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Crimes Financeiros

Brasília-DF.
Elaboração

André Gerson Araújo Ovando

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário

APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 4

ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA..................................................................... 5

INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7

UNIDADE ÚNICA
CRIMES FINANCEIROS............................................................................................................................ 9

CAPÍTULO 1
O QUE SÃO CRIMES FINANCEIROS............................................................................................ 9

CAPÍTULO 2
CRIMES CORRELATOS............................................................................................................. 44

PARA (NÃO) FINALIZAR...................................................................................................................... 80

REFERÊNCIAS................................................................................................................................... 82
Apresentação

Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se


entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade.
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da
Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade


dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém
ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a
evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo


a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

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Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em


capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para
aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de
Estudos e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Praticando

Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer


o processo de aprendizagem do aluno.

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Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem


ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.

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Introdução
Este documento visa expor os principais crimes financeiros nacionais, suas definições,
legislação aplicada, tipificação e enquadramento na legislação brasileira.

O estudo deste tema é importante devido às possibilidades de identificação de situações


delituosas no dia a dia que podem ser evitadas.

Além disso, expõe também alguns escândalos e acontecimentos recentes brasileiros


que impulsionaram a criação de algumas leis.

Objetivos
»» Conhecer os principais crimes financeiros.

»» Aprender os tipos de crimes financeiros mais praticados.

»» Interpretar as leis sobre crimes financeiros e a sua abrangência.

»» Conhecer e utilizar métodos de prevenção contra crimes financeiros.

»» Introduzir o conceito de Sistema Financeiro Nacional.

»» Analisar exemplos do dia a dia a fim de concretizar os ensinamentos.

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CRIMES UNIDADE ÚNICA
FINANCEIROS

CAPÍTULO 1
O que são crimes financeiros

Os crimes financeiros são cada vez mais comuns no Brasil e são caracterizados pela
obtenção de vantagens, onde os agentes criminosos ou fraudulentos buscam ambientes
propícios para aplicar golpes.

Os crimes financeiros são considerados violações penais que podem lesar o sistema
financeiro nacional.

Figura 1.

Fonte: Cultura Mix, (2012).

Desde o início da criação das instituições financeiras no Brasil, houve uma grande
preocupação em preservar e proteger o sistema financeiro nacional. Para isso, foi criada
em 1964 a Lei Federal no 4.595 (BRASIL, 1964) que rege o sistema financeiro nacional,
lei esta que foi recepcionada pela Constituição Federal de 1988.

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UNIDADE ÚNICA │ CRIMES FINANCEIROS

Em 1986, a Lei no 7.492 (BRASIL, 1986) regulou a proteção penal do sistema financeiro
como um bem jurídico e estabeleceu as definições dos crimes contra o sistema financeiro
nacional.

A fim de compreender o que são os crimes financeiros, é necessário esclarecer os


significados de instituição financeira e de sistema financeiro nacional.

Segundo a Lei Federal no 7.492 (BRASIL, 1986), uma instituição financeira pode
ser definida como “a pessoa jurídica de direito público ou privado, que tenha como
atividade principal ou acessória, cumulativamente ou não, a captação, intermediação
ou aplicação de recursos financeiros de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira,
ou a custódia, emissão, distribuição, negociação, intermediação ou administração de
valores mobiliários”.

São consideradas instituições financeiras:

»» A pessoa jurídica que capte ou administre seguros, câmbio, consórcio,


capitalização ou qualquer tipo de poupança, ou recursos de terceiros.

»» A pessoa natural que exerça quaisquer das atividades referidas na lei,


ainda que de forma eventual.

A constituição do Sistema Financeiro nacional é estabelecida pela Lei Federal no 4.595


(BRASIL, 1964) preceitua que:

O Sistema Financeiro Nacional será constituído:

Do Conselho Monetário Nacional;

Do Banco Central do Brasil;

Do Banco do Brasil S.A;

Do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico;

Das demais instituições financeiras públicas e privadas.

Fonte: (BRASIL, 1964).

São considerados crimes financeiros qualquer violação que inclua seguros, câmbio,
consórcio e a capitalização de qualquer outro tipo de poupança que englobe o direito
econômico.

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CRIMES FINANCEIROS │ UNIDADE ÚNICA

É possível ligar a maioria dos crimes financeiros ao direito, porém existem correlações
entre os crimes financeiros e escritórios de contabilidade, empresas de seguro,
corrupção, dentre outros que podem ser encontrados em leis específicas aos objetos de
estudo.

Embora o governo tente lançar novos meios de combate, a morosidade e a enorme


burocracia que envolve alguns casos desestimula a busca por justiça. É possível ainda
citar a falta de fiscalização adequada que permita a correta detecção de irregularidades
nos processos.

A oportunidade é um dos motivos mais comuns de atos fraudulentos devido justamente


a essa falta de fiscalização aliada à demora na conclusão dos processos.

Corrupção

Figura 2.

Fonte: Pimenta Blog, (2015).

A lei de anticorrupção ou da probidade empresarial, Lei no 12.846 (BRASIL, 2013a), foi


criada no intuito de responsabilizar civil e administrativamente pessoas jurídicas pela
prática de atos contra a administração pública, nacional ou estrangeira, além de outras
providências.

Esta lei se aplica a sociedades empresárias e às sociedades simples, personificadas ou não,


independentemente da forma de organização ou modelo societário adotado, bem como
a quaisquer fundações, associações de entidades ou pessoas, ou sociedades estrangeiras,
que tenham sede, filial ou representação no território brasileiro, constituídas de fato ou
de direito, ainda que temporariamente.

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UNIDADE ÚNICA │ CRIMES FINANCEIROS

A responsabilização da pessoa jurídica não exclui a responsabilidade individual de


seus dirigentes ou administradores ou de qualquer pessoa natural, autora, coautora ou
partícipe do ato ilícito.

A pessoa jurídica será responsabilizada independentemente da responsabilização


individual das pessoas naturais.

Os dirigentes ou administradores somente serão responsabilizados por atos ilícitos na


medida da sua culpabilidade.

São previstas na lei hipóteses de alteração contratual, transformação, incorporação,


fusão ou cisão societária.

Nas hipóteses de fusão e incorporação, a responsabilidade da sucessora será restrita à


obrigação de pagamento de multa e reparação integral do dano causado, até o limite
do patrimônio transferido, não lhe sendo aplicáveis as demais sanções previstas
decorrentes de atos e fatos ocorridos antes da data da fusão ou incorporação, exceto no
caso de simulação ou evidente intuito de fraude, devidamente comprovados.

As sociedades controladoras, controladas, coligadas ou, no âmbito do respectivo


contrato, as consorciadas serão solidariamente responsáveis pela prática dos atos,
restringindo-se tal responsabilidade à obrigação de pagamento de multa e reparação
integral do dano causado.

É importante perceber que nos casos citados acima, a responsabilidade de pagamento e


reparação do dano causado é repassado à sucessora, porém só lhe é transferida parte das
sanções previstas na lei. A sucessora pode utilizar até o limite do patrimônio transferido
para o pagamento das multas.

Sobre as penalidades administrativas, existem os atos lesivos à administração pública


nacional ou estrangeira.

Segundo Muñoz Amato (1971), a Administração Pública é todo o sistema de


governo, todo o conjunto de ideias, atitudes, normas, processos, instituições
e outras formas de conduta humana, que determinam como se distribui e se
exerce a autoridade política e como se atendem aos interesses públicos.

Consideram-se como administração pública estrangeira os órgãos e entidades


estatais ou representações diplomáticas de país estrangeiro, de qualquer nível
ou esfera de governo, bem como as pessoas jurídicas controladas, direta ou
indiretamente, pelo poder público de país estrangeiro.

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CRIMES FINANCEIROS │ UNIDADE ÚNICA

Considera-se agente público estrangeiro quem, ainda que transitoriamente


ou sem remuneração, exerça cargo, emprego ou função pública em órgãos,
entidades estatais ou em representações diplomáticas de país estrangeiro, assim
como em pessoas jurídicas controladas, direta ou indiretamente, pelo poder
público de país estrangeiro ou em organizações públicas internacionais.

A Lei Federal no 12.846 (BRASIL, 2013a) relaciona os atos considerados lesivos à


administração pública ou à administração pública estrangeira:

»» Prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamente, vantagem indevida a


agente público, ou a terceira pessoa a ele relacionada.

»» Comprovadamente, financiar, custear, patrocinar ou de qualquer modo


subvencionar a prática dos atos ilícitos previstos.

»» Comprovadamente, utilizar-se de interposta pessoa física ou jurídica


para ocultar ou dissimular seus reais interesses ou a identidade dos
beneficiários dos atos praticados.

»» Dificultar atividade de investigação ou fiscalização de órgãos, entidades


ou agentes públicos, ou intervir em sua atuação, inclusive no âmbito das
agências reguladoras e dos órgãos de fiscalização do sistema financeiro
nacional.

A Lei Federal no 12.846 (BRASIL, 2013a) contempla a responsabilização administrativa,


razão pela qual serão aplicadas as ações cabíveis segundo os atos lesivos efetuados pelas
pessoas jurídicas.

As sanções podem variar entre multa no valor de 0,1% a 20% do faturamento bruto
do último exercício anterior ao da instauração do processo administrativo. Neste caso,
são excluídos os tributos que nunca serão inferiores à vantagem auferida, quando for
possível a sua estimação.

Adicionalmente, tem-se a publicação extraordinária da decisão condenatória que tem a


missão de aplicar as sanções de forma fundamentada, isolada ou cumulativamente de
acordo com as peculiaridades do caso e com a gravidade e natureza das informações.

É interessante perceber que a aplicação das sanções revistas não exclui a obrigação de
reparação integral do dano causado.

Para que as sanções possam ser expedidas de forma correta, existem alguns fatores que
necessitam ser avaliados, pois podem aumentar a pena proferida.

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UNIDADE ÚNICA │ CRIMES FINANCEIROS

»» A gravidade da infração.

»» A vantagem auferida ou pretendida pelo infrator.

»» A consumação ou não da infração.

»» O grau de lesão ou perigo de lesão.

»» O efeito negativo produzido pela infração.

»» A situação econômica do infrator.

»» A cooperação da pessoa jurídica para a apuração das infrações.

»» A existência de mecanismos e procedimentos internos de integridade,


auditoria e incentivo à denúncia de irregularidades e a aplicação efetiva
de códigos de ética e de conduta no âmbito da pessoa jurídica.

»» O valor dos contratos mantidos pela pessoa jurídica com o órgão ou


entidade pública lesados. Os parâmetros de avaliação de mecanismos e
procedimentos previstos no inciso serão estabelecidos em regulamento
do Poder Executivo federal.

»» Caso não seja possível utilizar o critério do valor do faturamento bruto


da pessoa jurídica, a multa será de R$ 6.000,00 a R$ 60.000.000,00.
A publicação extraordinária da decisão condenatória ocorrerá na forma
de extrato de sentença, a expensas da pessoa jurídica, em meios de
comunicação de grande circulação na área da prática da infração e de
atuação da pessoa jurídica ou, na sua falta, em publicação de circulação
nacional, bem como por meio de afixação de edital, pelo prazo mínimo de
30 dias, no próprio estabelecimento ou no local de exercício da atividade,
de modo visível ao público, e no sítio eletrônico na rede mundial de
computadores.

É importante ressaltar que após a análise, os devidos responsáveis pelos atos


lesivos são apontados e os devidos processos administrativos são abertos.

O interessante está no fato de ser possível celebrar um acordo de leniência caso a pessoa
física ou jurídica envolvida colabore com as investigações.

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CRIMES FINANCEIROS │ UNIDADE ÚNICA

É o que muitos já devem ter visto nos processos de corrupção que estão sendo abertos
e julgados, a delação premiada. Porém, só serão considerados os atos a seguir como
resultado da colaboração:

»» A identificação dos demais envolvidos na infração, quando couber.

»» A obtenção célere de informações e documentos que comprovem o ilícito


sob apuração.

Para que o ato seja considerado verdadeiro, a pessoa jurídica precisa ser a primeira a se
manifestar sobre seu interesse em cooperar para a apuração do ato ilícito.

Ela deve também cessar completamente seus envolvimentos com a infração que está
sendo investigada, a partir da data em que o acordo for proposto.

A pessoa jurídica deve admitir sua participação no ato, a fim de colaborar com as
investigações e com os processos administrativos que são abertos posteriormente.
Deve também comparecer a todos os atos processuais até que todo o procedimento seja
encerrado.

Com a celebração do acordo de leniência, a pessoa física ou jurídica será isenta das
sanções previstas e reduzirá em até 2/3 (dois terços) o valor da multa aplicável.

Na esfera administrativa, serão aplicadas às pessoas jurídicas consideradas responsáveis


pelos atos lesivos previstos nesta Lei as seguintes sanções:

»» Multa, no valor de 0,1% (um décimo por cento) a 20% (vinte por cento)
do faturamento bruto do último exercício anterior ao da instauração do
processo administrativo, excluídos os tributos, a qual nunca será inferior
à vantagem auferida, quando for possível sua estimação.

»» Publicação extraordinária da decisão condenatória.

Fonte: Brasil, (2013a).

A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, por meio das respectivas


Advocacias Públicas ou órgãos de representação judicial, ou equivalentes, e o Ministério
Público, poderão ajuizar ação com vistas à aplicação das seguintes sanções às pessoas
jurídicas infratoras:

»» Perdimento dos bens, direitos ou valores que representem vantagem ou


proveito direta ou indiretamente obtidos da infração, ressalvado o direito
do lesado ou de terceiro de boa-fé.

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UNIDADE ÚNICA │ CRIMES FINANCEIROS

»» Suspensão ou interdição parcial de suas atividades.

»» Dissolução compulsória da pessoa jurídica.

»» Proibição de receber incentivos, subsídios, subvenções, doações ou


empréstimos de órgãos ou entidades públicas e de instituições financeiras
públicas ou controladas pelo poder público, pelo prazo mínimo de 1 (um)
e máximo de cinco anos.

Fonte: Brasil, (2013a).

O acordo de leniência não remove as obrigações de reparar os danos causados


integralmente, os efeitos do acordo de leniência serão estendidos às pessoas jurídicas
que integram o mesmo grupo econômico, de fato e de direito, desde que firmem o
acordo em conjunto, respeitadas as condições nele estabelecidas.

Acordo de Leniência é o celebrado entre a Secretaria de Desenvolvimento


Econômico (SDE) - que atua em nome da União - e pessoas físicas ou jurídicas
autoras de infração contra a ordem econômica, que permite ao infrator colaborar
nas investigações, no próprio processo administrativo e apresentar provas
inéditas e suficientes para a condenação dos demais envolvidos na suposta
infração. Em contrapartida, o agente tem os seguintes benefícios: extinção da
ação punitiva da administração pública, ou redução da penalidade imposta pelo
Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE).

Fonte: Gomes, (2009).

O acordo de leniência deve estipular as condições necessárias para assegurar a efetividade


da colaboração e o resultado útil do processo. Após a efetivação do acordo, a proposta
se torna pública, salvo no caso de haver a possibilidade de atrasar ou incapacitar o
interesse das investigações e do processo administrativo.

A celebração do acordo interrompe o prazo prescricional dos atos ilícitos.

