Você está na página 1de 11

RPIF MECANISMOS DE AÇÃO E RESISTÊNCIA AO

2014 USO DE GLICOCORTICÓIDES

06
Paolo Ruggero Errante1, Francisco Sandro Menezes-Rodrigues2,3, José
Gustavo PadrãoTavares2,4, Maria do Carmo Maia Reis5, Marcelo Yudi
Icimoto6, Renato Ribeiro Nogueira Ferraz7, Afonso Caricati-Neto2
02 1
Departamento de Imunologia, Instituto de Ciências Biomédicas, Universidade
de São Paulo - USP-SP; 2Departamento de Farmacologia, Escola Paulista de
Medicina, Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP; 3Universidade Anhaguera de São Paulo - UNIAN-SP;
4
Universidade Iguaçu – UNIG, Rio de Janeiro, RJ; 5Departamento de Cardiologia, 6Departamento de Biofísica,
Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP; 7Programa de Mestrado
Profissional e Administração - Gestão em Sistemas de Saúde (PMPA - GSS), Universidade Nove de Julho -
UNINOVE – São Paulo, SP, Brasil.

RESUMO
Os hormônios glicocorticóides regulam vários processos fisiológicos, incluindo a gliconeogênese, reatividade
vascular as catecolaminas, respostas inflamatória e imune e a atividade do SNC. O uso clínico dos
glicocorticóides é indicado na deficiência suprarrenal congênita ou adquirida, doenças reumáticas, renais,
alérgicas, infecciosas, oftalmológicas, dermatológicas, gastrintestinais, hepáticas, leucemias e linfomas,
edema cerebral e trauma cervical. A síndrome clínica caracterizada pela resistência aos glicocorticóides
pode ser generalizada ou especifica, e diferentes mecanismos levam à resistência ao uso clínico dos
corticosteróides. O objetivo desta revisão é descrever o mecanismo de ação dos glicocorticóides e a
resistência ao seu uso. A revisão foi realizada por levantamento bibliográfico de banco de dados obtidos
através de pesquisa direta, LILACS, MEDLINE e capítulos de livros. A revisão literária demonstra a
importância dos glicocorticóides no controle de doenças, e descreve diferentes mecanismos associados com
a resistência ao seu uso clinico. Os glicocorticóides apresentam importante papel no controle das respostas
inflamatória e imune, e inúmeros são os mecanismos responsáveis pelo desenvolvimento de resistência aos
glicocorticóides.

Palavras-chave: Glicocorticóides, Receptor de glicocorticóides, GRα, GRβ, Resistência aos glicocorticóides.

ABSTRACT
Glucocorticoids hormones regulate several physiological processes, including of neoglicogenesis, vascular
reactivity to catecholamines, immune and inflammatory responses and activity of SNC. The clinical use of
glucocorticoids is indicated in congenital adrenal deficiency, rheumatic, kidney, allergy, infections,
ophthalmology, skin, gastrointestinal and liver diseases, lymphoma and leukemia, cerebral edema and
cervical trauma. The syndrome of corticoid resistance can be generalized or specific, and different
mechanisms result in resistance in clinical use. The aim of this review is to describe the action of
glucocorticoids and resistance for use. The review was conducted through bibliographic database obtained
through direct research, LILACS, MEDLINE and book chapters. The literary review demonstrates the
importance of glucocorticoids in control of diseases, and describes different mechanism associated with
resistance to clinical use. The review describes the importance role of glucocorticoids in control of
inflammatory and immune response, and innumerous mechanisms leads to development of glucocorticoid
resistance.

Key-words: Glucocorticoids, Glucocorticoid receptor, GRα, GRβ, Glucocorticoid resistance.

Endereço para correspondência


Paolo Ruggero Errante,
Av. Prof. Lineu Prestes, 1730 – Laboratório de Imunologia Humana,
Departamento de Imunologia, ICB-USP. CEP 05508-900, Telefone/Fax: 11 3091-7387.
e-mail: errantepr@yahoo.com
Errante, et al./Rev. Pesq. Inov. Farm. 6(2), 2014, 01-11.

