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Justiça ambiental é um conceito e um movimento político que se refere à necessidade de reduzir as

assimetrias sociais e econômicas decorrentes do contexto ambiental de determinados grupos sociais.


Escassez de recursos naturais, desequilíbrio de ecossistemas, desastres naturais e fenômenos climáticos
não respeitam distribuições geográficas e impactam classes, gênero e raça de formas distintas.

termo justiça ambiental também se relaciona com os conceitos de racismo ambiental, justiça climática e
gentrificação.

Racismo ambiental

Também chamada de racismo ambiental – termo cunhado em 1981 pelo líder afro-americano de
direitos civis Dr. Benjamin Franklin Chavis Jr. – , essa forma de injustiça ambiental faz referência às
formas desiguais pelas quais etnias vulnerabilizadas são expostas às externalidades negativas e a
fenômenos ambientais nocivos como consequência de sua exclusão dos lugares de tomada de decisão

Na elaboração de políticas ambientais e aplicação de regulamentos e leis, comunidades negras,


indígenas e pobres são frequentemente alocadas em instalações com alta incidência de resíduos tóxicos
e riscos ambientais.

No contexto internacional, a justiça ambiental também se refere às relações ecológicas desfavorecidas


entre o norte e o sul global, como consequência de colonialismo, neoliberalismo e globalização.

falta de justiça ambiental é um produto da colonização tradicional, que exerceu controle sobre
territórios já ocupados, com uso de poder militar e político, subtraindo direitos e bens como terra arável
ou de pastagem.

A homogeneização das paisagens de cultivo gerada pela prática da monocultura colocou em risco a
biodiversidade, gerando uma crise não somente na diversidade biológica, mas também, e como
consequência dessa, no próprio desenvolvimento da sociedade – impactando, a princípio,
principalmente comunidades indígenas.

A ausência de justiça ambiental tem continuidade no mundo contemporâneo por meio do que se pode
chamar de neocolonialismo, uma forma de controle colonial exercido por outros meios, não
necessariamente colônias.

A chegada de grandes empreendimentos desenvolvimentistas é um exemplo de neocolonialismo, sendo


um processo que expulsa populações originárias de seus territórios, destrói suas culturas e degrada o
ambiente. Os processos de colonialismo e neocolonialismo promoveram a escravidão, a injustiça e o
racismo ambiental, dando origem a ambientes insalubres, como as favelas brasileiras.

A falta de justiça ambiental é um mecanismo pelo qual os menos favorecidos socioeconomicamente são
sobrecarregados dos danos ambientais do processo econômico; ao mesmo tempo em que usufruem
menos dos produtos do capitalismo ou têm o seu direito ao usufruto dos recursos naturais subtraído.

A justiça ambiental acredita no desenvolvimento econômico ambientalmente sustentável, ou seja,


naquele que busca manter um equilíbrio entre a conservação dos recursos ambientais e o
desenvolvimento econômico, garantindo uma qualidade de vida mais justa e igualitária para as
presentes e futuras gerações.

"Justiça ambiental" e "construção social de risco" são conceitos relacionados à interseção entre
questões ambientais, sociais e políticas. Vamos entender o significado de cada um deles:

**Justiça Ambiental:**

A justiça ambiental refere-se ao princípio de que todos os indivíduos, independentemente de sua


origem étnica, econômica, racial ou social, têm o direito de viver em um ambiente saudável e seguro.
Ela se preocupa com a distribuição equitativa dos benefícios e dos ônus ambientais, buscando evitar que
certos grupos sejam desproporcionalmente afetados pelos impactos negativos do desenvolvimento, da
poluição e das mudanças climáticas. A justiça ambiental também envolve o acesso igualitário aos
recursos naturais e aos benefícios do meio ambiente.

**Construção Social de Risco:**

A construção social de risco é uma teoria que examina como os riscos não são apenas fenômenos
naturais, mas também produtos da interação entre processos sociais, econômicos e políticos. Ela
argumenta que os riscos não são distribuídos uniformemente na sociedade, mas são construídos
socialmente através das dinâmicas de poder, desigualdade e exclusão. Certos grupos, muitas vezes
aqueles que são marginalizados ou vulneráveis devido a fatores como classe social, etnia ou gênero,
enfrentam maior exposição a riscos ambientais e têm menos capacidade de se proteger ou se recuperar
desses riscos.