A Controladoria Geral da União é a responsável para celebrar os contratos de leniência


no âmbito do Poder Executivo Federal, mesmo nos casos onde os atos lesivos foram
praticados contra a administração pública estrangeira.

Caso o acordo não seja cumprido, existe a possibilidade de a pessoa jurídica ficar
impedida de celebrar novos contratos pelo prazo de três anos contados do conhecimento
pela administração pública do referido descumprimento.

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CRIMES FINANCEIROS │ UNIDADE ÚNICA

Outro fato importante é que não importará em reconhecimento da prática do ato ilícito
investigado a proposta de acordo de leniência rejeitada.

Ressalta-se que o acordo de leniência poderá também ser praticado por pessoas
jurídicas que ferem a Lei Federal no 8.666 (BRASIL, 1993), que é a lei que regulamenta
as normas de licitações e contratos da administração pública.

É importante salientar que a responsabilidade de pessoa jurídica não afasta a sua


responsabilização na esfera judicial. Por esse motivo, o Ministério Público poderá
ajuizar ação com vistas à aplicação das seguintes sanções às pessoas jurídicas infratoras:

»» Perdimento dos bens, direitos ou valores que representem vantagem ou


proveito direto ou indiretamente obtidos da infração, ressalvado o direito
do lesado ou de terceiro de boa-fé.

»» Suspensão ou interdição parcial de suas atividades.

»» Dissolução compulsória da pessoa jurídica.

»» Proibição de receber incentivos, subsídios, subvenções, doações ou


empréstimos de órgãos ou entidades públicas e de instituições financeiras
públicas ou controladas pelo poder público, pelo prazo mínimo de um e
máximo de cinco anos.

Sobre a dissolução compulsória, esta só deve ser determinada quando comprovado que
a personalidade jurídica foi utilizada para facilitar ou promover a prática de atos ilícitos
ou ter sido constituída para ocultar ou dissimular interesses ilícitos e também nos casos
de ocultar a identidade dos beneficiários dos atos praticados.

É importante lembrar que as sanções podem ser aplicadas de forma isolada ou


cumulativa.

Os órgãos responsáveis pela representação judicial do ente público podem requerer a


indisponibilidade de bens, direitos ou valores necessários à garantia do pagamento da
multa ou da reparação integral do dano causado, ressalvando os casos onde existe a
boa-fé.

Nas ações de responsabilização judicial, será adotado o rito previsto na Lei no 7.347
(BRASIL, 1985), que dispõe das ações necessárias para que uma proposta de ação
pública seja aberta.

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UNIDADE ÚNICA │ CRIMES FINANCEIROS

Porém, se as ações foram ajuizadas pelo Ministério Público, poderão ser aplicadas
sanções, a fim de promover a responsabilização administrativa.

Saiba mais na Lei no 7.347 de 1985, que dispõe sobre a ação civil pública no link
a seguir:

<http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/leis/L7347orig.htm>

Esquemas fraudulentos

Figura 3.

Fonte: Defenda seu Dinheiro (2015)

Apesar de todos os esforços direcionados ao combate à fraude e aos crimes, ainda será
necessário conviver com esse mal por certo tempo.

Todos os dias novas formas de obter vantagens são criadas, a fim de ludibriar inocentes
e despercebidos. A fraude é a maneira de conseguir uma vantagem ou benefício a todo
custo, utilizando da má-fé e do direcionamento da vítima ao erro.

A fraude pode ser classificada de várias formas, tais como fraude eleitoral, fraude
processual, fraude financeira, fraude eletrônica, dentre outras. O objetivo final é a
obtenção de recurso ou vantagem de outrem.

As formas de obtenção de recursos por meio das fraudes podem ser divididas em duas
categorias:

»» Dinheiro adiantado (Advanced Fee).

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CRIMES FINANCEIROS │ UNIDADE ÚNICA

Figura 4.

Fonte: Santos, (2009).

Fraude na qual o dinheiro é solicitado antecipadamente, garantindo sempre um lucro


acima do mercado e retorno rápido do investimento. Exemplo: e-mails solicitando
ajuda para países pobres, modelos em pirâmide, consórcios, investimentos em animais
onde o investidor recebe o lucro de venda do animal engordado e outras formas de
direcionar a vítima a injetar dinheiro no ato fraudulento.

»» Desaparecimento de Capital (Capital Vanish).

Figura 5.

Fonte: Crédito ou Débito, (2015).

Trata-se de uma forma de golpe similar a anterior, porém, neste caso o criminoso usa
de má-fé para tomar o dinheiro que pertence à vítima.

A vítima entrega seu dinheiro na esperança de conseguir altos lucros, mas logo após a
concretização do ato o criminoso foge juntamente com o dinheiro. Um bom exemplo
deste modelo se dá no ato de modificar documentações financeiras de empresas, a fim
de torná-las atraentes para investidores.

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UNIDADE ÚNICA │ CRIMES FINANCEIROS

No Brasil, os esquemas financeiros estão ligados a diversos crimes financeiros. A


natureza dos crimes normalmente envolve lavagem de dinheiro, propinas, fraudes em
licitações, favorecimento de empresas, entre outras modalidades de fraude.

Entre os casos mais conhecidos é possível citar o mensalão, o caso lava jato, o caso de
Bernard Madoff, os casos de fraude no sistema de saúde e a fraude na obtenção de CNH.

Para uma melhor compreensão dos casos ocorridos e dos procedimentos legais
envolvidos, recomenda-se a pesquisa dos seguintes temas:

»» Charles Ponzi Apresenta-se a seguir o link referente à história de


Charles Ponzi, além de uma breve descrição do seu esquema.

<https://fernandonogueiracosta.wordpress.com/2011/03/06/o-que-economista-formado-na-
unicamp-aprendeu-com-charles-ponzi-primeira-parte-educacao-universitaria/>

»» Bernard Madoff Por meio do link, a seguir, será possível acompanhar


todo o trajeto dos processos e escândalos.

<http://brasil.elpais.com/tag/bernard_madoff/a/>

»» Escândalo do Mensalão Um dos maiores escândalos do nosso país


segue descrito no link a seguir:

<http://www1.folha.uol.com.br/especial/2012/ojulgamentodomensalao>

»» Operação Lava JatoCom os links a seguir, será possível acompanhar


todo o desdobramento de mais um escândalo brasileiro.

<http://g1.globo.com/politica/operacao-lava-jato/index.html>

<http://www1.folha.uol.com.br/poder/2014/11/1548049-entenda-a-operacao-lava-jato-da-
policia-federal.shtml>

É bom ficar atento na empresa em que se está investindo e os antecedentes


desta, no profissional que realiza acordos, na experiência das pessoas envolvidas
para garantir que o seu investimento está nas mãos de competentes, pois
diariamente, os criminosos encontram novas formas de enganar cidadãos e
burlar as leis vigentes.

Portanto, fiscalizações e investigações eficientes são necessárias, a fim de


resolver e encontrar soluções para os delitos encontrados.

A seguir, serão apresentadas as principais modalidades de fraude e outros crimes


relacionados ao mundo financeiro.

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CRIMES FINANCEIROS │ UNIDADE ÚNICA

Pirâmides financeiras

O esquema de pirâmide financeira é um sistema ilegal que consiste em uma forma de


captação de lucros por meio do recrutamento de outras pessoas.

Segundo Ordones (2013), a pirâmide financeira é um modelo comercial não sustentável,


caracterizado como fraude e muitas vezes mascarado sob o sistema de “marketing
multinível”.

O esquema envolve a troca de dinheiro pelo recrutamento de outras pessoas ou, por
exemplo, por postagens diárias de anúncios publicitários da empresa na internet, sem
qualquer produto ou serviço entregue.

Figura 6. Funcionamento de uma pirâmide financeira.

Fonte: Ribeiro, (2013).

O esquema começou por meio de Charles Ponzi e o seu negócio com correntes postais.
O negócio consistia em uma lista que inicialmente continha de 5 a 10 pessoas.

O destinatário era convidado a enviar uma pequena quantia para o primeiro nome da
lista, que era removido colocando as outras pessoas no início da fila e incluindo seu
nome ao final.

Com esse processo o indivíduo inicial esperava ser colocado no início da lista de outro
destinatário e receber a quantia enviada.

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UNIDADE ÚNICA │ CRIMES FINANCEIROS

Figura 7. Pirâmide do Esquema Ponzi.

Fonte: Uma Pergunta, (2014)

Segundo a revista Exame (2011), o esquema entrou em colapso quando descobriu-se


que 160 milhões de cupons postais eram necessários para sustentar as margens que
seduziam os investidores. Mas só existiam 27.000 no mercado.

O interessante nesses casos é que as primeiras pessoas saem ganhando, já que o capital
inicial da pirâmide serve para fomentar a entrada de novas pessoas ou para sustentar a
saída de outras.

Outro caso interessante foi o do “Boi Gordo”, que deixou milhares de pessoas
endividadas. Tratou-se de um golpe bem articulado, que se utilizou de anúncios em
canais de televisão, rádios e revistas.

Muitas pessoas inclusive personalidades brasileiras cultas e importantes entraram no


esquema imaginando que o negócio fosse legítimo.

Segundo o Jornal Estadão (2009), o investidor aplicava dinheiro em animais e


recebia em retorno o lucro pela venda do animal, ou seja, o investidor recebia pelo
boi gordo.

A empresa garantia lucros de 42% em 18 meses, lucros muito mais atraentes do que
qualquer investimento financeiro da época.

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CRIMES FINANCEIROS │ UNIDADE ÚNICA

Mais tarde foi descoberto que a empresa funcionava em esquema de pirâmide, se


apropriando do dinheiro dos novos investidores para pagar os contratos atrasados.

Cabe salientar que a decisão final foi a favor do acusado, já que diversos prazos
e procedimentos foram atropelados para que a ação não prescrevesse. (JORNAL
ESTADÃO, 2009).

Segundo a revista Exame (2011), no Brasil, a Comissão de Valores Mobiliários já abriu


24 processos administrativos com características de pirâmides em um período de
apenas quatro anos, desde 2007.

É possível que a reparação do prejuízo seja longa, já que pode depender do poder
judiciário.

Portanto, o melhor a se fazer é ficar longe de promessas de ganhos rápidos ou só


procurar fazer parte depois de entender bem do assunto.

Mas como é que pode ser identificada uma pirâmide financeira?

A pirâmide financeira pode ser identificada como um investimento de ganho


rápido e sem a venda de um produto ou serviço específico, já que o prometido
lucro vem da entrada de novas pessoas ao esquema.

De acordo com a Lei no 1.521 (BRASIL, 1951), pirâmide financeira é um crime contra a
economia popular.

São crimes desta natureza:

Obter ou tentar obter ganhos ilícitos em detrimento do povo ou de


número indeterminado de pessoas mediante especulações ou processos
fraudulentos (“bola de neve”, “cadeias”, “pichardismo” e quaisquer
outros equivalentes).

Fonte: Brasil, (1951).

Portanto, o sistema de pirâmides financeiras é um sistema não sustentável que


visa à ganância das pessoas com a promessa de lucro alto e rápido por meio do
recrutamento de outras pessoas.

O sistema é frágil e é logo desmontado após a falta de financiamento com a


entrada de outras pessoas.

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UNIDADE ÚNICA │ CRIMES FINANCEIROS

Fraudes de seguro

Figura 8.

Fonte: Quatro Rodas, (2014).

As fraudes de seguro podem ser caracterizadas como uma prática de estelionato que
visa à vantagem ilícita por meio do erro, mediante ato fraudulento.

Segundo Parodi (2008), a impunidade é um fator de incentivo nos casos de fraude.


Porém, algumas seguradoras acabam não processando criminalmente os envolvidos
porque se preocupam com possíveis danos a sua imagem. Além disso, é possível citar a
dificuldade de investigação e a falta de punições mais severas.

Este é um tipo de delito que ocorre de diversas formas como, falsos sinistros de
automóveis, simulações de furto e roubo de equipamento, depredação de patrimônio
no intuito de receber da seguradora, dentre outros.

Além das razões de adquirir recursos com a fraude, também existe o ato de depredar o
próprio patrimônio na esperança de saudar dívidas com o dinheiro a ser recebido pela
seguradora.

A revista Quatro Rodas (2014) mostra vários casos em que as fraudes contra as
seguradoras foram aplicadas. É de se espantar com tamanha criatividade e o mau
caráter das pessoas que cometeram os atos.

Como exemplo pode ser citado o caso do comerciante que comprava e desmontava
Ferraris e informava à seguradora que o veículo havia sido furtado. Felizmente, neste
caso, o responsável foi preso.

24
CRIMES FINANCEIROS │ UNIDADE ÚNICA

Existem também os casos em que médicos são responsáveis pela falsificação de laudos,
exames e comprovantes. Ressalta-se que existem relatos de recebimento duplicado por
médico quando realizado apenas um procedimento.

A prática pode ser observada em diversos setores como: automobilístico, funeral, médico
e residencial. O objetivo do ato é sempre obter uma vantagem, seja ela monetária ou
material.

Segundo a Lei no 2.848 (BRASIL, 1940), o atual Código Penal, as fraudes de


seguro podem ser definidas como: estelionato, que é o ato de obter para si ou
para outrem, uma vantagem ilícita em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo
alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento.

A pena para este tipo de delito é de reclusão, de um a cinco anos, e multa. Porém,
existe a opção de substituição de pena:

Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode


substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços,
ou aplicar somente a pena de multa.

Fonte: Brasil (1940).

Também podem ser enquadrados nas leis quem frauda para recebimento de indenização
ou valor de seguro:

Destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o próprio


corpo ou a saúde, ou agrava as consequências da lesão ou doença, com
o intuito de haver indenização ou valor de seguro; é considerado um
crime doloso, não havendo forma culposa.
Fonte: Brasil, (1940).

É possível afirmar que o crime de fraude de seguro é um crime de estelionato,


pois visa à obtenção de vantagem ilícita causada pelo prejuízo alheio, por meio
de artifícios que induzem ao erro.

Percebe-se que o crime de fraude de seguro se estende por diversos setores da


economia em diversas formas de golpe, tendo como objetivo lesar terceiros.

No site Monitor de Fraudes é possível entender mais a fundo sobre os golpes


aplicados, conceitos de fraude e exemplos retirados do cotidiano.

<http://www.fraudes.org/showpage1.asp?pg=172>

25
UNIDADE ÚNICA │ CRIMES FINANCEIROS

Fraudes em licitações

Figura 9.

Fonte: Portal das Licitações, (2012).

A licitação é um procedimento obrigatório para contratação de obras, serviços,


compras, alienações e locações pela administração pública.

As licitações são um grande alvo de fraudes devido os grandes valores envolvidos


e em alguns casos quando se trata de obras, a duração e o prolongamento para
a conclusão.

Para o controle dos processos licitatórios existe a Lei no 8.666 (BRASIL, 1993) que faz
a regulação dos processos licitatórios.

A subordinação da lei é explícita no seu parágrafo único e diz que são subordinados ao
regime desta lei os órgãos da administração direta, os fundos especiais, as autarquias,
as fundações públicas, as empresas públicas, as sociedades de economia mista e demais
entidades controladas direta ou indiretamente pela União, estados, Distrito Federal e
municípios.

A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional


da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a administração e
a promoção do desenvolvimento nacional sustentável e será processada e
julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da legalidade,
da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da
probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório,
do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos.

Fonte: Brasil, (1993).