INTRODUÇÃO suprarrenal pela circulação sanguínea, e pequenas


quantidades são sintetizadas de novo pelas
células do córtex suprarrenal (Odermatt e Gumy,
O córtex suprarrenal secreta três classes de
2008).
hormônios esteróides; os glicocorticóides,
mineralocorticóides e androgênios, com efeitos
fisiológicos sobre o metabolismo de carboidratos,
proteínas e lipídeos, balanço hidro-eletrolítico,
sistema cardiovascular, imune, renal, músculo-
esquelético, endócrino e nervoso (Clark et al.,
1992). A secreção de hormônios glicocorticóides é
controlada pelo eixo hipotálamo-hipófise. O Figura 2. Estrutura química do colesterol e
hormônio liberador de corticotropina (CRH) cortisol.
liberado pelo hipotálamo induz as células
corticotróficas da hipófise anterior a liberar o Na superfície das células adrenocorticais,
hormônio adrenocorticotrópico (ACTH), que por existem receptores que reconhecem lipoproteínas
sua vez induz as células da córtez suprarrenal a ligadas ao colesterol circulante, favorecendo a
produzirem e secretarem os hormônios ligação do complexo lipoproteína-colesterol e sua
adrenocorticais (Webster e Sternberg, 2004). A transferência por endocitose. O colesterol é
zona reticular e a zona intermediária do córtex esterificado e armazenado em vesículas
são responsáveis pela secreção de glicocorticóides citoplasmáticas para a síntese hormonal, que
e andrógenos suprarrenais, enquanto a zona ocorre na presença de NADPH, oxigênio e
glomerular pela secreção de mineralocorticóides citocromo P-450. A enzima adrenoxina redutase e
(Figura 1) (Munck et al., 1984). O excesso de a proteína adrenoxina são compostos
hormônios glicocorticóides acarreta inibição do intermediários na transferência do hidrogênio do
eixo hipotálamo hipófise anterior e adrenal NADPH para a citocromo P-450. A zona fascicular
(Anacker, et al., 2011). do córtex suprarrenal possui as enzimas que
convertem o colesterol em cortisol como a
colesterol desmolase, que converte colesterol em
pregnenolona; a 17α-hidroxilase que hidroxila a
pregnenolona formando 17-hidroxipregnenolona;
a 3β-hidroxiesteroide desidrogenase que converte
a 17-hidroxipregnenolona em 17-
hidroxiprogesterona; a 21β-hidroxilase e a 11β-
hidroxilase, que hidrolisam as ligações dos
carbonos 11 e 21, levando à formação de cortisol
(Zhang et al., 2005).
Na espécie humana, o cortisol
(hidrocortisona) constitui o principal
glicocorticóide sintetizado pela zona fascicular do
Figura 1. Regulação do eixo hipotálamo hipófise córtex suprarrenal (Munck et al., 1984; Clark et
adrenal. Adaptado de Anacker, et al., 2011. al., 1992). Em humanos, a secreção dos
corticosteróides ocorre de forma pulsátil e diurna,
Todos os esteróides do córtex da ocorrendo em média 10 surtos secretores ao dia,
suprarrenal são modificações químicas de um sendo esta secreção menos intensa durante a
núcleo esteróide básico formado por um noite e depois do adormecer. O principal surto de
esqueleto de carbono que forma quatro anéis. Os secreção de cortisol ocorre antes do despertar e é
glicocorticóides são hormônios esteróides com 21 responsável por metade da secreção diária total.
carbonos, que possuem um grupo cetônico Uma vez que o ACTH tem padrão de secreção
localizado no carbono 3 e hidroxilas nos carbonos pulsátil e diurno, ele induz o padrão de secreção
11 e 21 (Figura 2). A molécula precursora para a dos hormônios esteróides (Takahashi et al., 2008).
síntese de todos os hormônios esteróides Os mecanismos de feedback negativo que
adrenocorticais é o colesterol, fornecido ao córtex controlam este padrão de secreção incluem o
cortisol, inibindo diretamente a secreção de CRH
2
Errante, et al./Rev. Pesq. Inov. Farm. 6(2), 2014, 01-11.

pelo hipotálamo ao atuar sobre os neurônios (AR), progesterona (PR), glicocorticóides (GR) e
hipocampais. A inibição da secreção de CRH por mineralocorticóides (MR) (Mangelsdorf et al.,
sua vez, inibe a secreção de ACTH pela hipófise 1995). Todos os receptores de hormônios
anterior (Munck et al., 1984). De forma geral, os esteróides possuem uma estrutura molecular com
níveis plasmáticos reduzidos de cortisol induzem a cinco a seis regiões designadas pelas letras A-F. O
estimulação crônica do eixo CRH-ACTH e o gene GR está localizado no braço longo do
aumento dos níveis de ACTH, ao passo que níveis cromossomo cinco (5q31), apresentando 140.000
plasmáticos aumentados levam a inibição do eixo pares de base (pb) (Bamberger et al., 1995). O
CRH-ACTH e diminuição dos níveis de ACTH (Clark gene GR produz um splice que resulta em duas
e Schrader, 1992). Os hormônios glicocorticóides isoformas, GRα e GRβ. Embora estas duas formas
são importantes na regulação de processos possuam uma seqüência idêntica de 727
fisiológicos como a gliconeogênese, reatividade aminoácidos, GRα possui 50 aminoácidos
vascular às catecolaminas, supressão da resposta adicionais (97 kDa), ao passo que GRβ possui 15
inflamatória e imune e modulação da função do aminoácidos (94 KDa) (Figura 3). GRα é expresso
SNC, entre outros. em todos os tecidos e órgãos humanos; está
O cortisol aumenta o catabolismo localizado no citoplasma e atua como fator de
protéico muscular e diminui a síntese de novas transcrição dependente de ligante. GRβ é
proteínas, fornecendo aminoácidos adicionais ao expresso de forma ubíqua, apresentando efeito
fígado para a gliconeogênese e o armazenamento negativo sobre a atividade transcricional de GRα
de glicogênio no fígado. Além disso, aumenta a (Zhou e Cidlowski, 2005; Ramamoorthy e
lipólise, fornecendo glicerol para o processo de Cidlowski, 2013).
gliconeogênese; diminui a utilização de glicose
pelos tecidos e a sensibilidade à insulina nos
tecidos adiposos (Munck et al., 1984; Clark et al.,
1992). Como efeito anti-inflamatório, o cortisol
induz a síntese de lipocortina (inibidor da enzima
fosfolipase A2), inibição da síntese de
interleucina-2 (IL-2) e liberação de histamina e
serotonina por mastócitos e plaquetas (Galon et
al., 2002).
O cortisol está envolvido na regulação
fisiológica da pressão arterial, através da
modulação da resposta vasoconstritora via Figura 3. Representação da estrutura do gene do
receptores α1-adrenérgicos através da ação das receptor glicocorticóide (GR) e das isoformas GRα
catecolaminas. Contudo, o cortisol também pode e GRβ. O gene codificador de GR possui nove
causar dilatação das arteríolas aferentes e do exons e um splice alternativo no nono exon,
fluxo sanguíneo renal, com aumento da taxa de responsável pela produção das isoformas GRα
filtração glomerular. O cortisol diminui a formação (possui 777 aminoácidos) e GRβ (possui 742
dos ossos por diminuição da síntese de colágeno
aminoácidos). A figura representa os domínios de
do tipo I, síntese de osteoblastos e absorção transativação, domínio de ligação do DNA e
intestinal de cálcio. No sistema nervoso central domínio de ligação hormonal para GRα e GRβ.
(SNC), o cortisol, aumenta o sono de ondas lentas Adaptada de Faria et al., 2006.
e tempo de vigília, uma vez que receptores de
cortisol são encontrados principalmente no O GR humano possui 11 diferentes
sistema límbico (Munck et al., 1984; Boumpas et promotores com seus alternativos exons iniciais
al., 1993; Kino e Chrousos, 2004). (1A1, 1A2, 1A3, 1B, 1C, 1D, 1E, 1F, 1H, 1I, 1J), e
pode produzir 11 diferentes transcritos a partir
Os receptores de glicocorticóides dos diferentes promotores que codificam a
mesma proteína compartilhada pelo exon 2. Uma
A família de receptores de esteróides vez que GR possui diferentes promotores, a
compreende seis receptores hormônios quantidade isoformas de proteína GR varia
correlacionados; dois receptores de estrógeno consideravelmente nos tecidos (Marni et al.,
(ERα e ERβ), um para cada hormônio andrógeno
3
Errante, et al./Rev. Pesq. Inov. Farm. 6(2), 2014, 01-11.

