ato reflexivo.
Comprometida com um projeto de sociedade democrática e inclusiva.
Qualidade negociada: participativa, processual, plural e transformadora.
Avaliação na BNCC
“Construir e aplicar procedimentos de avaliação formativa de processo ou de resultado
que levem em conta os contextos e as condições de aprendizagem, tomando tais
registros como referência para melhorar o desempenho da escola, dos professores e
dos alunos”.
Avaliação externa no Brasil
Formas específicas de avaliar

 Avaliação interna
 Avaliação institucional
 Avaliação externa
Avaliação externa
É conhecida como a avaliação em larga escala do desempenho dos alunos por meio de
provas padronizadas.
Tem o propósito de avaliar a qualidade dos sistemas de ensino e das escolas, também
é conhecida por avaliação de sistemas.
Provas elaboradas, aplicadas e seus resultados divulgados por um órgão de governo,
instituição ou empresa contratada.
Relevância nos últimos trinta anos
Começou a ser delineado um sistema no final da década de 1980.
Serviram de estímulo para a implantação do Sistema de Avaliação da Educação Básica
(SAEB).
Características do SAEB
Sistemática de avaliação com provas aplicadas a cada dois anos.
Adoção da Teoria da Resposta ao Item (TRI) para compor as questões.
Presença de uma matriz de referência, que norteia a elaboração das provas.
Utilização das escalas de proficiência como parâmetros.
Avaliação segundo a LDB
Índice de Desenvolvimento da Educação Básica
O IDEB, desde 2007, passa a representar um dos principais indicadores da qualidade
educacional no país.
Referência para as escolas, governos e a sociedade como um todo.
Resultados das avaliações externas/ Dados de fluxo escolar -> IDEB.
Índice de Desenvolvimento da Educação Básica
Além de ser um indicador da qualidade educacional, também serve para potencializar,
por meio do diagnóstico das redes que necessitam de maior apoio técnico e/ou
financeiro do Ministério da Educação com o regime de colaboração previsto na CF e
LDB.
Panorama evolutivo
SAEB (1994): Desenvolver a cultura avaliativa; processo permanente de avaliação de
desempenho.
SAEB (2005): Qualidade, equidade e eficiência da educação brasileira.
Prova Brasil (2005): Qualidade do ensino ministrado; consolidar a cultura avaliativa e
estímulo à melhorias.
IDEB (2011): Qualidade do ensino; aprimorar instrumentos avaliativos; comparativo
IDEB e PISA.

Avaliação externa: política de Estado


2019: transição das matrizes antigas para se adequar à BNCC.
Avaliações identificadas por SAEB acompanhado das etapas, áreas e instrumentos.
Ponto de destaque: inclusão da Educação Infantil no Sistema.
Avaliação externa: impactos do contexto nacional e internacional
Internacional: Viés político e econômico.
Nacional: Reforma do Estado, privatização, Estado regulador.
Resultados das avaliações externas
Divulgação e publicação: Forma de transparência.
Comparações, ocasionando problemas.
Utilização: Aspectos negativos.
Aspectos positivos.

Avaliação Nacional da Educação Básica (ANEB)


ANEB
A primeira aplicação ocorreu em 1990.
Língua Portuguesa (foco em leitura) e Matemática (foco na resolução de problemas).
Avalia estudantes de 5º e 9º ano do Ensino Fundamental e do 3º ano do Ensino Médio.
Avalia estudantes da rede pública e privada, de escolas localizadas nas áreas urbana e
rural.
Avaliação amostral.
Avaliação Nacional de Rendimento Escolar (ANRESC ou Prova Brasil)
ANRESC/Prova Brasil
Foi criada em 2005.
Língua Portuguesa (foco em leitura) e Matemática (foco na resolução de problemas).
Avalia estudantes de 5º e 9º ano do Ensino Fundamental.
Avalia escolas públicas, das áreas urbana e rural.
Avaliação quase universal.
Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA)
ANA
Aplicada pela primeira vez em 2013.
Avalia os níveis de alfabetização e letramento em Língua Portuguesa (leitura e escrita)
e Matemática.
São avaliados os alunos do 3º ano do Ensino Fundamental das escolas públicas.
Avaliação censitária, ou seja, é aplicada a todos os alunos matriculados no 3º ano do
Ensino Fundamental.
Provinha Brasil
Aplicada pela primeira vez em 2008.
Testes de Língua Portuguesa, com foco na alfabetização e letramento inicial.
Em 2011, a partir do 2º semestre, iniciou-se a aplicação dos testes de Matemática, com
foco na resolução de problemas.
Aplicada duas vezes no ano a todos os alunos da rede pública de ensino matriculados
no 2º ano do Ensino Fundamental (1º e 4º bimestres).
Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM)
Tem o objetivo de avaliar o desempenho do aluno ao fim da escolaridade básica.
Abarca todas as áreas curriculares do Ensino Médio.
Utilização do ENEM:
- Ingresso no Ensino Superior por meio do Sistema de Seleção Unificada (SiSU);
- Bolsa no Programa Universidade para Todos (PROUNI).
- Financiamento por meio do Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino
Superior (Fies).
Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (ENCCEJA)
É voltado para jovens e adultos que não concluíram os estudos na idade própria.
Constitui-se em um exame para aferir as competências, habilidades e saberes
adquiridos no processo escolar ou nos processos formativos.
Está estruturado em provas de todos os componentes e áreas do currículo dos Ensinos
Fundamental e Médio, também articula-se com a BNCC.
Avaliações externas: esclarecimentos

 Dinâmica de constante adaptação ao sistema educacional em cada contexto.