26
CRIMES FINANCEIROS │ UNIDADE ÚNICA

Almeida (2000) refere-se como ressalva à obrigação de licitar, a contratação direta por
meio de processos de dispensa e inexigibilidade de licitação, desde que preenchidos os
requisitos previstos na lei.

Na Lei no 8.666 (BRASIL, 1993), é possível encontrar as ressalvas da possibilidade de


celebração direta entre a Administração e o particular.

Para obras e serviços de engenharia de valor até 10% (dez por cento) do
limite previsto na alínea “a”, do inciso I, do artigo anterior, desde que
não se refiram a parcelas de uma mesma obra ou serviço ou ainda para
obras e serviços da mesma natureza e no mesmo local que possam ser
realizadas conjunta e concomitantemente; (limite: R$ 15.000,00).

Para outros serviços e compras de valor até 10% (dez por cento) do limite
previsto na alínea “a”, do inciso II, do artigo anterior e para alienações,
nos casos previstos nesta lei, desde que não se refiram a parcelas de
um mesmo serviço, compra ou alienação de maior vulto que possa ser
realizado de uma só vez (limite: R$ 8.000,00).
Fonte: Brasil, (1993).

Ressalta-se que nos casos citados de dispensa, na maioria das vezes, ocorre pelo fato do
processo licitatório ter um gasto superior à vantagem preterida.

Este é um assunto controverso, já que a Administração pode requisitar tais valores a


qualquer momento e utilizar tais valores para pagamento de benefícios em forma de
compra de bens ou serviços sem a necessidade de uma licitação.

Há quem defenda a estipulação de um limite para o uso da dispensa, já que seu uso
repetitivo acaba anulando a necessidade de serem abertas licitações.

Há outra forma de que a licitação pode ser dispensável:

Nos casos de emergência ou de calamidade pública, quando


caracterizada urgência de atendimento de situação que possa ocasionar
prejuízos ou comprometer a segurança de pessoas, obras, serviços,
equipamentos e outros bens, públicos ou particulares, e somente
para os bens necessários ao atendimento da situação emergencial
ou calamitosa e para as parcelas de obras e serviços que possam ser
concluídas no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias consecutivos
e ininterruptos, contados da ocorrência da emergência ou calamidade,
vedada a prorrogação dos respectivos contratos.
Fonte: Brasil, (1993).

27
UNIDADE ÚNICA │ CRIMES FINANCEIROS

Ressalta-se que neste caso é necessário o preenchimento de dois requisitos dentre:

»» Que a situação não tenha sido originada parcial ou totalmente por falta
de planejamento, não havendo culpa ou dolo do agente público.

»» Que exista urgência concreta visando à preservação da vida, de bens e da


saúde das pessoas.

»» Que exista risco eminente e grave.

»» Que a imediata efetivação de contratação para realização de determinadas


obras, serviços ou compras, seja o meio adequado, efetivo e eficiente de
afastar o risco iminente detectado.

Neste caso, é possível perceber que a dispensa de licitação só ocorrerá caso a situação
seja concreta e a única alternativa para sanar o risco eminente seja a contratação.

Existe uma ressalva para a prática de licitação:

Para compra ou locação de imóvel destinado ao atendimento das


finalidades precípuas da Administração, cujas necessidades de
instalação e localização condicionem a sua escolha, desde que o preço
praticado seja compatível com o praticado no mercado, segundo
avaliação prévia.

Fonte: Brasil, (1993).

Dentro do exposto é importante perceber que tal ressalva só é permitida quando o preço
praticável é compatível com o mercado e quando existe a necessidade de locação devido
à localização ou instalação do imóvel diante das necessidades existentes.

Por fim, existe uma ressalva sobre a contratação de instituição brasileira incumbida
regimental ou estatutariamente da pesquisa, do ensino, do desenvolvimento
institucional, ou de instituição dedicada à representação social do preso, desde que
a contratada detenha inquestionável reputação ético-profissional e não tenha fins
lucrativos (BRASIL, 1993).

É importante perceber que existe a necessidade da instituição se enquadrar na


descrição do inciso, além desta não exercer atividades fim da Administração, já
que este fato constata que foi burlada a exigência constitucional do concurso
público.

28
CRIMES FINANCEIROS │ UNIDADE ÚNICA

O site Portal das Licitações (2012) aponta as principais modalidades de fraude


conhecidas que envolvem os processos licitatórios. São eles:

»» Direcionamento:

O direcionamento nada mais é do que a condução do processo com o intuito de


favorecer uma empresa. É a chamada compra casada, em que já é conhecido o
ganhador antes de iniciar o processo licitatório.

»» Superfaturamento do objeto:

Esse caso ocorre muito em processos licitatórios. Tem por objetivo assumir
um custo muito maior de mercado para a realização do procedimento fim.
A manobra visa favorecer a empresa ganhadora com valores superiores que
serão fraudados nas notas fiscais ou para o pagamento de propinas para os
agentes que favoreceram a empresa ganhadora.

»» Simulação de Concorrentes:

Neste caso são utilizadas empresas fantasmas para concorrer pela licitação.
Em alguns casos também são utilizadas empresas que nem tem conhecimento
do processo licitatório.

»» Simulação do objeto:

Nesta ocorre a licitação para uma obra ou serviço que não existe, um objeto
fantasma. Acontece todo o processo licitatório, a empresa escolhida vence,
recebe o dinheiro e não realiza nada.

»» Cartel de licitantes:

Este caso também é comum e ocorre quando um conjunto de empresas


participantes do processo licitatório resolve fazer um acordo, com o intuito
de dividir os lucros provenientes da licitação, além de derrubar os outros
participantes que estavam na disputa do processo licitatório.

»» Abandono de disputa cobrado:

Neste caso também ocorre um acordo entre as empresas participantes, só que


uma das empresas negocia com as restantes uma vantagem, seja ela percentual
ou uma propina, para que a mesma se retire do processo licitatório.

»» Revogação do certame cobrado:

Neste caso o próprio agente responsável pela licitação cobra um valor à empresa
vencedora, a fim de não revogar o certame cobrado. Podem ser apresentados
como prova o não cumprimento de exigências da licitação.

29
UNIDADE ÚNICA │ CRIMES FINANCEIROS

»» Cobertura:

Outra manobra que ocorre em comum acordo entre os participantes. Ocorre


quando uma empresa entra com valor considerado dentro do valor competitivo,
enquanto outras entram com valor superior a 10%.

As mesmas empresas solicitam uma limitação de ingresso apenas de empresas


que estejam dentro da média dos 10%. O objetivo aqui é manter apenas as três
empresas que fizeram o acordo. Por fim, duas das empresas que fazem parte
da manobra desistem deixando apenas uma que arremata a licitação.

»» Simulação de inexigibilidade e dispensa de licitação:

Nesses casos ocorre o uso fraudulento da dispensa de licitação. No caso


desta manobra, a finalidade é a contratação direta de uma empresa sem a
necessidade de passar pelo processo licitatório.

Podemos perceber que a prática da dispensa e inexigibilidade de licitação que


não estejam diretamente expressas na lei, pode gerar uma pena de detenção,
de 3 (três) a 5 (cinco) anos, além de multa.

Conclui-se que a licitação é um instrumento utilizado pela administração para a


contratação de terceiros para a realização de obras, serviços e compras, sendo
que a proposta mais vantajosa será escolhida seguindo os preceitos da lei.
Também é interessante analisar as opções de ressalva na qual a dispensa da
licitação pode ser executada em forma de contratação direta em que o interesse
público sempre será o alvo do instrumento.

Fraudes e “Caixa 2” de campanhas políticas

Figura 10.

Fonte: Jornal Epoch Times, (2014)

30
CRIMES FINANCEIROS │ UNIDADE ÚNICA

O termo “caixa 2” se refere a recursos financeiros não declarados e não contabilizados


em órgãos de fiscalização.

Segundo Romano (2015a), “o ‘caixa-dois’ é o ato de fraudar a legislação eleitoral,


inserindo elementos falsos ou omitindo informações, com o fim de ocultar a origem,
o destino, ou a aplicação de bens da prestação de contas de partido político ou de
campanha eleitoral”.

Seguindo este preceito, é importante perceber que este tipo de fraude é mais comum no
âmbito eleitoral e tem a finalidade de promover vantagens para o partido ou campanha
eleitoral com o uso de “apoio” de empresas ou pessoas sem que o ato seja declarado.

O Código Eleitoral prevê que as penas podem chegar até a cinco anos, se o documento
for público. É prevista ainda uma pena de pagamento de três a 15 dias-multa se o
documento é particular.

Além dos exemplos citados, existe o uso do “caixa dois” para a promoção de candidatos
nos processos eleitorais. Pode ser notado que existem partidos que ocupam grande
parte do horário eleitoral enquanto outros partidos têm apenas alguns minutos para
apresentarem as suas propostas.

O caixa dois não pode ser pensado somente em forma de dinheiro.

Ele pode ser convertido em joias, imóveis, automóveis, moeda estrangeira, entre
outros.

O caixa dois é uma forma de sonegação quando olhado pelas lentes dos crimes
financeiros.

Após diversas manifestações que ocorreram no Brasil, o governo lançou a Lei no 12.846
(BRASIL, 2013a) mais conhecida como lei anticorrupção que rotula como crime as
operações de “caixa dois”.

É proibido prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamente, vantagem indevida a


agente público, ou a terceira pessoa a ele relacionada.

Não serão permitidos também os atos de financiar, custear, patrocinar ou


de utilizar-se de pessoa física ou jurídica para ocultar os reais interesses ou a
identidade dos reais beneficiários dos atos praticados.

31
UNIDADE ÚNICA │ CRIMES FINANCEIROS

Com isso, grande parte dos patrocínios e apoios a partidos políticos são proibidos.

As medidas previstas na Lei no 12.846 (BRASIL, 2013a) visam rotular crimes antes não
tipificados, além de ser uma tentativa de suprimir os delitos que hoje são praticados.

O crime de “caixa dois” também é previsto na Lei no 7.492 (BRASIL, 1986), pois é crime
“manter ou movimentar recurso ou valor paralelamente à contabilidade exigida pela
legislação”. A pena é de um a cinco anos mais a multa pertinente.

Trata-se de crime próprio quando o sujeito ou sujeitos estiverem mencionados na Lei


7.492 (BRASIL, 1986) mais conhecida como Lei dos Crimes do Colarinho Branco.

É possível identificar o crime de “caixa 2” na Lei no 8.137 (BRASIL, 1990a) para as


relações tributárias.

Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo,


ou contribuição social e qualquer acessório, mediante as seguintes
condutas:

I - omitir informação, ou prestar declaração falsa às autoridades


fazendárias;

II - fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos,


ou omitindo operação de qualquer natureza, em documento ou livro
exigido pela lei fiscal;

III - falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda, ou


qualquer outro documento relativo à operação tributável;

IV - elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar documento que


saiba ou deva saber falso ou inexato;

V - negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório, nota fiscal ou


documento equivalente, relativa a venda de mercadoria ou prestação
de serviço, efetivamente realizada, ou fornecê-la em desacordo com a
legislação.

Fonte: Brasil, (1990a).

Ressalta-se que o crime ainda pode ser caracterizado como crimes de organização
criminosa e lavagem de dinheiro dependendo do envolvimento ou não de empresas e
agentes públicos.

32
CRIMES FINANCEIROS │ UNIDADE ÚNICA

Então, chega-se à conclusão que o crime de “caixa 2” é caracterizado pela


movimentação de recursos financeiros não declarados e não contabilizados,
imprimindo a fraude da legislação eleitoral, e em alguns casos pode ser definido
também como crime de colarinho branco e de lavagem de dinheiro.

Fraudes de falências

Figura 11.

Fonte: Cultura Mix, (2012).

Mais conhecidos como crimes falimentares, as fraudes de falência normalmente ocorrem


quando um empresário ou sociedade empresária obtém vantagem da declaração de
falência da organização que possui.

Um exemplo que pode ser citado é o de um empresário que fecha negócio entre empresas
que são dele, e para obter vantagem para si, declara a falência da empresa deixando
todos os credores sem o pagamento dos serviços prestados.

Segundo a Lei no 11.101 (BRASIL, 2005b) que regula os crimes falimentares, é crime
praticar, antes ou depois da sentença que decretar a falência, conceder a recuperação
judicial ou homologar a recuperação extrajudicial, ato fraudulento de que resulte ou
possa resultar prejuízo aos credores, com o fim de obter ou assegurar vantagem indevida
para si ou para outrem.

A pena para esses crimes pode variar de três a seis anos de reclusão, além da multa.
A pena pode ser aumentada por conduta indevida e fraude financeira. Também podem
ser encontrados casos na qual ocorre a redução de pena ou substituição desta.

O aumento de pena pode variar de um sexto a um terço se o agente elaborar escrituração


contábil ou balanço contendo dados falsos, bem como se o agente omitir na escrituração

33
UNIDADE ÚNICA │ CRIMES FINANCEIROS

ou no balanço, lançamentos verdadeiros. O mesmo pode ocorrer se o agente alterar


escrituração ou balanços que contenham dados verdadeiros.

Destruir, apagar ou corromper dados contábeis que estejam armazenados em


computadores ou sistemas informatizados também se enquadra no aumento de pena.

Além dos documentos eletrônicos, podem ser citados os documentos de escrituração


contábil. Eles também em hipótese alguma podem ser inutilizados, destruídos ou
ocultados.

Nos casos de contabilidade paralela, a pena é aumentada de um terço até a metade se


houve movimentação de valores ou recursos paralelamente à contabilidade exigida.

Algo interessante que está presente na lei é o fato de que as penas são as mesmas para
todos, independentemente do cargo ou função das pessoas envolvidas. As mesmas penas
são impostas para contadores, técnicos contábeis, auditores e outros profissionais que se
enquadrarem nas condutas criminosas descritas na lei, na medida de sua culpabilidade.

Em caso de processo de falência de microempresa ou empresa de pequeno porte, em


que seja constatado que não ocorreram condutas fraudulentas, o juiz poderá reduzir a
pena de reclusão de um terço a dois terços. Se necessário, o juiz também pode substituir
a pena por penas restritivas de direitos pela perda de bens e valores, e ainda, por
prestação de serviços públicos à comunidade ou a entidades públicas.

Na falência, os sócios, os diretores, os gerentes, os administradores e os conselheiros,


de fato ou de direito, bem como o administrador judicial equiparam-se ao devedor ou
falido para todos os efeitos penais da lei, na medida de sua culpabilidade.

Uma sociedade de fato é aquela que inicia suas atividades, sem, contudo, reduzir
a escrito seu ajuste, ou seja, aquelas exercidas mediante contrato verbal. Já a
sociedade de direito é aquela que possui todo o seu teor documentado em um
contrato social (FERREIRA, 1961).

Não é necessário possuir um vínculo de direito, o vínculo pode ser de fato para a
sua inclusão nas penalidades da lei.

Caso seja comprovada a culpa, as penalidades da Lei no 11.101 (BRASIL, 2005b) podem
variar em:

»» A inabilitação para o exercício de atividade empresarial.

34
CRIMES FINANCEIROS │ UNIDADE ÚNICA

»» O impedimento para o exercício de cargo ou função em conselho de


administração, diretoria ou gerência das sociedades sujeitas a esta Lei.