2012). O splice e a formação de isoformas de GR 2004), e diferentes estudos clínicos sugerem que
oriundos de diferentes promotores são capazes GRβ é responsável pela resistência tecido
de gerar mais de 256 combinações homo- específica aos corticóides, uma vez que possui
/heterodímeros com variação na quantidade de atividade dominante negativa sobre GRα, estando
expressão de atividade transcricional, indicando associada a enfermidades como asma, artrite
resposta apropriada a diferentes níveis circulantes reumatóide, lúpus eritematoso sistêmico,
de glicocorticóides (Presul et al., 2007). espondilite anquilosante, leucemia linfocítica
Os GR são proteínas multifuncionais que crônica e polipose nasossinusal (Shahidi et al.,
fazem parte da família dos receptores nucleares 1999; Longui et al., 2000; Derijk et al., 2001; Pujols
(Funder, 1992), e na ausência de ligação ao et al., 2003; Lee et al., 2005; Goleva et al., 2006;
glicocorticóide encontra-se inativo no citoplasma, Piotrowski et al., 2007).
estabilizado por proteínas de choque térmico A especificidade dos GR deve-se à
(HSP) HSP90 e HSP59, que permitem que o habilidade em reconhecer as sequências de
receptor adquira uma conformação ligação nos genes alvo, denominada elementos de
tridimensional adequada para sua ligação ao resposta aos receptores glicocorticóides (GRE). A
hormônio (Faria e Longui, 2006). Após a formação ligação do complexo hormônio-receptor ao GRE é
do complexo GR-hormônio, este se liga às regiões mediada pela região do receptor denominada
promotoras dos genes sensíveis aos esteróides, domínio de ligação ao DNA. A ligação do GR aos
denominada elementos de resposta aos fatores de transcrição ou as moléculas co-
receptores glicocorticóides (GRE) (McNally et al., ativadoras é mediada pelos domínios de
2000). Isto leva a uma lenta indução (24-48 horas) transativação. Os GR ativados são capazes de
da síntese de lipocortina e p11/calpactina, que atuar como homodímeros, ligando-se ao DNA
inibem a enzima fosfolipase A2 do metabolismo dupla-hélice em uma sequência específica de
do ácido araquidônico; receptores β2; inibidor da nucleotídeos denominada half-sites (Faria e
protease secretora de leucócitos; e CC-10 um Longui, 2006).
antagonista do receptor de IL-1 (Boumpas et al.,
1993; Kino e Chrousos 2001). Utilização clínica e mecanismo de ação
dos glicocorticoides
Isoformas de GR
O uso clínico dos glicocorticóides é indicado em
Como existe um códon de terminação no inicio do casos de deficiência da suprarrenal congênita ou
exon dois apenas nove pares de bases após o adquirido, controle da inflamação em doenças
códon de iniciação, sua sequência não é reumáticas, renais, alérgicas, infecciosas,
traduzida. Na extremidade 3’ do transcrito oftalmológicas, dermatológicas, gastrintestinais,
primário do GR, existe um splicing alternativo no hepáticas, leucemias e linfomas, edema cerebral e
último exon, que leva a formação de duas trauma cervical (Munck et al., 1984; Clark e
isoformas, alfa (GRα) e beta (GRβ) do receptor. A Schrader, 1992; Boumpas et al., 1993).
isoforma GRα possui 777 aminoácidos, sendo Os glicocorticoides são utilizados como
biologicamente ativa, e a isoforma GRβ possui 742 supressores da resposta inflamatória e imune,
aminoácidos, e embora forme um complexo tendo capacidade de reduzir o número e ativação
protéico com HSP90, é incapaz de se ligar aos de eosinófilos, sua apoptose; diminuição da
corticóides, pois apresenta localização nuclear, síntese de IL-3, IL-5, GM-CSF, eotaxina e RANTES;
mesmo na ausência de ligantes (Lu e Cidlowski, redução da quantidade de monócitos, células
2005). dendríticas e mastócitos; e inibição da formação
Pacientes com mieloma múltiplo de produtos derivados do metabolismo do AA
apresentam uma variante do GR, denominado GR- (Boumpas et al., 1993; Webster et al., 2001). Estes
P, codificada pelos exons dois a sete e parte do efeitos são significativos no tratamento da asma,
intron seis, que não apresenta parte do domínio cuja inflamação bronquial leva a um aumento da
esteroidal, representando cerca de 10-50% dos expressão de várias moléculas
GR corticoido-resistente (Charmandari et al., farmacologicamente ativas, influxo de leucócitos,
2004). A isoforma GRβ possui atividade dilatação vascular e aumento do fluxo sanguíneo,
dominante negativa sobre a atividade aumento da permeabilidade vascular, exsudação
transcricional induzida por GRα (Kino e Chrousos,
4
Errante, et al./Rev. Pesq. Inov. Farm. 6(2), 2014, 01-11.

