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Campos Morfogenéticos de Rupert Sheldrake

Rupert Sheldrake é, sem dúvida, um dos biólogos mais inovadores e polêmicos


de nossa era. Suas teorias audaciosas não se limitaram apenas a redefinir o
cenário científico da biologia, mas transcendem para campos tão diversos
quanto à física e à psicologia. Em seu livro, intitulado "Uma Nova Ciência da
Vida", Sheldrake abraça o holismo orgânico, em sintonia com figuras como Von
Bertalanffy e sua Teoria Geral de Sistemas, assim como Edward Stuart
Russell, desafiando de forma irrefutável a visão mecanicista que busca explicar
o comportamento dos seres vivos diminuindo-o às suas partes constituintes e
às leis físicas e químicas.

Aqui, Sheldrake nos apresenta a intrigante Teoria dos Campos morfogenéticos,


uma proposta revolucionária que lança luz sobre como os organismos adotam
suas formas e comportamentos característicos. Etimologicamente, "morpho"
deriva do grego "morphe", que significa forma, e "genética" vem de "gênese",
que se refere à origem. Campos morfogenéticos são, em essência, campos de
forma, padrões e estruturas de ordem. Eles não apenas orquestraram os
campos de organismos vivos, mas também de moléculas e átomos. Cada tipo
de molécula, como a hemoglobina ou a insulina, possui seu próprio campo
morfogenético, assim como cada tipo de organismo, cada instinto ou padrão de
comportamento. Esses campos são a força organizadora subjacente à
natureza.
O legado de Sheldrake reside na união de conceitos nebulosos sobre os
campos morfogenéticos, que foram explorados de maneira rudimentar por
Weiss em 1939, e os transformou em uma teoria concreta e testável. Desde a
publicação de seu livro, que apresenta a Hipótese da Ressonância Mórfica em
1981, inúmeras experiências foram conduzidas para explorar a validade ou
invalidade dessas situações, algumas das quais discutiremos posteriormente.

Na história do pensamento sobre o aspecto vital, três correntes filosóficas


tradicionais se destacam: o vitalismo, o mecanicismo e o organicismo (ou
holismo).

O vitalismo, sustentando que a vida contém um fator intrínseco e inescrutável


que é ativado, foi uma abordagem adotada por Driesch e outros. No entanto, a
falta de provas concretas e a natureza evasiva desse fator, chamada de
enteléquia (algo mágico e misterioso dentro de todas as coisas vivas que as
faziam funcionar), levaram a uma crítica acirrada pela sua falta de rigor
científico.

Por outro lado, o mecanicismo, embora muitos biólogos se identifiquem como


vitalistas, tem sido predominante na prática devido à necessidade de
experimentação mensurável. Essa abordagem vê os organismos vivos como
máquinas físico-químicas cujas características específicas podem ser
explicadas por leis físicas e químicas. No entanto, o mecanicismo é
frequentemente criticado pelas suas limitações em explicar especificamente a
complexidade da vida.

O organicismo, ou holismo, surge como uma terceira via. Ele se recusa a


reduzir características naturais à mera física e química, regulando sistemas
hierarquicamente organizados e propriedades emergentes. Nesse contexto, o
campo morfogenético de Sheldrake se destaca como um conceito-chave.

Os campos morfogenéticos, essência da teoria de Sheldrake, são campos de


informação, não de energia, que transcendem o espaço e o tempo sem perda
de intensidade após a criação. Eles influenciam sistemas auto-organizados e
orientam os eventos probabilísticos da natureza, proporcionando ordem à
aparente aleatoriedade do universo.

A origem desses campos reside em hábitos, que são responsáveis por sua
evolução. Essencialmente, os campos morfogenéticos carregam a memória
coletiva de sistemas passados, afetando a organização e o comportamento de
sistemas semelhantes no presente. Esse princípio explica como os padrões se
perpetuam e evoluem ao longo do tempo.

Muitas experiências foram realizadas para demonstrar a existência e a


influência dos campos morfogenéticos. Embora a teoria de Sheldrake seja
altamente controversa e totalmente rejeitada pela comunidade científica, ela
continua a desafiar nossa compreensão convencional do mundo natural,
explorando as fronteiras da ciência e do pensamento alternativo. Para alguns, é
uma jornada fascinante nas margens da ciência, enquanto para outros,
permanece no território da especulação. No entanto, não se pode negar que a
Teoria dos Campos Mórficos de Rupert Sheldrake mantém viva a discussão
sobre a complexidade da vida e o papel das forças invisíveis na sua formação.

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