»» A impossibilidade de gerir empresa por mandato ou por gestão de negócio.

Os efeitos não são automáticos e necessitam estar expressos na sentença. Os efeitos


perduram por até cinco anos após a extinção da punibilidade, podendo cessar antes por
reabilitação penal.

O que isso quer dizer?

Que o juiz precisa indicar a motivação da pena na sentença.

Os efeitos podem durar até cinco anos após a extinção da punibilidade e podem
ser cessados antes pela reabilitação penal.

Quando transitada em julgado, a sentença será notificada ao Registro Público de


Empresas para que novos registros não sejam feitos em nome dos envolvidos. Esta
medida visa impedir que novas empresas sejam abertas pelos condenados e que atos
ilícitos prossigam.

Porém, é sabido que quase sempre são utilizadas outras pessoas denominadas
popularmente como laranjas para a abertura de empresas para as que estão com o nome
sujo ou que não querem ter o nome envolvido com atividades ilícitas e preferem pagar
alguém disposto a correr o risco e até mesmo a ser preso. Assim, novas pessoas podem
ser envolvidas em novos esquemas sem que os nomes dos envolvidos anteriormente
possam ser conectados ao esquema novo.

A Lei no 11.101 (BRASIL, 2005b) tipifica e divide os crimes de espécie em:

»» Violação de sigilo empresarial:

Essa medida trata do sigilo empresarial e dos dados confidenciais, então


qualquer tipo de divulgação sem justa causa, além da exploração dessas
informações, pode gerar a pena de reclusão de dois a quatro anos e multa.

É importante ressaltar que o ato deve contribuir para um estado de inviabilidade


econômica ou financeira do devedor.

Essa medida pode ser entendida como o ato de agravar a situação negativa
da empresa diante dos investidores e concorrentes com a declaração de
informações negativas sobre a condição financeira da organização.

35
UNIDADE ÚNICA │ CRIMES FINANCEIROS

»» Divulgação de informações falsas:

Medida que trata de divulgação de informação falsa sobre devedor com o


intuito de levá-lo a falência ou obter alguma vantagem. A pena aplicada a esse
tipo de delito pode variar de dois a quatro anos de reclusão e multa.

Outra medida que busca evitar uma crise no mercado com a divulgação de
informações negativas e falsas que levem a declaração de falência. Dependendo
da abrangência da organização os danos podem possuir uma magnitude que
afete todo o mercado e a viabilidade da empresa em realizar negócios.

»» Indução a erro:

Também trata de divulgação de informações falsas, porém o intuito é conduzir


ao erro o juiz, o ministério público, os credores, a assembleia geral de credores,
o comitê, ou o administrador judicial. A pena nesses casos pode variar de dois
a quatro anos de reclusão, além de multa.

»» Favorecimento de credores:

Realizar os procedimentos de decretar falência, conceder a recuperação


judicial ou homologar plano de recuperação extrajudicial, ato de disposição
ou oneração patrimonial ou gerador de obrigação. A intenção do ato ilícito é
favorecer um ou mais credores e causar prejuízos aos demais.

A pena para esses atos pode variar entre dois a cinco anos de reclusão, além
de multa.

»» Desvio, ocultação ou apropriação de bens:

Apropriar-se, desviar ou ocultar bens pertencentes ao devedor sob recuperação


judicial ou à massa falida. O ato ainda pode incluir a aquisição por interposta
pessoa.

A pena pode variar entre dois a quatro anos de reclusão, além de multa.

»» Aquisição, recebimento ou uso ilegal de bens:

O foco está em adquirir, receber, usar, ilicitamente, bem pertencente à massa


falida ou influir para que terceiro, de boa-fé, o adquira, receba ou use.

Verifica-se que este item possui significado parecido com o anterior, porém
se pode notar que o ato de desvio, ocultação ou apropriação tem relação com

36
CRIMES FINANCEIROS │ UNIDADE ÚNICA

a prática do ato durante o processo de falência e a aquisição, recebimento ou


uso ilegal permite a infração durante a recuperação judicial.

A pena nos casos varia de dois a quatro anos de reclusão e multa.

»» Habilitação ilegal de crédito:

Hipótese de apresentação em falência, recuperação judicial ou recuperação


extrajudicial de rendimentos falsos sobre a relação de créditos, habilitação de
créditos e reclamações falsas. O assunto ainda fala sobre juntar título falso ou
simulado.

A pena para os delitos pode variar de dois a quatro anos e multa.

»» Exercício ilegal de atividade:

O assunto refere-se ao exercício de atividades quando ocorrem decisões


judiciais, inabilitando ou incapacitando o agente criminoso.

A pena para esse tipo de crime pode variar entre um e quatro anos, além de
multa.

»» Violação de impedimento:

Trata-se da especulação de lucro sobre os envolvidos nos processos de


recuperação judicial.

Os envolvidos no caso podem ser: o juiz, o representante do Ministério Público,


o administrador judicial, o gestor judicial, o perito, o avaliador, o escrivão, o
oficial de justiça ou o leiloeiro, por si ou por interposta pessoa.

A pena pode variar entre dois a quatro anos de reclusão, além de multa.

»» Omissão dos documentos contábeis obrigatórios:

A omissão de documentos obrigatórios através de deixar de elaborar, escriturar


ou autenticar os documentos de escrituração contábil obrigatórios é o tópico
dessa medida.

O ato pode ocorrer antes ou depois da sentença que decreta a falência, no ato de
conceder a recuperação judicial ou na homologação do plano de recuperação
extrajudicial.

A pena pode variar entre um a dois anos de detenção e multa.

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UNIDADE ÚNICA │ CRIMES FINANCEIROS

Lavagem de dinheiro

Figura 12.

Fonte: Rede Tiradentes de Rádio e Televisão, (2014)

O assunto de lavagem de dinheiro é, infelizmente, corriqueiro nos jornais e revistas do


estado. E devido à grande atenção que este gera nas pessoas houve algumas modificações
nas leis que dizem respeito a este tema.

Primeiramente, a Lei no 9.613 (BRASIL, 1998), mais conhecida como Lei dos Crimes
de Lavagem de Dinheiro abrange sobre os atos caracterizados como tal. Segundo esta
lei, ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou
propriedade de bens, direito ou valores provenientes, direta ou indiretamente, é crime:

»» De tráfico ilícito de substâncias entorpecentes ou drogas afins.

»» De terrorismo.

»» De contrabando ou tráfico de armas, munições ou material destinado à


sua produção.

»» De extorsão mediante sequestro.

»» Contra a Administração Pública, inclusive a exigência, para si ou para


outrem, direta ou indiretamente, de qualquer vantagem como condição
ou preço para a prática ou omissão de atos administrativos.

»» Contra o sistema financeiro nacional.

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CRIMES FINANCEIROS │ UNIDADE ÚNICA

»» Praticado por organização criminosa.

»» Praticado por particular contra a administração pública estrangeira.

Com o intuito de deixar a lei mais eficaz e abrangente, foi criada a lei no 12.683 (BRASIL,
2012b) que fez grandes alterações na lei vigente.

“Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, movimentação


ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou
indiretamente, de infração penal”.
Fonte: Brasil, (2012b)

O conceito de lavagem de dinheiro ficou mais claro e é caracterizado pelo ato de disfarçar
quaisquer bens ou valores obtidos por atividades criminosas que depois de “lavados”
são novamente inseridos na economia.

Este tipo de modalidade envolve com mais frequência estabelecimentos comerciais


que movimentam dinheiro em espécie como restaurantes, bares e casas de bingo. Este
último teve grande repercussão nos meios de comunicação resultando na proibição dos
tais estabelecimentos em todo território nacional.

A lei também trouxe controvérsias em alguns artigos, como por exemplo no caso da
pena que pode variar de três a dez anos de reclusão, além da multa.

Na mesma pena estão incluídos quem ocultar ou dissimular a utilização de bens, direitos
ou valores provenientes de infração penal. Também estão incluídos quem utiliza, na
atividade econômica ou financeira, bens, direitos ou valores provenientes de infração
penal.

Neste caso a lei gera controvérsia, já que a tipificação pode resultar na aplicação da
mesma pena para uma pessoa que ocultou rendimentos provenientes de um bar e um
traficante de drogas.

Porém, a nova lei se tornou uma grande arma que pode ser utilizada no combate da
corrupção. O Brasil está passando por um momento revelador onde existe um empenho
no ato de reformular as leis para que elas tenham maior abrangência e as punições
sejam mais severas e alcancem esferas maiores.

Além disso, é possível notar que novas iniciativas estão sendo tomadas para que sejam
aprimoradas as ferramentas de prevenção e combate ao crime de lavagem de dinheiro.

Criada em 2003, por iniciativa do Ministério da Justiça, a Estratégia Nacional de


Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro (ENCCLA) contribui para sistematização

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UNIDADE ÚNICA │ CRIMES FINANCEIROS

e articulação de diversos órgãos da República. Cerca de 60 órgãos e entidades fazem


parte da ENCCLA.

Para se aprofundar no assunto e acompanhar as metas e ações propostas,


apresenta-se o link a seguir da página da Estratégia Nacional de Combate à
Corrupção e à Lavagem de Dinheiro.

<http://enccla.camara.leg.br/acoes>

Fraude na saúde

Figura 13.

Fonte: Gonçalves, (2013)

Os crimes de fraude na saúde sempre são motivo de repercussões na mídia, pois o


sucateamento de material e equipamentos, além dos baixos salários oferecido, entram
em choque com os gastos destinados à saúde.

Mas se for notar, esse é o centro do problema, pois os acordos que acontecem por trás
da mídia resultam em medicamentos superfaturados, compra de equipamentos que
não existem, funcionários fantasmas, dentre outros.

O prejuízo maior é da população que fica à mercê dos hospitais públicos sem o
atendimento adequado, o que, em alguns casos, acarreta até a morte.

Agregado a isso, temos os baixos salários oferecidos aos profissionais o que acarreta na
redução do quadro de funcionários e gera filas quilométricas para atendimento.

Houve uma tentativa de trazer os médicos de outros países para suprir a necessidade
do Brasil, mas ficou comprovado de diversas formas que alguns dos profissionais não
tinham experiência necessária e mesmo assim foram empregados.

40
CRIMES FINANCEIROS │ UNIDADE ÚNICA

Ainda existem os casos dos medicamentos que são obrigatórios e muitas vezes estão
em falta nos hospitais. Isso se dá pelo fato de as licitações muitas vezes superfaturarem
os valores dos medicamentos resultando em menores quantidades para suprir as
necessidades de todos os hospitais.

Também existe a hipótese de as empresas vencedoras da licitação não entregarem os


medicamentos prometidos.

É possível verificar no site JusBrasil alguns casos que envolvem fraudes contra a saúde
e conta o Sistema Único de Saúde.

Podem ser encontradas diversas formas de delitos como:

»» Falsificação de laudos com o intuito de receber pelo procedimento mais


de uma vez.

»» Licitações onde empresas fantasmas ganham, recebem e não realizam os


serviços.

»» Falta de medicamentos gratuitos nos hospitais e farmácias legais.

Site JusBrasil. Nele será possível encontrar mais sobre o assunto.

<http://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/busca?q=FRAUDE+CONTRA+O+S
ISTEMA+%C3%9ANICO+DE+SA%C3%9ADE>

Segundo o atual Código Penal, a Lei no 2.848 (BRASIL, 1940), as fraudes de saúde
também podem ser tipificadas como estelionato, pois estas visam vantagem ilícita e
prejuízo alheio.

Estelionato

Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio,


induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou
qualquer outro meio fraudulento:

Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.


Fonte: Brasil, (1940)

Os atos mais comuns neste tipo de fraude são a venda de remédios falsos, equipamentos
obsoletos e serviços inadequados, ou já fora de validade.

Sobre este, podemos por meio da Lei no 2.848 (BRASIL, 1940) classificar como
falsificação ou adulteração de produtos medicinais.

41
UNIDADE ÚNICA │ CRIMES FINANCEIROS

Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produtos destinado


a fins terapêuticos ou medicinais.

Falsificar, corromper, adulterar ou alterar produto destinado a fins


terapêuticos ou medicinais:

Pena - reclusão, de 10 (dez) a 15 (quinze) anos, e multa.


Fonte: Brasil, (1940).

Nas mesmas penas incorre quem importa, vende, expõe à venda, tem em depósito para
vender ou, de qualquer forma, distribui ou entrega a consumo o produto falsificado,
corrompido, adulterado ou alterado.

Incluem-se entre os produtos a que se refere este artigo os medicamentos, as


matérias-primas, os insumos farmacêuticos, os cosméticos, os saneantes e os de uso
em diagnóstico.

Está sujeito às penas quem dispõe de medicamentos de qualidade duvidosa, sem o


registro no órgão de Vigilância Sanitária, com formulações diferentes das registradas e
com características de identidade de acordo com os padrões de comercialização.

Também serão sujeitos os medicamentos com reduções de valores ou de sua atividade,


medicamentos de precedência ignorada ou adquiridos de estabelecimentos sem licença
de comercialização do órgão de Vigilância Sanitária.

Se o crime é culposo, a pena é de detenção de um a três anos e multa.

Grande parte do problema gerado por essas fraudes se dão pelo fato de o governo burlar
as licitações e comprar diretamente de certos fornecedores. Ou ainda pelas licitações
que favorecem empresas fantasmas ou sem reputação que se aproveitam do dinheiro
público e não entregam o objeto da licitação.

Aos crimes informados neste capítulo, ainda podem ser adicionados a formação de
quadrilha, entre outros.

E o que acontece com os medicamentos que ainda não foram analisados pelas
autoridades brasileiras e possuem efeitos benéficos constatados em outros
países?

É sabido que a burocracia é um dos grandes problemas que são enfrentados


com o objetivo de conseguir que processos sejam analisados mais rapidamente.

E nos casos onde a vida está em jogo?

Como pode ser analisado o caso?

42
CRIMES FINANCEIROS │ UNIDADE ÚNICA

Medicamentos sem o registro no órgão de Vigilância Sanitária Brasileiro não


podem ser comercializados, mas se já existe a aprovação dos resultados em
outros países por que não agilizar o processo?

Figura 14.

Fonte: R7 Notícias, (2014)

A figura 14 mostra o canabidiol, uma substancia derivada da maconha, que tem


seus efeitos comprovados no combate a doenças em diversos países. No Brasil, o
medicamento esbarrou na burocracia na qual necessitava de uma nova análise técnica
para comprovar a sua eficácia.

No processo, algumas pessoas morreram aguardando o registro da ANVISA e outras


importaram o medicamento de forma clandestina.

Segundo o site G1 (2015), em abril, a ANVISA aprovou uma resolução que retira a
necessidade de realização de análise técnica repetida de alguns medicamentos.

No caso do canabidiol, em janeiro a ANVISA retirou o medicamento da lista de


substâncias de uso proscrito no país.

Este exemplo visa demonstrar que além de lei fortes, existe a necessidade de um
acompanhamento constante para que casos como o exposto sejam cada vez menores.

“Com leis ruins e funcionários bons ainda é possível governar. Mas com
funcionários ruins as melhores leis não servem para nada.” Otto Bismarck

43
CAPÍTULO 2
Crimes correlatos

Financiamento do terrorismo
Este tipo de crime está normalmente relacionado à lavagem de dinheiro, já que os
recursos que são desviados precisam ser ocultados.

