A classificação das cirurgias é uma ferramenta importante para
melhorar a eficiência no centro cirúrgico. Utilizando uma ou mais metodologias, é possível priorizar o atendimento aos pacientes em estado crítico, com impacto positivo na sobrevida e no prognóstico. Essa dinâmica também beneficia os hospitais e clínicas, que conseguem direcionar seus recursos de forma assertiva. Tanto que a estratégia pode servir para diminuir a superlotação nos hospitais, estabelecendo uma ordem única para a realização de operações. Os efeitos serão percebidos num menor tempo de internação, o que ajuda a liberar leitos para receber novos pacientes. Explico melhor os tipos de classificação das cirurgias e seus efeitos nas próximas linhas. O que é classificação das cirurgias? Classificação das cirurgias é uma ferramenta que enquadra os candidatos a operações em diferentes níveis de uma escala. Seu principal objetivo é definir quais devem receber o tratamento cirúrgico primeiro, considerando fatores como risco à vida e condições de saúde. Dessa forma, fica mais simples determinar, por exemplo, quantas operações serão feitas num período, bem como reservar salas, equipes e insumos para que sejam conduzidas em tempo hábil. Existem diversos tipos de classificação de cirurgias, sendo que cada uma delas parte de um fator central para estabelecer a ordem de prioridade para esse tratamento. Neste texto, falo sobre as 4 modalidades mais conhecidas, recomendadas por entidades como o Conselho Federal de Medicina (CFM):
-Classificação das cirurgias quanto à finalidade
-Classificação das cirurgias quanto à urgência
-Classificação das cirurgias por potencial de
contaminação
-Classificação das cirurgias por porte.
•Classificação das cirurgias quanto à finalidade Este primeiro tipo de classificação considera a finalidade como norteadora para categorizar o tratamento por cirurgia. As operações são selecionadas conforme seu objetivo, resultando em 5 modalidades:
-Curativa -Paliativa -Diagnóstica -Reparadora -Reconstrutora, cosmética ou plástica. Cirurgia curativa
Tem como meta a cura, ou seja, acabar com a causa de uma
doença, melhorando a condição de saúde do paciente. Deve ser recomendada a partir de uma avaliação cuidadosa e com preparo, a fim de extirpar células, tecidos ou até órgãos afetados. Dois exemplos populares de cirurgias curativas são a apendicectomia e a retirada de tumores. Na apendicectomia, o apêndice é retirado após sofrer inflamação (apendicite). Já a retirada de tumores pode ser indicada tanto para eliminar células cancerosas quanto para impedir que massas inicialmente benignas evoluam para câncer. Cirurgia paliativa
É realizada quando não há possibilidade de cura através da
operação, no entanto, ela vai ajudar o doente a ter melhor qualidade de vida ou aumentar a sobrevida. A ideia é preservar o paciente nas melhores condições possíveis até que haja uma terapia mais adequada. Um exemplo é a gastrostomia, procedimento em que uma sonda é inserida para viabilizar o acesso ao estômago e a digestão em pessoas incapacitadas. Cirurgia diagnóstica Como o nome sugere, envolve uma ou mais incisões para coletar imagens ou material biológico que apoiem o diagnóstico. Um exemplo conhecido é a biópsia, na qual é extraída uma pequena parte de órgãos e tecidos para afastar ou confirmar uma suspeita clínica. Outra operação com fins diagnósticos é a laparotomia exploratória, conduzida por meio de uma incisão abdominal para facilitar a visualização de órgãos dessa parte do corpo. Cirurgia reparadora
O enxerto de pele em queimados ou após
uma lesão está entre as principais cirurgias reparadoras, que têm como propósito a reconstituição artificial de um tecido. Cirurgia reconstrutora, cosmética ou plástica Sua finalidade é devolver ou modificar a aparência de uma parte do corpo.