de proteínas plasmáticas, edema, proliferação de (Barnes, 2010). Ao penetrarem na célula alvo, os


células da musculatura lisa bronquial, e depósito glicocorticóides se ligam a receptores de
de fibras colágenas abaixo da membrana basal glicocorticóides (GR) no citoplasma e são
levando ao processo de remodelamento translocados até o núcleo, dando início ao
bronquial (Goleva et al., 2006). processo de transcrição dos genes associados aos
Os glicocorticóides inibem a transcrição elementos de resposta ao glicocorticóides (GRE).
dos genes para IL-4, IL-5, IL-13, além de promover A ligação à região promotora dos genes sensíveis
a apoptose de linfócitos T e eosinófilos. Isto é aos glicocorticóides leva ao mecanismo de
importante no tratamento da atopia, uma transativação, com transcrição de genes que
enfermidade alérgica com predisposição genética codifocam mediadores anti-inflamatórios. No
com polarização Th2 para produção de citocinas mecanismo de transrepressão, o complexo
importantes para a síntese de IgE e ativação de glicocorticóide-receptor se liga a moléculas co-
eosinófilos (Boumpas et al., 1993; Barnes, 2010). ativadoras com atividade de histona
A ação anti-inflamatória e acetiltransferase (HAT) levando à ativação de
imunossupressora dos glicocorticóides também se fatores de transcrição nuclear pró-inflamatórios
deve a inibição de funções específicas dos como NF-kB.
leucócitos, causando diminuição na liberação de
fatores vasoativos e quimiotáticos; secreção de
enzimas lipolíticas e proteolíticas; migração de
leucócitos e fibrose, e regulação dos genes das
citocinas INF-γ, GM-CSF, IL-1, IL-2, IL-3, IL-6, IL-10
e TNF-α; inibem a expressão de genes da
colagenase, elastase, ativador de plasminogênio,
óxido nítrico sintase e cicloxigenase tipo II (Tliba
et al., 2008; Barnes, 2010), importantes na
fisiopatogenia da artrite reumatóide, lúpus
eritematoso sistêmico e espondilite anquilosante.
A partir do momento que os
glicocorticóides cruzam a membrana
citoplasmática da célula-alvo, este se une ao GR e
forma o complexo hormônio-receptor que se Figura 4. Mecanismo de ação dos glicocorticóides.
associa aos GRE, modulando a transcrição dos
genes alvo dos glicocorticóides de maneira Os mecanismos de transativação ativados
pelos GR e mediados por fatores de transcrição
positiva (transativação) ou negativa
(transrepressão), na dependência do contexto do são responsáveis pelos efeitos terapêuticos dos
glicocorticóides no controle da resposta imune e
promotor e da participação de proteínas co-
inflamatória (Dejean e Richard, 2013). A maior
ativadoras ou co-repressoras. A ativação da
parte dos efeitos metabólicos dos glicocorticóides
transcrição gênica é regulada por um complexo de
fatores reguladores da atividade da RNA é baseada neste modelo de ação, levando a
polimerase II e co-fatores protéicos (fatores de indução da síntese de lipocortina e
transcrição basal) e outros fatores associados p11/calpactina, que inibem a enzima fosfolipase
A2 do metabolismo do ácido araquidônico pelas
(fatores gerais de transcrição) (Dejean e Richard,
2013). vias da cicloxigenase e lipoxigenase; ativação de
A ação dos fatores de transcrição pode ser inibidores de proteases de leucócitos e
modulada independentemente de ligação direta antagonistas do receptor de IL-1 (Webster et al.,
2001).
ao DNA, através de interação proteína-proteína
Genes responsáveis pelos efeitos
com outros fatores de transcrição como a
inibitórios dos glicocorticóides são encontrados na
proteína de ativação 1 do complexo dos fatores
de transcrição (APA-1) e o fator nuclear kapa B região 5’ do DNA, próximo a região promotora de
(NF-kB) nas regiões regulatórias de diferentes alguns genes sensíveis a inibição pelos
genes. A ligação de monômeros ou dímeros de GR glicocorticóides, com o gene para IL-6 e queratina
(Barnes, 2010). Outra forma de inibição efetuada
com AP-1 e NF-kB inibem a ativação transcricional
dos genes regulados por estes fatores (Figura 4) pelos glicocorticóides consiste na união de