O Conselho de Controle de Atividades Financeiras estima que após os grandes atentados,


como o de 11 de setembro, a ONU em conjunto com os países aumentaram a cooperação
a fim de intensificar o combate ao terrorismo e ao seu financiamento (AMARAL, 2015).

Figura 15.

Fonte: R7 Notícias, (2011).

Para isso, o Conselho de Segurança criou duas Resoluções: a no 1373 e a no 1540 que são
relativas às seguintes ações:

Resolução no 1373:

»» Prevenir e suprimir o financiamento para atos terroristas.

»» Criminalizar a concessão, a distribuição direta ou indireta de recursos


com intenção ou conhecimento de que os recursos serão utilizados para
financiar atos terroristas.

»» Congelar todos os recursos financeiros de pessoas que apoiam, participam


ou facilitam os atos terroristas. É importante ressaltar que isto inclui
pessoas ou empresas.
44
CRIMES FINANCEIROS │ UNIDADE ÚNICA

»» Proibir pessoas ou entidades de disponibilizar qualquer tipo de recurso


que tenha como objetivo financiar atos terroristas.

Resolução no 1540:

»» Abster-se de qualquer apoio a estrangeiros na criação, transporte,


utilização e fabricação de armas nucleares, químicas ou biológicas e seus
meios de lançamento.

»» Proibir qualquer estado não ator de fabricar, adquirir, desenvolver,


transportar ou utilizar armas nucleares segundo as leis vigentes.

»» Estabelecer controles internos destinados a prevenir a proliferação


de armas nucleares, químicas ou armas biológicas e seus meios de
lançamento.

Com isso, foram criados controles que permitiram congelar recursos destinados
ao terrorismo, à fabricação ou comercialização de armas de destruição em massa,
desarticulando assim diversos grupos extremistas.

O combate ao financiamento do terrorismo no Brasil se dá por meio da COAF, a qual


busca internalizar as boas práticas de implantação de mecanismos antiterrorismo
seguindo as orientações de organismos internacionais. Com essa prática, a COAF busca
se adequar seguindo as melhores práticas desenvolvidas para o combate aos crimes
financeiros.

O Brasil também é signatário da Convenção Internacional para a Supressão do


Financiamento do Terrorismo, que foi promulgada por meio do Decreto no 5.640/2005.

Cabe ressaltar que, no Brasil, as manifestações contra o governo e as marchas para


reivindicação de direitos tiveram grande adesão da população e levaram o governo a
tentar tipificar o movimento como ato terrorista, porém o senado por meio do Projeto
de Lei no 508 de 2013 apenas tipificou como ato de vandalismo.

Essa foi uma controvérsia que foi disseminada nas redes sociais com o intuito de cessar
os protestos.

Segundo o Projeto de Lei do Senado, no 508 (MONTEIRO, 2013), as manifestações são


tipificadas da seguinte forma:

É crime de vandalismo promover ou participar de atos coletivos de


destruição, dano ou incêndio em imóveis públicos ou particulares,
equipamentos urbanos, instalações de meios de transporte de

45
UNIDADE ÚNICA │ CRIMES FINANCEIROS

passageiros, veículos e monumentos, mediante violência ou ameaça,


por qualquer motivo ou a qualquer título.

Pena – reclusão, de quatro a doze anos e multa, além das penas


correspondentes à violência e à formação de quadrilha, e ressarcimento
dos danos causados.
Fonte: Monteiro, (2013).

O crime também se configura pela presença do agente em atos de vandalismo, tendo em


seu poder objetos, substâncias ou artefatos de destruição ou de provocação de incêndio
ou qualquer tipo de arma convencional ou não, inclusive porrete, bastão, barra de ferro,
sinalizador, rojão, substância inflamável ou qualquer outro objeto que possa causar
destruição ou lesão.

Incorre nas mesmas penas aquele que idealiza, coordena, estimula a participação,
convoca ou arregimenta participantes para fins de atos de vandalismo, mediante
distribuição de folhetos, avisos ou mensagens, pelos meios de comunicação, inclusive
pela internet.

Por que foi levantado o assunto?

Porque existem indícios que alguns protestos foram financiados por grupos
que iriam adquirir alguma vantagem com a confusão gerada por algumas
manifestações.

Existe também a hipótese do grupo conhecido como “Black Blocs” terem sido plagiados
por integrantes de grupos que tinham como interesse afugentar as pessoas das
manifestações, com a desculpa dos grupos serem violentos e cultuarem a manifestação
de um modo mais agressivo.

Figura 16.

Fonte: Movimento Muda Brasil, (2013).

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CRIMES FINANCEIROS │ UNIDADE ÚNICA

Figura 17.

Fonte: Constantino, (2014).

É importante ressaltar que ainda há muito a ser feito para que os crimes de terrorismo
sejam enquadrados nas nossas leis, porém existem diversas frentes dispostas a
viabilizar novas iniciativas contra os crimes financeiros destinados ao financiamento
do terrorismo.

No entanto é interessante notar e não deixar que uma lei seja criada com o intuito de
proteger a população e simultaneamente acabar com a nossa liberdade de expressão. É
papel da população sempre acompanhar o que é feito pelo nosso governo para que no
futuro isso não seja algo que seja motivo de arrependimento.

Para se aprofundar no assunto, são interessantes a busca e a leitura do novo


código penal.

O novo código penal pode ser pesquisado no site do Senado Federal ou por
meio da busca pelo Projeto de Lei do Senado no 236 de 2012.

<http://www.senado.gov.br/atividade/materia/detalhes.asp?p_cod_
mate=106404>

No momento em que este material foi produzido e finalizado, o Projeto de Lei


PL no 2016/15, que tipifica o crime de Terrorismo já havia sido aprovado pela
Câmara dos Deputados e encaminhado ao Senado Federal.

É importante que a tramitação seja acompanhada.

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UNIDADE ÚNICA │ CRIMES FINANCEIROS

Furto de identidade

Figura 18.

Fonte: Projeto Web Segura, (2011).

A identidade de todas as pessoas é um direito fundamental segundo o novo código civil


e nos garante a nossa individualidade.

É de comum acordo que são grandes os problemas, além das dificuldades que um roubo
ou furto de documentos pode causar.

Além da preocupação ao verificar os documentos que necessitam de emissão de segunda


via, existe a necessidade de cancelar talões de cheque, cartões de crédito e débito, emitir
novamente o documento de veículos, dentre outros.

Ainda é possível adicionar a necessidade de modificar senhas de banco, e-mails e redes


sociais no caso de roubo ou furto de equipamento eletrônico.

Alves (2012) cita que o direito à identidade pessoal vai além da genética e busca
resguardar características sociais e de personalidade. Com isso, o roubo de identidade
é um crime que fere além do material a personalidade e a individualidade das pessoas.

Com o avanço tecnológico, passamos a armazenar quase todas as nossas informações


importantes em computadores e celulares tornando ainda mais fácil o roubo de
informações. Ressalta-se que ainda são adquiridos pelo ladrão fotos, vídeos e perfis em
redes de relacionamento.

Você sabe como se prevenir do roubo de identidade?

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CRIMES FINANCEIROS │ UNIDADE ÚNICA

»» Carteira:

›› Não andar com documentos na carteira quando não existe a necessidade


de portá-los. Exemplo: Título de Eleitor, CPF e cartão cidadão.

›› Cancelar cartões de crédito e débito quando a carteira for perdida ou


furtada.

»» Caixa de Correspondência:

›› Possuir cadeado na caixa de correspondências.

›› Alterar os endereços de entrega, assim que houver mudança.

›› Modificar faturas para o modo eletrônico.

»» Lixo:

›› Destruir documentos contendo informações pessoais.

›› Cortar cartões que não possuem mais uso.

»» Celular:

›› Assegurar que o dispositivo está protegido com senha.

›› Em caso de roubo ou furto comunicar a empresa responsável para


bloquear o dispositivo.

»» Computador Pessoal:

›› Possuir software antivírus e firewall instalados e atualizados.

›› Não permitir a instalação de todas as atualizações que forem solicitadas


sem antes verificar a autenticidade do local.

›› Não disponibilizar fotos, vídeos e outras formas de mídia se o


equipamento for colocado em reparos.

›› Apagar todas as informações pessoais caso o equipamento seja vendido.

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UNIDADE ÚNICA │ CRIMES FINANCEIROS

»» Cartões de Crédito e Débito:

›› Verificar sempre os extratos dos cartões.

›› Não enviar informações pessoais ou dados de cartão em caso de


telefonemas ou mensagens de texto.

›› Ficar atento à data de validade dos cartões, pois o banco enviará um


novo assim que o atual estiver perto de expirar.

Segundo a Lei no 2.848 (BRASIL, 1940), o Código Penal, atribuir-se ou atribuir a


terceiro falsa identidade para obter vantagem, em proveito próprio ou alheio, ou para
causar dano a outrem. Pena: detenção, de três meses a um ano, ou multa, se o fato não
constitui elemento de crime mais grave.

A Lei no 12.737 (BRASIL, 2012a) inclui no Código Penal o seguinte artigo que é pertinente
ao nosso caso:

Invadir dispositivo informático alheio, conectado ou não à rede de


computadores, mediante violação indevida de mecanismo de segurança
e com o fim de obter, adulterar ou destruir dados ou informações sem
autorização expressa ou tácita do titular do dispositivo ou instalar
vulnerabilidades para obter vantagem ilícita:

Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.

Fonte: Brasil, (2012a).

É importante perceber que quem produz, oferece, distribui, vende ou difunde dispositivo
ou programa de computador também está sujeito à pena.

Se houver prejuízo econômico com a invasão, aumenta-se a pena de um sexto a um


terço.

Se da invasão resultar a obtenção de conteúdo de comunicações


eletrônicas privadas, segredos comerciais ou industriais, informações
sigilosas, assim definidas em lei, ou o controle remoto não autorizado
do dispositivo invadido:

Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa, se a conduta


não constitui crime mais grave.

Fonte: Brasil, (2012a).

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CRIMES FINANCEIROS │ UNIDADE ÚNICA

Se os dados ou a informação obtida forem divulgados, comercializado ou transmitidos,


aumenta-se a pena de um a dois terços.

Aumenta-se a pena de um terço à metade se o crime for praticado contra:

»» Presidente da República, governadores e prefeitos.

»» Presidente do Supremo Tribunal Federal.

»» Presidente da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Assembleia


Legislativa de Estado, da Câmara Legislativa do Distrito Federal ou de
Câmara Municipal.

»» Dirigente máximo da administração direta e indireta federal, estadual,


municipal ou do Distrito Federal.

Além disso, pode-se adicionar o fato das redes sociais e os mecanismos de comunicação
que também são afetados por esses crimes, já que uma pessoa pode criar livremente
um perfil contendo informações de outras pessoas para enviar texto ou mensagens
difamatórias através dele.

A maioria das empresas responsáveis por essas páginas já adicionaram maneiras para
que o proprietário do perfil seja considerado verdadeiro como podemos perceber se
entrarmos no Twitter ou no Facebook por exemplo. Mas essa ferramenta é destinada a
artistas e pessoas públicas.

Outra forma de proteção são os tokens de identificação na forma de chaveiros ou os


modelos virtuais que podem ser instalados em tablets e smartphones.

Os tokens geram um código único para a autenticação e são muito boas ferramentas
de segurança, já que adicionam mais um nível de segurança ao acesso a programas e
páginas da web.

O que fazer no caso das pessoas que clonam ou falsificam um perfil eletrônico?

Existe a possibilidade de denunciar o perfil falso.

É necessária a conscientização da população sobre o uso saudável da internet


a fim de evitar sites falsos com propagandas atraentes. Aliado a isso, existe a
possibilidade de desativar nos navegadores a opção de auto completar,
tornando mais difícil a ação de programas e ferramentas que possam coletar os
dados armazenados.

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UNIDADE ÚNICA │ CRIMES FINANCEIROS

Crimes financeiros e o crime organizado

Figura 19.

Fonte: Couto, (2014).

O crime organizado é um assunto muito conhecido por todos e gerou até alguns filmes
famosos. Conhecido por diversos nomes dependendo da sua localização, sempre tem
ligado consigo o ato de extorsão e violência.

Primeiramente devemos entender o significado de crime organizado para poder inserir


o tema aos crimes financeiros. O significado do termo pode ser encontrado na Lei
no 12.850 (BRASIL, 2013b).

Considera-se organização criminosa a associação de quatro ou mais


pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de
tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou
indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de
infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a quatro anos,
ou que sejam de caráter transnacional.
Fonte: Brasil, (2013b).

Esta Lei se aplica também:

Às infrações penais previstas em tratado ou convenção internacional


quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse
ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente. Às organizações
terroristas internacionais, reconhecidas segundo as normas de direito

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CRIMES FINANCEIROS │ UNIDADE ÚNICA

internacional, por foro do qual o Brasil faça parte, cujos atos de suporte
ao terrorismo, bem como os atos preparatórios ou de execução de atos
terroristas, ocorram ou possam ocorrer em território nacional.
Fonte: Brasil, (2013b).

Então, por meio do descrito na lei, podemos chegar à conclusão que organização
criminosa pode também ser um sinônimo de máfia, já que se trata de um grupo
organizado que visa obter lucro através de atividades ilícitas.

O grupo possui uma clientela que utiliza o código do silêncio, a fim de evitar represálias,
já que o grupo normalmente age de forma violenta.

Alguns exemplos que podemos citar de organização criminosa são:

»» Jogo do bicho.

»» Caça níqueis.

»» Tráfico de drogas.

»» Roubo de automóveis.

»» Roubo de cargas.

»» Contrabando.

»» Roubo a bancos.

Além das características que foram citadas, existem a hierarquia, a divisão de trabalho,
a previsão de lucro e o planejamento.

Agora que o significado está mais claro, é possível correlacionar o crime organizado aos
crimes financeiros de sonegação fiscal e lavagem de dinheiro.

Fazem parte, os crimes que envolvem a sonegação de tributos como o ICMS e o INSS.

Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, contribuição


social mediante as seguintes condutas:

»» Omitir informação, ou prestar declaração falsa às autoridades fazendárias.

»» Fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou


omitindo operação de qualquer natureza, em documento ou livro exigido
pela lei fiscal.

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UNIDADE ÚNICA │ CRIMES FINANCEIROS

»» Falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda, ou


qualquer outro documento relativo à operação tributável.

»» Elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar documento que saiba ou


deva saber falso ou inexato.

»» Negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório, nota fiscal ou documento


equivalente, relativo à venda de mercadoria ou prestação de serviço,
efetivamente realizada, ou fornecê-la em desacordo com a legislação.
Fonte: Brasil, (2012a).

A pena pode variar de dois a cinco anos de reclusão, além de multa.

Constitui crime da mesma natureza:

»» Fazer declaração falsa ou omitir declaração sobre rendas, bens ou fatos,


ou empregar outra fraude, para eximir-se, total ou parcialmente, de
pagamento de tributo.

»» Deixar de recolher, no prazo legal, valor de tributo ou de contribuição


social, descontado ou cobrado, na qualidade de sujeito passivo de
obrigação e que deveria recolher aos cofres públicos.

»» Exigir, pagar ou receber, para si ou para o contribuinte beneficiário,


qualquer percentagem sobre a parcela dedutível ou deduzida de imposto
ou de contribuição como incentivo fiscal.