**Relação Entre Justiça Ambiental e Construção Social de Risco:**


Esses conceitos estão interconectados, pois ambos se referem à maneira como as questões ambientais
estão ligadas às dinâmicas sociais e ao poder. A justiça ambiental procura assegurar que os riscos
ambientais sejam distribuídos de maneira equitativa e que todos tenham igualdade de oportunidades
para viver em um ambiente saudável. A construção social de risco explora como certos grupos são mais
suscetíveis a riscos devido a desigualdades sociais e marginalização.

Por exemplo, áreas urbanas pobres podem estar mais expostas à poluição do ar devido à proximidade
com indústrias, enquanto grupos minoritários podem ser afetados de maneira desproporcional por
desastres naturais devido à segregação residencial. Abordar a justiça ambiental envolve considerar a
construção social de riscos e tomar medidas para garantir que todas as pessoas tenham um ambiente
saudável e seguro para viver, independentemente de sua origem ou posição social.

O "racismo ambiental" é um conceito que se refere à prática de colocar desproporcionalmente


comunidades racialmente minoritárias em áreas com maior exposição a riscos ambientais e poluição,
além de negar a essas comunidades o acesso a benefícios ambientais e oportunidades de participação
na tomada de decisões. Isso resulta em uma distribuição desigual dos ônus e benefícios ambientais, com
impactos prejudiciais à saúde e qualidade de vida dessas comunidades.

Aqui estão alguns aspectos-chave relacionados ao racismo ambiental:

1. **Distribuição Desigual de Poluição:** Com frequência, comunidades minoritárias são localizadas


próximas a instalações industriais, depósitos de resíduos tóxicos e outras fontes de poluição. Isso resulta
em uma exposição maior a poluentes e riscos à saúde.

2. **Falta de Acesso a Recursos Naturais:** Algumas comunidades minoritárias têm menos acesso a
espaços verdes, áreas de lazer e outros recursos naturais. Isso pode prejudicar a qualidade de vida e a
saúde mental dessas comunidades.

3. **Desigualdades Socioeconômicas:** O racismo ambiental frequentemente reflete desigualdades


socioeconômicas mais amplas. Comunidades minoritárias frequentemente têm menor renda e menos
poder de influenciar as decisões que afetam seus ambientes.

4. **Impactos na Saúde:** A exposição constante a poluentes e riscos ambientais pode levar a


problemas de saúde crônicos nas comunidades afetadas, incluindo doenças respiratórias,
cardiovasculares e câncer.
5. **Falta de Participação na Tomada de Decisões:** As comunidades afetadas pelo racismo ambiental
muitas vezes têm pouco ou nenhum envolvimento nas decisões que afetam seu ambiente local. Isso
resulta em uma falta de representação e consideração de suas preocupações.

6. **Justiça Ambiental:** A luta contra o racismo ambiental muitas vezes se encaixa no âmbito mais
amplo da justiça ambiental, que busca a equidade na distribuição de ônus e benefícios ambientais, assim
como o direito de todas as pessoas a um ambiente saudável e seguro.

7. **Movimentos de Ativismo:** Em muitas partes do mundo, grupos e movimentos estão trabalhando


para aumentar a conscientização sobre o racismo ambiental, bem como para pressionar por políticas e
práticas que abordem essa desigualdade.

O racismo ambiental destaca a interseção entre questões de raça, classe social e meio ambiente,
chamando a atenção para as desigualdades sistêmicas que afetam certos grupos de maneira
desproporcional. A conscientização e a ação para enfrentar o racismo ambiental são fundamentais para
alcançar a justiça ambiental e social.

O racismo ambiental pode afetar uma variedade de grupos, principalmente aqueles que historicamente
foram marginalizados ou discriminados. Esses grupos frequentemente têm menos poder político e
econômico para se proteger dos impactos negativos do desenvolvimento desigual e da exposição a
riscos ambientais. Alguns dos grupos que frequentemente sofrem com o racismo ambiental incluem:

1. **Comunidades Raciais e Étnicas Minoritárias:** Grupos racialmente minoritários, como


afrodescendentes, povos indígenas, latinos, asiáticos e outros, muitas vezes enfrentam a construção de
instalações poluentes em suas áreas residenciais, bem como a falta de acesso a espaços verdes e
recursos naturais.

