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RESPONSABILIDADE CIVIL NAS RELAÇÕES

TECNOLÓGICAS
Ilícito cível:
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente
moral, comete ato ilícito.
Segundo o qual a ninguém é facultado causar prejuízo a
outrem.

“Toda manifestação humana traz em si o problema


da responsabilidade.”
José de Aguiar Dias
 CONDUTA OU ATO HUMANO: noção de voluntariedade, podendo ser
positiva ou negativa (ação ou omissão)

 NEXO DE CAUSALIDADE: é o vínculo ou liame que une a conduta


humana ao resutlado danoso.

 DANO OU PREJUÍZO : O dano é a lesão a um interesse jurídico


tutelado, material ou moral. Para que um dano seja indenizável é
preciso alguns requisitos: violação de um interesse jurídico
material ou moral, certeza de dano, mesmo dano moral tem que
ser certo e deve haver a subsistência do dano.
Se o fundamento é a culpa, a responsabilidade é chamada de
subjetiva, pois exige a prova de que o ofensor agiu com dolo
ou culpa em sentido estrito (imprudência, negligência ou
imperícia).
Imperito é aquele profissional que não possui conhecimento
técnico, teórico e prático
Imprudente é aquele que age sem cautela, sem se preocupar
com as consequências de seu ato.
Negligência é o ato de agir sem tomar as devidas precauções,
com descuido, sem atenção.
Se o fundamento é o risco, a responsabilidade é denominada
objetiva, uma vez que dispensa a prova de que o ofensor agiu
com dolo ou culpa, bastando provar apenas, a atividade de
risco, o dano e o nexo causal entre eles.
 Fato exclusivo da vítima: ocorre quando a vítima
concorre sozinha para a causação do evento danoso.
Além de afastar o elemento culpa, afasta também o nexo
de causalidade. Ex.: Vítima se joga na frente de um carro
e sofre danos.
 Fato exclusivo de terceiro ou teoria do corpo neutro:
ocorre quando o causador direto do dano, o faz
involuntariamente devido a um comportamento de
terceiro no evento danoso. Além de afastar o elemento
culpa, afasta também o nexo de causalidade. Ex.: Um
carro é abalroado por outro e vem a atropelar pessoas
na calçada.
 Caso fortuito e Força Maior: decorre de um evento
previsível ou imprevisível, porém inevitável. Ex:
Tempestade e transporte aéreo, COVID e restrições de
viagens
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187),
causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,
independentemente de culpa, nos casos especificados
em lei, ou quando a atividade normalmente
desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua
natureza, risco para os direitos de outrem.
Art. 931. Ressalvados outros casos previstos em lei especial, os empresários individuais e as
empresas respondem independentemente de culpa pelos danos causados pelos produtos postos
em circulação.
Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:
I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia;
II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições;
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do
trabalho que lhes competir, ou em razão dele;
IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro,
mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos;
V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente
quantia.
Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda
que não haja culpa de sua parte, responderão pelos atos praticados pelos
terceiros ali referidos.
Art. 934. Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que
houver pago daquele por quem pagou, salvo se o causador do dano for
descendente seu, absoluta ou relativamente incapaz.
Art. 935. A responsabilidade civil é independente da criminal, não se
podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu
autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal.

Afastada a culpa no juízo criminal, não há possibilidade de


condenar no cível quem no crime foi declarado irresponsável.
Proclamada, na justiça criminal, em decisão definitiva, que o
acidente resultou culpa exclusiva da vítima, e não do motorista da
firma ré, não deve esta qualquer indenização. (RE 48.604).
 Art. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar
culpa da vítima ou força maior.
 Art. 937. O dono de edifício ou construção responde pelos danos que resultarem de sua ruína,
se esta provier de falta de reparos, cuja necessidade fosse manifesta.
João, empresário individual, é titular de um estabelecimento comercial que funciona
em loja alugada em um shopping-center movimentado. No estabelecimento,
trabalham o próprio João, como gerente, sua esposa, como caixa, e Márcia, uma
funcionária contratada para atuar como vendedora.
Certo dia, Miguel, um fornecedor de produtos da loja, quando da entrega de uma
encomenda feita por João, foi recebido por Márcia e sentiu-se ofendido por
comentários preconceituosos e discriminatórios realizados pela vendedora na
internet sobre ele. Assim, Miguel ingressou com ação indenizatória por danos
morais em face de João.