»» Deixar de aplicar, ou aplicar em desacordo com o estatuído, incentivo


fiscal ou parcelas de imposto liberadas por órgão ou entidade de
desenvolvimento.

»» Utilizar ou divulgar programa de processamento de dados que permita


ao sujeito passivo da obrigação tributária possuir informação contábil
diversa daquela que é, por lei, fornecida à Fazenda Pública.

Fonte: Brasil, (2012a).

Os crimes de lavagem de dinheiro são crimes que visam à ocultação de bens direitos e
valores. Podem envolver instituições financeiras e “laranjas”.

Definição de “Laranja”

Agente intermediário que efetua em seu nome, por ordem de terceiros,


transações comerciais ou financeiras, ocultando a identidade do real

54
CRIMES FINANCEIROS │ UNIDADE ÚNICA

agente ou beneficiário. Em alguns casos, o “laranja” tem ciência de


que está sendo utilizado e é, inclusive, remunerado pela “prestação dos
serviços”. Em outros, pessoas inocentes, na maioria das vezes com pouca
instrução e baixo poder aquisitivo, são utilizados como “laranjas”, sem
saber (“emprestam” seu nome para abrir contas, emitem procurações
para abrir empresas de fachada, por exemplo). Documentos perdidos
ou roubados são também instrumentos utilizados por criminosos para
a criação de “laranjas”
Fonte: Banco do Brasil, (2015).

Segundo a Lei no 9.613 (BRASIL, 1998), ocultar ou dissimular a natureza, origem,


localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores
provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal.

A pena prevista para o crime de lavagem de dinheiro é de reclusão de três a 10 dez anos
e multa.

A mesma pena ocorre para quem oculta ou dissimula a utilização de bens, direitos ou
valores provenientes de infração penal com a finalidade de:

»» Converter em ativos lícitos.

»» Adquirir, receber, trocar, negociar, dar ou receber em garantia, guardar,


ter em depósito, movimentar ou transferir.

»» Importar ou exportar bens com valores não correspondentes aos


verdadeiros.

»» Utilizar, na atividade econômica ou financeira, bens, direitos ou valores


provenientes de infração penal.

»» Participar de grupo, associação ou escritório tendo conhecimento de que


sua atividade principal ou secundária é dirigida à prática de lavagem de
dinheiro.

A pena será aumentada de um a dois terços, se os crimes definidos nesta Lei forem
cometidos de forma reiterada ou por intermédio de organização criminosa.

A pena poderá ser reduzida de um a dois terços e ser cumprida em regime aberto
ou semiaberto, facultando-se ao juiz deixar de aplicá-la ou substituí-la, a qualquer
tempo, por pena restritiva de direitos, se o autor, coautor ou partícipe colaborar
espontaneamente com as autoridades, prestando esclarecimentos que conduzam à

55
UNIDADE ÚNICA │ CRIMES FINANCEIROS

apuração das infrações penais, à identificação dos autores, coautores e partícipes, ou à


localização dos bens, direitos ou valores objeto do crime.

É importante ressaltar que algumas modificações foram realizadas pela Lei no 12.683
(2012b), que se preocupou em:

»» Aumentar a abrangência dos crimes.

»» Definir o conceito de lavagem de dinheiro de forma mais clara.

»» Incluir novos grupos de sujeitos aos responsáveis.

»» Dentre outras providências.

No site do Planalto é possível encontrar a Lei no 12.683 (2012b) e acompanhar as


modificações que foram realizadas. Apresenta-se o link a seguir:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12683.htm>

Conclui-se que os crimes financeiros e o crime organizado são dois assuntos


sempre correlacionados e que podem ser notados em diversas épocas da história
através de escândalos e CPI´s, como por exemplo a CPI dos caça níqueis e outros
processos abertos contra casos de corrupção.

Falsificação de documentos

Figura 20.

Fonte: SINDEPOL-PB, (2012).

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CRIMES FINANCEIROS │ UNIDADE ÚNICA

A falsificação de documentos sempre foi uma maneira que os criminosos encontraram


para se fazer passar por outras pessoas a fim de conseguir benefícios ou vantagens por
meio de atos ilícitos.

A falsificação de documentos, nos dias atuais, pode ocorrer de forma virtual sem a
necessidade de existir o documento impresso, já que muitos sites não oferecem a opção
de verificação de identidade.

Porém, é importante mencionar também os atos de falsificação de atestados médicos e


de incapacidade que muitas vezes são entregues por funcionários com a finalidade de
conseguir períodos de folga ou a falsa constatação de doenças que podem necessitar de
licença médica.

O ato de falsificação de documentos está descrito no código penal, e segundo Romano


(2015b) pode ser dividido em duas categorias:

»» Falsidade documental

Adulteração que tem por objetivo modificar a autenticidade do documento.

»» Falsidade ideológica

Adulteração que tem por objetivo modificar a veracidade do documento.

De acordo com Noronha e Magalhães (1978), os atos de falsidade documental estão


incluídos nos delitos dos artigos 296, 297, 298, 301, § 1o, 303 e 305 da Lei no 2.848
(BRASIL, 1940).

Por sua vez, são crimes de falsidade ideológica, os listados nos artigos 299, 301 e 302.
Ainda existe a possibilidade de pena segundo o § 2o do artigo 301 e do artigo 304.

Para melhor entendimento das nomenclaturas, faz-se necessário o esclarecimento de


alguns pontos. São eles:

»» Documento

Documento é todo ato escrito composto de conteúdo e atores, visando expressar fatos
ou declarações de vontade.

»» Documento Público

Documento que é elaborado por funcionário público ou autoridade no exercício de suas


funções.

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UNIDADE ÚNICA │ CRIMES FINANCEIROS

»» Documento Particular

Documento elaborado sem intervenção alguma.

Segundo Neto (2013), todo documento deve ter três requisitos essenciais:

a. a forma escrita (seja impressa, datilografada, manuscrita, à tinta ou a


lápis etc.);

b. autoria certa (só haverá documento quando puder ser determinada a sua
origem, ou melhor, da pessoa do qual emana). Conteúdo documental ou
teor, que consiste na declaração de vontade a exposição dos fatos.

»» Selo ou Sinal público

Ferramentas que visam autenticar os documentos. É necessária a presença de uma


autoridade pública com permissão de utilizá-los.

Já que os pontos chave para o entendimento foram esclarecidos, pode-se incluir os atos
ilícitos referentes às falsificações documentais.

Nos atos de falsificação documental são descritos os seguintes crimes:

»» Falsificar, fabricar ou adulterar selos públicos. Neste caso, estão incluídos


os selos destinados a autenticar atos oficiais da União, de Estado ou de
Município. Ainda são incluídos os selos ou sinais atribuídos por lei a
entidades de direito público ou sinal público de tabelião.

A pena pode variar de dois a seis anos de reclusão, além de multa.

As mesmas penas também são aplicadas nos casos de uso de selo ou sinal falsificado,
utilização de selo ou sinal verdadeiro em prejuízo de outrem ou em proveito próprio
ou alheio e quem altera, falsifica ou faz uso indevido de marcas, logotipos, siglas ou
quaisquer outros símbolos utilizados ou identificadores de órgãos ou entidades da
Administração Pública.

Se os crimes forem cometidos por funcionário público, prevalecendo-se do cargo,


aumenta-se a pena de sexta parte.

58
CRIMES FINANCEIROS │ UNIDADE ÚNICA

»» Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento


público verdadeiro.

A pena, neste caso, também varia entre dois a seis anos de reclusão, e multa. Também
existe o aumento de pena no caso de participação de funcionário público. Aumenta-se
a pena de sexta parte.

Para os efeitos penais, equiparam-se a documento público o emanado de


entidade paraestatal, o título ao portador ou transmissível por endosso,
as ações de sociedade comercial, os livros mercantis e o testamento
particular.

Fonte: Brasil, (1940).

Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir:

I – na folha de pagamento ou em documento de informações que seja


destinado a fazer prova perante a previdência social, pessoa que não
possua a qualidade de segurado obrigatório;

II – na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado ou


em documento que deva produzir efeito perante a previdência social,
declaração falsa ou diversa da que deveria ter sido escrita;

III – em documento contábil ou em qualquer outro documento


relacionado com as obrigações da empresa perante a previdência social,
declaração falsa ou diversa da que deveria ter constado.

Fonte: Brasil, (1940).

Nas mesmas penas incorre quem omite, nos documentos mencionados


acima, nome do segurado e seus dados pessoais, a remuneração, a
vigência do contrato de trabalho ou de prestação de serviços.

Fonte: Brasil, (1940).

»» Falsificar, no todo ou em parte, documento particular ou alterar


documento particular verdadeiro.

A pena, neste caso, varia de um a cinco anos de reclusão, além de multa.

»» Atestar ou certificar, falsamente, em razão de função pública, fato ou


circunstância que habilite alguém a obter cargo público, isenção de ônus
ou de serviço de caráter público, ou qualquer outra vantagem.

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UNIDADE ÚNICA │ CRIMES FINANCEIROS

A pena pode variar de dois meses a um ano de detenção.

»» Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou certidão, ou alterar o teor de


certidão ou de atestado verdadeiro, para prova de fato ou circunstância
que habilite alguém a obter cargo público, isenção de ônus ou de serviço
de caráter público, ou qualquer outra vantagem.

A pena, neste caso, pode variar de três meses a dois anos de detenção. Se o crime for
praticado com fim de lucro, além da pena privativa aplica-se multa.

»» Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se


referem aos documentos públicos e aos documentos particulares.

A pena, neste caso, irá variar dependendo dos documentos envolvidos.

»» Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício próprio ou de outrem, ou em


prejuízo alheio, documento público ou particular verdadeiro, de que não
podia dispor.

A pena, nessa situação, pode variar dependendo do tipo de documento envolvido.


No caso de documento público a pena pode variar de dois a seis anos, além de multa.
No caso de documento particular a pena pode variar de um a cinco anos, além de multa.

Então, aproveitando os conceitos aprendidos, seguem os seguintes artigos da Lei


no 2.848 (BRASIL, 1940) seguidos dos documentos alvo:

Artigo 297o (documento público).

Artigo 298o (documento particular).

Artigo 299o (documento ideologicamente falso).

Artigo 300o (documento com falso reconhecimento de firma).

Artigo 301o (certidão ou atestado ideológico ou materialmente falso).

Artigo 302o (atestado médico falso).

O crime, nesta situação, é doloso.

Para evitar falsificações de mensagens eletrônicas, os órgãos dispõem de certificados


digitais que são instalados no computador e atestam todas as mensagens enviadas
como sendo confiáveis e enviadas pelo detentor da conta de e-mail.

Portanto, o crime de falsidade documental configura um ato de má-fé pública e as


devidas providências são aplicadas dependendo do documento ou do ato praticado.

60
CRIMES FINANCEIROS │ UNIDADE ÚNICA

É importante também verificar se existe envolvimento de funcionários públicos nos


atos de falsificação, pois a pena pode ser alterada.

Conflito de interesses

Figura 21.

Fonte: Alonso, (2014).

Os cargos públicos normalmente são cercados de responsabilidades e obrigações e


para isso alguns cargos necessitam de acesso a informações sigilosas sobre o órgão e as
pessoas que trabalham nele.

O conflito de interesses é caracterizado pela divergência que pode existir no uso dessas
informações visando o interesse próprio ou obtenção de alguma vantagem que as
informações podem garantir.

O conflito de interesses também é caracterizado pela divulgação de informações sigilosas


que possam vir a ser utilizadas por terceiros para fins ilícitos.

Como exemplo, é possível citar a obtenção de informações que possam gerar uma visão
negativa do órgão diante de investidores ou da própria população.

De acordo com a Lei no 12.813 (BRASIL, 2013c), considera-se:

Conflito de interesses: a situação gerada pelo confronto entre interesses


públicos e privados, que possa comprometer o interesse coletivo ou
influenciar, de maneira imprópria, o desempenho da função pública; e

Informação privilegiada: a que diz respeito a assuntos sigilosos ou


aquele relevante ao processo de decisão no âmbito do Poder Executivo

61
UNIDADE ÚNICA │ CRIMES FINANCEIROS

federal que tenha repercussão econômica ou financeira e que não seja


de amplo conhecimento público.

Submetem-se à Lei no 12.813 (BRASIL, 2013c) os seguintes cargos e empregos:

»» De ministro de Estado.

»» De natureza especial ou equivalentes.

»» De presidente, vice-presidente e diretor, ou equivalentes, de autarquias,


fundações públicas, empresas públicas ou sociedades de economia mista.

»» Do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, níveis 6 e 5 ou


equivalentes.

Além dos agentes públicos mencionados, sujeitam-se ao disposto nesta Lei os ocupantes
de cargos ou empregos cujo exercício proporcione acesso à informação privilegiada
capaz de trazer vantagem econômica ou financeira para o agente público ou para
terceiro, conforme definido em regulamento.

É possível perceber que existem casos distintos que são cobertos pela lei. Esses casos
fazem referência ao conflito de interesses no âmbito do Poder Executivo Federal.

Configura conflito de interesses no exercício de cargo ou emprego no âmbito do Poder


Executivo federal:

»» Divulgar ou fazer uso de informação privilegiada, em proveito próprio ou


de terceiros, obtida em razão das atividades exercidas.

»» Exercer atividade que implique a prestação de serviços ou a manutenção


de relação de negócio com pessoa física ou jurídica que tenha interesse
em decisão do agente público ou de colegiado do qual este participe.

»» Exercer, direta ou indiretamente, atividade que em razão da sua


natureza seja incompatível com as atribuições do cargo ou emprego,
considerando-se como tal, inclusive, a atividade desenvolvida em áreas
ou matérias correlatas.

»» Atar, ainda que informalmente, como procurador, consultor, assessor


ou intermediário de interesses privados nos órgãos ou entidades da
administração pública direta ou indireta de qualquer dos Poderes da
União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios.

62
CRIMES FINANCEIROS │ UNIDADE ÚNICA

»» Praticar ato em benefício de interesse de pessoa jurídica de que participe


o agente público, seu cônjuge, companheiro ou parentes, consanguíneos
ou afins, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, e que possa ser
por ele beneficiada ou influir em seus atos de gestão.

»» Receber presente de quem tenha interesse em decisão do agente público


ou de colegiado do qual este participe fora dos limites e condições
estabelecidos em regulamento.

»» Prestar serviços, ainda que eventuais, a empresa cuja atividade seja


controlada, fiscalizada ou regulada pelo ente ao qual o agente público
está vinculado.

As situações que configuram conflito de interesses estabelecidas neste artigo


aplicam-se aos ocupantes dos cargos ou empregos ainda que em gozo de licença ou
em período de afastamento.

Configura conflito de interesses após o exercício de cargo ou emprego no âmbito do


Poder Executivo federal:

»» A qualquer tempo, divulgar ou fazer uso de informação privilegiada


obtida em razão das atividades exercidas.

»» No período de seis meses, contado da data da dispensa, exoneração,


destituição, demissão ou aposentadoria, salvo quando expressamente
autorizado, conforme o caso, pela Comissão de Ética Pública ou pela
Controladoria-Geral da União:

›› Prestar, direta ou indiretamente, qualquer tipo de serviço à pessoa


física ou jurídica com quem tenha estabelecido relacionamento
relevante em razão do exercício do cargo ou emprego.