5
Errante, et al./Rev. Pesq. Inov. Farm. 6(2), 2014, 01-11.

monômeros de GR com o hormônio em regiões ser observada na asma, rinite alérgica, artrite
promotoras no DNA (Yang e Ray, 2012). A inibição reumatóide, lúpus eritematoso sistêmico,
da atividade transcricional do GR (transrepressão) espondilite anquilosante, leucemia linfocítica
é regulada por coativadores e co-repressores que crônica e polipose nasossinusal (Leung et al.,
interagem com GR. Os coativadores mais 1997; Shahidi et al., 1999; Longui et al., 2000;
conhecidos são Brahma-related gen 1 (BRG-1), p- Derijk et al., 2001; Lee et al., 2005; Pujols et al.,
300-CBP associted factor (P/CAF), CBP/p300, P160 2003; Goleva et al., 2006; Piotrowski et al., 2007;
e vitamin D3 receptor-interacting protein (DRIP) Adcock et al., 2012; Bhadri et al., 2012).
(Ramamoorthy e Cidlowski, 2013). Inúmeros fatores estão relacionados aos
O complexo P/CAF é importante na estados de resistência aos glicocorticóides: 1)
atividade transcriptional de GR e sua capacidade concentração hormonal regulada pelo eixo
de regular a estrutura da cromatina depende de hipotálamo-hipófise-adrenal (Kino e Chrousos,
sua atividade enzimática de acetiltransferase de 2002); 2) biodisponibilidade do glicocorticóide
histonas (HAT). O complexo possui fatores (controlado pelas duas isoformas da enzima 11β-
associados à proteína de união ao TATA box do hidroxi-esteróide desidrogenase/11β HSD, que
DNA, que facilita o recrutamento da maquinaria catalisa a interconversão do hormônio da forma
de transcrição (Yang e Ray, 2012). O complexo ativa/cortisol para a forma inativa/cortisona) (Orii
P/CAF pode ser recrutado para atuar juntamente et al., 2002); 3) afinidade do receptor para ligação
com CBP/p300 e coativadores p160 (Dejean e hormonal (por mutações pontuais no domínio de
Richard, 2013). CBP e p300 possuem atividade ligação esteroidal, alterando a afinidade do GR ao
enzimática HAT, e podem interagir de forma glicocorticóide e estabilidade do complexo
estável e transitória com GR e um grande número hormônio-receptor) (Marni et al., 2012); 4)
de fatores de transcrição, além de formar um densidade intracelular de GR (modulada pelo
complexo estável com a RNA polimerase II (Nissen próprio glicocorticóide, que diminui a
e Yamamoto, 2002). concentração de GR); 5) dissociação do GR do
A ativação de CBP/p300 por GR pode ser complexo com as HSP; 6) fosforilação ao GR
efetuada de forma direta por AF-1, ou (influenciado pelo ciclo celular, sensível na fase S,
indiretamente por outros coativadores que atuam mas não G2/M do ciclo celular) (Itoh et al., 2002);
com AF-2, como a família de coativadores de p160 7) translocação nuclear do receptor ativo (Marni
[steroid receptor coactivador 1 (SRC-1)]; et al., 2012), 8) interação com GRE e fatores de
glucocorticoid receptor-interacting protein transcrição (Nissen e Yamamoto, 2000; Karin e
1(GRIP-1); e p300/CBP cointegrator associated Chang, 2001; Barnes e Adcock, 2009); 9)
protein (P/CIP) (Dejean e Richard, 2013). Estes polimorfismo dos genes de receptores de
coativadores tem atividade HAT, e atuam com glicocorticóides (van Roussum e van den Akker,
numerosos fatores transcricionais, receptores 2011).
nucleares e co-ativadores (Charmandari et al., Pacientes com asma bronquial noturna
2008). podem apresentar diminuição da resposta dos
macrófagos localizados nas vias aéreas aos
Resistência aos glicocorticóides glicocorticóides. Este fenômeno tem sido
acompanhado do aumento da expressão de IL-13
A síndrome clínica caracterizada pela resistência e GRβ por monócitos obtidos a partir de sangue
aos glicocorticóides pode ser generalizada ou periférico (Tliba et al., 2008; Barnes, 2010).
específica de um determinado tecido (Kino et Pacientes com asma noturna córtico
al.,2003). A resistência generalizada aos resistente apresentam aumento intracelular de
glicocorticóides apresenta menor sensibilidade ao GRβ nos macrófagos alveolares, ao passo que
cortisol em todos os tecidos, incluindo hipotálamo pacientes com asma resistente aos corticóides
e hipófise, acarreta feedback negativo elevando apresentam aumento de GRβ e de resistência aos
os níveis de ACTH e cortisol, com consequente glicocorticóides em linfócitos T. Isto ocorre pelo
acúmulo de andrógenos e mineralocorticóides, efeito inibidor competitivo de GRβ sobre GRα,
levando a um quadro clínico que pode apresentar formando homodímeros β e heterodímeros α-β,
hiperandrogenismo, fadiga e excesso de que podem ocupar os sítios de GRE e impedir a
mineralocorticóides (Charmandari et al., 2007; ação de GRα e dos glicocorticóides (Webster et
Yang et al., 2012). A resistência específica pode al., 2001).
6
Errante, et al./Rev. Pesq. Inov. Farm. 6(2), 2014, 01-11.

A mutação no gene para o receptor de pelo HIV-1. Outra proteína acessória do HIV-1,
glicocorticóides leva ao surgimento de uma Tat, potencializa a atividade de GRα, através do
resistência familiar/esporádica aos aumento do acúmulo do fator b de elongamento
glicocorticóides denominada Síndrome de de transcrição positiva (pTEFb) (Kino et al.,
Chrousos (Charmandari et al., 2004; Charmandari 2002a). Da mesma maneira que Vpr, Tat penetra
et al., 2013), caracterizada por através da membrana plasmática e modula a
hiperadrenocorticismo sem características da atividade transcricional de GRα em células não
Síndrome de Cushing. Uma vez que os pacientes infectadas pelo HIV-1 (Kino et al., 2002b; Mirani et
apresentam baixa sensibilidade tecidual aos al., 2002). Estas proteínas acessórias contribuem
glicocorticóides, seus níveis de ACTH e cortisol para a proliferação viral e supressão da resposta
circulante encontram-se elevados no intuito de imune.
manter o ritmo circadiano, resposta apropriada ao Os adenovírus podem acometer o sistema
stress e resistência do eixo hipotalâmico- respiratório, causando resfriado, pneumonia,
hipofisário-suprarrenal ao teste de supressão a bronquite, enterite, conjuntivite e cistite. Os
dexametasona (Lamberts et al., 1992). adenovírus codificam a proteína E1A, expressa
A produção excessiva de ACTH causa após a infecção, necessária para regulação da
aumento da produção de esteróides adrenais com transcrição gênica do vírus, além de genes da
atividade mineralocorticóide, como célula hospedeira, como p300 e CBP. In vitro, E1A
deoxicorticosterona e corticosterona e com bloqueia a atividade transcricional dos genes,
atividade androgênica, como androstenediona, produzindo resistência aos glicocorticóides. E1A
dehidroepiandrosterona (DHEA) e DHEA-sulfato interage com a porção C-terminal da proteína de
(DHEAS)(van Rossum et al., 2002). Os sintomas ligação de cauda (CtBP), que atua como um
são decorrentes da produção excessiva de repressor da transcrição para numerosos fatores
mineralocorticóides, como hipertensão e alcalose de transcrição, através da comunicação com
hipocalemica (Dobson et al., 2001; McMahon et histonas deacetilase classe II e outras moléculas
al., 2010). inibidoras como a proteína retinoblastoma (Rb)
As manifestações andrógenas incluem (Chinnadurai, 2002; Brockmann e Esche, 2003).
genitália ambígua, puberdade precoce em E1A suprime a função de p300/CBP e CtBP
crianças, acne, hirsutismo e infertilidade em através de ligação com domínios críticos
ambos os sexos, perda de cabelos, irregularidade funcionais. Acredita-se que os adenovírus
menstrual, oligoanovulação em mulheres e modificam os efeitos periféricos dos
oligospermia em homens (Mendonça et al., 2002). glicocorticóides e outras moléculas bioativas com
Pacientes com a Síndrome da atividade semelhante a receptores nucleares de
Imunodeficiência Adquirida (HIV) causada pelo hormônios, regulando de maneira direta a
vírus da imunodeficiência humana tipo I (HIV-1), atividade transcricional de outros genes,
apresentam inúmeras manifestações compatíveis contribuindo para o estado patológico observado
com o aumento da atividade de GRα, com na infecção por adenovírus (Kino e Chrousos,
redução da imunidade celular, em especial do 2007).
padrão Th1 (a mesma observada pelo uso
excessivo de glicocorticóides), redução da massa
muscular, miopatia, dislipidemia, e obesidade CONCLUSÃO
visceral associada com resistência periférica à
insulina (Dube 2000; Kino et al., 2003).
A proteína acessória do HIV-1 Vpr atua
Os glicocorticóides são hormônios essenciais à
como coativador e aumenta a atividade de
manutenção da vida humana, responsáveis pela
transativação de GRα, e possui um receptor
regulação de inúmeros processos fisiológicos
nuclear com motivo LXXLL na posição 64-68 do
como a gliconeogênese, reatividade vascular as
aminoácido, que é utilizado como coativador do
catecolaminas, supressão das respostas
receptor nuclear do hospedeiro para sua ligação
inflamatória e imune e a modulação da função do
ao núcleo. Pacientes com HIV-1 apresentam níveis
SNC. A maioria dos efeitos destes hormônios é
séricos detectáveis de Vpr, capaz de atravessar a
mediada pela interação com os receptores
membrana plasmática e penetrar na célula,
glicocorticóides. Uma vez que possuem múltiplos
estendendo sua ação para células não infectadas
7
Errante, et al./Rev. Pesq. Inov. Farm. 6(2), 2014, 01-11.