2. **Comunidades de Baixa Renda:** Pessoas de baixa renda, muitas vezes pertencentes a grupos
minoritários, também enfrentam desigualdades ambientais. Eles podem ser forçados a viver em áreas
com poluição industrial e falta de serviços básicos.
3. **Bairros Urbanos Marginalizados:** Muitas vezes, áreas urbanas pobres ou bairros em cidades são
mais expostos a poluentes, têm menos acesso a parques e espaços verdes e enfrentam uma
infraestrutura deficiente.

4. **Povos Indígenas:** Comunidades indígenas frequentemente sofrem com a degradação ambiental


resultante de atividades industriais ou extrativistas em suas terras, ameaçando tanto seu modo de vida
quanto seus territórios culturais.

5. **Comunidades em Países em Desenvolvimento:** Países em desenvolvimento frequentemente


enfrentam desafios de poluição industrial e degradação ambiental em áreas onde vivem comunidades
marginalizadas.

6. **Populações com Acesso Limitado a Informações e Recursos:** Pessoas com acesso limitado à
educação, informação e recursos financeiros podem ser menos capazes de defender seus direitos
ambientais e se proteger contra práticas injustas.

7. **Comunidades Próximas a Depósitos de Resíduos:** Depósitos de resíduos perigosos, aterros


sanitários e outras instalações de gerenciamento de resíduos frequentemente são localizados em áreas
de baixa renda e minorias étnicas.

8. **Comunidades Atingidas por Desastres Naturais:** Durante desastres naturais, grupos


marginalizados frequentemente enfrentam respostas de recuperação mais lentas e menos eficazes.

Esses grupos estão mais vulneráveis aos impactos adversos do desenvolvimento desigual e da poluição
devido a fatores históricos, socioeconômicos e políticos. O racismo ambiental ressalta a necessidade de
abordar as desigualdades sistêmicas em relação ao acesso a recursos e a proteção contra riscos
ambientais.

A ideia de "justiça ambiental" muitas vezes se concentra em abordar desigualdades e injustiças


relacionadas aos impactos ambientais. No entanto, é importante notar que, em alguns casos, certos
países podem se beneficiar da justiça ambiental, especialmente quando estão em posições mais
favoráveis em termos de acesso a recursos naturais, regulação ambiental eficaz e práticas de
desenvolvimento sustentável.
No contexto internacional, alguns países que podem ser percebidos como se beneficiando da justiça
ambiental podem incluir:

1. **Países com Regulações Ambientais Rígidas:** Nações que implementaram regulamentações


ambientais rigorosas e têm políticas eficazes de proteção ambiental podem experimentar benefícios em
termos de qualidade do ar e da água, saúde pública e sustentabilidade a longo prazo.

2. **Países com Recursos Naturais Abundantes:** Nações ricas em recursos naturais, como água doce,
florestas e minerais, podem se beneficiar da utilização sustentável desses recursos, desde que sejam
gerenciados de maneira responsável e equitativa.

3. **Países com Energia Renovável Desenvolvida:** Nações que investiram em fontes de energia
renovável, como solar, eólica e hidrelétrica, podem experimentar benefícios econômicos e ambientais,
incluindo a redução das emissões de gases de efeito estufa.

4. **Países com Abordagens Inovadoras de Agricultura Sustentável:** Nações que adotam práticas
agrícolas sustentáveis, como agricultura orgânica ou agroecologia, podem desfrutar de solos mais
saudáveis, segurança alimentar e menor impacto ambiental.

5. **Países que Lideram Iniciativas de Conservação:** Nações que lideram esforços de conservação da
biodiversidade, proteção de habitats e áreas protegidas podem preservar ecossistemas valiosos para as
gerações futuras.

É importante observar que, embora alguns países possam se beneficiar da justiça ambiental em certos
aspectos, a desigualdade e as disparidades ambientais ainda são predominantes em nível global. O
desafio é alcançar uma abordagem equitativa e justa que considere não apenas os benefícios presentes,
mas também as necessidades e os direitos das comunidades marginalizadas e os impactos globais das
ações em relação ao meio ambiente.

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