›› Aceitar cargo de administrador ou conselheiro ou estabelecer vínculo


profissional com pessoa física ou jurídica que desempenhe atividade
relacionada à área de competência do cargo ou emprego ocupado.

›› Celebrar com órgãos ou entidades do Poder Executivo federal contratos


de serviço, consultoria, assessoramento ou atividades similares,
vinculados, ainda que indiretamente, ao órgão ou entidade em que
tenha ocupado o cargo ou emprego.

›› Intervir, direta ou indiretamente, em favor de interesse privado


perante órgão ou entidade em que haja ocupado cargo ou emprego ou
63
UNIDADE ÚNICA │ CRIMES FINANCEIROS

com o qual tenha estabelecido relacionamento relevante em razão do


exercício do cargo ou emprego.

Ainda é possível notar que está descrito na lei os órgãos que competem à fiscalização e
à análise do conflito de interesses.

Sem prejuízo de suas competências institucionais, compete à Comissão de Ética Pública,


instituída no âmbito do Poder Executivo federal, e à Controladoria-Geral da União,
conforme o caso:

»» Estabelecer normas, procedimentos e mecanismos que objetivem


prevenir ou impedir eventual conflito de interesses.

»» Avaliar e fiscalizar a ocorrência de situações que configuram conflito


de interesses e determinar medidas para a prevenção ou eliminação do
conflito.

»» Orientar e dirimir dúvidas e controvérsias acerca da interpretação das


normas que regulam o conflito de interesses, inclusive as estabelecidas
nesta Lei.

»» Manifestar-se sobre a existência ou não de conflito de interesses nas


consultas a elas submetidas.

»» Autorizar o ocupante de cargo ou emprego no âmbito do Poder Executivo


federal a exercer atividade privada, quando verificada a inexistência de
conflito de interesses ou sua irrelevância.

»» Dispensar a quem haja ocupado cargo ou emprego no âmbito do Poder


Executivo federal de cumprir o período de impedimento, quando
verificada a inexistência de conflito de interesses ou sua irrelevância.

»» Dispor, em conjunto com o Ministério do Planejamento, Orçamento e


Gestão, sobre a comunicação pelos ocupantes de cargo ou emprego no
âmbito do Poder Executivo federal de alterações patrimoniais relevantes,
exercício de atividade privada ou recebimento de propostas de trabalho,
contrato ou negócio no setor privado.

»» Fiscalizar a divulgação da agenda de compromissos públicos.

A Comissão de Ética Pública atuará nos casos que envolvam os agentes públicos, e a
Controladoria-Geral da União nos casos que envolvam os demais agentes, observado o
disposto em regulamento.

64
CRIMES FINANCEIROS │ UNIDADE ÚNICA

Os agentes públicos, inclusive aqueles que se encontram em gozo de licença ou em


período de afastamento, deverão:

I - enviar à Comissão de Ética Pública ou à Controladoria-Geral da


União, conforme o caso, anualmente, declaração com informações
sobre situação patrimonial, participações societárias, atividades
econômicas ou profissionais e indicação sobre a existência de cônjuge,
companheiro ou parente, por consanguinidade ou afinidade, em linha
reta ou colateral, até o terceiro grau, no exercício de atividades que
possam suscitar conflito de interesses; e

II - comunicar por escrito à Comissão de Ética Pública ou à unidade


de recursos humanos do órgão ou entidade respectivo, conforme o
caso, o exercício de atividade privada ou o recebimento de propostas
de trabalho que pretende aceitar, contrato ou negócio no setor privado,
ainda que não vedadas pelas normas vigentes.

As unidades de recursos humanos, ao receber a comunicação de exercício de atividade


privada ou de recebimento de propostas de trabalho, contrato ou negócio no setor
privado, deverão informar ao servidor e à Controladoria-Geral da União as situações
que suscitem potencial conflito de interesses entre a atividade pública e a atividade
privada do agente.

Para finalizar, nos casos de conflito de interesses as punições cabíveis são descritas
na Lei no 8.112 (BRASIL, 1990b), lei esta que dispõe o regime para os funcionários
públicos. A demissão será aplicada nos seguintes casos:

»» Crime contra a administração pública.

»» Abandono de cargo.

»» Inassiduidade habitual.

»» Improbidade administrativa.

»» Incontinência pública e conduta escandalosa, na repartição.

»» Insubordinação grave em serviço.

»» Ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular, salvo em legítima


defesa própria ou de outrem.

»» Aplicação irregular de dinheiros públicos.

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»» Revelação de segredo do qual se apropriou em razão do cargo.

»» Lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio nacional.

»» Corrupção.

»» Acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públicas.

É possível perceber que os casos de conflito de interesses podem ser caracterizados como
improbidade administrativa e segundo a Lei no 8.112 (BRASIL, 1990b), o funcionário é
passível de demissão se o ato for comprovado.

Extorsão financeira

Figura 22.

Fonte: Matos, (2009).

Os crimes de extorsão constantemente são vistos como casos de corrupção e lavagem


de dinheiro. No entendimento popular, o crime de extorsão é visto como o dinheiro que
é entregue para que os envolvidos fiquem de boca fechada e não divulguem ou falem
sobre o ato ilícito que está sendo cometido.

Porém, o conceito vai além e envolve outras hipóteses que serão apresentadas a
seguir.

66
CRIMES FINANCEIROS │ UNIDADE ÚNICA

Segundo a Lei no 2.848 (BRASIL, 1940), o crime de extorsão pode ser definido da
seguinte forma:

Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o


intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica,
a fazer, tolerar que se faça ou deixar fazer alguma coisa:

Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.


Fonte: Brasil, (1940).

Se o crime for cometido por duas ou mais pessoas, aumenta-se a pena de um terço a
metade. O mesmo acontece se o delito for praticado com emprego de arma.

Se agregado a isso houver violência, o crime também fica tipificado na descrição


referente a roubo.

“Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de


sete a quinze anos, além da multa; se resulta morte, a reclusão é de
vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa”.
Fonte: Brasil, (1940).

Figura 23.

Fonte: Veronesi, (2015).

Os crimes de assalto relâmpago onde as vítimas são forçadas a retirarem quantias em


bancos estão tipificados como extorsão mediante sequestro na Lei no 2.848 (BRASIL,
1940). Os atos de sequestro visando obter vantagem fazem parte do mesmo crime.

Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer


vantagem, como condição ou preço do resgate.

Pena - reclusão, de oito a quinze anos.

Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o sequestrado


é menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é
cometido por bando ou quadrilha.

67
UNIDADE ÚNICA │ CRIMES FINANCEIROS

Pena - reclusão, de doze a vinte anos.

Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:

Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos.

Se resulta a morte

Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos

Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar


à autoridade, facilitando a libertação do sequestrado, terá sua pena
reduzida de um a dois terços.
Fonte: Brasil, (1940).

Os casos de extorsão indireta que visam o aproveitamento da situação de outrem para


exigir algum tipo de vantagem têm como pena de um a três anos de reclusão, além de
multa.

Exigir ou receber, como garantia de dívida, abusando da situação de


alguém, documento que pode dar causa a procedimento criminal contra
a vítima ou contra terceiro:

Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.


Fonte: Brasil, (1940).

Ainda é possível verificar a existência do delito na Lei no 8.072 (BRASIL, 1990c) que
dispõe sobre os crimes hediondos.

São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados


no Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal,
consumados ou tentados:

Extorsão qualificada pela morte.

Extorsão mediante sequestro e na forma qualificada (Inciso incluído


pela Lei no 8.930, de 1994).
Fonte: Brasil, (1990c).

A prática de extorsão pode ou não conter violência e em alguns casos ela visa à compra
do silêncio como temos de exemplo os casos dos escândalos da Petrobras, em que
pessoas foram coagidas a realizarem delitos sob a pena de serem entregues, na hipótese
de o ato vir a ser investigado.

O acontecido já virou piada em alguns sites e em alguns casos houve a comparação


do ato de “delação premiada” com “extorsão premiada”, já que muitas vezes o ato da

68
CRIMES FINANCEIROS │ UNIDADE ÚNICA

delação visa coagir os responsáveis a “pagar” para que os nomes de algumas pessoas
não surjam no momento em que o responsável vir a depor.

Não é raro que as informações se tornem controversas no decorrer das investigações, já


que as versões logo são sobrepostas pelas provas encontradas resultando na invalidez
do depoimento.

Segundo D’Agostino (2015), no caso da Lava Jato, o advogado responsável pela


representação de três executivos da empreiteira Engevix afirmou que havia uma extorsão
engendrada pelos funcionários da Petrobras contra empreiteiras que realizavam
contratos com a empresa.

O caso veio à tona quando foram descobertos pagamentos de propina às empreiteiras


responsáveis pela realização de alguns contratos com a Petrobras.

Apresenta-se a seguir um organograma sugerido para o esquema de pagamento de


propinas (JORNAL GRANDE BAHIA, 2015).

Figura 24.

Fonte: Jornal Grande Bahia, (2015).

69
UNIDADE ÚNICA │ CRIMES FINANCEIROS

É possível perceber que outros delitos como corrupção e crime organizado podem ser
adicionados, dependendo da situação exposta.

Por meio do exposto é muito importante que a cultura dentro do serviço público seja
modificada, pois além de uma legislação mais abrangente, é preciso que os funcionários
que ingressem no serviço público não sejam coniventes com os delitos praticados.

É de suma importância que tenhamos pessoas de índole e caráter no funcionalismo


público para que grande parte dos esquemas e escândalos possam ser combatidos
dentro do próprio órgão, poupando recursos públicos e tempo que seriam despendidos
caso o ato ilícito atinja um patamar muito mais complexo de resolver rapidamente.

Fraude contábil

Figura 25.

Fonte: Martins, (2011).

A fraude contábil está em alta com os escândalos acontecidos no nosso país. Com isso,
hoje existe uma preocupação maior em fiscalizar e investigar as fraudes ocorridas.
Acontece que nem tudo pode ser verificado, visto que existe uma barreira jurídica que
impossibilita a investigação de algumas pessoas.

Martins (2011) afirma que o principal objetivo do imposto de renda de pessoa física
é a detecção de irregularidades nas arrecadações e cita os principais eventos que são
fiscalizados pela receita federal.

São eles:

»» Recebimento de Remuneração disfarçada sobre a forma de previdência


privada

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CRIMES FINANCEIROS │ UNIDADE ÚNICA

›› A prática visa o benefício das pessoas físicas envolvidas, já que os valores não
sofreriam descontos no imposto de renda e as empresas não necessitariam
de pagar os encargos trabalhistas.

»» Rendimentos recebidos do exterior

›› Rendimentos declarados como frutos de consultoria ou serviços prestados


por Organizações Internacionais.

»» Rendimentos de ações judiciais

›› Rendimentos que necessitam ser declarados, a fim de recolher o imposto no


momento de retirada.

»» Ganho de Capital na Alienação de bens

›› Neste, normalmente ocorrem casos de abuso, já que a alíquota é menor no


caso da pessoa física.

»» Escritórios de Contabilidade

›› Aqui, ocorrem simulações de gastos com atividades médicas, escolas,


pensões, dentre outros. O objetivo é aumentar o benefício dos descontos no
momento de realizar a declaração.

Mas com a regulamentação da Lei no 12.846 (BRASIL, 2013a), conhecida popularmente


como lei anticorrupção, há uma tentativa de fechar o cerco contra esse tipo de delito.
Ainda é possível citar a publicação do Decreto Federal no 8.420 (BRASIL, 2015) que
regulamenta a lei anticorrupção, sobre o procedimento para aplicação de sanções,
multas, celebração de acordos de leniência, sanções e cadastro das empresas punidas.

O Decreto prevê a possibilidade de celebração de acordo de leniência entre a


administração pública e a pessoa jurídica responsável pela prática de ilícitos previstos
na Lei no 12.846 (BRASIL, 2013a) e dos ilícitos administrativos previstos na Lei no 8.666
(BRASIL, 1993), e em outras normas de licitações e contratos, com vistas à isenção
ou à atenuação das respectivas sanções, desde que colaborem efetivamente com as
investigações e o processo administrativo, devendo resultar dessa colaboração.

Como acontece uma fraude contábil?

Uma fraude contábil acontece quando são colocadas informações incorretas nas
declarações financeiras.

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UNIDADE ÚNICA │ CRIMES FINANCEIROS

A fraude pode ocorrer de duas formas: Incluindo falsos rendimentos ou


ocultando rendimentos.

O primeiro caso serve para “esquentar” os livros contábeis, tornando a empresa


atraente para investidores.

O segundo caso serve para ocultar ganhos ilícitos como propina e negociações
clandestinas.

A Lei no 12.846 (BRASIL, 2013a) prevê em seus artigos a tipificação dos atos fraudulentos
e as penas que podem variar dependendo da criticidade do ato e sua abrangência.
Também dispõe sobre a responsabilização objetiva administrativa e civil de pessoas
jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, nacional ou estrangeira.

Subsiste a responsabilidade da pessoa jurídica na hipótese de alteração contratual,


transformação, incorporação, fusão ou cisão societária.

Nas hipóteses de fusão e incorporação, a responsabilidade da sucessora será restrita à


obrigação de pagamento de multa e reparação integral do dano causado, até o limite do
patrimônio transferido, não lhe sendo aplicáveis as demais sanções previstas nesta Lei
decorrentes de atos e fatos ocorridos antes da data da fusão ou incorporação, exceto no
caso de simulação ou evidente intuito de fraude, devidamente comprovados. Aqui estão
listados os exemplos citados no início deste capítulo.

Constituem atos lesivos à administração pública, nacional ou estrangeira, para os


fins desta Lei, todos aqueles praticados pelas sociedades empresárias e as sociedades
simples, personificadas ou não, independentemente da forma de organização ou
modelo societário adotado, bem como a quaisquer fundações, associações de entidades
ou pessoas, ou sociedades estrangeiras, que tenham sede, filial ou representação no
território brasileiro, constituídas de fato ou de direito, ainda que temporariamente,
que atentem contra o patrimônio público nacional ou estrangeiro, contra princípios
da administração pública ou contra os compromissos internacionais assumidos pelo
Brasil, assim definidos:

»» No tocante a licitações e contratos:

›› Frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou qualquer outro


expediente, o caráter competitivo de procedimento licitatório público.

›› Impedir, perturbar ou fraudar a realização de qualquer ato de


procedimento licitatório público.

72
CRIMES FINANCEIROS │ UNIDADE ÚNICA

›› Afastar ou procurar afastar licitante, por meio de fraude ou oferecimento


de vantagem de qualquer tipo.

›› Fraudar licitação pública ou contrato dela decorrente.

›› Criar, de modo fraudulento ou irregular, pessoa jurídica para participar


de licitação pública ou celebrar contrato administrativo.

›› Obter vantagem ou benefício indevido, de modo fraudulento,


de modificações ou prorrogações de contratos celebrados com a
administração pública, sem autorização em lei, no ato convocatório da
licitação pública ou nos respectivos instrumentos contratuais.

›› Manipular ou fraudar o equilíbrio econômico-financeiro dos contratos


celebrados com a administração pública.

»» Dificultar atividade de investigação ou fiscalização de órgãos, entidades


ou agentes públicos, ou intervir em sua atuação, inclusive no âmbito das
agências reguladoras e dos órgãos de fiscalização do sistema financeiro
nacional.