A respeito do caso narrado, assinale a afirmativa correta.


A) João não deve responder pelo dano moral, uma vez que não foi causado direta e
imediatamente por conduta sua.
B) João pode responder apenas pelo dano moral, caso reste comprovada sua
culpa in vigilando em relação à conduta de Márcia.
C) João pode responder apenas por parte da compensação por danos morais
diante da verificação de culpa concorrente de terceiro.
D) João deve responder pelos danos causados, não lhe assistindo alegar culpa
exclusiva de terceiro
 Art. 932, CC. São também responsáveis pela reparação civil:
 III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no
exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele;
 Art. 933, CC. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda
que não haja culpa de sua parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros
ali referidos.
Tomás e Vinícius trabalham em uma empresa de assistência técnica de informática.
Após diversas reclamações de seu chefe, Adilson, os dois funcionários decidem se
vingar dele, criando um perfil falso em seu nome, em uma rede social.
Tomás cria o referido perfil, inserindo no sistema os dados pessoais, fotografias e
informações diversas sobre Adilson. Vinícius, a seu turno, alimenta o perfil durante
duas semanas com postagens ofensivas, até que os dois são descobertos por um
terceiro colega, que os denuncia ao chefe. Ofendido, Adilson ajuíza ação
indenizatória por danos morais em face de Tomás e Vinícius.
A respeito do caso narrado, assinale a afirmativa correta.
A) Tomás e Vinícius são corresponsáveis pelo dano moral sofrido por Adilson e
devem responder solidariamente pelo dever de indenizar.
B) Tomás e Vinícius devem responder pelo dano moral sofrido por Adilson, sendo a
obrigação de indenizar, nesse caso, fracionária, diante da pluralidade de
causadores do dano.
C) Tomás e Vinícius apenas poderão responder, cada um, por metade do valor
fixado a título de indenização, pois cada um poderá alegar a culpa concorrente
do outro para limitar sua responsabilidade.
D) Adilson sofreu danos morais distintos: um causado por Tomás e outro por
Vinícius, devendo, portanto, receber duas indenizações autônomas.
CC, art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar
direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a
repará-lo.

Art. 265. A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes.

A solidariedade resulta da lei:


Art. 942. Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam sujeitos à
reparação do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos
responderão solidariamente pela reparação.
Parágrafo único. São solidariamente responsáveis com os autores os co-autores e as
pessoas designadas no art. 932.
Uma empresa é obrigada a restituir o lucro alcançado a partir da exploração não
autorizada de bem ou direito alheio. Assim entendeu a 3ª Turma do Superior Tribunal
de Justiça ao determinar que uma empresa de cosméticos deve restituir o lucro
patrimonial que obteve ao usar nome e imagem de uma atriz em campanha sem
autorização.
Para vedar o enriquecimento sem causa, o relator, ministro Ricardo Villas Bôas Cueva,
aplicou a tese do "lucro da intervenção", que trata da interferência indevida nos
direitos de outra pessoa.
"O dever de restituição do lucro da intervenção (...) surge não só como forma de
preservar a livre disposição de direitos, mas também de inibir a prática de atos
contrários ao ordenamento jurídico naquelas hipóteses em que a reparação dos danos
causados, ainda que integral, não se mostra adequada a tal propósito", apontou o
ministro. REsp 1.698.701
DIREITO DO CONSUMIDOR. RECURSO ESPECIAL. SISTEMA ELETRÔNICO
DEMEDIAÇÃO DE NEGÓCIOS. MERCADO LIVRE. OMISSÃO INEXISTENTE.
FRAUDE.FALHA DO SERVIÇO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO PRESTADOR
DO SERVIÇO. 1. Tendo o acórdão recorrido analisado todas as questões
necessáriasao deslinde da controvérsia não se configura violação ao art. 535,II
do CPC. 2. O prestador de serviços responde objetivamente pela falha
desegurança do serviço de intermediação de negócios e
pagamentosoferecido ao consumidor. 3. O descumprimento, pelo
consumidor (pessoa física vendedora do produto), de providência não
constante do contrato de adesão, mas mencionada no site, no sentido de
conferir a autenticidade de mensagem supostamente gerada pelo sistema
eletrônico antes do envio do produto ao comprador, não é suficiente para
eximir o prestador do serviço de intermediação da responsabilidade pela
segurança do serviço por ele implementado, sob pena de transferência
ilegal de um ônus próprio da atividade empresarial explorada. 4. A estipulação
pelo fornecedor de cláusula exoneratória ouatenuante de sua responsabilidade
é vedada pelo art. 25 do Código deDefesa do Consumidor. 5. Recurso provido.
 (STJ - REsp: 1107024 DF 2008/0264348-2, Relator: Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, Data de
Julgamento: 01/12/2011, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe 14/12/2011)
Mulher é condenada em danos morais por criar comunidade na internet sobre
rapaz com deficiência
A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) condenou uma mulher a pagar
R$ 3 mil de danos morais à família de um rapaz com deficiência mental. Ela havia
criado uma comunidade na rede social Orkut com foto do incapaz, destinada a
compartilhar experiências relacionadas às suas atitudes.
O autor da demanda – representado inicialmente por sua curadora – faleceu no curso
do processo e foi substituído por seu irmão. Segundo este, o irmão não tinha
desenvolvimento compatível com sua idade cronológica e por isso se portava em
vias públicas de modo socialmente impróprio, o que era fato notório em sua cidade.
O juízo de primeiro grau e o Tribunal de Justiça de Minas Gerais não acolheram o
pedido de indenização por danos morais, entendendo que a autora da comunidade
na rede social apenas agiu de forma imatura, configurando-se o seu ato como simples
aborrecimento e incômodo.
Vídeo: https://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias-
antigas/2018/2018-11-06_09-01_Mulher-e-condenada-em-danos-morais-por-criar-
comunidade-na-internet-sobre-rapaz-com-deficiencia.aspx
1ª de abril – FERIADO
8 de abril – Orientação dos Grupos
15 de abril – Responsabilidade Civil e Internet – Perspectiva Marco Civil
22 de abril – A1
 Atividade em grupos:

 Todos os alunos deverão ler os textos identificados na


aula de hoje (disponibilizados via ulife) e discutir

 A) O que é responsabilidade civil?


 B) Como fica a responsabilidade civil em caso de um
atropelamento por veículo autônomo? A
responsabilidade civil nesses casos seria subjetiva ou
objetiva?
 C) Em quais situações poderíamos dizer que houve
uma excludente de responsabilidade?
Ao visitar a página de Internet de uma rede social, Samuel deparou-se com uma
publicação, feita por Rafael, que dirigia uma série de ofensas graves contra ele.
Imediatamente, Samuel entrou em contato com o provedor de aplicações
responsável pela rede social, solicitando que o conteúdo fosse retirado, mas o
provedor quedou-se inerte por três meses, sequer respondendo ao pedido.
Decorrido esse tempo, o próprio Rafael optou por retirar, espontaneamente, a
publicação. Samuel decidiu, então, ajuizar ação indenizatória por danos morais em
face de Rafael e do provedor.

Sobre a hipótese narrada, de acordo com a legislação civil brasileira, assinale a


afirmativa correta.
A) Rafael e o provedor podem ser responsabilizados solidariamente pelos danos
causados a Samuel enquanto o conteúdo não foi retirado.
B) O provedor não poderá ser obrigado a indenizar Samuel quanto ao fato de não
ter retirado o conteúdo, tendo em vista não ter havido determinação judicial
para que realizasse a retirada.
C) Rafael não responderá pelo dever de indenizar, pois a difusão do conteúdo
lesivo se deu por fato exclusivo de terceiro, isto é, do provedor.
D) Rafael não responderá pelo dever de indenizar, pois o fato de Samuel não ter
solicitado diretamente a ele a retirada da publicação configura fato exclusivo da
vítima.
 Art. 19. Com o intuito de assegurar a liberdade de expressão e impedir a
censura, o provedor de aplicações de internet somente poderá ser
responsabilizado civilmente por danos decorrentes de conteúdo gerado por
terceiros se, após ordem judicial específica, não tomar as providências para,
no âmbito e nos limites técnicos do seu serviço e dentro do prazo assinalado,
tornar indisponível o conteúdo apontado como infringente, ressalvadas as
disposições legais em contrário."

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