efeitos biológicos, são utilizados no controle da Barnes PJ, Adcock IM. Glucocorticoid resistance in
resposta inflamatória e processos alérgicos, inflammatory diseases. Lancet. 2009;
reduzindo o infiltrado inflamatório, restaurando a 373(9678):1905-1917.
integridade do epitélio e do depósito de fibras
Bhadri VA, Trahair TN, Lock RB. Glucocorticoid
colágenas abaixo da membrana basal. A
resistance in paediatric acute lymphoblastic
sensibilidade aos glicocorticóides depende da
leukaemia. J Paediatr Child Health. 2012;
densidade celular de receptores expressos, bem
48(8):634-640.
como da eficiência da transdução do sinal
mediada pelo complexo hormônio-receptor. Boumpas DT, Chrousos GP, Wilder RL, Cupps TR,
Inúmeros fatores estão relacionados aos estados Balow JE. Glucocorticoid therapy for immune-
de resistência ou sensibilidade aos mediated diseases: basic and clinical correlates.
glicocorticóides, representados, respectivamente, Ann Intern Med. 1993; 119(12): 1198-1208.
pelas doenças inflamatórias auto-imunes e Brockmann D, Esche H. The multifunctional role of
síndrome metabólica, representando a grande E1A in the transcriptional regulation of CREB/CBP-
variabilidade dos fatores que influenciam a dependent target genes. Curr Top Microbiol
cascata de sinalização mediada pelos Immunol. 2003; 272: 97-129.
glicocorticóides.
O avanço do conhecimento acerca dos Charmandari E, Kino ET, Ichijo T, Jubiz W, Mejia L,
mecanismos celulares e moleculares de ação dos Zachman K, Chrousos GP. A novel point mutation
glicocorticóides tem contribuído de forma in helix 11 of the ligand-binding domain of the
decisiva para o desenvolvimento de novos human glucocorticoid receptor gene causing
fármacos dotados de alta eficácia anti- generalized glucocorticoid resistance. J Clin
inflamatória e baixa toxicidade e efeitos Endocrinol Metab. 2007; 92(10): 3986-3990.
colaterais. Tais fármacos poderão ser Charmandari E, Kino T, Souvatzoglou E, Vottero A,
incorporados em um futuro breve ao arsenal Bhattacharyya N, Chrousos GP. Natural
farmacológico destinado ao tratamento de várias glucocorticoid receptor mutants causing
doenças humanas como as doenças reumáticas, generalized glucocorticoid resistance: molecular
alérgicas e infecciosas. genotype, genetic transmission, and clinical
phenotype. J Clin Endocrinol Metab. 2004; 89(4):
1939-1949.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Charmandari E, Kino T, Ichijo T, Chrousos GP. J Clin
Endocrinol Metab. 2008; 93(5):1563–1572.
Adcock IM, Caramori G, Kirkham PA. Strategies for Charmandari E, Kino T, Chrousos GP. Primary
improving the efficacy and therapeutic ratio of generalized familial and sporadic glucocorticoid
glucocorticoids. Curr Opin Pharmacol. 2012; resistance (Chrousos syndrome) and
12(3):246-251. hypersensitivity. Endocr Dev. 2013; 24:67-85.
Anacker C, Zunszain PA, Carvalho LA, M. Pariante Chinnadurai G. CtBP, an unconventional
CM. The glucocorticoid receptor: Pivot of transcriptional corepressor in development and
depression and of antidepressant treatment? oncogenesis. Mol Cell. 2002; 9(2):213-224.
Psychoneuroendocrinology. 2011; 36(3):415-425.
Clark JK, Schrader WT, O'Malley BW. Mechanism
Bamberger CM, Bamberger AM, de Castro M, of steroid hormones. in: Wilson JD, Foster DW
Chrousos GP. Glucocorticoid receptor beta, a (Eds.), Williams Textbook of Endocrinology. WB
potential endogenous inhibitor of glucocorticoid Sanders Co., Philadelphia, 1992. pp. 35-90.
action in humans. J Clin Invest. 1995; 95(6):2435-
2441. Dejean C, Richard D. Mechanisms of action of
glucocorticoids. Rev Med Interne. 2013;
Barnes PJ. Mechanisms and resistance in 34(5):264-268.
glucocorticoid control of inflammation. J Steroid
Biochem Mol Biol. 2010; 120(2-3):76-85. Derijk RH, Schaaf MJ, Turner G, Datson NA,
Vreugdenhil E, Cidlowski J, de Kloet ER, Emery P,
Sternberg EM, Detera-Wadleigh SD. A human
glucocorticoid receptor gene variant that
8
Errante, et al./Rev. Pesq. Inov. Farm. 6(2), 2014, 01-11.

