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NUTRIÇÃO E INFLAMAÇÃO

Sawaya, 2013

A inflamação é a resposta fisiológica à infecção ou e o poliinsaturado ácido araquidônico (AA), derivado do


á lesão tecidual, com participação de células do sistema ácido linoleico. Todos são capazes de modular resposta
imunológico, bem como mediadores imunológicos inflamatória, sendo o EPA e DHA precursores de
(citocinas). O objetivo é restaurar a homeostase nos locais mediadores ANTIINFLAMATÓRIOS e o AA precursor de
lesados/infecctados.Podemos dividir a inflamação em aguda mediadores pró-inflamatórios, como resume a figura 1
e crônica: abaixo:

Aguda

Inicia-se rapidamente após a lesão e como manifestações


clássicas tem-se:
- vermelhidão (hiperemia)
- edema
- calor
- dor
- perda de função

Esses sinais estão relacionados ao aumento da


vascularização local e aumento da permeabilidade vascular,
que são importantes para facilitar a chegada das células e
mediadores inflamatórios ao local lesionado.

Crônica

A inflamação costuma ser um processo autolimitante e bem


controlado por feedback negativo, de modo que não causa
danos ao organismo. Entretanto, quando esse controle falha
pode-se evoluir para inflamação crônica, que perpetua a
doença e é bastante nociva ao organismo. Suas
características clássicas são:

- perda da função de barreira


- resposta inflamatória a estímulos benignos
- infiltração de células inflamatórias em
compartimentos não usualmente infiltrados
- produção excessiva de radicais livres e citocinas
(TNF-a, IL-1beta, IL-6, IFN-gama), quimiocinas (IL-
8, MCP-1) e eicosanoides (prostaglandinas e
leucotrienos da série par)
Figura 1: mediadores inflamatórios derivados de EPA, DHA
Vários componentes da dieta exercem influencia na e AA
inflamação, na medida em que conseguem modular a
predisposição à inflamação crônica, a partir de mecanismos Além do efeito antiinflamatório por gerar mediadores
variados: antiinflamatórios (da série ímpar), os AGPI-n3 conseguem
-AGPI W-3 | vit E | flavonoides: reduzem reduzir a síntese de mediadores inflamatórios NÃO
mediadores inflamatórios e modulam expressão gênica LIPÍDICOS, como TNF-a, IL-1 e IL-6.

- Vit E e outros antioxidantes: reduz produção de Embora ainda não haja uma recomendação de relação ideal
radicais livres na dieta de n-6/n-3, estima-se que a relação 5-2:1 seja
adequada, pois associou-se a redução da inflamação em
- Pre e probióticos: auxilia na função de barreira doenças inflamatórias crônicas.
intestinal e promove resposta anti-inflamatória.

Papel da glutamina na inflamação


Papel dos ácidos graxos poliinsaturados
A glutamina é um aminoácido não essencial, pois
na inflamação consegue ser sintetizado endogenamente em condições
fisiológicas. Entretanto, em condição de estresse metabólico,
São importantes componentes dos nossos onde há presença da síndrome da resposta inflamatória
fosfolipídeos de membrana celular e sua presença nessa sistêmica (SRIS), ela passa a ser considerada
membrana está diretamente relacionada à sua ingestão a condicionalmente essencial, já que nessas condições a
partir da dieta. Os principais ácidos graxos relacionados à produção endógena é inferior à demanda do organismo.
resposta inflamatória são os de cadeia longa A glutamina tem a capacidade de modular a
poliinsaturados, a saber ácido Eicosapentanóico (EPA) e resposta inflamatória através de mais de um processo,
docosahexanóico (DHA) derivados do graxo alfa- linolênico sendo os principais:
(n-3),
1
1. Aumentando a expressão da proteína de
choque térmico (HSP27): Essa proteína inibe
o NF-kB, que por sua vez estimula a síntese de
várias citocinas pró-inflamatórias. Logo, ao
estimular a HSP27, há inibição da inflamação.

2. Modula a relação GSH: GSSG (forma


reduzida da glutationa: forma oxidada da
glutationa): Ao ser metabolizada no ciclo de
Krebs, a glutamina gera aumento do NADPH,
que por sua vez favorece o aumento da razão
GSH:GSSG. Essa relação aumentada promove
modulação da síntese de NF-kB, o que
também contribui para redução da inflamação.

Papel da curcumina na inflamação

A curcumina é um pigmento fenólico, de cor amarela, obtido


a partir da cúrcuma (Curcuma longa L.). Sua absorção
intestinal é baixa, mas pode ser 2000% aumentada mediante
associação de 20mg de piperina. Entretanto, essa absorção
potencializada pode favorecer o aparecimento de efeitos
colaterais da curcumina, como:
- quelação com ferro inibindo sua absorção
intestinal
- atenuação da síntese de hepcidina (envolvida no
transporte de ferro)

DOSE SEGURA E TOLERÁVEL: 12g/dia de curcumina

Dentre os seus efeitos antiinflamatórios, destacam-se:

 Elevação da adiponectina, por elevar sua


expressão gênica, que por sua vez apresenta papel
anti-inflamatório.
 Inibe NF-kB
 Sequestra radicais livres de oxigênio
 Aumenta a expressão de genes que codificam
enzimas antioxidantes.

Papel do Resveratrol na inflamação


O resveratrol é um polifenol presente em uma grande
variedade de plantas, incluindo heléboro branco (Veratrum
grandiflorum O. Loes), uvas, amendoins e amora. Seus
principais mecanismos antiinflamatórios são:

 Inibe NF-kB, através do estímulo à SIRT-1,


responsável por inibir a transcrição gênica de NF-
kB. (figura 2)
 Inibe in vitro a expressão gênica de ICAM-1 e
VCAM-1, envolvidas na formação da placa de
ateroma.

Fig 2
2

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