 Oferecem indicadores e resultados que devem ser compreendidos e utilizados.
 Não representam os únicos indicadores que apontam qualidade.

A organização seriada

 Progressiva, cumulativa e se distribui ao longo dos anos.


 Lógica do mérito, com o esforço do aluno para ser aprovado.
 Demonstração ou não dos conhecimentos, indica avanço ou reprovação.
Concepção de avaliação na organização seriada
Função classificatória e excluente.
Sistemas de notas e medo da reprovação: estímulo ao estudo e controle de
comportamento.
Preocupação com os índices de reprovação e evasão
- Aprovação automática.
- Democratização do acesso à educação.
- Exclusão dos alunos.
- Sentimento de fracasso e inferioridade.
- Reincidência às reprovações.
- Aumentos de custos.
A organização em ciclos
Na década de 1990, a organização do ensino em ciclos ganhou força em algumas redes
de ensino.
Nesse contexto, foi elaborado o regime de progressão continuada: universalização,
permanência, regularização do fluxo e qualidade do ensino.
Formas de organização do ensino: LDB
“A educação básica poderá organizar-se em séries anuais, períodos semestrais, ciclos,
alternância regular de períodos de estudos, grupos não seriados, com base na idade,
na competência e em outros critérios, ou por forma diversa de organização, sempre
que o interesse do processo de aprendizagem assim o recomendar”.
Concepção de avaliação: sentido formativo
Considerações:

 Algumas dimensões contraditórias.


 A avaliação deve adquirir outro significado, com característica contínua e
processual, relacionada ao desenvolvimento curricular e à aprendizagem.
 Definição ampliada, de alavanca do processo do aluno e não mais um mero
instrumento de seletividade.
A relação avaliação e contexto escolar
De algum modo, todas as formas de avaliação se desenvolvem ou se articulam ao
contexto escolar.
Uso ético dos resultados das avaliações externas

 Inclusão de todos estudantes.


 Desconsiderar o ranqueamento entre escolas.
 Não promover o afunilamento curricular.
Utilização dos resultados obtidos nas avaliações externas na avaliação institucional
Possibilita uma avaliação contextualizada, com base em dados de cada escola.
Deve ser efetivada mediante autoavaliação realiza pelos sujeitos da escola.
Promove a melhoria da escola, a partir de um processo participativo e reflexivo.
Orientação à avaliação institucional
O ministério da Educação e instituições ligadas à educação uniram-se para elaborar um
instrumento que auxiliasse as escolas nos seus processos de autoavaliação
participativa institucional.
Coleção Indicadores da Qualidade na Educação (Indique)
Indique: Objetivo: auxiliar na compreensão dos pontos fortes e fracos, para que a
escola tenha condições de intervir na busca pela qualidade.
Conceito de qualidade: ampliado, polissêmico e construído coletivamente, de forma
participativa num processo de autoavaliação.
Metodologia do processo de autoavaliação

 1. Criação de um grupo coordenador na escola.


 2. Mobilização da comunidade escolar.
 3. Dia da avaliação.
 4. Elaboração do plano de ação.
 5. Monitoramento.
Algumas dimensões – Educação Infantil

 Planejamento;
 Interações;
 Promoção da saúde;
 Espaços, materiais e mobiliários;
 Cooperação e troca com as famílias.
Algumas dimensões – Ensino Fundamental

 Ambiente;
 Política pedagógica e avaliação;
 Leitura e escrita;
 Gestão democrática;
 Formação dos profissionais.
Avaliação de desempenho dos professores: desafio!
Depende de diversos fatores.
Definição clara do que é um bom professor.
Deve envolver procedimentos e instrumentos variados.
Dúvidas na utilização dos resultados, ocasionando resistência.
A integração entre currículo e avaliação
Currículo e avaliação: conceitos integrados
Com a avaliação busca-se identificar o quanto do currículo foi apropriado, como os
estudantes estão se desenvolvendo e se a escola está cumprindo sua função social.
A avaliação presente no currículo oficial
Avaliação formal: Identificar o quanto o aluno está aprendendo.
Tomar uma decisão a partir dessa informação.
Nota/conceito ou ação que vise o aprendizado.
Procedimentos avaliativos
Colocar a avaliação a serviço da aprendizagem: Sucesso.
Servir simplesmente para constatar a não aprendizagem: Fracasso escolar.
Fracasso escolar: questão complexa!
- Termos quantitativos.
- Concepção de avaliação classificatória.
- Fracasso escolar como fracasso do estudante.
- Termos organizacionais e pedagógicos.
- Democratização do acesso ao ensino.
- Saber e saber fazer.
Fracasso escolar: responsabilidade de todos!
Não se restringe apenas aos estudantes, familiares e condições.
“Fracassamos todos nós, os que ensinam, os que são ensinados e todos os demais
integrantes desta sociedade”.
Erro segundo as concepções avaliativas
Formativa
- Fonte de virtude.
- Visão construtiva.
- Fornece informações sobre o aprendizado.
- Suporte para a autocompreensão, crescimento.
Classificatória
- Prenuncio do fracasso.
- Punição.
Importância do erro no trabalho educativo
Indicador de carências.
Hipótese na construção de conhecimento.
Entendimento sobre o educando.
Abertura a novas possibilidades.
Excelente material de trabalho.
Transformação das práticas avaliativas
Compreender a finalidade dessa prática a serviço da aprendizagem.
Influência de fatores culturais, socioeconômicos e condições de vida.
As salas de aula são heterogêneas em todos os sentidos.
O papel dos educadores
Nos questionarmos sempre.
Postura democrática e inclusa.
Olhar investigativo.
Dar voz e aprender a ouvir e observá-los.

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