increases the stability of the glucocorticoid implications. Trends Endocrinol Metab. 2007:
receptor beta-isoform mRNA is associated with 18(4):159-166.
rheumatoid arthritis. J Rheumatol. 2001;
Kino T, De Martino MU, Charmandari E, Mirani M,
28(11):2383-2388.
Chrousos GP. Tissue glucocorticoid
Dobson MG, Redfern CP, Unwin N, Weaver JU. resistance/hypersensitivity syndromes. J Steroid
The N363S polymorphism of the glucocorticoid Biochem Mol Biol. 2003: 85(2-5):457-467.
receptor: potential contribution to central obesity
Kino T, Gragerov A, Slobodskaya O,
in men and lack of association with other risk
Tsopanomichalou M, Chrousos GP, Pavlakis GN.
factors for coronary heart disease and diabetes
Human immunodeficiency virus type-1 (HIV-1)
mellitus. J Clin Endocrinol Metab. 2001;
accessory protein Vpr induces transcription of the
86(5):2270-2274.
HIV-1 and glucocorticoid-responsive promoters by
Dube MP, Disorders of Glucose Metabolism in binding directly to p300/CBP coactivators. J Virol.
Patients Infected with Human Immunodeficiency 2002a; 76(19):9724-9734.
Virus. Clin Infect Dis. 2000; 31(6):1467-1475.
Kino T, Mirani M, Alesci S, Chrousos GP. AIDS-
Faria CDC, Longui CAL. Aspectos moleculares da related lipodystrophy/insulin resistance
sensibilidade aos glicocrticóides. Arq Bras syndrome. Horm Metab Res. 2003; 35(3):129-136.
Endocrinol Metab. 2006; 50(6):983-995.
Kino T, Slobodskaya O, Pavlakis GN, Chrousos GP.
Galon J, Franchimont D, Hiroi N, Frey G, Boettner Nuclear receptor coactivator p160 proteins
A, Ehrhart-Bornstein M, O'Shea JJ, Chrousos GP, enhance the HIV-1 long terminal repeat promoter
Bornstein SR. Gene profiling reveals unknown by bridging promoter-bound factors and the Tat-
enhancing and suppressive actions of P-TEFb complex. J Biol Chem. 2002b; 277(4):2396-
glucocorticoids on immune cells. FASEB J. 2002; 2405.
16(1):61-71.
Lamberts SW, Koper JW, Biemond P, den Holder
Goleva E, Li LB, Eves PT, Strand MJ, Martin RJ, FH, de Jong FH. Cortisol receptor resistance: the
Leung DY. Increased glucocorticoid receptor beta variability of its clinical presentation and response
alters steroid response in glucocorticoid- to treatment. J Clin Endocrinol Metab. 1992;
insensitive asthma. Am J Respir Crit Care Med. 74(2):313-321.
2006; 173(6):607-616.
Lee CK, Lee EY, Cho YS, Moon KA, Yoo B, Moon
Itoh M, Adachi M, Yasui H, Takekawa M, Tanaka HB. Increased expression of glucocorticoid
H, Imai K. Nuclear export of glucocorticoid receptor beta messenger RNA in patients with
receptor is enhanced by c-Jun N-terminal kinase- ankylosing spondylitis. Korean J Intern Med. 2005;
mediated phosphorylation. Mol Endocrinol. 2002; 20(2):146-151.
16(10):2382-2392.
Leung DY, Hamid Q, Vottero A, Szefler SJ, Surs W,
Karin M, Chang L. AP-1-glucocorticoid receptor Minshall E, Chrousos GP, Klemm DJ. Association of
crosstalk taken to a higher level, J Endocrinol. glucocorticoid insensitivity with increased
2001; 169(3):447-451. expression of glucocorticoid receptor beta. J Exp
Med. 1997; 186(9):1567-1574.
Kino T, Chrousos GP. Glucocorticoid and
mineralocorticoid resistance/hypersensitivity Longui CA, Vottero A, Adamson PC, Cole DE, Kino
syndromes, J Endocrinol. 2001; 169(3):437-445. T, Monte O, Chrousos GP. Low glucocorticoid
receptor alpha/beta ratio in T-cell lymphoblastic
Kino T, Chrousos GP. Tissue-specific glucocorticoid
leukemia. Horm Metab Res. 2000; 32(10):401-
resistance-hypersensitivity syndromes:
406.
multifactorial states of clinical importance. J
Allergy Clin Immunol. 2002; 109(4):609-613. Lu NZ, Cidlowski JA, Translational regulatory
mechanisms generate N-terminal glucocorticoid
Kino T, Chrousos GP. Glucocorticoid and
receptor isoforms with unique transcriptional
mineralocorticoid receptors and associated
target genes. Mol Cell. 2005; 18(3):331-342.
diseases. Essays Biochem. 2004; 40:137-155.
Mangelsdorf DJ, Thummel C, Beato M, Herrlich P,
Kino T, Chrousos GP. Virus-mediated modulation
Schutz G, Umesono K, Blumberg B, Kastner P,
of the host endocrine signaling systems: clinical
9
Errante, et al./Rev. Pesq. Inov. Farm. 6(2), 2014, 01-11.