As penas, como dito anteriormente, variam dependendo de alguns fatores que são:

»» A gravidade da infração.

»» A vantagem auferida ou pretendida pelo infrator.

»» A consumação ou não da infração.

»» O grau de lesão ou perigo de lesão.

»» O efeito negativo produzido pela infração.

»» A situação econômica do infrator.

»» A cooperação da pessoa jurídica para a apuração das infrações.

»» A existência de mecanismos e procedimentos internos de integridade,


auditoria e incentivo à denúncia de irregularidades e a aplicação efetiva
de códigos de ética e de conduta no âmbito da pessoa jurídica. O valor dos
contratos mantidos pela pessoa jurídica com o órgão ou entidade pública
lesados.

73
UNIDADE ÚNICA │ CRIMES FINANCEIROS

Além da multa, será aberto processo administrativo a fim de investigar e responsabilizar


os devidos envolvidos no caso.

Cabe salientar que ainda podem ser adicionados ao processo os crimes de formação de
quadrilha, falsidade ideológica, dentre outros.

Fraude eletrônica

Figura 26.

Fonte: Click Juris, (2011).

Com o advento da internet e a informatização de produtos e serviços, houve a migração


de algumas classes de crimes para o ambiente virtual. Praticamente todas as pessoas
fazem transações, compras de produtos e serviços além de outras modalidades utilizando
a internet.

O que a maioria não sabe é que existem diversas maneiras de adquirir as informações
digitadas em computadores ou smartphones.

Dentre os delitos eletrônicos é possível destacar:

»» Roubo de informações:

Os “keyloggers” são programas que foram criados com o intuito de monitorar a atividade
de funcionários a fim de evitar o vazamento de informações da organização, além de
acompanhar o uso da internet.

74
CRIMES FINANCEIROS │ UNIDADE ÚNICA

O keylogger funciona como um armazenamento de tudo que é digitado no teclado e em


versões mais novas também capta o que é feito pelo mouse, retirando uma cópia da tela
no momento em que os “clics” ocorrem.

Este tipo de programa é utilizado hoje para diversas formas de atividades ilícitas, pois
através dele é possível roubar informações bancárias, dados pessoais e em alguns
casos até os certificados digitais bancários. Após o recolhimento destas informações,
o programa envia uma mensagem para o criminoso e se auto apaga do computador da
vítima.

»» Envio de e-mails contendo mensagens falsas:

Outra forma de roubo se dá pelo uso de e-mails de propaganda ou sites de empresas


renomadas. A técnica é conhecida como “phishing” ou pescaria em português, e consiste
em enganar as vítimas levando a crer que elas estão acessando sites verdadeiros, mas
no momento do acesso elas são direcionadas para sites maliciosos que capturam as
informações digitadas.

A perfeição que muitos sites falsos possuem é tão grande que às vezes é impossível
distinguir do original. O usuário deve sempre verificar se o link para o site está correto,
pois o domínio, por exemplo <www.bradesco.com.br> só pode ser utilizado por esta
empresa.

Com a posse destas informações os criminosos podem realizar compras on-line, efetuar
transferências e empréstimos, além de clonar cartões de crédito.

É possível verificar uma extensa lista de fraudes por meio do site da Rede Nacional
de Ensino e Pesquisa.

A lista de fraudes é longa e surpreende a tamanha criatividade dos criminosos.

Acesse a lista no link a seguir:

<http://www.rnp.br/servicos/seguranca/catalogo-fraudes>

Como exemplo, podemos citar o caso da mensagem que contém boletos de cobrança
em anexo. Na verdade, o anexo contém um programa que passa a capturar todas as
informações digitadas pela vítima. Depois de um determinado tempo, o programa
envia essas informações aos criminosos e o programa se auto apaga.

75
UNIDADE ÚNICA │ CRIMES FINANCEIROS

Figura 27.

Fonte: Rede Nacional de Ensino e Pesquisa, (2015).

A Lei no 12.737 (BRASIL, 2012a) surgiu com o intuito de rotular os atos criminosos
ocorridos na internet além de alterar o código penal incluindo essas novas modalidades
de crime.

O artigo 2o da lei 12.737 (BRASIL, 2012a) acrescenta os artigos 154-A e 154-B no


Decreto-Lei no 2.848 (BRASIL, 1940).

O artigo 154-A expõe sobre a invasão de dispositivo informático. O artigo descreve o


delito como o ato de invadir dispositivo informático alheio, conectado ou não à rede
de computadores. Neste caso, podemos incluir os ataques por meio de bluetooth,
conexões via infravermelho ou qualquer outro tipo de conexão que possa existir entre
dois dispositivos que não seja a conexão de rede local ou via internet.

O artigo continua falando sobre violação indevida de mecanismo de segurança e com


fim de obter, adulterar ou destruir dados ou informações sem autorização expressa ou
tácita do titular do dispositivo ou instalar vulnerabilidades para obter vantagem ilícita.

Neste caso, podemos incluir os ataques que exploram vulnerabilidades de sistema,


ataques que visam derrubar serviços essenciais para o sistema, dentre outros. O objetivo
aqui é aproveitar que o dispositivo não está atualizado com os últimos pacotes de
atualização para explorar a falha que existe no software a fim de invadir o dispositivo.

O restante do artigo fala sobre a invasão de dispositivo com a intenção de obter, adulterar
ou destruir dados ou informações. Neste caso, é possível incluir os ataques que utilizam
vírus ou programas maliciosos que tem por objetivo coletar informações ou danificar
os dispositivos infectados.

76
CRIMES FINANCEIROS │ UNIDADE ÚNICA

A pena para estes tipos de delito é detenção de três meses a um ano e multa.

O inciso primeiro deste artigo fala que estão sujeitos a mesma pena quem produz,
oferece, distribui, vende ou difunde os dispositivos ou programas capazes de permitir
a prática de conduta definida no artigo. Então além de quem faz o ato, também estão
sujeitos às penas os sites ou pessoas que possam fabricar ou distribuir os meios para ser
possível praticar os atos ilícitos.

O inciso segundo fala sobre o aumento de pena nos casos onde os atos ilícitos tem como
fim o prejuízo econômico de outrem. Neste caso é possível englobar os casos de roubo
de informações de cartões de crédito e informações bancárias com o intuito de realizar
compras ou retirar os rendimentos de poupanças e contas correntes.

O inciso terceiro fala da obtenção de conteúdos sigilosos como:

»» Comunicações eletrônicas privadas.

»» Segredos comerciais ou industriais.

»» Informações sigilosas.

O inciso também fala sobre controle remoto não autorizado. Podemos perceber que as
ferramentas para acesso remoto também estão rotuladas caso sejam utilizadas para a
prática de delitos.

A pena, nos casos relatados, pode variar de seis meses a dois anos de reclusão, se a
conduta não constitui crime mais grave.

No inciso quarto, é possível perceber que pode haver aumento de pena caso as
informações coletadas forem divulgadas. A pena pode ser aumentada de um a dois
terços dependendo do caso.

O inciso quarto engloba então os casos de espionagem industrial ou casos em que


se tem o objetivo de denegrir a imagem da empresa. São considerados os casos de
favorecimento, falsificação de informações e divulgação de informações sigilosas.

Ainda existe o aumento de pena que pode ser encontrado no inciso quinto para os casos
onde os crimes foram praticados contra:

»» Presidente da República, governadores e prefeitos.

»» Presidente do Supremo Tribunal Federal.

77
UNIDADE ÚNICA │ CRIMES FINANCEIROS

»» Presidente da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Assembleia


Legislativa de Estado, da Câmara Legislativa do Distrito Federal ou de
Câmara Municipal.

»» Dirigente máximo da administração direta e indireta federal, estadual,


municipal ou do Distrito Federal.

Prosseguindo temos o artigo 154-B que explica as ações penais dos crimes definidos no
artigo 154-A.

O interessante é que os crimes definidos somente procedem mediante representação,


salvo se o crime for cometido contra a administração pública direta ou indireta de
qualquer dos Poderes da União, estados, Distrito Federal ou municípios ou contra
concessionárias de serviços públicos.

Mas o que isso quer dizer?

Quer dizer que para que os crimes procedam a vítima precisa autorizar a ação
penal pública.

Somente por meio do pedido de autorização da vítima é que os processos irão


prosseguir.

Muitas vezes os processos não prosseguem por medo e insegurança de exposição da


vítima.

O inciso terceiro faz a inserção de uma nova redação para os artigos 266 e 298 do
código penal.

O texto passa a ser o seguinte:

Interrupção ou perturbação de serviço telegráfico, telefônico,


informático, telemático ou de informação de utilidade pública.

O inciso primeiro e segundo do artigo 266 passam a ser informados da seguinte forma:

Incorre na mesma pena quem interrompe serviço telemático ou


de informação de utilidade pública, ou impede ou dificulta-lhe o
restabelecimento.

Aplicam-se as penas em dobro se o crime for cometido por ocasião de calamidade


pública.

78
CRIMES FINANCEIROS │ UNIDADE ÚNICA

Já o artigo 298 inclui em seu parágrafo único as informações que a falsificação de cartão
também se equipara a documento particular o cartão de crédito e débito.

Mesmo com todas as modificações é provável que a lei precise ser modificada novamente
daqui a alguns anos devido aos novos aparatos tecnológicos que possam vir a ser
inventados.

Por fim, podemos afirmar que além da lei é necessária uma conscientização dos usuários
sobre o uso da internet e o compartilhamento de informações, a fim de capacitar as
pessoas e promover conhecimento suficiente para evitar este tipo de golpe.

79
Para (não) Finalizar

É possível que os crimes financeiros sejam delitos que não deixem de existir, pois sempre
haverão brechas que serão utilizadas por contraventores com o intuito de conseguir
uma vantagem, seja ela financeira ou material.

A sensação de impunidade gerada pela burocracia, pela falta de punições mais severas,
pela lentidão da justiça e, ainda, combinada com as contradições de leis e decretos,
estimula a ocorrência dos delitos com maior intensidade.

É necessária apenas uma oportunidade para que pessoas de má-fé cometam delitos.
Paralelamente é possível concluir que a ganância é um motivador tanto para quem
está por trás dos delitos quanto as vítimas que em alguns casos entram nos esquemas
buscando dinheiro rápido e fácil.

Os danos causados pelos crimes financeiros são danos que além de ferir o sistema
financeiro nacional, ferem diretamente a sociedade com resultados difíceis de mensurar
e reparar.

Para o combate destes tipos de condutas são necessários instrumentos mais precisos
e mais diretos de forma a eliminar a burocracia. A burocracia aliada à morosidade em
que os processos são conduzidos pode resultar na dúvida de fazer ou não a denúncia de
atos ilícitos. O medo de ser perseguido ou ameaçado pelos responsáveis também gera
bastante receio em denunciar os esquemas de fraude.

As leis vigentes ainda têm pouca abrangência por conta da época que foram escritas e
necessitam de atualizações mais constantes. Outro problema está no fato de as leis atuais
não tipificarem de forma correta os crimes cometidos. Com isso, geram-se especulações
e brechas para outros tipos de interpretação, nascendo novas oportunidades para o
aproveitamento de dúvidas que venham a ser geradas na interpretação das leis.

É de fundamental importância que o Código Penal, elaborado em 1940, seja atualizado


e revisado, a fim de permitir a inserção de novos artigos contendo novas contravenções,
tipificações e penas que ainda não foram definidas.

Outra preocupação é como as leis irão acompanhar os avanços tecnológicos, as redes


sociais e a navegação por meio de diversos dispositivos, atualmente até por meio de
relógios, sem a necessidade de constante reformulação.
80
PARA (NÃO) FINALIZAR

Então somente as edições e revisões de leis resolvem a atual situação brasileira


dos crimes financeiros?

É claro que não! Além de possuir leis escritas de forma direta e concisa é necessário
que existam pessoas capazes de segui-las. A educação da população no sentido
de não buscar o caminho mais fácil é necessária para que as leis tenham o efeito
devido.

Mas o que se conclui diante do exposto?

Que as leis por si só não resolvem se as pessoas não começarem a denunciar os


atos ilícitos que ocorrem. Muitas vezes quando os novos funcionários entram
para o serviço público, acabam sendo engolidos pelos esquemas que já existem,
porém basta que apenas um comece a contestar isso para que outras pessoas
tomem coragem e se disponham a ajudar. É importante que a mudança ocorra
primeiramente dentro do órgão para que possa ser realizada externamente.

Os delitos relacionados aos crimes financeiros irão persistir por muito tempo?

Sim. Infelizmente é necessária uma conscientização da população desde as


crianças para que deixem de buscar o caminho fácil. Porém, se cada vez mais
pessoas denunciarem esses criminosos, menos serão os casos de corrupção e
escândalos no nosso país.

“O talento vence jogos, mas só o trabalho em equipe ganha campeonatos”.


Michael Jordan

81
Referências

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Revista Jus Navigandi, Teresina, ano 5, no 43, 1 jul. 2000. Disponível em: <http://jus.
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prática de atos contra a administração pública, nacional ou estrangeira e dá outras
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BRASIL. Lei no 12.846. Dispõe sobre a responsabilização administrativa e civil de


pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, nacional ou
estrangeira. 2013a.

BRASIL. Lei no 12.850. Define Organização Criminosa e Dispõe sobre a Investigação


Criminal, os Meios de Obtenção da Prova, Infrações Penais Correlatas e o Procedimento
Criminal. 2013b.

BRASIL. Lei no 12.813. Dispõe sobre o conflito de interesses no exercício de cargo


ou emprego do Poder Executivo federal e impedimentos posteriores ao exercício do
cargo ou emprego; e revoga dispositivos da Lei no 9.986, de 18 de julho de 2000, e das

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2012a.

BRASIL. Lei no 12.683. Altera a Lei no 9.613 de 1998 para Tornar mais Eficiente a
Persecução Penal dos Crimes de Lavagem de Dinheiro. 2012b.

BRASIL. Decreto Federal no 5.640. Promulga a Convenção Internacional para


Supressão do Financiamento do Terrorismo, adotada pela Assembleia-Geral das Nações
Unidas em 1999 e assinada pelo Brasil. 2005a.

BRASIL. Lei no 11.101. Regula a recuperação judicial, a extrajudicial e a falência do


empresário e da sociedade empresária. 2005b.

BRASIL. Lei no 9.613. Dispõe sobre os Crimes de “Lavagem” ou Ocultação de Bens,


Direitos e Valores, a Prevenção da Utilização do Sistema Financeiro para ilícitos
previstos e cria o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), 1998.

BRASIL. Lei no 8.666. Regulamenta o Artigo 37o do Inciso XXI da Constituição


Federal e institui Normas para Licitações e Contratos da Administração Pública. 1993.

BRASIL. Lei no 8.137. Define crimes contra a ordem tributária, econômica e contra as
relações de consumo, e dá outras providências. 1990a.

BRASIL. Lei no 8.112. Dispõe sobre o Regime Jurídico dos Servidores Públicos da
União, das Autarquias e das Fundações Públicas Federais. 1990b.

BRASIL. Lei no 8.072. Dispõe sobre os crimes hediondos, nos termos do art. 5o, inciso
XLIII, da Constituição Federal, e determina outras providências. 1990c.

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BRASIL. Lei no 7.347. Disciplina a ação civil pública de responsabilidade por danos
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e Creditícias e cria o Conselho Monetário Nacional. 1964.

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83
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87

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