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RESUMO
Tendo em vista as transformações ocorridas na sociedade, fez-se necessário a adoção de
novas entidades familiares. Enquanto no Código Civil de 1916 só se admitia como família
legítima aquela formada pelo casamento, com o advento da Constituição Federal de 1988
passou a ser admitida também como entidade familiar a união estável entre o homem e a
mulher e a comunidade formada por qualquer um dos pais e seus descendentes, conhecida
com família monoparental. O presente trabalho analisa as espécies de famílias monoparentais
e os problemas que decorrem da fragilidade dessa entidade familiar.
1. Introdução
Assim, no plano jurídico, a família deixou de ser patriarcal, pois os direitos e deveres
referentes à sociedade conjugal passaram a ser exercidos igualmente pelo homem e pela
mulher.
Ademais, os filhos deixaram de ser categorizados entre legítimos e ilegítimos como
era com o Código Civil de 1916. Agora, a discriminação entre os filhos é inconstitucional,
pois eles possuem igualdade no que tange a direitos sucessórios, alimentos e direito em
relação aos pais.
Contudo, a grande crítica existente é que apesar de introduzido pela Constituição
Federal de 1988, na norma infraconstitucional o instituto da família monoparental não foi
inserido mesmo com o advento do Código Civil de 2002 cujo objetivo era adequar a
legislação civil aos preceitos da “Constituição Cidadã”.
Com relação aos pais viúvos, pode-se afirmar que tal tipo de família monoparental é a
mais antiga. Isto se deve ao fator da eventualidade, pois mesmo no passado em que só era
admitido o casamento como forma constitutiva de família, quando um dos cônjuges falecia,
forçosamente formava-se uma família monoparental.
Entretanto, cumpre observar que atualmente, em virtude da elevada expectativa de
vida das pessoas, tal espécie de família monoparental tende a diminuir, pois não forma família
monoparental a morte do pai ou da mãe quando os filhos já estão criados e possuem família
própria (BRAIDO, 2003, p. 42).
Por fim, importante destacar que as famílias monoparentais oriundas do falecimento
de um dos cônjuges há muito tempo já existia. Todavia, o reconhecimento dessa entidade
familiar veio no sentido de dar legalidade as formações decorrentes da vontade voluntária das
pessoas, e não do mero acaso.
No que tange as famílias formadas por mãe solteira, pode existir tanto aquela mulher
que engravida acidentalmente e se vê obrigada a assumir a criança como também aquela que
deseja engravidar e, às vezes sem que o parceiro saiba, engravida e cria o filho sozinha
(BRAIDO, 2003, p. 46).
No que se refere-se a família monoparental constituída por adoção, o Estatuto da
Criança e do Adolescente (lei 8.069/90) permite a adoção por apenas uma pessoa,
independentemente do estado civil, desde que preenchidos os requisitos do art. 42,§ 3°, que
estabelece que o adotante seja maior de vinte e um anos e conte com mais de dezesseis anos
de idade em relação ao adotado.
Quanto aos pais separados ou divorciados, interessante é a análise que ocorre uma
transitoriedade de uma família biparental para outra monoparental (DIAS, 2005, p. 200).
Dentre todas as espécies de família monoparental, é a que garante ao filho melhores condições
econômicas em decorrência do recebimento de pensão alimentícia.
Igualmente, constitui vínculo monoparental a entidade familiar chefiada por algum
parente que não um dos genitores, como a avó que cuida do neto, por exemplo.
Até mesmo as estruturas de convívio constituídas por quem não seja parente, mas que
tenha crianças ou adolescentes sob sua guarda, podem receber tal denominação (DIAS, 2007,
p. 194)
Nesse sentido, o abandono afetivo constitui no abandono moral por parte do genitor
que não deteve a guarda da criança. Embora dê o suporte financeiro, ou seja, a pensão
alimentícia, não se mostra presente na vida do filho, ocasionando traumas e sentimento de
vingança.
Por sua vez, a alienação parental é a rejeição do filho para com o genitor que não
detém sua guarda. Isso decorre em virtude da ruptura da vida conjugal: o genitor passa a
desenvolver um sentimento de traição, de abandono e quer se vingar do ex cônjuge afastando
o filho, e passando então a criar situações para dificultar ou impedir as visitas, com a
finalidade de fazer o filho rejeitar o pai ou a mãe que não possua sua guarda.
Nesses casos, a guarda única pode permitir ao pai ou a mãe que a detenha
exclusivamente monopolizar o controle sobre a pessoa do filho, a fim de desequilibrar seu
relacionamento com o outro genitor. (SOUZA, 2011)
4. Considerações finais
REFERÊNCIAS
ABRAHÃO, Ingrith Gomes. A família monoparental formada por mães sozinhas por
opção através da utilização de técnicas de inseminação artificial no ordenamento
jurídico brasileiro. Revista Eletrônica Virtuajus, Belo Horizonte, 2003. Disponível em
www.fmd.pucminas.br/virtuajus/abrahao.pdf.>. Acesso em 8 de set. 2011.
BRASIL. Código Civil do Brasil. 54. ed. São Paulo: Saraiva, 2003.
BRITO, Flávio dos Santos. Mulher chefe de família: um estudo de gênero sobre a família
monoparental feminina. Revista Urutágua, Paraná, ano 15, abr./mai./jun./jul. 2008.
Disponível em:< http://www.urutagua.uem.br/015/15brito.htm>. Acesso em 19 abri. 2012
DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. Porto Alegre: Livraria do
Advogado, 2005.
SOUZA, Elclydes de. Alienação parental, perigo eminente. Boletim Jurídico, Uberaba/MG,
a. 1, no 30. Disponível em: <http://www.boletimjuridico.com.br/ doutrina/texto.asp?id=27>
Acesso em: 9 set. 2011.