Mark M, Chambon P. The nuclear receptor Orii F, Ashida T, Nomura M, Maemoto A, Fujiki T,
superfamily: the second decade. Cell. 1995; Ayabe T, Imai S, Saitoh Y, Kohgo Y. Quantitative
83(6):835-839. analysis for human glucocorticoid receptor
alpha/beta mRNA in IBD. Biochem Biophys Res
Marni N. Silverman and Esther M. Sternberg.
Commun. 2002; 296(5):1286-1294.
Glucocorticoid regulation of inflammation and its
behavioral and metabolic correlates: from HPA Piotrowski P, Burzynski M, Lianeri M, Mostowska
axis to glucocorticoid receptor M, Wudarski M, Chwalinska-Sadowska H,
Jagodzinski PP. Glucocorticoid receptor alpha
dysfunction. Ann N Y Acad Sci. 2012; 1261(1):55–
splice variant expression in patients with high and
63.
low activity of systemic lupus erythematosus.
McNally JG, Muller WG, Walker D, Wolford R, Folia Histochem Cytobiol. 2007; 45(4):339-342.
Hager GL. The glucocorticoid receptor: rapid
Presul E, Schmidt S, Kofler R, Helmberg A.
exchange with regulatory sites in living cells.
Identification, tissue expression, and
Science. 2000; 287(5456):1262-1265.
glucocorticoid responsiveness of alternative first
McMahon SK, Pretorius CJ, Ungerer JP, Salmon NJ, exons of the human glucocorticoid receptor. J Mol
Conwell LS, Pearen MA, Batch JA. Neonatal Endocrinol. 2007; 38(1-2):79-90.
complete generalized glucocorticoid resistance
Pujols L, Mullol J, Benitez P, Torrego A, Xaubet A,
and growth hormone deficiency caused by a novel
de Haro J, Picado C. Expression of the
homozygous mutation in Helix 12 of the ligand
glucocorticoid receptor alpha and beta isoforms in
binding domain of the glucocorticoid receptor
human nasal mucosa and polyp epithelial cells,
gene (NR3C1). J Clin Endocrinol Metab. 2010;
Respir Med. 2003; 97(1):90-96.
95(1):297-302.
Ramamoorthy S, Cidlowski JA. Exploring the
Mendonca BB, Leite MV, de Castro M, Kino T, Elias
molecular mechanisms of glucocorticoid receptor
LL, Bachega TA, Arnhold IJ, Chrousos GP, Latronico
action from sensitivity to resistance. Endocr Dev.
AC. Female pseudohermaphroditism caused by a
2013; 24:41-56.
novel homozygous missense mutation of the GR
gene. J Clin Endocrinol Metab. 2002; 87(4):1805- Shahidi S, Vottero A, Stratakis CA, Taymans SE,
1809. Karl M, Longui CA, Chrousos GP, Daughaday WH,
Gregory SA, Plate JM. Imbalanced expression of
Mirani M, Elenkov I, Volpi S, Hiroi N, Chrousos GP,
the glucocorticoid receptor isoforms in cultured
Kino T. HIV-1 protein Vpr suppresses IL-12
lymphocytes from a patient with systemic
production from human monocytes by enhancing
glucocorticoid resistance and chronic lymphocytic
glucocorticoid action: potential implications of
leukemia. Biochem Biophys Res Commun. 1999;
Vpr coactivator activity for the innate and cellular
254(3):559-565.
immunity deficits observed in HIV-1 infection. J
Immunol. 2002; 169(11):6361-6368. Takahashi JS, Hong HK, Ko CH, McDearmon EL.
The genetics of mammalian circadian order and
Munck A, Guyre PM, Holbrook NJ. Physiological
disorder: implications for physiology and disease.
functions of glucocorticoids in stress and their
Nat Rev Genet. 2008; 9(10):764-775.
relation to pharmacological actions. Endocr Rev.
1984; 5(1):25-44. Thornton JW, DeSalle R. Gene family evolution
and homology: genomics meets phylogenetics.
Nissen RM, Yamamoto KR. The glucocorticoid
Annu Rev Genomics Hum Genet. 2000; 1:41-73.
receptor inhibits NFkB by interfering with serine-2
phosphorylation of the RNA polymerase II Tliba O, Damera G, Banerjee A, Gu S, Baidouri H,
carboxy-terminal domain. Genes Dev. 2000; Keslacy S, Amrani Y. Cytokines induce an early
14(18):2314-2329. steroid resistance in airway smooth muscle cells:
novel role of interferon regulatory factor-1. Am J
Odermatt A, Gumy C. Mineralocorticoid action:
Respir Cell Mol Biol. 2008; 38(4):463-472.
why should we consider influences by
environmental chemicals? Biochem. Pharmacol. van Rossum EF, van den Akker EL. Glucocorticoid
2008; 76(10): 1184-1193. resistance. Endocr Dev. 2011; 20:127-136.

10
Errante, et al./Rev. Pesq. Inov. Farm. 6(2), 2014, 01-11.

van Rossum EF, Koper JW, Huizenga NA, Webster JI, Sternberg EM. Role of the
Uitterlinden AG, Janssen JA, Brinkmann AO, hypothalamic-pituitary-adrenal axis, glucocorti-
Grobbee DE, de Jong FH, van Duyn CM, Pols HA, coids and glucocorticoid receptors in toxic
Lamberts SW. A polymorphism in the sequelae of exposure to bacterial and viral
glucocorticoid receptor gene, which decreases products. J Endocrinol. 2004; 181:207-221.
sensitivity to glucocorticoids in vivo, is associated
Zhang YT, Ding X, Daynes RA. The expression of 11
with low insulin and cholesterol levels. Diabetes.
beta-hydroxysteroid dehydrogenase type I by
2002; 51(10): 3128-3134.
lymphocytes provides a novel means for
Yang N, Ray DW, Matthews LC. Current concepts intracrine regulation of glucocorticoid activities. J
in glucocorticoid resistance. Steroids. 2012; Immunol 2005; 174:879-889.
77(11):1041-1049.
Zhou J, Cidlowski JA. The human glucocorticoid
Webster JC, Oakley RH, Jewell CM, Cidlowski JA, receptor: one gene, multiple proteins and diverse
Proinflammatory cytokines regulate human responses. Steroids 2005; 70:407-417.
glucocorticoid receptor gene expression and lead
to the accumulation of the dominant negative
beta isoform: a mechanism for the generation of
glucocorticoid resistance. Proc Natl Acad Sci USA.
2001; 98(12):6865-6870.

11

Você também pode gostar