Nas cirurgias reconstrutoras, o procedimento é recomendado após a
perda de tecido, como o que ocorre após a retirada do tecido mamário (mastectomia) para curar o câncer de mama. Nesses casos, o médico indica uma mamoplastia para que um ou ambos os seios voltem a ter um aspecto natural. Já as operações cosméticas ou plásticas costumam ser buscadas por pessoas que querem mudar a aparência, alterando a forma do nariz com uma rinoplastia, por exemplo. Classificação das cirurgias quanto à urgência
Essa é uma das classificações mais eficazes para
estabelecer uma ordem de prioridade entre os atendimentos. Ao utilizar a classificação por urgência cirúrgica, as equipes dividem os pacientes em três grupos, conforme a necessidade mais ou menos imediata de operação. Dessa forma, os candidatos são enquadrados em procedimentos eletivos, de urgência ou emergência. Cirurgia eletiva
É o tratamento cirúrgico que pode aguardar pelo melhor
momento, conforme indicação e avaliação médica. O adiamento dessas operações não oferece grandes riscos de vida ou agravo de patologias. A mamoplastia reparadora é um exemplo, assim como o tratamento para hérnia abdominal – que se forma por causa de fraqueza ou orifícios na musculatura. Cirurgia de urgência
A retirada cirúrgica de cálculos renais (pedras nos
rins) e a apendicectomia são tipos de operações de urgência. Elas até podem não ser feitas imediatamente, mas o adiamento não deve ultrapassar 24 ou 48 horas. Dependendo do procedimento, o paciente pode precisar de internação enquanto aguarda pela cirurgia. Cirurgia de emergência
Aqui são enquadradas as situações críticas,
com grave risco à vida do paciente e que precisam de cirurgia imediata. Ferimentos por arma de fogo, queimaduras de longa extensão e outras lesões que causem sangramento contínuo estão entre as principais emergências tratadas no centro cirúrgico. Classificação das cirurgias por potencial de contaminação
Empregada para diminuir infecções em sítio cirúrgico (ISC) –
aquelas adquiridas no hospital –, a classificação por potencial de contaminação divide as operações em 4 grupos. Localização, possibilidade de inflamações, presença de secreções e pus são fatores considerados para fazer a divisão de forma correta. Seu objetivo é aumentar os cuidados para reduzir a exposição do doente a patógenos e agentes infecciosos. Cirurgias limpas
Em geral, são procedimentos eletivos em
locais que não sinalizam qualquer inflamação, além de estarem longe das estruturas dos aparelhos respiratório, digestivo, urinário e reprodutor. Cirurgias plásticas e neurocirurgias se encaixam nesse grupo. Cirurgias potencialmente contaminadas
Também são conduzidas em áreas livres de
inflamação, porém, requerem incisões em estruturas dos aparelhos respiratório, digestivo, urinário ou reprodutor. Gastrectomia e colangiografia (tipo de endoscopia que avalia o trajeto da bile) são exemplos. Cirurgias contaminadas
Feridas traumáticas ou com secreção que não seja pus
se enquadram nesse grupo, formado pelas operações feitas em tecidos abertos. Devido à exposição ao ambiente, esses locais estão certamente contaminados por bactérias e/ou outros microrganismos que provocam inflamação. A remoção de parte ou da totalidade do intestino grosso (colectomia) é mais um tipo de cirurgia contaminada. Cirurgias infectadas
Grupo que reúne as operações com maiores
riscos de contaminação, pois houve rompimento de tecidos ou fratura exposta sem tratamento por mais de 4 horas. Perfuração intestinal e entrada de corpo estranho também fazem parte das cirurgias infectadas. Classificação das cirurgias por porte Nesta classificação, o ponto central é a probabilidade de perda de sangue e outros fluidos indispensáveis para o bom funcionamento do organismo. Essa probabilidade é chamada de porte cirúrgico ou risco cardiológico, uma vez que sobrecarrega o coração e o sistema circulatório. Existem três grupos que compõem essa ferramenta: Cirurgias de grande porte São complexas e costumam demorar horas, resultando em maiores chances de perda de sangue e outros fluidos. Operações de emergência, como para tratar traumas, e aquelas realizadas em artérias oferecem esse risco cirúrgico alto. Assim como alguns procedimentos de inserção de próteses, por exemplo, no quadril. Cirurgias de médio porte
As operações de cabeça e pescoço estão
entre as principais desse grupo, que reúne procedimentos com complexidade um pouco menor que as cirurgias de grande porte. Neles, o risco cardiológico também diminui. Cirurgias de pequeno porte
Com risco potencialmente
menor, essas cirurgias costumam ser limpas e eletivas, como a endoscopia. REFEREÊNCIAS (25) Classificação das cirurgias: finalidade, porte, urgência e potencial de contaminação | LinkedIn